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Ficha 2 - Transdutores Eléctricos de Temperatura e Fotoelétricos
Ficha 2 - Transdutores Eléctricos de Temperatura e Fotoelétricos
Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Medidas Eléctricas II
FICHA 2 (Teórica)
De qualquer um destes métodos de classificação não resulta uma divisão bem definida. No
entanto, o princípio eléctrico envolvido na transdução é um critério frequentemente utilizado
para a classificação de transdutores. Assim sendo, iremos abordar estes com maior detalhe, e
recordamos os subgrupos des transdutores: de Temperatura, Fotoelétricos, de Posição, de
Tensão Mecânica ou Extensômetros, Transdutores de Pressão, Vazão.
2. Transdutores de Temperatura
Trata-se de dispositivos que fazem a transformação da energia térmica em eléctrica. Existem
vários tipos de transdutores de temperatura, mas basicamente podem ser agrupados em quatro
grupos:
Termopares;
Termistores (podem ser do tipo NTC e PTC);
Termoresistências ou RTD’s; e
Semicondutores.
2.1 Termopares:
São basicamente dois fios metálicos, compostos por duas ligas metálicas, normalmente
heterogêneas, unidas por um ponto de junção. A junção ao ser submetida ao calor, fornece uma
tensão proporcional a temperatura, conforme a figura 2.1:
O princípio de funcionamento dos termopares é o efeito Seebeck, que consiste no facto de que
quando duas junções metálicas estão submetidas a temperaturas diferentes, surge uma FEM,
proporcional a diferença entre as temperaturas das duas junções.
Se considerarmos uma junta fria que esteja à 20ºC, e uma junta quente que esteja à 50ºC. E se
“K” é um factor de proporcionalidade, segundo o efeito Seebeck, o voltímetro medirá uma
tensão:
V = K * ( T2 - T1 )
O factor de porporcionalidade K deriva dos coeficientes de Seebeck dos metais envolvidos na
junção, e sendo T1 e T2 as temperaturas das junções, podemos a expressão anterior em:
Assim sendo o termopar somente mede a diferença de temperatura e não a temperatura absoluta
da junção. Isso quer dizer que devemos sempre conhecer a temperatura da junção fria, que por
esta razão, também é chamada de junção de referência.
Um ponto fraco dos termopares é que a tensão obtida em função da temperatura é bem baixa,
da ordem de milivolts, o que o torna muito vulnerável à ruídos. Contudo, uma prática comum é
o uso da termopilha. A pilha de termopares consiste em associar vários termopares do mesmo
tipo em série, de tal forma que a tensão de leitura seja a soma algébrica das tensões dos vários
termopares. Dessa forma consegue-se uma tensão de leitura mais elevada e maior imunidade ao
ruído. Uma ressalva, os termopares devem medir sempre a mesma temperatura. A figura 2.2
ilustra isto.
2.2 Termistores
Sao materiais semicondutores termorresistivos, que como o nome diz, apresentam uma variação
da resistência na base da variação da temperatura. Existem basicamente dois tipos de termístores:
O tipo NTC é mais usual na medição e controle de temperatura. E ele é mais utilizado do que o
PTC, devido a maior facilidade de ser manufacturado. O PTC tem como sua peculiaridade
possuir um ponto de transição, somente a partir de uma determinada temperatura exibirá uma
variação ôhmica com a variação da temperatura.
O diferencial do NTC é ser muito mais sensível a variações de temperatura, comparado com
outros sensores de resistência variável com a temperatura, como os RTDs e os termopares.
Porém, o fato de ser mais sensível faz com que se comporte de forma não linear. A curva que
define o comportamento da temperatura pela temperatura tem um comportamento exponencial.
Dentre as várias aplicações, pode-se citar o uso para controlar / alterar a temperatura em
dispositivos eletro-eletrônicos, como alarmes, termômetros, "relógios", circuítos eletrônicos de
compensação térmica, dissipadores de calor, ar-condicionados
Enquanto, os RTDs são formados por materiais como o níquel, a platina ou uma liga niquel-
platina, os termistores são fabricados de material semicondutor, tais como óxido de níquel,
cobalto ou magnésio e sulfeto de ferro. Os óxidos semicondutores reagem de forma diferente do
que os metais que formam os RTDs, para o NTC a resistência descresce exponencialmente com
o aumento da temperatura.
β – é a constante do material.
A figura 2.5 mostra as curvas características de um termistor com valor da constante variando de
2000 – 5000 K:
São dispositivos conhecidos pela sua estabilidade e elevada exactidão numa gama elevada de
temperaturas.
A variação da resistência eléctrica com a temperatura de um fio metálico é dada pela relação:
R(t) = R0 (1 + α1 T + α2 T2 + α3 T3 +....+αn Tn )
Onde: R0 é a resistência a 0ºC; e “α1”, “α2”, “α3” e “αn” são coeficientes que caracterizam o
metal ou liga. E o número de coeficientes necessários depende do grau de exactidão pretendido e
da gama de temperaturas de medição.
A variação que se verifica é bastante pequena e circuitos adequados devem ser usados. Ver no
gráfico da figura 2.7, a comparação com um termistor típico.
Embora neste caso seja desejável a maior variação possível de resistência com a temperatura, em
outros casos deve ser o contrário. Por exemplo na produção de uma liga com 84% Cu, 12% Mn
e 4% Ni quase não apresenta variação com a temperatura. É usada para fabricar resistores de
precisão.
Abaixo, temos uma tabela 1 comparativa para alguns metais e ligas mais usados:
RTDs de cobre
Cobre é raramente usado para essa finalidade e parece não haver padrões internacionais.
Quando usado, é comum um coeficiente alfa = 0,00427 1/ºC. Na faixa de temperatura 0 a 200ºC
e se não há necessidade de muita precisão, pode ser empregada uma relação simplificada:
R(t) = R0 (1 + 0,00427 t)
RTDs de molibdênio
O material cerâmico alumina (óxido de alumínio) tem coeficiente de expansão térmica próximo
do molibdênio e, portanto, formam um bom conjunto para o tipo filme metálico. O coeficiente
do metal é alfa = 0,00300 1/ºC. Através de dopagem com outros metais, é também disponível
com alfa = 0,00385 1/ºC, o que dá compatibilidade com a platina para uma faixa mais reduzida
de temperaturas.
RTDs de níquel
São usados em aplicações onde o baixo custo é importante. Em relação à platina, o níquel tem
menor resistência à corrosão e é menos estável em temperaturas elevadas. Por isso, é geralmente
usado para ar sem impurezas.
RTDs de níquel-ferro
Têm custo ainda menor que o de níquel e são usados em aplicações onde são possíveis e o custo
é fundamental. O fator alfa é 0,00518 1/ºC.
Platina é o metal mais usado por sua resistência à corrosão e estabilidade em altas temperaturas.
É usada uma fórmula modificada: R(t) = R0 ( 1 + a t + b t2 + c (t - 100) t3).
Existem dois padrões internacionais que diferem no nível de dopagem e, portanto, nos
coeficientes:
1) Padrão Pt100: alfa = 0,00385055 1/ºC. R0 = 100 ohms. a = 3,90830 10-3, b = -5,77500
10-7 e c = - 4,18301 10-12 para t entre 0 e 200ºC. Para t entre 0 e 800ºC, mesmos a e b
mas c = 0. O padrão é usado em muitos países.
2) Padrão USA: alfa = 0,0039200 1/ºC. R0 = 98,129 ohms. a = 3,97869 10-3, b = -5,86863
10-7 e c = - 4,16696 10-12.
3. Transdutores Fotoelétricos
São dispositivos que convertem a luz em sinal elétrico. São utilizados em aparelhos de medição
como luxímetros e em transmissão de sinais por meios óticos(fibra ótica). Podem ainda, ser
específicos para uma determinada região do espectro, inclusive o infravermelho, que é a faixa de
região das ondas de calor, que são utilizadas nos pirômetros à distância ou infravermelhos. São
basicamente utilizados os seguintes componentes:
Células Fotovoltaicas;
Fotoresistores: LDR’s;
Fotodiodos; e
Fototransístores.
Figura 3.1 – A luz liberta portadores de carga que reduzem a resistência eléctrica de
determinados materiais.
A luz pode atingir essa superfície sensível por uma janela de plástico transparesnte no próprio
invólcro. Dois terminais dão acesso ao sensor para sua ligação a um circuito externo. A figura 3.3
mostra dois tipos de encapsulamento deste fotorresistor e sua simbologia.
Os usos mais comuns do LDR são em relés fotoelétricos, fotômetros e alarmes. Sua
desvantagem está na lentidão de resposta, que limita sua operação
3.3.1 Fotodiodo
É um diodo semicondutor em que a junção está exposta à luz. A energia luminosa desloca
elétrões para a banda de condução, reduzindo a barreira de potencial pelo aumento do número
de elétrons, que podem circular se aplicada polarização reversa. A corrente nos foto-diodos é da
ordem de dezenas de mA com alta luminosidade, e a resposta é rápida.
Os materiais usados na fabricação dos fotodiódos são semicondutores (pn), como o germano e
silício. Sua sensibilidade luminosa se baseia no efeito fotoeléctrico, no valor nda resistência no
sentido de vloqueio na camada semicondutora modificada pela incidência da luz. Quando uma
junção é atingida pela energia luminosa, é produzida uma corrente chamada fotocorrente,
conforme mostra a figura 3.5.
Verifique também que existe sempre uma corrente mínima, na falta de luz, chamada corrente de
escuro. Na figura abaixo, temos um circuito que utiliza o fotodiodo. Verifique que a informação
é obtida através da leitura da tensão sobre o resistor, que será proporcional a corrente reversa e
esta proporcional a luz.
Esse dispositivo é um transistor sensível à radiação luminosa, como ilustra o gráfico da figura 3.8
a. Seu esquema está na figura 3.8 b.
Exercício de Aplicação:
1. O termistor NTC é um dos sensores de temperatura que dão a maior variação da saída
por variação de temperatura, mas a relação não é linear. Comente.
FIM