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NUCAP Espiritualidade e Missão do Catequista

Núcleo de Catequese Paulinas

Espiritualidade e
Missão do Catequista

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Espiritualidade e Missão do Catequista

Leituras Complementares

Frango assado e polenta frita

Autor
Alberto Meneguzzi

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Nas proximidades da minha casa há um bar que serve lanches, cafés, refrigerantes
e pastéis. Aqui em Caxias do Sul é comum venderem frango assado nesses estabeleci-
mentos, principalmente aos sábados e domingos. Porém, nesse bar em especial, que fica
pertinho de uma parada de ônibus com grande fluxo de pessoas, seu dono grita na porta a
todo o instante a seguinte frase:

“Frango assado e polenta frita!”

E fica ali horas, gritando, chamando clientes: “Frango assado e polenta frita!”.

E vai gritando, para quem quiser ouvir, com uma voz forte, potente e bem impostada:
“Frango assado e polenta frita”.

Dia desses passei pelo local e lá estava o homem gritando a mesma frase de sempre.
Notei que as pessoas que esperavam o ônibus já não aguentavam mais tanto berro. Era
um domingo pela manhã ensolarado. Como eu ainda não tinha planejado o almoço, decidi
arriscar e o comprar o tal “frango assado e polenta frita”, pois ele berrava de forma in-
contida para que o bairro inteiro ouvisse.

- Eu quero um frango assado e algumas polentas fritas – disse ao rapaz, mostrando


um pouco de pressa para fazer a compra.

- Não tenho mais nenhum frango. Os que estão aqui estão todos reservados e vendi-
dos – disse-me o cidadão, todo feliz com a vida antecipada do produto que ele continuava
a anunciar.

Não acreditei. Continuava gritando: “Frango assado e polenta frita” feito um papa-
gaio, mesmo não tendo mais o produto no estabelecimento! Coisa séria!

Achei até engraçado, mas, depois, fiquei pensando numa série de coisas sobre a
conduta do rapaz e fiz uma relação com a catequese e a nossa postura como catequistas.

Sempre ouço as pessoas falarem que os jovens estão se afastando da igreja, que
não participam disso ou daquilo, que não querem nada com nada. Que os pais estão dis-
tantes e não incentivam os filhos. Ao mesmo tempo, noto que muitos de nós, catequistas,
agimos como o vendedor de frangos. Durante um ano inteiro ficamos batendo na mesma
tecla e com o discurso que diz: “Participem, participem, venham à missa, frequentem
as reuniões organizadas e os encontros”. Nosso discurso também é semelhante quando

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falamos e analisamos a conduta de jovens e crianças: “Jovens, não vão embora depois
da Crisma e da Primeira Eucaristia. Fiquem mais na Igreja, participem mais”. É isso
que inconscientemente fazemos durante um ano inteiro e que refletimos exaustivamente
nas nossas reuniões;

Parecemos papagaios, sempre com o mesmo discurso, igualzinho ao do vendedor de


frangos. Mas, exatamente, o que temos para oferecer, por exemplo, aos jovens que saem
da Crisma? Que atitude teremos se eles, realmente, encararem o nosso discurso como ver-
dadeiros, importante, e no procurarem? Que ações podemos oferecer aos pais ausentes e
pouco participativos que mostrarem interesse em tomar parte das coisas da Igreja?

Analise, com tranquilidade, que ação existe na sua comunidade para os adolescentes.
Busque informações de como trabalha o grupo de jovens da sua comunidade (se é que
existe) e se está em sintonia com a catequese. E a pastoral familiar, trabalha em harmonia
com a catequeses, com planejamento conjunto e ações comuns? O que temos de real para
oferecer. E se temos algo para oferecer, é de fato atraente?

Às vezes, nem precisamos gritar tanto, mas apenas ter algo concreto para ofertar.

Para saber mais leia:


Meneguzzi, Alberto. Missão de anunciar: de
catequista para catequista. São Paulo: Pauli-
nas, 2010.

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