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FT Comunidade Cuidados Paliativos
FT Comunidade Cuidados Paliativos
Licenciatura em Fisioterapia
3º Ano – 2022/2023
. i
Índice
1. Introdução.......................................................................................................................................1
2. Enquadramento Teórico..............................................................................................................2
3. Fisioterapia no Contexto dos Cuidados Paliativos..............................................................4
4. Intervenção da Fisioterapia na Comunidade..........................................................................8
5. Discussão.......................................................................................................................................9
6. Referências Bibliográficas........................................................................................................12
ii
1. Introdução
Assim, torna-se importante realizar uma pesquisa detalhada acerca deste tema, bem
como a atuação da Fisioterapia neste contexto, de forma a que cada vez mais as pessoas
que necessitem destes cuidados possam usufruir de algo tão importante para a manutenção
da sua QV.
1
2. Enquadramento Teórico
São cuidados preventivos do sofrimento motivado por sintomas como a dor, fadiga,
dispneia, insónias, náuseas, vómitos e mal-estar, e das múltiplas perdas (físicas e
psicológicas) associadas à doença crónica e terminal. Têm como objetivo ainda evitar ou
reduzir o risco de lutos patológicos. Baseiam-se numa intervenção multiprofissional em que
a pessoa doente e a sua família são o centro de cuidados de uma equipa que, idealmente,
integra médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e,
eventualmente, outros profissionais de saúde. Visam ainda apoiar as pessoas e a sua
família a viverem tão ativamente quanto possível até à morte e a ajudar a família a superar o
sofrimento do período final da doença e do luto. Estes cuidados começam com o
diagnóstico da doença e continuam independentemente de haver ou não tratamento
curativo, sendo prestados com base nas necessidades, desejos e preferências das pessoas
e famílias. O objetivo é obter a melhor QV para os doentes e as suas famílias.
Os princípios gerais dos Cuidados Paliativos passam desde encarar a morte como
um processo natural, manter a autonomia do indivíduo o mais possível, apoiar o doente e
responsáveis no sofrimento e no medo perante a morte, abordando sempre de forma
integrada o sofrimento físico, psíquico, social e espiritual do doente. Este último deve ser
2
ainda acompanhado na humanidade, na disponibilidade e rigor científico, por equipas
diferenciadas e interdisciplinares. Estes tipos de cuidados destinam-se a indivíduos que não
têm perspetivado tratamento curativo, que experienciam uma rápida progressão da doença
com expectativas de vida limitada, que possuem intenso sofrimento e problemas que
exigem o apoio específico, organizado e interdisciplinar.
3
total com inclusão dos aspetos físicos, emocionais, sociais e espirituais com foco centrado
na prevenção e/ou controlo de sintomas, provisão de períodos de descanso aos cuidadores
e acompanhamento na fase terminal e luto visando a melhor QV. 3
Assim sendo, os CPP são a ciência que se ocupa de cuidar das crianças com
condições clínicas que ameaçam a sua vida, ajudando a prevenir e a aliviar o sofrimento das
mesmas, bem como dos seus familiares, e a melhorar a QV.
4
cuidadores, ajudando as pessoas a redefinir os seus objetivos de vida e fornecendo suporte
para questões físicas, emocionais e espirituais na fase final da vida.10
5
O conforto físico representa uma componente essencial da dignidade e
qualidade de vida das pessoas com doenças que limitam a sua vida e das
suas famílias.
3. Atender às necessidades psicológicas dos doentes;
Todos os fisioterapeutas em cuidados paliativos necessitam de ter uma
compreensão das necessidades psicológicas dos doentes e devem ser
capazes de oferecer uma intervenção de suporte, de acordo com as
competências específicas do fisioterapeuta.
4. Atender às necessidades sociais dos doentes;
A doença que limita a vida tem impacto nas relações interpessoais dos
doentes e famílias podendo levar à necessidade de recursos adicionais
(internos e/ou externos) de forma a que estes mantenham uma boa qualidade
de vida.
5. Atender às necessidades espirituais dos doentes;
Uma doença que limite a vida pode levantar questões sobre problemas
existenciais mais profundos tais como o sentido da vida. As necessidades
espirituais devem ser alvo dos cuidados de fisioterapia, podendo ser
abordadas através, ou não, de uma prática religiosa formal ou informal
6. Reconhecer os cuidadores e familiares como prestadores e receptores de cuidados;
A assistência ao doente deve incluir os cuidadores e familiares, tendo em
conta o seu meio ambiente, o sistema de saúde e as suas relações com os
profissionais de saúde
7. Responder aos desafios da tomada de decisão clínica e ética em cuidados paliativos;
Todos os profissionais de saúde envolvidos em cuidados paliativos enfrentam
questões éticas e morais desafiantes, incluindo questões em torno da
hidratação e nutrição, sedação, suicídio assistido e/ou eutanásia
8. Reconhecer a importância de uma prática interdisciplinar e da articulação entre as
diferentes equipas;
O trabalho em equipa é o eixo fundamental e o elo entre a avaliação e as
ações terapêuticas interdisciplinares, baseando-se numa comunicação eficaz
de pessoas com saberes e competências diferentes, consistindo assim, num
dos pilares dos cuidados paliativos.
9. Estabelecer uma relação interpessoal e comunicacional adequada aos cuidados
paliativos;
Estas competências são particularmente importantes para o fisioterapeuta,
nomeadamente ao fazer um diagnóstico e um prognóstico, comunicar más
notícias, obter adesão a propostas terapêuticas, evitar conflitos, enfrentar
6
problemas éticos, disponibilizar apoio emocional, acompanhar em processos
de integração e ajudar quem sofre.
10. Promover o autoconhecimento e um desenvolvimento profissional contínuo.
O fisioterapeuta deve reconhecer o impacto que trabalhar em cuidados
paliativos tem na sua própria vida, devendo por isso dominar estratégias para
reforçar a resiliência e prevenir o Burnout.
7
Equipamentos de Assistência: Ortóteses, auxiliares de mobilidade e auxiliares
de marcha. Estes equipamentos são importantes para treinar as atividades
funcionais dos pacientes com limitação na função.9
A utilização das modalidades acima indicadas deve ser focada no(s) principal(ais)
problema(s) identificados pelo utente e/ou pela família/cuidadores, que muitas vezes é a dor.
A aprendizagem das tarefas funcionais do dia a dia, em que é necessária a produção de
força, e o posicionamento para cuidados cutâneos são intervenções cruciais nestas
unidades. Outros objetivos que o Fisioterapeuta deve ter em mente para com estes doentes
são a manutenção da função respiratória e da função circulatória, prevenção de atrofias e
encurtamentos musculares, prevenção de contraturas, controlo da dor, otimizar a
independência e função, educação ao utente e família/cuidadores e a sua respetiva
participação. Naturalmente, dependendo da patologia, os problemas e objetivos irão ser
diferentes e com distintas intervenções.9
O Fisioterapeuta nos Cuidados Paliativos atua a 4 níveis: nos cuidados agudos e pós
agudos, na prevenção, na reabilitação baseada na comunidade e no controlo de sintomas,
focando-se sobretudo nos problemas funcionais, como o descondicionamento físico, a dor,
os desequilíbrios e fraqueza muscular.14
8
para promover e cumprir os direitos humanos das pessoas com deficiência e permitir que
elas se tornem membros ativos da sociedade, incluindo estratégias educacionais, sociais,
vocacionais e económicas.16
5. Discussão
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sintomas que têm um grande impacto na sua QV, para além do medo da morte num
ambiente não familiar, que pode ser o hospital, por exemplo. 18 É importante ainda estar
atento e apto para reconhecer sinais de sofrimento, mesmo que não verbais. Por exemplo, o
sofrimento psicoespiritual pode ser apresentado por mudanças de humor ou certos
comportamentos que nos podem ajudar a identificar que aquele indivíduo necessita de mais
cuidados.19 O alívio destes sintomas é imperativo para a saúde global, devendo o acesso
aos Cuidados Paliativos estar ao alcance de todos e focado na sintomatologia dos utentes
com estas condições.20
Os participantes de outro estudo conduzido por Genik et al. também reportaram uma
diminuição da dor após 2 sessões de terapia utilizando massagem, bem como a redução da
preocupação das crianças após apenas 1 sessão.27 Os pais destas crianças relataram que
encontrar o melhor tratamento de Fisioterapia não foi fácil, mas que quando encontrado esta
reabilitação melhorou as skills motoras das crianças, tornando-se uma necessidade diária
para o seu bem-estar.28 Os pais também podem e devem ser envolvidos na intervenção,
fazendo com que os seus filhos se sintam apoiados, aumentando a sua capacidade para
lidar com os problemas recorrentes.
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receberam-no após a graduação. Todos os Fisioterapeutas relataram ser importante a
aprendizagem de skills de comunicação e que deveriam ser ensinadas. 29 Este facto
demonstra a importância da abordagem deste tema a começar nas faculdades, contribuindo
para o desenvolvimento de competências e estimulação do raciocínio clínico adequado a
este tipo de doentes.
Em suma, a Fisioterapia tem mostrado ser uma intervenção segura e sem efeitos
adversos21, sobretudo quando conjugada com outras intervenções de outros profissionais de
saúde.30 Para isso, é necessária uma intervenção bem estruturada com foco na
sintomatologia e função do utente, com o objetivo de promover a QV e o seu bem-estar
durante todo o tempo em que se encontra na Unidade de Cuidados de Saúde Paliativos.
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6. Referências Bibliográficas
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