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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI- UFVJM

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS – FCA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA – DZO

BIOCLIMATOLOGIA APLICADA
À PISCICULTURA
Disciplina: ZOO052– Bioclimatologia animal
Docente: Leonardo da Silva Fonseca
Discentes: João Inácio, Isaac Cordeiro, Dalila Ramos

Diamantina 2018
INTRODUÇÃO
• Os peixes são animais sencientes?

O que é a senciência?

Fonte: Google Imagens


O CONCEITO DE BEM-ESTAR ANIMAL

Adaptado de Oliveira & Galhardo (2007).


OS TELEÓSTEOS COMO ANIMAIS
SENCIENTES
Nocicepção

Capacidades cognitivas

Estresse psicogénico
OS PEIXES SÃO ANIMAIS CONSCIENTES
A consciência é o que o animal percebe num dado momento a
respeito de sua situação imediata, prestando atenção às imagens ou
representações de objetos e eventos.

Em confrontos entre tilápias, um peixe pode repentinamente


mudar a cor do seu corpo, o que indica sua submissão a um
oponente.

Estes comportamentos podem ser indicativos de que os peixes


conservam memórias e sugerem que os peixes possuem
consciência
OS PEIXES SÃO ANIMAIS CONSCIENTES
Os peixes sentem:

Dor

Medo

Estresse
OS PEIXES SÃO ANIMAIS CONSCIENTES
• De acordo com as entrevistas realizadas pelo LABEA -
UFPR, 87% das pessoas acreditam que alguns métodos de
abate causam sofrimento aos peixes.

• No entanto, 48% afirmarem já ter comprado peixes vivos e


tê-los transportado até o local de consumo em sacolas
plásticas, fazendo com que eles morressem por asfixia.
OS PEIXES SÃO ANIMAIS CONSCIENTES
ATIVIDADES HUMANAS E BEM-ESTAR
DE PEIXES
 Existem duas posições filosóficas sobre a utilização de peixes em
atividades humanas:
• Nas espécies em que seja reconhecido um valor intrínseco aos seus
indivíduos, estes têm direitos que não podem ser violados por
interesses humanos, pelo que qualquer atividade da qual resultem
prejuízos para os peixes deve ser descontinuada (Regan, 1984)
• A abordagem utilitarista de Peter Singer (1991), segundo a qual as
consequências dos atos determinam a sua legitimidade, devendo
existir igualdade de consideração de interesses iguais dos seres
sencientes, independentemente da espécie.
SAÚDE E BEM-ESTAR
 O funcionamento orgânico e a saúde são um dos aspectos
fundamentais do bem-estar animal.

 Doenças, ferimentos, malformações e má nutrição são as


principais ameaças ao equilíbrio orgânico dos animais.

Fonte: google imagens


 Em geral, os sinais positivos de saúde provêm de um bom aspecto
físico, alimentação regular, taxas de crescimento e reprodução
normais, boa longevidade e taxas de mortalidade reduzidas (Duncan &
Fraser 1997).

 No entanto, as causas da doença são complexas e multifactoriais na


maior parte dos casos, pelo que a relação entre doença e bem-estar não
é necessariamente biunívoca. Assim, não se pode generalizar a ideia de
que problemas de saúde.

Fonte: google imagens


ESTRESSE E BEM-ESTAR
 O estresse pode ser considerado como um conjunto de respostas não
específicas do organismo a situações que ameaçam desequilibrar a sua
homeostase (Barton, 2002; FSBI, 2002).
 Os agentes de estresse em peixes podem ser de vários tipos:
• De natureza física, como o transporte, o confinamento ou manejo;
• De natureza química, como os contaminantes, o baixo teor de oxigénio
ou o pH reduzido;
• Percepcionados pelos animais, como a presença de predadores ou de
agentes não-familiares.
COMPORTAMENTO E BEM-ESTAR
Possibilidade de os animais poderem expressar repertório
comportamental típico da espécie.
 Certos comportamentos naturais podem já não ser relevantes para os
animais quando mantidos em condições artificiais, ou podem mesmo
ser indicadores de mal-estar (fuga a predadores).

Fonte: google imagens


• 1. Alterações do padrão de coloração – do corpo e dos olhos podem ser
induzidas por estresse.

• 2. Mudanças na taxa de movimentos operculares – maiores


necessidades de oxigénio associadas a estresse levam a uma maior
necessidade de irrigação das brânquias. Pode ser combinado com
avaliação visual do estado das brânquias.

• 3. Alteração da atividade de natação e de outros comportamentos –


Atividade excessiva ou imobilidade, tentativas de fuga e
comportamentos de esfregar o corpo para remover ectoparasitas são
potenciais indicadores de problemas.
• 4. Anorexia – perda de apetite potencialmente relacionada com
estresse.

• 5. Redução da taxa de crescimento – Pode ser indicador de estresse


crónico.

• 6. Perda de fator de condição – indica uma redução da massa corporal.

Fonte: google imagens


7. Anomalias morfológicas – indicadoras potenciais de estresse durante
o desenvolvimento larvar.
8. Cicatrizes – são usualmente indicadores de bem-estar negativo, como
por exemplo o ataque por outros animais.
9. Doenças – Uma vez que as doenças de organismos aquáticos
dependem em grande medida das condições ambientais, o aparecimento
de doenças em peixes de cativeiro sugere problemas de manutenção.
10. Inibição reprodutora – potencial indicador de estresse crónico.

A utilização desta lista deve ser feita com cuidado uma vez que a sua
aplicabilidade varia com a espécie e com o contexto no qual a avaliação
de bem-estar é efetuada.
BEM-ESTAR DE PEIXES EM
AQUICULTURA
 Aquicultura

• Sectores da produção animal que mais rapidamente se expandiu por


todo o globo
• A produção intensiva de peixes implica sistemas concebidos para
produzir o máximo ao menor custo.
• Boas práticas nos cuidados prestados aos animais (Saúde e Bem-estar).
• Aspectos como o manejo, o alojamento e os procedimentos adaptados
relativamente ao transporte têm um maior impacto no bem-estar dos
peixes em sistemas de produção.
MANEJO ALIMENTAR

• A manutenção do funcionamento biológico normal e a


resistência a doenças requer uma dieta nutricionalmente
equilibrada, e ajustável às necessidades específicas dos peixes
(Fletcher, 1997).

• Embora os períodos de privação alimentar dos peixes possam


não ter o mesmo impacto no seu equilíbrio, por serem
animais ectotérmicos, a consideração pela sua “vontade” de
alimentar é essencial na preservação do bem-estar.
MANEJO DOS PEIXES
• A captura para controle de doenças ou transporte ou a separação dos
animais por tamanhos bem como outros procedimentos que impliquem
a manipulação física, são atividades causadoras de estresse.

• Carecem de investigação continuada e aplicação de métodos que


minimizem este impacto.

• Ex: Associação Alimentação; manejo de água; Captura e


Transporte.
QUALIDADE DA ÁGUA
 A qualidade da água e os fatores ambientais associados constituem
uma das áreas de maior atenção por parte da investigação sobre o
estresse em peixes.
• As concentrações de oxigênio,
• Dióxido de carbono e de nitrogênio,
• Salinidade e o pH,
• Taxa de circulação da água,
• Temperatura e os regimes de luminosidade

São os fatores ambientais mais críticos à manutenção do equilíbrio


orgânico dos peixes.
• A freqüente utilização pela atividade de produção de substâncias
químicas na água, como desinfetantes e medicamentos e vacinas
também é um aspecto que carece de controle na proteção dos peixes.

Fonte: google imagens


ALOJAMENTO E DENSIDADE DE
LOTAÇÃO
 A densidade de lotação nos sistemas de criação de peixes é um dos
fatores mais críticos em aquicultura e no bem-estar dos animais.

 Quando a alta estocagem é associada com a baixa qualidade da água,


o bem-estar dos peixes é prejudicado de forma ainda mais intensa.

Promove o comportamento anormal dos peixes, como o aumento da


agressividade, favorecendo o aparecimento de ferimentos, doenças e
deformidades, ainda, nestas condições aumentam as infestações
parasitárias, gerando altas taxas de mortalidade.
A densidade ideal dos grupos depende das características
comportamentais dos animais, em particular, a tendência para formar
cardumes ou a territorialidade.

Para algumas espécies existe uma determinada densidade considerada


ótima, pois densidades mais baixas promovem agressividade entre
machos e densidades mais elevadas têm efeitos negativos para a
reprodução.

Outras consequências de alta densidade por período prolongado


incluem a redução das taxas de conversão e crescimento, a redução da
condição física e a erosão das nadadeiras dorsais.
QUAL A DENSIDADE IDEAL?
 Europa
• Piscicultura mais intensificada,
• Densidades de lotação são extremamente elevadas
• Densidades máximas de estocagem, de 20 kg/m3 para trutas e de 10
kg/m3 para o salmão.

 Brasil
• A densidade de estocagem depende das condições ambientais, fluxo de
água e nível tecnológico empregado na criação. Portanto, é necessário
determinar a densidade de estocagem ideal para cada situação a fim de
se obter os melhores resultados.
TRANSPORTE
 Os fatores críticos a se considerar em relação ao transporte são a
captura, a espera pelo transporte, a embalagem dos peixes e o controle
dos fatores ambientais da água durante o transporte, já que os animais
são transportados em tanques sob elevada densidade de lotação

 O manuseio, o acúmulo de dióxido de carbono e amônia na água


durante o transporte provocam estresse fisiológico.
• (1) dispor oxigênio suficiente,

• (2) evitar exposição dos peixes ao ar durante o carregamento,

• (3) ajustar a privação de alimento antes do transporte de acordo com a


espécie, o tamanho e a temperatura,

• (4) evitar ao máximo o contato da estrutura e dos equipamentos do


veículo de transporte com os animais,

• (5) monitorar a qualidade da água e as condições dos peixes.


ALTERNATIVAS PARA ALIVIAR O
ESTRESSE NO TRANSPORTE
 Adição de NaCl: 8g/L de água.

 Adição de Óleo de cravo: Até 10 mg/L de água.

Parâmetros físico-químicos de qualidade da água se mantêm com


características adequadas, as respostas ao estresse são mínimas e não há
mortalidade. Deste modo, obtemos um maior grau de bem-estar e
diminuição de perdas econômicas para o produtor.

Reduz os níveis de cortisol, glicose e íons plasmáticos


ABATE
• Atualmente as técnicas utilizadas para o abate são a asfixia, o choque
térmico com uso de gelo, golpe letal na cabeça, a secção da medula
seguida de sangria das brânquia e o atordoamento elétrico.
• Porem o choque elétrico, golpe letal na cabeça e a secção da medula
seguida de sangria das brânquias, e asfixia são considerados os menos
causadores de sofrimento.
• Já a morte por asfixia e o choque térmico são considerados impróprios
pois causam sofrimento intenso e prolongado.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
• BARTON, B.A. Stress in finfish: past, present and future – a historical
perspective. In: Iwana, G.K.; Pickering, A.D.; Sumpter, J.P.; Schreck,
C.B. (eds) Fish Stress and Health in Aquaculture. Society for
Experimental Biology, Seminar Series 62, Cambridge: Cambridge
University Press, 1997. p1-33.
• BHUJEL, R.C. A review of strategies for the management of Nile
tilapia (Oreochromis niloticus) broodfish in seed production systems,
especially hapa-based systems. Aquaculture, v.181, p.37-59, 2000.
• OLIVEIRA, R.F.; GALHARDO, L. Sobre a aplicação do conceito de
bem-estar a peixes teleósteos e implicações para a piscicultura. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.36, p.77-86, 2007.

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