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Aula 1

O CAMINHO PARA O SELF IDEAL Imprimir

Uma psicologia para o pleno potencial humano; Bases para a autogestão; Exercitando o sentir e o


pensar.

21 minutos

INTRODUÇÃO
O movimento da psicologia humanista trouxe uma nova visão de ser humano e permitiu que considerássemos
o acesso a nossos sentimentos como parte inerente à nossa jornada em direção à autorrealização e ao eu ideal.

Nesse contexto, nossos valores passam a ser parte preponderante de nossa experiência, pois explicam as bases
de nosso comportamento.

Nesta aula, percorreremos alguns conceitos fundamentais trazidos por Abraham Maslow, Carl Rogers e outros
autores alinhados às suas premissas. Na sequência, falaremos sobre autorrealização, postulados do
humanismo e congruência, percorrendo conceitos de base para que possamos trabalhar a autogestão,
reconhecendo habilidades emocionais necessárias ao desenvolvimento pessoal.

 Assimile
Toda mudança de comportamento parte de uma tomada de consciência. Para chegarmos aos nossos
objetivos pessoais, é necessário que tenhamos clareza de onde queremos chegar e de que realidade
temos. A trajetória rumo aos nossos objetivos fica mais fácil quando encaramos a vida de forma positiva,
ancorando-nos em nossas forças, valores e virtudes e conectando-nos em relacionamentos saudáveis.

UMA PSICOLOGIA PARA O PLENO POTENCIAL HUMANO


No final dos anos 1960, emergia um movimento psicológico, capitaneado pelos psicólogos Abraham Maslow e
Carl Rogers, que se opunha à visão do ser humano proposta pela psicanálise (considerada pessimista e
determinista) e do comportamentalismo (considerada maniqueísta). Nascia a psicologia humanista, com a
crença de que qualquer pessoa contém em si o potencial para um desenvolvimento sadio e criativo. Era até o
momento uma lufada de otimismo e esperança, uma vez que o passado não era mais determinante de sucesso
pessoal e o comportamento não era tão programável e organizável. Percebia-se o ser humano como um
organismo integrado, conectado à sua realidade e às suas experiências, em que a compreensão de sentimentos
e pensamentos passava a ser essencial para o bem-estar e desenvolvimento pessoal.

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Abraham Maslow (1908-1970) é mais conhecido pela hierarquia de necessidades, já vista na Unidade 3, em que
passamos por necessidades de sobrevivência (fisiológicas e de segurança), de relacionamento, de estima e, no
topo, a necessidade de autorrealização. Sobre essa última vamos nos deter aqui. Maslow acredita que somos
inerentemente motivados a satisfazer nossas necessidades, mas também a nos autorrealizarmos, ou seja,
sermos nosso melhor, em nosso maior potencial. Para isso, contamos com um motivador interno para a
autoatualização, nos tornando a cada experiência mais próximos da melhor versão de nós mesmos (MASLOW,
2013).

Carl Rogers (1902-1987) traz uma visão de ser humano similar à de Maslow e propõe que há uma incongruência
entre o eu real e o eu ideal que nos causa desconforto e sofrimento. Ao contrário, quando por meio da
descoberta de nós mesmos nos aproximamos de nosso eu ideal, entramos em estado de congruência e
adquirimos o melhor funcionamento que podemos ter.

Nesse estado, nossos sentimentos são totalmente acolhidos e somos nossa própria pessoa-referência, ou seja,
não desejamos ser ninguém senão não nós mesmos. Para nos tornarmos mais próximos desse máximo
potencial, Rogers (2017) entende que precisamos desenvolver a aceitação incondicional de quem somos.
Quando, por exemplo, colocamos certas condições para outras pessoas nos valorizarem, como: “se eu me
formar e me casar, então serei amada por meus pais”, ou condições autoimpostas, como: “quando eu conseguir
meu apartamento, então serei uma pessoa bem-sucedida”, estamos limitando nossas condições de valor e, por
consequência, estamos nos afastando das pessoas que amamos e condicionando nosso amor-próprio.

Como podemos compreender até aqui, Maslow e Rogers enfatizaram a existência, em todo ser humano, de um
impulso intrínseco para a realização do nosso maior potencial ou autorrealização. Assim, quando iniciamos
nosso processo de autodesenvolvimento, é salutar vermos nós mesmos com aceitação incondicional, retirando
barreiras e aceitando nossa experiência exatamente como ela se apresenta. Esse movimento parece mais fácil
do que realmente é, uma vez que temos a tendência a “lutar” contra a aceitação, nos apoiando em ideias
preconcebidas de como “devemos ser” ou como os relacionamentos “devem ser”.

BASES PARA A AUTOGESTÃO


A abordagem humanista da psicologia inspirou a criação de movimentos em torno da gestão de pessoas e
comportamento organizacional e, mais recentemente, programas de coaching, realizados dentro ou fora do
mundo empresarial. Por ter como base a mente consciente, permite que as pessoas realizem a compreensão de
si mesmas, com ou sem acompanhamento, a partir da autorreflexão ou acessem programas de
desenvolvimento pessoal, não necessariamente associados a processos psicoterapêuticos. Entende-se, porém,
que ter alguém para dividir as interpretações da própria vida, provocando reflexões relevantes, seja um líder ou
um coach, pode contribuir para o melhor aproveitamento das próprias reflexões. Assim, algumas suposições
fundamentais da psicologia humanística servem a propósitos que extrapolam a psicoterapia e passam a
contribuir com a autogestão:

• O que experimentamos pelos nossos sentidos conscientes (pensamentos e sentimentos) e podemos lembrar
é base para a compreensão de nosso comportamento.

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• Uma compreensão precisa do comportamento humano não pode ser alcançada estudando animais e, ao
contrário, nossas próprias experiências cotidianas são base para compreendermos a nós mesmos.

• A necessidade de atingirmos nosso máximo potencial é algo inerente ao ser humano.

• As pessoas são inerentemente boas e o ambiente em que se desenvolvem é fundamental para seu melhor
desenvolvimento.

• Cada pessoa e cada experiência é única, por isso nosso desenvolvimento deve levar em consideração essa
biografia e compreensão da realidade.

• Nosso comportamento não é predeterminado, nem por forças inconscientes nem pelo passado. O livre
arbítrio existe, por isso devemos assumir a responsabilidade pessoal por nosso crescimento e autorrealização.

Algumas dessas suposições vão diametralmente contra pesquisas de comportamentalismo, por exemplo, os
estudos com animais; e contra a psicanálise, como dizer que nosso comportamento tem por base puramente a
consciência. Havendo negado a força do inconsciente, os humanistas não negaram nossas bases biológicas,
nem evolutivas, apenas deram ênfase à nossa experiência e às interpretações que fazemos dela.

Fazendo-se hoje um balanço desses postulados, é importante não irmos “nem tanto ao céu nem tanto à terra”.
Na nova abordagem humana da inteligência emocional, por exemplo, agregam-se diferentes bases
epistemológicas. Assim, entende-se que nosso comportamento é influenciado por (1) forças biológicas e
ancestrais, mas também pelos (2) registros de nossas experiências (nosso passado), que moldam nossos
circuitos neurais e pela (3) forma como (re)interpretamos nossa realidade e projetamos nosso futuro,
promovendo novos circuitos (neuroplasticidade).  Nesse sentido, as novas teorias ligadas à neurociência social
agregam variáveis, não as descartam. Adicionalmente, também consideram pesquisas quantitativas, mais do
que qualitativas, como base para a compreensão do comportamento humano.

Na sequência de nossos estudos, veremos que os predecessores do humanismo, na Psicologia Positiva, podem
tratar a compreensão das emoções positivas, por exemplo, compreendendo que são processos tão próprios de
nossa experiência quanto as emoções negativas. Entende-se que ver “a metade cheia do copo” pode trazer
muitos benefícios para a promoção de bem-estar e melhor aproveitamento de nossas potencialidades.
Falaremos mais sobre essas leituras em nossa próxima aula.

EXERCITANDO O SENTIR E O PENSAR


Compreendemos nesta aula a importância de considerarmos nossos sentimentos e nos valorizarmos
incondicionalmente, tomando responsabilidade por nossas características pessoais e nossa realidade
exatamente como ela se apresenta, sem pressuposições de como ela “deveria ser” ou medo de realizar nosso
máximo potencial.

Mas como podemos treinar nossas mentes para alcançarmos nosso máximo potencial?

A genética e a interação com o ambiente formam, conjuntamente, nossa noção própria de “self”. Tanto a
natureza (no inglês, nature) como nossa criação (no inglês, nurture) permitem que possamos modificar nossas
estruturas cerebrais. O cérebro aprende melhor em ambientes em que pode exercer sua liberdade, afastando-
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se das ameaças mais prementes e incorporando-as como desafios possíveis de serem vencidos. As experiências
moldam e transformam nosso cérebro. Novas experiências trazem o aprendizado de novas formas de pensar,
sentir e agir, criando novas rotas neurais e fisicamente modificando o cérebro. (NELSON; LOW; HAMMET; SEN,
2013).

Nessa direção, a melhor relação intrapessoal que você pode ter é caracterizada por aceitação incondicional,
como comentamos, e por respeito, curiosidade, autocompaixão, honestidade e motivação para se tornar a
melhor versão de si mesmo. Isso porque nossos comportamentos, incluindo nossas reações emocionais, são
relacionadas a essas rotas neurais, a como o cérebro processa, armazena e retém as informações do cotidiano.
Cada um de nós tem um jeito próprio de construir a própria realidade e, consequentemente, aprender sobre
ela.

Nosso aprendizado depende da experiência (emocional) e do processamento cognitivo (pensamento) que


atuam de forma colaborativa. Sendo a cognição mais conhecida, vale reforçar o valor da mente emocional, uma
vez que não há apreciação de conhecimento sem participação de nosso mundo emocional e que para toda
informação que recebemos já temos crenças e valores associados: que apontam o que importa ou não, o que é
moralmente correto ou não, o que apreciamos ou não.

Nessa direção, algumas escolas de desenvolvimento salientam a importância de exercícios de autorreflexão, em


que confrontamos nossas interpretações a partir da separação entre o que queremos (base de nossas
preferências emocionais) e o que precisamos fazer (base de nossa mente racional) para, por exemplo, definir e
priorizar tarefas de rotina.

Com base nos aprendizados de nossa aula, construa a tabela do mapa de autogestão abaixo, considerando
atividades que estão no seu “to do list”, ou seja, que você deseja ou precisa fazer, mas não consegue bem
priorizar. Comece preenchendo a coluna da esquerda, da mente emocional, em seguida passe para a coluna da
direita, da mente racional, e finalize priorizando o que fazer e descartando o que não é relevante:

Tabela 1 | Mapa mental de autogestão

O que quero fazer (mente emocional) O que preciso fazer (mente racional)

1. 1.

2. 2.

3. 3.

4. 4.

5. 5.

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O que decido fazer (pensamento autodirigido)

1.

2.

3.

4.

5.

Considere agora uma previsão de prazo para as atividades elencadas, prevendo uma ordenação para elas
considerando o que é prioritário (ordem de importância) e o que é urgente (ordenação por prazo),
organizando tudo em uma agenda de ação para as próximas semanas.

Fonte: adaptada de Nelson, Low, Hammet e Sen (2013, p. 143).

VÍDEO RESUMO
Nesta aula, compreendemos as bases epistemológicas para o movimento da autogestão, a partir do
conhecimento de parte do pensamento dos principais psicólogos da psicologia humanista: Abraham Maslow e
Carl Rogers. Compreendemos como essa concepção do ser humano influenciou os processos de
desenvolvimento individual realizados no âmbito organizacional. Finalizamos com um mapa mental de
autogestão, em que nossas mentes emocional e cognitiva trocam informações e se congregam, visando a
efetividade de ação.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Assista ao TED Que realidade você está criando para si mesmo? com Isaac Lidsky:

LIDSKY, I. Que realidade você está criando para si mesmo? TEDSummit, [s. d.]. Disponível
em: https://www.ted.com/talks/isaac_lidsky_what_reality_are_you_creating_for_yourself/transcript?
language=pt-br. Acesso em: 25 jan. 2022.

Aula 2

O JEITO POSITIVO DE VER A VIDA


Uma visão positiva para o ser humano; Comportamento reflexivo; Lições de felicidade.

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21 minutos

INTRODUÇÃO
A psicologia positiva traz uma visão moderna de ser humano, em que as potencialidades, virtudes e melhores
qualidades são colocadas em evidência.

Inspirados nos autores Martin Seligman e Barbara Fredrickson, nesta aula falaremos sobre o valor do otimismo,
em como podemos aprender a ver o copo “meio cheio” e como podemos provocar uma espiral positiva em
nossa vida a partir da ativação de emoções positivas.

Em seguida, abordaremos as bases do comportamento reflexivo, em que passamos da resposta automática


para a ação intencional. Por último, traremos lições de felicidade que podem ser aplicadas em nossa prática
autorreflexiva.

A intenção de nossa aula é projetar algumas qualidades de nosso eu ideal, promovendo formas positivas e
construtivas de comportamento.

Bons estudos!

UMA VISÃO POSITIVA PARA O HUMANO


Vimos na última aula que a psicologia humanista trouxe respostas para a compreensão de ser humano que
nem a psicanálise nem o comportamentalismo haviam trazido. Já em seus primeiros textos, Abraham Maslow
(1954) apontava a necessidade de criação de uma psicologia positiva, que saísse da preocupação com doenças
mentais e focasse nas virtudes e no potencial do ser humano. Décadas depois, considerando que precisamos
ver tanto os aspectos negativos (como psicopatologias, nossos erros e instintos destrutivos) como positivos do
ser humano (como valores, virtudes, produção de sentido e emoções positivas, entre outros), com mais ênfase
no último, surge o movimento da Psicologia Positiva, capitaneado por Martin Seligman, Barbara Fredrickson e
diversos autores contemporâneos na sequência.

Um dos mais proeminentes temas de estudo da Psicologia Positiva é o otimismo, considerado como “tendência
a esperar o melhor” da vida, ainda que as situações não nos sejam favoráveis. Ele aparece em oposição ao
pessimismo, pelo qual assumimos que as coisas vão continuar ruim ou piorarem. Seligman (2006) acredita que
podemos aprender a ser otimistas e, com isso, obtermos mais facilmente bons resultados de nosso
comportamento ou, no mínimo, nos recuperarmos mais rápido dos vieses da vida. De acordo com ele, formas
habituais de pensar não precisam ser para sempre e uma das mais significativas descobertas da psicologia
nos últimos anos é que os indivíduos podem escolher a forma como pensam.

As emoções positivas
Antes de considerarmos o papel de nossas emoções positivas, vamos relembrar por que temos emoções
negativas. O que emoções como medo e raiva fazem é sinalizar situações que requerem nossa atenção e
disponibilidade de resposta imediata. Da mesma forma, o mecanismo de resposta automática da luta-fuga
permite que tenhamos ações de autoproteção e possamos garantir a nossa sobrevivência. Ainda, o nojo e a
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tristeza surgem para que possamos lidar com nossas preferências pessoais e possamos trabalhar nossas
perdas. Porém, se prolongadas em nosso corpo e alimentadas por nossos pensamentos, as emoções negativas
se tornam aflitivas (LAMA; CUTLER, 2000). Como já estudamos na Unidade 1, nossas emoções são orientadas
por nossos valores pessoais. E nesse ponto é interessante pensar o papel específico das emoções positivas.

As emoções positivas não são tão estudadas como as emoções negativas. De acordo com Fredrickson (2009), o
propósito principal de nossas emoções positivas é fazer com que nos sintamos bem em relação à vida, razão
pela qual nos estudos em inglês os autores se refiram a elas como “feels good emotions” (emoções para nos
sentirmos bem). Em contraste com as negativas, as emoções positivas permitem uma expansão criativa ao
nosso pensamento e oferecem recursos adicionais para o nosso comportamento em quatro categorias:

1. Intelectual – a partir de habilidades de solução de problemas.

2. Física – promovendo força e saúde cardiovascular.

3. Social – facilitando a qualidade dos relacionamentos e a quantidade de amigos e conexões.

4. Psicológica – desenvolvendo habilidades de resiliência e otimismo.

Em resumo, a experiência das emoções positivas oferece uma “espiral positiva” de efeitos físicos,
comportamentais e psicoemocionais, nos preparando para lidarmos com os desafios da vida.

COMPORTAMENTO REFLEXIVO
O comportamento humano é em boa parte automático, acontecendo sem participação de nossa consciência ou
pensamento que o anteceda. No entanto, cada vez que reagimos a uma situação, seja na interação com
estressores ou em um evento qualquer da vida, existe a possibilidade de direcionar o comportamento, para
que passe de reativo a reflexivo.

O comportamento reflexivo é aquele que traz o que escolhemos fazer, deixando assim de ser automático.
Nesse caso, há uma brevíssima, mas fundamental pausa, suficiente para que nossa inteligência emocional
seja acionada e possamos substituir a reação automática pela ação intencional. Isso não quer dizer que as
respostas automáticas não sejam necessárias, já que dizem respeito a rotas evolutivas de nosso
comportamento, em que a mente emocional é acionada de forma que tenhamos uma resposta rápida diante de
algo importante que merece nossa atenção, como alguém nos atacando ou um perigo imediato que ameace
nossa sobrevivência. Assim, o comportamento autodirecionado ou reflexivo corresponde à integração das
mentes emocional e cognitiva, de forma que se favoreça nosso desempenho e nossa saúde como um todo
(NELSON; LOW; HAMMETT; SEN, 2013).

Sabe quando estamos procurando a melhor rota para chegarmos em um determinado lugar? Vamos pegar
como exemplo o aplicativo Waze. Antes de nos posicionarmos para mover o carro, é necessário parar e digitar
nosso “destino”. Em seguida, o aplicativo oferece a melhor rota para chegarmos lá, baseado em critérios que já
selecionamos de antemão (mais rápida, mais segura, mais bonita, etc.). Se por acaso mudarmos de destino, o
aplicativo buscará novas rotas, sempre tendo por base o caminho possível para se chegar onde se quer.

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De forma semelhante acontece com nosso cérebro, com a diferença que na maior parte das vezes não temos
muita clareza de onde queremos chegar. Por isso, nossas rotas tornam-se confusas e mudam o tempo todo. É
preciso então reconfigurar o sistema e partir do começo: nosso destino desejado.

Mas como podemos fazer isso? Nosso cérebro pode ser estimulado pela imaginação, assim como pela
percepção do que acontece em tempo real. Isso porque a mente emocional não distingue entre uma imagem
imaginada e uma real. Dessa forma, a imaginação torna-se uma poderosa ferramenta para a mudança pessoal.
Técnicas de imaginação ativa nos colocam em situações de melhor desempenho, em que atuamos exatamente
como desejamos. Nesse processo, entendemos que o melhor cenário é uma realidade possível de ser
alcançada. Por isso é tão importante nos questionarmos: onde queremos chegar? Qual é a situação por nós
desejada? Só respondendo essas perguntas sobre uma visão de futuro desejado é que chega o momento de
buscar a colaboração da mente racional e de afirmar: “ok, agora que esse cenário é possível e tangível em
minha melhor visualização, é hora de me colocar em ação e caminhar para chegar lá”. Sem dúvida traçar o
plano de ação e a agenda de atividades é muito mais fácil após termos delimitado qual é nosso destino
desejado.

LIÇÕES DE FELICIDADE
Com o que vimos até aqui, poderíamos resumir que temos sentimentos positivos em relação a pessoas ou
coisas das quais queremos nos aproximar, enquanto temos sentimentos negativos daquilo que queremos nos
afastar. Assim, o componente comum de todas as emoções negativas é a aversão, assim como o componente
comum das emoções positivas é a aproximação (“me dê mais disso, me faz sentir bem!”) (SELIGMAN, 2019).

Após essa breve reflexão sobre nossos sentimentos e o valor de nossas interpretações na construção da
realidade, uma pergunta justa é: por que nos sentimos felizes? Ou ainda: será que a felicidade é algo que
trazemos conosco, como uma “capacidade” de ver algo bom em tudo que vivemos?

De acordo com Seligman (2019), a resposta é sim, temos predisposições genéticas para sermos mais risonhos e
bem-humorados, por isso existem pessoas que são, por natureza, mais felizes. Afinal, todo mundo conhece
aquela pessoa que, a despeito das poucas posses ou conquistas pessoais, está sempre sorridente e bem-
disposta, não é mesmo? Isso significa que a felicidade tem em si um componente de personalidade. Porém
também podemos aprender a nos sentirmos assim. Novamente faz-se presente a composição dupla de
nature (genética) e nurture (criação), que já mencionamos em aulas anteriores.

Alguns hábitos contribuem para que possamos reter a felicidade por mais tempo. Por exemplo, estudos
mostram que pessoas felizes conseguem reter por mais tempo suas experiências positivas, inclusive
pensando que ocorrem em maior número. Fato exatamente oposto às pessoas que se sentem infelizes: elas só
conseguem lembrar do que dá errado. Outro exemplo é que pessoas felizes vivenciam o momento presente
com mais intensidade.

Isso me faz lembrar de um dos melhores livros de psicologia positiva que tive o privilégio de encontrar:
Conversas com Minha Gata, de Eduardo Jáuregui (2015). O livro conta a história de Sara, que, prestes a fazer
quarenta anos, descobre que não é feliz. Seu trabalho não a motiva mais e seu relacionamento com o
namorado não é mais o mesmo. Como resposta de uma fase de exaustão emocional, ela experimenta um
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colapso nervoso e passa a ouvir uma elegante e misteriosa gata amarela, chamada Sibila. A gata traz conselhos
tão interessantes quanto ensinamentos de um mestre Jedi e ensina Sara a viver no momento presente,
apreciando inteiramente sua experiência de vida, diminuindo o poder das emoções negativas e dos
pensamentos que transitam entre o passado e o futuro.

“O sentido da vida? Deixe de bobagem. Só existe uma coisa que você precisa
saber: ao comer, coma; ao caminhar, caminhe” (Sibila, a gata). 

— (JÁUREGUI, 2015, p. 69)

Pegando emprestado um dos questionamentos feitos por Sibila, trago para nós uma reflexão para você
responder: Que motivos você tem para ser feliz?

Procure trazer com carinho aquelas situações, pessoas e acontecimentos que contribuem para sua felicidade.
Não se apresse na resposta. Depois avalie: você se sente mais feliz, só por pensar a respeito? Explique como.

VÍDEO RESUMO
Quando nossas melhores virtudes e potencialidades são colocadas em evidência, podemos modificar nosso
comportamento e transformar positivamente nossas vidas. Nesta aula, falamos sobre otimismo, emoções
positivas e compreendemos as bases para o comportamento reflexivo ou auto-orientado. Finalizamos com
lições de felicidade, em que utilizamos a positividade para alcançarmos o máximo de nosso potencial.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Assista ao TED de Martin Seligman sobre psicologia positiva:

SELIGMAN, M. A nova era da psicologia positiva. TED Talk, 2004.

Aula 3

TEMAS FUNDAMENTAIS PARA A AUTOGESTÃO


Perguntas de base para a gestão de si mesmo(a); O valor da administração do tempo; Exercite
sua resiliência.

22 minutos

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INTRODUÇÃO
Vivemos totalmente conectados, sendo a todo momento acessados por informações e mensagens de texto ou
imagem. Esse excesso de disponibilidade desafia nosso controle do tempo e torna difícil cumprir com a
programação que fazemos para nossos dias.

Nesta aula, falaremos sobre as premissas para a autogestão e o valor de administrar nosso tempo a partir da
energia. Traremos algumas dicas de como recuperar o controle e falaremos sobre hábitos que permitem
desenvolver resiliência, respondendo com maior efetividade aos desafios cotidianos.

Ao final da aula, espera-se que você possa fazer uso de algumas práticas de autogestão e reflita sobre seus
hábitos atuais, modificando-os quando necessário e contribuindo assim para o próprio desenvolvimento.

PERGUNTAS DE BASE PARA A GESTÃO DE SI MESMO


Os modelos de carreira modificaram-se imensamente a partir dos anos 1990. Antes da chegada da internet e,
com ela, de toda a gama de profissões e informações que o mundo digital proporcionou –, era comum
planejarmos uma profissão “para a vida”. Esse antigo pacto foi quebrado assim que as pessoas não puderam
mais contar com trilhas de carreira em uma mesma organização e precisaram se responsabilizar por sua
jornada de desenvolvimento.

Atualmente, estão em vigor os novos modelos de carreira, em que não dependemos mais de uma organização
para apontar nossa contribuição no mundo, ao contrário, estamos constantemente polindo nossas
competências técnicas e socioemocionais, nos preparando para cada novo desafio profissional que se
configura. Saímos do enfoque no trabalho e na organização para o enfoque no indivíduo, bem como suas
aspirações e potencialidades.

Assim, a autogestão de si mesmo e da carreira torna-se mais uma das competências do mundo do trabalho.
Precisamos constantemente reavaliar nossa posição e verificar se estamos usando nosso melhor potencial
naquilo que fazemos. Pensando nessa autonomia de se autorregular, Drucker (2018) traz algumas perguntas
fundamentais (Tabela 1) para respondermos, de forma a nos posicionarmos em relação a nossas competências
pessoais. São perguntas que podemos nos fazer a qualquer momento, de maneira a provocar uma reflexão que
sirva para movimentar nossa cognição em direção à autogestão e excelência pessoal. Elas englobam nossas
características pessoais, nossos valores e a forma como nos relacionamos com o trabalho, bem como que tipo
de contribuição podemos prestar.

Tabela 1 | Perguntas de base para a gestão de si mesmo

“Quais são meus pontos fortes?”

Se tem dificuldade para acessar seus pontos fortes, peça feedback e anote o tipo de resposta que obteve.
Após alguns meses, compare os resultados que obteve com as expectativas de desempenho que você ainda
tem.

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“Como eu trabalho melhor?”

Procure identificar de que forma você trabalha melhor, se sozinho ou acompanhado de outros, se com
música de fundo ou sem nenhuma interferência. Ainda, se é melhor tomando decisões ou dando conselhos
e se prefere uma rotina estruturada ou desafios surpreendentes.

“Quais são meus valores?”

Realize inventários para conhecer seus valores pessoais (beleza, aprendizado, bondade, justiça, desafio, etc.)
e reconheça se a organização em que você atua e sua vida em geral estão em consonância com esses valores
(ao final desta aula, na seção Saiba mais, temos o link para o inventário on-line gratuito de valores pessoais).

“Que carreira devo seguir?”

Lembre-se de que estamos constantemente construindo nossa carreira. Analise seus pontos fortes, estilo de
trabalho preferido e seus valores, identificando se se complementam.

“Qual deve ser minha contribuição?”

Para responder a essa última pergunta, é fundamental utilizar horizontes curtos de análise, considerando o
que é necessário em cada situação. Ou seja, considere que, a partir de suas potencialidades, jeito de atuar e
valores pode ser feita a melhor contribuição possível.

Fonte: adaptada de Drucker (2018, p. 23-24).

O VALOR DA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO


O ritmo do trabalho na vida moderna é cada vez mais acelerado. Por um lado, temos diversos aplicativos e
facilitadores para nossa organização das ideias e do tempo, por outro, estamos com muitas “janelas mentais”
abertas, pois estamos expostos a mais informação e mais interação. Antigamente, cerca de 10 anos atrás, as
pessoas abriam suas caixas de e-mail e levavam a primeira meia hora da manhã para respondê-los, quem sabe
também a primeira hora da tarde. Com o advento da comunicação instantânea, no entanto, por meio de
Snapchat, WhatsApp e outros meios, ficou quase impossível terminar uma tarefa sem que sejamos em algum
momento interrompidos em nosso fluxo de raciocínio por algum tipo de notificação. Em muitas atividades
profissionais, o excesso de reuniões coloca mais pressão no sistema, fato que se multiplicou enormemente no
período mais crítico da pandemia, quando as pessoas saiam de uma reunião virtual para outra e sobrava pouco
tempo para execução das tarefas acordadas.

Como resposta a isso, muitas pessoas entendem que o ideal é aumentar a carga horária em torno das
respostas e das tarefas, o que causa prejuízos físicos, emocionais e mentais. Eis que o tão sagrado turno da
noite, que era usado para relaxarmos e prepararmos nosso corpo para o descanso é, em muitos casos, utilizado
para finalizar as tarefas administrativas, cuidar da casa, realizar um curso de aperfeiçoamento. E assim, apesar
de toda tecnologia, trabalhamos cada vez mais e temos cada vez menos tempo livre.

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O problema de aumentar nossa carga horária de trabalho é que o tempo é um recurso finito, assim como nossa
disposição e disponibilidade cognitiva. Não é porque estamos à frente da tela que conseguimos produzir
magicamente todas as soluções, é preciso que tenhamos as informações necessárias e a atenção concentrada,
no mínimo. Como então tirar o máximo possível do tempo que temos?

De acordo com Schwartz e McCarthy (2018), precisamos reabastecer nossas fontes de energia física,
emocional, mental e espiritual. Isso pode ser feito a partir de rituais e programações de otimização, resumidas
na Tabela 2.

Tabela 2 | Práticas para renovar a energia pessoal

Energia física

• Melhore o sono, indo para cama mais cedo e não ingerindo bebida alcóolica.

• Reduza o stress fazendo atividades cardiovasculares pelo menos três vezes por semana.

• Faça pequenas refeições, com lanches leves a cada três horas.

• Aprenda a identificar sinais de baixa energia (bocejos, fome, dificuldade de concentração) e aproveite para
se alongar.

• Faça pausas curtas e regulares, se afastando do trabalho a cada 90 ou 120 minutos.

Energia emocional

• Faça respiração abdominal profunda para neutralizar emoções negativas.

• Cultive emoções positivas em si e nos outros, manifestando reconhecimentos.

• Observe situações perturbadoras com lentes reversas, perguntando-se o que pode aprender a respeito ou
qual podem ser os motivos do outro.

Energia mental

• Durante tarefas de alta concentração, evite ficar perto de telefone ou e-mail.

• Estabeleça horários predeterminados para responder mensagens, inclusive as instantâneas.

• Antes de dormir identifique qual é o maior desafio do dia seguinte, transformando em prioridade ao chegar
no trabalho.

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Energia espiritual

• Identifique suas atividades prediletas, aquelas que lhe fornecem satisfação sem esforço.

• Dedique tempo ao que considera mais importante.

• Identifique e viva em sintonia com seus valores fundamentais. 

Fonte: adaptada de Schwartz e McCarthy (2018, p. 71-72).

EXERCITE SUA RESILIÊNCIA

“Nossa maior glória não é nunca falhar, mas sim nos erguermos a cada vez que
falhamos.” 

— Confúcio (apud CASTRO, 2016, p. 64)

Todos nós em algum momento da vida precisamos lidar com situações adversas, mas por que razão algumas
pessoas conseguem sair das dificuldades da vida renovadas enquanto outras permanecem por muito tempo
abatidas? Será que existe uma maneira de melhorar nossa capacidade de administrar e superar obstáculos
inesperados, transformando as crises em oportunidades de crescimento?

Sobre essas questões tratamos quando pensamos em resiliência. Ao contrário do que possa parecer, resiliência
não diz respeito a suportar as pressões da vida – isso seria resistência –, mas sim ser capaz de retornar a nosso
melhor eixo o mais rápido possível, logo após uma adversidade.

Mais especificamente, quando falamos de resiliência nos referimos à nossa habilidade de seguir em frente
diante das dificuldades, de retornar a nosso melhor o mais rápido possível, após algum infortúnio e manejar
nossas emoções negativas de forma mais efetiva ao invés de deixá-las nos levar em uma espiral de
negatividade (GREENVILLE-CLEAVE, 2012).

Normalmente, pensamos que a resiliência é um traço de personalidade, uma característica que algumas
pessoas têm e outras não. Na verdade, a resiliência também pode ser aprendida. Ainda, pesquisas sugerem
que se tornar resiliente em um domínio da vida, por exemplo no trabalho, pode ajudar na resiliência em outras
áreas, como nos relacionamentos.

De acordo com o Hanson (2019), existem práticas que contribuem para vivenciar, desenvolver e utilizar recursos
mentais fundamentais para o bem-estar resiliente. O autor elencou 12 potencialidades que se sustentam muito
mutuamente e contribuem para a vida resiliente, como pontos de uma rede. Elas são: compaixão, atenção
plena, aprendizado, garra, gratidão, confiança, calma, motivação, intimidade, coragem, aspiração e

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generosidade. Essas potencialidades contribuem para que possamos reconhecer nossos estados emocionais,
buscar recursos internos para fazer frente às adversidades, gerenciar nossas emoções negativas e nos
relacionarmos mais ativamente com as outras pessoas, promovendo em nós emoções positivas.

Para que possamos praticar, elaborei duas práticas que considero simples e extremamente relevantes, uma
para diminuir o efeito de emoções negativas e ativar calma e outra para ativar estados emocionais positivos, a
partir da gratidão.

• Exercício 1 – Prolongue sua respiração

Quando prolongamos nossa expiração, acionamos naturalmente nosso sistema nervoso parassimpático e
conseguimos acalmar o nosso corpo. Experimente: respire profundamente, enchendo os pulmões de ar. Faça
uma breve pausa e em seguida expire lentamente, pela boca, pressionando o ar levemente na passagem pelos
lábios, prolongando a expiração. Faça uma breve pausa ao final da expiração e inspire novamente. Repita esse
procedimento de inspirar, pausar, exalar, pausar por seis vezes, sempre exalando todo o ar que há nos
pulmões. Ao final, perceba como você fica mais calmo e centrado. Sorria.

• Exercício 2 – Encontrando gratidão

Inspire profundamente e relaxe. Para facilitar sua prática, mentalize essas instruções ou grave, para seu melhor
aproveitamento. Quando estiver bem relaxado, após três longas inspirações e expirações, pense em alguém
que você aprecia muito e que lhe quer muito bem. Lembre-se de coisas que essa pessoa lhe proporcionou ou
de momentos que passaram juntos. Toque em seu coração. Perceba como você foi afortunado em ter essa
pessoa em sua vida e mentalmente agradeça a presença dela em seu coração. Agradeça o que compartilharam
juntos e deseje que ela esteja bem e seja feliz. 

VÍDEO RESUMO
Iniciamos nossa aula com algumas perguntas de base para a compreensão da autogestão, que englobam
questões ligadas a características pessoais, valores, carreira e contribuição. Em seguida, salientamos a
importância de administrarmos nossa energia para corpo, mente, emoções e espírito. Finalizamos com alguns
exercícios para ampliar a resiliência, facilitando que recuperemos o controle da situação logo após a exposição
a emoções aflitivas.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Faça uma investigação de seus valores pessoais de forma gratuita pelo site Via Character, disponível em
diversas línguas, inclusive em Português (escolha na aba Language).

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Aula 4

FAZENDO ACONTECER

O valor de cada escolha; Elementos do bem-estar e relacionamentos positivos; Motivação na base


da realização.

20 minutos

INTRODUÇÃO
Vivemos uma época sobrecarregada de opções e possibilidades de escolha, em que a constante mudança nos
deixa atordoados frente ao futuro. Isso nos torna ansiosos e preocupados em relação aos caminhos possíveis e
às melhores rotas de aprendizagem em nosso processo de autodesenvolvimento.

Abrimos nossa aula falando sobre o valor das escolhas na vida pessoal e carreira e como nossas expectativas
precisam ser bem administradas para não serem um peso em nossa rotina.

Em seguida, consideraremos os elementos do bem-estar e o que torna os relacionamentos positivos ou tóxicos.


Na sequência, falaremos de motivação como energia de base para nossas realizações.

Como resultado desta aula, espera-se que você possa praticar hábitos que contribuam para realizar seus
sonhos e ter satisfação com a vida.

O VALOR DE CADA ESCOLHA


Nossa vida é permeada de constante transformação. Seja no trabalho ou na vida pessoal, tudo que sabemos é
que a mudança é parte inerente de nossa existência. Tecnologias que antes nos eram úteis, hoje se tornam
obsoletas. Competências que adquirimos nos primeiros anos de formação agora parecem desatualizadas. E
pensar nisso tudo nos causa desconforto e mal-estar, porque não podemos prever ou antecipar o futuro. Mas
não precisa ser assim.

Como representante de uma geração que chegou ao mercado de trabalho antes da chegada dos primeiros
scanners, antes mesmo da internet, cheguei a ter uma profissão atualmente extinta: typist. Quando morei no
exterior, meu trabalho era datilografar documentações para fins de arquivo. Era eu aplicando as lições
aprendidas no início dos anos 1990, na Escola Tecla de digitação, lá no interior do estado do Rio Grande do Sul,
em Alegrete. Por outro lado, a habilidade de digitar com os dez dedos me trouxe uma habilidade útil na
produção das aulas e dos artigos, algo que faço com frequência em minhas atividades de professora e
facilitadora de treinamentos. O que exemplifica uma outra realidade: tudo que aprendemos pode ser
reconfigurado e compõe, em uma análise mais detalhada, o que sabemos e somos no dia de hoje.
Competências se combinam, habilidades se complementam.

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Estudos na área da psicologia positiva sugerem que o sentimento de que estamos no controle de nosso destino
é vital para a nossa saúde psicológica e que a limitação de nossas escolhas pessoais pode reduzir o bem-estar.
Escolher significa ter liberdade para viver e para nos expressarmos como indivíduos. Porém, ter muitas opções
para escolher também causa estresse (GREENVILLE-CLEAVE, 2012).

Há mais de cinquenta anos, Toffler (1970) entendeu que lidar com a mudança e a escolha nos traz uma
variedade muito grande de sentimentos. Ele chamou a constante reação à mudança e à diversidade de opções
de future shock, algo como um choque ou uma dificuldade de adaptação na nossa tentativa de lidar com o
futuro. Ele teorizou que encarar muitas opções de escolha, em um curto período, configura uma dificuldade de
processamento de informação que pode tornar nossas reações mais lentas, assim como nossas decisões, e
ainda causar efeitos psicológicos indesejados, como depressão, estresse e comportamento neurótico. O que
dizer então de nossa realidade, com tantos aplicativos, opções de entretenimento e aprendizado e distrações
digitais? Vivemos uma época sobrecarregada de possibilidades de escolha!

Como então escolher com base no que é melhor para nosso autodesenvolvimento tendo tantos caminhos como
opção? Uma boa alternativa é deixarmos de lado a noção da “escolha perfeita” e aceitarmos a possibilidade da
melhor escolha possível. Para isso, é fundamental diminuir o peso de cada decisão e aceitar as coisas como
são e como se apresentam, sem alimentar expectativas.

ELEMENTOS DO BEM-ESTAR E RELACIONAMENTOS POSITIVOS


A felicidade é a satisfação com a vida. Quando estamos felizes, nos sentimos bem, é fácil fazer qualquer tarefa,
somos cercados de leveza. Esse “bem-estar” é composto de vários elementos e nenhuma parte específica da
vida pode explicá-lo, sendo influenciado por múltiplos fatores.

Na busca por compreender os elementos que compõem o bem-estar, Seligman (2011) chegou em cinco fatores,
todos intercambiáveis e ao mesmo tempo independentes: emoção positiva, engajamento, sentido,
relacionamentos positivos e realização. Na Tabela 1, apresentamos cada um deles.

Tabela 1 | Elementos do bem-estar

Emoção positiva

Diz respeito à vida agradável e à presença de sentimentos como alegria, orgulho, satisfação, esperança,
gratidão, amor, prazer, afeição, entre tantas outras que nos fazem “sentir bem”. 

Engajamento

Medida do quanto nos sentimos absorvidos por nossas tarefas, inclusive de certa forma ausentes de
sentimentos e pensamentos, tão somente experimentando o que fazemos (flow).

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Sentido

Ato de pertencer e servir a algo maior que nós mesmos, possibilidade de encontrar significado, direção e
orientação naquilo que fazemos.

Realização

Possibilidade de obter o que se deseja, aquilo que efetivamente conquistamos como efeito de nossos
esforços. 

Relacionamentos positivos

Consideradas o melhor antídoto para momentos ruins da vida, as outras pessoas são parte inerente a uma
vida de bem-estar.

Fonte: adaptada de Seligman (2011, p. 27-28).

O valor dos relacionamentos saudáveis


De todos os elementos para o bem-estar, o que é mais independente apenas de nós mesmos, aquele que
define nossa interação com o mundo, é o de relacionamentos, por isso vale aqui um pouco mais de
detalhamento. De fato, em todos os modelos para construção de uma vida próspera e feliz aparecem os
relacionamentos como elemento-chave, mais inclusive que conquistas materiais. Aqueles com os quais
compartilhamos nossa caminhada importam mais que o próprio caminho. Afinal, é fácil perceber como nossas
conexões com outras pessoas trazem grande contribuição para a nossa saúde física e psicológica.

O contrário também acontece. Quando estamos sob efeito de relacionamentos tóxicos, todas as áreas de nossa
vida começam a decair: trabalho, autocuidado, espiritualidade, até mesmo nossa motivação. Um
relacionamento é tóxico quando nos fazem sentir insegurança, medo, culpa ou inadequação, quando sentimos
que nossa identidade não é valorizada ou quando somos desrespeitados em nossa autonomia e forma de ver o
mundo.

Mas o que caracteriza um relacionamento positivo ou saudável? Além de nos proporcionar emoções positivas,
existem características na interação com pessoas saudáveis que vale a pena reforçarmos. Pessoas saudáveis
(SARKIS, 2019):

• Incentivam a expressão de opiniões, ainda que não concordem com tudo o que dizemos.

• Dizem o que sentem e sentem o que dizem, ou seja, são sinceras.

• Dizem de forma direta e gentil quando você as magoou.

• São capazes de compartilhar ideias e sentimentos, favorecendo a afetividade da relação.

• Confiam nos outros.

• Têm comportamentos genuínos, relacionados a seus valores.

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É fácil ler essa lista e pensarmos que por vezes nós mesmos não somos assim tão saudáveis ou que as pessoas
“tropeçam” em seus comportamentos e nem por isso vamos descartá-las de nosso círculo de amizades. A
questão aqui não é acertar sempre, mas ter em mente que o relacionamento positivo é nutridor, nos faz sentir
bem, enquanto o relacionamento tóxico nos traz sentimentos negativos. Por isso, caminhar em direção ao bem-
estar compartilhado é a melhor intenção que podemos ter em qualquer relacionamento.

MOTIVAÇÃO NA BASE DA REALIZAÇÃO


Em nossas aulas, falamos sobre a importância de conhecermos nossas forças e fraquezas e termos um norte,
sabermos aonde queremos chegar. Um elemento que falamos pouco até aqui e que faz toda a diferença nesse
espaço entre o eu real e o eu ideal é a motivação. Motivação é a energia que nos leva a agir, o motor de nosso
comportamento, o “motivo para a ação”.

Um motivo é um processo interno que energiza e direciona o comportamento. Esses motivos podem ser
internos, dizendo respeito a nossas próprias necessidades, emoções, crenças e pensamentos, ou externos,
como dinheiro, conquistas materiais ou aprovação social (REEVE, 2006).

É interessante perceber o que causa a falta de motivação. Essa ausência de energia vital em nosso
comportamento nos torna apáticos. Desmotivados deixamos de acreditar em nosso potencial, interrompemos o
investimento da energia para a ação, não temos mais direção ou propósito. Nos tornamos invisíveis e pouco
interessantes.

Por outro lado, não é preciso muito esforço para ver a motivação manifesta no comportamento de outras
pessoas. Basta que estejam executando alguma tarefa e, se estiverem motivados, será possível ver o grau de
engajamento, a disposição física, a persistência, a concentração de esforços. A motivação é também contagiosa:
eis que motivamos mais quando estamos motivados.

Quando estamos motivados, nosso comportamento é direcionado e energizado, não é preciso muito esforço
para a consecução de nossos objetivos porque nos “fundimos” àquilo que está sendo realizado. Assim, somos
mais realizadores – tornamos real nossa intenção – quando estamos motivados. Como então podemos ampliar
nossa motivação? O que fazer para fornecer energia e motivo à nossa ação?

De acordo com Goleman (2019), a motivação é parte inerente ao processo de autogestão das emoções. A
pessoa motivada é aquela ativada por suas conquistas e algumas características de seu comportamento são a
paixão pelo trabalho e novos desafios, disposição incansável para melhorar e otimismo diante do fracasso.

Eis aqui então algumas características de pessoas que têm o comportamento motivado:

• Elas estão sempre buscando melhorar seu desempenho e gostam de saber como estão se saindo.

• Elas são otimistas, procurando sempre ver o lado bom das coisas e não esmorecendo quando algo dá errado.

• Elas são abertas e curiosas, gostam de descobrir novas formas de fazer as coisas.

• Elas persistem, não esperando resultados imediatos de suas ações.

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Uma das formas mais simples de nos motivarmos é buscarmos reproduzir o comportamento motivado. Isso
porque a própria ação mobiliza nossos esforços e coloca em marcha o movimento da motivação. Quer ver um
exemplo? Vamos imaginar que você tenha um roupeiro cheio de roupas bagunçadas para arrumar. O que lhe
traz mais motivação para arrumar: imaginar formas de organizar as roupas e fazer listas do que você precisa
consertar, guardar e colocar para doação ou imediatamente pegar três baldes para fazer a separação e iniciar a
arrumação? O ato de realizar é o motor da motivação.

VÍDEO RESUMO
Decidir não é uma tarefa fácil, especialmente com o excesso de opções que temos hoje em dia e o alto nível de
expectativa em relação ao que podemos alcançar. Nesta aula, vamos falar sobre o valor de nossas escolhas e
sobre os elementos do bem-estar. Como parte disso, compreendemos as características de relacionamentos
saudáveis e finalizamos falando sobre motivação como base para uma vida cheia de realizações.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Assista ao TED de Alain de Botton sobre uma filosofia para o sucesso mais gentil:

BOTTON, A. A kinder, gentler philosofy of success. TEDGlobal, 2009.

REFERÊNCIAS
7 minutos

Aula 1
HALL, C.; LINDSZEY, G.; CAMPBELL, J. Teorias da personalidade. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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ROGERS, C. R. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2017.

Aula 2
FREDRICKSON, B. L. Positividade: descubra a força das emoções positivas, supere a negatividade e viva
plenamente. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
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JÁUREGUI, E. Conversas com minha gata. Porto Alegre: L&PM, 2015.

LAMA, D.; CUTLER, H. A Arte da Felicidade: Um manual para a vida. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MASLOW, A. H. Motivation and personality. New York: Harper, 1954.

NELSON, D.; LOW, G.; HAMMETT, R.; SEN, A. Coaching for Positive Personal Change. Chapter 3. In: Professional
Coaching: A Transformative and Research Based Model. Emotional Intelligence Learning Systems, 2013.

SELIGMAN, M. Learned Optimism: How to change your mind and your life. Nova York: Vintage Books, 2006.

SELIGMAN, M. Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019.

SNYDER, R.; LOPEZ, S. Psicologia Positiva: uma abordagem científica e prática das qualidades humanas. Porto
Alegre: Artmed, 2009.

Aula 3
BRADBERRY, T.; GREAVES, J. Inteligência Emocional 2.0: você sabe como usar a sua? São Paulo: HSM, 2016.

CASTRO, W. Provérbios de Confúcio. Joinville: Editora Clube de Autores, 2016.

DRUCKER, P. Gestão de si mesmo. p. 19-38. In: CRISTENSEN, C. (org.). Gerenciando a si mesmo. Coleção Harvard:
10 leituras essenciais. Harvard Business Review Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

GREENVILLE-CLEAVE, B. Positive Psychology: A Practical Guide. Nova York: MJF Books, 2012.

HANSON, R. O Poder da Resiliência. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

SCHWARTZ, T.; McCARTHY, C. Administre sua energia, não seu tempo. p. 68-87. In: Gerenciando a si mesmo.
Coleção Harvard: 10 leituras essenciais. Harvard Business Review Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

Aula 4
GOLEMAN, D. O que define um líder? In: Inteligência Emocional. 10 Leituras Essenciais. Harvard Business
Review. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

GREENVILLE-CLEAVE, B. Positive Psychology: A Practical Guide. Nova York: MJF Books, 2012.

REEVE, J. Motivação e Emoção. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

SARKIS, S. O fenômeno gaslighting. São Paulo: Cultrix, 2019.

SELIGMAN, M. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e o bem-estar. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011.

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