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Contrariando a perspectiva que considera a sexualidade heterossexual como coisa natural, apresentamos outro ponto de vista para reflexdo por Carla Bernava* ublicado pela primeira vez em 1975, o artigo de Gayle Rubin “O ‘réfico em mulheres: notas sobre 1 ‘eoondmica politica’ do sexo" teve por mérito esbogar muitas das ques- tes que despertaram o interesse de es: tudiosos voltados aos problemas das rela ‘es entre os géneros ¢ das sexualidades nas itimas décadas, Além de realizar uma primeira distingdo entre "sexo" e gé- nero, Rubin propunha que estes se orga- nizam em um complexo sistema social a partir do qual se reproduzem as estrutu- ras de parentesco e de personalidad que do origem a dominagéo masculina das mulheres, &justamente essa ideia de uma organizagdo social das sexualidades que faz com que o trabalho de Rubin continue sendo relevante. De 1975 até hoje, vrias foram as formulagies que trataram de delimitar com maior propriedade no que consiste tal organizagao, quais seus con- tornos e seus modos de funcionamento. O ue hoje se entende por género e por he- teronormatividade € resultado ~ parcial, dado que inacabado ~desses mtltiplos es fore0s criticos. Assim, neste artigo, bus ccar-se-a refazer, ainda que de maneira breve, a trajetéria de alguns desses es forgos tendo em vista uma melhor delimi- tagio do conceito de género em relagao & problemutica das diferencas sexuais, ‘SOBRE A QUESTAO DE GENERO Nas titimas décadas o problema das diferencas sexuais vem constantemente sendo reelaborado, Bm grande medida isso se deve as consideragdes a respeito do género, entendido aqui néo como um atributo individual ~ como parece ser quando se fala em feminino ou mascu- lino, gay, lésbica, transgénero ou néo bi nario ~, mas como um efeto de relagdes que produzem algumas identificagées cem detrimento de outras, Nesse sentido, © que 0 género produz ~ 0 individuo se- xuado ~ nao é algo que se tem ou 0 que se é, mas o resultado de um conjunto de rhormas ¢ de praticas sociais por intermé dio das quais os individuos relacionam- -se entre sie passam a compreender a si ‘mesmos e 0s outros. Sabe-se hoje que a ‘maneira como esse conjunto de normas e priticas organiza-se néo é imutivel no decorrer do tempo e nem mesmo que seus efeitos séo sempre os mesmos em todos os lugares. Isso se di porque as diferengas sociais nao se estabelecem de maneira ‘inica. Classe, rara, etnia, nacionalidade © geragdo também organizam e diferen- ciam e, assim, as relagtes de gnero esto sempre imbricadas com outras. Cantudo, isso néo diminui sua importancia, pois | compreender como se organizam as se sxualidades e como valores diferentes sio atribuidos a cada uma delas no meio e0- cial pode favorecer que se compreendam outros processos de hierarquizagio e re rodugio. Assim, no cerne das conside- ragoes a respeito das relagoes de género est a problematica das diferengas. Foi a0 tentar esclarecer a causa da diferenga sexual entre homens e mulheres que se chegou a uma primeira considerago s0- bre o género enquanto o modo de argani: ‘aco social das sexualidades, Ha quarenta anos, as diferengas se sxuais néo eram pensacdlas em relago ao que hoje se entende por género, Quando se pensava nas relagées entre os sexos, © posicionamento desigual das mulheres sociovociat 75 Integrante da Misso Francesa que ajudau a consolidar a USP, Claude Lévi-Strauss é para em relaedo'aos homens nas sociedades cra atribuido ao patriareado, compreen- ido enquanto um regime de dominagao ccapaz de estruturar todas as suas rela- es. Este foi um momento em que cor- rentes marxistas e feministas do pensa- ‘mento social se encontraram, sendo que a influéncia do marxismo sobre o desen- volvimento dos estudos ferinistas, espe cialmente nos Estados Unidos durante a década de 1970, € bastante conhecida. No momento da escrita do artigo, Gayle Ru- bin estava completamente identificada com correntes do feminismo marxista ¢s- fadunidense, com quem buscava dialo- gar. E ainda que termine seu trabalho clamando por uma anélise marxista dos sistemas de sexo e género, a autora mos- tra-se bastante critica em relago aos li- rites de aplicagéo da teoria marxista ao feminismo, tal como esta havia se dado até entdo, por néo ter sido capaz de ex- plicar as origens da opressio sexual Alias, a primeira aparigéo de uma con- sideragao a respeito do género veio.exa~ tamente dessa lacuna: se, por um lado, a subordinagio econémica das mulhe- +28 aos homens se explicave pela existén- cia do patriarcado, por outro, para Rubin, 4 existencia do patriarcado nao se expli- muitos o maior antropélogo do século XX 76 | sociovocia Rubin defendeu que a opressdo de mulheres e outras “minorias” sexuais e reside emum “sistema de sexo e género” cava por si mesma. Em outras palavras, faltava explicar a origem cultural da hie rarquizagdo dos sexos, o que fazia com que o masculino e o feminino assumis- sem valores diferentes nas sociedades. Em seu artigo, Rubin defendeu que a opressio no apenas das mulheres, mas também de outras “minorias* sexuais e de certos aspectos da personalidade in dividual reside em uma parte da vida so- cial que ela chamou de sistema de sexo € sgénero: ‘o conjunto de arranjos por meio dos quais a sociedade transforma a se sxualidade bioldgica em produtos da ai vidade humana” (Rubin, 1975, p. 175). & ro interior desse sistema que as neces sidades sexuais, culturalmente constra- ‘das, satisfazem-se por meio de conven- Bes especificas a cada sociedade. Nesse sentido, o sistema de sexo e géner0 se re- feriria a um dominio especifico da cul tura, dominio este em que a opresséo nao 6 inevitvel, mas que se epresenta como uum resultado de relagies sociais espec- ficas que a organizam. Nesse trabalho, Rubin tratou de definir melhor os contor- nos desse sistema, descrevendo como se 4 organizagao social das sextalidades a reprodugao das convengdes do sexo do género ao dialogar tanto com a obra de no que se refere aos sistemas de parentesco, quanto com a de Freud, no que concerne & instituigdo da diferenga sexual na individuo, Foi da le- tara que Rubin fer de Lévi-Strauss que emergiram suas contribuigSes mais te- levantes. Duas delas destacam-se ainda hoje. A primeira constitu-se na primeira diferenciagdo entre sexo € género, 0 que levou a formulagdo de que as identida- des de genero resultam de uma elabora- 20 cultural sobre o dado biolégico. Jé a segunda foi o estabelecimento da correla fo entre @ dominagdo masculina ea he- terossexuslidade obrigatiria como a base do sistema de organizagio das sexualida- des, com suas implicagdes tanto para ho- rmossexuais quanto para mulheres DIFERENCA SEXUAL Nos anos 1980, JAaRUWESEGME cha- mou atengéo para como a interpretacdo cultural do género buscava contestar 0 determinismo da biologia no estabele- cimenio do lugar social subalterno das rnulheres (1886, p. 1054), Desse modo, ‘que estava em jogo era a percepoéo - ainda de todo nao ultrapassada ~ de que rmulheres ocupariam um lugar subal- terno nas sociedades porque sio fémeas ~ ou seja, porque menstruam, geramm as crias e nio sto fisicamente tao for- tes quanto os machos. O que se preten- dia nao era contestar as especificidades bioldgicas dos tipos de corpos humans, mas compreender por que a tais especi- ficidades haviam sido atrelados valores que se tornaram tanto causa quanto js | Ogénero néo é, ent&o, algo que alguém possua ou que lhe é inerente, mas aresultante de um processo histérico, cultural e contextual tificativa para a desigualdade entre ho- ‘mens.e mulheres. Foi em virtude disso que houve um redirecionamento dos es- forgos em se compreender a organizacio das sexualidades a partir da cultura, do género. Ao mesmo tempo € necessa- rio reiterar 0 sentido especifieo dado & diferenca sexual nos textos das déca- ddas de 1970 ¢ 1980 como sendo o da di ferenga bioldgica entre homens e mulhe- res, aquela que esta baseada nos corpos parece ser anterior & cultura, mas que ‘86 ganha sentido em seu interior ‘Ja no inicio dos anos 1990, Judith Bu ter retoma essa discussio afirmando que 1 pervepedo do género enquanto elabora- edo cultural tornaria possivel considerar que um corpo de mulher fosse masculino € vice-versa, pois nao haveria razio para assumir a existéncia de apenas duas pos- sibilidades de identifieagdo (Butler, 2007, . 9}. Contudo, é exatamente isso 0 que aconteceu, pois persiste uma aproxime: ‘do entre os significados atribuidos tanto fo género quanto ao sexo biolégico. Em ‘outras palavras, no s6 continuov-se a pensar que existem apenas dois géneros, ( feminino e 0 masculino, como a esperar que 0 individuo nascido macho seja mas- calino, ¢ aquele nascido como femea seja feminino, com aptiddes, comportamentos desejos “pertinentes’ ao seu sexo, (Outra aproximagao entre os significa- os culturais do género e do sexo ape: receu também nas formulagées de Anne FaWStOISEEHIAG, mos o que essa au- tora questiona néo é o dualisma que se apoderou do género, mas aquele que per- manece sobre o sexo. De acorio com ele, a natureza biolégica € mais complexa, pis se considerados os individuos inter- sexuais (os hermafroditas verdadeiros e 08 pseudo-hermafroditas masculinos ¢ femininos) ter-se-ia, pelo menos, cinco sexos € néo dois (Fausto-Sterling, 2000, p. 78). O argumento de Fausto-Sterling baseia-se em grande medida no fato de que @ intersexualidade é mais regular Pease EO TET % LEVI-Strauss > 0 ant-opdiogo e fidsofo Claude Le em Bruxelas, na Bélica, em 1908, Lévi-Strauss possulcidadania francesa, palsno qual passau a maior parte de sua vida, Formou-se pela Universidade ce Paris, velo a0 Brasil nos ‘anos 1930 para realizar pesquisas etnoléoicase aludar na consolideroda Universidade {de Sd0 Paulo, fo diretor académico da Escola Prética de Altos Estudos da Universidade de Parise ocupou acatedra de Antropologia na Callége de France, oponto aito da Carreira acadamicana Franca, Escreveullvres como Rasae Histéria,Tistestrépicose O pensamento seivagem.Faleceu em Pari, Franca, em 2008, 38 JoaN W. SCOtt >» deacordacomjoan\w, Scott essa eproximacio se daria inclusive na produgSo de algumas historiadoras feministas, que teram substitu mulheres por género, utiizando-s como sindnimas (Scat, joan, Gender:o useful category of historical analysis op. ct, p.L056) Pe Fausto-Sterling »» nascica emnove York abisiogaprofessora Anne austo-Sterling PhD em Deserwalvimenta Genético peta Universidade Brown e uma das. maiares autoridadés em pesquisas no campo dos estudos de género. Como professora efetivaouvisitante,lecionou nas mais importantes intitulgdes de ensino dos UA ‘Anne Fausto- Sterling possui um site com informacbese artigosna intemet:httpi/ww. annefaustosteriingcom/ Abiéloga e professora Anne Fausto- Sterling, PhD pela Universidade Brown e autoridade nos estudos de género do que se imagina, nfo se configurando como uma anomalia genética e/ou fisica, como é frequentemente interpretada. Se gundo a estimativa da autora, a taxa de nascimentos de intersexuais é da ordem de 17: 1000 (Fausto-Sterling, 2000, p. 20), O que fica evidente tanto em Butler quanto em Fausto-Sterling é que 0 con- ceito de sexo também é construido social- mente, Isso significa dizer que o sexo bio ligico nao é acessivel por si mesmo, uma ‘vez que no existe sexo a nao ser que Ihe ‘tenha sido atribuido um significado, A propria ideia de que 08 sexos so dois 6, nesses termos, uma construgio. Assim, para Butler, ndo seria o sexo que deter- ‘mina o género, mas o género que faz com ‘compreendido enquanto um atributo biolégico, a partir do qual | se tem um tipo ou outro de ser, O género no é, entdo, algo que alguém possua ou aque the € inerente, mas a resultante de ‘um processo histérico, cultural e cantex- | tual de naturalizagio dos corpos sexus- dos como ferninino ou masculino, Dessa maneira, ha tanto uma dimen so relacional quanto ha uma dimen- ‘io normativa fundamental no sexo, de socioLocia |77 Critica rodlo que nio apenas funciona como re- gra, mas é parte de uma pratica cuja forga apresenta-se claramente como um tipo produtivo de poder, que fabrica, de rarca, ciculae diferencia os corpos que controla. Concordando com Michel Fou- cault, para quem ‘o sexo € acess0, 20 ‘mesmo tempo, & vida do corpo e a vida da espécie” (2001, p. 197), Butler defende que 0 sexo “no € simplesmente aquito que uma pessoa tem, ou uma descri¢éo estitica do que alguém é: seré uma das normas pelas quais esse ‘alguém’' torna- -se viel, o que quaifica o corpo para a vida no interior de um dominio de intei- sibildade cultural” (Butler, 2009, p 2) SEXUALIDADE no interior desse dominio de inte- ligiilidade cultural ~ chamado por ela como matriz heterossexual - que 0s cor- pos, géneros e desejos s4o naturaliza- 7 sociotocia Eno interior desse dominio de inteligibilidade cultural - chamado por ela como matriz heterossexual - que os corpos, géneros e desejos sdo naturalizados dos de modo a “caracterizar um modelo epistemolégico e discursivo de intelig- bilidade de géneros que definem opos- tos hierarquicamente por meio da pra tica compulséria da heterossexualidade” (Butler, 1993, p. 208, nota 6) Dessa ma- neira, os géneros masculino e feminino sho intelgiveis apenas na medida em aque ‘instituem e mantém as relagdes de coeréncia € continuidade entre sexo, g2- nero, prética sexual e desejo” (Butler, 1993, p. 23), relagdes estas que assegu- ram suas identidades no interior dessa mesma matri, Entretanto, a emergéncia social daqueles que néo se conformam ‘a essas normas de coeréncia ¢ eontinui- dade de género coloca em quest a pro pri nogdo de pessoa tal qual definida no interior dessa matri Para Butler, portanto, na raiz do pro cesso da materializagao da sexualidade esté 0 processo de formagéo de um eu, de uma identidede, que perpassa uma ‘Aemergéncia social daqueles que ndo se conformam as normas de coerénciae | continuldace de genera colaca em questo a propria naco de pessoa discussio sobre como o imperative hete- rossexual permite certas identificagées ¢ impede ou nega outras, pois a identifi cago com a no conformidade a norma ameagaria expor as bases que funda- mentam o sujeito sexuado, Para ela, tais, bases sfo expressas pela norma funda- mental da identidade de género que é a heteronormatividade, que estabelece a heterossexualidade como principio re- gulatério das sexualidades. Nela, 0 de- sejo sexual do homem pela mulher e da ‘mulher pelo homem constitui-se como fundamento primordial das identidades ‘masculina e feminina. Isso significa di- zer que o vinculo entre sexo e desejo & amatria das identidades de género, pois, é na expressio do desejo heterosexual que reside a causa primeira das regras da feminilidade e da masculinidade. Para Butler, entéo, se é a performance da regra da heteronormatividade que cria a ilusio de ferininos e masculinos “naturais’, o lugar da desconstrugdo da identidade “natural” sera também a per- formance do sujeito. Mas, nesse caso, seu comportamento deverd confundir fa correspondéncia entre desejo, sexo © género ao invés de confirmé-la (Butler, 1993, p. 3) Desa forma, a prescricéo da heteros- sexualidade fundamenta-se em uma du- pla diferenciacdo, sendo a primeira entre heterossexualidade ¢ homossexualidade (geralmente negada), ¢ a segunda, en- tre masculino © feminino (constante- mente reiterada pelo discurso). De acordo com IEA, « historia de tal prescri- & Miskolci » professor do Centro de Eaucagia eCiencias Humanas, Departamento de Scioiogl da Universidade Federal de S8oCarios (UFSCar}, Richard Miskolci Escudeiro é graduado em CnciasEcondmicaspela nes instituipo na qual bteve 0 titulo de mestre em Sociologia. Misha é doutorem Sociologia pela Universitade de S80Pavlo (USP) epés-doutor pela Universidade da California, Dautor em Sociologia pels USP, Richard Miskolciécoordenador do Nucleode Pesquisas em Diferencas, Genero e Sexualidade ‘980 pode ser dividida em dois periodos, ‘em que se diferenciam o da heterossexu alidade obrigatdria e 0 da heteronorma lividade em si mesma: “Entre 0 tergo fi nal do século XIX e meados do século seguinte, a homossexualidade fai inven- tada como patologia e crime, ¢ 0s saberes © praticas sociais normalizadores ape vam para medidas de internardo, prisdo € tratamento psiquidtrico dos homo-orie tados, A partir da segunda metade do culo XX, com a despatologizacao e des- criminalizagdo da homossexualidade, é visivel o predominio da heteronormativi- dade como marco de controle e normali zacio da vida de gays Iésbicas, néo mais Para Butler, na raiz do processo da materializacdo da sexualidade estd 0 processo de formacdo de um eu, de uma identidade para que se ‘tornem heterossexuais com 0 objetivo de que vivam como eles [Miskolci, 2009, p. 157, nota 13 Nos termos de Richard Miskolei, a he- teronormatividede 6, entio, tanto um aparato de poder quanto uma forga nor- ‘malizadora que atua por meio de “um conjunto de prescrigées que fundamenta processos sociais de regulagéo e con- tole", de modo a “formar todos para se- xem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e ‘natural’ da het rossexualidade” (Miskolci, 2009, p. 15 187). De acordo com esse autor, 6 por in- termédio do desenvolvimento de uma analitica da normalizacao que se pode compreender como as fronteiras das dife- | rengas sexuais podem ser constituidas, mantidas ou dissipadas (Miskolci, 2009, p. 178). Nesse sentido, tendo a concordar com ele quando diz que é justamente ai que a problematica da sexualidade pode se encontrar com a Sociologia. . ‘Carla Bernava é doutoranéa em Sociologia pela Universidade de Sto Paulo (FFL.CH-USP), ‘onde investiga a construcode diferencas sexvals em flmes produzidos desde meados da «década de 1990 apartirde uma interlocugdo entre asocologia do cinema eas teorias queer, REFERENCIAS Butler |-Bodiesthat matter on hedscxrsivelinitsof'sex:Navaork Lond: Routledge, 1993, ‘Gender trouble. Feminismand the subversion of identity Nova Yrs, Londres: Routegge, 2007, austen, Sexingthebod construction of sexuality Nova Ye Basic Books, 2000, —..Thefives sexes, revisited. The Sciences,» 404, 2000. Foucaut.™ Histérlada sexualidade avontade de saber Roce ane, 200 Pistol 8 Ateoria queer ea Sociologia dsato de umsaraltcads normalise Solloies, ero 21.p.150-282, 2008, Rubin. G.The trafic n women: notescrthe"paltaleconony"f sex. ltr. Tawerdan Anthrapoiogyefwemen Nova ore Monthly Review Pret, 1975, Scot W.Gender:2usetu category of istocalanalyss. The American HitorclReview.4,7.59.2.053, 11075.de2 1986. er polis As / Leis mee dos SUPER-HEROIS APRENDA OS 7 PRINCIPIOS BASICOS TRANSFORMADORES QUE APONTAM O CAMINHO PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL EA CONQUISTA DO EQUILIBRIO INTERIOR. Nas livrarias! Lafonte \won.ecitoralafonte-combr facebook comiediafonte

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