Aves Migratorias

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AVES MIGRATORIAS

As migrações são fenómenos voluntários e intencionais com carácter periódico com o


objectivo de encontrar alimento e boas condições meteorológicas. Este comportamento
não deve ser confundido com as deslocações ocasionais ou com os movimentos
dispersantes.
Os factores que desencadeiam as migrações são pouco conhecidos. Em
muitas aves observa-se o aumento das várias hormonas que iniciam o processo pré-
migratório onde se pode observar a engorda e o crescimento das gónadas. Essas
alterações das concentrações hormonais podem ser induzidas por modificações externas
como a variação do número de horas de dia, a escassez de alimentos ou das modificações
climatéricas.
Durante as migrações algumas aves orientam-se principalmente através da capacidade
extraordinária de reconhecer características topográficas, como rios, arvores ou
características do litoral. Noutras espécies a migração, durante o dia, parece ser orientada
principalmente pela posição do sol e durante a noite pelo eixo estrelar de rotação.
Extraordinariamente ainda existem outras espécies que se orientam principalmente
através do campo magnético terrestre (esta capacidade foi comprovada através da
desorientação dessas aves quando expostas a campos magnéticos artificiais). Quando as
condições climatéricas, ou outras, não são favoráveis as aves podem mudar o modo como
se orientam. Sabe-se que as aves juvenis ainda não têm o sentido de orientação muito
bom, pelo que não é muito raro observar indivíduos juvenis perdidos, enquanto que os
indivíduos mais velhos, mesmo quando recolhidos e soltos em outros locais, conseguem
orientar-se, mudar a rota e chegar ao sítio certo. Ainda não se sabe muito sobre a
orientação das aves, exemplos como o caso de uma pardela que, nos anos cinquenta, foi
deslocada da sua toca numa ilha ao largo do País de Gales para ser libertada a quase
5000 quilómetros do outro lado do Atlântico, perto de Bóston. Em apenas 12 dias
regressou para a sua toca, tendo inclusivamente chegado antes da carta que os
investigadores tinham enviado para o Reino Unido a avisar da libertação da ave. Para
fazer este percurso foi necessário, para além de conhecer o local do seu ninho e a
orientação dos pontos cardeais, saber a localização exacta onde estão, mesmo que nunca
tenham lá estado; esse mecanismo de localização permanece ainda um mistério.
Para as aves conseguirem finalizar as migrações necessitam, para além do sentido de
orientação, de várias estratégias como voar apenas de noite aproveitando o dia para se
alimentar, ou voar durante o dia para aproveitar as correntes térmicas diminuindo esforço
físico ou, acumular reservas de gordura que permite percorrer grandes percursos sem
paragens para se alimentar ou, ainda, como os passeriformes, percorrer pequenas
distancias diárias, parando frequentemente para se alimentarem.
Muitas aves nidificam em Portugal durante o tempo mais quente e durante
o inverno deslocam-se para o norte de África ou ate à África tropical (também conhecida
como África subsaariana), mas também há outras que se deslocam de locais a norte de
Portugal e passam o inverno em Portugal.
Em muitas das espécies pode existir uma percentagem de indivíduos que são residentes e
outra migradoras, um exemplo é a cegonha-branca (Ciconia ciconia) que possui um
comportamento endémico da Costa Vicentina: nidifica em rochedos e falécias litorais.
Muitas aves apenas passam por Portugal. Portugal tem uma localização relativamente
periférica, no que toca a migradores terrestres. Mesmo assim, como várias espécies se
guiam pela linha de costa, existem locais em que se podem observar grandes números de
aves migradoras. As zonas húmidas costeiras são locais particularmente adequados para
a observação de aves migradoras, uma vez que estas as utilizam para se alimentarem e
repor energias antes de prosseguirem viagem. Pela região da ponta de Sagres passam
anualmente alguns milhares de aves migradoras, com destaque para as planadoras, como
sejam as aves de rapina ou as cegonhas. Dos cabos podem-se ainda observar as
migradoras marinhas.
Dependendo das rotas e do modo como cada espécie aviaria migra, são agrupadas em
planadoras, marinhas e passeriformes migradores.

Ameaças das Aves Migradoras[editar | editar código-fonte]



A intensificação da agricultura através de monoculturas cerealíferas em detrimento
de outros usos.[1][2][3][4]

O fogo intenso, pode ter efeitos devastadores sobre as espécies de vertebrados e
invertebrados.[1][2][3][4]

O aumento da utilização de agro-químicos.[1][2][3][4]

O sobre-pastoreio afecta a composição e estrutura da vegetação, reduzindo quer a
disponibilidade alimentar quer a protecção para nidificar. [1][2][3][4]

A drenagem e destruição de zonas húmidas e caniçais para aproveitamento
agrícola e pecuário.[1][2][3][4]

A destruição das galerias ripícolas por limpeza desordenada das margens dos
ribeiros;[1][2][3][4]

A colisão com linhas aéreas de transporte de energia é um importante factor de
mortalidade quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pelas
espécies ou nas suas rotas de migração; [1][2][3][4]

A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e
dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade destas
espécies através da colisão nas pás dos aerogeradores. A instalação de parques
eólicos é igualmente considerada como uma ameaça importante devido à perturbação
provocada quer durante a fase de construção.[1][2][3][4]

A poluição marinha (hidrocarbonetos, pequenos plásticos). Nas espécies que
passam a maior parte do tempo no mar, o crescente aumento da poluição marinha por
hidrocarbonetos e o aparecimento de pequenos plásticos despejados pelas
embarcações são factores de ameaça a considerar. [1][2][3][4]

A contaminação das águas com efluentes urbanos, industriais e agrícolas. [1][2][3][4]

O desconhecimento das ameaças a que as espécies estão sujeitas. [1][2][3][4]

O afogamento acidental em artes de pesca (nomeadamente redes de emalhar e
espinheis) pode ser grave em algumas zonas onde as espécies ocorrem e a
densidade de redes no mar é elevada;[1][2][3][4]

A destruição de áreas florestais autóctones maduras, através da elevada
frequência de fogos florestais, ou a sua substituição por espécies de rápido
crescimento como o eucalipto, resulta na perda de habitat disponível. [1][2][3][4]

A perturbação humana provocada por algumas actividades agro-silvicolas,
cinegéticas, turismo e lazer, entre outras, que afectam os locais de alimentação e
descanso das espécies.[1][2][3][4]

O abate ilegal ocorre sobretudo por caçadores furtivos, durante a época de caça; [1]
[2][3][4]


O envenenamento de iscos e carcaças para controlo ilegal de predadores. [1][2][3][4]
Aves migratórias ameaçadas por mudanças ambientais, adverte PNUA

O número de aves migratórias – considerado um dos melhores indicadores do


estado da biodiversidade mundial – está a diminuir significativamente, devido
às mudanças ambientais, advertiu hoje o Programa das Nações Unidas para o
Ambiente (PNUA).

Ao assinalar o Dia Mundial das Aves Migratórias, o PNUA disse que aquela
diminuição se está a registar relativamente a muitas espécies em todos os
principais corredores de migração que as aves utilizam para percorrer milhares
de quilómetros entre os locais de nidificação e aqueles onde passam o Inverno.

"As aves migratórias são das criaturas mais extraordinárias do planeta e, em


muitos países, a observação de aves é uma actividade de lazer e turismo
economicamente importante", disse Achim Steiner, Director Executivo do
PNUA.

"Mas as aves migratórias são mais do que isso. A sua dependência de habitats
e ecossistemas saudáveis significa que são importantes indicadores que
permitem determinar se a comunidade internacional está verdadeiramente a
tentar corrigir o declínio e erosão do património natural do planeta".

O Dia Mundial, subordinado ao tema "Aves Migratórias – Embaixadoras da


Biodiversidade", será assinalado no fim-de-semana de 10 e 11 de Maio com
concertos, filmes e outros eventos públicos destinados a dar destaque à
ameaça crescente a que estão sujeitas as aves migratórias e a biodiversidade
mundial.

Embora as razões da diminuição do número de aves migratórias sejam


complexas e digam respeito especificamente a determinadas espécies, o
declínio global é um reflexo do problema ambiental mais geral associado à
perda mundial de habitats e biodiversidade.

O PNUA refere que 41% das 522 populações de aves aquáticas migratórias
que percorrem itinerários que ligam a África e a Eurásia estão a registar
diminuições, e existem informações de que o número de aves canoras
migratórias que utilizam os mesmos corredores também está a diminuir.

Entretanto, o número de aves das florestas boreais do Hemisfério Norte que


migram do Norte do Canadá para a América do Sul apresenta uma diminuição
acentuada porque estas aves estão a perder os locais de nidificação nas
florestas.

Sendo vulneráveis às mudanças ambientais, as aves migratórias dependem de


locais onde param para descansar e para se alimentarem durante as suas
longas viagens, mas estes locais estão ameaçados ou a desaparecer em
consequência do desenvolvimento agrícola, urbano, industrial e de infra-
estruturas.

As alterações climáticas também desempenham um papel importante, já que a


subida das temperaturas mundiais dão origem a desertos maiores e a
tempestades mais frequentes, o que pode conduzir à subida dos níveis do mar
e impedir a migração.

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