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Doenças do Trabalho
Introdução à Medicina do trabalho
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Introdução à Medicina do trabalho
Caro(a) aluno(a),
Nesta Unidade abordaremos um pouco da história da Medicina ocupacional e seus
conceitos, assim como as atribuições e dificuldades do médico do trabalho; a história da
Medicina do trabalho; a Revolução Industrial e seus impactos sobre a saúde do trabalhador;
os conceitos de Medicina do trabalho, saúde ocupacional e saúde do trabalhador.
Não se esqueça de acessar o link Materiais didáticos, onde encontrará conteúdos interessantes
para seu aprendizado e uma palestra sobre a profissão de Engenharia de segurança.
As atividades propostas para esta Unidade também estão disponíveis, assim como as
videoaulas para auxiliar seu entendimento.
Bom estudo!
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Introdução ao tema
O trabalho e o processo de saúde e doença estão relacionados desde a Antiguidade, com
foco principal a partir da Revolução Industrial. Neste período o trabalhador passou a ter maior
força de trabalho, o que colaborou para o aumento da produção em escala e a ampliação do
acúmulo de capital.
Nesse cenário criaram-se jornadas de trabalho mais longas e com ambientes que
proporcionavam danos à saúde devido ao aumento de doenças infectocontagiosas e
também ao grau de perigo oferecido pelas máquinas que os trabalhadores operavam, sendo
as responsáveis por mutilações e morte dos trabalhadores. Ao longo do tempo e com o
surgimento de doenças e acidentes de trabalho, o Estado passou a analisar os ambientes.
Para isso, baseou-se no estudo da causalidade de doenças.
Para a realização da análise técnica, o médico do trabalho é o responsável por examinar
a predisposição dos riscos, podendo, assim, agir sobre as consequências, dando tratamento
aos sinais existentes, tal como aos sintomas. Propagou-se então a matéria de Segurança e
Medicina do trabalho.
No Brasil há uma legislação específica composta por normas regulamentadoras, leis,
portarias, decretos e convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho
(OIT). Assim, é importante o conhecimento dos trabalhadores sobre as doenças profissionais
decorrentes da exposição aos riscos, sejam ambientais, ergonômicos ou mesmo os acidentes
sofridos. O objetivo é prevenir os riscos ocupacionais. Trata-se da forma mais eficiente de se
promover e preservar tanto a saúde, quanto a integridade física dos trabalhadores.
Alguns profissionais são fundamentais para o desenvolvimento dessas questões, tais como
o técnico em segurança do trabalho; o engenheiro de segurança do trabalho; o médico do
trabalho; o enfermeiro e o técnico de enfermagem do trabalho. Esses profissionais têm como
objetivo eliminar os riscos, prevenir doenças ou até mesmo impedir que se agravem. São
esses profissionais que reconhecem o risco e acabam por intervir no ambiente de trabalho.
Para tanto, torna-se necessária a observação rigorosa dos ambientes, a caracterização das
atividades, a realização de triagens e pesquisas, entre outras ações.
A etapa de controle é fundamental para a prevenção. O engenheiro de segurança é o
responsável por especificar e propor equipamentos, obras, serviços e também instalações e
procedimentos que contribuam à recomendação técnica dos serviços de Engenharia.
Para que haja a correta utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e/ou
Coletiva (EPC), é extremamente importante que seja fornecido aos trabalhadores o devido
treinamento. Treinamento esse que deve ser fornecido com recursos próprios da empresa ou
dos próprios fabricantes de EPI, por meio de palestras e cursos.
A verificação do local de trabalho é essencial para a antecipação das ocorrências
dos acidentes, principalmente em relação à segurança e à medicina do trabalho. Dessa
forma, eliminam-se as condições e atos inseguros, reduzindo, assim, acidentes e doenças
ocupacionais, função desempenhada pela Medicina e segurança do trabalho e desenvolvida
de forma preventiva.
Por meio dos cenários políticos e sociais, foram desenvolvidas as relações entre o trabalho
e a saúde (MENDES; DIAS, 1991). Os fatores de doença e morte dos trabalhadores e como
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é feita a organização para atender tais necessidades são considerados como construções
sociais, diferenciando-se conforme o tempo, o lugar e a forma de organização das sociedades
(DIAS, 2000).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a noção do processo estático e a do bem-
estar como fatores impossíveis de serem atingidos. Dejours (1986) dá ênfase à contribuição
dada pela Fisiologia, Psicossomática e Psicopatologia do trabalho para o correto entendimento
do conceito de saúde.
A Fisiologia discorre sobre o organismo humano, que vive de forma dinâmica, dando
importante atenção ao estado de saúde e de movimento, onde é necessário que os movimentos
do corpo estejam livres e não fixados de maneira rígida nos locais de trabalho.
A Psicossomática faz a análise entre o corpo e a mente, onde cada um tem a sua história de
vida, suas experiências e que possuir saúde está diretamente ligado a ter desejos e esperanças.
Finalmente, a Psicopatologia do trabalho aponta a organização e o aspecto do trabalho
como os principais causadores de impacto no funcionamento psíquico do trabalhador. Assim,
é possível entender o trabalho como um elemento importante à saúde.
Na Inglaterra da metade do século XIX surgiu a Medicina do trabalho, devido à Revolução
Industrial. Nesse período o consumo da força de trabalho fazia com que os trabalhadores fossem
submissos a um processo acelerado e desumano de produção, de modo que a intervenção
foi necessária (MENDES; DIAS, 1991). Tais intervenções tiveram como objetivo agir nas
empresas; logo após foram sucedidas por normatizações e legislações na Inglaterra.
Os médicos, no interior das fábricas, representavam um esforço na detecção de processos
que causassem danos à saúde dos trabalhadores, agindo como auxílio para que o trabalhador
pudesse se recuperar e, assim, retornar mais rapidamente à linha de produção, devido à força
de trabalho ser fundamental no momento da industrialização emergente.
Assim, tornou-se predominante uma característica mantida até hoje sobre a Medicina do
Trabalho: uma visão eminentemente biológica individual em um espaço restrito da fábrica
através de uma relação unívoca e unicausal, buscando conhecer as causas das doenças e
dos acidentes.
A Medicina do trabalho é guiada pela teoria da unicausalidade, onde para cada doença
existe um agente etiológico. Quando essa teoria é repassada ao ambiente do trabalho, reflete
na propensão de isolar os riscos específicos, atuando sobre as consequências, medicalizando,
assim, os sintomas e sinais, ou os associando a uma doença reconhecida.
O fato de as doenças que tiveram origem no ambiente de trabalho serem verificadas nos
seus estágios mais avançados – aspecto que se deve a muitas das quais em seu estágio inicial
provocarem sintomas mais comuns que outras patologias –, acaba por tornar mais difícil a
identificação dos processos causadores.
Serviços implantados e baseados nesses modelos foram expandidos a outros países
atrelados aos processos de industrialização, passando a nações periféricas por meio da
transnacionalização da economia. Os serviços, ao mesmo tempo em que funcionavam,
mantinham e criavam a independência do trabalhador e, consequentemente, a de seus
familiares, o que possibilitava o exercício direto do controle da força de trabalho.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Leitura Obrigatória
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problemas e avaliação do ambiente de trabalho são aspectos que devem ser considerados na
organização do trabalho e na qualidade de vida desses trabalhadores.
A participação dos profissionais na melhoria das condições se dá em dois níveis: o primeiro
ocorre na participação ativa no próprio local de trabalho e o segundo pela mobilização dos
representantes dos trabalhadores – os sindicatos.
É necessário o empenho dos trabalhadores, de técnicos para alcançar o reconhecimento,
eliminar e controlar as doenças profissionais.
A saúde dos trabalhadores pode ser classificada em: doenças de trabalho ou relacionadas
ao trabalho, decorrentes de distúrbios e alterações laboratoriais, funcionais e perfil de saúde.
Doenças de trabalho são aquelas diretamente ligadas pela nocividade da matéria que é
manipulada; doenças profissionais específicas ou tecnopatias são aquelas ocasionadas pelas
condições de trabalho e também relacionadas ao trabalho.
A saúde possui um perfil que é caracterizado pela população trabalhadora relacionada às
suas condições de vida, socioeconômicas, hábitos alimentares, sociais, de sono e também a
caracterização da população em relação a doenças crônicas, hipertensão, obesidade etc.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
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Nesses centros são prestados diversos atendimentos de assistência direta e específica
aos trabalhadores e à análise de ambientes e processos nocivos à saúde, possibilitando a
compreensão de todas as etapas de trabalho: desde a extração, passando pela produção,
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio. Adotawdas novas políticas para a área da
saúde do trabalhador, é possível reorganizar a estrutura e priorizar a integração e o atendimento
ao trabalhador, tornando viável o processo de referência e contrarreferência, conforme a
denominação de Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast).
Poder Judiciário
Ao Ministério Público (MP) cabe a abertura de investigações e até intervenção em ambientes
e situações individuais que ofereçam risco à saúde no trabalho, poderes esses conferidos pela
Constituição de 1988. É atribuída ao MP a qualidade de vida e o comprometimento com o
meio ambiente em geral dentro dos processos industriais. Atua em todos os tipos de empresa,
das que realizam a extração ou síntese de matérias-primas, até o consumo do produto final,
o que permite se ampliar o dano à saúde não somente para o ambiente de trabalho, mas
também para a comunidade, ecossistema e sociedade em geral.
Como instrumento de trabalho, a Justiça utiliza-se das perícias. Perícia é definida como
a análise das situações ou fatos relacionados a determinadas coisas ou pessoas, sendo o
responsável por essa análise um especialista na matéria a ser verificada (BRANDIMILLER,
1996). No termo situação relacionam-se coisas e/ou pessoas, já os fatos são determinados
pelas ocorrências onde coisas e/ou pessoas estão envolvidas. Os trabalhos de perícia envolvem
variadas atividades, a saber:
· Verificação de coisas, situações e fatos que foram estabelecidos, além dos documentos
que foram apresentados ao especialista da perícia;
· Realização da análise qualitativa – examinar, vistoriar e inspecionar;
· Promover o estudo quantitativo dos documentos, envolvendo avaliações, medições
e cálculos;
· Investigar situações e fatos, com a finalidade de esclarecer as circunstâncias e
determinadas relações temporais de causa-efeito, responsabilidade.
· Por meio do processo judicial, além de se informar, a Justiça analisa e decide os
conflitos de interesse nos quais não há acordo entre as partes. Na perícia judicial, onde
atuam peritos e assistentes, é fundamental a apresentação para o juízo dos elementos
considerados como relevantes, a fim de que possam ser apreciados os fatos controversos,
o que possibilita julgar a ação.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Entidades de Classe
Os sindicatos, considerados como entidades representativas de classes, atuam de forma
significante, contribuindo na legalização, fiscalização e aplicação das leis. Atualmente, ações de
ordem econômica comprometem a participação dos sindicatos de forma efetiva. Mesmo diante
deste cenário, a participação dos sindicatos nas ações que envolvem a saúde do trabalhador é
um preceito constitucional, na definição de políticas e na gestão dos serviços públicos.
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e garantir que seja disponibilizada de modo a promover a devida orientação sobre os
programas de prevenção.
Deve ainda ser verificada a aplicação rápida de medidas simples de prevenção nos locais de
trabalho e, posteriormente, a eficácia dessas medidas ou até mesmo soluções mais completas
necessárias a serem implementadas. Caso haja dúvidas em relação ao nível de um risco ocupacional,
deve-se adotar medidas conservadoras para que, assim, os riscos sejam prevenidos imediatamente.
Na incerteza ou diferença de opinião em relação ao perigo ou riscos, os profissionais de saúde no
trabalho devem manter a transparência no momento de avaliação em relação a todas as partes
envolvidas, evitando a incoerência na comunicação da opinião.
Na falta de iniciativa por parte da empresa na tomada das providências necessárias à
remoção de um risco injustificável, é necessária a adoção de medida remediadora em relação à
situação que representa um risco evidente à saúde e à segurança. Os profissionais de saúde no
trabalho devem notificar imediatamente os responsáveis da empresa, na mais alta hierarquia
possível, apontando a necessidade de se considerar o conhecimento técnico-científico.
Os trabalhadores e as organizações que os representam devem ser notificados, se for o
caso, tal como as autoridades competentes. Cabe aos profissionais de saúde no trabalho
informar de forma clara e objetiva sobre os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos,
não omitindo nenhum fato, destacando as medidas de prevenção necessárias. Esses
profissionais devem promover a informação adequada aos empregadores, trabalhadores
e seus representantes, garantindo o nível de certeza e incerteza sobre os perigos e riscos
conhecidos ou suspeitados nos locais de trabalho.
Os profissionais de saúde no trabalho devem manter o sigilo sobre as informações
industriais ou comerciais às quais tenham acesso no exercício de suas atividades, porém, não
devem omitir informação importante na proteção da saúde ou segurança dos trabalhadores
e da sociedade. Se necessário, o profissional de Medicina do trabalho deve consultar a
autoridade competente para aplicação da legislação relativa a este tema.
Devem ser definidos os métodos da saúde no trabalho, como os procedimentos de vigilância
da saúde e seus objetivos, a fim de que os locais de trabalho e os trabalhadores possam ser
informados e posteriormente adaptados às mudanças. Para que haja a vigilância, deve haver
o consentimento dos trabalhadores envolvidos e suas consequências, sejam negativas ou
positivas, ocasionadas pela participação nos programas de vigilância da saúde e detecção
precoce – screening – discutidas com todos os envolvidos, sendo esta parte integrante do
processo de consentimento. Dessa forma, é de responsabilidade do profissional da saúde
manter a vigilância, de forma que o mesmo deve ser credenciado por autoridade competente e
os trabalhadores envolvidos devem ter acesso aos exames realizados no contexto da vigilância
de saúde na empresa.
Termo é o documento utilizado para a análise da capacidade de exercício da função pretendida
ou de contraindicação de ordem médica para a transmissão dos resultados dos exames restritos
pela legislação nacional ou por normas específicas. Nesses termos são informadas as condições
de trabalho ou exposições ocupacionais. Informações sobre a capacidade de trabalho relacionada
à condição de saúde ou potenciais efeitos adversos em relação à saúde do candidato devem ser
informadas ao empregador após o consentimento do trabalhador somente se esse procedimento
se fizer necessário para garantir a proteção de sua saúde.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Deve ser informado ao trabalhador sobre seu estado de saúde e a natureza do trabalho
realizado quando esta oferece perigo à segurança de terceiros. Caso se trate de circunstância
particularmente perigosa à administração e esteja prevista em legislação vigente, a autoridade
competente deve ser comunicada sobre medidas necessárias para assegurar pessoas vulneráveis
aos riscos.
Os exames e pesquisas de laboratórios devem ser realizados em função da validade e de
sua capacidade de assegurar a proteção à saúde do trabalhador, considerando a sensibilidade
e a necessidade de revisão desses exames. Exames de screening ou testes laboratoriais,
quando não confiáveis, não devem ser utilizados, uma vez que não têm valor suficiente
que atenda à sua finalidade, em função do posto de trabalho específico. O mais indicado
é se optar pelos métodos não invasivos e aos exames que não ofereçam risco à saúde dos
trabalhadores, tendo em vista que os exames invasivos ou que ofereçam algum grau de risco
aos trabalhadores podem ser realizados somente após a análise dos benefícios e riscos. O
trabalhador deve consentir com a realização de tais exames, os quais devem seguir padrões
profissionais elevados.
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profissional. No caso de dúvidas, devem ser verificados os termos de contrato e discutidos com
autoridades competentes.
Os profissionais de saúde no trabalho devem manter os arquivos e registros utilizados
para identificar problemas de saúde na empresa com devido grau de confidencialidade. Tais
registros são dados sobre vigilância nos ambientes de trabalho, dados de pessoas, como o
histórico profissional e informações de interesse da saúde do trabalhador, registro de exposição
ocupacional e atestado de capacidade para o trabalho. É assegurado ao trabalhador o direito
de acesso aos documentos e às informações que lhe dizem respeito.
Os exames médicos e de laboratórios individuais devem ser mantidos em arquivos médicos
confidenciais, guardados de forma segura, sob a responsabilidade do médico do trabalho
ou enfermeiro do trabalho. O acesso aos prontuários, a sua transmissão e a liberação de
informações devem se dar em conformidade com a legislação nacional pertinente, de acordo
com o Código de Ética das Profissões de Saúde, onde as informações contidas nos prontuários
são utilizadas exclusivamente com o propósito de segurança no trabalho.
Os processos produtivos podem deixar o trabalhador exposto a agentes que, sem o devido
o monitoramento e controle, causam doenças irreversíveis e até mesmo a morte. Movimentos
repetitivos podem ser considerados como agentes causadores de doenças ocupacionais,
agravando a saúde do trabalhador. Causas indiretas estão ligadas ao bem-estar dos trabalhadores
como, por exemplo, analfabetismo, tabagismo, inadequada habilitação, entre outras. Para
evitar esses fatores, criaram-se leis obrigando as empresas a dedicarem maior atenção à
saúde dos trabalhadores, realizando exames médicos admissionais, periódicos, de retorno ao
trabalho, de mudança de função, demissionais, ou cumprindo programas de controle médico de
saúde ocupacional, a fim de proporcionar melhor condição de trabalho e monitorar possíveis
problemas de saúde, identificando locais de risco e adotando medidas, visando à redução das
doenças ocupacionais.
Ambiente do Trabalhador
O trabalhador integra o meio ambiente, formado através do espaço dentro e fora do local
de trabalho. Com a intensificação da busca pela melhoria da qualidade de vida e nos processos
produtivos, utilizou-se dos avanços tecnológicos, o que, com a utilização dos recursos naturais,
comprometeu a própria sobrevivência do homem.
Os resíduos sólidos e líquidos resultantes dos processos produtivos, se não tiverem o devido
destino, entrarão em contato com elementos da natureza, o que prejudicará a qualidade
do ar, a agricultura, a pecuária e as águas, destruindo os elementos naturais, resultando no
esgotamento dos recursos. Na atualidade, não há organização de defesa ecológica que não
esteja preocupada com a destruição da camada de ozônio, provocada por produtos químicos
lançados na atmosfera. A qualidade de vida do ser humano afeta seu desempenho no local de
trabalho, de modo que quanto melhor estiverem suas funções orgânicas, melhor será a sua
resistência e menor será a fadiga e o estresse.
A propensão a cometer erros, a sofrer ou a causar acidentes está ligada ao contexto do
homem organicamente comprometido, onde o estado de saúde física e mental pode ser
afetado pelas condições ambientais, dentro ou fora do ambiente do trabalho.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
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· Biológicos: fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos etc.;
· Ergonômicos e psicossociais: levantamento e transporte manual de peso, repetitividade,
ritmo excessivo, imposição de nível de produtividade, relações de trabalho impositivas etc.;
· Mecânicos e de acidentes: arranjo físico, iluminação inadequada, incêndio, probabilidade
de explosão, eletricidade imprópria etc.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
sobre seu trabalho? Se conhece outros trabalhadores com problemas semelhantes aos seus?
Assim é possível se ter uma ideia das condições de trabalho e de suas repercussões sobre
a saúde do trabalhador.
Igual importância deve ser dada às ocupações anteriormente desempenhadas pelo
trabalhador, particularmente aquelas às quais o trabalhador dedicou mais tempo ou que
envolveram situações de maior risco à sua saúde.
Vários roteiros para a realização da anamnese ocupacional estão disponíveis, podendo
ser adaptados às necessidades e/ou particularidades dos serviços de saúde e da população
trabalhadora atendida. Podem ser abreviados e expandidos, ou focalizar algum aspecto
particular, de acordo com as queixas e o quadro do paciente.
Ainda que não seja possível fazer um diagnóstico de certeza, a história ocupacional colhida
do trabalhador servirá para orientar o raciocínio clínico quanto à contribuição do trabalho, atual
ou anterior, na determinação, evolução ou agravamento da doença. A história ocupacional
pode desvelar a exposição a uma situação ou fator de risco para a saúde presente no trabalho
que, mesmo na ausência de qualquer manifestação clínica e laboratorial, indique a necessidade
de monitoramento ou vigilância, como no caso de um paciente que relata, na sua história
ocupacional, exposição significativa ao asbesto, à sílica ou a solventes orgânicos, por exemplo.
Além da ocupação atual, é importante investigar as anteriores, em função da variabilidade dos
períodos de latência requeridos para o surgimento de uma patologia relacionada ao trabalho:
de algumas horas, como no caso de uma conjuntivite por exposição a irritantes químicos ou
para o desencadeamento de um quadro de asma ocupacional; a períodos superiores a vinte
anos, como no caso da silicose e de alguns cânceres.
Em algumas situações particulares pode ser útil a realização da anamnese ocupacional de um
grupo de trabalhadores que desenvolvem uma mesma atividade – grupo operário homogêneo
–, em uma adaptação da metodologia desenvolvida por profissionais de saúde e sindicalistas
italianos, na década de 1980. Essa prática tem se revelado um importante instrumento
de resgate e valorização do saber dos trabalhadores sobre os processos de trabalho, suas
consequências à saúde e à identificação de estratégias visando à melhoria das condições de
trabalho e saúde.
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· Tipo de relação causal ao trabalho: conforme classificação de Schilling, o trabalho é
considerado causa necessária (Tipo I)? Fator de risco contributivo de doença de etiologia
multicausal (Tipo II)? Fator desencadeante ou agravante de doença preexistente (Tipo III)?
No caso de doenças relacionadas ao trabalho, do Tipo II, as outras causas, não ocupacionais,
foram devidamente analisadas e hierarquicamente consideradas em relação às causas de
natureza ocupacional?
· Grau de intensidade da exposição: é adaptável à causa da doença?
· Tempo de exposição: é o bastante para causar a doença?
· Tempo de latência: é o tempo necessário para que a doença se instale e manifeste?
· Registros anteriores: qual a verificação do estado anterior da saúde do trabalhador? Depois
de verificados, os registros contribuem para a relação causal ao estado atual e ao trabalho?
· Evidências epidemiológicas: é verificada a evidência epidemiológica que reforce a
relação causal entre a doença e o trabalho atual ou precedente do segurado?
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Bases Técnicas para o Controle dos Fatores de Risco e para a Melhoria dos Ambientes
e das Condições de Trabalho
Para eliminar ou reduzir a exposição a condições, riscos e melhorar o ambiente de trabalho
para promover a saúde do trabalhador, é necessária a utilização das soluções técnicas mais
avançadas, as quais necessitam de maior investimento. Em alguns ambientes de trabalho,
apenas algumas medidas que são simples e pouco onerosas às empresas, quando utilizadas,
apresentam impactos positivos, tanto na saúde do trabalhado quanto ao meio ambiente. São
necessárias algumas etapas para o controle das condições de risco, saúde e melhoria do
ambiente, a saber:
· Verificar condições de risco para a saúde no ambiente de trabalho;
· Caracterizar e quantificar as condições de risco;
· Promover alternativas que possibilitem eliminar ou controlar as condições de risco;
· Implementar e avaliar as medidas adotadas.
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A preocupação com o meio ambiente e com a saúde da população é um tema extremamente
defendido na atualidade, isto fortalece a busca por mudanças nos processos de trabalho considerados
lesivos à saúde da população e ao ambiente, o que é ampliado à saúde do trabalhador.
Mais informações e o aprofundamento dessas questões poderão ser encontrados nas
Referências desta Unidade.
O Corpo Humano
A Anatomia Humana é a Ciência que estuda a forma, o conhecimento do corpo humano
com a descrição dos ossos, articulações, músculos, vasos e nervos, de modo que a Fisiologia
visa conhecer o funcionamento do organismo. Assim, ambas as ciências não devem ser
fragmentadas.
O corpo humano é composto por uma cabeça, constituída por crânio e face, pescoço ou
região cervical, tronco – tórax, abdome e região pélvica ou quadril –, dois membros superiores
– braços, antebraços e mãos – e dois membros inferiores – coxas, pernas, pés.
A posição anatômica é uma convenção adotada em Anatomia para descrever as posições
espaciais dos órgãos, ossos e demais componentes do corpo humano. Na posição anatômica,
o corpo estudado deve ficar ereto – de pé –, calcanhares unidos, com os olhos voltados para
o horizonte, os pés apontados para frente e perpendiculares ao restante do corpo, braços
estendidos e alinhados ao tronco e com as palmas das mãos voltadas para frente – os dedos
estendidos e unidos (BRASIL, 2003).
O corpo humano na posição anatômica pode ser dividido em planos, os quais:
· Plano sagital, onde se visualiza a porção direita e esquerda do corpo;
· Plano coronal – frontal –, que se refere à porção anterior ou ventral e posterior ou dorsal;
· Plano transversal, que possibilita observar a porção cranial – superior ou proximal – e a
caudal – inferior ou distal – do corpo.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
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Homens e mulheres têm ossos de tamanhos diferentes. A bacia feminina, por exemplo,
tem formato mais circular que a do homem e uma cavidade maior, importante para
facilitar a passagem do bebê durante o parto normal.
Cartilagens
A cartilagem é um tecido flexível constituído por fibras colágenas, em sua estrutura não há
vasos sanguíneos. As cartilagens se dividem em três tipos: hialina, fibrosa ou fibrocartilagem
e a elástica:
· Hialina – reveste as superfícies articulares e é encontrada nas paredes das fossas nasais,
traqueia e brônquios, na extremidade ventral das costelas e recobre as superfícies articulares
dos ossos longos;
· Fibrosa ou fibrocartilagem – tecido intermediário entre o conjuntivo denso e a cartilagem
hialina. Pode ser encontrada nos discos intervertebrais, sínfise púbica, entre outros locais.
· Elástica – é semelhante à hialina. No entanto, além de fibrilas de colágeno, inclui
também uma grande rede de fibras elásticas de espessura fina e contínua. Pode ser
encontrada no pavilhão auditivo, conduto auditivo externo, na epiglote e na cartilagem
da laringe (BRASIL, 2003).
Articulações
Caracteriza-se como a junção de dois ou mais ossos distintos, permitindo a movimentação.
As articulações podem ser divididas de acordo com o material que une os ossos em
fibrosas que são unidas por tecido fibroso; as cartilagíneas, unidas por cartilagem ou por
uma combinação de cartilagem e tecido fibroso e sinoviais, unidas por cartilagem com
uma membrana sinovial que circunda a cavidade articular. A maioria dessas articulações
possui o líquido sinovial, cuja função lubrificante impede o atrito e facilita a execução do
movimento. As articulações sinoviais são as mais comuns, estão presentes em quase todas
as articulações dos membros e proporcionam o movimento livre entre os ossos. Essas
articulações são envolvidas por uma cápsula articular fibrosa, internamente revestida por
uma membrana sinovial.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
A junção com os ossos pode ser denominada, conforme suas características, como diartrose
– articulação móvel –, sinartrose – articulação imóvel ou fixa – e anfiartrose – articulação
semimóvel. Abaixo temos alguns exemplos:
· Diartrose: a articulação do ombro com o braço e a articulação do joelho;
· Sinartrose: ossos do crânio que estão firmemente encaixados e são imóveis;
· Anfiartrose: coluna vertebral, que possui movimentos limitados. Junto às articulações,
encontram-se os ligamentos que são responsáveis pela união dos ossos e limitam o
movimento a determinadas direções.
Músculos
Os músculos distribuem-se por todo o corpo e sua principal característica é a capacidade
“elástica” de contração e distensão. A musculatura é utilizada em todos os movimentos realizados,
sejam intencionais ou não. Muitos são constituídos por fibras, possuem forma alongada, parte
central alargada e extremidades afuniladas que se fixam aos ossos ou órgãos por meio de
tendões – cordões fibrosos – ou aponeuroses – lâminas fibrosas. Cada fibra muscular é uma
célula com vários núcleos e filamentos microscópicos a preencher seu citoplasma. O conjunto
de fibras constitui o feixe muscular e cada músculo constitui numerosos feixes (BRASIL,
2003). Existem, ainda, músculos de formato plano, como a musculatura abdominal e glútea.
A musculatura diferencia-se de acordo com a função a ser desempenhada em musculatura
esquelética estriada, lisa ou visceral e musculatura estriada cardíaca:
· Musculatura esquelética estriada – situa-se nas camadas superficiais do corpo e
recobre todo o esqueleto, permitindo controlar os movimentos da face, braços etc. Seus
movimentos são voluntários, obedecem aos nossos comandos;
· Musculatura lisa ou visceral – é responsável pelo movimento de órgãos como
esôfago, estômago e intestinos, assim como os vasos sanguíneos. Contrai-se lentamente,
independente de nossa vontade, determinando uma contratação denominada tônica;
· Musculatura estriada cardíaca – conhecida como miocárdio, é responsável pelas
contrações cardíacas de forma involuntária, apesar de ser composto por fibras estriadas.
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· Bucinador: musculatura da bochecha que permite inflar e contrair;
· Masseter: localizados nos lados da face, movimentam-se durante a mastigação;
· Orbicular dos lábios: situado ao redor dos lábios, responsável pela movimentação
para realizar a sucção, beijo e assobio;
· Músculo depressor do lábio inferior: atua na projeção do lábio inferior e na contração
do queixo.
Músculos do Tronco
Os músculos do tronco são apresentados como a musculatura do tórax e musculatura do
abdome. Os principais músculos do tórax são:
· Trapézio: encontra-se na região superior das costas e é responsável pela elevação
dos ombros;
· Grande dorsal: localizado na região inferior das costas e tem como principal função
elevar os braços para trás;
· Peitoral maior: musculatura do peito que permite movimentar os braços para frente;
· Serrátil: localiza-se na parte lateral do tórax e promove a elevação das costelas, auxiliando
no processo de respiração.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
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Material Complementar
Leituras:
Vigilância epidemiológica de doenças ocupacionais
AUGUSTO, L. G. da S. et al. Vigilância epidemiológica de doenças ocupacionais. 21
out. 2014. Disponível em: https://goo.gl/iegshG
Doenças Ocupacionais
DOENÇAS Ocupacionais. [20--]. Disponível em: https://goo.gl/ONqIrv
Doenças Ocupacionais
DOENÇAS Ocupacionais: o que são e como preveni-las? Boletim Cipa, 7 mar. 2013.
Disponível em: http://goo.gl/gl4ZRU
Acidentes de trabalho e doença ocupacional:
OLIVEIRA, B. R. G. de.; MUROFUSE, N. T. Acidentes de trabalho e doença
ocupacional: estudo sobre o conhecimento do trabalhador hospitalar dos riscos à saúde
de seu trabalho. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, v. 9, n.
1, p. 109-115, jan. 2001. Disponível em: http://goo.gl/LZRUWb
As doenças respiratórias ocupacionais causadas pela poeira na armazenagem de grãos vegetais
TIETBOEHL FILHO, C. N. As doenças respiratórias ocupacionais causadas pela poeira
na armazenagem de grãos vegetais. 2004. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2004. Disponível em: http://goo.gl/im4QOX
Doenças respiratórias profissionais
UVA, A. S.; LEITE, E. Doenças respiratórias profissionais: mais vale prevenir que
remediar. [20--?]. Disponível em: https://goo.gl/18kO67
Livros:
Alternativa e processos de vigilância em saúde do trabalhador
MACHADO, J. H. M. Alternativa e processos de vigilância em saúde do trabalhador:
a heterogeneidade da intervenção. 1996. Tese (Doutorado) - Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1996.
Patologia do trabalho
MENDES, R. (Org.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995.
A construção do campo da saúde do trabalhador
MINAYO GOMEZ, C.; COSTA, S. T. A construção do campo da saúde do trabalhador:
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Sistema de informação em saúde do trabalhador no SUS
NOBRE, L.; FREITAS, C. V. Sistema de informação em saúde do trabalhador no SUS:
proposta de sistema de informação de riscos e danos no trabalho a partir do nível local.
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Referências
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OLIVEIRA, S. G. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo: LTr, 2001.
Tratado prático de enfermagem. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis Editora, 2008
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Unidade: Introdução à Medicina do trabalho
Anotações
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