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SAVUOW Ly3g0¥ ATER SOTUY9 OINOLNY OBSIPF 6S Is@ig OU BON!/Od 8 BIMIND ‘oSeds5 b4vy9099 sy io0103 a1 seameatazber tarmac Pll Enute de Tek p 10.5 x ISM RNs 7419-5229 2 Gow 3 Giengralia 1 Sate a8 Tape Pubie 6 Weatoge eptranna copa. oh. Lat yeh! WOGLAS GLOGRAHICAS t RAE POLLIICA NO BRASIL ISPAGO.E Propeto e predco 1 Grafica Annablume Poaginagao Visi. 1 Pereira © Astonua Carlos Robert Moraes Selig: sete de 2008 Anasblus Fditora Area (oergratta Temes Soctauanbientats ComselboCrenilico Carlos Kebert Moraes ras Russ Jase uae Cinema Anza a Crue Rua De Virpilio de Carvalbs Panto, $54.14 OS41S-020. Sia Polo. SP Brasil Tel Fon. (011) 15890326- I clovendas 4420-0225 ‘wer amuse com be ros Introdugiio .. 1A questio do sujeito na produgio do espago .. 15 2 Geografia consciéncia do espago . 2 3 Uma nota sobre 0 conceito de ideo- 37 logia ....---- 4 Politica e cultura no debate mardsta 47 um esbogo .. 7 Uma nota de conjuntura: ovo @ ter ritorio na Constituinte ... 145, Bibliografia ..... 155 9 1 A questao do sujeito na produciéo do espaco Todos sabemos que as formas espaciais sa produtos histdricos. O espaco produzido € um resultado da ago humana sobre a superficie terrestre que expressa, a cada momento, as relagdes sociais que lhe deram origem. Nesse sentido, a paisagem manifesta a historicidade do desenvolvimento humano, associando obje- tos fixados ao solo e geneticamente datados. Tais objetos exprimem a espacialidade de or- ganizagdes sdécio-politicas especificas e se arti- culam sempre numa funcionalidade do presen- te. Aparentemente formas inertes, possuem, contudo, o poder de influir na dinimica da sociedade. * Esta producao social do espaco material, esta valorizag&o objetiva da superficie da Ter- ta, esta agregagdo de trabalho ao solo, passa inapelavelmente pelas representagdes que OS homens estabelecem acerca do seu espago. Nao * Sobre estes pontos, ver Milton Santos — Por uma Geograjia nova, Ed, Hucitec, S40 Paulo, 1978 e Pex- sando © espago do homem, Ed, Hueltec, Sao Paulo, 82, IS w coe ‘ 1a apr izacio do planeta sem uma apropri, nurnizato do planets ser wht SDreD a fo initial dos dados da palsagem, enfin, gad uma valorizacio subjetiva do espaco,' ay sem as espaciais Sio produto de intervengdes fompldgicas, materializagGes de projetos ela, tewtdos por sujeitos histéricos ¢ socials. Po, tus dos padroes espaciais, das\formas-eria | das, dos us' solo, das repartigées e distri. puigées, dos arranjos locacionais, esta’ con. cepooes, valores, inferesses, mentalidades, yj. sées de mundo. Enfim, todo o complexo uni. verso da cultura, da politica e das ideologias, Dizer que a produciio do espago social é um processo teleologico significa que ele envolve uma finalidade. Esta orienta o trabalho huma. no, diferenciando-o da atividade animal, Tra. tase de agio dotada de um sentido, atributdo pelo executante. Um_ movimento que necessa. riamente se realiza através de sujeitos, indivi. duais e/ou coletivos que, ao agirem, desenca. deiam séries causais. Isto coloca o imperativo de se compreenderem as motivacgées envolvi- das para dar conta da produgio do espaco, Pois s4o elas que impulsionam os Sujeitos. Os atores sdo movides por necessidades, inte- Tesses, desejos e sonhos, A teleologia ¢ um atributo da consciéncia, a Capacidade de pré-idear, de construir mental- eae 2 aco que se quer implementar. Por. ial € um predicado especifico do homem, a chime MeSmo de definigio do estatuto termos esteito A consciéncia estd sedi em Titos e absolutos, no ser individual, >= * Ver Ficidade, contenlo Carlos Robert Moraes — “pfisto- le. conseidneig para mncla @ construcao J: BETO ebater in Varerstruedo do apace: notas Paco, Ed. Nobel, res — A conatrucilo S8o Paulo, i986, 16 tos sociais. A capacitiate do amis As tentativas de alc&los 9 um dividual implicaram Plano supra-in- mentos e id 6 fetichizacses, empobreci- “consciéncia coletiva, como a “conscléncia cos comuns. A S consciente”, no “homem real" Marx nos Manuscritos de 144° Todavia, 0 movimento'da conscignuia num ambito de relagies socials. A substhnote integral do ato consciente sin valores, dados @ emocées socialmente elaboradas, individuais do mundo se tazem por panime- tros gestados pela sociedade. Os conceitos, os significados, a propria Unguagem, sko produ: \ téncia na apropriacdo transformagsy io) faz poténc! prac: ae do ambiente, ¢ este ¢ um aprendizada societé- rio. Assim,-individuo ¢ sociedade nao devern_ ser opostos na andlise. Dar conta de suss re. lagées é captar ica_do conhecimento, A captagiio dos fenémenos, as formas de sua descri¢ho © representacio, os modelos para ‘seu €quacionamento analitico, os conceites @ categorias, enfim os conductos da reflexiio, tudo emana da prépria vida da sociedade. Siq coisas gestadas pela préxis humana. A percep. ao do mundo tem também a sua histéris, que se traduz em diferenciadas formas de abordar © real © exprimi-lo, Nesse sentido, podese dk. Pet que. consciéneia individual,é um produto, * Este texto de Marx s6 fol publicado na década de trinta do. presente século, ¢ teve ee cin no debate que rastrearemos no Capitulo 4, este ponto, ver José Paulo Netto — £ reihicwe, Ed. Ciencias Humans, Séo Paulo, 1981. a social, assim como a propria _armagio dS subjetividades. nich jos campos do conheciment : fe tiossiico se debrugam sobre esta lometice: O debate inicial da Sociologia de oT © 6 particularmenté interessanbe Pars TIOSS Greate, Esta disciplina estabelece-sé e micamente a partir da critica de one Esta heim as formulagoes de Emanuel Se ae na Critica da razdo pura, defende @ idéa oe qué a5 formas bisicas do entendimento nawas e imutaveis, isto 6, o significado de algu: mas categorias seria comum e constante, Em ‘outras palavras, todos pereeberiam_o miindo através de um mesmo arsenal intelectual, deni- (if0de um mesmo parimetro bésico. Para ‘Kano espago seria uma dessas “categorias Cortina? esta visao ‘aparece, por exetti- plo, na _proposta metodologica de Humboldt ‘ pirismo raciocinado”, a-crenca numa perfeita identidade entre a imagem © © fend- “meno, entre a percepgiio e a realidads. — Durkheim em seu livro As formas elementa- res da vida religiosa argumenta, apoiado em vasto material etnografico, que o significado das categorias bisicas da intuicao e do enten- dimento difere bastante entre as varias cultu- ras. Ele demonstra que as concepcdes de espa- 90, género e outras, sfio construidas no pro- eess0 de socializagfio do individuo, variando entre 0s grupos sociais, & interessante obser- var que Durkheim acata as diferencas tendo ‘como meta tedrica o estabelecimento de cons- Yincias em meio as variagses, Apds o advento * Sobre 9 assunto ver Wanderley Messias da Cos- oe De 0 ssna09 como categoria de andilise”, Revista SyvePartamento de Geografia n* 2, FFLCH Univer- Sidade de Sio Paulo, Sao Paulo, 1983. cientifico — oof 3 de sua Obra, muitos autores (netadamente trop6logos) Se dedicaram ao estabelecitento ‘\adestas diferengas. * Hoje, tem-se como impres. cindivel uma alta dose de relativismo cultural no trato da temdtica das formas de conhect, mento. Isto é importante para nossa discussio) pois introduz no exame da problematica do sujeito na produgdo do espaco uma ressaival antropologica. As fo: de si as yer ser rastreads I ve cultura, ¢' este s¢ constitui denso de particularidades: A este cuidado anti-reducionista ha que se associar outro igualmente importante. Além | da cultura onde foi gestado, o ser conscienta ~ exprime sua época. A ressalva histérica jmp ca no se perder o @ntexto-em que se mo! [_vimenta o sujeito em foco._A consciéneia é um| roduto histérico, gue 8 initare dents rods les e-posulidads- 1k grapes poi ee individuo por exsmplo — minima paral “Tormutagées riais elaboradas de autoconssiaat cia — sé emerge no pensamento ocidental-cris- tao por volta do século XIV da nossa era.* A histria das palavras € dos signos ¢ um indica- dor precioso dos limites da consciéncia. em cada época, * Podle-se consultar, sobre as concepeser de tem- po, Edmundo Leach — “Dols ensaics a respeito da Tepresentacio simbélica do tempo", in Repensando @ antropologia, Ed. Perspectiva. Sto Paulo, 1974; Narios Autores — Aa culturas ¢ 0 tempo, Ea. Vores/ EDUSP, Petrépolis/SP, 1975. Sobre 0 espaco. ver E. Evans-Pritchard — “Tempo e espaga'’, in O8 Nurr, Ed. Perspectiva, Sia Paulo, 1978. * Ver: Ruggiero Romano e Alberto Tenet! — Lox furdamentos del mundo moderno, EA. Siglo Vein- tiuno, 3 ed., 1972; e Philippe Ariés — Historia social Sg orianca @ da familia, Ed, Zahar, Rio de Janeiro, 78, 19 das formas de co- © estudo da consciéncia Btlog rafia naio-mar- na bil hecimento, Svindo cuss oticas antagonicas. as ressalvas apresentadas, A primeira, aneronstanclas a0 inventiirio das once a iis. Aqui, nossa visio tende mais para fegunda perspectiva. O outro antagonismo recoria as amilises que visam a tomar os dis- cursos e 08 signos em sua mecanica interna, e ts que vido concedé-los como veiculos, isto 6, iadores de uma determinacao externa, Pierre Bourdieu denomina a segunda visio de “alegérica” ¢ a primeira de “tautegérica”, de. fendendo a necessidade de superar a dicoto- mia, Um dos méritos das formulagées de Mi. chel (Foucault \esté em articular estes niveis apartnitementé excludentes.* Sua “arqueologia do saber“ busca captar na internalidade dos discursos os interesses dos sujeitos e os pa- drées normativos de seus procedimentos, a formacio das mentalidades, o equacionamen- to e difusio de certas visées. Enfim, autor obra e época conio mutuamente explicativos. Eis outra ressalva importante, 5 ieee cousias fornecem j4 um pano de inves oe ae. da necessidade de re- quaniog quiicida @ nosso proprio trabalho: fara de canmentos pademos aprender da lei- poderiamos den que, por um veto ideoldgico, 6 um guia sep sprezar. A clareza metodoldgica pee ro para uma leitura critica, que sbntt Pierre Bourdieu — A economi oe iia das trocas shal Fouche secre, Sto. Paulo, 1904: @ Mic i € as coisas, E 5 Autor ents Sto Paulo, 1961. Sobre e wala Mats Carlos Robert Monensti*8, 40 espaco ver Antonio im Varios Autores Soneg, FOUCaUIt_e a Geagrafia”, pinas, 1367, ‘oueault vivo, Ed. Pontes, Cam. 20 CoStar tee retém ensinamentos valiosos, ‘sa bibliografia? A attrnegia de con, crete do universo.da consciéncia e do movimentol dos sujeltos. A relatividade histrica e cultuy, ral do connestivats. A necessidade de na dissociar’o produtor, o produzido e o contexto| de sua produgao. Estas ressalvas sio importantes se ob- sérva a enltratl ha Geografia de Goa leitura do marxismo que acaba por banif a figura do “sujeito do processo reai'de que trata esta dis— ‘ciplinar lorizagao dosspacgo. Uma visto que col6ee as questtee ds contclincia, da in, dividualidade e da subjetividade como “esfera sobredeterminada da superestrutura”, isto 6 como um universo reativo, explicavel externa- mente por “causas” econdmicas. Esta concepgfio é profundamente permeada por uma dtica positivista que concebe um fi- nalismo no nos individuos (nos “homens reais”) mas NO processo histérico em si. As- sim, hé uma determinacio que transcenderia os sujeitos concretos em sua praxis, uma “as- ticia da hist6ria” que impeliria a humanidade Cindependente das intencionalidades e das consciéncias individuais) no seu inevitdvel Percurso para o progresso e o socialismo. Ob- Serva-se uma visdo evolutiva que, no limite, anula a necessidade da agéo politica, na me- dida em. que a organizacio social futura esta- ria _predeterminada. A possibilidade da liber- dade humana vai de cambulhada, numa triste ® coerente correspondéncia com 0 despotismo de Estado vigente nos pafses do “socialismo real’ Na Geografia, tal visio transparece num entendimento da produgio do espago que ava- Ma as determinagdes do modo de produgio 21 sem substantivéias, TOMESE UE capital ue née se personlicn Tao desistoricizado, pura lhe-se win oar Tica, Enfira, ume leilura eco- : que encontra gun. rofundamente marcads, ise psitivistas de_pensamento. _A peias formes postivistas, 9 idioms a énfase_na_prol aule - Jentativas. manxistas de renovacs® ia Geogra- '<_rico- de reflexio. cana é o resultado de uma dialdtica entre matdria ¢ idéia. Nao se trata de jgualar estes planos tomando a idéta enquanto, energia (este materialismo rasteiro envolve um desvio anti-humanista ¢ uma capitulagiio. naturalista), mas de entender que 0 espaco eriado (ao contrario do natural) é um fruto do trabalho que articula teleologia. e causali dade. Esta ultima implica a sujeigio da von- tade & materialidade do mundo externo ao homem. Para realizar-se, ° eee tem de avaliar 0s meios € os mate: Sob os quais incidird sua aco. AS condigées naturais sia, assim, pressupostos de toda pradug&o, 0 co- nhecimento de sua dinimica e qualidades um fundamento do trabalho. A construgio dos lugares expressa uma interacdo entre teoria © pritica, As formas espaciais produzidas pela socie- dade manifestam projetos, interesses, necess!- dades, utopias, Sio projecies dos homens (reais, seres histéricos, socials e culturais), 2 continua ¢ cumulativa antropomorfinacio superticie terrestre, Um processo ininter- A paisagem ‘Ver: Stiton Santos — « Santos — “Alzuns problemas atuals (a.gntibacso marnista & Geoprati’, fm Varios As Huntes, Sto Prue ee? seoaratia: “brasileira, Ed. A précds himan gab de formas nde nattirais na crosta do pla: mt BATA ( cepteary upto onde © prdprio ambiente construldo es timula a5 novas construgées. Isto 6: a paisa: 6 so mesma tempo um resultada € 0 all- gem mento ios xBro tetas. Dtodusaiado_espeg ‘implica @ constante edifice” neta, formas alimentadas por pré-ideagSes qué tem 0 espago vivenciado como estimnilo. ‘A paisagem 6 um registro de época @ um do- cumento de cultura. E enquanto tal foi traisda pola Geografia Cultural de Carl Sauer € de Max Sorre.* Mesmo antes, no artigo “As con- digdes geogriticas dos fatos socials”, Vidal de La Blache instigava Os geégrafos a passearem pelos lugares como quem. visita um museu. Sem duvida, as formas criadas permitern wna leitura enquanto simbolo de uma cultura € uma época. Elas exprimem concepgtes € men- talidades, sic construgées impostas & nature- za — € a “civilizagio” Jé foi muitas veres de finida_como esta progressiva autonomizacio - cestética dos grupos humanos. A arquitetura 6 uma grande expresso do antinaturalismo, 0 hébitat ¢ uma natureca subjugada. Espaco “aproprindo, o que pressupie um sujeito. Esta apropriagao implica determinagies es tritamente econémicas. Ninguém iré negar que a organizacao dos lugares obedece a fun: gGes @ necessidades da produgao, que a dispo- sigo dos objetos responde a imperativos téenices, que os padrées espaciais do capita Sobre estes autores, pode-st_cansultar Carl Sauer, Colecko “Grandes Clentistas Soctais”, introdu- lo @ selegho de textos de Roberto Lobato Correia, Ea. Atica, Sto Paulo, no prelo; e Maz Serre, Colegio "Grandes Clentistas Socials", N* 46, introducie ¢ se leche de textos de Januirio Megale, Ed.

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