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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


MESTRADO EM SOCIOLOGIA

REPENSANDO MECANISMOS DE VIGILÂNCIA GLOBAL: COMO


SALVAGUARDAR DIREITOS HUMANOS NA ERA DA VIGILÂNCIA
CIBERNÉTICA

São Paulo, 30 de setembro de 2022


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3 (número da página)


PROBLEMA DE PESQUISA E JUSTIFICATIVA
HIPÓTESE(S) x
OBJETIVOS x
REVISÃO TEÓRICA x
METODOLOGIA x
CRONOGRAMA x
REFERÊNCIAS x
INTRODUÇÃO
O tema desta de pesquisa engloba mecanismos de vigilância global e seus
impactos no tange a violação de direitos humanos. Para explorar esse assunto, será
necessário debruçar-se sobre os conceitos de segurança, privacidade, globalização,
autoritarismo, sociedade panóptica e pós-panóptica e, por fim, capitalismo de
vigilância. Irei, também, contrapô-los com garantias fundamentais estabelecidas por
ordenamentos jurídicos. Essa temática se mostra extremamente relevante nos
tempos atuais, em que sistemas de vigilância legais e ilegais são utilizados de
formas questionáveis e anti-éticas sob o emblema da manutenção da segurança.
Sistemas de vigilâncias legais são aqueles permitidos pela lei, como câmeras
de segurança e monitoramento, sensores e outras tecnologias de policiamento e
vigilância já aplicados no âmbito privado e nas "Smart Cities". No artigo "O Governo
Da Segurança: Modelos Securitários Transnacionais E Tecnologias De Vigilância
Na Cidade De São Paulo", co autorado pelo professor Marcos Alvarez, argumenta-
se que existem três tendências para o reordenamento da segurança: a constituição
de sociabilidades securitárias; a esferização da segurança; e a infraestruturação da
vigilância.
Há, ainda, os sistemas de vigilância digitais que fogem do escopo jurídico,
seja ele nacional ou internacional, que envolvem empresas de compartilhamento de
dados, big techs e agências de espionagem. Tais instituições, além de tratarem
dados individuais como matéria prima de previsões comportamentais, sendo essas
postas à venda como produtos no mercado para empresas privadas, podem servir,
também, a governos de tendência autoritárias que buscam vigiar e controlar
indivíduos dentro de seu território. Esse último é feito sob o pretexto de identificação
e a mitigação de "ameaças" futuras ou iminentes. Vale ressaltar que, embora no
Brasil, assim como outros países, em especial do Norte Global, já exista uma
legislação para proteção de dados, ela não abrange todos os âmbitos de produção e
controle de dados gerados pelas novas tecnologias, bem como, na prática, ainda
não é amplamente aplicada.

PROBLEMA DE PESQUISA
(Qual a pergunta a ser respondida por essa pesquisa?). Informar o problema central
da pesquisa. Pode ser apresentado de forma destacada no texto, em um tópico
específico, ou estar inserido no corpo do texto, desde que seja de fácil identificação
ao leitor/examinador. Colocar o problema de pesquisa em formato de pergunta,
questionando uma dada realidade. Dar preferência às questões práticas que
envolvem a área de atuação profissional do candidato.

JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, diversos documentos e relatórios de organizações internacionais
denunciaram governos que utilizam de informações pessoais obtidas por tecnologias digitais
privadas, monitorando movimentos do usuário na web, dentro de aplicativos do whatsapp,
googles e redes sociais. Tal violação à privacidade é realizada não somente para controlar
seus cidadãos, como também para vigiar, perseguir e processar determinados indivíduos, sob
o pretexto de "ameaça à segurança''.

Recentemente, em 2021, a ONU se manifestou sobre revelações relacionadas ao uso


desenfreado do software Pegasus, do grupo empresarial israelense NSO, para espionar
jornalistas, ativistas e outros sujeitos em diversos países do mundo. Segundo a alta comissária
das Nações Unidas, Michelle Bachelet, tais fatos confirmariam os maiores medos de um
potencial mal uso das tecnologias de vigilância para violar os direitos humanos das pessoas.
Conforme o relatório, tal software de vigilância estaria conectado diretamente a prisão,
intimidação e até a morte de jornalistas e defensores de direitos humanos.

Segundo reportagem da Deutsche Welle, agência de notícias alemã, o banco de dados vazado
da empresa NSO contém uma lista de mais de 50.000 números de telefone, que incluíam 85
ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas, pelo menos 65 executivos de negócios e mais
de 600 políticos e funcionários do governo, incluindo presidentes, primeiros-ministros e
ministros. O grupo israelense não tinha como cliente somente governos totalitários como
Arábia Saudita, mas também democracias como México, Índia e países europeus. O
parlamento europeu publicou um relatório sobre o uso do software Pegasus e outros
spywares, como mecanismo de vigilância por governos do continente.

Vale ressaltar que anteriormente, em 2019, a Anistia Internacional havia o primeiro relatório
sobre o uso de spyware produzido pela mesma empresa israelense NSO contra os defensores
de direitos humanos marroquinos Maati Monjib e Abdessadak El Bouchattaoui. Ademais, a
organização identificou evidências semelhantes ao ataque, no mesmo ano, a Omar Radi,
outro ativista e jornalista do Marrocos. Segundo a Anistia, autoridades marroquinas têm
utilizado dados obtidos por essas empresas de tecnologias para embasar seus processos
judiciais contra os ativistas citados, além de outros.

Em 2017, a ONG Al Shakaba - The Palestinian Policy Network, já denunciava mecanismos


de vigilância utilizados pelo governo israelense para vigiar, monitorar e incriminar palestinos
dentro do território israelense e na Cisjordânia. A mesma reportagem indicava que o país,
sede de 27 empresas de vigilância, exportava essa tecnologia para diversos países, incluindo
Colômbia, Cazaquistão, México, Emirados Árabes Unidos, entre outros.

Por meio dos exemplos dados, é notória a importância e urgência do tema proposto para o
projeto de pesquisa. Mecanismos e empresas transnacionais de coleta e comportamento de
dados transportam aprendizagens de violação de direitos humanos de um país para outro,
contribuindo para formação de mundo mais globalizado em termos tecnológicos, porém, mais
autoritário politicamente.

OBJETIVOS
Objetivo Geral:
A presente pesquisa busca verificar como

Objetivos Específicos:
(Quais as finalidades peculiares que permitirão atingir o objetivo geral?). Definir as
etapas do trabalho que serão realizadas para que se alcance o objetivo geral.
Podem ser: exploratórias (conhecer, identificar, descobrir), descritivas (descrever,
traçar, determinar) ou explicativas (analisar, avaliar, explicar). Utilizar verbos no
infinitivo para iniciar os objetivos.

METODOLOGIA

Para realizar esta pesquisa, utiliza-se o de abordagem teórica, voltada para


uma reflexão sobre os conceitos e os métodos elaborados no campo sociológico.
Por meio desta, busca-se entender e conceitual o tipo de sociedade em que
vivemos e como as relações de poder se configuram. Para responder a tais
perguntas utilizarei métodos quantitativos e qualitativos. Para tal, buscarei realizar
análise documental, com base nos documentos produzidos por pessoas ou
organizações, privadas e públicas, internacionais e nacionais. A fonte primária dos
conceitos sobre os quais essa pesquisa versará, baseiam-se na clássica obra de
Foucault, " Vigiar e Punir ", bem como em literaturas mais recentes como "The Age
of Surveillance Capitalism" de Shoshana Zuboff. Utilizarei análises de casos
recentes, como o do software Pegasus, legislação anti terrorismo dos EUA e
Europa, e a repercursão legal dos casos. Desse modo, poderei constatar com dados
e exemplos a forma como direitos humanos são infringidos sobre o discurso da
segurança.
A presente pesquisa também se propõe a discorrer sobre instrumentos
jurídicos e políticos a serem adotadas de modo a conter futuras violações aos
direitos humanos e fundamentais do indivíduo e a soberania dos Estados.

CRONOGRAMA

ETAPAS PERÍODOS
Cursar disciplinas obrigatórias Fev./23 a Jul./2023
Cursar disciplinas eletivas Ago./2023 a Dez./2023
Levantamento bibliográfico Set./2023 a Set./2024
Defesa do pré-projeto Maio/2023
Desenvolvimento do Projeto Jan./2024 a Set./2024
Revisão e redação final Out./2024
Defesa da dissertação Nov./2024

REFERÊNCIAS

BARRICHELLO, Eugenia Maria Mariano da Rocha. MOREIRA, Elizabeth Huber. A


análise da vigilância de Foucault e sua aplicação na sociedade contemporânea:
estudo de aspectos da vigilância e sua relação com as novas tecnologias de
comunicação. Intexto, Porto Alegre, UFRGS, n. 33, p. 64-75, maio/ago. 2015

BASTURK, Efe. A Brief Analyse On Post Panoptic Surveillance:


Deleuze&Guattarian Approach. International Journal of Social Sciences, Vol.
VI(2), pp. 1-17., 2017, doi:10.20472/SS.2017.6.2.001

BRUNO, Fernanda; CARDOSO, Bruno V. ; KANASHIRO, M. M.;


ALBUQUERQUE, Luciana; MELGACO, L. . Tecnopolíticas da Vigilância:
perspectivas da margem. 1. ed. São Paulo: Boitempo,v. 1., 2018.

FOUCAULT, M. . Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Editora


Vozes, 1987.

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PERON, Alcides Eduardo dos Reis e ALVAREZ, Marcos César. O Governo Da


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Cidade De São Paulo. Lua Nova: Revista de Cultura e Política [online]. 2021, n. 114
[Acessado 7 Setembro 2022] , pp. 175-212. Disponível em:
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm >. Acesso em 14/08/2016.

Segundo ZUBOFF (2019) , o capitalismo de vigilância reivindica de maneira


unilateral a experiência humana como matéria prima gratuita para tradução
unilateral em dados comportamentais. Embora alguns desses dados sejam
aplicados para o aprimoramento de produtos e serviços, o restante é
declarado como superavit comportamental do proletariado, alimentado
avançados processos de fabricação conhecidos como "inteligência de
máquina" e manufaturado em produtos de predição que antecipam o que
determinado indivíduo faria agora.

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