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ISSN 1984-6835

Artigo

Recuperação de Rejeitos Laboratoriais de Platina: Uma Alternativa


Simples, Econômica e com Alto Rendimento
Silva, R. G.; Silva, A. K. J. P. F.; Lagrange, C. E. M.; Silva, W. E.; Belian, M. F.*
Rev. Virtual Quim., 2020, 12 (3), 000-000. Data de publicação na Web: 9 de junho de 2020

http://rvq.sbq.org.br

Recovery of Platinum Laboratory Rejects: A Simple, Economic and High-


Performance Alternative
Abstract: In this work, the waste processing from platinum laboratories is proposed as an alternative to minimize
discard in the environment and to get precursor inorganic substances with high levels of purity and yield.
The residues were divided into three groups, where group (A) consisted of aqueous residues, group (B) was
obtained from of solid residues of reactions, and group (C) consisted of residues containing organic solvents.
All residues were recovered through evaporation, incineration and calcinations processes, resulting in platinum
oxides. In possession of the platinum oxides, they were subjected to a reduction for obtain metallic platinum,
which was treated with aqua regia and potassium chloride to obtain of the potassium hexachloroplatinate.
After the characterization of this complex via X-ray diffractometry, a controlled reduction was performed
with the need to obtain the potassium tetrachloroplatinate. This last complex was characterized by X-ray
diffraction, electronic absorption spectroscopy and 195Pt nuclear magnetic resonance. All characterizations
confirmed the formation of the platinum complexes (IV and II). Potassium tetrachloroplatinate was produced
with high reaction yield (> 98 %), purity and crystallinity. The methodology proposed here presents excellent
results in the waste recovery, thus contributing to the not discard of harmful substances in the environment.
Keywords: Platinum compounds; reagent savings; potentially toxic metal; waste reuse.

Resumo
Neste trabalho é proposto o tratamento de resíduos laboratoriais de platina, como alternativa para minimizar
descartes ao meio ambiente e para a obtenção de complexos precursores com altos rendimentos para síntese
inorgânica. Os resíduos foram divididos em três grupos, onde o grupo A consistiu em resíduos aquosos, o
grupo B foram resíduos sólidos de reações e grupo C consistiu em resíduos contendo solventes orgânicos.
Todos os resíduos foram recuperados através de processos de evaporação, incineração e calcinação, com a
finalidade de obtenção dos óxidos platínicos. De posse dos óxidos platínicos, os mesmos foram submetidos a
uma redução para obtenção da platina metálica, a qual foi tratada com água régia e cloreto de potássio para a
obtenção do hexacloroplatinato de potássio. Após caracterização desse complexo via difratometria de raios-X,
foi realizada uma redução controlada com a finalidade de obter o tetracloroplatinato de potássio. Esse último
complexo foi caracterizado por difratometria de raios-x, espectroscopia de absorção eletrônica e ressonância
magnética nuclear de 195Pt. Todas as caracterizações confirmaram a formação dos complexos de platina (IV e II)
desejados. O tetracloroplatinato de potássio foi produzido com altos rendimentos reacionais (>98 %), pureza
e cristalinidade. A metodologia aqui proposta apresentou excelentes resultados na recuperação de resíduos,
contribuindo assim, para o não descarte de substâncias nocivas ao meio ambiente.
Palavras-chave: Compostos de platina; economia de reagentes; metal potencialmente tóxico; reutilização de resíduos.

* Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Química, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N, CEP 52171-900,
Recife-PE, Brasil.

mfbelian@gmail.com;monica.freirebelian@ufrpe.br
DOI:10.21577/1984-6835.20200055

Rev. Virtual Quim. |Vol 12| |No. 3| |000-000| 1


Volume 12, Número 3 Maio-Junho 2020

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835
Recuperação de Rejeitos Laboratoriais de Platina: Uma Alternativa
Simples Econômica e com Alto Rendimento
Renê Gomes da Silva, Amanda Katielly Jordão Pessoa Felix da Silva, Carine
Emile Menezes Lagrange, Wagner Eduardo da Silva, Mônica Freire Belian*
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Química, Av. Dom Manoel de Medeiros
S/N, CEP 52171-900, Recife-PE, Brasil.
*mfbelian@gmail.com ; monica.freirebelian@ufrpe.br

Recebido em 23 de Março de 2020. Aceito para publicação em 7 de Maio de 2020.

1. Introdução
2. Parte Experimental
2.1. Reagentes, soluções e equipamentos
2.2. Procedimento de recuperação de resíduos
2.3. Síntese do tetracloroplatinato de potássio - K2[PtCl4]
3. Resultados e Discussão
4. Conclusão

1. Introdução de platina de 180 toneladas para 2019. A


Figura 2 ilustra a distribuição da produção mundial
de platina, mostrando os principais produtores.16
Os compostos de platina possuem uma Embora a produção de platina tenha crescido
infinidade de aplicações e alto valor comercial,1-3 nos últimos anos, o seu alto custo agregado à
a citar como exemplos, conversores catalíticos elevada demanda faz com que a recuperação
automotivos,4 fabricação de joias,5 catálises da platina se torne uma alternativa bastante
diversas (hidrogenação catalítica, produção de viável. Somente em 2019, por exemplo, a
ácido nítrico, refino de petróleo, etc.);6-8 além quantidade de platina reciclada mundialmente
da utilização elétrica,9 como investimento,10 na foi de aproximadamente 70,3 toneladas, apenas
odontologia11 e também na síntese de compostos das indústrias dos setores elétrico, de jóias e de
de coordenação utilizados na quimioterapia catalisadores automotivos.15
antineoplásica, onde se destacam a cisplatina, É importante salientar que, a reciclagem
carboplatina, nedaplatina e oxaliplatina.12 A não se restringe ao setor industrial e muitas
Figura 1 apresenta a demanda global de platina estratégias de recuperação de resíduos de platina
por área de aplicação para o ano de 2019. são encontradas na literatura, dentre as quais se
Em virtude das diversas aplicações podem citar; recuperação seletiva de platina em
supracitadas, a demanda por platina no mundo resíduos ácidos,17 recuperação de Pt(IV) de soluções
é crescente, sendo os principais produtores aquosas através de zeólita funcionalizada,18
(através de extração em minas) a África do Sul, recuperação e extração seletiva de platina através
Rússia, Zimbábue, Canadá e Estados Unidos, o de líquidos iônicos,19 recuperação de platina
que resultou em uma produção mundial estimada a partir de soluções diluídas utilizando carvão

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Figura 1. Demanda bruta global de platina em 2019 por área de aplicação. Fonte: PGM Market Report
February 2020 (adaptado)15

Figura 2. Produção Mundial de platina (toneladas) em 2019 obtidos da mineração

ativado,20 recuperação de platina de catalisadores importante precursor no desenvolvimento de


utilizados,21 dentre outras. novos compostos de coordenação platínicos, tem
A recuperação de resíduos platínicos pode um custo por grama estimado de US$ 163,82/g
ser uma excelente estratégia em laboratórios (cento e sessenta e três dólares e oitenta e dois
de pequeno e grande porte, pois além da centavos),22 valor relativamente alto quando
familiarização com a química dos compostos de comparado a compostos de outros metais.
platina, há uma redução considerável nos custos Em virtude dos fatores supracitados, este
de compra de reagentes. O tetracloroplatinato trabalho propõe a recuperação de rejeitos de platina
(II) de potássio - K2[PtCl4], por exemplo, um laboratoriais através de uma nova metodologia
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proposta, sendo estes resíduos obtidos de diversas diferenciados 3 (três) tipos de rejeitos laboratoriais,
fontes, como: lavagem de vidrarias contendo codificados como A, B e C. O rejeito A consistiu em
platina, resíduos de sínteses, testes de solubilidade resíduos aquosos contendo platina, oriundos de
ou qualquer outra fonte que contenha platina em lavagens de vidrarias e soluções que não seriam
potencial. Com a finalidade de comprovar o sucesso mais utilizadas. O rejeito B consistiu em resíduos
do processo de reaproveitamento de resíduos, este sólidos de compostos de platina oriundos de
trabalho descreve a síntese do tetracloroplatinato sínteses inorgânicas. Por fim, o rejeito C consistiu
de potássio baseada no estudo de Kauffman e em resíduos contendo solventes orgânicos
colaboradores,23 assim como a caracterização dos provenientes de testes de solubilidade e lavagem
complexos obtidos. de compostos.
Em um béquer de 500 mL foi adicionado
2. Parte Experimental separadamente cerca de 200 mL dos resíduos
(A e C) contendo platina e aquecidos até cerca
de 100 °C de modo a evaporar todo solvente até
aproximadamente a secura. A temperatura foi
2.1. Reagentes, soluções e equipamentos
controlada através de um termômetro digital.
Repetiu-se a adição de mais 200 mL dos resíduos
Os reagentes utilizados no procedimento de até que fossem completamente evaporados. Ao
recuperação dos resíduos apresentavam alto final da evaporação foi verificada a formação
grau de pureza, por isso não foram previamente de sólidos de coloração cinza, os quais foram
purificados. Os ácidos clorídrico (37 %) e nítrico aquecidos por mais 1h e transferidos para um
(65 %), a solução de hidrato de hidrazina (24 %), cadinho de porcelana. A partir desta etapa,
o cloridrato de hidrazina (≥98 %) e o cloreto de foram usados os mesmos procedimentos para os
potássio (≥99.0 %) foram obtidos na Sigma-Aldrich. resíduos A, B e C.
Os difratogramas de raios-X foram obtidos em Ao cadinho contendo o resíduo (A, B ou C)
equipamento Difract ACT, série 1000-Siemens, adicionou-se 20 mL de etanol e então as amostras
utilizando a linha de cobre Kα, com passo de 0,02 foram incineradas, dentro de uma capela de
e varredura de 10 a 60°. O tetracloroplatinato exaustão, de modo a eliminar parte da matéria
de potássio foi caracterizado por espectroscopia orgânica. O procedimento de incineração foi
de absorção eletrônica e ressonância magnética repetido por 5 (cinco) vezes a fim de garantir toda
nuclear de 195Pt. O espectro de absorção do a queima da matéria orgânica (Figura 3).
tetracloroplatinato de potássio foi obtido em Em cada 1 litro de resíduo foram obtidas
solução aquosa, com concentração de 10-5 mol L-1. 16,8 (A), 66,9 (B) e 2,2 g (C) de sólidos. Após o
O espectrofotômetro utilizado foi o Perkin Elmer procedimento de incineração, todos os resíduos
modelo Lambda 6, operando com lâmpada de foram calcinados duas vezes por 5h a 550 °C.
tungstênio (faixa de 340-800 nm) e com lâmpada Os sólidos resultantes foram armazenados para
de deutério (faixa 190-350 nm). A Ressonância tratamento posterior.
Magnética Nuclear do núcleo de 195Pt foi obtida
empregando-se o equipamento Varian Mercury 2.3. Síntese do tetracloroplatinato de potássio
com frequência de 85 MHz, como solvente - K2[PtCl4]
utilizou-se água deuterada (D2O).
As massas dos sólidos obtidos após o
2.2. Procedimento de recuperação de resíduos tratamento foram transferidas para diferentes
béqueres de 100 mL nos quais foram adicionados
Para o procedimento de recuperação aproximadamente 40 mL de solução de hidrato
dos resíduos laboratoriais de platina foram de hidrazina 24 % (v:v) e deixados para reagir

Figura 3. Reação de obtenção dos óxidos platínicos (entre colchetes possíveis óxidos liberados da queima)

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por 24h. Findado o tempo reacional foram característicos da formação do K2[PtCl4]. A solução
realizadas 8 (oito) lavagens com água ultrapura então foi resfriada a temperatura ambiente. Os
em intervalos de tempo de 1-24h. Nesta etapa cristais obtidos foram lavados com 3 porções de
utilizou-se aquecimento até cerca de 100 °C. Em 20 mL de acetona e secos à 50 °C, para fornecer
seguida adicionou-se aproximadamente 20 mL de assim 1,511 g de K2[PtCl4] (Figura 4).
HNO3 concentrado e reagiu-se por 1h, realizando- Os resíduos de solvente gerados durante
se em seguida 5 (cinco) lavagens com água em todo o processo de recuperação até a síntese do
intervalos de 1h. tetracloroplatinato de potássio retornaram para
Após a obtenção da platina metálica, oriunda o início da metodologia, até o esgotamento do
dos resíduos A, B e C ; a massa de 1,164 g (5,96 procedimento, ou seja, a não obtenção de platina
mmol) de Pt foi transferida para um béquer de metálica.
250 mL e então adicionou água-régia (1HNO3:
3HCl em volume) em quantidade suficiente para 3. Resultados e Discussão
oxidar toda platina metálica à Pt(IV), “dissolver”
toda a platina metálica obtida (cerca de 100 mL).
O sistema foi mantido em aquecimento à 70 °C, e Os complexos obtidos a partir do processo de
após 1h adicionou-se 889 mg (11,93 mmol + 10 recuperação apresentaram-se na forma de sólidos
% excesso) de KCl dissolvido em 10 mL de água. A cristalinos, cujas colorações foram amarela e
mistura reacional foi então evaporada lentamente vermelha, para a síntese do hexacloroplatinato e do
até atingir o volume de 10 mL e então foi verificada tetracloroplatinato de potássio, respectivamente.
a formação de um precipitado amarelo. A solução As reações químicas de cada etapa para o
foi então resfriada durante 24h e em seguida processo de recuperação dos resíduos de platina
filtrada. O precipitado foi lavado com água, etanol são apresentadas na Figura 5.
e éter gelados, e secado posteriormente em Na primeira etapa reacional, após a evaporação
ambiente a baixa pressão (dessecador a vácuo) e queima da matéria orgânica presente nos
para obter 2,622 g de cristais amarelos (Figura 4). resíduos laboratoriais, foi obtido um sólido de
De posse do composto preparado coloração cinza-escuro (Figura 5 - Equação 1).
anteriormente, pesou-se 1,80 g (3,70 mmol) do Com a finalidade de remover resíduos de outros
mesmo e transferiu-se a massa para um béquer metais presentes foram adicionadas porções
de 250 mL. Em seguida foram pesados 204 mg de ácido nítrico sob aquecimento e posterior
(1,85 mmol + 5 % excesso) de dicloridrato de lavagem do sólido residual, uma vez que a platina
hidrazina - N2H4·2HCl e a massa foi dissolvida, (0) não reage com esse ácido. Esta etapa de
com auxílio de um béquer de 50 mL e um bastão purificação da platina metálica é fundamental
e vidro, em 10 mL de água ultrapura. Adicionou- para prosseguir com as demais etapas, com o
se aproximadamente 5 mL de água no béquer mínimo de impurezas presentes nos resíduos.
contendo o K2[PtCl6] de modo a formar uma Após a obtenção da platina metálica, foi
suspensão, e em seguida adicionou-se a solução realizada a etapa de oxidação da platina (0→4+)
de N2H4·2HCl, gota a gota, durante 30 minutos na presença de água régia (NOCl – cloreto
sob abrigo da luz e à temperatura ambiente (30 de nitrosilo), levando a formação do ácido
°C). Findada a adição, a mistura reacional foi hexacloroplatínico - H2[PtCl6]. Após a adição de
submetida a aquecimento, cuja temperatura KCl para a formação do hexacloroplatinato de
variou entre 50-60 °C; até a dissolução total do potássio, o sistema foi aquecido com a finalidade
K2[PtCl6] e até a solução mudar a coloração de de evaporar os resíduos ácidos, além de garantir a
amarela à vermelha, o que ocorreu por volta de precipitação/cristalização do complexo de platina
60-90 minutos de reação. Após a mudança na (IV) (Figura 5 – Equação 2). Na terceira etapa foi
coloração da solução, a temperatura foi elevada realizada uma redução controlada com o uso do
à 85 °C, para que houvesse redução do volume da dicloridrato de hidrazina (Figura 5 – Equação 3).
solução. Após redução de cerca de 50 % do volume, Nesta etapa o aquecimento brando (50-60 °C) é
solução foi filtrada com a finalidade de retirar necessário e essencial para ativar a reação, não
eventuais precipitados. O processo de evaporação haver grandes variações no volume do solvente e
do solvente foi continuado até o momento em que descontrole da redução levando parte do produto
houve o início da formação de cristais vermelhos, à platina metálica.

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Figura 4. Etapas do processo de recuperação de resíduos de platina, até a formação do complexo K2[PtCl4]

Os produtos obtidos nas equações 2 e 3 da Figura no padrão do banco de dados, cuja concordância
5 (obtenção do hexacloro e tetracloroplatinato apresentada foi superior a 98 %, indicando que
de potássio) foram purificados e recristalizados 2 houve a formação do complexo K2[PtCl6] desejado.
vezes, os quais apresentaram rendimento de 98,0 Na Figura 7 é apresentado o difratograma de raios-X
e 98,5 %, respectivamente. do tetracloroplatinato de potássio.
Na Figura 6 encontra-se o difratograma de Através dos difratogramas de raios-X do
raios-x do produto obtido para a síntese da composto sintetizado comparado com o
equação 2 - K2[PtCl6], comparado com o cartão de padrão JCPDS, é possível indicar a formação do
nº. 26-0331, do banco de dados JCPDS. tetracloroplatinato de potássio, uma vez que
A partir dos dados obtidos pela difratometria os picos de difração do complexo sintetizado
de raios-X é possível observar uma excelente apresentaram excelente concordância com relação
concordância entre os picos de difração do composto aos picos apresentados pelo padrão do banco de
sintetizado quando comparado aos picos presentes dados, cuja correlação foi maior que 99 %.

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Figura 5. Equações químicas do processo de recuperação de resíduos de platina, até a formação do


complexo K2[PtCl4]

Figura 6. Difratograma de raios-X do hexacloroplatinato de potássio sintetizado a partir dos resíduos


laboratoriais de platina comparado com o cartão de nº. 26-0331 do banco de dados JCPDS

Na Figura 8 está apresentado o espectro de de Tanabe-Sugano, do tipo 3A2g→3T2g, 3A2g→3T1g(F) e


absorção eletrônica do tetracloroplatinato de 3
A2g→3T1g(P).24 A banda de fraca intensidade em 478
potássio. nm é característica de transição d→d do complexo
Através do espectro de absorção eletrônica na região referente a cor complementar, região
do K2[PtCl4] é possível observar a presença de três de cor azul-verde (480-550 nm).25 Na Figura 9 está
transições em 320, 390 e 470 nm, características das apresentado o espectro de ressonância magnética
transições permitidas, de acordo com o diagrama nuclear de 195Pt do tetracloroplatinato de potássio.
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Figura 7. Difratograma de raios-X do tetracloroplatinato de potássio sintetizado a partir da recuperação


dos resíduos de platina laboratoriais, comparado com o cartão nº 9-0367 do banco de dados do JCPDS

Figura 8. Espectro de absorção eletrônica do tetracloroplatinato de potássio

Na Figura 10 são mostradas fotografias dos


O espectro de RMN de 195Pt do sólidos resultantes das etapas de síntese dos
tetracloroplatinato de potássio apresentou um complexos K2[PtCl6] e K2[PtCl4]. Os resultados
único sinal em -1606 ppm, indicando que existe obtidos nas caracterizações dos complexos
na amostra apenas um núcleo de Pt(II) com quatro mostram que os processos propostos levaram
íons cloretos coordenados, numa geometria a formação dos produtos desejados com altos
quadrática plana (NC = 4).26 rendimentos reacionais >98 %.

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Figura 9. Espectro de ressonância magnética nuclear de 195Pt (85 MHz) do tetracloroplatinato de


potássio sintetizado a partir dos resíduos laboratoriais de platina, em D2O

Figura 10. Fotografia dos sólidos cristalinos obtidos na recuperação dos resíduos de platina: (a)
K2[PtCl6] e (b) K2[PtCl4]

4. Conclusão tóxicos no meio ambiente e a diminuição nos


custos de aquisição de reagentes.

A recuperação dos rejeitos de platina Referências Bibliográficas


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