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Externalidades Devemos tributar 0 que queimamos, nao 0 que ganhamos. Como subproduto de suas atividades, fabricas de papel produzem a dioxina qufmica. Ela se forma quando 0 cloro usado para alvejar a polpa de madeira é combinado com uma substincia da polpa. Uma ver que a dioxina é Iiherada no ambiente, ela acabs no tecido adiposo de todos n6s € no leite de mes que amamentam, De acordo com alguns cientstas, a dioxina causa defeitos de nascenga e cancer, entre outros problemas de sauce. Os economistas frequentemente alegam que os mercados alocam recursos eficiente- ‘mente (ver Capitulo 3). A dioxina € resultado da operago de mercados. Isso quer dizer que ter dioxina uo ambicnte € eficiente? Para responder a pergunta, € til distinguic maneivas diferentes como as pessoas podem afetar o bem-estaralhcio, ‘Suponha que uma grande quantidade de moradores dos subsirbios decida experimen- tara vida urbana. Conforme eo aproximam da cidade, o prego dac terras urbana: aumenta, Proprietérios urbanos esto em melhor situago, mas locatérios ficam prejudicados. Os co- ‘merciantes da cidade se beneficiam da crescente demand por seus produtos, enquanto seus pares suburbanos perdem negécios. Até que a economia estabeleca um novo equilibrio, a distribuigo de renda real teré mudado consideravelmente. [Neste exemplo de migracdo, todos 0s efeitos sto transmitidos por meto de mudancas nos precos de mercado. Suponha que, antes da mudanga de gosto, a alocacdo de recursos tinha eficiéncia de Pareto. As mudangas em curvas de oferta e demanda mudam os pregos relativos, mas a concorréncia garante que as taxas marginais de substituigo relevantes serio todas iguais as taxas marginais de transformagdo. Assim, embora o comportamento dealgumas pessoas afote 0 bem-estar de outras, no hé falha de mercado. Contanto que 0s efeitos sejam transmitidos pelos pregos, os mereados sio eficientes." 0 caso da dioxina envolve um tipo de interagdo diferente deste exemplo. A diminui- fo do bem-estar das vitimas da dioxina nao ¢ resultado de mudangas de prego. Lim vez disso, as escothas de produtos das fabricas de papel afetam diretamente as utilidades de pessoas vizinhas. Quando a atividade de uma entidade (pessoa ou empresa) afeta direta- ‘mente o bem-estar de outra de maneira que nao se reflete no preyo de mercado, esse efelt0 échamado de externalidade (porque uma entidade afeta diretamente o bem-estar de outra entidade que é “externa” ao mercado). Diferentemente dos efeitos transmitidos por pregos de mercado, as extemalidades reduzem a eficiéneia econdmice. Neste capftulo, analisamos tas ineficiencias e possfveis solugves para elas. Uma das ‘mais importantes aplicagdes da teoria da externalidade surge no debate sobre qualidade ambiental, ¢ grande parte de nossa discussio concentra-se no tema, ooo " Bridemement, o novo pado de pros pode ser mais ov menos desevel do pono de vista da distribu, A NATUREZA DAS EXTERNALIDADES Suponha que Bart opera uma fiébrica que descarta seus residuos em um rio que nio tem proprictério. Lisa ganha a vida pescando nesse rio. As atividades de Bart impoem custos para Lisa que nao se refletem nos pregos de mercado, entio o prejufzo causado a Lisa nao é incorporado na decisio de mercado de Bart. Neste exemplo, 4gua limpa ¢ um insumo para © processo de produgio de Dart. Bla & usada como todos 03 outros insuumos: terra, mio de obra, capital e materiais. A gua limpa é também um recurso escasso com usos alternati- vos, como a pesca de Lisa. Assim, a eficiéncia exige que, pela égua que usa, Bart pague tum prego que reflita o valor da 4gua como recurso escasso que pode ser usado para outras atividades. Em vez disso, Bart paga prego zero e, portanto, usa a égua em quantidades ine- ficientemente grandes. Colocar o problema da externalidade deste modo expde sua fonte. Bart usa seus ou- tros insumos eficientemente porque deve pagar aos proprietérios desses recursos pregos {que refletem seu valor em usoy alternatives. Casy contrétiv, Us proprietérios doy insumus simplesmente irfo vendé-los para outro cliente. No entanto, se ninguém possui o rio, no existe mercado para seu uso ¢ todos podem usé-lo gratuitamente, Uma extemalidade, por- tanto, é consequéncia da falha ou da incepacidade de estabelecer direitos de propriedade. Se alguém possufsse 0 rio, as pessoas teriam que pagar para usé-lo e no se configurariam externalidades. Suponha que 1 isa & proprietfria do rio. Fla poderia cohrar de Part uma taxa por po~ Iuir que refletisse 0 prejuizo causado a sua pesca. Bart levaria tais cobrangas em conta a0 tomar decisoes de produgao ¢ deixaria de usar a gua ineficientemente. Por outro lado, se Bart fosse 0 proprietério do rio, ele poderia eanhar dinheiro cobrando de Lisa pelo privilé- gio de pescar em suas guas. A quantia de dinheiro que Lisa estaria disposta a pagar para Dart pelo dreito de pescar no rio dependeria da quantia de poluigdo presente. Desse modo, Bart teria um incentivo para ndo poluir excessivamente. Caso contréio, ndo poderia ganhar tanto dinheito de Lisa. Contanto que alguém possua um recurso, seu prego reflete 0 valor para usos alter- nativos, ¢ 0 recurso é, portanto, usado eficientemente (ao menos na auséncia de quaisquer coutras falhas de mercado). Por outro lado, recursos de propriedade conjunta tendem a ser neadlos excessivamente, pois niio hf incentive para economizat Para ampliar o tema, considere as seguintes caracteristicas das externalidades. ‘As externalidades podem ser produzidas por consumidores ou por empre- sas Nem todas as externalidades sio produzidas por empresas. Imagine uma pessoa que fuma um charuto em um ambiente repleto de pessoas, reduzindo a utilidade das outras pelo consumo do recurso comum, 0 ar fresco. As externalidades so inerentemente reciprocas Em nosso exemplo, parece na- tral referr-te a Rart como 0 “poidor”. No entanto, poderiamas também pensar em T isa como “poluidora” do rio com pescadores, aumentando o custo social da producio de Bart. Como alternativa & pesca, usar 0 rio para 0 descarte de resfduos nao ¢ evidentemente pior do ponto de vista social. Como mostraremos mais tarde, isso depende dos custos de alter- nativas para ambas as atividades. Externalidades podem ser positivas Suponha que em resposta a uma ameaga terrorista vooé deva ser vacinado contra a varfola. Voc’ teria de arcar com alguns custos: © prego da vacinagdo, o desconforto associado € 0 risco leve de indugio de um caso da doenga, Haveria beneficio para vocé em termos de uma probabilidade reduzida de ser afetado pela doenca em caso de um ataque de bioterrorismo. No entanto, vocé tam- bbém ajudaria outros membros da sua comunidade, que teriam menor probabilidade de CAPITULO Exterelidaces 75 “Fasemos mavens, as mavens facem chuva ea chuva prejudica os jogos de futebol. f por isso que as ‘pessoas ndo gostam de fumantes!” © 2000 Raniy Gasberges. contrair a doenga porque nfo poderiam pegé-la de voe8. Porém, nem voo® nem outras pessoas levam em conta tais beneficios externos ao pesar os beneficios e custos de ser ‘vacinado e, por isso, nao é vacinada uma quantidade suficiente de pessoas sem alguma intervencdo piblica. Bens pablicos podem ser vistos como um tipo especial de externalid de Especificamente, quando um individuo cria uma extemalidade positiva com efeitos plenos sentidos por cada pessoa na economia, a cxternalidade ¢ um bem péblico puro. As ‘vezes, 05 limites entre bens piblicos ¢ externalidades € um pouco difuso. Suponha que eu instale em meu quintal um dispositivo para eletrocutar mosquitos. Se eu matar a comu- nidade inteira de mosquitos, terei efetivamente criado um bem piiblico puro. Se apenas alguns vizinhos sio afetados, entao € uma extemmalidade. Embora externalidades positives « bens piblicos sejam bastante semelhantes do ponto de vista formal, na prética € util fazer distingao entre eles. > ANALISE GRAFICA ‘A Figura 5.1 analisa 0 exemplo de Bart-Lisa descrito anteriormente. O eixo horizontal ‘mede a quantidade de produto, Q, produzido pela fébrica de Bart, enquanto 0 eixo vertical ‘mede délares. A curva BM mostra o beneficio marginal para Bart de cada nfvel de produto; supde-se que ele cai conforme aumenta 0 produto.” Também associado com cada nivel de produto esté algum custo marginal privado, C’MP. O custo marginal privado reflete pa- ‘gamentos feitos por Bart por produtos. ¢ supde-se aqui que ele aumenta com a producto. ‘Como produto secundiério de suas atividades, a fabrica produz poluigdo que prejudica Lisa. > So But consome toda a produgdo do sue fibica, cal o BM descendents sft «doerescont utlidade mar~ nal do produto. Se Bar vende ua prog num mercado compettvo, BM & constant no prego de mercado. 76 PARTE _Despeses piiblicas: bens piblicos ¢ externelidedes ‘cMs= CMP + DM (custo marginal social) cup (cuca marginal rived} be (dane marginal) ak Qpor ano Prodigio Producto socialmente real cficente FIGURA 5.1 Um problema de exteralidad (© esto marginal social de produgio 6 o custo marginal privade de Bart somado ao dano mar- Goal crusade pera Lisa. Burt procs no ponto em que sey custo marginal prvade ae iuela 80 beneficio marginal, produto Q., No entanto, o produto eficiente & Q*, onde o custo marginal social se iguala a0 beneficio marginal. Suponha que hé uma quantidade fixa de poluigd0 por unidade de produto. de modo que, conforme aumenta « produgao da fébrica, aumenta também a quantidade de poluigio que cria, O dano marginal causado a Lisa pela potulgao em cada nfvel de produgzo ¢ indicado por DM. DM é tracado em uma curva ascendente,refletindo o pressuposto de que conforme Lisa € submetida a mais poluigdo, mais ela € prejudicada. Se Bart quer aumentar seus Iueros 20 maximo, produz cada unidade de produto para a qual o beneficio marginal exceda o custo marginal para ele. Na Figura 5.1, ele produz todos os niveis de produedo para que BM excede CMP, mas nao produz nos niveis em que CMP excede BM. Assim, ele produz até o nivel de producio Q,, onde CMP se cruza com BM. Do ponto de vista da sociedade, a produglo deve ocorrer contanto que o beneticio marginal exceda 0 custo marginal. O custo marginal & sociedade tem dois componentes: 0 primeiro so os insumos comprados por Bart. Seu valor é refletido em CMP. O segundo é ‘odano marginal eausado a Lisa, confonme refletido ex DM. Por isso, custo marginal social € CMP mais DM. Graficamente, encontramos o custo marginal social adicionando as altu- ras de CMP e DM em cada nivel de producdo. Isso é mostrado na Figura 5.1 como CMS. Observe que, por construgdo, a distincia vertieal entre CMS e CMP é DM. (Uma ver que (CMS = CMP + DM, decorre que CMS ~ CMP = DM.) A cficiéncia de um ponto de vista social exige produgio apenas das unidades de pro- duo para as quais BM exeede CMS. Assim, produc deve estar em Q*, onde os dois se cruzam, Implicagées Esta andlise sugere as seguintes observagdes: primeiro, quando hd extemnalidades, os mer- cados privados nao produzem necessariamente o nivel de produgao socialmente eficiente. CAPITULOS —_Cxtemelidedes 77 Em particular, quando um bem gera uma extematidade negativa, um mercado livre produ ‘mais que nivel de produgao eficiente.? Segundo, o modelo ndo apenas demonstra que a eficiéncia seria aumentada pela pas- sagem de Q, a Q*, mas também fornece uma maneira de medir os beneficios de fazé-1o. ‘Como mostra a Figura 5.2, quando a produgio & cortada de Q, para Q*, Bart perde lucros. Para calcular o tamanho de sua perda, lembre-se de que o lucro marginal de Bart para cada unidade de produto ¢ a diferenga entre o beneficio marginal e o custo marginal privado. Se 6 custo marginal privado da oitava unidade & $10 e seu beneficio marginal é $12, 0 1v- ro marginal é $2. Geometricamente, o lucto marginal sobre uma unidade de produto é a distancia vertical entre BM © CMP. Se Bart ¢ forgado a reduzir de Q, para Q*, ele perde a diferenca entre as curvas BM e CMP para cada unidade de producao entre Q, e O*. Esta é area deg da Figura 5.2. ‘Au mesiuy tempo, poréu, Lisa € beuefiviada pela yueda ua produyao de Baut, bes ‘como os prejuzos a sua pesca. Para cada unidade de declinio na produgdo de Bart, Lisa ¢ganha uma quanti igual ao dano marginal associado a essa unidade de produto. Na Figura 5.2, 0 ganko do Lisa para cada unidade do reduglo na produgio é a dictincia vertical entre DM co eixo horizontal. Portanto, o ganho de Lisa quando a produgdo é reduida de Q, para Q* € rea sob a curva de dano marginal entre Q* e Q,, abfe. Observe agora que abje é igual A frea de edhg. Isso ocorre por construgao ~ a distincia vertical entre CMS e CMP é DM, que é igual a distancia vertical entre DM e 0 eixo horizontal. [Em suma, sea produgao fosse reduzida de Q, para Q*, Bart perderia a area deg e Lisa sanharia a érea cdhg. Desde que a sociedade veia um délar para Bart como equivalente a ‘um délar para Lisa, passar de Q, 2 Q* gera um ganho liquido para a sociedade igual & dife- renga entre edlig deg, que é dg. cMS= cP + DM a 2, ‘Opus FIGURA 5.2. Ganhos e perdas de passar a um nivel eficiente de producio. (Quando a produgao eai de Q, para CF, Bart perde a rea deg em lucros. No entanto, a redu- io na produgdo de Bart aumenta o bem-estar de Lisa pela rea cdg. Assim, o ganho liquide Ssociedade é 2 sea dha. te modelo supe que a ica maneira de redurr a polugio reduzir a produto, Se h tecnologia atipo- hig disponve, pode ser possvel manera produgloe ainda asim reduzt a poluigd, Psteriormente neste capitulo examinaremos tas abordagens eduio de poluicio. Pr ora, basta salienar que aandliseébasicamente ‘amesms, pois a adogio de aovas ecnolgiasexigeo 0 de recuros. 78 PARTE I! Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidedes ‘Terceiro, a andlise implica que, de modo geral, a poluigdo zero nao socialmente de- sejdvel. Achar a quantidace certa de poluigdo exige pesar seus beneficios e custos, ¢ 0 ideal geralmente ocorre em algum nivel positivo de polui¢do. Como praticamente toda atividade Produtiva envolve algum nivel de poluicdo, exigir poluicdo zero é equivalente a proibir toda a produgéo, claramente uma solugdo ineficiente. Se tudo isso parece apenas questi de bom senso, realmente é. Considere, porém, que o Congresso uma vez estabeleceu como ‘meta nacional que “a descarga de poluentes em guas navegaveis seja eliminada até 1985". Por fim, implementar a estruturs da Figura 5.2 exige mais que desenhar curvas hipo- téticas de dano e beneficio marginal. Suas localizagbes e formas reais devem ser determina- das, a0 menos aproximadamente. Questdes priticas dificeis surgem, no entanto, quando se trata de identificar e estimar os danos da poluico. Que poluentes prejudicam? Em nosso exemplo anterior, estava inteiramente claro ue a fébrica de Bart causava preju(zo a Lisa, reduzindo 0 volume de sua pesca. No entan- to, no mundo real, & goralmente dificil determinar quais poluentes eausam dano © quanto. ‘Agora, discutiremos algumas abordagens empiricas a este problema, EVIDENCIA EMPIRICA Qual é 0 efeito da poluigio sobre a satide? As particulas suspensas totais (TSPs) sdo geralmente consideradas o poluerte do ar mais prejudicial & satide. Varios estudos estabeleceram uma correlacSo entre TSPs e taxas de mortalidade. No entanto, & dificil estabelecer a dimenséo do impacto causal. A dificuldede surge porque 08 cientistes nfo conseguem realizar estudos randomize dos sobre os efeitos da poluigao. Em vez disso, os pesquisadores precisam confiar em dados observacionais transversais ou de séries temporais. Tais estudos podem ter re- sultados deturpados se outros fatores que mudam de acordo com localizacéo ou tem- po afetarem tanto polui¢lo quanto mortaidade. Por exemplo, éreas industralizadas poluidae talvez tenham taxas de mortalidade mais altas porque atraem residentes de renda mais baixa e menos saudaveis, Portanto, a correlacéo observada entre poluigéo do ar e mortalidade talvez nao seja intelramente causal. utra complicago & que esses estudos no podem medir a exposigo de adul- 108 & poluigdo do ar a0 longo de toda a vida. Isso porque as pessoas mudam de cida- de, em vex de permanecer no mesmo lugar por suas vides intiras. Chay e Greenstone [2003] estudam o impacto da peluigéo do ar sobre a morta- lidede. Eles concentrem-se em criencas, pois, diferentemente dos adultos, podemos medir a exposiggo de uma crianca & poluigéo ao longo de sua vida inteira. Eles tarn- ‘bem realizam uma andlise quase-experimental, considerando o fato de que a recessao ‘econémica do inicio da década de 1980 levou a reducées aaudes em TSPs em alaumas reas dos Estados Unidos, mas no em outras. € importante observar que mudancas 1a poluigéo do ar parocom tor sido virtualmente aloatérias ~ 3¢ éroae quo oxperimen- taram redugBes substanciais de TSP tinham caractersticas gerais semelhantes &s de reas onde ndo ocorreram tais redugdes. Ao comparer os dois tipas de area, Chay e Greenstone descobriram que uma redugso em 1% nas TSPs levava a uma recugdo de 0,35%6na taxa de mortalidade infant. sso implica que as reduces de TSPs, induzidas pela recessio de 1980-1982, levaram a 2.500 mortes de criancas a menos que se tal nao tivesse sido 0 caso. ‘Mesmo ap6s tum poluente ser identificado como causador de danos, autoridades nor- ‘mativas devem considerar os custos de maneiras alternativas de remedia-los. Por exemplo, substituirterras contaminadas com chumbo por uma nova camada de solo é muito caro. A Secretaria Especial do Meio Ambiente recentemente comegou a implementar uma abor- CAPITULO 5. Externalidades 79 dagem muito mais barata: misturar ossos de peixc na terra contaminada, o que funciona, pois o fosfato de célcio dos oss0s 3c liga ao chumbo c o transforma num mincral inofensivo [Darringer, 2011]. Que atividades produzem poluentes? Uma vez que um poluente nocivo ¢ iden- tificado, deve-se avaliar quais os processos de produgdo que o geram. Considere a chuva cida, um fendmeno de preocupagio geral. Cientistas demonstraram que a chuva fcida se forma quando 6xidos de enxofre e Gxidos de nitrogénio emitidos no ar reagem com 0 ‘vapor d’égua para criar dcidos. Esses dcidos caem sobre a terra na forma de chuva e neve, aumentando o nivel geral de acidez com efeitos potencialmente nocivos sobre a vida de plantas ¢ animais. "No entanto, nao se sabe exatamente qual o volume de chuva dcida esté associado & producao industrial e qual esté com atividades naturais como a decomposigio de plantas € rupees vulednicas, Além disso, ¢ dificil determinar a quantidade de emiss6es de nitroge- nio e enxofre geradas em uma regio que eventualmente se toma chuva écida.Tss0 depen- de em parte de condicdes climéticas locais e do nivel presente de outros poluentes como hidrocarbonetos néo metano. Tss0 destaca a dificuldade de avaliar 0 nivel de contribuigdo de diferentes atividades produtivas para a chuva écida e quanto cada uma delas deve estar sujeita a intervengio governamental. Qual 6 0 valor do dano causado? 0 cronograma de danos marginais mostra o valor em délares dos custos externos impostos por cada unidade adicional de produto. Portanto, uma vez que 0 dano fisico causado por um poluente & determinado, o valor em délares des- se dano deve ser calculado. Quando os economistas pensam em medir 0 valor de algo, eles geralmente pensam na disposigio das pessoas para pagar por isso. Se voc8 est disposto 2 pagar $210 por uma bicieleta, esse 60 valor dela para vocé. Diferente das bicicletas, a redugo da poluigo geralmente no é comprada e vendida cem mercados explicitos. (Algumas excegées sto discutidas a seguir.) Como, entio, pode ser ‘medida a disposigo marginal das pessoas para pagar pela remogio de poluigio? Uma abor- dagem é infer-laindiretamente estudando pregos de iméveis. Quando as pessoas compram casas, eles consideram tanto os atributos da easa quanto as caracteristicas da vizinhanga, como limpeza das ruas e qualidade das escolas. As familias também preocupam-se com 0 ni- vel de poluigio do ar nos bairros. Considere duas casas idénticas situadas em duas vizinhan- 28 idéntiens, exceto porque a primeira esté em uma Srea despolufda e a segunda esti em uma 4rea poluida. Esperamos que a case na Srea despoluida tenha um prego mais alto, Essa dife- renga de prego df um valor aproximado da disposigio das pessoas para pagar por ar limpo. Essas observagies sugerem uma estratégia natural para calcular a disposigSo das pes oas para pager porarlimpo usar andlice de regrecciio miltipla (ver Capitulo 2) para calou lara relago entre os pregos de iméveise a qualidade do ar usando uma amostra de casas em determinada frea ou reas. Destacamos agora um dos estudos que seguiram tal estraté EVIDENCIA EMPIRICA efeito da poluicao do ar sobre os valores de Imévels Usando analise de regresséo, um pesquisador pode caleular a corelagdo entre a qualida- de do are os precos de imSveis, permanecendo todas as outras caracteristcas observs- vais constantes, No entanto, ¢ dic estabelecer se essa é uma relacao causal, pois outras caractersticas nao mensuradas podem afetar tanto a qualidade do ar quanto os pregos de iméves. Por exernplo, baits aliarnenue indusualzadus talvec enlarn preys Ue ienSveis mais beinos, porque ao visualmente menos atreentes tombém tém quelidede do.armaisbaie, mas isco ne quer dizer que qualided de ar eavze progos male beinos. (continu) 80 PARTE _Despeses piiblicas: bens piblicos ¢ externelidedes (continua) Chay ¢ Greenstone [2005] conduziram um quase-experimento para caleular 0 relacionamento causal entre TSPs e valores médios de iméveis em um condado. Sua anélise baseia-se em uma legislagao da década de 1970 que estabelece um limite ppara emiss6es de TSP. Os condados que encontravar-se acima desse limite estavam sujeitos a regulamentacSes estrtas, enquanto os que encontravam-se abaixo do limite (ndepencentemente da proximidade) nao eram submetidos &s mesmas requlamenta- 3823 estrtes. Ne prétice, portanto, o3 condades pouce acime do limite erem © grupo de tratamento e aqueles pouco abaixo do limite eram o grupo de controle. Chay e Greenstone descobriram que os condados no grupo de tratamento experimentaram uma grande queda em TSPs devido as requlamentacdes, o que levou a um aumento nos precos de imSveis. De acordo com suas estimativas, as melhorias em qualidade do ar rozultantos da regulamentagio lavaram a um aumente tatal do 45 bilh3or do délares nos velores de imévets entre 1970 ¢ 1980. ‘Uma preocupagdo fundamental com estudos desta espécie ¢ a validade de uma me- dida da disposigio para pagar pelo ar mais limpo. As pessoas podem ignorar os efeitos da poluigio atmosférica sobre sua satde e, por isso, subestimar o valor de reduzi-la. Além disso, uma medida de disposigio para pagar ignora quest6es de equidade. Em suma, a abor- dagem econométtica para a valoragio é promissora, mas definitivamente no determina o valor dos danos causados. Concluséo Implementar aestrutura da Figura 5.2 demanda as competéncias de bi6logos, engenheiros, ecologistas ¢ profissionais da sade, entre outros, a fim de calcular os danos marginais associados & poluigéo. Investigar um problema de poluigdo exige uma abordagem decidi- damente interdisciplinar. Dito isso, entretanto, enfatizamos que mesmo com engenharia € dados biol6gicos excelentes, simplesmente no podemos tomar decisdes eficientes sem aplicar a ferramenta do economista de andlise marginal. > RESPOSTAS PRIVADAS Na presenga de externalidades, ox mercados podem levar a resultados ineficientes. Fsta sogio discuto as circunstincias sob as quais pessoas privadas, agindo por conta prépria, podem evitar problemas de externalidades. Barganha e o Teorema de Coase Lemire-se de nosso argumento anterior de que a causa origingria das ineficiéncias associa- das Bs extemalidades é a auséneia de direitos de propricdade. Quando dircitos de propric- dade sio aribuidos,individuos podem responder & externalidade barganhando uns com os outros. Para entender como, supona que direitos de propriedade sobre o rio sejam cedidos alia. Supostha sina que aio existe Gusto pera’n berpentia(entrs Lina oBms. 1 posatvel ue es duas partes cheguem a um acordo que resulte na redugo da producio de Q, Bart estara disposto a nao produzir uma unidade de produto contanto que recebesse tum pagamento que excedesse seu ganho incremental Iiquido de produzir aquela unidade (BM ~ CMP), Por outro lado, Lisa estaria disposta a pagar para que Bart nao produzisse determinada unidade, contanto que o pagamento fosse menor gue o dano marginal causado a ela, DM. Desde que o valor que Lisa esté disposta a pagar para Bart exceda 0 custo de CAPITULO Exterelidaces 24 ‘no produit para Bart, existe oportunidade de barganha. Algebricamente, o requisito é que DM > (BM ~ CMP). A Figura 5.3 (que teproduz as informagées da Figura 5.1) indica que, com a produgdo Q,, BM — CMP é zero, enquanto DM € positivo. Por isso, DM excede BM ~ CMP, e hd margem para barganha. Um raciocinio semelhante indica que Lisa estaria disposta « pagar mais que (BM ~ CMP) em cada nivel de produgao & direita de Q*. Por outro lado, a esquerda de Q*, ‘a quantia de dinheiro que Bart exigiria para reduzir sua produgdo excederia a disposicio de Lisa para pagar Portanto, Lisa paga para que Bart reduza sus produg someate até Q*,0 nivel eficiente, Néo podemos dizer sem mais informagdes exatamente quanto Lisa acaba pagando a Bart, embora o pagamento total seja de 20 menos deg (o valor que Bart perde por reduzir a producao para Q") endo passe de cdhe (0 valor que Lisa ganha por fazer com ue Bart reduza a produgao para Q*). O valor exato depende do poder de barganha relativo as duas pattes. Indepeudenteweute Ue cuiy us yaulus da barganlia se13v divides, entanto, a produgao acaba em *. ‘Agora, suponha que os papéis se invertem ¢ os direitos de propriedade sobre orio so cedidos a Lita. Bart nfo pode produzir nenhum produto sem primeiro recaber a permisso de Lisa. O processo de barganha agora consiste em Bart pagar pelo consentimento de Lisa para que polua. Lisa esté disposta a aceitaralguma poluigdo desde que o pagamento recebi- do de Bart para cada unidade de seu produto exceda 0 dano marginal (DM) causado por tal produgdo a sua empresa de pesca. Bart acha vantajoso pagar pela permissio para produzir, Contanto que 0 valor seja menor que 0 valor de BM ~ CMP por unidade de produto. Obser- ve que para a primeira unidade de produto fabricada por Bart, seu lucro marginal (BM ~ CMP) excede amplamente 0 dano marginal (DM) a Lisa, de modo que ha grande margem para barganhar © permitir que Dart produza essa unidade. Aplicar esse raciocinio a cada unidade adicional de produgéo demonstra que eles tém todo incentivo para cheger a um acordo pelo qual Lisa venda a Bart o direito produzir Q*. ° ‘ ee por ano FlQURA 3.3 _Teorema de Coase. Se Barttverdietos de propriedade sobre ori, ele reduzré a produgfo em uma unidade, Contanto que recaba um pagerento que enced luce incremental que tn recabido de produit esa unidade (2M ~ CMP, Lisa est sposta a pagar a Bart para que reuza ua Sade de produgio sob a condicdo de que © pagamento seja menor que o deno causado pelo produto a ela, DM. Hé margem para barganha em qualquer nivel de produge maior que O*. 82 PARTI __Despeses piiblicas: bens puiblicos ¢ externelidedes Tooroms ds aco que os curtor de wransegio seam Insigniantes, uma slug efcente paca un problema de extemalidode Pode ser oot uns ez que alguém recabs ‘retos de propnecoce, Independentemente de ‘quem see tl posse Duas suposigdes importantes tém papel fundamental na andlise acima: 1. Os custos da barganha para as partes so baixos. 2. Os proprietérios de recursos podem identificar a fonte dos danos a sua propriedade e prevenir danos legalmente, ‘A implicagaio da discussio sobre a Figura 5.3 6 que, com esses dois pressupostos, a solugo eficiente ser atingida independentemente de quem receba os direitos de proprieds- de, contanto que alguém reesba exseo direitos. Tal resultado, conheciddo como Teorema de Coase (em homenagem ao ganhador do prémio Nobel Ronald Coase), sugere que, uma vez que direitos de propriedade sio estabelecidos, a intervengdo do governo nao é necesséria para lidar com externalidedes [Coase, 1960) s dois pressupostos nem sempre se mantém. Por exemplo, extemalidades como poluigao atmosferica envolvem milhoes de pessoas (lanto causadores quanto vitimas da oluicio). E dificil de imaginar que se redinam para negociagdes com um custo suficien- temente baixo.‘ Além disso, ainda que direitos de propriedade sobre 0 ar fossem estabe- Iecidos, ndo esté claro como seus proptictétios poderian identificar qual dos milhares de possiveis poluidores foi responsével para sujar seu are por qual proporcio do dano cada um é responsavel. (OTeorema de Coase é mais relevante para casos em que apenas algumas partes esto cavolvidas e as fontes da externalidade estio bem definidas. Mesmo quando essas condi- Bes se cumprem, a concesso de direitos de propriedade & relevante do ponto de vista da distribuigao de renda. Os direitos de propriedade sao valiosos: se Li ir ori. i aumentard sua renda em relagio a de Bart, vice-versa. Ceder direitos de propriedade nos termos de Coase poderiaaudar & resolver alguns problemas significativos, como reverter a extingdo de espécies. Por exemplo, para con- seca aaa tei oeatin reas oa Mag Si a anaes ad ‘mente restringir a caga. Era o que a Africa do Sul fazia antos de 1991. A lei sul-africana tratava a fauna como propriedade nao possuida, entio ninguém tinha incentivo para obe- decer restrigbes & caga. Em 1991, a Africa do Sul mudou sua abordagem para permitir a propciedade privada de qualquer animal selvagem que puderse ser identificado de acorda com certos critérios como marca ou brinco de identificaglo. © governo também comegou a letloar rocerontes brancos. U etesto combinado da Lixagdo de pregos de mercado por leildes e da criacdo de direitos de propriedade mais fortes sobre rinocerontes brancos mudou os incentivos de fazendeiros privados. Qual foi o resultado” A populagio de rino- czrontes brancos aumentou de menus que 6.000 ein 1991 para sais de 20.000 ex 2010 [Sas-Rolfes, 2012]. A ideia de ceder a individuos direitos de propriedade sobre animais selvagens em suas terras aparentemente foi bem aceita, Na Africa Meridional, muitos fazondeiros acharam lucrative deixar de cultivar alimentos, deixar suas ters voltarem ao estado natural e, entfo, cobrar de turstas para que pudessem ver os animais. Aproximada- mente 18% das terras no tergo sul da Africa agora sio dedicadas a esse tipo de ecoturismo [Coram, 2003} Incorporagdes ‘Uma maneira de lidar com uma externalidade ¢ “internalizé-a" pela combinagao das partes envolvidas. Para simplificar, imagine que hé epenas um poluidor e uma vitima da poluicdo, como em nosso exemplo sobre Bart e Lisa. Como destacado, se Bart levasse em conta os dlanos que causava & pesca de Lisa, um gauho liquide seria possivel (Wer discuss @1e5- peito da Figura 5.2.) Em outras palavras, se Bart e Lisa coordenassem suas atividades, 0 * Eimbora os custos de rans possam tomar improvivel um resultado ficiente pela barganha os custos de ‘rans de implementar uma solugdo govemamental podem nlo ser menres. CAPITULO Exterelidades 83. lucro do empreendimento conjunto seria mais alto que a soma de seus lucros individuais quando nao coordenados. Com efeito, por no conseguirem agir juntos, Bart e Lisa estdo desperdigando dinheiro! (© mercado, entio, fornece forte incentivo para a incorporagao das duas empresas Lisa pode comprar a fbrica, ou Bart pode comprar a empresa de pesca, ou algum. terveiro pode comprar ambas. Com a incorporacao das duas empresas, a externalidade & internalizada ela € levada em conta pela parte que gera a externalidade. Por exemplo, se art camprasse 2 pescaria, ele voluntariamente produriria menos produtos que antes, pois fazer isso aumentaria os lucros de sua empresa de pesca subsididria mais do que RESPOSTAS PUBLICAS A EXTERNALIDADES: IMPOSTOS E SUBSIDIOS [Nos casos em que individuos agindo por conta prépria nfo podem atingir uma solugao eficiente, 0 governo pode intervir estabelecendo impostos ¢ subsidios para determinadas atividades de mervado. Impostos Bart produz ineficientemente porque os pregos que ele paga pelos insumos esto abaixo dos custos sociais. Especificamente, como os pregos de seus insumos sio muito baixos, 0 prego de scus produtos 6, também, muito baixo. Uma solugio natural, sugerida pelo eco- nomista britanico A. C. Pigou na década de 1930, € cobrar um imposto do poiuidor para compensar fat de que alguns de seus insumos tm precos baixos demais. Um impasto Pigouviano ¢ um imposto cobrado sobre cada unidade de produgao de um poluidor, com valor exatamemte igual ao dano marginal que inflige no ntvel de produgao efictente. A Fi- * Nesta ena peximn seg, exploraremosvéras maneras como o govemo pode intevir para tla de externa- Iidades. No entanto lista de possibildadesnio é de modo algum exaustiva. Cnsulte Stains [2003] pare obter uma dscussio cuidadosade visas ltematvas. Lmposto Piaouviano Imposto cobrado sobre cade Unidad de produr de un geradr de extemalidade, tem valor igual 0 dan ‘marginal no nve eficente de predupie 84 PARTE I! Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidedes gura 5.4 reproduz o exemplo da Figura 5.1. Neste caso, o dano marginal com a produgio eficiente Q* € a distincia cd, que € igual ao imposto Pigouviano. (Lemibte-se de que a dis- tincia vertical entre MSC e MPC é MD.) (Como Bart reage & imposicio de um imposto de cd délares por unidade? O imposto ‘aumenta o custo marginal efetivo de Bart. Para cada unidade que produz, Bort tem de fazer pagamentos para os fornecedores de seus insumos (medidos por CMP) e para 0 cobrador de impostos (medidos por ed). Geometricamente, 0 novo cronograma de custo marginal de Bart é obtido pela soma de ed 20 CMP em cada nivel de produgio. Isso envolve aumentar CMP pela distincia vertical de ed. A maximizagdo dos lucros exige que Bart produza no ponto em que 0 beneficio ‘marginal iguala seu custo marginal. Iso ocorre agora na intersecdo de BM e CMP + cd, ue esté na produgdo eficiente Q*. Com efeito, 0 imposto forga Bart a levar em conta os ustus da eatctualidade que ele gota © v indus # produzi eficieutcusente, Obseive que 0 imposto gera renda de ad délares para cada uma das unidades id produzidas (id = 00%). Por isso, a receita fiscal & cd X id, que é a érea do retingulo ijed na Figura 5.4. Seria tentador usar essas rendas para compencar Lisa, que ainda ectd cendo prejudicada pela atividades de Bart, embora em menor escala que antes do imposto. No entanto, deve-se ter cautela. Se vier a piblico que qualquer pessoa que pesca ao longo do rio recebe um pagamento, aleumas pessoas que normalmente nao o fariam poderao escolher pescar no rio. Lembre-se da natureza reciproca das extemnalidades. A compensagao levaria 0s pes- cadotes a ignorar 0s custos que impdem & produgao de Bart. O resultado ¢ um volume de pesca ineficientemente grande no rio. © ponto chave € que essa compensacio a vitima da poluigdo nao € necesséria para obter eficincia e, na verdade, provavelmente ird levar & ineficiéncia. Problemas préticos surgem ao implementar um sistema de imposto Pigouviano. Da- das as dificuldades mencionadas anteriormente para calcular a fungio de dano marginal, € certo que seré dificil determinar a alfquota de impostos adequada. Ainda assim, podem ser encontrados meios-termos sensatos. Considere a externalidade das emisses nocivas de automéveis. Em teoria, um imposto baseado no niimero de quilOmetros rodados aumenta a eficiéncia, Ainda mais eficiente seria um imposto sobre 0 niimero de quilémetros rodados cus= Cur +DM (CMP + ed) cup a 2 por ano FIGURA5.4. Anélise de um imposto Pigouvi © imposto Pigouviano eleva a curva de custo marginal prvado de Bart om igual quanti ano externe marginal na producao eficiente, ed Bart agora maximiza © luer® no porte de produgo eficiente Cr CAPITULO Exterelidaces 5 que também variasse de acordo com 0 local ¢ o horério do dia, j4 que a poluigdo & mais nociva quando emitida em dreas povoadas e durante horérios de grande congestionamento no trfinsito. Por outro lado, um imposto por quilémetro rodado que varia de acordo com hora e lugar tem custo de administraglo geralmente proibitivo. O governo poderia em vez disso cobrar um imposto sobre o uso de gasolina, embora 0 custo de gasolina em si no determine o tamanho da externalidade. O imposto sobre a gasolina néo levaria ao resultado ‘mais eficiente, mas poderia, de qualquer modo, gerar uma melhoria substancial em relagdo 2 sitwago tual Subsidios ‘Supondo um mimero fixo de empresas poluentes, 0 nivel eficiente de produgao pode ser obtido pagando ao poluidor para no poluir. Embora a ideia possa inicialmente parecer peculiar, ela funciona de modo muito semelhante a0 imposto. Isso porque um subsitio aia no poluir € simplesmente outro método para aumncntar 0 custo de produgao efetivo o poluidor. ‘Suponha que o governo anuncie que pagaré a Bart um subsfdio de cd para cada uni- dade de produto abaixo de Q, que ele nfo produzir. O que Bart faré? Na Figura 5.5, 0 bene- ficio marginal de Bart no nivel de produgéo Q, € a distancia entre BM ¢ 0 eixo horizontal, ge. O custo marginal de produzi em Q, é a soma do valor que Bart paga por seus insumos (que lemos na curva CMP) ¢ o subsidio de eda que ele enuncia ao produit. Mais uma vez, portanto, o cronograma de custo marginal pervebido ¢ CMP + cd. Na produgdo Q,, isto cequivale a distancia ek (= eg + gt). Porém, ek excede o beneficio marginal, ge. Contanto que o custo marginal exceda o beneficio marginal em Q,, néo ¢ sensato que Bart produza esta titima unidade de produto, Em ver. disso, ele deve renunciar a sua produgtio ¢ aceitar 0 subsidio. A mesma linha de raciocinio indica que Bart ndo produz nenhum produto além de Q*. Em todos os niveis de produgdo & direita de Q*, a soma do custo marginal privado e do subsfdio excede 0 bene- ficio marginal. Por outro lado, em todos os pontos & esquerda de Q*, Bart produz mesmo due tenha de abrir mao do substdio, Para esses niveis de produgdo, o custo de oportunidade cMs= cup + DM (CMP + ed) cur FIGURA 5.5 _Anilise de um subsidio Pigouviano. Um subsidio Pigouviano para cada unidade que Bart ndo produz eleva s {nal prvado em valor correspondente ao subside por unidade, ed, e o induz a produzie no ‘iveleficiante de produgio. 86 PARTE! __Despeses piiblicas: bens piblicos ¢ externelidedes taxa sobre emissées Iimpoato cabrado sobre cada (ieee pokes total, CMP + ed, 6 menor que beneficio marginal. Por isso, o subsfdio induz Barta pro- duzir somente até Q*, a produgéo eficiente* As consequéncias de distribuigdo dos esquemas de imposto e subsidio diferem dras- ticamente. Em vez de ter de pagar 0 imposto de ijed, Bart recebe um pagamento igual a0 ntimero de unidades de produgio nio produzidas, ch, vezes 0 subsidio por unidade, ed, que € igual ao retingulo dfhe na Figura 5.5. Nao € surpresa que uma solugio eficiente possa ser associada a diferentes distribuigdes de renda, Isso ¢ andlogo ao resultado do Capitulo 3— hum niimeroinfinito de slocagies eficientes na Caixa de Edgeworth, eada uma delas associada & propria distribuigéo de renda real ‘Além dos problemas associados ao esquema de imposto Pigouviano, o programa de subsidios tem alguns problemas prprios. Primeiro, lembre-se de que a andlise da Figura 5.5 supe um nimero fixo de empresas. O subsidio leva a luctos mais altos, entfo, no longo pre- 20, mais cusptesas purer du set leva ase estabelever ay lougu du tiv. O subsfiiv pole Teves tantas novas empresas a mudar de enderego para o rio, a ponto de aumentar a poluigdo total. Segundo, subsidios podem ser eticamente indesejéveis. Como observa Mishan [1971, p25): Pode-se argumentar (que a liberdade de opera vetculos ruidosos, ou fbrcas poluentes, causa ano incidental ao bem-estaralheio,enquanto a liberdade desejada pelas pessoas de viver em ardor limpos ¢calmoa nfo reduz, por si 6, bem-ctar alhcio. Se taisargumentos puderem ser sustentados, pode-e argumentar que... oluidoresdevem ser responsabilizados legalmente. > RESPOSTAS PUBLICAS A EXTERNALIDADES: PROGRAMAS DE TAXAS SOBRE EMISSOES E CAP-AND-TRADE A segao anterior demonstrou como um imposto sobre cada unidade de produto de Bart pode levar ao resultado socialmente eficiente. Um problema com esta abordagem ¢ que isso talvez nao dé a Bart incentivo para buscar maneiras de reduzir a poluigao além de reduzir a produ. Por que Bart deveria instalar teenologia de conirole de poluigdo para reduzir suas emissGes por unidade de produto se isso nao altera sua carga de impostos? ‘Uma maneira de watar desse problema ¢ cobrar um imposto Pigouviano sobre cada tunidade de emissio e nao sobre cada unidade de produto. Este imposto ¢ chamado de taxa sobre emissdes. Para examinar tal imposto, considere a Figura 5.6, que mostra o nivel anu- al de redugio de poluigo de Bart no cixo horizontal. No diagrama, a curva BMS mostra 0 beneficio marginal social para Lisa de cada unidade de poluigio que Bart reduz. Em outras palavras, BMS mostra a queda nos custos de Lisa para cada unidade de redugdo na poluigao de Bart. A curva se desenha com uma inclinagéo para baixo, refletinda nossa suposigio de que Lisa € progressivamente prejudicada com cada unidade adicional de poluigéo. A curva (CM mosira o custo marginal para Kart de reduzir cada unidade de poluigao. Us custos de Bart para reduzir a poluigo podem resultar de redugdo na producéo, troca para insumos mais limpos ou instalago de uma nova tecnologia para controlar a poluigio. Supomos que ssa curva tem inclinago para cima, sugetindo que o custo de reduzir a poluigo aumenta progressivamente para Bart. ura3.3, 0 €alinha de base a partir da qual aredugo ma produgio de Bar é medida, Em principio, qual «quer inka de base & deta de Q* serviris. A eseotha ds linha de base afeta 0 cronograma CMP + cd pa figura Em qualquer ponto &direta da linha de base escolhida, o subs € igual a ze, 0 qe significa que ei igual, zero e que o cronograma CMP + cd € igual ao cronograma de CMP. Um postvel problems com subsidios Pigouvianosé que as empresas podem usa sistem, tomandoajGesineficientes que aumentam sus linhas de bus atribuias, CAPITULO Exterelidaces 87 s| cu Ms a ‘ © Redo dapoluigio FIGURA 5.6 Mercado para redugao da poluio. Aeficénce exige que Bat reduza 2 poluigao seo beneficio marginal socal (BMS) for meior que © custo marginal (CM) de fzé-lo, Assim, * 6a quantdadeefciente de redugéo da poluigio. Se nao ocorre barganha de Coase ¢ 0 governo nao intervém. Bart nifo tem incentivo para reduzir a poluigdoe ficard no ponto 0. No entanto, o resultado eficiente ocorre no pon- (wea yucy vusty unaginal de vedueis a poluiyao para Bau se igual av beueficio unaugial para Lisa de reduzir a poluigdo, o que ocorre no ponto e*, Em qualquer ponto & esquerda de eo beneficio de uma maior redugio de poluigio excede o custo; portanto, mais redugdo relhora a eficiéncis. Em qualquer ponto direita de e*, o beneficio da titima uniade de poluigio reduzida ndo vale o custo, entéo menos redugo melhora a eficiéncia, (© que 0 governo pode fazer para atingir e*, a quantidade eficiente de redugéo da polnigi? Fuxaminaremos tr abordagens diferentes: taxa sobre emissies, cap-and-trade e regulamentagdo de comando e controle. Taxa sobre emissdes ‘Uma taxa sobre emissdes funciona mais ou menos da mesma maneira que 0 imposto con- siderado anteriormente. A tinica diferenca é que, neste caso, um imposto € cobrado sobre cada unidade de poluigéo © nio sobre cada unidade de produto. A Figura 5.7 reproduz as curvas da Figura 5.6. Lembre de que, sem intervengao do governo, Bart ndo reduz emis- s6es, entio ele esté no ponto O. Agora, suponha que 0 governo estabelega uma taxa sobre cemissBes que cobre f* por unidade de poluigfo, sendo f* 0 beneficio marginal social da redugdo da poluigéo no nivel eficiente e*. Como Bart reage? Bart arca com um custo CM para cada unidade de emissdo que reduz, No entanto, com a taxa sobre emissées, sua carga de impostos baixa para cada unidade de poluido cortada. Se o valor que ele economiza em impostos por unidade excede o custo de reduzira poluigo ean maiy uma unidade, Bart pului menos, Algebricanmente, se/* > CM, ele redue ‘a poluigdo. A Figura 5.7 indica que tal condigdo se sustenta em todos os pontos & esquerda de e*, entdo Bart reduziré a poluigio até o ponto eficiente. Ele ndo reduzird poluigdo ainda :mais porque o custo marginal de faz8-1o exced sua redugio de impostos, Este exemplo demonstra que o governo pode atingir a quantidade desejada de redugo de poluigio por meio de uma taxa sobre emissGes. Naturalmente, 0 governo poderia ter ob- tido o mesmo resultado simplesmente exigindo que Bart reduzisse sua pohigao em e*. No entanto, a taxa sobre emissdes tem algumas vantagens claras quando hé mais de um poluidor. 88 PARTE! __Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidedes s cu r aus a €° -Redugio da poluigéo FIGURA 5.7 Uso de taxa sobre emissSes para obter reducao de poluicéo eficiente. Bart reduz a poluigie contanto que 0 custo de fazé-lo (MC) esteje abaixo do valor da taxa so- bre emistes. Portanto, uma taxa sobre emissées estabelecida em {* leva & quantiaeficiente de reducio da poluicéo, e* Suponhamos que, além de Bart, Homer também polua o rio, Suponhamos também que 6 mais caro para Homer reduzir a poluigo que para Bart, do modo que sua curva de custo marginal é mais alta. A Figura 5.8 mostra as curvas de custo marginal de Bart (CM,) © Homer(CM,). Suponba que inicialmente cada um deles emita 90 unidades de polui¢ao por ano e que 0 governo calculou que a quantidade eficiente de redugao da poluigao € 100 tunidades por ano entre os dois; ou seja, a poluigdo total deve ser reduzida de 180 para 80 unidades por ano. Como essa reducio na poluicio deve ser dividida entre Bart e Homer? Uma ideia € que 0 governo exija que cada um deles reduza a poluigdo em 50 unidades por ano (0 que significa que cada um tem permissio para poluir 40 em vez de 90 unidades por anc). CM, a BO 7590 Redgio de 30 30 Redugi da poligiode Bart poluigdo de Homer FIGURA 5.8 _Reducdes uniformes de poluigdo por todos os poluidores no tém eficiéncia de custo. Se cade poluidor cortar sua poluicéo em 50 unidades, o custo marginal de Bart seré mais baixo que o de Homer. Portanto, ‘exigir que Bart reduza mais e Homer reduza menos atinge a mesma meta de redugdo com custo total mais bao. O custo de cortar determinada quantidade de poluigao é minimzado quando os custes marginais de recur ao iguais para todos os poluidores capiTULO 5 Externalidades 89 Embora isso pudesse resultar na redugio desejada, tal resultado teria custo mais alto que necessirio, Para entender por que, observe, na Figura 5.8 que o custo marginal para [Tomer de reduzir 50 unidades € mais alto que © custo marginal para Burt de reduzir 50 unidades (ou seja, Cf, > CM,). Suponha que, em vez disso, exigissemos que Bart reduzisse mais ‘uma unidade ¢ permitissemos que Homer reduzisse menos uma unidade, A redugio total de emiss6cs ainda seria de 100 unidades. No entanto, como a ceonomia de Homer € maior que © aumento de custo de Bart, a mudanga reduziria o custo total de realizar a redugdio de. 100 unidades. Contanto que 03 custos marginais difiram entre 03 dois poluidores, podemos redistribuir a carga a fim de reduzir 0 custo total. Em outras palavras, © custo total da redu- do de emissécs é minimizado sxomente quando os custos marginais so iguais para todos 09 poluidores. Um resultado € chamado eusto-eficiente se € realizado no custo mais baixo: possivel, Na Figura 5.8, 0 meio custo-cficiente para obter a redugio de 100 unidades ¢ fazer ‘com que art corte sua poluigio cm 75 unidades ¢ Homer reduza a sua em 25 unidades, ‘Alguns podem pensar que 0 resultado custo-cficiente € injusto, pois exige rentes de redugio da poluigfio. Por que Homer deveria ter uma carga menor s6 porque Ihe parece mais caro reduzir a poluigio? No entanto, uma taxa sobre emissées atinge o resulta- do custo-cficiente ao mesmo tempo em que recompensa os que cortam mais emissGes. Para ver como, considere a Figura 5.9, que replica as curvas da Figura 5.8. Agora, considere ‘uma taxa sobre emissées estabelecida em f'. Para simplificar, suponhamos que f corres- Ponda a uma taxa de $ 50 por unidade de poluigio. Lembre-se de que, com uma taxa sobre ‘misses, um poluidor reduz, emissdes se a economia em impostos excede o custo marginal de cortar a poluigio (ou seja, se f” > CM). Com esta taxa sobre emissées, Bart reduz, 75 unidades e Homer reduz 25 unidades, 0 que ¢ custo-eficiente porque os custos marginais io iguais. Do ponto de vista do patriménio Iiquido, Homer nao esté sendo reeompensado. porque tem de pagar $ 50 por unidade de poluigdo que continue a produzir. Depois de cor- tar suas emissdes em 25 unidades, Homer ainda polui 65 unidades ao ano e, portanto, deve Pagar impostos anuais iguais a $ 3.250 (= $ $0 x 65). Como Bart reduz. sua poluigao em 75 ‘unidades, sua responsabilidade fiscal anual é de apenas $ 750 (= $ 50 x 15). Em resumo, ‘a empresa com menor reduciio de poluigio nfo esté, de fato, sendo beneficiads, pois tem responsabilidade fiscal maior do que se reduzisse mais. A principal vantazem de uma taxa sobre emissées € que ela obtém redugio de polui- «do com 0 menor custo possivel. Observe na Figura 5.9 que para qualquer taxa sobre emis- ‘s6es, 0 custo marginal da redugo é 0 mesmo para Bart e Homer (ou seja, CM, = CM,), en- to obtemos um resultado custo-cficiente. Evidentemente, uma taxa maior que $ 50 levaria My 71> Redagio da 2 Keane da poluigdo de Bat poliggo de Homer FIGURA5.9 Uma taxa sobre emissdes é custo-eficiente. Uma taxa sabre emissoes induz cada poluidor para reduzr poluigao até o ponto onde o custo ‘marginal de recuziriguais o nivel da taxa, sso resulta em custos marginals iguais para os polui- doves, © que & euste-eficiente, treba Foltice que atnge ‘eternal revulade woth mais baino custo posse 90 PARTE! _Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidedes pedigio urbane Immponto eabrade por dig {gual 2 custos marginals do Congestionemento importa cap-and-trade Poltica de concessdo de icengas para poi ‘Cnimara de lcengas é fesabelaciono nivel do poluigdo dsejado, eos ge ‘uma redugo de mais de 100 unidades por ano e uma taxa menor que $ 50 levaria a uma redugdo anual de menos de 100 unidades, Independentemente da redugdo, a taxa a obtém com o custo mais baixo possivel. Embora estejamos discutindo taxas sobre emiss6es no contexto da poluigao, € anélo- 20 lidar com outros tipos de externelidades. Agora, discutiremos um desses casos. PERSPECTIVA DE POLITICA Pedagio urbano Em estrades rodovias cheias, cada condutor ime custos aos outros condlutores por aumentar 0 congestionamento. Em Washington, DC, e Los Angeles, por exemplo, os custos externos de dirsirsdo aproximadamente 7 centaves por milha drigida fora do horério de pico e 23 centavos por milha dirigida nos horérios de pico [Parry e Small, £2009]. No ontanto, ninguém é forgado a levar tia custos em conta e, por iss0, 0290 3 ‘uago é uma externalidade cléssica. A eficiéncia poderie ser melhorada por uma “taxa sobre emissoes* sobre cingrr, iqualada aos custos marginais do congestionamento (esperdicio de gasolina, tempo, etc.) impostos a outros condutores. Para ser eficien- te, a taxa sera ajustada de acordo com o momento e o local. Aqueles que diigissem 1 tréfago da cidade na horiti da pica pagariam mais qua ox condutores. que dire e'). Observe ue, embora o resultado do cap-and-trade seja ineficiente se os custos forem mais altos ue 0 previsto, isso nao é muito ruim do ponto de vista da eficiéncia, pois e* esté bastante préximo de e'. © que acontece se 0 gover usa uma taxa sobre emissdes sob essas circunstincias? Considere novamente a Figura 5.11. Confiando em sua estimativa de CM*, 0 governo es- tabeleceria s taxa em f* para obter uma reducgio de e# Como antes, se CM* representar 0s custos verdadeiros, este resultado seré eficiente. Lembre-se que, com uma taxa sobre emissGes, 0 nivel de poluigao (e, portato, a redugao na poluigdo) muda conforme também ‘mudam as curvas de custo. Se a curva de custo marginal verdadeira for CM’. a taxa sobre emissGes levaré a uma redugdo de e,, em vez do resultado eficiente, e ‘Vale vessallar que, cimbuta v tesultady do cap-und?-srade ua Figura 5.11 seja apenas moderadamente ineficiente se 0s custos forem mais altos que 0 esperado, 0 resultado de taxa sobre emissdes ¢ altamente ineficiente porque e,é muito menor que e’. Concluimos que um sistema de cap and trade é proferivel a uma taxa sobre emist3es quando o: beneft cios sociais marginais ndo sio elésticos e os custos sao incertos. Intuitivamente, quando os beneficios sociais marginais ndo so elésticos, uma mudanga nos custos ter muito pouco efeito sobre a quantidade ideal de redugaio da poluiglo. Portanto, um sistema de eap-and- -trade (que fixa a quantidade de poluigdo admissivel) ndo ficaré muito distante do novo nivel eflciente. Embora esta andlise enha-se concentrado no caso em que os custos margl- nais de reducdo da poluicdo sio mais altos que o esperado, resultados semelhantes podem ser obtidos quando eles so mais baixos que o esperado. (Ver Questdo para Discussio 14, xno fim do capttulo.) Reta Pouca Malta aad Pees ei passe” pa FIGURA 5.12 Cap-and-trade versus taxa sobre emissSes quando os beneicios ociais marginals so eldsticos 0s custos ado incertos. Quando os beneficios sociais marginais so elasticos e os custos so mais altos que 0 espera- do, nemo cap-and-trade, nem ura taxa sobre emisses sed perfetamenteecente, O cap- -and-trade obtém uma redugao de poluigdo excessiva, enquanto a taxa sobre emissées obtém redugio de poluicao baixa demais. No entanto, uma taxa sobre emissdes é mais eficiente. capiTULO 5 Externalidades 95 Cronograma clistico de bencficio marginal social A Figure 5.12 reproduz as curves de custo marginal da Figura 5.11, No entanto, neste diagrama, supde-se que os benef cios sociais marginais da redusio da poluigio sie relativamente elisticos. A cxemplo anterior, se © governo usasse um sistema de cap-and-trade, emitiria uma quanti- dade suficiente de licengas para atingir uma redugiio de e*, Se a verdadeira curva de custo ‘marginal for CM’, o resultado eficiente estaré em ¢’, de modo que © cap-and-trade leva a ‘uma redugo excessiva na poluigio (ou seja, e* > e') {A Figura 5.12 também mostra ax consequéncias de uma taxa sobre emissdes, Como, antes, 0 governo estabeleceria a taxa cm f* para redurir ay emissdes em e*, que é eficiente se CM® representar os eustos verdadciros, Se a verdadeira curva de custo marginal for CM", entio a taxa sobre emiss®es levari a uma redugo ¢7, a0 passo que e” € o resultado cficiente, No entanto, diferentemente do exemplo com beneficios sociais marginais niio clisticos, neste caso ¢,esté mais préximo do resultado cficiente do que c*, a redugio ob- Aida pelo cap-and-trade. Coneluimos quc, s¢ eustos marginais forem incertos, unt ts sobre emissbes seré prefertvel a um sistema de cap-and-trade quando os beneficios sociais ‘marginais forem elasticos. Intuitivamente, quando os beneficios sociais marginais sio clés ticos, uma mudanga nos custos ter grande efeito sobre a quantidade ideal de reducio da poluiglo. Portanto, um sistema de cap-and-trade (que fixa a quantidade de poluighio admis- sivel) ficard consideravelmente distante do novo nivel eficiente. © que tudo isso indica? Num mundo de incertezas, ndio podemos saber com seguran- «ga as taxas sobre emissées ou os sistemas de cap-and-trade serio mais eficientes. Entre ‘outras coisas, depende da velocidade com que os beneficios sociais marginais de reduzir a poluiglo cacm com a quantidade de limpeza. Isso remete, novamente, a um tema recorrente neste capitulo, Formular uma politica ambiental sensata exige um esforgo interdisciplinar ~ informagdes de diversas dreas sto necessérias para determinar virias relagies téenicas, inclusive a forma do cronograma de beneficio marginal social. As ferramentas da economia ‘nos permitem, portanto, usar essas informagdes para encontrar solugdes cficientes. Efeitos de distribuigéo Mesmo no caso de certeza quando cap-and-trade e taxas s0- bre emisses sio equivalentes do ponto de vista da eficiéncia, esses sistemas geralmente tém consequéncias de distribuigdo diferentes. Com uma taxa sobre emissdes, os poluidores pagam impostos por unidade de poluigio e a renda vai para o governo. Com um sistema de cap-and-trade, se as licengas sio fornecidas diretamente as empresas poluidoras gratuita- ‘mente, o governo nio recebe qualquer renda. Por outro lado, um sistema de cap-and-trade pode gerar rendas de governo se as licencas forem vendidas diretamente pelo governo a poluidores, em vez de serem distribuidas gratuitamente. PERSPECTIVA DE POLITICA Troter das mudangas climéticas ‘A questao de extemalidade que mais se destaca na agenda de politics publicas @ 2 ‘mudanga climatica, Divesas aividades economicas liberam gases de efelio estufa— anna Uiéxidy Ue carb, Gxidy niusu, retany— que rein a energie suler Unie dda atmozfera da Terre, Muitea cientistes aereditam que © caler adicional aquece © lima, gorando impactoe sobre economia, eauide 0 meio ambionte, Come noeze clima iS eetarnalconiplecdle le intact saa Glan, 184) teal calcula eratarsente 3 ‘magnitude da contribuicdo das emissdes de gases de efeito estufa sobre o clima. As ‘maanitudes precisas dos efeitos associados @ economia, & salide e a0 meio ambiente também sao dificeis de precisar. ne) 96 PARTE _Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidades (continua) Embora as questées ervolvidas na enélise das causas e das consequéncias da mudanga climética sejam complicades, a estrutura bésica deservolvida neste capitulo fornece uma orientagao sensata para politicas: reduzir emissoes de gases de efeito estufa até 0 ponto em que os beneficios marginais iqualer os custos marginais. Usan- do essa estrutura, Nordhaus [2008] estimou que a politica ideal para o clima reduziria as emissdes globais de gases de efeito estufa em 15% até 2015, 25% até 2050 @ 45% {2té 2100, Cases niveis de emisséo correspondem a uma taxe ideal sobre emissées (em délares de 2005) por tonelada de carbono de aproximadamente USS 42 em 2015, USS 90.em 2050 e US$ 202 em 2100, ‘Como nossa teoria indica, as reduces ideais podem ser obtidas por uma taxa sobre emissbes (isto 6, um imposto sobre emiss6es de carbono) cu por um programa do cap-and-trade, Qual abordagom & mais oficionta? A maioria das posquisas cugero ‘que os beneficios socials marginais da recucdo de emissdes sdo mais elésticos que os custos marginals. Considerando a Incerteza que cerca os custos de reduzir as emis- s6es, isso sugere que um imposto sobre o carbono que estabeleca um preco anual fixo 8 mais eficiente que um limite que estabeleca um nivel anual de emissées fixo [Congressional Budget Office, 2008b], Dito isso, a eficiéncia do cap-and-trade pode ser aumentada se incluirmos determinadas caractersticas de flexbilidade, como per- mitir que poluidores acumulem licenges nBo utilzades pare uso futuro ou tomem de empréstimo licencas futures para uso atval. Ademais, incluir uma valvula de seguranca ‘aumenta a eficiencia de um programa de cap-and-trade, torando-o mais semelhante ‘a um imposto sobre o carbono, Regulamentacao de comando e controle regulamentagdes baseadas Os sistemas de taxas sobre emissdes ¢ de cap-and-trade sio chamados de regulamentos emincentive Daseados em incentivo, pois fornecem aos poluidores incentivos de mercado para redu- Pleas que formecer zira poluigao. Basicamente, cada abordagem aumenta 0 custo de oportunidade de poluir, Seer eee forgando poluidores a levarem em conta os danos externos marginais associados ao seu pokigbo. comportamento. As regulanientagbes bascadas em inceativo oferecem aos poluidores flexi- bilidade considerdvel para decidir como reduzir suas emissGes. Bart pode achar mais eco- némico reduzir a potuigZo cortando sua produgdo, enquanto Homer talvez pense que custa ‘menos comprar uma tecnologia redutora de poluigio. Ambas as opgBes so permitidas nos termos de uma regulamentacio baseada em incentivos, pois a ideia é encontrar a mancira vidvel mais econémica para reduzir a poluiglo. Além da flexibilidade a respeito de como reduzir a poluigio, ha também flexibilidade sobre quem redu7.a poluigao. Por exemplo, se custo de reduzira unidade marginal de poluigdo for menor para Bart que para Homer, em tum sistema de cap-and-trade, Homer compra uma llcenga de Bart. Com efeto, aflexiDll- dade incorporada permite que Homer pague a Bart para que reduza a poluicdo por ele, Da ‘mesma forma, com uma taxa sobre emiss6es, Bart reduz mais poluigao que Homer, que, regdamentasier de Por sua vez, opta por pagar mais impostos. gomandoe controle ‘Ao contrrio dessas abordagens flexivels, a bordagem tradicional 8 regulamentasio Foneas que enger ambiental é baseada em regulamentacdes de comando ¢ controle. As regulamentagdes de terminade quorisade de eae comando e controle assumem uma variedade de formas, mas slo todas menos flexiveis que flexbiidade imitede ounula a8 regulamentacdes baseadas em incentivo. Um padréo de tecnologia ¢ uma regulaments- srespelo decomoobiele. a9 de comando e controle que exige que poluidores instalem determinada tecnologia para limpar suas emissées. Os poluidores transgridem a lei se reduzem a polui¢do por outros rio tech Eee rmeios, independentemente da eficécia desses outros meios. Por exemplo, uma lei aprovada coerce eerie ee ® hi virios anos exigia que todas as novas usinas de energia insialassem “depuradores”, em feige que empresas wom vez de permitir que limpassem suas emissées pelo uso de combustives mais impos. Ao ‘ume tecnologia espectica contrério de regulamentagdes baseadas em incentivo, um padriio de tecnologia no fornece para recur suo poi, CAPITULO Externelidades 97. as empresas qualquer incentivo para buscar maneiras mais baratas de reduzir a poluigio, Por que investi no desenvolvimento de uma nova tecnologia de limpeza se a Tei néo permi- tird seu uso? Portanto, padres de tecnologia geralmente nio sio custo-eficientes. ‘Um padrio de desempenho ¢ um tipo de regulamentacio de comando e controle que cstabelece uma meta de emissdes para cada poluidor. O poluidor frequentemente tem flexi- bilidade para cumprir com 0 padrao da maneira que escolher, entdo este tipo de regulamen- tagio ¢ mais custo-eficiente que um padrlo de tecnologia. No entanto, como o padrio de desempenho estabelece uma meta fixa de emissdes para cada empresa individual, « carga de reduzir a poluigio ndo pode ser passada a empresas que podem fazer isso de modo mais econdmico, Como resultado, padroes de desempenho raramente serao custo-eficientes. Varios estudos empiricos comparam os custos de usar abordagens custo-eficientes € de comando e controle para obter determinada reducao na poluigdo. Os resultados cespeeifivus Uepeuleu du tipy de puluiyav cuusideraly © du local da puluiggv, Uns 1e- sumo dessas constatagdes mostra que regulamentagdes de comando e controle séo de 1,07 a 22 vezes mais caras que a abordagem custo-eficiente [Relat6rio Econdmico do Prosidonte, 2003). Um bom exemplo de abordagem de comando e controle ineficiente so as normas do governo federal para economia média de combustivel (CAFE) para novos veiculos de passageiros. Fssas normas ditam a quilometragem média de gasolina que frotas de vefculos devem atingir (em 2012, aproximadamente 32 milhas por galio para carros ¢ 25,2 milhas por galdo para caminhoes leves, como SUVs). A meta da politica é reduzir o consumo de szasolina, As normas de CAFE tém flexibilidade limitada, pois os fabricantes no podem redistribuir a carga entre si para reduzir 0 custo total. Uma abordagem alternativa para reduzir 0 consumo de gasolina seria cobrar um imposto sobre a gasolina, que € um tipo de taxa sobre emissbes. O Escritrio de Orgamento do Congresso comparou um aumento nas normas de CAFE a um aumento no imposto sobre a gasotina que obteria a mesma redugdo no consumo de gasolina e constatou que a CAFE custa aproximadamente US$ 700 milhies ‘amais por ano [Congressional Budget Office, 2004b].. Comando e controle é ainda melhor? Uma abordagem de comando e controle & preferivel a um sistema baseado em Incentivos sob cererminadas condigoes. Uma aborda- ‘gem baseada em incentivos & possivel somente se as emissGes puderem ser controladas. Se for impossivel ou muito caro monitorar as emissGes, 0 governo no poderd cobrar uma taxa sobre emissdes por unidade ou determinar sc um poluidor tem licongas suficientes para cobrir suas emissdes. Algumas formas de poluigao sio relativamente feis de monitorar, como emissées de didxido de enxofre de usinas elétricas. E mais dificil monitorar outras formas, como escoamento agricola de produtos quimicos, sedimentos ¢ nutrientes. Nesses casos, um padro de tecnologia pode ser mais eficiente, pois é relativamente fécil de con- {rolar se uma empresa instalou ou no a tecnologia. Outro possivel problema com regulamentos baseados em incentivos é que eles po- «dem levar a altas concentragSes de poluigdo em determinadas éreas. Como um sistema bbaseado ent incentivos limita as emissGes totais de todas as fontes, € possivel que algu- ‘mas reas tenham emissGes mais altas que outras. Se as emissdes se concentram em uma rea espectfica, elas podem causar danos muito maiores que se fossem mais difusas. Concentrages lovalizadas de emissies sio conhecidas como hot spots. Uma norma de comando ¢ controle pode evitar hot spots pela restrigdo de emisses de cada fonte indi- vidual de poluigéo.”” "Uma abordagem baseada em inceativs também pode tatar de hotspots. Por exempl, uma taxa sobre emis ses pode cobrar diferentes niveis de impostodependendo da fate de polig. Da mesma forma, um sistema e cap-and-trade pode exigir que algumes fonts “resgatem" mais licenas por undade de emissCes que curas foes. Nao cstnt, isso aumenta a complexidade das sberdagensbascadas em incentvo. padtio de desempenho Regulamentagio de comando econvole que fmtebowece ume mete Se ‘emissbes para eado poluidor ‘alien pated gars ‘lexbilidade pore cumpria hot spots ‘reas com cancentrgées| ‘elativamente ans de 98 PARTE I! Despeses piiblicas: bens publicos ¢ externelidedes > ARESPOSTA DOS EUA Como respostas do mundo real a problemas de externalidade se comparam as solugSes su- getidas pela coria? No caso da poluigdo do ar, a principal lei federal é 0 Clean Air Act, que i foi alterado diversas vezes."" Nas Emendas de 1970 ao Clean Air Act, o Congresso encar- regou a Agéncia de Protecio Ambiental (EPA) de estabelecer padrdes nacionais de quali- dade do ar. O Congresso determinou que essas normas deveriam ser uniformes para todo o pals e deveriam ser estabelecidas em um nfvel que “fomecesse uma margem de seguranga adequada”. Nenhuma dessas condigdes € baseada em preocupagdes com eficiéncia, Uma politica eficiente permitiria que os padrées variassem geograficamente conforme variam 60s custos e beneficios e tentaria estabelecer padrécs em um nfvel capar de maximizar os beneficios liquidos. Porém, os tribunais determinaram que a lei proibe a EPA de sequer considerar custos no estabelecimento dos padries. Os principais regulamentos ambientais da década de 1970 foram baseados na abor- dagen de coumando e controle. Por exenplo as Einendas Ge 1970 av Clean Air Act estabe- leceram padrées de tecnologia e padres de desempenho para novas fontes de poluigdo do are determinaram padres de emissdo para carros, caminhdes ¢ énibus. O requisito ignorar 0s custos ao estabelecer padries e a base em regulamentagdes de comando ¢ controle cer- tamente aumentaram os custos de atingir nossas metas ambientas, A legislacdo do ar limpo alcangou seus objetivos? Os seis principais poluentes do ar regulamentados pelo Clean Air Act diminiram desde 1970. No entanto, devemos ser cautelosos ao atribuir tais redugGes inteiramente & regulamentagdo ambiental. Talvez, por exemplo, a melhoria se deva em parte @ avangos tecnol6gicos que permitem que empreses usem seus insumos mais eficientemente, gerando menos poluigdo. De fato, Goklany [19991 presenta indicios de que a poluigao do ar nos EUA estava diminuindo bem antes do Clean Air Act, Nao obstante, uma variedade de anlises indica que o Clean Air Act foi fundamen- tal para reduzir a poluigdo abaixo dos niveis que teriam ocorrido sem ele [Freeman, 2002, p. 127]. Como destacado, porém, este resultado nao significa que as redugdes na poluigao foram obtidas com eficiéncia de custo. Em alguns contextos, a abordagem de comando e controle foi ndo apenas ineficiente, ‘mas também ineficaz. Por que isso pode ter acontecido? Baumol [1976] enfatiza como a cfiescin da regulamentagio depense da vigilancia do regular, on sea 4a prontiddo com que as ordens sio emitida, da severidade de suas disposigdes, da forge da resistincia do regulador a exigéncias de modificagées, de sua eficdcia em detectare documen- tarinfagées, de seu vigor e éxito em processar eda severidade das penaldadesimpostas pelo rmecanismo judicial (p. 445] Esta € uma tarefa dificil, especialmente se considerarmos as pressdes politcas a que «© rogulador provavelmente estaré sujito, Lim contraste, as taxas sobre emissBes “no de~ pendem da vigilincia do regulador, mas da tenacidade confiével do cobrador de impostos”. Elas funcionam convidando o poluidor a evitar seus pagamentos por meio da abertura deli- beradamente deixada para ele -reduzir suas emissdes (Baumol, 1976, p. 446]. Além disso, a abordagem do “senio” da regulamentagio frequentemente sai pela culatra. A ameaca final ¢ fechar a fébrica que plu Lim muitos casos, no entanto, tal fecha- ‘mento geraria grandes deslocamentos entre trabalhadores e/ou consumidores ¢, portanto, € politicamente dificil. A legislatura de estado do Texas uma vez decidiu que cumprir as regras da EPA para teste de carros e caminhOes quanto a emissOes excessivas seria caro demais. A legislatura simplesmente desafiou as ordens da EPA para criar um novo sistema, No mesmo espirito, quando um tribunal da fndia ordenou que as autoridades em Delhi substitufssem sua frota de 10.000 6nibus a diesel por Gnibus mais ecol6gicos a gs natural, "Y Hiresumos excelents ds dispsigdes do Ato em Portney (2000) CAPITULO Exterelidaces ca nada aconteceu. As autoridades da cidade simplesmente ndo estavam dispostas a confrontar 0s proprietérios dos dnibus, que prometiam, entre outras coisas, protestar com greve de fome até a morte. De fato, dois anos depois da decisio do tribunal, Delhi continuava licen- ciando novos énibus a diesel (Dugger, 2001, p. A3]. {sso nto significa que regulamentagSes de comando ¢ controle nunca so titeis. Como discutido anteriormente, quando os poluentes sao dificeis de controlar, elas podem ser a ‘melhor solugio. Mas de modo geral, comando e controle é provavelmente a fonte de muitos problemas relacionados & politica ambiental, Progresso com abordagens baseadas em incentivo ‘A abordagem de comando e controle prevalece na politica ambiental dos EUA, talvez, em parte, porque alzumas pessoas consideram os incentives financeiros eticamente duvidosos. ‘Como uma pessoa opinou: “Nao parece correto dar recompensas financeiras aos que conti- ‘nuann a poluir” [Vacilam, 2010]. Nao obstante, os argumentos dos economistas em favor das abordagens baseadas em incentivos vém ganhando algum espaco. Em particular, alguns pro- ‘gramas importantes de cap-and-trade foram implementados. Esta segdo discute um deles Infelizmente, o mercado desmoronou hi alguns anos, com pregos caindo para menos de USS 5 por licenga. Por qué? Decisdes judiciais ¢ regulamentagoes posteriores da Agén- PERSPECTIVA DE POLITICA Cap-and-trade para diéxido de enxofre A cchuva acida se forma quando éxidos de enxofre e dxidos de nitrogénio emitidos no ar reagem com o vapor de agua para criar acids. O Acid Rain Trading Pro- ‘gram, criado como perte das Emendas de 1990 ao Clean Air Act, foi o exemplo mals notdvel nos EUA de uma abordagem beseada em incentvos. Ele estabeleceu tm limite nacional anual para emissSes de diéxido de enxcfre. Todas as empresas de energia elétrica (principais produtoras de diéxido de enxofre) necessitavam de ica ea erxcin ert lima "conerasia de misses” nara cada tonalada ca para a atmosfera. O niimero total de concessées era igual ao limite, As concessées inicialmente foram distibuides entre es unidades geradores de energie elétrica gre tuiterente, podendo, depois, ser compradas e vendidas, como em nosso modelo teérico (Figura 5.10). ‘O mercado pare comércio das concessées era muito ativo. O preco por conces- so variava entre US$ 150 e US$ 600. € interessante observar que isso estava consi- deravelmente abaixo do prego previato originalments, indicando que atingir a meta dda quantidade de emissées de diéxido de erxofre custava menos que a maioria de pessoas Imaginava. De fato, algumas estimarivas sugerem que 0 programa econo- mizou entre USS 0,9 bilho € USS 1,8 bilhdo por ano em relago a0 custo de uma abordagem reguladora convencional [Relatério Econémico do Presidente, 2004, p. 185], Nossa teoria prevé que as abordagens de cap-and-trade fornecem incentivos, finanesios para que empresas encontrem novas tecnologias para reduzir a poluicSo, ¢ ‘e588 previaio foi corroborade. Por exemplo, elgumes empresas redurirem suas eris- s6es combinando carves com varios contedidos de enxofre para atingir resultados intermediarios. Antes do programa de comércio de emiss6es, tal mistura néo era con- siderada tecnologicamente prética, mas o proarama deu incentivos as empresas para ‘que descobrissem modos de fazé-la funciona [Burtraw, 2002, p. 144]. Em resumo, ‘experimento de comércio de omisedee de diéxido do onxofre foi um eucecso. porcionlmente paras empresas de energaelética, partir das quis lel oi cid. 100 PARTE I Despeses piiblices: bens publicos © extemelidadies cia de Protegio Ambiental alteraram a énfase de reduzir 0 nivel nacional de dibxido de en- xofre para reduzir 0s niveis locais, Como cada localidade tinha o préprio limite, 0 resultado pritico foi que precisava haver muitos mercados estaduais em vez. de um tinico mercado nacional. Isso limitou 0 volume de comércio poss{vel, baixando drasticamente o valor de concessies em banco e aumentando 0 custo total da redugdo de poluigio. > IMPLICACOES PARA DISTRIBUICAO DE RENDA Nosso foco principal até agora esteve nos aspectos de eficiéncia das externalidades. A eco- nomia do bem-estar indica que também devemos ter em conta consideragdes de distribui- so, No extant, tentativas de avaliar ay implicaydes Ue distribuigao da melhoria ambiental Tevantam uma série de questdes dificeis. Quem se beneficia? Bm nosso modelo simples, a distribuigio dos benetcion & um asounto trivial, pois hé ape nas um tipo de poluigio e uma vitima da poluigdo. Na realidade, os individuos sofrem de forma diferente em decorréncia de varias extemnalidades. Alguns indfcios sugerem que bair- 0s pobres tendem a estar mais exposias 3 poluiga do ar que hairras de alta renda [Gayer, 2000). Se isso ¢ verdadero, reduzir 0 nivel de poluigéo do ar pode tomar a distribuigio de renda real mais igualitéra, se outros fatores permanecerem constantes. Por outro lado, os beneficios de programas ambientais que melhoram éreas recreativas como parques nacio- nais provavelmente beneficiam principalmente as familias de alta renda, que tendem a ser seus principals usuésios, ™Mesmo sabendo quem é afetado por alguma exteralidade no nos revela o quanto essas pessoas valorizam sua retiada, Suponha que uma familia de alta renda esteja disposta pagar mais por determinada melhoria na qualidade do ar que uma familia de beixa renda. Entfo, ainda que um programa de limpeza reduza mais a quantidade fisica de poluigio para familias de baixa renda que para as familias de alta renda, em délares, o programa pode acahar por favorecer a6 de alta rend Quem arca com o custo? Suponha que muitas empresas poluentes sejam induzidas a reduzir a produgdo por uma politica governamental. Conforme essas empresas diminuem, a demanda pelos insumos ue elas utilizam cai, prejudicando os proprietérios desses insumos."’ Alguns dos antigos funcionérios dos poluidores podem sofrer com desemprego no curto prazo ¢ serem forge dos a trabalhar por salérios mais baixos no longo prazo. Se esses trabalhadores tém baixes rendas, alimpeza ambiental aumenta a desigualdade de rend. nivel dos custos da protego ambiental absorvidos pelos pobres é fonte de intensa controvérsia. Os eriticos do ambientalismo argumentam que esforgos para impedir que fbricas funcionem em metrépoles “agravou as adversidades econdmicas da maioria dos pobres” que vive nelas [Ross 1999, p. A261. Os ambientalistas chamam tais afirmagoes de “chantagem do emprego”, e acreditam que néo hi evidéncias s6tidas de que os pobres realmente sejam prejudicado Outra consideragdo é que, se as empresas poluentes sio forgadas a levar em conta custos sociais marginais, seus produtos tendem a tomar-se mais caros. Do ponto de vista da eficiGneia, ico & inteiramente desejével, pois, e020 contrério, 00 pregos forneceriam si nais incorretos acerca dos custos totais do recurso. Néo obstante, os compradores dessas * Mais especfcamente, sob certs condigdes, esses insumos usados de modo relativamente ntensivo na predu- «odo bem polueate crm de prego. Ver Capitulo 14 em "Madelos de Equilibrio Gera”. CAPITULO 5 Externalideces 101 commodities sio geralmente prejudicados. Se as commodities afetadas sio consumidas prin- cipalmente por grupos de alta renda, a distibuigéo de renda real tomna-se mais igualitia, Assim, para avaliar as implicagdes de distribuicio de reduzir a poluigdo, devemos também conhecer os padrdes de demanda dos bens produzidos pelas empresas poluentes. E evidentemente uma tarefa muito dificil determinar a distribuigdo dos eustos do controle da poluigao. Um estudo descobriu que para cap-and-trade ou imposto sobre car- bono, as familias no quinto menos favorecido da distribuigdo de renda podiam arcar com ‘uma carga relativa de 1,4 9 4 vezes mais alta que as familias no quinto mais favorecide da distribuigdo de renda [Grainger e Kolstad, 2009]. Nos casos em que a carga incide principalmente sobre os pobres, pode haver a tenta- «io de subsidiar o consumo do bem que gera exteralidade. Mas isso iria contra 0 pr6prio ‘ropésito — um subsidio que baixa o prego do bem que gera extemalidade subverte 0 pro- sity inivial Ua politiva, yue € segura: yue us Cousinuidures eufiuuleat U» Lustos SvLiais integrais do bem. Em resumo, se as implicagdes de distribuigo de polfticas que corrigem externalidades sio vistas como indesejéveis, outro mecanismo diferente dos subsidios de progor dove sor usado para reificar a situagio, Infelizmento, o: politicos froquentemente no entendem ou ignoram esta l6gica. Por exemplo, o projeto de lei de cap-and-trade que a Camara dos Representantes dos EUA aprovou em 2009 repassava grande parte do valor das licengas para as famflias, reduzindo seus incentivos para conservar energia. (A medida {i posteriormente derrotada no Senado.) > EXTERNALIDADES POSITIVAS Até 0 momento, a énfase esteve principalmente nas externalidades negativas. Observamos, no entanto, que efeitos de transbordamento também podem ser positives. A andlise deste caso € simétrica. Suponba que quando uma empresa faz pesquisa ¢ desenvolvimento (P&D), Co beneficio marginal privado (BMP) ¢0 custo marginal (CM) so como retratados na Figura 5.13. Aempresa escolhe.o nivel R, de P&D, em que CM = BMP. Suponha ainda que a P&D da empresa permita que outras empresas fabriquem seus produtos com menor custo, mas o FIGURA 5.13 Exteralidade positiva. ‘Com uma extemalidade positive, o beneficio marginal social & o beneficio marginal privado ‘mais 0 benefcio marginal externo. Uma empresa que maximiza 0 lucro tem o nivel de produ- {20 em que o custo marginal privado 6 iqual ao beneficio marginal No entanto, eicénca ‘exige que o custo marginal seja igual ao beneficio marginal socal, que esté na produgao R. 102 PARTE I Despeses piiblices: bens publicos © extemelidadies aque essas empresas ndo precisem pagar para usar s resultados cientficos, uma vez que se tomam parte do conhecimento geral.* Na Figura 5.13, 0 beneffcio marginal para outres empresas de cada quantidade de pesquisa €indicado por BME (beneficio marginal externo). beneficio marginal social da pesquisa éa soma de BMP e BME, sendo indicado por BMS. ‘A cficigneia exige igualdade entre o custo marginal eo beneficio marginal social, que corre em R*, Por isso, P&D € reduzida. Do mesmo modo que uma externalidade negativa pode ser corrigida por um imposto Pigouviano, uma externalidade positiva pode ser corr- sida por um subsidio Pigouviano, Especificamente, se a empresa que realiza PRD recebe um subsidio igual ao beneficio marginal externo no ponto ideal ~ distancia ab na Figura 5.13 — ela produzird eficientemente."* A ligdo € clara: quando um individuo ou empresa produz extemalidades positivas, 0 mercado oferece pouco da atividade ou do bem, mas tum subsidio apropriado pode remediar a situagao, Naturalmente, todas as dificuldades em suedit & yuautidade © v valu da extsuaidade peuniaeceas. Algunias pesyuiss eouclucus ue a taxa de retorno privado para P&D € de aproximadamente 10%, enquanto a taxa de retomo social 6 de aproximadamente 50%. Se esses mimeros esto corretos, as extemalida- dee poritivas azsociadas AP&D slo substanciais. Uma nota de adverténcia “Muitas pessoas que nunca ouviram o termo externalidade postiva\ém, entretanto, um bom. entendimento intuitive do conceito e de suas implicagées politicas. Elas entendem que, se puderem convencer 0 governo de que suas atividades criam transbordamentos benéficos, podem receber um subsidlo do tesouro AS sollltagoes de tals subsfalos devem ser vistas com cautela por duas razdes: ‘+ De uma maneira ou de outra, 0 subsfdio deve vir de recursos extraidos de contribuin- tes, Por isso, cada subsidio inclui uma redistribuicdo de renda dos contribuintes em geral para os recebedores. Ainda que o subsidio tenha boas consequéncias de efi- cincia, suas implicagbes de dstribuigo podem nao ser desejéveis. Isso depende dos _Jufzos de valor incorporados na fungao de bem-estar social ‘+ Aponas 0 fato de uma atividads ser bonéfica nfo significa que um subsfdio agja noces- sério para eficincia, Um subsidio € apropriado somente se 0 mercado nao permite que aqueles que exercem a atividade captem o retorno marginal pleno. Por exemplo, um cirurgio brilhante que faz. muito hem para a humanidade no cria externalidades po- sitivas, contanto que o salério do cirurgitoreflta o valor incremental de seus servigos. Discutiremos esses pontos no contexto da politica piblica direcionada para crescen- tes fadices de casa prépria. Alguns comentaristas argumentaram que essas politicas contsi- buiram para a crise imobiliria e financeira de 2008 e 2009, PERSPECTIVA DE POLITICA Iméveis ocupados pelos proprietérios Por ume variedade de disposigSes no cédigo federal de imposto de renda dos Esta dos Unidos, iméveis ocupados pelos proprietarios recebem subsidio substancal(essas disposigdes so detalhadas no Capitulo 17). Este subsidio atualmente est em mais de US$ 120 bilhee a0 ane [Joint Committee on Taxation, 2012, p. 36). Tal eubeidio pode ser justficado? Os argumentos geralmente se resumem a afirmagio de que @ "Aas veees, stages deste tipo podem ser pacialmente evitadas por leis de patents Em muitos casos, porém, oy ssulados da peaguisa psa ul so patateei, scan que psi Sex usados pute propels cameras. ° Observe qu, por contro, ab = ab CAPITULO 5 Externalideces 103 asa prépriacria externalidades positivas. Os proprietérios de iméveis cuidam de sua propriedade e a mentém limpa, beneficiando seus vizinhes; por isso, a externalidade. ‘Adamais, a easa préipria faraca zo individuio uma particinagia na nacko, Issa aumanta a estabilidade social, outro efeito de tranebordamento desejével. ‘A manutengéo uidadosa de propriedades certamente cra externalidades posi tivas, eos proprietérios de iméveis tém maior probabilidade de cuidar de sua proprie- dade, dos jarcins, etc. que oslocatérios [Glaeser e Shapiro, 2003). Mas é a casa propria ‘em si ave induz esse comportamento deseidvel? Os efeitos colaterais benéficos ass0- . Suponha que hé um beneficio marginal extemo fixo, $b, por festa para os amigos de Cassanova. Tstre isso em seu grifico. . Qual éonivel de festas socialmente (sem trocadi- tho) ideal? Como o Comité Social poderia indu- ir Cassonova a organizar ease nmero de fostas? 4. Em seu gréfico, demonstre 0 subsidio ideal por festa € 0 valor total pago a Cassanova. Quem ga- sha ¢ quem perde com este plano? 5. A Caithness Energy. uma grande empresa de Nova York, est construindo parques eélicos no leste de Oregon. Antes da construgio, a compankia oferece USS 5.000 a cada residente para assinar wna rendn- cia dizendo que nio ird se queixar do excesso de ba- rulho gerado pelo funcionamento das turbinas eélicas [Yardley, 2010]. Analise esta oferta em termos do ‘Teorema de Coase. 5. A Dinamarca recentemente instituiu um “imposto so- bre a gordura”, que cobra aproximadamente USS 3 por quilograma de gordura saturada na comida, Um comen- tarista criticou 0 imposto como ineficiente, pois incide sobre um insumo para a sade em vez de um resultado, de satide (Sexton, 2011). Avalie essa critica. Sua res- posta deve considerar como 0 imposto poderia levar as pessoas a farerem substtuighes por outras comidas na saudaveis e 0 fato de que algumas pessoas fazem exer- cfcios para permanccerem saudveis ou sto genetica- ‘mente propensas a serem saudaves, apesar de sua dicta, . Para cada uma das seguintes situagdes, 0 Teorema de Coase ¢ aplicavel? Por que? a. Um fazendeiro que cultive milho orginico corre risco de ter sua colheita contaminada por milho geneticamente modificado cultivado por seus vizinhos. 'b. Em Silveiras, Brasil, as formigas-rainha sio con- sideradas uma iguaria, mas recentemente a popu- Iago de formigas ver dimimiinda por eansa de pesticidas usados em drvores de eucalipto plan- tadas para produzir celulose para papel e outros produtos [Barrionuevo e Domit, 2011]. €. Depois de um golpe militar em Madagéscar, um presidente traco for instituido ¢ ele era mcapaz de frear a venda de érvores de jacarandé para a China, que eram cortadasilegalmente de parques 4. Ususrios da Intemet geralmente tém custo incre- mental zero para transmitir informagdes. Con- sequentemente, corre congestionamento € 05 usuarios sao frustrados por atrasos. 3. Alguns observadores argumentam que a importagao de petréleo tora os Estados Unidos refém das poli- ticas da Ardbia Saudita e de outros paises do Oriente Médio. Isso complica a politica extema dos EUA.. a. Explique por que uma extemalidade esté presente nesta simagio. 'b. Proponha um imposto Pigouviano para lidar com a exteralidade. ‘¢. Alguns economistas querem controlar 0 consu- ‘mo domeéstico de gasolina, mas tém receio de dar ainda mais rendas a0 governo. Como alternativa, CAPITULOS —_Extemelieces 105 Feldstein [2006b, p. A10] sugeriu um sistema de direitos comercidveis sobre a gasolina (TOR): “Em um sistema de direitos comercifveis sobre a gasolina, o governo daria um cartio de dsbito

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