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Conquista © Colanizagaio da América Portuguesa 3 A diaspora negra: 0 trafico Em muitas sociedades afticanas, principalmente nas fimbria um contingente verdadeitamente vos. Assim, entre os tuaregues,¢ em virtude de suas necessidades de mio de obra para o transporte nas caravanas de camelos e burros, eerea de 70% da populagio, no ini= 0 do século XIX, era constituida de escravos, Nas sociedades do Sahel este nimero chegava a 50%, enguanto no cinturio da floresta, entre os grandes reinos negros, 0 percentual quase nunca ultrapassava os 20%, Apenas trés grupos de estados viviam, antes da chegada dos europeus, otineira- mente a captura € comércio de escravos negros: os reinos arabes do norte do Sara (com 0 Marrocos a frente), a Etidpia eri Indico. do Sara ¢ do Sahel, volumoso da populagia era constituido de esera- ‘4 c os estados islamicos suafles do Oceano A grande mudanga se deu com o impacto do comércio oceanico de escravos — 0 chamado tréfico negreito ~ montado pelos europeus. A abertura do Atlintico pelos portugueses ¢ a necessidade crescente de escravos para o trabalho nas plantagdes de agdcar do Brasil e das Antilhas, de fumo e tabaco nos Estados Unidos, criaram uma demanda até entio desconhecida por mio de obra, alterando profundamente a insti: tuigio da escravidio na Africa e mesmo o perfil das sociedades negras, No século XV, quando os portugueses chegaram ao litoral africano, 0 comércio apresentou-se como uma fonte extremamente lucrativa de ganhos. $6 nos primeiros anos Portugal buscava no litoral da Guiné uma média de 5 até 6.000 escravos por ano. Ja no século XVII este ntimero saltou para 30.000, atingindo no século XVIII - apogeu da exploragio de ouro, diamantes e agticar no Brasil — a impressionante cifra de 80.000 escravos por ano. A este tréfico atlintico deve-se somar pelo menos 7.000 escravos que anualmente eram enviados através do Saara para os reinos arabes do Mediterrineo ¢ outros 4.000 que, através do mar Vermelho, eram exportados para 0 Sudeste Asidtico. No seu conjunto ~ estes sto os célculos mais precisos ¢ atuais - cerca de 12 mi- Ihdes de africanos foram, através da migragdo forcada, enviados para o Novo Mundo. Da mesma forma, calcula-se que para cada negro exportado para a América, um negro morria na prépria Africa em virtude dos maus-tratos das guerras de captura (espancamento, fome, doengas etc.), elevando a sangria do continente negro para pelo menos 24 ou 25 milhées de vitimas do comércio europeu. Ao contrario da escravidao africana, voltada para mulheres e criangas — embora nao exclusivamente ~ 0 grande fluxo internacional de escravos bascava-se no comér- cio de homens mulheres jovens, aptos para o duro trabalho nas plantagdes do Novo Mundo, A COLONIZAGAO DA AMERICA PORTUGUESA perfodo compreendido entre 1500 ¢ 1530, data da expedigio de Martim Afonso de Souza ao Brasil, é denominado, pela historiografia tradicional, como “pré-colonial’ ou de colonizagao de feitorias, Na verdade, Portugal auferia enormes ie seciea tes da carreira das Indias ¢ da exploragio do litoral africano, no se dispondo, assim, Digitalizado com CamScanner 32 HISTORIA GERAL DO BRASIL ‘aa ocupacio da Nova Terra, ¢ ios ¢ pimenta. a transferir recursos, homens ¢ navios : imediato era dado apenas por madeira tintorial, papaga n O governo de dom Manuel, grass modo, representou um periodo de PrOsperidag ~ somente igualado no século XVII, com dom Jodo V — que aparentemente«* Provava o sucesso da politica portuguesa, com umn comércio de longo curso hase em feitorias, | O sistema de feitorias caracterizava-s, fundamentalmente, pelo predominig gy interesses da burguesia mercantllsitana e, como nos diz. Fernando Novas, cine’ crevia-se nos limites da circulagio de mercadorias. O grande lucro dos Portuguese dava-se na diferenga entre os presos de compra ¢ venda, na raridade dos prodane foecidos i Europa, o que garantia seus pregos compensadores. O processo prod, tivo, seja das especiarias, seja do ouro africano, era desconhecido ¢, a0 prego de a, ue sisao, somava-se o cilculo dos gastos na armagio das frotas € sua equipagem. Parag manutengio de um tal esquema, onde as proporgdes dos lucros advém das condigseq de circulagao das mercadorias, era essencial que Portugal garantisse a exclusividade no fornecimento dos produtos orientais ¢ africanos. Ora, a manutengao do exclusiva Portugués no fornecimento de produtos orientais dependia, por seu lado, da existén. cia de uma frota poderosa, patrulhando permanentemente 0 oceano Indico e a drea do Atlantico, onde agiam piratas franceses ¢ ingleses. Ao mesmo tempo, em 1522, Fernio de Magalhies ¢ Sebastian Delcano abrem para a Espanha um novo caminho para 0 Oriente, pelo estreito ao sul da América, dando acesso as Molucas, principal centro abastecedor de especiarias. Consolidava-se, dessa forma, a divisio do mundo prevista no Tratado de Torde- silhas em 1494. Para Portugal, Tordesilhas representou, no esquema geral da cons- trugio do império, um grande éxito possibilitou a implantagao da politica de mare clausum — 0 fechamento dos mares aos navios de nagdes concorrentes. Essa politica Justificava-se pelos altos custos, e riscos, do empreendimento maritimo. A conquista da Africa ¢ a abertura do caminho para as Indias s6 seriam possiveis se os esforgos fossem altamente remunerados. Para isso, era necessério manter o controle sobre 0 reso, bem como sobre o volume, dos produtos orientais — as famosas especiarias. Ca- bia, assim, impedir qualquer concorréncia estrangeira, impondo 0 exclusivo colonial, ou seja, o monopélio sobre o comércio das novas areas descobertas, A decisio de implantar o mare clausum tomada pelo Infante Joao, ja em 1474 (sera mais tarde o rei Joao II, 1481-1495), cria u mestra de todos os impérios coloniais, artificio das metrépoles e, através de impostos e taxas, re pelo Estado. Antes mesmo da colonizacao efetiva do Brasil ¢ da comércio do Oriente tornara Lisboa o centro de um grande império mercantil Os anos entre 1519-1524, como afirma Magalhies Godinho, assistem a crise do Império da Pimenta, baseado na rota africana para as Indias. Nesse contexto — crise no Oriente e pressio francesa na América — é que Portugal comega, realmente, a se interessar pelas terras chamadas de “Vera Cruz”. Jéem 1501 ¢ 1503, Portugal mandara expedigées,ditas “exploradoras”, ao Brasil € outras so enviadas em 1516 ¢ 1526, ambas sob comando de Cristovio Jacques, pat HO ron do im precedente que se tornaria viga apaz, de enriquecer os mercadores munerar os esforcos empreendidos Africa, 0 exclusivo sobre 0 PI Digitalizado com CamScanner Conquista e Colonizago da América Portuguesa 2 desalojar os franceses; da serem denominadas “guarda-costas”. Porém, s6 em 1530, patenteada a crise do Império, Portugal envia uma expedigio visando realmente & ocupagio da nova terra, A expedigio, sob comand de Martim Afonso de Souza — navegante instruido ¢ amigo de Pedro Nunes, o cosmégrafo real, a quem narraria importantes questies liga \ctismo terrestre observadas durante a viagem. ao Bra il — deveria expulsar os “irios, explorar o litoral até o rio da Prata, em busca de metais preciosos, ¢ fundar 0 primeiro niicleo colonial. Assim, cm 1532 fundou no litoral do atual estado de Sao Paulo a vila de Sao Vicente. Esse nticleo se estendeu, mais tarde, no interior, pelo planalto de Piratininga, onde Joio Ramalho, um portu- gués aculturado entre os indios, fundou Santo André da Borda do Campo, dando um impulso firme & obra de colonizagao, acentuada pela fundagio de Santos, um pouco mais tarde, pelo escudeiro de Martim Afonso, Brés Cubas. Inaugurava-se, dessa forma, uma politica diferente da Coroa portuguesa: agora “a colonizacio promoveri a intervengio direta dos empresitios curopeus no ambito da producio”, como ensina Fernando Novais. Na verdade, ndo era uma pritica nova, Havia sido utilizada por dom Henrique, o Navegador, na ocupacio dos arquipélagos atlinticos, particularmente na ilha da Madeira, com a distribuigao de terras conforme « legislagao portuguesa das sesmarias, o estabelecimento de capities-donatitios, con- forme a pritica feudal portuguesa. Segundo Joel Serrio, a Madeira serviu como um campo experimental, tanto para a politica como para a economia colonial portuguesa, com a adaptacao para o costume luso de praticas aprendidas com os genoveses, que as empregavam no Oriente, Ao mesmo tempo, a0 may cor 0 estabelecimento de “uma empresa de carter essencialmente econdmico”, como a produgio de cereais e, mais tarde, de acticar ¢ vinho, na ilha, explicitava os interesses e as necessidades da Coroa portuguesa. Em primeiro lugar, a producao de alimentos para se autoabastecer, abastecer 0 Império — a Madeira exportava trigo para os presfdios d’Africa ~ e mesmo a prépria Metrépole, sempre carente de cereais. Em segundo lugar, a produgio para exportacio, o agticar, que em 1460-70 ja respondia por boa parte das exportacdes da ila, utilizando técnicas arabes © genovesas, aperfeigoando-as, ¢ atraindo mercadores judeus, italianos e de todos os portos do Reino. O plantio da cana, o fabrico do agticar ja eram priticas conhecidas dos portugue- ses ¢ no Algarve produzia-se agiicar desde o século XIII. Entretanto, eram atividades Circunscritas. 6 com a decisio do Infante Navegador de trazer canas da Sicilia e montar um engenho real, movido a agua, na Madeira, por volta de 1452, é que a ati- vidade comega a tomar o vulto de grande empresa, providenciando-se, através de ra~ zzias nas ilhas Candtias, escravos para trabalhar na terra e no fabrico do agiicar. Com amelhoria técnica — os engenhos que substituem as algapremas manuais — ¢ o afluxo constante de escravos, a produgio de agticar avoluma-se, chegando a atingir 130 mil arrobas (1 arroba tem cerca de 15 quilos), no reinado de dom Manuel. Estabelecem-se fortes relagées com Flandres, cujos mercadores ¢ banqueiros fi- nanciam ¢ distribuem a produgio portuguesa, substituindo os genoveses ¢ estabele- cendo um relacionamento que duraria até a Unio Ibérica. 3 E de Madeira que, em 1530, Martim Afonso traz as primeiras mudas de cana para _ Sio Vicente, construindo o primeiro engenho, na mesma vila, em 1533. Digitalizado com CamScanner 34 HISTORIA GERAL DO BRASIL im, os tragos bisicos, Delineavam-se, zagio portuguesa na Amé ilhas atlinticas. Mesmo um dos problemas mais prementes da colonizagio de novas tetas, tio da mio de obra, jf encontrara a resposta adequada aos interesses da hye mercantile dos senhores de terras. A escravidio, considerada justa por trazer 8 para os bragos da Igreja, ja era uma institui¢ao sélida em Portugal, que ie is mouros para as fainas agricolas ¢ trabalhos domésticos no Algarve; mais tarde oo os canitios, disputados por aragoneses ¢ portugueses, ¢ utilizados nas Plantageg cereais ¢ de cana-de-agticar nos Agores, na Madeira, Sao Tomé ¢ Cabo Verde % 8 de fim, 08 negros, tomados na costa d’Africa. » Por Entre 1450 e 1500 o nimero de negros apresados chegava a atingir a cifra de 15) mil almas, em uma prova cabal da associagao intima entre colonizacio e ecravismo, A extensio da escravidio a0 Novo Mundo dependeria, assim, da evolugig do, contatos entre brancos e indios, da convivéncia pacifica ao apresamento regular ¢ G resisténcia oferecida pelos tiltimos, bem maior do que a historiografia tradicional. mente aceita. té mesmo uma certa filiagio, da + da colo, 2, conforme a experigncia jf havida, ¢ com suqge _ ‘SO, na, A DISTRIBUIGAO DAS TERRAS E A COLONIZAGAO EFETIVA Martim Afonso ainda se encontrava no Brasil quando dom Jojo III (1521-1557) decide impulsionar a colonizacao da Nova Terra, langando mao do expediente queos reis de Portugal tradicionalmente usavam para atingir seus objetivos de povoamento: a distribuigao de terras. Em carta escrita a Martim Afonso, em 1532, onde El-Rei elogia a ago contra os corsarios franceses, “tio bem feito como se de vés esperava”, comunica a decisio de dividir as terras de Vera Cruz: Depois de vossa partida se praticou se seria meu servigo povoar-se toda a costa do Brasil, e algumas pessoas me requeriam capitanias em terra dela... depois fi infor mado que de algumas partes faziam fundamento de povoar a terra do dito Bras determine’ demarcar de Pernambuco até o rio da Prata cinquenta léguas de costa cada capitania, e antes de se dar a nenhuma pessoa, mandei apartar para vés cere {guas, € para Péro Lopes, vosso irmio, cinquenta, nos melhores limites dessa costt~ ‘As capitanias, imensos tratos de terra, foram distribuidas entre fidalgos da peq¥e™ nobreza— jé que os grandes se interessavam mais pelas Indias ou por ter terras no Rein? suas ilhas adjacentes — e funcionérios da burocracia monirquica, muitos de extse? burguesa, €, mesmo, com estreitas ligagées com cristios-novos, judeus recém-conve™ dos (por ordem de Dom Manuel, que evita, entretanto, a sua expulsio do Reino). : Entre os capities que recebem donatarias, além do proprio Martim Afons® selma Péro Lopes, contam-se homens como Joao de Barros, feitor € wo Ga Casa da India © da Mina, além de importante historiador; Fernando Avs] esoureiro-mor do Reino; Antonio Cardoso de Barros, escudeiro real ¢, depois Py vedor-mor da Fazenda do Brasil; Jorge Figueiredo Correia, escrivao da Fazenda a Digitalizado com CamScanner dy América Portuguesa 35 grande negociante, que se associa a Mem de SA, fidalgo de boa linhagem e futuro governador-geral do Brasil © a Lucas Giralde 6, da importante dina negociantes © banqueitos de origem Rlorentina, enriquecidos no tr com 0 Oriente e com a ha stia dos Giraldi, fico de especiarias anca, com filiais na Italia, além de terem prestado servigos na administragio real ao longo de todo o século XVI; Fernio de Noronha, contratador dos impostos, credor da Casa da Mina, armador, senhor do arrend cio do Brasil (conforme Jaime Cortesio até 1512), ddo Brasil, antes de 1532, a ilha de Sao Joio, hoje Fernando de Noronha, que apesar de cristio-novo € feito fidalgo por dom Joo II], por “conta e estima para Participacao dos nobres fidalgos de limpo sangue”. S6 na exploragio do pau-brasil, do qual fora contratador, Fernio de Noronha aleangara um lucro de 60 mil cruzados em trés anos. Havia, ainda, alguns como Duarte Coelho que, embora sem grandes recursos, con- seguiram, por sua energia c competéncia, erguer nticleos realmente importantes de co- lonizacao, como a Nova Lusitania, em Pernambuco. Coelho pés em pritica um projeto nitidamente de colonizacao agricola, como o fizeram os lugares-tenentes de Martimn Afonso em Sao Vicente, com o plantio da cana-de-agiicar, trazida da Madeira, ¢ o recurso dos cristios-novos, em oficios ou mesteres, para a montagem da parte indus- trial do engenho, aleangando grande éxito. Ao mesmo tempo, volta a Portugal e fiz contratos com mercadores para a compra de seus produtos, particularmente o agticar, assimilando bem a mutagao do mercado agucareiro, que se vinha tornando um mercado de produgio de massa. Procura, e isso é de suma importancia, diversificar sua produciio agricola, cortando, de vez, a dependéncia quanto ao abastecimento da Colénia. Algu- mas fontes nos dizem que a produgio de alimentos era tio grande e boa, que “havendo mesmo colonos que sé a isso se dedicavam’, a capitania exportava pata I a Bahia, sempre dependentes de abastecimento externo. Além disso, coc o algo. lamento do comér- que recebera a primeira capitania amaraci e para plantava-se 0 taba~ que, conforme carta do proprio Duarte Coelho a El-Rei, era vendido a 2$000 a arroba em Pernambuco ¢ revendido a 4S000 no porto de Lisboa. Alguns outros donatérios nao foram tio felizes, como 6 0 caso de Péro do Cany ‘Tourinho, homem-bom, nio fidalgo, de Viana do Castelo, que vende suas proprieda- des ¢ embarca com 600 colonos para tomar posse de Porto Seguro. Apés um comeco auspicioso, eclodem conflitos entre os colonos e Campo Tourinho ¢ denunciado Inquisigao, sendo embarcado, em 1546, para Portugal, Francisco Pereira Coutinho, donatirio da Bahia, acaba massactado pelos indios ‘upinambas, provocando escindalo e édio na corte de dom Joo IIL. capitanias, entretanto, que partiram para um projeto agricola, baseado na agto~ manufatura agucarcira, com uma diversificacio paralela de produtos, como o algodio 0 tabaco, além de garantir a sua autonomia na produgao de alimentos, como Sio Vicente © a Nova Lusitinia, de Martim Afonso ¢ Duarte Coelho, respectiv: tiveram, rosso modo, maiores oportunidades de sucesso do que aquelas em que seus donatirios, no caso da Bahia, por exemplo, declicavam-se mais & explorago do pau- brasil ea busca, compulsiva e visiondria, de metais preciosos, Em cartas sucessivas a Hl-Rei, Duarte Coelho pede que se limite o trato do pau- brasil, face as desordens ¢ tumultos que os armadores de navios do trifico produziam “Porque até nos estorvam esse fazer do Brasil ao fazermos nossas fazendas”, po mente, Digitalizado com CamScanner HISTORIA GERAL BO BRASIL ‘ 36 icos, conforme a tradigio do povoamento de ter, isicos, co dle capitanias: a carta de dog rio c suas obrigagé Dois documentos tugal da Reconquista, r ‘ que garantiam os diteitos do eapitio-dona seguinte form Shop, ‘os giam o sistema "4 Tes cog Fente 4c, fn Cong a) © capitio-donatirio tinha o “senhorio", us ° me id moendas d’igua, engenhos de a e das marinhas de sal, cuj so va os colonos ao pagamento de direitos; i b) Sits © direito de eae © mandar vender, em Portugal, 24 pegags_ ag apresados — por ano; : ©) ficava com a vintena (5%) sobre o valor da exploragio do Pau-brasi, Meta da dizima do pescado, a redizima (10 / 10) das rendas da Cotoa,a dizima netais, preciosos ou nao, ¢ os direitos de passagens em rios, POTS ou Aguas”, edie JO acess Mais importantes, no processo de colonizacio, eram os am dispunham os capities Plos poderes de gue ho tocante & administragao ptiblica: 4) tinham o monopdlio da baixa e da alta justiga, “ressalvando a morte natura og retalhamento de membros" em pessoas de condigao nobre, mas com algada ai 4 morte sobre escravos, gentios e homens livres de menor qualidade, aim dy dircito de impor degredo de até dez anos aos homens de qualidade a mo sem apelagio a0 rei, nos casos de traigdo, heresia, sodomia » moeda falsa; }) visando a promover 0 povoamento, tinkran « direito de doar sesmarias, con forme o regimento de dom Fernando (1367-1383) e as Ordenagées Manuel ‘as, de 1521, sem Onus para o sesmeiro, mas com obrigagao de cultivi-las no brazo méximo de cinco anos, sob pena de perda das terras; ©) tinham, ainda, 0 comando militar e direito de alistar os colonos ¢ formar milicias, funciondrios reais, diretamente submetidos a Coro; ‘eo desconhecimento da sociedade feud: lal e sua historia, assim como da, propria 1 que até recentemente a historigrafit 0 estéril acerea de um “feudalismo” braslel da terra € ao ca atural (uma Nacurwoirtshaph ilemio) da economia rural brasileina 5 pansiio ultram: se sob a égide da centralit a mereantili lo pais ¢-a vinculagto 4° 'opeus, como a Flandres ¢ a Trilia do s€° no Brasil, permitin *estivesse enredada em uma dig "0s ligado & autonomia dos seni “210 © proposto pelo historicisine a verdade, i « rina portugue 19 Mondrqui wvilo da vid Inpétio aos grandes centaan comerei culo XVI, ‘Toda nagoes ea it de AL econdmi i | # obra adiinist rativia fanuctinas, de Portuguesa foi f Isai »mandadas orga : ; le 4 conforme 0 estabelecido nas One “5 com um nitido sentido centraliza Digitalizado com CamScanner (coho RRR Conquista © Colonizagao do América Portuguesa a mente, nenhum alvard, regimento ou provisio lade de se observar “is minhas Ordenagdes” ¢ esta- lade de “inow, fazer referencia A necessic } claramente, a impossibilid: Além disso, rei nomeava um feitor ow almoxarife, para cuidar dos seus impos- 10S um provedor, para fisealizar as atividades dos capities e dos colonos, além de intimeros tabeliies. Contava o monarca, ainda, com um ouvidor, com alga civel e 0 crime, com direito a um meitinho e escriv: Reino. Mais importante, enviava regularmente um “juiz de fora parte”, nomeado pelo rei frente a quem cessavam as atribuigdes de outros, Mais tarde, com a chegada dos governadores-gerais, tal processo de centraliz: isdio sera claramente fortalecido. sobre 0 ‘ies, tudo conforme o costume do © GOVERNO-GERAL E A ORGANIZACAO ADMINISTRATIVA COLONIAL Pouco tempo depois de estabelecido, o sistema das capitanias mostrava sinais de Profunda crise ¢, excetuando-se a Nova Lusitinia e Sio Vicente, as demais capita- nias tendiam mais a despovoar-se do que a povoat-se, como ditia Duarte Coelho a EI-Rei. A propria correspondéncia de Duarte Coelho, uma fonte riquissima parao estudo do periodo, dé-nos algumas das causas do fracasso do sistema: quem senhor teri tanto dinheiro para pélvora e piloros, artilharia ¢ armas e as outras coisas necessérias, deembro de 1546; ~~ uma das coisas que mais danifica ao bem ¢ aum vento de suas terras, senhor, é faver-se brasil (corte do pau-brasil), fovereiro de 1546; ‘Torno a pedir a V.A. que degredados me ci ndo mande, pois nenhum fruto nem bem fazem na terra. dezembro de 1546; Senhor...proveja e mande a todas as pessoas a que deu terras no Brasil que venham povoar e residir nelas..., abril de 1548. Ao mesmo tempo, as incursdes francesas aumentavam em ntimero ¢ ousadia, Com apoio do poderoso almirante de Coligny e da burguesia portuaria da Bretanha, seus navios visitavam regularmente a Guanabara e 0 Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro, com o risco de cindir a0 meio a colonia do Brasil, No sul, em Sao Vicente, a sensagiio de abandono era grande, com os colonos dei- xados & sua prépria sorte, de forma que o capitio Luis de Gois escreve, com ousadia, uma carta, de 1548, a El-Rei, admoestando-o: V.A. nao socorre a essas capitanias ¢ costas do Brasil, ainda que nés percamos jae fazendas, V.A. perderé o Brasil. Digitalizado com CamScanner HISTORIA GERAL DO BRASIL Y donatirio da Bahia, com seus colonos, é morto » mesmo ano, 0 donati 38 ’ bis los indios tupinambs : nuMMuNS ee oy recolve,cnfim, intervir nomeando un governor eral, Tomé de rei reeolve, enfin, 1548, fidalgo c rico aventurciro da arreira oo bls i et da Comat atraves da compra da capitania da Bahia, aband lonada aps lerane dong tamando-a real ¢ sede do governo-geral do Brasil com 0 objetvy de“ nt ainda” ans esforgos colonizadores dos donatérios. ey Conforme o Regimento de Tomé de Souza 0 principais problems seu frentados eram a pirataria, sobretudo francesa, € os ataques indigenas, Por : menos desestabilizadores cram os conflitos entre colonos: disputas entre comer teselvradoresente as autridades prepotentese colonos,eentee colons, pry toes, no mais das vezes, insignificantes. Leonardo Nunes, chamado pelos indics “pate woadlor’s pela velocidade com que conseguia deslocar-se pelos series, fy” em meados do séeulo XVI, que. povo é muito revolto e uns com os outs mat alvorotados’, enquanto frei Azpilcueta Navarro, em 1553, dir POF Uy tg, A gente aqui s6 tem nome de cristio, embebidos em malquerengas, metidos em demandas, envoltos em torpezas e desonestidades publicamente. Visando a sanar os males que grassavam na sua nova conquista, El-Rei procua centralizar, na figura de Tomé de Souza, muitos dos poderes dispersos pelos donat. Flos. Assim, cria-se a figura do ouvidor-geral, como instincia de apelagio da jusiga Jocal e, em alguns casos, como primeira instancia, limitando os poderes de alta baixa justica dados anteriormente aos donatarios; surge um provedor-mor, responsi vel pelos impostos ¢ taxas correspondentes aos direitos da Coroa (particularmenteo dizimo da Ordem de Cristo, da qual o rei era o titular, o quinto das pedras e metas Preciosos e os estancos do pau-brasil, das drogas e especiarias) e um capitdo-mor da costa responsivel pela defesa, Chegando a0 Brasil em 1549, Tomé de Souza ergue uma vila, com foros de cidade, 2 primeira do Brasil, Sio Salvador, e inicia sua a¢ao punitiva contra os tupinambis“.- destruindo-Ihes suas aldcias ¢ povoagdes e matando ¢ cativando aquela parte deles ue “0s Parécer que basta para o seu castigo ¢ exemplo de todos”, como lhe ordenava ott A obra colonizadora do governador-geral visava, acinea de tudo, a assentar 0s colonos, transforms-los em “moradores", e para isso incentivava « implantagio & engenhos, o aldeamento dos indios “mansos” junto aos povoados ¢ vilas dos brancos, © estabelecimento de feiras semanais, com Ao mesmo tempo, os intere: do pau-brasil e defender 4 A Cotoa portupuc brasilciras, impedindo reyulandolo de tos" (0 tltime sob dona Maria 1, 1777 infratores. Tal interes naval € civil, a a presenga do gentio, sikel im obedecidos: combater o coménio les es reais e1 matas. 8 ‘a teve uma politica, mati continua, de de ‘ patamento, para 0 que proxtuzi “regi®™ 1816), com mule ne explicar-se-ia pe mo do combustivel pa S € penas graves contr decorrentes da construs? vl ium ¢ Tomé de Souza f forma de pay, nt os engenho: ob faz, ie Kado bovino de Cabo Verde, distribufdo aos colons * amento de soldos, 0 que ince istribuiga " Snte de soldos,o que incentiva enormemente a distribuigao de 7 Digitalizado com CamScanner 39 Conquista © Colonizagso da AmArica Portuguesa Comércio Inter-Regional Digitalizado com CamScanner HISTORIA GERAL DO BRASIL 40 ya forma de sesmarias, para a formacio de pastos. Garcia d'Avi Indo governador-geral, recebe das vacas ¢, dois anos depois, Ao fim da vida ter um dos maiores latifiindios da Américs fim david ter indo do haia de Sfo Salvador até o médio rio Séo Francisco, eo titulo de fidalg, A colonizacio € incentivada, também, com a intens 40 do trifien ne importante em 1550,¢ com os apelos para a vinda de colonos aon pag gO Junto com Tomé de Souza vieram também os jesuitas, esponsiveis pel | taco de “colégios” ~ as primeiras instituigdes de ensino no Brasil come ng Le ¢ em Sio Paulo ¢ pelo verdadeiro trabalho de catequese do gentio, Desenvehenit até sua expnlsio no século XVII pelo marques de Pombal, uma obra de dos indios © imposi¢ao da cultura ocidental, sendo os principais Fesponsivejs superacio do tupi como lingua geral. 5 Com a fundacao da Cidade do Salvador imp6e-se a criagio dos 6 administracao, chamados em Portugal de “concelhos” € no Brasil de cram compostas por até seis membros, chamados de oficiais da cimar: especificas: vereadores, procuradores ¢ juizes ordinirios, 0 poca em época. Tinham funcioniios & sua disposigo, como os escrivies, ~ encarregados da limpeza da cidade, do controle dos precos ¢ da saide piblica sg alcaide, 0 juiz de 6rfios, além de outros. BIOS locas cimaras, ‘a, com fiy que variava, e muita Eram sorteados a partir de uma lista composta por seis homens escolhidos por tum assembleia de propritirios, os homens bons, também chamados, num zeae dla divisto trinitiria medieval, de “o povo”. O clero e a nobreza, fidalgos com amae com cargos da administragio, formavam os dois outros “estados” ou “ordens’, con vinham denominados em virios documentos até 0 século XVIII. 3 As fansdes das cimaras estendiam-se por viios setores da vida econdmicas ¢ politica da Col6nia: a) administragio municipal, regulamentagio das feiss € mercados; b) administragio dos bens do concelho e suas re ceitas; c) obras p estradas, pontes e calgadas; d) conservagio das ruas, limpeza da cidade, arbor ©) construgio dos e os; f) regulamentagio dos oficios e do comércio, z) abast mento de géneros e cultura da terra, : Para fazer face a todas essas atividades, a cdimara contava com as rendas por nientes das terras municipais, normalmente Pastos que eram arrendados,¢ de prsdios alugados; ¢ com os impostos sobre 0 consumo ¢ as malt aplicadas pelo almote’ decorrentes da infragio do eédigo de posturas (legistagaio municipal que regula vida urban € que compée um vasto repertério de inform bre a vida cotidiamt brasileira), i A cisnara fancionava, ainda, como um tribunal de primeira instineia, patti mente Para o civel, com direito de Saimente desde o final do século XVI na Bahia, Estes concelhos urbanos tormaram-se, en pouco tempo, a base da adminis olonial, marcando os prandes momarcs la in datas de fundayio: Goss na India, em 1510, em Angola,em 1575 yao exemplos dat cons A leyislagio, em vipgncia tambe He" para ser oficial da can punal da Rel apelagdo ao ouvidor ow ao es, com talagdo dos portugueses, 8 i Salvador, na Bahia, em. 1549 € Lut lagiio do dominio portugt no Reino, impunhia 0 de “pure 6u sey angue neg) any a obr “, 7 judew ter “mancha” de a Digitalizado com CamScanner Conquista e Cofonizagao da América Portuguesa a ou mouro. As cimaras do Rio de Janeiro, Sio Laris do Maranhio ¢ de Sio Salvador sempre impugnaram qualquer um que tivesse um vinculo, mais evidente, com negra ¢, se mulatos eram muito raramente admitidos, fazia-se um notério esforgo de estabelecer uma ascendéncia imaginéria com indios, ni gio (embora considerados inferiores pelos eolonos) Os judeus, cris discriminados pela legisla~ (Os-Novos em sua maioria, quase nunca tiveram acesso As cmaras ou outras fungdes administrativas e, a partir de 1620, com as “visitagoes” da Inquisi io, tudo tormou-se mais dificil para eles. ‘Um papel muito especial era desempenhado pelo *juiz do povo”,cleito nos moldes dos seus semelhantes do Porto ¢ de Lisboa pelas associagées de “mesteres” ou oficios, visando a “representar no Senado da Camara todos os casos que requeressem providéncias para o bem comum’e vigiar o cumprimento das leis ¢ evitar os abusos dos funcionatios, Em Salvador, entre 1710 ¢ 1711, 0 juiz do povo comanda um levante popular contra 0 pre¢o do sal — estanco régio, uma espécie de gabela, arrendado a um nego ciante portugués ~ ¢ exigindo uma aco pronta contra os franceses que haviam, entio, se apossado do Rio de Janeiro. A reagio da Coroa foi pronta ¢ dura: em 1713 sio suprimidos os juizes do povo. As cimaras, pot fim, acabaram por constituir-se em “nobreza da terra’, composta fundamentalmente por senhores de engenho e lavradores muito ricos, excluindo, por muito tempo, comerciantes “de porta aberta”, como em $0 Luis do Maranhao ou Belém do Para. No Rio de Janeiro, o Senado da Camara negou-se a aceitar portugueses, 0s “rei- néis”, como oficiais, reagindo violentamente contra a opiniio dos governadores, o que obrigou a intervengio dristica da Coroa em favor dos seus stiditos em 1709 e 1713 e, mais tarde, face 4 resisténcia dos camaristas fluminenses, em 1746. ‘A composigio social das camaras levava, frequentemente, a posigdes opostas, de um lado, aos interesses da burguesia mercantil lusa, principalmente no tocante a pre- 0s dos produtos de exportacio, armacao de navios, créditos ¢ liberdade de comércio ¢, de outro, dos pequenos produtores independentes de cana-de-agticar, tabaco € al- godio, premidos pela arrogincia dos senhores de engenho. Particularmente graves eram 0s conflitos com os produtores de alimentos em tor no de terras ¢ lenha, e da liberdade de comerciar em feiras. No século XVIII, com o apogeu do despotismo esclarecido em Portugal, as cimaras perderam grande parte dos seus poderes ¢ de sua autonomia, OS iNDIOS E SUA RESISTENCIA A historiografia brasileira caracterizou-se por longo tempo, ¢ ainda hoje o faz em larga escala, pelo siléncio sobre os primeiros ocupantes das terras brasileiras. Exce- tuando-se alguns aspectos foleléricos, os indigenas sio apresentados como ineptos 20 trabalho, porque nio aceitaram a escravidio(!), bocais ¢ extremamente primitivos. Na verdade, os dois principais grupos indios, tupi-guarani ¢ arawas, conheciam € praticavam a agricultura, com uma tecnologia perfeitamente adaptada ao invert €o, que serviu de base a todo o processo de colonizagio, particularmente através do seu género principal, a mandioca. Digitalizado com CamScanner ae HISTORIA GERAL DO BRASIL iam cerca de dois mith No momento da chegada dos portugueses existian dios no Brasil (hoje restam menos de 200 mil), distrib iS nage i, fencentes, em sua maioria, a dois troncos principais: 08 tupis-guaranis, gr PP distribuigao pelo litoral, ligados por variantes da lingua geral,o tupi; ¢ og “range tribuidos pela Amaz6nia ocidental, a leste dos rios Negro ¢ Madeira até o, da Bolivia e Peru, e ao norte até as Antilhas. Os primeiros contatos dos portugueses foram feitos com os tupis do litora, Particular com os temiveis tupinambis da Bahia, carijés de Pernambuco ¢ tangin que, aliados aos franceses, ofereceram forte resisténcia aos portugueses, Ambos os grupos encontravam-se, no inicio do primeiro milénio a C., no sud este da Amaz6nia, entre Rond6nia, Amazonas ¢ Bolivia, de onde comesaraiy, a vetores distintos, suas migragdes. Alguns botanicos ¢ antropélogos atribuem as fon, oscilagdes climaticas da regido, entre 3.500 ¢ 2,000 anos atris, que teriam ahenjy, habitat da floresta tropical, a causa do movimento migratério. Os tupis marcharam mais para o sul até atingir o litoral do Parana, por vet de 500 d.C., conforme datagio com C-14, ¢ daf iniciaram a caminhada para o nore, atingindo a Bahia no século XIII, aproximadamente. Alguns autores associam essa fabulosa marcha & domesticagio de alguns veges, como a mandioca, que possibilitaria o armazenamento ¢ o transporte, A didéspora arawak encaminha-se para 0 norte, povoando a Amazonia, 0s prime: ros degraus do planalto periivio-boliviano e atinge, mais ao norte, as Antilhas, Os tupis-guaranis, ao chegarem ao Nordeste, encontraram os grupos pertencents aos gés, que denominaram de tapuios ~ barbaros que foram vencidos ¢ expulos en diresao oeste para o Brasil central. Enquanto isso, um quarto tronco, os carafbas, par tindo das imediagées do rio Xingu, na Amazonia, atravessam as Guianas e atingem as Antilhas, onde dominam a populagao local Ao atingirem o litoral, os tupis-guaranis jé eram Pportadores de uma tradigao ce- ramica e de uma agricultura importante, praticada em clareiras da floresta, em form de long-fallow, tendo domesticado o feijio, a mandioca, a abébora, a batata-doce,0 cari, o amendoim, a banana, além de fazerem amplo uso do milho. Normalmente, a lavoura indigena baseava-se na mandioca, no milho e na bata ~doce que, vez por outra, poderiam vir associados ao amendoim, ao cari, 20 fejioe 4 banana, De forma um tanto grosseira, poderfamos dizer que as grandes regide agricultura de subsisténcia, entre o inicio da colonizagao ¢ 0 século XVII, moment em que a grande lavoura agucareira tende a homogeneizar a paisagem Jitoral, seriam as seguintes: * apne = area da mandioc: para todo 0 litoral; * rea do milho: correspondente as regis -andinas, do Guaporé até a bacia do P; wand-Paraguai, penetrando em CHE até a Serra do Mare atingindo os nambikwaras, og Aaigang, 0s kaiapé ¢ 08 tocudos, que, normalmente, o associam ao cultivo da sbobey J area da batata-doce: seu grande niicleo de dispersio parece ter sido 0 B central, entre os timbira ¢ os Aaiapé setentrionais. Digitalizado com CamScanner Conquista © Colonizagio da América Portuguesa = O sistema de preparo da terra util ado pelos diversos grupos aproxima-se bastan- te do forest-fallow, podendo praticar-se, também, o long-fallow, Trata-se do plantio, em clarciras, de mandioca ou batatas. Esgotado o solo, tais clarciras deviam repousar por longos anos. curopeus adotaram, quase sem alteragées, o sistem: queimada, o plantio em monticulos ~a coivara ~ e 0 pou campos pobres em torno das vilas, as capoeiras. agricola indigena, com a longo, formando amplos O uso intenso da terra, desconhecido da populagio indigena, por ser rarefeita ¢ némade, utiizando o solo durante um ou dois ciclos agricolas, gerou gravissimos pro- blemas, pelo fato de impor uma fronteira permanentemente aberta (em contradigao, a uma apropriasao privada da terra, marcada, ao menos teoricamente, pelo regime de sesmarias). Algumas areas produtoras de alimento, como Nossa Senhora de Nazaré das Fari- nhas ou Camamu, préximo a Bahia de Todos os Santos, tinham, j4 no final do século XVIL um anel de areas “cansadas”, que obrigava a internagio dos cultivos pelos ser- tes € 0 consequente aumento dos precos. As relagdes entre indios ¢ brancos deterioraram-se muito rapidamente, quando os timos comegaram a obrigé-los aos trabalhos agricolas nos engenhos. Como nao aceitavam a escravidio, constituiu-se rapidamente o mito da incompa- tibilidade do gentio com a agricultura e da “preguiga da raca” Na verdade os indios — como qualquer populagao nao envolvida em circuitos mer- cantis — nao entendiam a necessidade de se trabalhar duro para além das necessidades da subsisténcia. As guerras, cruentas exterminadoras, foram consequéncia direta da implantag0 agricola do colono. A resisténcia indigena foi mais forte no Rio de Janeiro, a cargo dos tamoios, e no Nordeste, para onde convergiram intimeras nag6es, opondo-se duramente a penetra- 40 europeia. Na Bahia, Pernambuco e Sergipe d’El-Rei, particularmente junto a0 rio Sio Francisco, a “Guerra do Gentio” comega no inicio do século XVII e estende-se até a segunda metade do século XVIII, com ataques vitoriosos de indios contra as vilas de Cairu, Jequirigd, Ilhéus e Maragojipe. A resisténcia legitimava as chamadas “guerras justas”, que em verdade qualquer motivo impunha, levando a captura de centenas de indios como cativos, principal mente pelos habitantes de Sao Paulo, os bandeirantes, pelos colonos de Sao Luis do Maranhio e de Belém do Para. : Particularmente atroz foi a atuacio dos “fidalgos da Casa da Torre”, Garcia d’Avila € seus descendentes, que com o fito de ocupar terras para pastos desalojavam os indi- genas, particularmente gueréns ¢ cariris. Algumas vezes, conforme nos narra o padre capuchinho Martin de Nantes, em 1706, grupos de mais de 700 indios sfo massacra- dos apds um acordo de paz, e suas mulheres ¢ criangas escravizados pelos Avilas, le- vados em marcha forgada até a cidade de Salvador, onde os habitantes faziam grande festa ao disputa-los em leilio. Em 1768, em Poxim, junto ao rio Pardo, na Bahia, os colonos usam roupas de vitimas da varfola, oferecidas como presentes de paz, para dominar um levante indio. Digitalizado com CamScanner HISTORIA GERAL DO BRASIL ” \ historiografia brasil te, sem fundamento, 1 sa propenss, adapta se pectin ovina, por ser a vd ive no liga hp a ndaptar-se Bae paces 8s fain, Ihe, Ora, € exatamente 26 longo do rio Si0 Francisco, o rio dos exe ay jas, Ora, € eva ! @’Avila, que a luta entre indios ¢ brancos torna verdadeiros estibulos natura se extremamente crue, insistiam em ocupar as ilhas, tras para a eiagay phn tricionalmente os indios tna suas rogas, ao abrigo dos predadoqes n° my ‘i 5 foelion. 4 las tae contlto pela posse desss temas, pando fazendiros € indo, 6, ainda ig nossa historia contemporinea. fate, A Coroa tentou, de varias formas, incentivar a integragio do indi « eimoido (leis em 1570, 1588, 1596, 1605 e 1611); 0 proprio process des zagio, porém, implicava a morte do indi, sua desapropriagao e aculturgas partciponaivamente a Igreja Catia, partcularmente 03 esutas, que con indios sob sua prote¢ao ¢ sonharam com uma ordem crist, marcada Por fortes |, 7 mercantis com a Buropa ¢ pela imposiio da cultura ocidental, tal como se cone zou nas misses no sul do Brasil, no Uruguaie no Paraguai. Enfrentaram, ene feroz resisténcia dos colonos, principalmente de $40 Paulo, Sao Luis e Belém, ie pobres que nao se podiam valer da importagdo de negros da Africa. Na Tealidade, eseravidaoindigena 6 ¢ ficazmente proibida durante © governo de dom José pg poderoso marqués de Pombal. © DOMINIO ESPANHOL NO BRASIL Tomé de Souza (1549-1553) foi sucedido por outros quatro governadores-gersis at a Unio Ibérica, em 1580, todos voltados para as mesmas preocupa¢des, de povoara terra, expulsar os franceses € controlar 0 gentio, seja pelo exterminio, seja pela cate quese. A pressio dos franceses tornou-se particularmente forte na Guanabara, onde fundam uma col6nia, em 1555, denominada Franca Antartica, que s6 com grandes dificuldades pode ser destruida e substituida, em 1565, pela cidade de Sao Sebastto do Rio de Janeiro. O povoamento avanga, também, na Bahia, onde surgem as vilas de Cachocir Camamu ¢, no inicio do século XVII, Maragojipe, Jaguaripe, Nazaré — ligadas, prin- cipalmente, & producao de mantimentos para abastecer Salvador ¢ as naus que fiziam © caminho das Indias ~ além de Sao Francisco do Conde e Santo Amaro, produto de expansio dos canaviais do Recéncavo da Bahia, Em 1590 fundada Sio Cristévio, em Sergipe d’EI-Rei, micleo de expansio dos canaviais entre a fox do rio Sao Francisco e a do rio Vaza-Barris, e ponto de apo? Para a penetragao do yado e das rocas de mantimentos, ! Ainda na primeira metade do século XVIL surgem micleos no norte do litoral f= minense, em torno dos Campos dos Goitacaz oral sul da Bahia, em Valens © so de Contas; e no estuario do Amazonas, com fundagio de Belém do Pari. Em sura, delimitavam-se, com el \¢dio do pais, ou, ao mend do seu litoral, As capitaniascontinuavain 5m 1791 geri no Za, 08 contornos «a ocup: itexistirsa tltimaa ser extinta sera Sdo Vicente,¢! Os direitos dos donatarios foram cada vex mai imitados pelos governadores Digitalizado com CamScanner

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