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Cana de Açucar Energia
Cana de Açucar Energia
Articulação internacional
Rio Grande do Sul discute
na agenda estratégica da
caminhos da Agroenergia
Páginas 8 a 11 Embrapa Agroenergia
Páginas 7, 19 a 21
Editorial
EXPEDIENTE
Esta é a edição nº 36, de 14 de novembro de 2012, Chefe-Adjunta de Administração: Maria do Carmo
Embrapa Agroenergia do jornal Agroenergético, publicação mensal de Morais Matias. Jornalista Responsável: Daniela
Parque Estação Biológica - PqEB s/n° de responsabilidade da Núcleo de Comunicação Garcia Collares (MTb/114/01 RR). Redação:
Av. W3 Norte (final) Organizacional da Embrapa Agroenergia. Chefe- Daniela Collares e Vivian Chies (MTb 42643/SP).
Edifício Embrapa Agroenergia Geral: Manoel Teixeira Souza Júnior. Chefe- Estagiária de jornalismo: Lais Oliveira. Projeto
Caixa Postal: 40.315 Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Guy de gráfico e diagramação: Goreti Braga. Revisão:
70770-901 - Brasília (DF) Capdeville. Chefe-Adjunto de Transferência de José Manuel Cabral. Foto da capa: Goreti Braga
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Edição nº 35 3
compostos químicos renováveis de alto valor agregado Em Fortaleza, os microrganismos selecionados serão cul-
(C5-AGREGA)”. tivados em biorreator para realizar a conversão desejada.
“Neste caso, o desafio é maximizar as taxas de conversão”,
O projeto visa a obter substâncias utilizadas pelas indús- salientou o pesquisador Gustavo Saavedra da Embrapa
trias químicas tradicionais e pelas que trabalham com Agroindustria Tropical. “Vamos pegar a xílose, que vem
química fina. O objeto de estudo é a D-xilose, o açúcar de materiais lignocelulósicos e transformá-las em ácidos
mais abundante na hemicelulose do bagaço da cana. A orgânicos, utilizando bactérias”, destacou.
parede celular das plantas é formada, principalmente,
por lignina, celulose e hemicelulose. Na plataforma química, o professor associados da USP,
Paulo Marcos Donate, irá encontrar maneiras de transfor-
Esta é constituída, entre outras substâncias, por xilose, mar biomassa da cana-de-açúcar em produtos químicos
um açúcar de cinco carbonos (pentose), cuja fermen- de maior valor agregado. Pela Universidade, em parceria
tação a etanol ainda não é viável. “Estamos tentando com a Embrapa, também será feita a análise estrutural
descobrir um destino nobre para a xilose”, chamou a dos produtos obtidos. Caberá à Braskem a avaliação eco-
atenção o pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder nômica de todas às ações do projeto.
do projeto, Silvio Vaz Jr.
“As possibilidades apresentadas pelo projeto de troca
Para desenvolver o trabalho, que tem duração de três ou substituição de matérias-primas de origem petroquí-
anos, foi constituída uma rede de pesquisa da qual tam- mica por matérias-primas renováveis, e a valorização da
bém fazem parte as unidades da Embrapa Agroindús- biomassa residual, devem ser vistas como contribuições
tria Tropical (Fortaleza/CE), Cerrados (Planaltina/DF) e relevantes deste projeto para a Economia Verde”, con-
Instrumentação (São Carlos/SP), a Braskem, o CTBE e a cluiu Silvio Vaz.
Universidade de São Paulo.
Foto: Laís Oliveira
E
studar a produção do etanol as etapas do processo de produção é temos uma equipe muito qualificada,
celulósico do início ao fim é bem maior do que o do etanol obtido que nos permite enfrentar um desa-
o objetivo do projeto de pes- do caldo da cana-de-açúcar” afirma fio como esse”, comenta a líder do
quisa, liderado pela Embrapa Agro- a pesquisadora. projeto.
energia, que começou em outubro.
A proposta do projeto é desenvolver O projeto da Embrapa atuará em O trabalho conta com uma impor-
um processo sustentável integrado várias frentes: desenvolvimento de tante rede de parceiros. O professor
de produção do biocombustível a métodos analíticos mais rápidos e Francides Gomes da Silva Junior, da
partir de bagaço de cana-de-açúcar eficientes para a caracterização das Escola Superior de Agricultura Luiz
e capim-elefante. A pesquisadora matérias-primas; teste de vários de Queiroz da Universidade de São
líder da iniciativa, Cristina Machado, métodos de pré-tratamento da Paulo, (Esalq/USP de Piracicaba, SP),
conta que a ideia é fazer desse pro- biomassa, bem como de hidrólise acredita que o trabalho vai permitir
jeto a base para uma plataforma de enzimática; fermentação; destino avanços na padronização de meto-
pesquisa sobre etanol celulósico (2ª de coprodutos e resíduos, principal- dologias para avaliação de matérias-
geração – 2G) na Embrapa. “Embora mente pentoses, vinhaça e lignina; -primas e processos para produção
já se saiba como produzir etanol celu- análise de pré-viabilidade econô- de etanol celulósico.
lósico, ainda é preciso reduzir os cus- mica. Para dar conta de todo o tra-
tos de produção para que o produto balho, boa parte da equipe de Pes- Por sua vez, o pesquisador Renato
chegue ao mercado, aumentando a quisa, Desenvolvimento & Inovação Carrhá, da Embrapa Agroindústria
oferta de biocombustíveis no País. da Embrapa Agroenergia (Brasília, Tropical (Fortaleza, CE), responsá-
Além disso, o tempo gasto em todas DF) está envolvida no projeto. “Hoje vel pelos testes para avaliação do
Edição nº 35 5
hies
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: Viv
Foto
Foto: Vivian Chies
O s indicadores,
estabelecidos
em 2011 pela Sociedade
Global de Bioenergia –
GBEP, sob os três pilares do
desenvolvimento sustentável
(ambiental, social e econômico), pretendem
guiar qualquer análise feita em bioenergia
no nível doméstico com uma visão para
informar as tomadas de decisão e facilitar
o desenvolvimento sustentável da
bioenergia.
No dia 15, dois seminários estão na programação. Na parte da manhã, o seminário “Compartilhamento
de dados e experiências em implementação de indicadores GBEP”. E, na parte da tarde, o de “Viagens
de estudo para capacitação e treinamento”.
No último dia, acontece a 3ª reunião do Grupo de Trabalho GBEP em Capacitação para Bioenergia
Sustentável e 14ª reunião do Comitê de Direção GBEP.
8 Agroenergético
SIMPÓSIO DE
AGROENERGIA DEBATE
MODELOS DE PRODUÇÃO
No Simpósio foram debatidos os estudos estratégicos, resíduos agícolas e florestais, em parceria com as empre-
visando analisar as principais questões que afetam a sas Biomax e BRHBioenergia. No Estado, empresários já
competitividade das cadeias produtivas do biodiesel, do estão de olho neste novo nicho de mercado que também
biogás e do etanol no Rio Grande do Sul. Tal esforço tem beneficia os municípios e o Estado.
por finalidade inserir o Estado no cenário brasileiro da
produção de biocombustíveis, com foco no suprimento O Rio Grande do Sul tem quatro empresas produzindo
da demanda local, regional e internacional. briquetes utilizando casca de arroz e serragem de pinho
e eucalipto. Os briquetes são considerados uma espécie
Os eventos contaram com apoio da Agência Gaúcha de de “lenha ecológica” e, no Estado, já são vendidos em
Desenvolvimento e promoção do Investimento, da Secre- supermercados e lojas agropecuárias para uso doméstico
taria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento do em lareiras e churrasqueiras, ou para uso comercial em
Estado do Rio Grande do Sul, da Embrapa Agroenergia, padarias e pizzarias. Os briquetes são mais higiênicos,
do Ministério do Desenvolvimento Agrário e das Univer- mais fáceis de transportar, armazenar e manusear do
sidades Federal do Paraná e de Santa Maria. que a lenha. “Nas grandes cidades devido à dificuldade
de entrar caminhões, não é muito fácil encontrar lenha
Exposição para comprar“, salientou Milton Gonçalves, proprietá-
rio da Empresa BRH Bioenergia. Além disso, o uso dessa
A Embrapa Agroenergia também participou do Simpósio “lenha ecológica” evita o corte de árvores com a finali-
com a exposição da tecnologia de briquetes a partir de dade exclusiva de geração de calor.
de estresse por frio, boa sanidade vegetal, colheita em a forma de plantio, o sistema de colheita, a garantia de
início e meio de safra com elevada riqueza e crescimento preço do produto e um espaço promissor de mercado, ele
rápido. “Elas apresentaram excelente produtividade em sente-se confiante”, considerou. Já o incremento indus-
qualidade e riqueza de colmo e de açúcar”, considerou. trial inspira fortalecimento regional. Para ele, as indústrias
O pesquisador mostrou ainda um comparativo de cres- do Estado é que vão ganhar mais opções de inserção em
cimento de produção entre as cultivares já conhecidas agroenergia. “As indústrias do centro do país não vão
– uma média de 34 toneladas/há- e as testadas, que ocupar o Estado, eles possuem um paradigma de que a
demonstraram uma produção média de 96 toneladas/ cana-de-açúcar não se desenvolve no Rio Grande do Sul”,
há nos três anos de experimentação. garantiu. A partir do lançamento destas variedades, as
instituições acreditam na possibilidade de instalação de
Durante os testes foram realizadas 22 colheitas, com três três a quatro novas indústrias locais no Estado. “O que
cortes, entre as safras de 2010 a 2012. Os municípios o Estado necessita são políticas públicas de incentivo à
gaúchos que participaram deste processo de pesquisa produção e modelos de produção diferenciados, volta-
são: Santa Rosa, Erechim, São Luiz Gonzaga, Jaguari, São dos às pequenas propriedades”, enfatizou o professor
Borja, Porto Xavier, Salto do Jacuí, Santa Maria, Pelotas, Edelclaiton.
Viamão e Caxias do Sul.
O convênio
As indicações das variedades lançadas na abertura do
Simpósio Estadual de Agroenergia e da IV Reunião Técnica O lançamento das cultivares foi fortalecido pela assina-
de Agroenergia servem de parâmetros na experimentação tura de convênio de cooperação técnica firmado entre
agrícola para futuros materiais, ou clones, que já estão a Ridesa, representada pela Universidade Federal do
ou que serão testados. “Temos agora uma referência. O Paraná (UFPR) e a Embrapa, através da unidade de pes-
material que virá das universidades para serem testadas quisa Clima Temperado, de Pelotas/RS. A ação estabelece
no Rio Grande do Sul tem que ser superiores em produ- a formalização de uma parceria já existente, mas que
tividade e riqueza a essas que estão sendo indicadas”, define realização de pesquisas relacionadas ao desen-
disse o professor Edelclaiton. volvimento de tecnologias agronômicas e industriais da
cadeia produtiva da cana-de-açúcar, desenvolvimento de
Segundo Sergio dos Anjos, o Estado tem uma produção novos insumos e formação de recursos humanos.
de 37 mil há para cana-de-açúcar, com a confirmação
realizada através do lançamento destas indicações de cul- A assinatura do convênio foi feita pelo professor Edel-
tivares para o Rio Grande do Sul “é possível que tenhamos claiton Daros, representando o reitor da UFPR, Zaki Akel
dentro de cinco a 10 anos, cerca de 300 mil há dedicados Sobrinho e o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado,
à cultura”. Desta forma, os gaúchos passam a ser foco Clenio Pillon. O ato foi apadrinhado pelas assinaturas
de atenção para inserir-se no mercado do etanol, visto do diretor-executivo de Transferência de Tecnologia da
que as condições climáticas foram enfatizadas como não Embrapa, Waldyr Stumpf Jr e o diretor-presidente da
sendo entraves para o cultivo. “Se pensávamos que as Emater/RS, Lino de David.
geadas seriam um condicionante de impedimento para
Foto: Paulo Lanzetta
Quanto à receptividade pelos agricultores, o professor Mais informações sobre a programação no link: http://
Edelclaiton identifica a segurança o item de maior rele- www.emater.tche.br/site/br/arquivos/area/seminarios/
vância pelo segmento. “Se o agricultor estiver seguro com agroenergia/programacao.pdf
14 Agroenergético
A genômica oferece inúmeras ferramentas que podem ser integradas a programas de melhoramento
genético para ajudar o desenvolvimento ou mesmo a construção biológica de matérias-primas.
(ii) Matéria-prima ou matéria-prima potencial, para pro- A abordagem de melhoramento genômico depende da
dução de etanol com base em tecnologias de segunda utilização de marcadores moleculares para auxiliar ou
permitir a seleção de genótipos desejáveis, conside-
geração (i.e. etanol produzido a partir de materiais lig-
rando a variabilidade atual disponível. O melhoramento
nocelulósicos); ou
genômico também é fortemente dependente da gené-
tica quantitativa e de teorias de genética/genômica de
(iii) Matéria-prima para produção de biodiesel. Embora as
populações. Independentemente da abordagem utilizada,
tecnologias para a produção de biocombustíveis de pri- está claro que o entendimento de como os genótipos
meira geração estejam relativamente bem desenvolvidas, determinam os fenótipos é necessário.
a tecnologia para produzir etanol a partir da biomassa
lignocelulósica e biodiesel a partir de espécies não tradi- O primeiro passo para o desenvolvimento de culturas
cionais ainda não esta completamente madura. Ainda que dedicadas à bioenergia com a abordagem de biotecnolo-
essas tecnologias estivessem totalmente desenvolvidas, gia baseada em genômica é o sequenciamento completo
uma barreira continuaria a existir: as matérias-primas do genoma de culturas energéticas. As tecnologias genô-
utilizadas como fonte de bioenergia não foram desen- micas, em particular de métodos de sequenciamento, de
volvidas com essa finalidade. A produção de bioenergia genotipagem e análise de transcritos em larga escala, têm
pode, portanto, tornar-se muito mais eficiente se não só avançado consideravelmente desde a virada do século e
os processos de conversão, mas também a matéria-prima hoje qualquer planta pode ter seu genoma sequenciado
utilizada para gerar biodiesel e etanol, forem otimizados de forma rápida, precisa e relativamente barata. Junta-
mente com as ferramentas de genômica funcional, que
para este fim.
permitem o estudo da expressão de milhares de genes
em paralelo em uma variedade de tecidos e situações,
Nesse contexto, a genômica oferece inúmeras ferramen-
genes e elementos regulatórios envolvidos no controle
tas que podem ser integradas a programas de melho-
de características de interesse para a agroenergia podem
ramento genético para ajudar o desenvolvimento ou ser identificados e isolados. Uma vez que os genes e ele-
mesmo a construção biológica, de matérias-primas com mentos regulatórios (promotores, ativadores e fatores de
excelente desempenho na produção de bioenergia. Basi- transcrição) tenham sido identificados, eles podem ser
camente, isso pode ser realizado por meio da abordagem utilizados para uma variedade de aplicações que visam
biotecnológica baseada em genômica ou por meio da ao desenvolvimento de culturas dedicadas a bioenergia,
abordagem de melhoramento genômico. tais como:
Edição nº 35 15
• Resistência a estresses abióticos e bióticos; Na situação descrita, um feedback positivo ocorre tendo
em vista o fato da sequência do genoma ser um pré-requi-
• Aumento de biomassa por meio da manipulação do sito fundamental para explorar plenamente a abordagem
desenvolvimento da planta; de melhoramento genômico Também o mapeamento de
QTLs, mapeamento de associação e a genética-genômica
• Expressão in planta de enzimas relacionadas à degra- podem ajudar a identificar genes candidatos ou elemen-
dação da parede celular; tos regulatórios envolvidos no controle genético de carac-
terísticas quantitativas de interesse para a agroenergia.
• Bioconfinamento de transgenes; e Esses genes e elementos podem ser, posteriormente,
testados e eventualmente empregados na abordagem
• Desenvolvimento de outras matérias-primas perenes. biotecnológica.
Os dados gerados com o sequenciamento de genomas e Considerando que recursos genômicos estão atualmente
projetos de genômica funcional com espécies energéticas disponíveis para muitas espécies energéticas e que aque-
não apenas fornecem informações pertinentes sobre a les ainda não disponíveis devem ser desenvolvidos para
função dos genes, mas também fornecem estrutura pode- estas espécies em alguns anos, a principal limitação para
rosa para a rápida identificação de marcadores molecula- o entendimento de como genótipos determinam fenóti-
res. Como esses marcadores estão sendo desenvolvidos pos, será, provavelmente, a disponibilidade de materiais
para muitas culturas energéticas, eles podem ser usados experimentais apropriados e de métodos precisos de
para uma variedade de aplicações em um programa de fenotipagem de alto rendimento para características de
melhoramento genético, segundo a estratégia de melho- interesse.
ramento genômico. Suas principais aplicações são:
• Mapeamento de associação; e
• Genética-genômica.
EMBRAPA DIVULGA
USOS ENERGÉTICOS
DA BIOMASSA NA
BIOTECH FAIR 2012
A diversificação de biomassa
foi apontada pelo chefe-
geral da Embrapa Agroenergia,
óleo de soja. Considerando o incre-
mento de produção esperado para
essa oleaginosa, é possível que ela
com plantas com potencial de alto
rendimento de óleo. Uma delas é
a palma-de-óleo (dendê). Embora
Manoel Teixeira Souza Júnior, como consiga atender às indústrias até seja cultivada há décadas no Brasil, a
elemento chave para garantir o 2020, se continuar em vigor o B5. produção ainda é muito baixa. Souza
futuro do programa brasileiro de No entanto, num cenário em que a conta que atualmente o País importa
biodiesel. Souza falou sobre o tema adição seja de 10% (B10), como pre- 60% do óleo de dendê que consome,
durante o 7º. Congresso Internacional tende o governo brasileiro, começa- embora disponha de uma grande
de Bioenergia, que aconteceu de 30 rão a surgir dificuldades para abaste- área apta para o cultivo. Estudos da
de outubro a 1º de novembro, em cer o mercado com uma dependência Embrapa apontam que existem mais
São Paulo. tão grande dessa cultura. “Um 7 milhões de hectares de terras brasi-
aumento de 30% na produtividade leiras em que a palma-de-óleo pode-
Dados apresentados pelo pesqui- da soja poderia garantir o B10, mas ria ser cultivada sem necessidade de
sador mostraram que, em 2011, o não o B20”, alerta o chefe-geral da irrigação tampouco comprometendo
setor de transportes foi responsável Embrapa Agroenergia. regiões de proteção ambiental.
por quase um terço do consumo de
energia no Brasil. A necessidade de Inserir outras biomassas na cadeia “Temos terras e tecnologia dispo-
combustíveis desse segmento tende produtiva do biodiesel não é apenas níveis para produzir dendê. O que
a aumentar, haja vista o crescimento uma questão de atender ao mercado, falta são sementes e estudos de
econômico e o consequente aumento mas também um fator essencial genética”, ressalta Souza, informando
da frota de veículos no País. Mesmo para regionalizar a produção, hoje que o Brasil importou 15 milhões de
que a proporção de biodiesel adicio- concentrada no Centro-Sul do País. sementes nos últimos dois anos. As
nada ao óleo diesel continue em 5% Além disso, a demanda por biocom- pesquisas também estão concen-
(B5), será necessário ampliar em bustíveis para aviação deve acirrar a tradas no aproveitamento dos seis
mais de 50% a produção até 2020. De disputa por óleos. resíduos já identificados da produção
acordo com Souza, garantir matéria- de dendê.
-prima é um dos desafios para que Alternativas
isso aconteça. Outras culturas com potencial de uti-
Para permitir a diversificação de lização na produção de biodiesel que
Atualmente, cerca de 80% do biodie- matérias-primas, a Embrapa Agroe- estão sendo estudadas pela Embrapa
sel brasileiro é produzido a partir de nergia está investindo em pesquisas Agroenergia são o pinhão-manso e
Edição nº 35 17
No estande da Embrapa Agroenergia visitantes Sílvio Tavares, pesquisador da Embrapa Solos, e a estagiária
conheceram o processo de produção de briquetes. Thaís Estevão, com o pôster apresentado no Congresso.
18 Agroenergético
A proveitamento de resíduos,
produção de biogás e de
biocombustível de aviação foram os
Venezuela
outros produtos. “Para desenvolver essas ações, con- programa para geração elétrica, principalmente, para
tamos com a estrutura de quatro laboratórios e uma atender às agroindústrias. “O que a Embrapa está pre-
planta piloto, além da parceria com outras unidades da tendendo com biocombustíveis de aviação nos interessa
Embrapa e instituições externas tanto nacionais quanto fortemente”, enfatizou Almada. “Achei interessante o
internacionais”. trabalho com resíduos sólidos urbanos. Temos todo o
interesse em colaborar nesse assunto”, adiantou.
Em relação aos biocombustíveis de aviação, a Unidade
está participando de uma série de workshops organi- Na Argentina, a mistura de biodiesel ao diesel é de 7%.
zados pela Boeing, Embrapa e Fapesp e Embraer que “Em pouco tempo, queremos chegar a 10%”, informou
discute desde os processos industriais até a comercializa- Almada. “Cerca de 85% da matéria-prima é oriunda da
ção. Além disso, a Embrapa Agroenergia está realizando soja, da canola, do girassol e do sebo bovino e estamos
estudos de caracterização do potencial de biomassas para começando um trabalho com óleo de fritura que vem de
produção de biocombustíveis de aviação, com palmá- Santa Fé, Córdoba e Buenos Aires”, concluiu.
ceas e pinhão-manso entre outras culturas. E, estudos do
potencial de resíduos agroindustriais, agrícolas e urbanos A representante do Ministério de Indústria, Energia e
para a produção de bioquerosene. Além disso, a Unidade Minério do Uruguai, Olga Otegui, salientou que eles tam-
está se estruturando para produção de biocombustíveis a bém tem interesse em utilizar e valorizar os resíduos,
partir de microalgas. “Também estamos interagindo com especialmente de plantações florestais, e das agroindús-
o setor privado para desenvolvimento ou adaptação de trias. “Temos ações para utilização de resíduos das indús-
processos industriais para uso das biomassas disponíveis trias de leite e da lã”. Nessa linha de energias renováveis,
no Brasil”, salientou Capdeville. o ministério do Uruguai, está com linha de financiamento
para o setor acadêmico e para o Instituto Nacional de
Miguel Almada, representante do Ministério de Agri- Investigación Agrícola (INIA), ressaltou.
cultura, Ganadería Y Pesca da Argentina, destacou que,
naquele país, "há dois focos fundamentais: biogás e bio- Olga Otegui destacou a parceria que o Governo Uruguaio
combustível de aviação”. Em relação ao biogás, existe um está organizando com instituições brasileiras. “A parceria
Qual é a probabilidade de o sorgo reforma ou substituição de canaviais. pela ação de leveduras, de uma
entrar em grande escala nas usinas Além disso, por ser uma planta de matéria-prima sacarina. Assim como
como complemento à cana durante ciclo curto, pode ser cultivada antes a produção de etanol a partir da
a entresafra? da cana, numa mesma safra. cana, não demanda ação de enzimas,
A utilização do sorgo sacarino para pois o caldo já contem sacarose, que
produção de etanol durante a entres- O que mostraram os testes nas pode ser diretamente convertido em
safra da cana-de-açúcar, período em usinas? Quantas usinas fizeram, etanol pela ação das leveduras. É
que as usinas ficam ociosas, tem se quando, o que foi envolvido? diferente do caso do etanol de milho,
tornado uma realidade em diversas Diversas usinas tem avaliado, no que demanda a utilização de enzimas
usinas. Em razão da alta demanda início das safras, a produção de eta- para a quebra do amido em açúcares
por etanol no país, incentivo do nol a partir de diferentes cultivares fermentescíveis.
governo e potencial da matéria- de sorgo sacarino. Estas avaliações
-prima, o cultivo de sorgo sacarino mostram o imenso potencial do Como é a comparação entre o custo/
para etanol tem aumentado ao longo sorgo. Obtiveram-se, nas avaliações produtividade de cana e de sorgo,
das safras e tende a atingir uma pro- do processamento industrial feitas por hectare?
dução em grande escala em breve. até o momento, para variedades de A produtividade do sorgo é menor
As indústrias tem ganhado experiên- sorgo sacarino Embrapa, rendimen- que o da cana. Para a cana-de-açú-
cia no cultivo e processamento, que tos de até 70 L de etanol por tonelada car, são produzidos, em média, 85
elevarão, consequentemente, á área de sorgo sacarino processada, sem litros de etanol por tonelada proces-
plantada e os níveis de produtividade necessidade de adaptação estrutural sada. Para o sorgo, esse número é no
nas safras seguintes. na fábrica. máximo 70 litros. A produtividade por
hectare do sorgo também é menor
A introdução do sorgo sacarino O etanol de sorgo é basicamente o que da cana. Entretanto, programas
poderia sacrificar terras hoje usadas mesmo que o de cana? Envolve os de melhoramento do sorgo sacarino
para produzir cana? mesmos processos? tem proporcionado variedades com
A cultura do sorgo pode se expandir O etanol produzido a partir do sorgo maior teor de açúcares nos colmos
em áreas canavieiras e não-cana- sacarino é exatamente o mesmo e maior produtividade por hectare,
vieiras de diversas regiões do país. O etanol produzido a partir da cana- tornando-os, gradativamente, com-
sorgo pode ser uma alternativa para -de-açúcar. Consiste na fermentação, paráveis ao níveis da cana. O custo
Edição nº 35 23
Foto: Daniela Collares
EVOLUÇÃO DO SORGO
SACARINO PARA PRODUÇÃO
DE ETANOL É VIÁVEL
EVENTOS
outubro
O pesquisador Silvio Vaz Júnior ministrou a palestra “Strategies to Use
Biomass in Renewable Chemistry - A Brazilian Perspective”, durante o I
Congresso Iberoamericano de Biorrefinarias, que aconteceu de.
Visita da Bunge
Em 24 de outubro, a Embrapa Agroenergia recebeu representantes da
Bunge, que apresentaram seu programa de pesquisa e discutiram com a
equipe da Unidade possibilidades de parceria em trabalhos com óleo de
palma.
Seminário
O professor Luiz Carlos de Brito Lourenço, da Universidade de Brasília,
apresentou, em 30/10/2012, o seminário “A arquitetura do estado estra-
tégico: agendas de Brasil e Estados Unidos sobre biocombustíveis e ener-
gias renováveis em perspectiva comparada” para a equipe da Embrapa
Agroenergia.
Vídeo
Confira no link abaixo o vídeo
sobre biocombustível de avia-
ção exibido no programa Dia de
Campo na TV, produzido pela
Embrapa Informação Tecnológica.
http://www.youtube.com/watch
?v=BYDkTSexCw4&feature=plcp