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1. ATRANSDISCIPLINARIDADEE POSSIVEL eM LINGUISTICA APLICADA?™ Luis Pa da Mota Lopes Introducaa Embora a chamada nagurera ineriseipinar da Lingistiea ‘Aplicada (CA) no tenba ainda sido suficietemente entendia © pratcada se coloca para esta fre de investgagso um outro modo Us produsir conhecimento, de cunho ransiscipinar que comes & ‘ered ver tne presenta na tortura como envotvendo um ipo ‘e pesquisa comum ao nas cincits natrais quanto nas cincias sociaise humanas (ef Gibbons eta. 1998), [Tw wae tomo poste ra na aa ea do CNP Fase oe sumautio da LIB (3425). Agidogea Alice ie UPR) Sos nates feaauina nls eno date atl Sia mea ooo Fanta em 4/995 en eaecdonds “Tasca Tasos ayn’ px sein do 1 Congreso Bali Uangion ‘oda om Caspian SP us. [Neste trabalho, vou invinlmente enunciar 0 modo de fazer pesquisa reconhecid pelos pares como sendo pico da investigasio fem LA, pelo menos da parte dagueles que se alinham & maneira de Fazer LA defendida intemacionalmente (t,o Vademecumda AILA), fe que ni fazem LA de maneiraporiftiea ao sou trabalho principal, mas de forma central sistema, amparata pelo maior ndmneri de ‘entidadese instiuigdos possveis" (Kleiman 1992, . 35). A seg vou apeesentar 0 que earacietiea a concepgio tansdiscplinar de pesquisa para entio discut-a em relay & investigagdo ern LA, respondendo, desta forma i perpunta que duo a est trabalho, (Uma visa anual de LA Contemporaneamente,defende-se uma visio interiscipina LA. 0 lingtistaapicado,parndo de um problema com o qual pessoas se deparam ao usar a linguagem na peti socal e erm sontexto de ago, precutasubsiion em vrs diseiplinas que possam, lumina teoricamente «questo em jogo, ou sea, que possam ajudar a scared el Widdowson 1979;Cavalcati1986;Moita Lopes 1996a ce) sso quer dizer que a pesquisa em sé aplicada so 6, aco no content de apieaio, eno se facaplicago em LA. Elabora-se, asim, ‘uma compreensio terca de naturezainteliscplinar ap color 0 problema em estudo na "itontcta de dus ou mais ena [0 qe] as ‘obrigaa somarem seus esforgos para, redelnindo o objeto, care uma ova perspectvacintea” (Tavares d? Amaral 1992, p. 108), Cont, este percuso.napritica ainda € muito poueo efe- tivado, Uma anise dos tabaios em LA revelaé quc uma grande ‘maiorianormalimente ainda em umahasetéviea Unie a Lingustiea em um sentido macro. Os pesquisadors, em geral, operam dentro dds limites da Andlise do Discurso, da Tingistica textual, ou da ‘Aalise da Conversag na enativa de compecendero problema em ‘lise, Ou sj, ficam dentro do limite diseiplnar. E-laro que, aqui, ‘esto exeluinda da dscussto os pesquisedors que Fazom aplicagio us 4e Lingitstica, por ser um pico js vastamente discutio na Titer: ‘a, como uma forma inadequada de produit concimento de nal reza apicada (ef. Cavalcanti 1986; Moita Lopes 19960), Em geral, nose, napritica coma deceeréncia de ess linglis- tas aplicaostahalbarem dent ds mites de uma dscpling teria, ‘com disse cima, uma ifiuldade em aceite a intgragiio de idins ampos variados como sende compatfeis: um trabalho que requer um Brande esforgo de astasotdria ede pensumento ten (t.Tannen $4), que ébarrado pels ites de una dseiplina. Ete esforg interdis- tiplnarenvolve a intgrago de isis a nivel maro ou do essen ha tealaiva de eosrir uma nova teoiae uma nova compreensio do problema em esto, Para agusles que #6 obedecem aos fimtes da ‘Anilise do Discurso de Fins ou y, por exemplo, fea impossivel 0 forgo interisciplinar Como cise Meita Lopes (1994a),"aauséncia ‘desta vompreensio ttrenglobaizadoa pode leva a diyptas metalin= ilsticasestreise reveladras de um nivel de teria inadequado [sto 6, dsciptinar, cm uma Sra” que se quer inentscptinar. Além iso, este eforgo ineriscipina envolve um taba de sntese que, fem geal no € tia valorizado no mercado acaémico quanto aan: “as investigagessnttcs [so] gealment suspeitasdecontaminagdes flosicas ou de desviewespecuaivos” (Faure 1992, p. 63) ‘Outeas iticuldaces de uma sea de investigogi intrdisci rar estio elaionadas 8 acetago institucional da rea, No Brasil que eu siba, hui Gio departamento de Lingtistia Aplicada (2 Unicamp) eo CNP, 0 principal ego definaneiamento de pesquisa no ‘as, queinfluencia todos os outros, eentendea LA como uma subsites Linguistics Isso te implicagesrelativas ao desenvalvimento de tances vniversitérias, como também & distibuigo de vers para pesquisa (ef, Fare 1992, p61), Areas investiga disipinares so Ima ficimente departamentalizadas ¢ se adequam com facia 290 ‘mundo uiversitio come ee gio & se encaxam em priticassocais de investigagn naturalizadas, como acho que Fairclough (1989) di Na visio de Faure (1992, . 61), préticas de pesquisa intendiscipi pares, por no constituirem disciplinas, constituem, na verde, NGiseiptina suseitam, portano, problemas insiucionas, ‘Quem tent opera de forma interiseipinar, paga 0 reso da {Nalsciplina, dando, freqientemente. nas unversidades em gue im eran as reas dsciplinaes departamentalizadas, margens a incom reensdes do que seja 0 trabalho interdisciplinat Estas sBo causadas pelo chamaco fendmeno do “Rei sem reina” (ef. Faure 1992, p. 68) Para ilustrar meu reinado sem reino, por asim dizer, relato meus passos acadénices, Estou departamentalizao em letras Anglo ‘Germinicasatuo apis graduago em um programa Iterdsciplinar ‘de LA: minha pesquisa € na inka de interago em contexts insite ‘Gionais (sla de ala de Hing matermae estrangera), com prepon- erica de pesquisa em lingua materna nos dltimos seis anos: 6 forientcialunas do Programa de Letras Francesa; iz pastas na Faculdade de Educagdo, onde j examine! teses, ena Engenharia de Prodgo, onde ji co-ofiente! uma tse de dourorada; jf e-orienei ‘eexamine teses na Lingifticneem Lingua Portuguesa de cursos ‘ete livros com linguists Calis, repetindo Widdowson (1979), fnuitos dos meus melhores anigos so Hingis!) 6 eserevi um. gus essa elo atualinente nas reas ces, Anise Critica do Discurso, Edu cago, Psicologia neo-vygotskiana, Psicologia social (a rea de cons trugdo da idenidade social), estodos culuras, Sociologn, Moicina ‘Sova ¢ Psicandise. Para quem opera dentro dos Himites da dscplina ‘ou departments, meus pss So, laramente da INdiscipia, ‘Umadas teas que se fazemstetativas de interdisciplina- ridade na produgio de conhecimento é a de serem superficias € ‘esprovidas de eros de cietifiidode, Contudo, como diz Supias- ‘1 (1992, p87), "0 que se encontra em jogo & eeta coneepyio do Saber, des repartigoe de seu ensino, posto que o interdisciphinar parece como um prineipio novo de reorganizago das estruturas pedagigicas do ensina das cigncias”. Esta eorganizago requer una Fnterpenetogio das dsciplinas tanto do ponto de vistatedrico quanto do ponto de vista metodolsgico, E natural que a praic interisci- plinar, por desestbilizar a esruturas da universe, sea rept (0 prinefpi da errtorialidade om desagregago, que desarticul 08 ‘ethos eaciquese seus poets, Na visto de Jupiassy (1992, p. 89): inesisciplinar no algo que sensine ougeseaprend aig que se ve. E foamansl uma ane de eso, “uel decode, do tur deseo da venta, Asinijin ds lpfesenentsenteascoiasequeeseapan ‘oberg coma. Adee recs dbs especie o> ‘holam-e dos dpm dos shares verdes, Acrescentria ands que iterdiscplina envolve interes © respito pela vor do outa slog, por ouvir oque outro esti dizendo ‘oma fnaldade de analisar como suas iia se eoadunam com as perspectivas que se tenha, Na universidade, como afirma Tannen (Git), o-comum é ouvir o outro para destrur seu argumento, como se faz no discurso da vida privada quando estamos aborrecidos com lgucm, Tannen (sd) indaga xe este €"o melhor mods para eas intcletuaispublicas” © argumenta gue a integraglo de idgins de ampos diferentes & uma forma de pensamento efi, Eu mesmo jf Sresenciak discordancas académicas pablieas em eventos de LA hosadae simplesmente pelo uso de metainguagens diferentes, ou Seja, por uma inabilda de reconncerenfaques interacionaist6 Ticos diferentes, futo de parila discipfinaes ou da auséncia do “que cham acima de compreenso tereaglobalizadora de naturezs fndiaciplina,o que € esencial em uma rea que ve quer interis- ciplina. Como diz Portell (1992, p. 6), “Enguanto que o projsto ina dftngue,privilegia, consugre, © programa interdiseipli- har combina, soTiariza, desmisiia. Ee crresponde,talvez a um tstigio avangalo de secularizagio do conhecimento”, ‘Translseiplinaridade “Tendo diseuido cima a visio contemporinen de fazer LA, ‘soins inerdsitnsr passe agora present acon transdisiplnar de predic conhecimento para, a seguir, analiser ‘como esta concepgio pode coadunar-se com a fea de LA, ponto ‘central deste teabaho, Em um livo chamsdo The New Production of Knowledge publicado em 1994, es seis autores (Gibbons, Limoges. Nowotny, Sefvwartaman, Sct Tow lent descxever una forma de produio ‘ado respansbilidade socal do lingista aplicado (ef Cameron eta 1992), Perguntas do io aver pesquisu para quem. com que objetivo” comegam a preocuto (ef. Mota Lopes 1996b), Observa-se também ‘uma atengo drecionad na divelgago de esultados para rofisionais para quem nosso rabalodeinvestgasio passa ser tl (ef Mota Lopes 19945, p. 76), 1 sea, a divulgagaotpica do Modo 1 iso, para os pares, parece ser insufciente, Contd, o controle de qualidade ainda € feito pelos pares. Os profissionais para quem eelatamos os results- {dos de nossa pesquisa funcionam como receptores de resultados de pesquisa feta por outos. Para que os resultados sejam avaliados Gireamente por estes profissionas, eles ttm de estar dietamente tenvolvidos no contexta de aplicasi, como na pesquisa colaboraiva iscuida no item c, que 6 bem tpica do Modo 2. Ou seja,adistingio ‘aqui é entre pesquisa sobre alga (agentes sociais como receptores {de pesquisa pesquisa com algusm (agents soca como produto- res de pesquisa £6 Realidade complesa ‘A consciéncia de que aveafidade com que lingistaapicado se defronta. ao (ear resolver problemas da pritea de uso da ingua- ‘gem écomplexa ef bastante comum na area Isso levoud compres ‘io da importancia dese abalhar itecdiscplinarmente e, poranto, Anecessidade dese deslocar a LA da dependénciadnia da Ling in. © Modo 2, igualmente, consiui-se com base nadia de que os Jinitesdsciplinares no dio contadacomplexidade doque se esta, 18 Conclusto Estes seis ptos indicam que, embora a LA no se encaixe perfeitamente no chamade Modo 2 de produgo de conhecimento, ‘essenciamentetransiseplinar. que seria impossivel para una res de investigago,conforme jf argumentado, a produgdo de con ‘mento em LA tem semelhangis caras com esse Modo. Isto prova- velmente devido ao fate de «LA ser uma een de investigagio relativamente nova, © que pernitie «caplagio de idgias emergentes ‘sobre procedimentos epistemoligicns de natureza transdiscilinar na formulagio de seus petcutsos de investigasdo. Quero erer que este fato possbilite moe feilidade na vinculagodelingUistasaplicades 8 grupos de pesquisa de naturezateanstiscplinar. Referencias iblografias AILA Vaemscum 11992) laformaion on te Internationa Assocation of Ail Linguists, (CAMERON, Di: FRAZER, Ei; HARVEY, Ps RAMPTON, MBH, RI ‘CHARDSON, K. (1992) Rescuing lagquage.fstes of power ‘and method. Londres: Rost. ‘CAVALCANTM.(1986).A propio de inguin Aplicada Trabulior de Lingus Aplicada 7p. 8-12 CAVALCANT, M. ¢ MOITA LOPES, LP. (199, Implmertagio de esq na ola deals de gua no comexto bails, Trabulos de Linguistic Acad 1, pp 33-138 CCELANLM.A.A. 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