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2. DORESIDUAL AOMLLTIPLOE AOCOMPLEXO: 0081 DAPESQUISA BM LINGUISTIC APLICADA' In Si (0 corpo que atvavessaaprendecertaente un se undo mando, quel para o qual edie, onde, fale otra lingua Masel se iiiasobretu ni tereiro, pelo qua rans. (Sears, M. 1993, Insrodugao 4 ‘Como dreadeinvestigngso, a Linghstien Aplicada (LA) se configurade também, ¢ eada vez mais, como uma espécio ‘Asta ena er Canine (SP) oP de men ae a {28 W195, pr ees Real do GT de Lngsen. Ali "ANPOLL matte as Paso FB). interface que avanga por zonas roneitigas de diferentes dscplinas, ‘no somente na drea dos estudos da linguagem, como também na dt Psicologia, da Sociologia, da Anttopologa, da Pedagogia, da Psi nse entre ours. Nese sentido, tre tami constitute com uma are feita de margens, de zonas lintuofes hilar, onde se ‘omnam miveis as linkas de pavtiha dos eampos discplinarese x10 deslocados, reinscritos,reconligurados, o¢ constructos tomados de Aliferentes adigies creas do conhecimento, Gragas aos agenciamentos, no sentido focaultiano do teem, «ts clivagens produtoras de curto-circitos que abrem para novo © possvel ts constructos passam de instrumento a objeto de refle- fo, sempre prestes a dferiem, ase ransformarem, quando nose ‘acharem completamente em fungdo de questBes ¢ineresses novos ‘eexpecticns. Ba exemplo do que oso tama em outs dress {do conhecimento, muitos das agenciamentos ¢civagensnesse pro- ceesso se dio de forma transversa 8s configuragbestradicionas das isciplinas, ou sej, em percusos transdisciplinares de investiga, ‘Tendo em vista que os percursostransdisciplinares sho cata 'isadores poderosos que incrementam esse processode deslocamenta «© recontigurayio no campo epistemologico,processa esse impasto pela pripriaespevificidade do abjeto de est na rea, nosso obje io, nest tral, ¢ ode melhor denticaredeserever esa relagdo entre aconstrugao do objet de investigagia ea nocessiade de novos instrumentos de reflex. A consirugio de um objeto bride A conligdo de inertace em expansio apresentada hoje por ‘ita das fentes de pesquisa em LA se contapide a uma condigao, Aida presente ci outasHentes, mas crcunsert, dita de mediagdo, ou de intermesdiago entre diferentes subsreas dos ests lings «0s, sso porque, diferentemente do que ocore no easo das propostas Ge intermedago, nosed uma tansposigo de objetos (ou probe ras) 4 constituidos por uma tadiglo dscplinar de referCncia ~ ruts vere na condi de residuo ~ portato, definidos segundo ‘aparelhoterico-motedolgico des radigio. Subsiu-se, deers ‘manera, um percursoorintado para o reconhecimento ea veriticn iodo queprevé oaparclhoconcetua de referGneiaparaum percutso corienado para a busea © 2 etiagio de novos conccitos € novas lterativas terico-metodolggicas 4 partir € em Tango de wma redefinigdo do objeto de estudo. E essa reefinigio pade ser tradurida por um debruga-se sobre 0 que Latour (194) chamou de “mistura que tece © mundo”, ty “tecido inteiriga das naurezas-cuturas”, ito €, 06 elementos hibridos em que se entelagam o mundo dos objetos e © mundo dos suits, agenciados (ow envolvidas) noma mesma trama ou rede través de un fo frig, cortado pela tradigoanalitieaem“pequenos eles nose ‘compartments espetficos”, de modo que em ea misture o conhecimento dis coisas, oineresse, 0 desejo,o poder ea politica dos homens [No caso dos estudos lingstious, «segundo a tag cient- ficadda modernidade,é rompida fina ode de piticas, nstrumentos « instuigdes, que, como lembra Latour, do sentido 20s hfbridos (is fesse respeito, ver tama Signorini 19982), O objeto da tradigio Tingitica clissiea & pois, um hibrido purifcalo, isto, no qual foram desemaranhada as nas do objetivo e do subjetivo e social “Apes de no eseapar completamente tradi cientfiea moderna (ef, Pennycook, nese volume) & LA tem huseado cada vez mais refertneia de una lingua real ou ej ma lingua faladn por falates reais em suns pritcas reais eespecica,nunta tentativa justamente de seguir essa rede de no arrancaro objeto da tssitara de sas talres, Da especificidade do objeto de pesquisa em LA ~o estudo de priticasespevtias de uso da linguagem emt contextosespecificos ~ebjet esse que a constte: como campo de estuda outro, isting, no transparent e muito menos neue. ot ski i de pss os poasinet zatros ques nia mae mesm undo compro Gos cam tars e seo dao, ov mantis ls So tsperalo © Jo sah, tem a opera descents erupts nesaiama iademonsagio pune sinplesdporeeetve tha aperati) de dao prt snc, mest (sobre) nando se prope a fut, Ase rp, Citta fade tds oe qu at nn dso npr que sanyo expec £9.50 vem urs ous edscutndo prez po concede iu hela ds eating lies ea mente set cm don concen shave mt eons da capo Sputrolieeo pepo & Lingus bre ee cocoa Lie sie lie, ver Ragan 198) também ihustrtivo 0 foto de concetos correntes na rea como, por exemple, 1 de “portiguds para estangeiros", ou 0 de “gramitiea pedaggica”,causarem sempre desconforto, quando no indignasdo, aos lingstas que tabalham justamente eam o conceito generico e abstato de lingua: em 36 havendo um sistema para & Portugués, s6 hi uma gramztica para ess ingu esas vatiedades e, ‘cnseqlentemente, como nos lembrava recentemente um colega, em ‘qualquer situagio “o que se ens & poygus; panto,” Construindo 6 mitiplo ew complexo [Na walidade, no campo da .A, 0 estudo das pres de ingua- em fem si proposto tanto a partir de um eonceto genético abstrato € tnico de Hngua, preuzido pola Lingtstics dita tetca, quanto a Ptr de um coneeito milo nfo unificado, produzide por percursos ‘eansdieipinares de rellexto sobre esss prin, gua n prime Fo caso tds as varivelseelacionadas ao flante € 40 comtexto, por xem, so de ini extemts e esiduis no sistema da igus em ‘questo, no segundo caso, essas mesmas varidves no s6impregam 10a ss formas lingtiticas em ws come tambim a constituem e, portant, ‘io também consi a especifciede da lingua em esta. Em termos gerais a pergunta ase feta no primeiro caso est sempre relacionadsao(s) madots) de instanciago, nas pris foca- Tizadas, do modelo ou do sister genérico de leis ede propriedades, ‘consiuilo para descrever lingua em questo. Toda especifieidade ‘ai ser tatada, pois, como vaiante mas ou menos prima (ou mais ‘ov menos regular) do modelo de referacia. No segundo caso, & investigago est orientada para as egulridades lca (em conta psig a universais)e para as elagBes moventes (em contraposigdo 2 dads} nos) modo) de Fncionamento do lingustco em con- tigbesdalas de uso.O prio conceito de espcifcidade como ago diferenciador de una variant ot variedade do objeto de referéncia scesvizia, nit medida cm que o eleuloda dferengaem relagioa um, ‘modelo anterior eacahado no mais se coloca. Nesse sentido é que se pose dizer, por exemple, que o vonstructo "portugues para estan cis” io se disolve no de “mngua portuguesa". nem ode “gramie ‘ica podagigca” node “gramiten” so epistemoldgica de um deslocamento dss tip pois. orompimentocom cules concsiuaiseexpectalivas {eleolgicas otalzantes,cm favor de uma sistematcidade to rigor ‘st 4 ti “sientfca— quanto possvel, mas aberta eorentada para {© aeonizimento, 0 "Intempestvo” de Niowsche, os processos em landamento, Da busca cada numa Kigica da totalidade, da repetigfo ‘eda permanéncia, produse a especificidade 0 novo como variagao ‘doum genéicn, ou comodesvio, perurbgncwerro narlizagio dese tum; enguanto que da bussa eleada numa Kgica das multiplets, dla plus € do movimento, produ-se uma configura espetfiea « provisia fo sent de reales, mas que procura ter a espe ‘dade, 0 nove ¢ 0 complexe com elementos coastiuintes do objet, ‘como tal, a serem contemplados pela reflex. Em termos metodoligicos, esse deslocamento vai implicar peteutsos de investgago procedendo por agbesorientadas mats por tn plano que por um programa fixo pré-montado; por ages orien ws {adas egradativamente reorientadas om fungo das meios,interesses « obstéculos em jogo. Daf ointeressenasrea pelos metedlogias de hase interprcativista que io obscurecem essa participagio do pes. |quisador na consieugio do campo de referéncia ¢favoresein 0 ni descolamento ou purilicagio do lingistico, nos termos de Latour ‘quando da anise das peticas de linguagem, © exemplo da introduo do sosiopolitio no estado «da comunicagio verbal Quanto focaro acontsiment, form do novo do aa, ‘partir da mulipicidade © do movimento, trates, como afinma Deleuze (1992), dese “econguistaroinesperido”,sendo que, segundo ele, “oinesperado & wna condo de abalho” eno um acess ou "um impstimento. Ness sentido, tata-s também, segundo Deleuze, de se recongustar 0 polio convo possitilidade, como avomecimento, ‘como singular, escapando égica da repels do engessamen ‘0, da busca da permanéncia de uma anquclogia fundadors, como a (que tem orentado a pespectiva historic, Sat proposta a de que a anise se faga sempre nos termox ‘de uma experimentasao (em conttaposigho a interpelagio) ede wna cartogafia: seguir “caminhos © mawvimentos”, fino, inlensidades, processos; seguir ¢ desemaranta as linas; analisat 0s espagos, 0s “evites". Para isso, fase nocesirio, segundo Delewze, que se busque a arqueologia do presente © no uma caustlidade linear ‘eomandada por qualquer tipo de wanseend8nein, ou “ubsiragi™. E80 porque, segundo esse mesmo autor, "quando seinvoca uma ranscen- nei, interrompe-se 0 movimento, pa ilFodwrir uma iaterprets oem vez de experimentar” (1992, p. 182) Dat a necessdade, segundo Deleuze (e também Derrida © Foucaul), dese deslocar 0 conceito“*metatisco” de histria, uma vez ‘que se de Fata, “a histria nos cereae nos delimit", ela porém “do diz. que somos, mas aguilo de que estamos em vias de diferir”, esse deslacamento se daria, segundo Derrida (1975), peta proto Gde-uma outra cadsia conceptual de histria, em que Figurasse a cstratificagioe a contradigio, por exemplo, em lugar do Tinear © do ilétco (ver mbm, a esse respeto, Signor 1998a). Tal dslo- ‘eamento perma também a rediscusso de outras noges herds Ga traigo marisa ¢ ateladas & perspectiva historcistaclissica, inclusive ws de ordem e estrutua social. O objetivo dessa rediscussio ‘ea justamente ode contbairparaesiades mais eompreensivos dos mecanismos e das lgicas complex, hieraruizads etansversis, twats na relidade social tanto emt nel miero quanto macro. No easo espectfico dos estos linguistics, essa busca ds arqueologia do presents, n0s termos propostos por Deleuze, tem $e dado na LA justamente por mei daincusBo peloque emerge ou pelo {que se move sob ns sabores eonstituidos, ou 8 margem deles, dentro fe fora da disciplina, dos poderes estabelecidos nas diferentes insttigdes inclusive a aeamicas. itvoduo do sociopoltico como ingredisnte eansiuidor das pitas reas de inguagem, por ‘exemplo, em raido para o campo aplicade preocopagtes comuns a “iferentesabordagens em diferentes iseiplinas. no sentido daadogio “de uma perspeetiva critica dos meadlos Fingusticos que obscurevem fou negam # heteragencidade das eondigdes reais de uso da lingua © tsrelagesente uso da nga (reyprodugo tanto naesferapablica “quanco na privada, do confront ence Forgas soci (a esse respeito, ver tambéin Aver © Di Luzio 1992: Fairclough 1995; Mey 194; Briggs 1997, entre cuss) ‘A énfase,porém, na importincia das tons edesiguadades acomunicagio veil, ant como Sintommas quanto como causts le tenses edesigualdades no contexto social ais amplo, nfo implica ‘uma relagio necessiria ¢ sufieiente ent ordem comunicativa € ‘rdem social. iia 6 «de que uma relago de iterdependéncl mn doterminitica entre omiro eo macrocontexto em que se inst ‘0 processo interacial. Eo estudo da eomunicagao em conteXtos insttacionais tem apontado a importincla do ideolgien com prea ido como ur fendimeno de natureza poral eindexical que consi “ospracesos seiniticos que habitam a vida social (Sivestei 1992) CConforme apontam esses esis, ¢relevane para os estudos splicads a consideragao, nesse tipo de contexto, da contraposigio Sreqent entre uma ideologia ingttcabaseada na referencia (elagao linguagemiealdade),exerplamente ariculada pela wedi tecno- ientfica e uma ideologia lingisticabaseadana ao (telagG0 lingua sgemfordem social), exemplacmente aniculada pela regulamentaea0 ‘metapragmstica do corto & do apropriado em conextosburocitcns De um lado os eriios de vaidade ede legitmagio a partir do gran de verdade do que est sndo dito, de outro os ertrios de validade ede legiimacio a pari do gra de indexagio do que est sendo dito a um context socieagistico tid como dereferéncia. No primeira caso, portamo, ser racionallazovel no uso da linguagem significa esta atentocomespondéncia da que se dizcom 1 verdade (realidade), enquanto que no segundo caso, a atengio se fesloca para a performance, ov forma “corres de ago dalégica, Isto, paraacorrespondénciado como se diz(ou se age} comaondem socal dereferénei, noeaso, os padres instituionalizades. Nos dois ‘esos, por, aincomporagio desses padres instituionais—-diseurso tecno-ciemtfco, dscursojuriico, lua espeeticos da insiigo— esi sempre vinculada crenga sca do ator social de que odor. ou manejo) das prétcasdiseusivas“apropriadas” di aesso tanto a recursos materiissignificativos quanto participago na configura- ‘elo de poder em arenas instucionals chaves. Ainda segundo uma perspectiva era, t8m sido diseutidos ‘os modelos lingisticos e socioetnolingbisticos que obscurecem ou rnegam o processual eo acomosimento, sa, aquilo que ext “em pokénca de reaizago", ns termos de Deleuze, 0 que no se confunde ‘com o inside 09 atuazado,e, portato cm okeategorizad, No ‘esto da comuniagio verbal, porexemplo, introdugdodaperspectiva ‘sociointeaconista de consiugoreproduga di realidad soil atraves da inguager fez sugir novas quests relacionadas indexializast0 daordem socal e das ideologis lingtisticas, notadamente as relaciona- {ds 0 etrament esclarizado proceso intracional [Na esta justamene do estudo dessas quests & que se pro- duu, par exemplo, a econtiguagio de categoria sociolingsticas tradicionais, como as de idemtidade social (género, ida, classe) « clnicdac, no mas compreendids como categorasabstratas dads ©

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