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GUARULHOS – SP
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1 SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4
CANTO..........................................................................................................................18
ÁREA CLÍNICA?..............................................................................................................48
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5.7 INDIVIDUALIZANDO A AÇÃO...................................................................................... 54
EXPERIÊNCIA................................................................................................................66
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
http://conselheirolafaiete.mg.gov.br
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I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino
regular aos alunos [com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades e superdotação];
II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino
regular;
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que
eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
IV – assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis
de ensino.
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tem se efetivado para garantir a entrada universal à escolaridade básica e a satisfação
das obrigações de aprendizagem para todos os cidadãos” (OLIVEIRA, 2015).
A realidade evidencia que a maior parte das instituições de ensino parece não
estar aparelhada nem estruturada para incluir os alunos com deficiência e dar
atendimento apropriado a essa nova demanda. Parecem faltar, nos órgãos
responsáveis pela educação, ações que transformem em realidade o caráter inclusivo
da educação, presente nos textos oficiais. Entretanto, é sabido que muitas escolas
têm tentado ajustar suas ações, procurando atender a demanda do alunado nelas
matriculado. O trabalho tem sido exaustivo, dada a falha de estruturas básicas e de
recursos humanos com formação apropriada que lhes consintam atender a
diversidade presente nas salas de aula (OLIVEIRA, 2015).
Miranda (2010, p.62), ao abordar a questão dos conhecimentos precisos para
atuar na escola inclusiva, garante ser “a incorporação de alunos com deficiência no
ensino comum” o maior desafio para o sistema educacional (OLIVEIRA, 2015).
Sobre o assunto, Mazzaro (2007, p.103) registra “[...] Os professores tentam
adaptar suas práticas pedagógicas às propostas de inclusão, contudo, faltam-lhes as
condições básicas para atender à diversidade, que requer estrutura que a escola não
possui”. O autor questiona posturas adotadas por autoridades nacionais, pois “as
políticas provenientes de países que já ultrapassaram, há décadas, problemas
básicos, estão distantes da realidade brasileira” (OLIVEIRA, 2015).
Isso porquê, além de estruturas apropriadas, dentro das condições básicas
para atender a diversidade, depara-se, também, a necessidade de compreender as
compreensões de deficiência e de inclusão (OLIVEIRA, 2015).
A deficiência intelectual, por muitos anos, foi concebida e tratada como doença
mental, tanto que os termos empregados para nomeá-la foram enormemente
influenciados pelos saberes e terminologia da medicina (LOPES; MARQUEZINE,
2012).
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Recorrendo-se à literatura podem-se localizar: idiotia - século XIX; debilidade
mental e infradotação - início do século XX; imbecilidade e retardo mental (com seus
níveis: leve, moderado, severo e profundo) e déficit intelectual/cognitivo - final do
século XX e deficiência mental - final do século XX e início do século XXI. (PLETSCH,
2009 apud LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Nesses últimos anos, a expressão deficiência mental vem sendo trocada por
deficiência intelectual. Em outubro de 2004, em evento concretizado pela Organização
Pan-Americana da Saúde (OPS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em
Montreal, Canadá, a expressão deficiência intelectual foi mundialmente difundida, por
meio do documento intitulado Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual.
(OPS/OMS, 2004 apud LOPES; MARQUEZINE, 2012).
A tendência mundial de substituir a expressão deficiência mental por deficiência
intelectual é justificável, posto que o termo intelectual alude ao funcionamento do
intelecto, especificamente, e não ao funcionamento do indivíduo como um todo
(LOPES; MARQUEZINE, 2012).
https://www.curitiba.pr.gov.br
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Ao propor-se estudo sobre as possibilidades que as escolas proporcionam,
quando discutem da educação do deficiente intelectual, sentiu-se a necessidade de
fazer pequena retomada histórica (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Mazzotta (2003) registra que foi no século XIX, quando “o médico Jean Marc
Itard (1774-1838) mostrou a educabilidade de um ‘idiota’, o denominado ‘selvagem de
Aveyron’”, que teve início o atendimento educacional aos ‘débeis’ ou ‘deficientes
mentais’, numa iniciativa que ficou conhecida como abordagem médico-pedagógica,
por amparar-se na crença da educabilidade das pessoas com deficiência intelectual
(LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Sobre a experiência de Itard, a educação do deficiente mental tem seu
caminho caracterizado pela institucionalização (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Na vigência do paradigma da institucionalização, o atendimento ao deficiente
intelectual não se diferenciava do tratamento oferecido aos doentes mentais,
considerando a criação de instituições para atendimento de casos mais graves,
enquanto os mais leves eram ainda indiferenciados; prevalecia o descaso pela
Educação Especial (MENDES, 2001 apud LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Salaberry (2007, p.26) comprova que, no Brasil: “[...] a influência da medicina,
na educação da Pessoa com Deficiência Mental durou até aproximadamente 1930,
interagindo gradativamente com a psicologia e a pedagogia, [...]”. Pode-se falar que
nesse período começa a despontar um trabalho mais educacional do que médico com
as pessoas com deficiência (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Na década de 1950, nasce nos Estados Unidos um movimento de pais de
crianças com deficiência mental que se estabeleceram em defesa dos interesses e
necessidades de seus filhos, criando a National Association For Retarded Children
(NARC) – a qual cumpriu ampla influência em diversos países. (MATOS, 2003;
SALABERRY, 2007). No Brasil, esse movimento foi o inspirador do movimento que
deu origem à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), iniciado em
1954, na cidade do Rio de Janeiro, por estímulo de um casal norte-americano,
membros da NARC (SALABERRY, 2007). No decorrer dos anos as APAEs se
tornaram as maiores prestadoras de serviço educacional e de habilitação da pessoa
com deficiência intelectual em todo o país (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Desses movimentos resultou a criação de instituições especializadas no
acolhimento à pessoa com deficiência intelectual, via de regra, autônomas e de
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caráter filantrópico. Meletti (2010b, p.215) demonstrou, por meio de pesquisas e
análise das políticas públicas nacionais, que, “no Brasil, a educação da pessoa com
deficiência mental é historicamente marcada por sua implementação em instituições
especiais privadas de caráter filantrópico e pela compreensão de que o espaço
educacional segregado é o mais apropriado para educá-la”. Defende a tese de que a
instituição ou escola especial “[...] foi se compondo como instância legítima da
deficiência mental, seja por assumi-la em função da inexistência de práticas a ela
destinadas, seja por ser responsabilizada pela sociedade civil e pelo Estado como
lócus social do indivíduo com deficiência mental [...]” (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
O papel das fiel
escolas especiais como espaço da educação de deficientes
às informações
intelectuais permanece ativo nesse início de século, já que a escola regular não se
tinha estruturado de forma adequada para receber todos os alunos. Como se pode
perceber, as instituições ou escolas especiais prosseguiam a comandar a educação
de alunos com deficiência intelectual, por ausência do Estado brasileiro. Os próprios
documentos oficiais destacam a sua ausência garantindo: “o aluno com essa
deficiência tem uma forma própria de lidar com o conhecimento, que não corresponde
ao que a escola preconiza” (BRASIL, 2007, p.22 apud LOPES, E.; MARQUEZINE,
2012). O Estado prossegue a evidenciar a sua falta publicando documentos oficiais
com esse tipo de afirmativa: “Na verdade, não corresponder ao esperado pela escola
pode ocorrer com todo e qualquer aluno, mas os alunos com deficiência mental
denunciam a impossibilidade de a escola alcançar esse objetivo, de maneira tácita. ”
(BRASIL, 2007, p.16 apud LOPES; MARQUEZINE, 2012).
A denúncia da impossibilidade de a escola alcançar, com esses alunos, a sua
finalidade de ensinar faz com que a educação escolar, de ampla parte do aluno com
deficiência intelectual, permaneça nas escolas especiais ou em classes especiais, nas
instituições públicas, sob a responsabilidade de professores formados ou
especializados na área. Isso porque a educação do aluno com deficiência intelectual
compõe, sem dúvida, um enorme desafio para a escola regular (LOPES;
MARQUEZINE, 2012).
Lacono e Mori (2004, p.2) apud Lopes e Marquezine (2012), abordaram o
assunto, garantindo que nas áreas em que vigora a prática pedagógica da educação
especial, “a educação de alunos com deficiência mental tem sido um desafio
constante não só para os profissionais que trabalham nesta área, como para os pais
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destes alunos”. Desafio, já que as escolas regulares e seus professores sentiam-se
despreparados, e até mesmo impossibilitados, para trabalhar com esses alunos, no
entanto não podiam negar a matrícula, pois, se o fizessem, estariam transgredindo o
direito do cidadão (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Cumprir o direito, somente no aspecto burocrático, não significa inclusão. Para
Denari (2008, p.35), o êxito da inclusão escolar “requer esforços que basicamente
exigem olhares distintos, questionamento a certos paradigmas conexos à forma de
conceber a deficiência e compreender os processos de ensino e aprendizagem”.
Entender o processo de ensino e aprendizagem requer conhecimento das teorias que
tratam sobre o assunto e experiência com os sujeitos do processo (LOPES;
MARQUEZINE, 2012).
No trabalho educacional de pessoas com deficiência intelectual, tornam-se
relevantes e precisos, além dos saberes sobre o processo de ensino e aprendizagem,
o conhecimento das compreensões da deficiência e a crença nas possibilidades de
aprendizagem do aluno, que é o início da ação pedagógica e da definição das
estratégias pedagógicas a serem empregadas no processo (LOPES; MARQUEZINE,
2012).
Na décima edição do Manual publicado pela Associação Americana de
Retardo Mental – AAMR, em 2002, cuja compreensão é adotada pelos órgãos oficiais
e por pesquisadores brasileiros desde 1970, a deficiência intelectual foi definida nos
seguintes termos: “Retardo mental é uma inaptidão caracterizada por relevantes
limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo,
está explanado nas habilidades adaptativas conceituais, sociais e práticas”. (AAMR,
2006, p.20 apud LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Esta definição não traz consigo os graus de retardo mental, mas adiciona cinco
hipóteses que são essenciais para a sua adoção, quando se trata de diagnosticar,
classificar e constituir sistemas de apoio à deficiência intelectual, estimada dentro do
contexto ambiental, etário e cultural da pessoa. Assegura que a avaliação verdadeira
precisaria considerar a diversidade cultural e linguística, as diferenças nas
comunicações, os fatores sensoriais, motores e comportamentais (LOPES;
MARQUEZINE, 2012).
Na descrição das hipóteses, os autores do documento exibem aspectos que
devem ser analisados no diagnóstico e avaliação e na definição dos apoios que serão
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propostos para o atendimento educacional das pessoas com deficiência intelectual.
Dentre esses aspectos destacam-se:
a) os padrões, em relação aos quais o indivíduo deve ser analisado, são os
ambientes típicos da comunidade (lar, vizinhança, escola e outros) e não ambientes
isolados ou segregados;
b) a cultura e a etnia, incluindo-se a língua falada em casa e os costumes,
podem influenciar e precisam ser levados em conta;
c) os indivíduos com deficiência mental apresentam habilidades e
potencialidades em algumas áreas, independentemente de suas limitações;
d) tão relevante quanto o diagnóstico e a classificação é a descrição dos apoios
que a pessoa necessita para melhorar o funcionamento;
e) apoios apropriados resultarão em funcionamento melhorado, menos em
casos raros (LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Nas palavras de Pan (2008, p.59): “O sistema atual, o de 2002, solidifica a
definição de retardo mental com destaque em uma perspectiva funcional e dinâmica,
que permite compreender essa categoria de deficiência mais pelo aspecto da atuação
do que pelos traços clínicos”. Destaca a autora que, para caracterização da deficiência
intelectual, são sugeridas cinco dimensões: habilidades intelectuais, comportamento
adaptativo, interações e papéis sociais, saúde e contexto. Isso pode ser interpretado
como uma modificação no entendimento do conceito.
Pletsch (2009, p.93) ressalta que o sistema “multidimensional” procura
modificar a ideia de que a deficiência mental é uma condição estática e constante. A
autora expõe que a alteração almejada trata “da concepção na qual a deficiência varia
conforme os apoios e/ou suportes recebidos pelo indivíduo”.
Nos ambientes educacionais, essa declaração origina apreensões para os
gestores e professores, porque o aluno chega à escola em momentos diferentes, e a
escola não pode solicitar que esse aluno ou sua família esperem até que as medidas
precisas e cabíveis, para o oferecimento de apoios e suportes, sejam tomadas
(LOPES; MARQUEZINE, 2012).
Corroborando a premissa segundo a qual inclusão não é a simples colocação
dos alunos em sala de aula (BRASIL, 1998; GLAT; FONTES; PLETSCH, 2006 apud
LOPES; MARQUEZINE, 2012), contudo inclui a tentativa de modificação no sentido
de aceitação das diferenças e respeito à diversidade nela presente. Daí a urgência de
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dar condições de diferenciação no agir pedagógico, acomodando-a essa nova
ocasião, que determina uma visão mais clara, das peculiaridades específicas e
especiais de cada aluno e a capacidade de atendê-las.
O aluno com deficiência intelectual precisa de uma ação pedagógica apropriada
as suas necessidades educacionais, para que o sucesso da inclusão se constitua em
seu favor permitindo-lhe exceder as barreiras impostas pela deficiência (LOPES;
MARQUEZINE, 2012).
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https://institutoneurosaber.com.br
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preciso estabelecer, para os professores, uma qualificação atualizada criando novas
possibilidades de recursos e materiais de ensino para todos os alunos.
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brincadeiras, rimas, ou seja, um universo de possibilidades e um caminho de infinitas
aprendizagens. Para ilustrar, acompanhe o texto abaixo:
https://novaescola.org.br
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3.5 Entre a Educação Formal e Informal: conhecimento e Ludicidade em todo
canto
Diante da temática problematizada neste artigo, está evidente que quanto mais
rica a vivência sociocultural da criança, maior suas capacidades e potencialidades,
sejam nas áreas da linguística, verbal, simbólica ou qualquer outra que a criança tiver
condições de desenvolver, considerando suas limitações e deficiências. A interação
pressupõe aprendizagens e essas aprendizagens acontecem não somente na escola,
mas em outros espaços também: ruas, clubes, praças, parques etc. Há ludicidade em
todo canto, portanto, a aprendizagem é algo que transita em prol do conhecimento.
É importante perceber que Educação Formal e Educação Informal se
sustentam entre si e se complementam. DUARTE (2013)
O Ensino Formal nos possibilita uma educação organizada, planejada,
estruturada, de cunho sistematizado, já o Ensino Informal nos possibilita um
enriquecimento cultural por meio do diálogo, uma partilha de saberes, uma troca
contínua, sem normalizações e certificações.
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A educação escolar deve reafirmar, enquanto proposta educacional, projetos
que tenham a ludicidade e o brincar como peças fundamentais em seu meio e é
preciso desenvolver diferentes linguagens para diferentes sujeitos. Educadores e
educadoras devem ter consciência de que o objetivo da educação é a formação de
sujeitos livres, autônomos, felizes e participantes da vida social, logo, cidadãos
responsáveis. Seja com ou sem deficiência, a criança deve ser estimulada, deve
brincar e ao mesmo tempo aprender.
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em suas atividades e em seu currículo serviços que realmente correspondam às
necessidades dos alunos, dos pais e da comunidade local (LEITE, 2018).
Para Carvalho (2004, p. 113), a proposta de educação inclusiva é a de “[...]
remover as barreiras para a aprendizagem e para a participação de qualquer aluno,
independentemente de suas características orgânicas, psicossociais, culturais,
étnicas ou econômicas”.
https://www.tuacarreira.com
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a diversidade de formas de ser e de aprender dos alunos. No que se refere aos alunos
que apresentam necessidades educacionais específicas, essa flexibilização deve ser
possibilitada pelas adequações curriculares.
As adequações curriculares são modificações realizadas pela escola para
responder às necessidades de cada aluno, visando à equidade e à participação do
aluno no currículo vivenciado por todos. Essas adequações podem ser menos ou mais
significativas, dependendo das necessidades específicas que o aluno apresentar.
Assim, as mudanças no currículo podem ser feitas intuitivamente pelo professor, na
sua prática pedagógica, ou representar modificações mais emblemáticas, em que o
haja a necessidade de alterações em aspectos estruturais e funcionais do currículo
geral (LEITE, 2018).
As adequações significativas geralmente são aquelas voltadas para alunos
que apresentam necessidades educacionais especiais decorrentes das deficiências
que acarretam dificuldades mais acentuadas ou limitações para aprender em
igualdade de condições. Para realizar essas adequações, a escola deve providenciar
recursos técnicos e materiais para a remoção de barreiras arquitetônicas e atitudinais
que impeçam esses alunos de terem acesso a experiências bem-sucedidas de ensino-
aprendizagem (LEITE, 2018).
De acordo com Blanco (2004), as adequações curriculares têm por objetivo
garantir que esses alunos recebam os meios e a resposta educativa para que possam
progredir em seus aprendizados em condições de igualdade. Visam também atender
às necessidades individuais desses alunos, dentro do currículo comum, bem como
orientar os serviços, os recursos e as estratégias de intervenção junto ao aluno, à
família e à comunidade escolar.
A autora afirma que as adequações se tornam possíveis somente quando
estão sustentadas numa concepção de currículo flexível. Elas envolvem uma
abordagem de educação que tem as seguintes características:
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avaliação adaptada ao diferentes estilos e às capacidades dos alunos;
flexibilização dos espaços e dos tempos;
clima de respeito e valorização das diferenças (BLANCO, 2004).
22
Exemplo
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Os objetivos propostos para essa atividade foram atingidos, o aluno
participou, envolveu-se e trabalhou com o conteúdo apresentado. Interagiu com
todos os seus colegas, pois todos leram e compartilharam suas histórias e
conteúdos com os demais.
Numa outra atividade, também de português, o objetivo era que os alunos
trabalhassem com outro gênero textual: cartas. O assunto iniciava-se pela
necessidade do uso de selo para o envio de cartas. O planejamento tinha por base
o uso do livro didático. Também, para maior envolvimento do aluno em questão,
solicitei que as crianças trouxessem objetos de coleções de casa. Os alunos
trouxeram várias coleções, tais como papel de carta, tampinhas de Coca-Cola,
cartões de telefone, mas o mais frequente foi mesmo coleção de selos. O aluno
também trouxe sua coleção de casa. Utilizei um selo que um dos alunos trouxera e
o imprimi, fazendo parte de uma das atividades para a classe trabalhar.
Você identificou as adequações curriculares realizadas pela professora Mara,
no intuito de incluir o seu aluno com síndrome de Down? Provavelmente você deve
ter identificado que a professora realizou adequações organizativas, redefinindo as
estratégias de aula, propondo o trabalho em grupo e a cooperação dos alunos,
fazendo a leitura da história para a criança com síndrome de Down.
Além disso, observa-se que a professora não modificou os conteúdos a
serem trabalhados (gêneros textuais: história em quadrinhos e cartas),
proporcionando que o aluno em questão participasse das atividades de forma ativa,
mas possivelmente realizou adequações no modo de avaliar esse aluno. Ela indicou
alguns critérios que vão além do conhecimento do próprio conteúdo, como a
interação com os colegas e a participação nas atividades, com a interpretação dos
quadrinhos, mesmo sem a aquisição da leitura alfabética. Assim, mesmo que, ao
final da atividade, o aluno não alcançasse o objetivo de identificar os gêneros
textuais, outros seriam alcançados.
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estabelecimento de parcerias com profissionais e setores da comunidade externa
(LEITE, 2018).
Para os autores, as redes de apoio se formam na interação entre diversos
sujeitos, definindo diferentes formas de colaboração, conforme apresentado no
Quadro 1.
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para orientações sobre necessidades
dos alunos.
Serviços Busca de apoio nos serviços da
educação especial e do atendimento
educacional especializado ofertados em
programas vinculados ao sistema
público municipal, estadual ou federal —
por exemplo, organização de salas
multifuncionais e contratação de
estagiário para acompanhar o aluno em
sala de aula.
Parcerias Busca de parcerias com instituições da
comunidade para apoiar a inclusão
(comunidades de bairro, postos de
saúde, associações, clubes, entre
outros)
Fonte: Adaptado de Stainback e Stainback (1999)
26
Acessibilidade atitudinal
Acessibilidade arquitetônica
Exemplos
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instalação de assentos de uso preferencial sinalizados, em espaços e
instalações acessíveis;
adaptação de bancadas e carteiras escolares;
instalação de piso tátil direcional para acessibilidade de pessoas com
deficiência visual aos setores de acesso público;
instalação de faixa antiderrapante nas rampas de acesso e nos corrimãos
(LEITE, 2018).
Exemplos
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Acessibilidade metodológica
Exemplo
Como exemplos de acessibilidade metodológica, podemos citar:
flexibilização do tempo de realização das atividades curriculares;
adequação de formas, instrumentos e critérios de avaliação da
aprendizagem dos estudantes com necessidades educacionais específicas;
adequações na forma de organização das aulas, dos tempos e dos espaços
escolares;
atividades em duplas ou em grupo (LEITE, 2018).
Acessibilidade instrumental
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Exemplos
Entre as possibilidades de acessibilidade instrumental, podemos destacar:
o fornecimento de computadores de mesa e/ou notebooks para estudantes
com restrições motoras nas mãos;
tecnologias assistivas como pranchas de comunicação;
textos com fonte ampliada;
leitores de tela;
livros falados;
impressão em Braile;
materiais adaptados em forma de maquete ou com aplicação de relevo;
reprodução de objetos;
sistemas e conceitos em material concreto;
acervo em braile para a biblioteca (LEITE, 2018).
Acessibilidade programática
Exemplo
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Concluindo, é de suma importância que os princípios da educação inclusiva
sejam a base do currículo geral, devendo orientar o projeto político-pedagógico da
escola. Somente assim as barreiras que se apresentam à inclusão serão superadas,
e a escola cumprirá o objetivo de oferecer educação de qualidade, que acolha todos
os alunos, independentemente das condições que estes venham a apresentar (LEITE,
2018).
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4.4 O público alvo do AEE
https://soumamae.com.br
O Decreto nº. 6.571 (BRASIL, 2008a) afirma o direito desses alunos de serem
matriculados em classe comum da rede regular de ensino e também no AEE. Isso é
reiterado na Resolução CNE/CEB 04/2009 (BRASIL, 2009), que preconiza que a
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educação especial deve ser institucionalizada no projeto pedagógico da escola e que
os sistemas de ensino devem matricular esses alunos nas classes comuns do ensino
regular e no atendimento educacional especializado (Art. 29).
O AEE, segundo as Diretrizes Operacionais referidas, deve ser transversal ao
currículo geral, com caráter complementar ou suplementar, devendo ocorrer no
contraturno da educação regular. Ele não substitui o trabalho realizado na sala de
aula, mas complementa e suplementa esse trabalho, com vistas ao pleno
desenvolvimento do aluno (LEITE, 2018).
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008b) destaca que o AEE deve ser ofertado em todos os níveis de
educação, contemplando desde a educação infantil até o ensino superior. De acordo
com a Resolução 04/2009, em seu art. 2º, o AEE deve promover a inclusão, por meio
da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias para eliminar
os obstáculos que possam interferir no desenvolvimento da aprendizagem e na plena
participação dos alunos que fazem parte do seu público-alvo na sociedade (BRASIL,
2009).
Fique atento!
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aprofundamento de conhecimentos na perspectiva de aprimorar os seus
desempenhos no campo dos saberes, fazeres e valores humanos, bem como
possibilita-se a aceleração dos estudos (LEITE, 2018).
O professor do AEE
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desenvolver atividades de apoio específico, como o ensino da Libras, o
ensino do braile e a orientação e mobilidade para alunos com deficiência visual, o
ensino da língua portuguesa para alunos surdos, o ensino de informática acessível, a
utilização de recursos de comunicação alternativa e aumentativa (CAA) junto a alunos
com deficiências de comunicação, atividades voltadas ao desenvolvimento de
habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular para alunos
com altas habilidades/superdotação;
acompanhar a funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia
assistiva na sala de aula comum e nos ambientes escolares;
articular o trabalho realizado no AEE ao trabalho realizado nas classes
regulares, nas diferentes etapas e modalidades de ensino;
orientar os professores do ensino regular e as famílias;
fazer a interface do trabalho realizado junto às áreas de saúde,
assistência, trabalho e outras.
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De acordo com Dutra, Santos e Guedes (2010), para apoiar a
institucionalização da educação inclusiva pelos sistemas educacionais, o Ministério
da Educação (MEC) criou o Programa de Implantação de Salas de Recursos
Multifuncionais, instituído por meio da Portaria Ministerial nº. 13/2007 (BRASIL, 2007).
O programa visa fornecer apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino
para a efetivação do AEE e tem como algumas de suas ações fomentar a aquisição
de recursos para a montagem de salas de recursos multifuncionais, promover a
formação continuada dos professores para o AEE e apoiar a acessibilidade nas
escolas que possuem as salas implantadas. Para adesão ao programa, as escolas
devem atender alguns critérios e realizar um cadastro, que será avaliado pela
Secretaria de Educação e encaminhado para as providências junto ao MEC (LEITE,
2018).
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suporte para livros, software de comunicação aumentativa alternativa, instrumentos
musicais com nomes em braile, sacolão criativo “monta-tudo”, tapete de alfabeto
encaixado, bonecos articulados, quebra-cabeças superpostos, material dourado,
dominó de associação de ideias, alfabeto móvel e sílabas, memória de numerais,
caixa tátil, globo terrestre tátil, máquina de escrever braile, calculadora sonora, kit de
desenho geométrico, reglete e punção, softwares sintetizadores de voz, guias de
assinatura, bolas de guizo; teclado com colmeia, acionadores de pressão e mouse
adaptado para alunos com deficiência física (mobilidade reduzida), dominó de frases
e dominó de animais e de frutas em Libras, entre outros (DUTRA; SANTOS; GUEDES,
2010).
Concluindo este tópico, convém destacar que a sala de recursos
multifuncionais é um dos espaços de atuação do AEE que é utilizado com maior
frequência, especialmente por reunir os recursos e as condições necessárias a esse
atendimento. É importante que o profissional responsável pelo atendimento atualize
esse espaço, solicitando, adaptando ou construindo novos materiais, conforme as
demandas trazidas pelos alunos, em cooperação com o professor da sala de aula
regular e com a gestão da escola (LEITE, 2018).
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Etapa 1: levantamento de informações a avaliação do aluno
https://www.metodologiacientifica.org
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1. Identificação do aluno: nome completo do aluno, endereço completo e data
de nascimento.
2. Dados familiares: nome do pai e da mãe, profissão e escolaridade dos pais,
número de irmãos, pessoas com quem mora.
3. Informações sobre a escola: nome e endereço da escola, ano de
escolaridade do aluno, idade em que entrou na escola, histórico de vida escolar na
educação especial e na educação regular, indicação dos antecedentes escolares mais
importantes, motivo de encaminhamento para o AEE.
4. Avaliação geral: informações relevantes à compreensão do contexto
familiar e escolar do aluno. No âmbito familiar, devem ser apontados aspectos
relativos à dinâmica das relações familiares, como se dá o convívio entre os membros
da família, as relações afetivas, as expectativas da família em relação ao aluno, O tipo
de apoio familiar para a aprendizagem do aluno. No âmbito escolar, devem ser
apontados aspectos relativos à organização e estrutura da escola para promover a
inclusão do aluno, como a cultura e a filosofia da escola, se possui acessibilidade
física, o relacionamento da escola com a família e a comunidade, a quantidade de
alunos nas salas de aula, ações de formação e suporte aos professores, recursos
humanos e parcerias com profissionais de saúde, atitudes frente ao aluno, estratégias
metodológicas e avaliativas.
5. Avaliação do aluno: condições apresentadas pelo aluno em três aspectos
principais, que são as suas condições gerais de saúde; as suas necessidades
educacionais específicas; o grau de desenvolvimento de áreas e habilidades
importantes ao seu aprendizado (LEITE, 2018).
Saiba mais
Saiba mais sobre a avaliação do aluno com deficiência nos tópicos a seguir.
a) Condições gerais de saúde: verificar se há presença de deficiência ou
problemas de saúde, indicar se há laudos ou avaliações de diagnóstico, verificar as
recomendações de outros profissionais e se o aluno faz uso de medicação
controlada, se o medicamento interfere no aprendizado, se apresenta algum
comprometimento sensorial (visual e auditivo), motor ou comportamental.
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b) Necessidades educacionais específicas: identificar e avaliar
indicadores que possivelmente apontem para a presença de alguma deficiência ou
suspeita de deficiência. Devem ser avaliados o tipo de sistema linguístico utilizado
pelo aluno para se comunicar, se faz uso ou depende de algum equipamento ou
tecnologia assistiva para mobilidade e/ou participação nas atividades escolares,
bem como as acessibilidades que precisam ser providenciadas.
c) Desenvolvimento: para avaliar o desenvolvimento do aluno, devem ser
observados aspectos como afetividade e sociabilidade, cognição (LEITE, 2018).
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ações se articulam, ou seja, se devem ser direcionadas à escola como um todo, ao
trabalho em sala de aula, à família ou agentes parceiros, como profissionais da área
da saúde.
Em cada uma dessas instâncias, devem ser identificadas as ações que já foram
desenvolvidas e as que ainda precisam ser realizadas ou aprimoradas. O
planejamento deve indicar, no âmbito da escola, da sala de aula e da família, quais
ações já existem e quais precisam ser implementadas, detalhando os responsáveis
por executá-las ou providenciá-las.
41
3. Ações relativas às intervenções realizadas na sala de recursos
multifuncional
Já existe em nós, hoje, uma consciência que nos leva a perceber o caráter
homogeneizador e monocultural da escola, bem como a necessidade de romper com
esta para, assim, pensar e construir práticas educativas em que questões como as
deficiências e a inclusão se façam cada vez mais presentes nas discussões e no
cotidiano escolar (NUNES; 2017).
Revisitar o conceito de cotidiano escolar torna-se fundamental, pois é neste
espaço que emergem as relações e as possibilidades.
Sendo assim, Gallo (2007) entende que:
42
Podemos tomar o cotidiano da escola como o conjunto das coisas e situações
que acontecem na sala de aula e para além da sala, na instituição escolar como um
todo, e quero experimentar aqui a ideia de que os acontecimentos cotidianos em tal
espaço são pedagógicos. Em outras palavras, na escola não se aprende apenas na
formalidade da sala de aula, mas também na informalidade das múltiplas relações e
acontecimentos que se dão no dia a dia da vida na instituição. (GALLO, 2007. p.21).
Outra contribuição pertinente para uma nova compreensão das relações entre
escolas e processos inclusivos diz respeito a pensar a concepção da escola como um
lugar de cruzamos de diferenças, cuja responsabilidade se faz na mediação reflexiva
das suas diferenças plurais (NUNES; 2017).
Evidenciar as convenções nas quais as questões das deficiências e inclusão
na escola estão inseridas é uma forma de apresenta-las, analisá-las e problematiza-
las, dando a oportunidade de discutir para entender e, se possível, desconstruir alguns
aspectos ‘’estáticos’’ e ‘’indiscutíveis’’ (NUNES; 2017).
É importante que surjam novas perspectivas de desconstruções dentro da
escola, que sejam criados novos vieses que reformulem e possam permitir novos
rumos ao cotidiano escolar a partir de ressignificações.
No momento atual, as questões sobre os espaços inclusivos não podem ser
ignoradas pelas educadoras e educadores, sob o risco de que a escola se distancie
cada vez mais deste universo e das diferentes dimensões dos sujeitos (NUNES;
2017).
As preocupações aqui apresentadas são relevantes a partir de uma ansiedade
que bem se acentuando em nossas escolas, entre professoras e professores que se
encontram perdidos em meio as questões sobre educação especial e inclusão, o que
tem gerado uma crise no cotidiano escolar. Isso exige que haja um enfraquecimento
a esta crise atual na escola, não de maneira superficial, mas a partir de
problematizações, reflexões e transformações nas práticas educativas cotidianas e na
estruturação do AEE e de Sala de Recursos (NUNES; 2017).
43
Você sabe o que é uma Sala de Recursos Multifuncionais e para que ela
serve?
https://www2.fab.mil.br
44
especialização. Este fica responsável por ordenar os grupos de alunos para
atendimento, além de organizar a agenda e as atividades a serem realizadas.
Outra ação do professor é elaborar os relatórios de atendimento e programar
as reuniões devolutivas aos pais, para que os mesmos possam acompanhar o
desempenho de seus filhos (NUNES; 2017).
Atendimento Educacional Especializado (AEE): é um atendimento
relacionado à área de educação especial que identifica, analisa, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a devida
participação e inclusão dos alunos, considerando suas necessidades e deficiências
específicas (NUNES; 2017).
A proposta pedagógica oferecida no atendimento educacional especializado é
necessariamente diferente do ensino escolar regular e não pode caracterizar-se como
um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolares. São
exemplos práticos de atendimento educacional especializado o ensino da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e do código Braille, a introdução e formação do aluno
na utilização de recursos de tecnologia assistiva, como a comunicação alternativa e
os recursos de acessibilidade ao computador, a orientação e mobilidade, a preparação
e disponibilização ao aluno de material pedagógico acessível, entre outros (NUNES;
2017).
46
escola. Identificando essas situações e também identificando as possíveis habilidades
e capacidades do aluno, o professor ou professora pesquisará e implementará
recursos ou estratégias que o auxiliarão, promovendo ou ampliando suas
possibilidades de participação e atuação nas atividades, nas relações, na
comunicação e nos espaços da escola. E, assim, são dadas as oportunidades de
navegar entre as diferentes formas de aprender (NUNES; 2017).
https://ipemig.com.br/braille-e-tecnologias-assistivas/
47
5.4 A tecnologia assistiva é uma área de atuação da educação ou é exclusiva
na área clínica?
48
Por fim, vale ressaltar que a tecnologia assistiva é, acima de tudo, um recurso
de seu usuário e a equipe coloca o seu conhecimento à disposição para que ele
encontre o recurso ou a estratégia que atenda a sua demanda de atuar e participar de
tarefas e atividades de seu interesse. É, de fato, uma possibilidade significativa de
inclusão, de agregação e de integração entre as pessoas, principalmente com
deficiências (NUNES; 2017).
49
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas
habilidades/superdotação execute tarefas de seu cotidiano com independência e
funcionalidade. Assim, os benefícios da utilização da TA são inúmeros: permite ao
indivíduo controlar o ambiente ao seu redor, amplia sua capacidade de se comunicar
com os pares, aumentando sua competência para estudar e trabalhar, além de
possibilitar sua locomoção pelos diversos espaços (BRASIL, 2007). Ao referirmos os
alunos com deficiência, o uso da TA adquire importância ainda maior, pois pode
representar a diferença entre o aprender e a “invisibilidade” na sala de aula. Afinal, o
conceito de inclusão não deve ser entendido apenas como ato de convivência
(ALMEIDA, 2014).
Ao professor cabe um olhar diferenciado ao optar por um determinado recurso
de TA, a fim de identificar as necessidades e demandas do aluno. É imprescindível
fazermos uma avaliação da pessoa que irá utilizar o recurso, para que seja definida a
TA mais adequada e que lhe traga benefícios significativos. Muitas vezes, ainda é
necessário que façamos algumas modificações, personalizando o recurso conforme
as características singulares de cada indivíduo. (REIS, 2014).
É fato que a TA exige do professor adaptação e atualização dos seus
conhecimentos, assim, é necessário que ele tenha o desejo e a motivação para buscar
realizar um trabalho cooperativo e que utilize o que dispõem da TA para educação
inclusiva. Porém, não seria incorreto dizer que a maioria dos professores possui uma
formação acadêmica deficitária com relação ao uso das ferramentas tecnológicas.
Assim, muitas vezes ao ingressarem na carreira docente, em razão deste déficit,
acabam não propiciando a utilização de ferramentas e de tecnologias elaboradas
(ALMEIDA, 2014).
Neste sentido, o professor de sala de aula precisa contar com a equipe de apoio
da escola, que, além dos setores, também se refere à pedagoga especial ou
professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Dessa forma, para a
correta implementação de um recurso de TA, o professor de AEE pode se guiar a
partir de instrumento com etapas que se completam e complementam para se atingir
a eficácia necessária (ALMEIDA, 2014).
O professor da sala de recursos, responsável em fornecer o AEE, tem como
uma de suas atribuições conhecer e dominar esses recursos. Segundo o documento
“Manual de Orientação: programa de implantação de salas de recursos
50
multifuncionais” (BRASIL, 2010), que institui Diretrizes Operacionais para o AEE na
educação básica, modalidade Educação Especial (EE), corroborando a Resolução
CNE/CEB nº 4, de 02 de outubro de 2009 (BRASIL, 2009b), compete a este
profissional:
Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do aluno.
Definição do cronograma e das atividades do atendimento do aluno.
Organização de estratégias pedagógicas, identificação e produção de
recursos acessíveis.
Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como:
libras, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos surdos; informática
acessível; comunicação alternativa e aumentativa (CAA), atividades de
desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento
curricular.
Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de TA
na sala de aula comum e em ambientes escolares.
Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes
etapas e modalidades de ensino.
Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre os
recursos utilizados pelo aluno.
Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras (BRASIL,
2010).
Ao poder contar com esse profissional que atua na escola, o professor pode se
sentir mais seguro ao escolher recursos para o uso da TA com os alunos com
deficiência. O uso da tecnologia assistiva na educação de alunos com deficiência tem
se mostrado um ótimo recurso de apoio e suporte ao processo de ensino e de
aprendizagem em todos os níveis de ensino. Identificando as dificuldades e também
as habilidades do aluno, o professor poderá pesquisar e buscar a implantação de
recursos ou estratégias que auxiliarão os alunos com deficiência, promovendo ou
ampliando suas possibilidades de participação e atuação nas atividades, nas relações,
nas comunicações e nos espaços da escola. (REIS, 2014).
Entretanto, uma quantidade significativa de escolas não dispõe desse
profissional especializado, o que fazer então?
51
Fique atento
Você conhece uma sala de recursos multifuncionais? As salas de recursos
multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais
didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado
que tem como objetivos: prover condições de acesso, participação e aprendizagem
no ensino regular aos alunos com deficiência, com transtornos globais do
desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
pública de ensino regular; garantir a transversalidade das ações da educação
especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e
pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem,
assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino.
O conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos que
caracterizam o AEE são organizados institucionalmente e prestados de forma
complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. A produção
e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade incluem livros
didáticos e paradidáticos em braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS,
laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa e outras
ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo escolar. Como
complementação desse tema, consulte o Decreto nº 7.611/11.
52
investindo na formação de equipes multidisciplinares que tenham o comprometimento
de disseminação do uso das tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem.
(REIS, 2014).
Ainda assim, o professor pode e deve buscar o conhecimento para propor
recursos de aprendizagem de alunos com deficiência. Ao propor um recurso de
aprendizagem, o professor motiva o aluno e desperta o seu interesse e a sua
curiosidade, estimulando sua imaginação.
Não há mais como omitir ou negar o benefício que as tecnologias podem
oferecer ao processo de ensino e de aprendizagem, devendo o professor se apropriar
delas de forma a potencializá-las enquanto ferramentas que propiciem práticas
pedagógicas significativas e de construção. Precisamos planejar minuciosamente a
sua utilização, criando situações de aprendizagens a fim de não se tornar só mais um
modelo de ensinar. (REIS, 2014).
Paralelamente, é essencial que o aluno seja participante dessa escolha, já que
o recurso é destinado exclusivamente a ele, tendo possibilidade de indicar as
adequações que deverão ser necessárias. (REIS, 2014).
Libâneo (2002) expõe de forma brilhante a dialogicidade necessária entre o
professor e o aluno, sujeitos que carregam valores culturais, crenças e saberes
oriundos de sua comunidade:
“No mínimo, põe-se a necessária articulação entre o cognitivo, o social e o
afetivo. O aspecto cognitivo diz respeito ao processo de aprendizagem de
conhecimentos, procedimentos, valores. Mas os alunos são, também, sujeitos
concretos, condicionados por culturas particulares e origem social, portadores de
saberes de experiências. Na sala de aula os alunos vão constituindo sua
subjetividade. O ensino envolve sentimentos, emoções. O professor precisa conhecer
e compreender motivações, interesses, necessidades de alunos diferentes entre si,
ajudá-los na capacidade de comunicação com o mundo do outro, ter sensibilidade
para situar a relação docente no contexto físico, social e cultural do aluno. É, também,
importante que o professor ajude os alunos a aumentarem sua autoestima, sua
autoconfiança, suas aspirações e, com isso, a construir sua subjetividade. Aprender
procedimentos, técnicas, meios, de tornar as experiências de sala de aula mais
agradáveis, mais prazerosas, implica em conversar mais com alunos, deixá-los falar,
expor seus sentimentos, seus desejos.”(LIBÂNEO, 2002).
53
Assim, o professor precisa estar atento para lidar com as diversas
intercorrências ao longo do processo de ensino e de aprendizagem de alunos com
deficiência (REIS, 2014). Da mesma forma, o professor precisa conhecer o aluno e
estar atento ao processo de aprendizagem, pois é isso que lhe assegura um bom
desenvolvimento do plano individualizado desse aluno, como veremos a seguir.
54
g) Possuir durabilidade.
h) Ter boa aceitação social ou invisibilidade relativa.
Observando estes cuidados quanto à escolha dos recursos, realizando uma
avaliação detalhada a priori do aluno e suas potencialidades, fica mais fácil para o
professor acompanhar o progresso do aluno. Porém, embora os caminhos a serem
percorridos sejam possíveis para uma educação inclusiva, pautada no uso da TA, e
para que o professor passe de fato um modelo de ensino padrão para um modelo
apoiado nas novas tecnologias, as instituições de ensino precisam estabelecer o
desenvolvimento de um projeto de formação de professores que priorize a formação
humanizadora. (REIS, 2014)
Toda capacitação e formação continuada que estiver pautada, não apenas em
processos e métodos, mas também preocupada com o sujeito que será beneficiário
dos processos, será, sem dúvidas, mais produtiva, proporcionando assim melhorias
no processo de ensino e de aprendizagem, despertando cada vez mais o interesse do
professor em buscar novas formas de pesquisa e conhecimento.
55
sustentá-lo nas discussões, visando possibilitar diálogos com outras ideias e
concepções.
A inclusão, bem como o Atendimento Educacional Especializado (AEE) não se
apresentam de maneira linear e não são constituídas sob o mesmo olhar ou a mesma
organização. Este processo é marcado por diferenças e desacordos, contudo, é
necessário perceber os frutos e benefícios resultantes destes movimentos, que têm
buscado reconhecer, problematizar e discutir sobre o tema, gerando desconstruções
e reinvenções. Pender os olhares político, especulador e pedagógico no que diz
respeito às deficiências e seus diversos vieses, poderá provocar inquietações e
interfaces, gerando significativas transformações no campo educacional, refletindo,
portanto, no exercício cotidiano de professores e professoras.
Podemos perceber as deficiências e a educação inclusiva como um conceito
amplo, que emerge e transmuta a partir dos diversos movimentos e olhares que se
debruçam sobre esta temática. Refere-se às construções culturais sobre as maneiras
de conceber a criança em seu meio escolar, sobre as maneiras de conceber a escola
e seus diferentes espaços, sobre a maneira de construir as avaliações e seus
diferentes objetivos e, ainda, sobre as possibilidades de formação do professor para
atuar eficazmente junto às crianças com deficiência e nas salas especializadas com
recursos pedagógicos adaptados.
Vale ressaltar que os conceitos atuais de pessoas com deficiência, educação
especial e inclusiva, crianças com necessidades especiais, são conceitos atuais que
incorporam e correspondem às sensações, posturas, sentimentos, desejos,
interdições, vivências, conquistas, lutas, dentre outros mais que são dispostos de
maneiras diversas, em variados contextos sociais e tempos históricos. Sendo assim,
trata-se de conceitos em movimento, dinâmicos, que vão se transformando e que
estão sujeitos a diferentes e múltiplos olhares, portanto, encontram-se suscetíveis a
problematizações, discussões e debates. Britzman(2010)
56
6.2 A Educação Especial e a urgência por novas propostas
Ainda que a temática das deficiências seja cada vez mais apresentada e
debatida fora da escola (nas mídias e entre pesquisadores/as), tal assunto ainda é,
de maneira geral, um grande tabu em sala de aula, pelo menos nas falas e
posicionamentos de educadoras e educadores, conforme é percebido nas vivências
do contexto escolar, visto que, muitas vezes, colocam as deficiências em lugar de
privações e as consideram somente como algo individual. Nestas falas e atitudes,
observa-se que as crianças com deficiência parecem não ter direito a uma educação
de qualidade que conste com adaptações e propostas pedagógicas que respeitem
suas singularidades.
https://ineq.com.br
A escola, por muitas vezes, se detém a uma cultura de comodismo que impede
a interação social e a possibilidade de novas questões. É preciso estimular o
desenvolvimento da curiosidade entre professores/as e estudantes. Britzman(2010)
É necessário desestabilizar para que as questões da inclusão e do AEE deixem de
57
ocupar o espaço das respostas certas ou erradas e passem a ocupar um lugar de
descobertas e diálogos.
Em outra esfera, é preciso pensar, inclusive, que as crianças com deficiência
são sujeitos sexuais, o que muitas vezes é esquecido ou camuflado dentro da escola.
É preciso, ainda, defender a ideia de uma pedagogia da sexualidade, sendo esta uma
ação que englobe curiosidade, liberdade e sexualidades. Os obstáculos existentes
nas mentes das/os professoras/es e também na estrutura escolar impedem uma
abordagem cuidadosa e ética das sexualidades na educação de pessoas com
deficiências e com necessidades especiais.
Pensar em uma nova proposta para esta temática dentro da escola é pensar
que as sexualidades estão em movimento e recusam a estabilidade de fronteiras.
Britzman (2010) propõe, ainda:
A autora, ao apresentar o conceito de sexualidade diz que o tema não deve ser
pensado como um tipo de dado natural que o poder tenta manter sob controle, ou
como algo obscuro que o conhecimento tenta gradualmente descobrir. A sexualidade
é um construto histórico de estimulações de corpos, intensificações de prazeres,
incitamento de discursos e formação de conhecimentos e tudo isso se refere também
à criança, ao jovem ou ao adolescente com necessidades especiais, que, por vezes,
estão sujeitos às invisibilidades dentro da escola.
Nesta perspectiva, é preciso problematizar os diferentes aspectos, com vistas
a analisar os discursos culturalmente naturalizados e sacralizados, buscando
estimular questionamentos, desestabilizar certezas e permitir a ampliação de olhares
em direções e possibilidades diversas para falar do deficiente no âmbito escolar.
Utilizar os termos “Atendimento Educacional Especializado” ou “Salas de
Recursos”, é uma maneira de promover discussões e problematizações que envolvem
outros conceitos, como diferença, diversidade, avaliação, avanços, formação, direitos,
violências, possibilidades, entre outros. É necessário repensar os discursos para
58
romper com as barreiras que reduzem e impedem os processos inclusivos na escola.
Britzman (2010)
Nessa circunstância, aceno para as diversas possibilidades apresentadas pela
escola para o desenvolvimento de um trabalho que priorize a formação de
professores, professoras e demais integrantes da equipe escolar – homens e
mulheres – numa perspectiva de reinvenções e reconstruções. É necessário mudar,
movimentar, indagar: como podemos promover práticas educativas inclusivas,
fazendo emergir um olhar sério e comprometido com a Avaliação Pedagógica, com o
Atendimento Educacional Especializado e com a Formação Continuada de
Professores, numa proposta de respeito às diferenças?
A escola deve ser vista não apenas como importante, mas como estratégica na
medida em que se constitui num local capaz de explicitar e questionar as muitas
maneiras de perceber e discutir as deficiências e a diversidade.
Certamente, a discussão sobre inclusão na escola fascina a muitos e apavora
a outros tantos; ou, talvez, melhor seria dizer que ela fascina e apavora, ao mesmo
tempo, a muitos. Mas vale registrar que o momento histórico que vivemos se mostra
mais favorável a essa discussão: a política educacional oficial estimula e recomenda;
a demanda infanto-juvenil “obriga”; pais e mães dividem-se entre a objeção, a
indiferença e a manifestação favorável; professoras e professores a definem como
projeto político pessoal e se debruçam neste desafio. A educação especial inclusiva
viva, no contexto cultural, é cada vez mais assunto obrigatório na escola, em todos os
seus níveis.
É preciso chamar a atenção para a necessidade de as professoras e os
professores tornarem acessíveis e se familiarizarem com práticas pedagógicas
inclusivas e adaptadas, não somente porque estão cada vez mais evidenciados pelas
crianças, mas também pela necessidade de que a educação apresente outros olhares
sobre a diversidade, de maneira a desestruturar percepções enrijecidas sobre o tema,
pois as propostas necessitam ser acessíveis e precisam atingir a todos.
Dentre outros aspectos, é fundamental perceber que através da educação
surgem mecanismos capazes de problematizar verdades e gerar novas alternativas,
ou várias alternativas, demonstrando a possibilidade do novo, interrompendo, assim,
vícios de uma cultura já imposta e fazendo nascer novos meios, novas posturas e
outras perspectivas. A sala de recursos, por exemplo, deve ser um espaço desprovido
59
de preconceitos e de limitações, deve pautar-se na criatividade e na acessibilidade
onde a Avaliação Pedagógica Diagnóstica seja um instrumento sério que possibilite a
verificação, análise e criação de oportunidades para crianças com deficiências e
necessidades especiais.
A escola deve buscar manter em suas propostas ações de alcance para
professoras e professores, construindo uma política pedagógica que insira as
discussões sobre o AEE, sobre as Salas de Recursos e a diversidade em geral. Além
disso, as deficiências não devem ser reduzidas e nem pensadas como limitadoras.
E Silva (1992) salienta que:
Já existe em nós hoje uma consciência que nos leva a perceber o caráter
homogeneizador e monocultural da escola, bem como a necessidade de romper com
esta, para, assim, pensar e construir práticas educativas em que questões como as
deficiências e a inclusão se façam cada vez mais presentes nas discussões e no
cotidiano escolar.
Revisitar o conceito de cotidiano escolar torna-se fundamental, pois é neste
espaço que emergem as relações e as possibilidades.
Sendo assim, Gallo (2007) entende que:
Outra contribuição pertinente para uma nova compreensão das relações entre
escola e processos inclusivos diz respeito a pensar a concepção da escola como um
60
lugar de cruzamento de diferenças, cuja responsabilidade se faz na mediação
reflexiva das suas diferenças plurais.
Evidenciar as convenções nas quais as questões das deficiências e inclusão
na escola estão inseridas é uma forma de apresentá-las, analisá-las e problematizá-
las, dando a oportunidade de discutir para entender e, se possível, desconstruir alguns
aspectos “estáticos” e “indiscutíveis”.
É importante que surjam novas perspectivas de desconstrução dentro da
escola, que sejam criados novos vieses que reformulem e possam permitir novos
rumos ao cotidiano escolar a partir de ressignificações.
No momento atual, as questões sobre os espaços inclusivos não podem ser
ignoradas pelas educadoras e educadores, sob o risco de que a escola se distancie
cada vez mais deste universo e das diferentes dimensões dos sujeitos.
As preocupações aqui apresentadas são relevantes a partir de uma ansiedade
que vem se acentuando em nossas escolas entre professoras e professores que se
encontram perdidos em meio às questões sobre educação especial e inclusão, o que
tem gerado uma crise no cotidiano escolar. Isso exige que haja um enfrentamento a
esta crise atual da escola, não de maneira superficial, mas a partir de
problematizações, reflexões e transformações nas práticas educativas cotidianas e na
estruturação do AEE e de Salas de Recursos.
Para situar a crise da escola de uma maneira mais profunda, cito as palavras
de Veiga Neto (2003):
Sentimos que a escola está em crise porque percebemos que ela está cada
vez mais desenraizada da sociedade.[...] A educação escolarizada funcionou
como uma imensa maquinaria encarregada de fabricar o sujeito moderno. [...]
Mas o mundo mudou e continua mudando rapidamente sem que a escola
esteja acompanhando tais mudanças. (VEIGA NETO, 2003. p. 110)
61
Neste momento, é importante valorizar o simples e o inusitado, ficando evidente
que as questões sobre os processos inclusivos, por mais que ainda sejam marcadas
por processos de ocultações, manifestando-se de formas sutis e disfarçadas, devem
ser entendidas como um produto construído pela socialização e pelo acesso a
experiências diferentes. No entanto, esta perspectiva é fundamental para que a escola
seja reinventada e se afirme como um locus privilegiado de formação e de construção
de novas possibilidades.
As escolas, na maioria das vezes, ainda são pouco acolhedoras com relação
aos temas da inclusão, onde as crianças e/ou jovens perpassam por este assunto de
maneira superficial, tornando-o distante e não conseguindo percebê-lo. Faz-se
necessário repensar as metodologias de ensino/aprendizagem utilizadas nas escolas,
para, assim, provocar questionamentos que conduzam a outras possibilidades e
novas maneiras de ser em um grupo.
A escola necessita ser concebida como um centro cultural capaz de fomentar
espaços de discussões e problematizações, não somente sobre as temáticas
relacionadas aos processos inclusivos, mas discutindo as diferenças existentes em
seu meio. Não se trata simplesmente de introduzir na escola o AEE, e sim, de dialogar
com os processos de constantes mudanças e transformações que ocorrem na vida
dos sujeitos. Assim como a urgência em repensar e recriar as práticas educativas,
instituir com seriedade as avaliações pedagógicas diagnósticas e promover a
educação especial inclusiva.
62
https://www.fazeducacao.com.br
63
avaliações direcionadas às suspeitas de dislexia, dislalia, discalculia, déficit de
atenção e hiperatividade distribuídas entre Serviço Médico, professor regente e
intervenções psicomotoras, além de oficinas de autoestima. Moura (2012)
Todo esse processo demanda um certo tempo, mas é importante para não
correr o risco de um diagnóstico que deixa dúvidas, pois uma vez diagnosticado como
deficiente intelectual ou qualquer outra deficiência, os psicólogos especialistas em
educação orientam que não há reversão. Este aluno será para sempre um portador
de Necessidades Educacionais Especiais.
Sobre a comunicação:
64
Sobre a atenção e concentração:
Sobre a psicomotricidade:
65
Estruturação espaço/espacial: noção de si mesmo no tempo e no espaço:
66
As concepções e práticas curriculares das escolas refletem construções
conceituais que os/as professores/as vão construindo sobre o currículo, ao longo de
sua trajetória profissional e pessoal, entrecortada pelos elementos pedagógicos e
relacionais do próprio contexto escolar, inclusive no que tange às práticas
relacionadas à educação especial. Este texto é uma tentativa de compreensão das
relações estabelecidas entre essas construções conceituais e a prática pedagógica
do/a professor/a da Sala de Recursos, ou seja, relações nos processos de construção
do conhecimento concretizados nos momentos da “aula/atendimento” e, para isso,
tornou-se fundamental perceber que este espaço é marcado por relações de trocas,
de descobertas, de angústias, de superações e, portanto, se configura como um
importante espaço de aprendizagem, considerando este, ainda, como um espaço de
atuação curricular e pedagógica efetiva do professor. Nesta perspectiva, emergem
questões a serem problematizadas:
67
https://www.robertolorenzon.com.br
Vale ressaltar que, muitas vezes, o espaço da Sala de Recursos indica que
cada “objeto” deve ter seu “lugar” específico e determinado; os espaços estruturam a
forma de socialização do sujeito, pois determinam que as “coisas devem ser mantidas
separadas” e que professores/as, alunos/as e conhecimento também devem ser
mantidos/as em locais fixos e determinados, com fronteiras rígidas e bem
demarcadas. Seria possível dizer que a organização da Sala de Recursos,
geralmente, reflete nas relações que ocorrem em seu meio (NUNES, 2018).
A partir de uma pesquisa realizada em uma escola municipal da cidade de
Lavras/MG, na qual se explicita aqui um recorte, é preciso pensar que, apesar da
predominância posicional através da qual as professoras da educação básica,
precisamente do ensino fundamental I, mantinham o seu “lugar” de destaque, à frente
da turma, sendo detentoras do conhecimento, ao mesmo tempo em que os alunos/as
permaneciam assentados/as, enfileirados de forma a se tornarem possíveis
receptores/as destes conhecimentos, as interações entre as crianças possibilitavam,
em muitos momentos, um rompimento com a demarcação dos espaços reservados
aos sujeitos educacionais. Nas Salas de Recursos, as rupturas ficaram visíveis para
professores, familiares e alunos quando, a partir das propostas diferenciadas, os
retornos começam a acontecer e, ainda, nos momentos em que os alunos/as
68
provocavam um intercâmbio entre as atividades propostas pela professora, suas
limitações e seus interesses imediatos (NUNES, 2018).
Há, ainda, a exposição de que as concepções das professoras do ensino
fundamental I sobre o conhecimento e sobre o currículo, vinculadas à transmissão
rígida dos conteúdos escolares, necessários, na visão das mesmas, à aprendizagem
mais efetiva das crianças, forjam o modelo de currículo construído no cotidiano de
suas práticas. As professoras do ensino fundamental I atuam no “modelo” curricular,
por elas construído, dia a dia, fundado num conjunto de fragmentos, de conteúdos,
temas, objetivos e atividades, sob a interlocução entre as propostas da escola e a
particularidade da sua prática, na sala de aula (NUNES, 2018).
Portanto, é necessário considerar que as relações estabelecidas na Sala de
Recursos, seja com alunos, com familiares, com profissionais ou com o próprio
espaço, certamente são grandes possibilidades para a construção e enriquecimento
do currículo, além de contribuir para a instituição de um processo educativo
democrático, significativo e que atinja os objetivos (NUNES, 2018).
69
Vários foram os momentos na história que elucidam e exemplificam a
riqueza dos encontros com a diversidade. A multiplicação dos movimentos gays
organizados, em meados das décadas de 70 e 80, estaria evidenciando uma nova
postura dos homossexuais e, consequentemente, uma nova relação entre cultura,
sociedade e indivíduos.
Também pode ser citado o encontro entre portugueses e índios em
meados do século XVI, que resultou em anos de dominação e exploração, onde
perduram alguns resquícios até os dias atuais.
Outro momento importante a ser citado a fim de exemplificar e
apresentar as características que envolvem o encontro com o outro e a diversidade
diz respeito ao encontro dos negros com sua liberdade após cem anos de escravidão
no Brasil, liberdade esta que resultou no fato de estarem diante dos brancos em
posição de libertos e, portanto, indivíduos com direitos e deveres (NUNES, 2018).
Estes momentos descritos acima remetem a sociedade a refletir sobre a
importância de perceber o outro, nos diferentes espaços, nas diferentes formas, nas
tantas e diversas características do ser humano e, ainda, nas diferentes maneiras de
aprender. Encontrá-lo em sua diversidade, respeitando as singularidades, é caminhar
ao encontro de uma sociedade mais justa, tolerante e que avança rumo à evolução
humana (NUNES, 2018).
No encontro com o outro é necessário desenvolver a habilidade de colocar-se
no lugar do outro e inventar uma fórmula de convivência em que todas as partes
possam se beneficiar (NUNES, 2018).
A família e a escola devem se firmar como uma corrente que, ao dar as mãos,
cria forças imbatíveis e transformam possibilidades em realizações; devem se
compreender e agir como uma equipe e é fundamental que ambas sigam os mesmos
princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que
desejam atingir com relação aos seus filhos/alunos (NUNES, 2018).
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https://sistemas.tjam.jus.br
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À família:
À escola:
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precisa estar sempre em vias de crescimento e aperfeiçoamento, pois é algo vital para
que o processo educativo se desenvolva, para que os distanciamentos sejam
amenizados e para que todos os envolvidos sejam beneficiados (NUNES, 2018).
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8 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
9 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRASIL. Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015. Disponível em:
. Acesso em: 9 ago. 2018.
BRASIL. Portaria nº. 13, de 24 de abril de 2007. Brasília: MEC. 2007. Disponível em:
Acesso em: 9 ago. 2018.
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MANZINI, Eduardo José. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e
material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa com
deficiência física: recursos para comunicação alternativa. 2. Ed.. Eduardo José
Manzini, Débora Deliberato. Brasília: [MEC, SEESP], 2006.
NETO, Alfredo José da Veiga. Pensar a escola como uma instituição que pelo menos
garanta a manutenção das conquistas fundamentais da Modernidade. In: COSTA, M.V
(org). A escola tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A. 2003.
SILVA, Tomaz Tadeu da. O que produz e o que reproduz em educação – ensaios de
sociologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
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