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Artigo 1 Consolidar Avangos, Superar Limites ¢ Enfrentar Desafios: os Fundamentos de uma Formagao Profissional Critica Yolanda Guerra Introdugao A perspectiva critica que sustenta a formagao peofulonal de assistentes sociais brasileiros(as) considera que sio as contra “que pSem_¢ sepriem_os clementos que_historicamenre_compdem. perfis profissionais, requisitando assistentes sociais que sejam contemporaneos(as) do seu tempo, para o que se faz necessaria uma formacio que seja capaz de 3 responder aos dilemas da atualidade,' ‘Nessa perspectiva, a formaga a formagag tem que ser situada nas e s concretas contradi Ges que marcain a conjuntura atual, as quais cada vez mais sio ‘escamoteadas pela ideologia dominante e deslocadas do centro para a periferia, 1. Aqui entendida como woa detecninada etapa no processo de deseavolvisento da profssto que sinttiza detecminagBes do pasuudo e do prescoue ¢ aponia tendéucies pass futuro. gga 4 ouuauapsaquca rusuenpunf sas 7 joes dbpesos 6 As problematizacdes trazidas aqui, resultado de pesquisas em fontes secundarias, bem como de uma trajetéria ‘de quase 40 anos na profissao, na militancia nas entidades e, especialmente, na patticipacéo no GrP Setvigo Social: fundamentos, formagio e trabalho ptofissional,? visam contribuir para a consolidacao dos avancos na busca da supetacio dos limites e no enftentamento de novos desafio e velhos impasses pata a formasio profissional, que sugerem. a fazio miseravel hegemdnica no mundo burgués. 7? S58K Orientada pelos questionamentos de como formar _profissionais que possuam coeréncia _.A6Eo- pot ie _consisténcla edrico-s metodolSgici> competénciattéchico- operativa € Compromisso§ SbciS=CEAIHTED, sera tragada uma i ontinuidade entre o surgin debate sobre os fi ensino na atualidade para argumentar que, em face dos novos ‘desafios e dos velhos impasses, a consolidacio do um! (projeto de formaciol que se expressa nas ditetrizes curticulates vem sequisitando "est estratégias didatico-pedapégicas_e_o_estabelecimento de mediagdes entre a produgio “de um conhecimento ctitico ¢ a efetivacao de respostas. alternativas as atuais Widigdes/relagdes de trabalho € requisicdes institucionais. Com esse objetivo, sera tragado um breve panorama histético do tico proceso que orientow a formulacao das ditetrizes, em especial a organizacio destas a partir de nucleos de fundamentagao, os quais rednem matérias (e nao disciplinas, como viemos trabalhando) que sero convertidas em conteédo das disciplinas e por elas partilhados? ’ ‘Tal abordagem histérica permitira localizar 0 que parece central na contemporaneidade: a presenga e a permanéncia da raci de hegeménica “formal-abstrata, de “exttagao positivista) no trato dos fundamentos, seja no ensino, seja pela sua abordagem nas pesquisas que nao estabelecem as mediagdes que permitem que assistentes sociais enfrentem a tal racionalidade nos seus espacos laborais, reproduzindo as otientagées técnicas ¢ jurldico- formais da politica e dos servicos sociais em que atuam. “Aséiiti, Serio ” abordados dilemas impasses com os quais nos defrontamos historicamente, fa perspectiva de problematizar algumas das nossas fapilidades tedtico- metodoldgicas e técnico-operativas, tendo clareza dos fundamentos que estio na base do projeto de formacio que se esta desenvolvendo. 2. Apesn de consldernr que minhas ideas e euboragdes teéricnse fruto de producbes coltivas com as quals me depara.no Interior dx penquim e da produgio do conhecimento no Servigo Soca, as reflexdes que apretento rio de minha inteien exclusiva responebiidde, 1. Aas & que ax matéees devem aparecer em divers disciplines Dal a neceredade de que ot projtoa pedapfpcos ae valham de profunda aticulagto e organicidade, poi, do contrftio, podem parecet meta repetigto (equivocad) de contesidos O debate sobre os fundamentos O debate sobre os fundamentos no Servico Social ganha centralidade no contexto da anilise do curriculo de 1982. Este, embota seja um divisor de aguas 9 BO que diz respeito a formacio profissional de assistentes sociais no Brasil e, * consequentemente, pata a fundamentagao de um projeto profissional ctitico, mantém algumas imprecisdes préprias do pensamento social hegeménico e, como tal, constituiu-se em objeto de critica e autoctitica. ‘Tal postuta nao é tata na nossa categoria. Coetentes com o referencial tedrico que orienta nossas entidades representativas, desde os anos de 1970, mantemos urna marca histérica na nossa cultura profissional que é de promover permanentemente a revisio critica das nossas formulagées e | fepresentagdes tedrico-metodoldgicas, didatico-pedagégicas, ético-politicas ¢ jutidico-formais, construfdas coletivamente. Isso se deu ifiimeras vezes no que concetne ao projeto de formagio profissional. Varios foram os investimentos em eventos e pesquisas nacionais, como as convengées de ABEss, até culminar, em 1995, com a aprovagio de um documento nosteador desse processo, denominado “Proposta Basica pata o Projeto de Formaio Profissional”. 2 ‘Nesse processo histético, 6 debate dos fundamentos encontta sua génese na necessidade de supetar a tricotomia hist6tia/teotia/método resultante da revisio do projeto de formacio dos anos de 1980, que por sua vez logrou a superacao da visio tradicional do Setvigo Social de Caso, Grupo e Comunidade ¢ consagrou a nova direco social assumida pela categoria explicitada nas “Diretrizes Curticulates pata o Curso de Servico Social”. B a busca em ultrapassat a fragmentacio posta ¥ pela tricotomia mencionada anteriormente que inaugura o debate dos fundamentos higt6ticos e tedtico-metodolégicos no Servico Social.* . Nessaditegio dactiticaedaautoctitica,algumasindagacdes sionecessatias: a atual organizac dos contetidos curriculares superou a fragmentacio? As concepgdes que subsidiam o ensino dos fundamentos expressam a diresio | social do curso? Que concepgdes de histéria, teoria/método estao presentes nas ‘nossas clisciplinas? Como estamos enfrentando o pensamento formal-abstrato ha formagio profissional, o qual se explicita nas concepgées de histétia, teoria/ ~ 4. A cate tespelto, a produgid da profisto sobre esse contexto histérco, retrateds de 1986 x 1998 non Cadetnos ‘anes, indica « necessidade de investirmos no enfrentamento de trés tendéncias que A époce xe evidenciam na formasto e sinds permanecem como um fantasia # ansombrat. Tratn-v da influtncla de taro formal-abetrats © sus aptopriacto formalista da teora (teoricismo), do método (metodologjemo) e de hstéra (concebide de maneizalinent ce cronoligics) as quan rerio problematizadan a nuit. método que subjazem nos contesidos ministrados? Temos dado centralidade a0 ensino das teorias sociais? A formagio tem permitido a incorporagio de uma raziio dialético-materialista, tio necessatia para a captagio da tealidade social? As anilises criticas tém se convertido em posturas profissignais que enfrentam : a racionalidade hegeménica e buscam construir a contra-hegemonla? A pertinéncia dessas questdes pode ser atestada em grande parte nas pesquisas atuais sobre formagio profissional, muitas delas produtos de teses, ” dissertagdes, estigios de p6s-doutorado, ou seja, pode ser atestada na producio académico-cientifica da profissio sobre o tema Nela observa-se que, nfo obstante os elementos dle continnidade que serio trabalhados a seguir, 20 que parece, a polémica que hoje se estabelece entre as chamadas vertentet tedrico-metodoldgicas — positivismo (e suas derivagées), fenomenologia (¢ suas variagdes), a8 virias expresses do amplo campo chamado de pés-moderno, yr marxismo, e dentro da propria tradicio marxista ou do campo progressista, 5¢ y* expressa na atualidade como diferentes projetos de educagio ed fissaio. destoam quanto A conceppio de profissio © perfil profissional, ao estatulo de - Ipjtimidade da profisio, 20 seu significado shvio-bstiic, 20 valor do conbecimento para }-* a profissio e a religio entre conhecimento ¢ profissio, ao /ugar do eitdgio na 1 formagio profissional ¢ 0 pe de superviso que se defende, a centralidade on descaso SS pela dimen tno operatva a inportinia #0 gar da biea e 2 Formagio de valores, * “to reconhecimento de atribuigdesprvatinas ou a0 rechago 2 elas, entendidas como corporativismo e reserva de mercado, a centralidads ow lateralidade da pesquisa b sobre o Servico Social ¢ a necessidade ow acessoriedade de se estabelcer as mediagies aotre of diversos e diferentes objetos de pesquisa ¢ 0 Servigo Social. fémissa ue direciona minhas reflexdes considera que 0 projeto ‘Aparecem diferengas em tGcmos teéricos de distintas forgas politicas que, 2 ( de formagio tem que ser orientado pot um consistente © cocren’® Pi jeto de profisedo, no claram Gus Nervio Sétial tstamos @abndo evid oncepcio de profissio, scus objetivos, e ‘ 5 Tau pu dua wend Cl (2015) baa GH lin dan el A SS or vamotosstematcamente moses tas questBea como fgiiades de formssio profissonal. Ver Tamamoto (1998; 2007), rato Verne os ctbcos do cre ServigoSoctfundamenos Focmasio tusbulho profissional dos anos de 2010.2 2016. B impoctante inencioaar | ‘contribuicho histbrica da professors ‘Carmelita Yuzbek ¢ das companhelras Masina Maciel Abseu e Franci Gomes Cardoso nesta disecio. 6 tote a eatin oa ques nee pote depts eco ariga de Nena (1969) 7. eaquinas vim mostando que se reatualizam visdes de Serio ‘Social como uma téealca de resolucio de confltos, resitenologia socal de solugio de problemas, una peitica de sluds, Wie jprofssio que aus nos problemss de vrrmcez psicosockl, wna clénca social aplicads, s exemplo do Qué te visto na pesquian do xacan iotiulada “apagonséco-ocupacionalaetendéncas do mescado de taal 'do Secvigo Social go contexto de seconfiguracio dds polices soca ao Brasil’, eaizada por Nécicos de Pesan dos progeamas de Pér-Graduacio em Seevigo see rea Universidade Federal de Alagoas (tat), da Universidade Federal do io de Janciro (urn) ¢ da Pontificia Universidade Catblica de Sio Puulo (o0C/st)- A reali al, as racionalidades 4 nativas de construgao de novas respostas ¥ lonais, Considero serem esses pontos nodais algun: incipais problemas A 1 que estio no cerne dag disputas por um projet def fd profissional, dinda cue no, descarte que as questées da fornnagio nem de ie se reduzem a essas disputas, jh Ao contratio, as condigdes materiais concretas da ptdpria realidade de crise « estrutural do capitalismo e as condigées destrutivas que ela impée, acrescida do modelo gerencialista de politica educacional, cujos reflexos do processo de Bolonha sio nltidos, concentram os mais dileméti icos problemas da formacio? Nio obstante esse reconhecimento, creio que seja necessitio evidenciat © que nos cabe intervir. E é nessa perspectiva que se entende a necessidade de indicar qua austaciye ter o Servico Social no centro e na articulagio da formacio profissional, como eixo que movimenta 08 conteddos dos micle soginrp sain » sary aarvds ‘uturante do curriculo ¢ engrenagem 08 de fundamentacio, pade levar.a formagio de profissionais com um claro ¢ consistente perfil tedrico-politico, |{? st fmas Com pouca ou nenhuma condicio de de intervie criticamente na realidade jinstitucional, nstruir resposias alternativas ao mercada, de cio-institucionais e politicas quelhes so delegadas,_# ional, ca trabalhoe as requisicdes s¢ ‘tem de endogenia, Ao contrério, trata-se do reconhecimento de que So k Isso nad ‘GO so formados socidlogos, nem cientistas politicos, nem antropélogos, ASS nem filésofos, ainda que se precise de todos esses conhecimentos para uma qe" intervengio qualificada sobse uma realidade tio complexa e complexificante, Porém, hé mais: € preciso formar assistentes sociais que possuam uma sélida Qaz fondamentacio_ tedrico-metadolégica.para interpretat a realidade na qual y 3% © “ntervém, que, stjam capazes de desvelar as particularidades da. profissi » gui apenas um masa. de.se so encerrando a profis: ¢ dlise do Seryicg Social ¢m.si mesmo. ‘a formagao graduada ¢ pés-graduada tem que it além: fornecer os @ fandamentos para uma intervengio qualificada que expresse os fundamentos ' nos quais se aubsidia ¢ que seja capsz de produzir conhecimentos relevantes | > do ponto de vista social, dentro de um projeto de ruptura. Compartilhando a posigao de Iamamoto (2007, p. 463, grifo nosso): ‘ 1 formagio peofssional” ue se ndo hi nem pode haver um conjuato de pautas sobre como fazer, &imprescadlv 9 car remus clonic que boc sv oon de esas cs elope, macnn de i we 4. te pi es pone pnd Gains pi pwn eno «cnet " esivo do fenémeno da educacio i distincia, . 2 nao se reclama uma tegressio a uma perspectiva endégena da profissio, cuja tuptura fol uma das geandes conquistas dos tiltimos vinte anos. Entretanto, a pesquisa sobre as miltiplas deter *, que atribuem historicidade a0 exercicio profissional, € adensan a ApeTtir da Tormayne al, Garece de ume relagio mais “aiteta com aa Fee 7SSslonals, no sentido de qualifica- Jas nos seus funcdamentos histéricos, metodolégicos, éticos técnico-operativos. Em outros termos, para decifrar as relacdes sociais © qualificar 0 desempenho profissional, sio tequeridas mediagdes na anilise de particularidades dessa especializacio do trabalho, que carecem de visibilidade no universo da produgio clentifica do Servigo Social. ‘Temos observado que a dificuldade de uma_abordagem.do.Setvico Social que opere com a tridimensionalidade dos. contetidos.dos, nicleos de “fuindaiiigiitagao tem deixado lacunas na formacio profissional, fazendo com “que 0 trato tedtico-metodolégico se mantenha em um nivel de abstragio tal que no permite que os sujeitos profissionais captem as mediagdes que conectam a sua leitura ctitica de ealidade a um trabalho profissional na’ & (C ditesio da suptura com o consetvadorismo, Faz-se necessétio que a formagio ptofissional ctie condigdes para que os profissionais possam operat com 0 HEPmesmo nivel de ctiticidade com que analisam os fundamentos da sociedade 1% burguesa (quando o fazem, obviamentel), que tem que set interpretada em ep todas as suas determinagées contradicdes. s +s A sealidade é a nossa matétia, a histéria é a substancia (Marx e Engels, ah 1989) da qual se constitui a profissio, a negatividade € 0 que a mobiliza eas alteracies nessa realidade, na péispectiva’de modificar varlévels do « ‘cotidiano dos que tecebem nossos setvicos na ditecio de buscat os meios de viabilizagio do seu acesso a bens € servicos, sio 08 nogsos objetivos precipuos. Por essa tazio, considera-se que a teoria social de Marx ¢ a lequada ¢ qualificada para nos « of gio de desvelar dade, de nos permitir identificar as situagSes que requisitam nosso “trabalho profissional e nelas intervir, modificando-as."” —T> Hodigccat « 1 Colocadas as questdes que nos instigam, este artigo pretende problematizar * algumas das histéticas tendéncias presentes na formagio de assistentes sociais, tecotrentemente submetidas & ctitica e A autoctitica, jf que a andlise sobre as atuais condicées da formagio profissional evidencia a permanéncia delas. Sio elas: 0 OK cot i 2 PAO Se OF 10, Assim como consilers Ianni (1988, p. 15-16), entende-te que{s teflexto dialética € cilia e revolucionirin)Diz “como Interpretagto cttice, fondads ne pecepectiva da clade Spérdea, a reflento ctitco-dialtica adece ente x0 seu objeto, Interpretar a aocledade capitalist € descobei 0 catiter da lota de clase no seu Jntetioe” (Ian, 1988, p. 15-16). Ty apes acca someon so 2 foe as 4 vi an jo. ou a teoria concebida de maneira formal-abstrata (0 formalismo da ydologisio (0 método tomado como um conjunto de procediinentos tatada de maneira evolutiva, linear e cronolégica. € pautas operativas); a hist6r soe feniaey wonmosuca :1 See Vé-se a tazio formal abstrataimpregnando tals concep gies, TEaHiess me Raciealoled — ah oly. Tendénias repretes 2 merapoe ols ie \ fen , pak, pisevnrn -ehoorwaien + Inicialmente é importante considerat que as|ués tendénciag, 0,» ‘profissional) ¢ a adogio de uma concepeo de histéria ctonol6gica, fazem parte do mesmo processo de apreensio do real a partir de fundamentos tentlens Nelas encontra-se impregnada a racionalidade formal-abstrata, | ‘Tem sido recotrente a presenca de uma {endéné manifesta tanto na cohcepgio de ciéncia/teoria hegeménica na sociedadé’ profissio quanto no estatuto € significado que attibufmos ao conhecimento e/ da ou a forma como abordamos as teorlan sociais. Nessa tendéncia, fun fundar ~Géiipatéce também p equivoco de se considerar que o dominio “de s6lido referencial tedrico (como elemerito rclevante e indispensavel) é suficiente para formar assistentes sociais com capacidade de construir respostas qualificadas: que contemple altcrnativas as requisicées institucionais. * Ocfeoricismo ¥é, resultante de uma apropriagio, idealista do real. A medida que se abstrai 0 conceito da sua constitui¢o ontolégica, nao capta suas mediagdes constitutivas que o vinculam as determinagdes universais € singulates, limitando-se a suas representagdes que tem que se enquadrat no conceito. Essa manelra de tratar a teoria se faz presente na transmissio de contetdos tedricos genéticos, relacionados a diversas vertentes das Ciéncias Sociais, mas, infiltra-se, também, na tradi¢o marxista, sem que necessariamenté haja uma apropriagéo das teotias “concteto pensado” (Mat, in: Fernandes, 1989) © como patibildade de kitura de ralidade. A realidade & torada pela sua ceito, Ora, é preciso considetat que n ‘Tnlerpretacao pode estar fora qu.acima das contradigGes hist61 tSricas. Por outto lado, é preciso enfrentar a tendéncia 20 (C£ Repetii, 2013) que secundariza ais, concebendo a prolissio como uma vocagio para a ajuda, pautada na oa vontade dos seus agentes profissionais. ‘Tal antiintelectualismo, tesulta também em se concebet que na profissio “ha teotias demais”. adequagio 20 Seé preciso rebater tais concepgdes, também é necessirio quese reconhega que permanece certa debilidade tedrica na apreensio das teorias clissicas dak’ _conhecimento € Seas Fespectivos métodos, o que conduz a0 desafio de termos ‘que ensinar teoria sem a devida apropriagao tedrica dos classicos.", Ao que parece, ainda nos falta a combinagio djalética € complementar entre teoria e método, tio cara aos autores classicos do conhecimento. Nao se conhece a teoria da agio de Weber separada do seu método dos tipos ideais. Nio se pode estudar 0 pensamento de Durkheim ¢ setis conceitos de anomia, solidatiedade (orgdnica e mecinica) e divisio do trabalho separadamente do método sociolégico. As categorias de anilise de Marx perdem o sentido sem © dominio do método dialético-materialista, As ticas categorias constitutivas da teoria social de Marx ¢ do método dialético materialista sio trabalhadas ——7 — aa entre si, As categoria centrais para a formagao de assistentes sociais (iabalho ¢ divisio do trabalho, questio social, entre outras) so teatadas como conceitos positivados, descontextualizados e/ou sem relagio com a natureza, génese e funcionalidade da profissio. i preciso, além de dar-lhes uum tratamento tedrico, histérico e metodolégica rigoroso, mostrando as diversas interpretagdes de acordo com a extragdo teérica do autor referenciado, que os docentes_demonstrem el: ente..o8_nexos internos, intrinsecos entr cates: burguesa e ‘Nessa abordagem, pode-se considerar que uma das lacunas que ainda persiste na formacio esté na limitada relagio entre a andlise crftica da economia politica burguesa e 0 método de Marx, relagio esta que é intrinseca a ambos, ja que 0 método como componente constitutive da ontologia ou do referencial tedrico deve permitic apreender o real e o submeté-lo A critica tedtica. ¥ necessirio que nos apossemos da teoria; que a teoria se converta em arma da critica (Marx, 2010, p.151), ou seja, que o referen i metodol6gicn-se-constitua_em-insteumento de leitura « interpreta ‘do da realidade, énfim, de conhecimento da realidade que capacite assistentes sociais na formulagio de propostas alternativas as atuais requisigdes institucionais. \ Mais ainda, é preciso que 0 referencial.tedrico-metodoldgica, permita a clara io. di 3 factiveis-para.os.quais.a construcda. de. estratégias, s, instrumentos.¢.técnicas, 6 fundamental. Nessa diregio, hé que se buscar formas. que possibil ntagio tedrico-metodolagica ¢ gfica-palitica respanda as exigéncias 2 item que a 11, Passo qual éneczdcla una permancoe qualifiagi tefsco-metodolica de assstente sociale docentes eaupecviores, / tendeca profissio no context) ecessidades sociais como elas respondem ‘corretamente a que estra cas Sc “résposia_alternativa - As categorias tedricas da teoria social de Marx e de autores da tradigdo marxista tém que nos possibilitar interpretar os modos de viver ¢ de pensar dos sujeitos sociais individuais e coletivos com os quais trabalhamos, na sua condigio de individuo, classe e género humano. Considerando que a formacio encontra-se ancorada em uma determinada concepgio materialista da hist6ria, é central trazer_para a historia a nogio de ruptura, de devir histrico, A auséncia dessa discuasio —sobre a concepgao de histéri vado estudantes e profiasionais a uma atitude fatalista, de finalismo na histéria, nfo percebendo que & possivel a construgio de formas sotidiano, de buscar ‘alternativas Bs requisigde a. _respostas previamente ‘@aboradas_no_Ambito. daa .polfticas-sociaia_.Nio casualmente ainda prevalece a classica nog&o de Servigo Social como “ciéncia social aplicada” ou como “ajuda psicossocial” ¢ um ecletismo entre a adogao de uma suposta teotia critica ¢ a utilizagao de instramentos em uma diregio de ajustamento € adaptagiio de Individuos e familias aos valores da sociedade burguesa, em __geral, por clara influéncia das politicas sociais, ___ +) Bntende-se que & preciso enfrentar a(vendéncia metddologista) cuja nécessiria critica nos levou a abandonar o debaté dos’instrument6s, técnicay, Festratégias ¢ titicas. Para que esse debate seja colocado no seu devido lugar, é necessirio desenvolver a capacidade de aceitar que a dimensio 9 técnico-operativa nao se fundamenta nela mesma. Nessa direcio, € preciso entender qué “a ingtcumentalidade é bem mais do que o debate dos instrumentos e das técnicas. Trata-se de pensar as condigées de possibilidade da profissio em determinados contextos e conjunturas, a partir de determinadas raciohalidades que incorporam e subsidiam diferentes projetos de profissio." Os funda do trabalho profissional no.que se referg a ent da divisto social ¢ técnica do trabalho, interpretar a “que geram determinadas demandgs_profissionais € Se Oe ae ; Js necessidades do tempo hist6rico atual,.e interpretar pons dbgasas 46 . Marxismo impenitente: contribuigéo & historia das ideias marxistas. Sio Paulo, Cortez, 2004. ____ Introdugia ao estudo do método de Marx. Sio Paulo: Expresso Popular, 2011. . Pata uma histétia nova do Setvigo Social no Brasil. 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