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- Escassez de R.S.;
- Incapacidade das equipas para efetuar abordagens diferenciadas em função do
perfil/quadro psicopatológico do utente;
- Necessidade de exploração do requisito da interdisciplinaridade;
- Constrangimentos na criação e implementação do PDIP – Plano de Desenvolvimento
Individual Psicoterapêutico;
(Paulo Freire)
Envelhecimento
Perante a impossibilidade de fixar um ponto no ciclo de vida para este fenómeno, será
mais correcto falar do envelhecimento enquanto processo e não como
acontecimento.
Duas pessoas com 70 anos, não têm a mesma idade senão sob o ponto de vista cronológico.
Muito idosos: com idade superior aos 85 anos (são aqueles que têm maior
tendência para a fragilidade e catabolismo, e podem ter dificuldade para
desempenhar algumas Atividades da Vida Diária (A.V.D´s).
Embora a idade cronológica seja útil para sistematizar grupos etários, este conceito
é redutor na análise/explicação do processo de envelhecimento caso seja
desenvolvido por um agente em geriatria;
Idade Biológica:
Medida pelas capacidades funcionais ou vitais e pelo limite de vida dos sistemas
orgânicos, que vão perdendo a sua capacidade adaptativa e de auto-regulação;
Idade Psicológica:
(Simone de Beauvoir)
Idade Social:
- Repercussões nutricionais;
- Diminuição da resposta imunitária;
- Comprometimento da regulação da temperatura corporal;
- Alterações na pele, mucosas e couro cabeludo (modificações nos tegumentos);
- Alterações no sistema endócrino;
- Alterações da função pancreática;
- Modificações cardiovasculares;
- Modificações no sistema respiratório;
a) Autonomia;
b) Independência;
c) Sabedoria;
- Esta abordagem apela à postura ativa do sujeito que, em função das expectativas e
interesses podem participar e escolher o modo de vida, naturalmente que dentro de
circunstâncias concretas;
Modelo que apela para uma convergência das abordagens anteriores, numa perspetiva integrada
que tem em conta o ambiente, bem como um conjunto de determinantes mais alargados, tais
como (ONU, 2002, p. 59):
Envelhecimento Positivo
O que acrescenta o envelhecimento positivo ao Modelo de Envelhecimento Ativo?
- O envelhecimento positivo é um conceito que tem sido alvo de forma reflexão e investigação,
fomentando o envolvimento e momentos positivos gerados por quem está à volta do idoso, que,
no âmbito do seu processo de envelhecimento pode alternar entre períodos de descompensação
e de lucidez;
- Trata-se de uma tendência que deverá começar a ganhar força e sustentação teórica,
respondendo-se e prestando-se um acompanhamento digno, mesmo perante um elevado nível
de comprometimento/dependência.
Envelhecimento Positivo
Envelhecimento Positivo
Exemplos de Soft-Skills:
- Confiança/positivismo;
- Orientação para servir;
- Paciência/resistência à frustração;
- Flexibilidade cognitiva;
- Capacidade de comunicação;
- Capacidade de relacionamento interpessoal;
- Tomada de decisão;
- Negociação/ resolução de problemas;
- Coordenação/organização; A atitude_postura de proatividade.mp4
- Moral comum e ética profissional.
Metas G
MOTIVAÇÃO
Crenças Pessoais M Emoções
PAB E
Figura 2: Fórmula heurística do funcionamento humano (adaptada de Ford & Smith, 2007, p. 156)
Raquel Azevedo Freitas – INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR NAS DEMÊNCIAS 56
Motivational Systems Theory (M.S.T.)
Crenças Pessoais - Personal Agency Beliefs
Ford e Smith (2007) alertam ainda para o facto do funcionamento humano não ser
apenas determinado pelos três fatores psicológicos apresentados: objetivos, crenças
pessoais e emoções, sendo também determinado pelos conhecimentos e competências
existentes, bem como a resposta por parte do contexto/ambiente.
Integração dos processos que contribuem para o funcionamento eficaz, (adaptado de Ford, 1992, p. 123)
x Habilidades x Ambiente
A prevalência de demência aumenta com a idade, sendo cerca de 90% dos casos
diagnosticados acima dos 65 anos;
Na Europa, estima-se que 6.1 milhões de pessoas sofrem deste tipo de doenças;
O número estimado de pessoas com demência em Portugal é de 153 mil, 90 mil dos
quais com doença de Alzheimer (Alzheimer Portugal, 2009).
A estimativa do número de casos com demência para Portugal sobe para mais de
205 mil pessoas, número que subirá para os 322 mil casos até 2037.
1990 2030
7 Tuberculose 7 Tuberculose
8 Rubéola 8 Guerra
Fonte: Murray CJL, Lopez AD, eds. The Global burden of disease: a comprehensive assessment of mortaly and disability
from diseases, injuries, and risk factos in 1990 and projected to 2010. Boston, Harvard University Press, 1996.
Reversibilidade ou Irreversibilidade?
Demência Vascular
- A ocorrência de múltiplos Acidentes Vasculares Cerebrais pode condicionar uma
deterioração das capacidades cognitivas e produzir uma verdadeira demência, muitas vezes
designada como demência multienfartes.;
- Dados recentes sugerem que entre os indivíduos mais idosos (mais de 85 anos), a
demência vascular rivaliza com a DA como etiologia principal da demência;
- A demência vascular é clinicamente reconhecida em doentes com história de AVC, sinais
neurológicos focais ou enfarte nos exames imagiológicos;
Demência Alcoólica:
- A Demência Alcoólica é, como o próprio nome sugere, uma forma de Demência provocada pelo
consumo excessivo de álcool;
- A síndrome de Korsakoff são formas particulares de lesões cerebrais provocadas pelo álcool e
que podem estar relacionadas com a Demência Alcoólica;
- Esta atinge mais frequentemente homens com idades entre os 45 e 65 anos, com uma história
longa de abuso de álcool, embora possa afetar homens e mulheres de qualquer idade;
- A progressão da demência pode ser interrompida se a pessoa se abstiver totalmente de
consumir álcool, adotar uma alimentação saudável e tomar suplementos vitamínicos, incluindo
vitamina B1;
Cada zona do cérebro está relacionada com diferentes funções, como a memória, as
emoções, os movimentos ou a sensibilidade. Quando uma doença como a demência afeta o
cérebro, ocorre degenerescência de células cerebrais em várias zonas.
Os sintomas iniciais de demência manifestam-se sob diferentes formas. Por exemplo, na
Doença de Alzheimer é frequente a diminuição da memória recente, e a dificuldade em
realizar tarefas complexas;
Com o agravamento da doença surgem dificuldades em realizar atividades básicas como
vestir, fazer a sua higiene ou ir à casa de banho.
Perda de memória;
Diminuição da capacidade de realizar tarefas e de comunicar;
Desorientação no tempo e no espaço;
Alterações da personalidade e humor;
Alterações do comportamento;
Alterações físicas;
Na presença de sinais de alarme, a pessoa deve procurar o seu médico assistente/ médico
de família;
Quando o doente não tem capacidade de identificá-los, a família deve procurar o médico no
sentido de expor o problema;
Inicialmente é necessário excluir diagnósticos de demência secundária, isto é, situações em
que a demência resulta de outra condição clínica (por exemplo hipertiroidismo);
É de particular relevância, durante a investigação, distinguir a demência de outras situações
que apresentam características comuns.
Nem todos os doentes com perda de memória ou défice cognitivo ligeiro reúnem critérios
para ter o diagnóstico de demência:
Envelhecimento cerebral;
Depressão;
Delírio/Delirium;
Síndromes amnésticos;
Na presença de uma história clínica com sintomas e sinais compatíveis e de uma avaliação
neuropsicológica positiva, será necessário, sob orientação de um médico com competência
específica na área da demência, a realização de exames complementares de diagnóstico
específicos (biomarcadores e imagiologia), que serão solicitados consoante o tipo de demência
em causa. Estes poderão ser exames imagiológicos cerebrais, exames analíticos ou outros.
Este diagnóstico precoce logo que se detetam sintomas é fundamental porque é nestas fases
que a medicação existente é mais eficaz.
Fase Ligeira;
Fase Moderada;
Fase avançada.
Exemplo: não se lembrar se as contas já foram pagas; perder objetos; necessidade de ver constantemente o
calendário para se situar no tempo;
Intervenção - prioridades:
O apoio na consciencialização e adaptação ao diagnóstico e o esclarecimento das suas
implicações, quer ao utente/doente quer à família, determinarão a procura de apoio
especializado e a tomada de decisões informadas em relação ao futuro;
Exemplo: alteração do padrão de sono - adormece com facilidade durante o dia, e durante a noite, por vezes,
acorda e levanta-se; dificuldade em sentar-se numa cadeira, pôr a mesa, dificuldade em ler sinais, escrever o
nome, fazer contas; revela comportamentos de suspeição delirante (pode acusar a esposa de esconder coisas ou
de infidelidade), tem dificuldade no controlo dos impulsos (pode despir-se em situações ou locais inapropriados,
ter alterações do apetite e ingestão alimentar, como comer demais ou de menos).
Sintomas:
- Agravamento da perda de memória, confusão e diminuição da capacidade de atenção;
- Dificuldade em reconhecer amigos íntimos ou família;
- Deambulação sem sentido aparente, perde-se facilmente;
- Inquietude, especialmente ao final da tarde/início da noite;
- Dificuldade no pensamento lógico ou em organizar o raciocínio;
- Pode ver ou ouvir coisas que não existem (alucinações);
- Pode ter convicções de factos que não ocorreram (delírios);
- Agravamento dos problemas de linguagem.
Intervenção - prioridades:
Nesta fase, é essencial manter um investimento de reabilitação adaptada à situação, para
preservação de capacidades remanescentes.
É necessário o ajuste da terapêutica farmacológica, com preocupação acrescida no
controlo de sintomas.
A família e cuidadores necessitam de apoio na adaptação progressiva aos novos desafios.
Devemos continuar a investir na capacidade funcional, através de tarefas muito simples,
desde que em contexto seguro;
A estimulação emocional e o conforto físico são as prioridades.
Exemplo: olha para o espelho e fala com a sua imagem, discurso incompreensível, totalmente
dependente no que respeita às necessidades básicas (no banho, na alimentação, na higiene e no
vestir).
Sintomas:
O doente apresenta dependência total, as alterações cognitivas acompanham-se de decadência
física significativa:
- Incapacidade para reconhecer os familiares/cuidadores ou a si próprio no espelho;
- Perda de capacidade de comunicação oral;
- Tendência para levar todos os objetos à boca, compulsão pelo toque;
- Incontinência urinária e fecal;
- Dependência total dos cuidadores;
- Diminuição da capacidade de deglutição/mastigação;
- Perda da capacidade de deambulação.
Intervenção:
Nesta fase, os cuidados de conforto e controlo sintomático são preponderantes.
Os familiares e cuidadores devem estar informados da evolução da doença e preparados
para lidar com a dependência total.
Falamos em dependência nos cuidados, para designar o momento/a fase em que alguém
necessita da ajuda de terceiros para realizar as Atividades da Vida Diária (AVD´s), isto é, as
tarefas básicas do quotidiano, como a alimentação, a higiene, a locomoção, entre outras.
Intervir em utentes portadores de quadros demenciais exige, muito mais que uma abordagem
ativa, uma abordagem positiva, estimulando-se, de forma constante, a capacidade funcional,
que, por sua vez, se encontra dependente de dois fatores:
Capacidade Física:
Fonte: World report on ageing and health. Organização Mundial de Saúde, 2015, p. 31
Funcionalidade:
Encontrando-se a capacidade funcional inevitavelmente associada à capacidade física, importa analisar como se
pode manter e/ou, se possível, melhorar a capacidade física. Tratam-se de medidas simples, mas que deverão ser
adotadas de forma constante:
Num momento onde é percetível a falta de controlo da situação por parte do potencial cuidador;
Numa fase pouco estável (ainda não está formalizado o processo de diagnóstico);
Onde é notória a falta de informação e conhecimento sobre este domínio (saúde mental);
Escassez de recursos;
Perceção da necessidade de mudanças, acompanhada de resistência;
Pouca concentração nas adptações a realizar, mas antes na procura de responsáveis;
Não raras vezes têm tempo extremamente limitado para a institucionalização/início de
intervenção pelos cuidadores formais.
“O Testemunho”
Além desta inversão de funções, o prestador de cuidados vai ter de assumir papéis
múltiplos:
- No diagnóstico;
- Na recolha de informação;
- No apoio moral e psicológico;
- No acompanhamento terapêutico;
- No apoio administrativo;
Cuidar de uma pessoa com demência é um desafio que exige enorme capacidade
de dádiva, adaptação e criatividade, mas pode ser uma atividade extremamente
recompensadora;
Os objetivos do cuidar vão-se modificando e adaptando ao curso/evolução da
patologia (doença);
O cuidador do doente com demência necessita dominar técnicas e estratégias
complexas de comunicação, de gestão de problemas e comportamentos difíceis.
Trata-se, assim, de uma atividade de elevada diferenciação e sujeita a um
grande risco de sobrecarga.
Nas fases iniciais da doença, é possível ao doente assegurar a totalidade do seu auto
cuidado e bastar-se a si próprio. No entanto, à medida que a doença evolui, pode passar a
necessitar de apoio esporádico de um cuidador familiar, que apoie nas atividades
instrumentais de vida diária, como fazer compras ou preparar as refeições;
A partir de determinado momento, passa a ser necessária a presença de um cuidador
permanente no domicílio, quer devido à diminuição da autonomia, quer por motivos de
segurança (por exemplo, risco de se perder ou de cair).
Em momentos de agravamento sintomático, na presença de problemas de saúde graves ou
por exaustão do cuidador principal, pode ser necessária a institucionalização temporária.
Existem múltiplos entraves à comunicação por parte da pessoa com demência: alterações do
raciocínio, dificuldades de expressão e compreensão de linguagem, alterações da atenção,
alterações de comportamento, entre outros;
Promoção da autonomia:
A demência compromete a autonomia.
Na fase inicial, ficam comprometidas as atividades instrumentais de vida diária;
Com a evolução da doença, começam a surgir dificuldades nas tarefas/Atividades básicas
da Vida Diária (AVD´s).
As dificuldades nas A.V.D. situam-se a vários níveis:
• Iniciar a tarefa;
• Manter a atenção;
• Localizar os objetos;
• Utilizar corretamente os utensílios;
• Manter a segurança;
• Terminar a tarefa.
Alimentação:
Múltiplos fatores contribuem para que a pessoa com demência diminua a sua ingestão
alimentar, sobretudo com a progressão da doença:
• Diminuição do apetite;
• Apatia e diminuição da iniciativa;
• Não reconhecer a necessidade de se alimentar e de beber;
• Problemas dentários;
• Alteração do paladar;
• Agitação que provoca a interrupção da refeição.
Alimentação:
Estratégias para melhoria da ingestão alimentar:
Adequar a dieta ao gosto e hábitos do doente;
Variar os alimentos e sabores (utilizar adoçantes, especiarias, alimentos frios);
Ter em atenção a consistência (usar espessante, pudins, gelatinas);
Usar preferencialmente alimentos que possam ser manipulados com a mão;
Usar material adaptado às necessidades do doente (pratos, talheres);
Fazer várias pequenas refeições, em vez de poucas refeições abundantes;
Adicionar leite em pó à sopa ou às sobremesas, como reforço nutricional;
Adicionar pequenas quantidades de sumo de fruta à água, para reforçar a ingestão de água;
Ponderar suplementos nutricionais específicos;
Tentar manter um ambiente agradável;
Se possível, não comer no quarto;
Utilizar o toque, dialogar ou cantar.
Vestir/despir:
Vestir-se é uma atividade que se torna difícil com a progressão do processo demencial. De
forma a facilitar o vestir, é recomendável:
Facilitar a escolha do vestuário reduzindo as opções (inicialmente, retirar roupa pouco
usada do armário; em fases mais avançadas, apresentar duas peças de roupa que
possam ser escolhidas em alternativa);
Escolher roupa confortável e prática que seja fácil de vestir (por exemplo, com fechos e
velcros em vez de botões);
Estimular o uso de acessórios e adereços (permite a estimulação cognitiva e proporciona
reminiscências).
Higiene:
A pessoa com demência frequentemente deixa de perceber o que é uma higiene adequada
(como lavar os dentes, tomar banho ou mudar a roupa).
A participação de terceiros na higiene pessoal pode ser sentida como humilhante ou
ameaçadora, pois as atividades de higiene são de natureza eminentemente privada.
Para facilitar os cuidados de higiene, há que seguir os seguintes passos e recomendações:
Preparar a pessoa para cada passo (descrever o que vai fazer, escolher o momento e o local
adequado);
Promover a privacidade;
Preparar as condições ideais para o banho/duche (temperatura do ambiente e da água, colocar todos
os utensílios necessários em local facilmente acessível);
Verificar as condições de segurança na casa de banho e nunca deixar a pessoa sozinha;
Higiene:
Evitar ruídos e conversas cruzadas;
Despir apenas no local do duche;
Descrever o que está a fazer;
Encorajar a participação do doente;
Diminuir a força do duche, colocando uma mão para a água correr docemente;
Lavar a cara e cabeça em último;
Utilizar a música;
Ponderar realizar a higiene com toalha molhada, sem água corrente, se encontrar elevada resistência;
Se lavar o cabelo for uma atividade que provoca muita resistência, ponderar separar o duche da
lavagem do cabelo.
Assim, é importante:
Estabelecer uma rotina de utilização do WC. Recordar a pessoa ou levá-la ao WC de 2 em 2 horas;
Usar roupa apropriada, fácil de vestir e despir (por exemplo, com elástico ou velcro na cintura) e
facilmente lavável;
Usar sinais com ilustrações para indicar a porta do WC;
Deambulação:
As pessoas com demência tendem a andar, aparentemente sem motivo e sem finalidade ou
objetivo.
Assim, é importante:
Reservar tempo durante o dia para exercício regular de forma a minimizar a inquietude;
Instituir medidas de segurança para que possa deambular sem risco de queda ou risco
de sair de casa e se perder (por exemplo, retirar tapetes de casa, de forma a não
tropeçar; colocar proteções em escadas e fechaduras nas portas);
Deambulação:
Criar barreiras visuais para evitar que a pessoa se afaste de determinadas zonas
(cortina, tapete preto no chão, sinal de stop ou proibido podem ser interpretados como
barreiras);
Supervisionar a deambulação;
A pessoa com demência deve trazer sempre consigo identificação com nome e pessoa a
contactar, de forma a poder ser ajudada se se perder.
Pessoas com uma elevada reserva cognitiva, conseguem compensar, numa fase inicial,
dificuldades resultantes do processo demencial, atrasando assim o impacto funcional
dos primeiros sintomas.
Pressupostos:
Aprendizagem sem erros;
Recuperação espaçada;
Encadeamento;
Centrar-se no indivíduo;
Uso de palavras não ameaçadoras (por ex. quem, quando, onde mas não porquê);
Manter contacto visual genuíno;
Manter um tom de voz claro, baixo e afetuoso;
Identificar e utilizar o sentido mais desenvolvido (preferido) do doente;
Utilizar música como desencadeante de recordações agradáveis.
Recuperação da autoestima;
Redução da necessidade de restritivos físicos e farmacológicos;
Minimização do grau de alheamento em relação ao exterior;
Promoção da comunicação e interação com os outros;
Redução do stress e ansiedade;
Ajuda na resolução de assuntos inacabados;
Maximização da autonomia.
Técnica terapêutica que pode ser definida como a evocação de acontecimentos de vida de
uma pessoa;
Geralmente é realizado em grupos terapêuticos, onde os participantes são encorajados a
falar acerca dos acontecimentos passados, auxiliados por fotografias, música, vídeos, etc.;
Podem/devem ser efetuadas sessões com familiares / cuidadores para aprendizagem das
técnicas de reminiscência.
Aromaterapia:
É, das terapias “alternativas”, a mais divulgada nos serviços de saúde britânicos e a mais
aplicada a pacientes com demência, sobretudo quando as capacidades de comunicação
estão gravemente comprometidas;
Utiliza óleos essenciais que são referidos como tendo um efeito calmante que promove o
relaxamento e o sono, o alívio da dor e a diminuição dos sintomas depressivos.
Os óleos são utilizados na água do banho, nas massagens ou evaporados (queimadores);
Musicoterapia:
Técnica em que se utiliza a música ou elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia)
como meio de promover e facilitar a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização,
expressão, organização, ou outros objetivos terapêuticos (World Federation of Music
Therapy).
Nos pacientes com demência, os objetivos incluem estimular a interação social, diminuir a
agitação e lidar com problemas emocionais.
A música é utilizada de forma ativa (tocar um instrumento) ou recetiva (dançar, mover,
cantar).
Snoezelen:
Técnica de estimulação multissensorial, introduzida nos anos 70, para sujeitos com défices de
aprendizagem;
Utiliza uma variedade de materiais capazes de estimular os sentidos da visão, audição, tato, olfato e paladar,
tais como efeitos de luz, diferentes superfícies palpáveis, música meditativa, cheiro de óleos relaxantes.
Em doentes com demência, opta-se por um ambiente menos exigente a nível cognitivo.
Objetivos:
a) Promover comportamentos positivos;
Saint-Exupéry
“O Stress tem início quando se sente que o grau de exigência que dada
circunstância lhe cria é superior à sua capacidade de resposta e aos meios
que dispõe para a ultrapassar com êxito”
(Almeida, 1996)
Ameaça;
Dano;
Desafio.
“(…) estado de fadiga ou de frustração surgido pela devoção por uma causa, por uma
forma de vida ou por uma relação que fracassou no que respeita à recompensa
esperada”;
Acontecimentos traumáticos;
Acontecimento significativos de vida;
Situações crónicas indutoras de stress;
Micro indutores de stress;
Macro indutores de stress;
Acontecimentos desejados que não ocorrem.
“Auxilium in Periculo”
“Nosce te ipsum”
“Multa Paucis”
Intrapsíquica;
Contextual (interpessoal, ambiental ou situacional);
Orgânica;
– Durante um processo;
– Espectro alargado de alterações e manifestações;
– Episódio agudo de condições psiquiátricas prévias;
Quadros demenciais;
Esquizofrenia e estados psicóticos;
Perturbações do humor;
Perturbações da ansiedade;
Delirium
Perturbações do sono
Fobias
Síndrome de explosão de raiva/descontrolo dos Impulsos
Manifestações:
- Atos homicidas;
- Reação paranóide;
- Fobia;
- Histeria de conversão;
- Desorientação;
- Desorganização;
- Depressão;
- Agitação;
- Estado catatónico;
- Violência;
- Atos suicidas;
(F. Passos,1983)
Incidente crítico
“Evento que tem o potencial de afetar os mecanismos normais de adaptação de um
indivíduo.”
Demência;
Intoxicação alcoólica;
Síndrome de Korsakoff;
Abuso de substâncias;
Trauma;
Condições médicas:
– Hipo/Hipertermia;
– Diabetes;
– Alterações do equilíbrio electrolítico;
“Crisis intervention, as it has evolved over the last five decades, has clearly
demonstratedits effectiveness as a tool to reduce human distress.
Nevertheless, as with any effort to alter humanbehavior, there are risks
associated with crisis intervention. One such risk is that of premature
intervention.”
Everly, G., (2000). International Journal of Emergency Mental Health, 2000, 2(1), p.1.
Proteger;
Dirigir;
“Conectar”;
Efetuar Triagem;
Investir nos cuidados a sintomas agudos;
Abordagem e Identificação
- Apresentar-se;
- Explicar a razão da sua presença no local;
- Manter postura calma;
- Manter voz baixa e continuada
Exceção:
- Pessoa dissociou da realidade (descompensação psicológica)
Testar realidade
(Técnicas de “Grounding”)
Técnicas de “Grounding”
Técnicas de “Grounding”
1. Consciencialização cognitiva
- “Onde se encontra agora?”
- “Que dia é hoje?”
- “Em que mês / ano estamos?”
- “Quantos anos tem?”
2. Consciencialização sensorial
- Manter olhos abertos;
- Colocar pés firmes no chão;
- Olhar em volta da sala;
- Notar meio envolvente e detalhes (Ex. “Qual a cor desta sala?”)
Contudo:
Focalizar
- problemas
- necessidades
- prioridades imediatas (necessidades básicas: comida, bebida e agasalho, etc.)
Vias de comunicação
Volume;
Entoação;
Clareza;
Tom ou timbre;
Velocidade.
13/01/2020
Raquel Azevedo Freitas – Intervenção Multidisciplinar nas Demências 184
A comunicação em contexto de crise
comportamental – comunicação não verbal
13/01/2020
Raquel Azevedo Freitas – Intervenção Multidisciplinar nas Demências 185
A comunicação em contexto de crise
comportamental - componentes paralinguísticos
13/01/2020
Raquel Azevedo Freitas – Intervenção Multidisciplinar nas Demências 186
A comunicação em contexto de crise
comportamental – Comunicação de Suporte
Este estilo implica que se comunique de forma empática, com preocupação, respeito e
confiança nas capacidades da pessoa afetada, e que se preste informação prática.
Empatia;
Respeito;
Autenticidade;
Postura de “Não Julgamento”;
Promoção de pensamentos positivos/capacitar;
Sentido prático;
Confidencialidade.
Demonstrar compaixão;
Não dar importância ao problema;
Apresentar situações de maior gravidade;
Atribuir a culpa a terceiros;
Desviar o problema.
Comentários a evitar:
“Eu entendo, sei exactamente o que está a sentir”;
“Você é forte/vai conseguir ultrapassar isso”;
“Não chore”;
“Podia ser pior”;
“Pelo menos você ainda tem…”;
“Apenas relaxe” ou “Aguente-se”.
Técnicas de “paracomunicação”
– Silêncio
– Recetividade não verbal Questões Fechadas
Técnicas de espelho
– Reafirmação
– Parafrasear Questões Abertas
- Sumarizar
Questões
– Abertas
Questões Fechadas
– Fechadas
Alucinações e delírios
Alucinações e delírios podem ocorrer com a evolução da demência. Nestes casos, afirme
de forma calma e clara a sua perceção da situação.
Estratégias:
Alucinações e delírios
Estratégias:
• Se a pessoa suspeitar que lhe falta dinheiro, considere permitir-lhe ter pequenas
quantidades de dinheiro numa carteira de mão;
• Quando a pessoa afirma que perdeu ou lhe roubaram algo, ajude a procurar o objeto
perdido e depois distraia com outra atividade;
• Tente perceber os “esconderijos habituais”, onde a pessoa tende a guardar os objetos;
• Explique aos outros familiares ou cuidadores a situação e os procedimentos mais
adequados;
• Tente perceber qual a preocupação da pessoa que estará na origem do comportamento
desajustado;
Resistência a cuidados:
Há muitas pessoas que não gostam de ser tocadas, lavadas ou vestidas e que,
portanto, resistem aos cuidados que lhes são prestados.
Tente tranquilizar, preparar a pessoa para o procedimento que vai ser realizado,
explicando cada passo previamente;
Desinibição:
Apatia:
Convulsão;
Asfixia;
Desmaio.
Convulsão:
A convulsão (ou ataque epiléptico) é o resultado do descontrolo das ondas eléctricas
cerebrais e pode acontecer por diversas causas;
Na crise convulsiva a pessoa pode cair, perder a consciência, movimentar os braços e
pernas involuntariamente e de forma desordenada, não controlando os esfíncteres;
Estratégias:
• Apoiar a cabeça da vítima numa almofada;
• Desapertar a roupa da vítima;
• Virar a pessoa para o lado esquerdo (posição lateral de segurança);
• Afastar móveis e objetos perigosos, de forma a proteger a pessoa de riscos maiores;
Convulsão:
Estratégias:
• Não deite água sobre a vítima;
• Não coloque objectos na boca da vítima;
• Após a convulsão deixe a pessoa dormir, pois ao acordar irá sentir-se cansada;
• Tranquilize a vítima após esta acordar, pois irá ficar confusa e desorientada.
Asfixia:
Asfixia:
Estratégias:
O cuidador, ao perceber que a pessoa cuidada está engasgada deve:
• Inicialmente tentar retirar com o dedo o pedaço de alimento que está a provocar o
engasgamento;
• Se não conseguir deve aplicar 5 pancadas entre as omoplatas da vítima;
• Caso se mantenha o processo de engasgamento, coloque a pessoa em pé, abrace-a
pelas costas apertando com os seus braços a “boca” do estômago da pessoa - (Manobra de
Heimlich) ·
Manobra de Heimlich: Deve-se manter por detrás da vítima e abraçá-la em redor da região
epigástrica (acima do umbigo). Cerre o punho sobre essa região e agarre-o com a outra mão,
faça um máximo de 5 movimentos bruscos para dentro e para cima;
Desmaio:
Desmaio
Estratégias:
Perante uma situação prévia de desmaio deve:
• Sentar a pessoa;
• Colocar-lhe a cabeça entre as pernas;
• Molhar-lhe a testa com água fria;
• Dar-lhe a beber alguma coisa doce;
• Deitar a pessoa com a cabeça de lado;
• Elevar as pernas;
• Desapertar a roupa;
• Colocar um pedaço de papa de açúcar debaixo da língua.
Até ao momento, não existem tratamentos que previnam eficazmente ou que permitam a cura da
grande maioria das demências, incluindo a doença de Alzheimer;
O tratamento dirigido à doença, exige um diagnóstico preciso do tipo de demência e deve ser
orientado por neurologista ou psiquiatra.
Existem também medicamentos que, não tratando a demência, ajudam a controlar os sintomas a ela
associados (a agitação e outros sintomas comportamentais ou o humor depressivo);
Como princípio geral, este tipo de abordagem deve ser usado pelo menor período de tempo possível,
e tendo em conta a evolução da doença, e os factores desencadeantes do sintoma identificado.
As medidas farmacológicas para controlo sintomático devem ser utilizadas apenas:
• Se existir grave disrupção / stress para o doente associado ao sintoma;
• Se existir risco para o doente / outros;
• Se esgotaram os recursos possíveis não farmacológicos;
• Se for excluída causa orgânica para a descompensação;
• Após ponderar relação risco / benefício;
• Após discutir com o cuidador / doente os riscos / benefícios (sempre que adequado).
Direção Geral da Saúde, 2011
Antipsicóticos;
Fármacos para o tratamento da depressão;
Fármacos para o tratamento da ansiedade e perturbações do sono;
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