You are on page 1of 16

Especialização

Ensino de Química

Disciplina: Agricultura

Aula 2

Título: Os elementos químicos essenciais à vida

Objetivo: O aluno deverá relacionar os elementos químicos essenciais com suas

propriedades periódicas.

Caros alunos, tudo bem?

Na aula anterior, procuramos dar um panorama geral de todos os conceitos

envolvidos em nossa disciplina além de apresentarmos a relevância da agricultura para

a sociedade brasileira e mundial. Vimos que, no caso do Brasil, a agricultura ocupa um

lugar muito importante em relação ao PIB, já que a enorme produção está atrelada a

um grande número de postos de trabalhos e ao desenvolvimento de tecnologia, mas

também está ligada ao desmatamento, desgaste ambiental, ao trabalho em condições

degradantes e ao desperdício de alimentos na colheita, transporte e armazenamento...

L... Na aula de hoje vamos direcionar nossa discussão para a produção agrícola. Mais

precisamente, vamos falar sobre os elementos químicos essenciais à vida.

Desde sua compreensão, a humanidade passou a desenvolver novos e

poderosos adubos, que proporcionaram grandes ganhos de produção utilizando a


mesma área. Assim, a compreensão de quais são esses elementos, e qual seu papel

no ciclo de vida das plantas, está na base de um avanço científico e tecnológico que

proporcionou à sociedade atual um grande domínio sobre a produção de comida.

Pois bem, vamos agora começar encontrando a ponte entre os elementos

químicos e os vegetais. Cada cultura vegetal requer nutrientes em diferentes formas e

quantidades para o seu crescimento, além do que, o processo de absorção de

nutrientes é diferente para cada vegetal. Mas, quais são esses nutrientes? Para

respondermos a esta pergunta, vamos verificar quais são os elementos químicos

essenciais à vida.

Nós sabemos que, dentre os 118 elementos químicos conhecidos atualmente,

83 são de ocorrência natural e os demais são formados por decaimento nuclear,

espontâneo ou provocado — em um reator nuclear. Alguns elementos químicos que

são radioativos têm tempo de meia-vida curtíssimo, como é o caso do astatínio, que é

um elemento muito raro. Estima-se que existe, no máximo 44 mg de At no primeiro

quilômetro de toda a crosta terrestre (a profundidade da crosta terrestre é de cerca de

40 km!).

Os elementos químicos que são essenciais à vida participam de todo o processo

de transferência de matéria e energia inerentes à existência de vida no planeta e todos

eles têm ocorrência natural. Eles não estão distribuídos de maneira uniforme na crosta

terrestre e, em sua maioria, estão na forma combinada — em compostos iônicos ou

covalentes. Estima-se que sua distribuição seja da seguinte ordem: 45,5% de oxigênio,

27,2% de silício, 8,3% de alumínio, 6,2% de ferro, 4,7% de cálcio, 2,8% de magnésio e

5,3% de todos os outros.

Aqueles elementos químicos que existem no corpo humano são chamados de

essenciais e a quantidade de cada um deles também varia. Os mais abundantes são o


Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 2
oxigênio, o carbono, o hidrogênio e o nitrogênio. Os demais são classificados,

quantitativamente, em macronutrientes, micronutrientes e elementos-traço. De maneira

geral, pode-se afirmar que os macronutrientes têm sua porcentagem (em massa) no

corpo humano variando de 0,05% a 1,6%, são eles: o cálcio, o fósforo, o potássio, o

enxofre, o cloro, o sódio e o magnésio. Os elementos ferro, cobre, cobalto, zinco e iodo

são considerados micronutrientes, por terem porcentagem em massa corporal menor

que 0,05% e os elementos-traço, — selênio, vanádio, crômio, manganês, níquel,

molibdênio, boro e silício — apresentam, em média, porcentagem corporal menor que

0,01%.

Notem que dentre os elementos citados existem metais, não-metais e

semimetais. Os metais estão no corpo-humano na forma de cátions e os não-metais

na forma de ânions, mais comumente como ânions poliatômicos, como por exemplo o

fósforo, como íon fosfato ou ortofosfato, [𝑃𝑂$%& ] e o molibdênio, na forma de íon

molibdato [𝑀𝑜𝑂$)& ]. Os metais, em geral, têm pouco elétrons de valência, baixa

eletronegatividade e baixa energia de ionização já os não-metais e os semimetais,

apresentam propriedades opostas. Por isso, os compostos formados entre metais e

não-metais são iônicos, ao passo que, entre os semimetais e os não-metais as ligações

são covalentes, pois há necessidade do compartilhamento de elétrons.

A seguir apresentarei, brevemente, a importância de alguns destes elementos

para o corpo-humano — destacando os micronutrientes e os elementos-traço — para a

nutrição dos vegetais. Ressalto que, em muitos casos, farei referência ao nome do

elemento químico, sem apontar a sua carga, porém, é importante notar que todos os

elementos químicos que participam de algum processo fisiológico, seja no organismo

humano ou nos vegetais, estão na forma de íons. De forma geral, quando um elemento

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 3


químico está no organismo em seu estado de oxidação zero, ele é tóxico. Quando a

carga do íon for muito relevante para a sua função, ela será mencionada.

Vamos começar pelo ferro, em condições fisiológicas, a concentração de íons

ferro(II)/(III), no organismo é cuidadosamente regulada e se mantém em níveis normais

em 40mg e 50mg Fe/kg para a massa corporal dos homens e mulheres

respectivamente (ALÚSTIZA, et al., 2007). A deficiência ou ausência de Fe(II)/(III) no

organismo pode ser letal por alterar diversas funções metabólicas; dentre estas, pode-

se listar: o comprometimento do desenvolvimento cognitivo, aumento dos riscos de

mortalidade materna e infantil, redução da capacidade de realizar atividades e redução

da resistência imunológica. (SIQUEIRA, ALMEIDA e ARRUDA, 2006)

Nos vegetais os íons ferro(II)/(III) estão envolvidos nos processos de

fotossíntese, respiração mitocondrial, assimilação de nitrogênio, na biossíntese

hormonal e na produção e captação de espécies reativas de oxigênio. (HÄNSCH and

MENDEL, 2009)

O íon cobre(II) é um nutriente essencial devido às suas propriedades redox —

pois pode existir nas formas Cu(I) e Cu(II) — e química de coordenação, as quais são

úteis em numerosas funções catalíticas e de transporte. É cofator* das enzimas

superóxido dismutase, tirosinase, lisil oxidase, dopamina-β-hidroxilase, entre outras

(MEHTA, TEMPLETON e O’BRIEN, 2006). Os níveis de cobre(II) no organismo variam

ao longo da vida, aumentando na infância até por volta dos 10 anos, quando a

concentração do íon torna-se estável (ZATTA et al., 2008). A deficiência no organismo

pode causar anemia, diminuição na produção de energia, além de anormalidades no

metabolismo da glicose, podendo vir a contribuir para o desenvolvimento de diabetes

(MORO et al., 2007). Por outro lado, o excesso de cobre(II) em células pode gerar, por
Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 4
ação das cuproenzimas, espécies reativas de oxigênio, as quais causam danos em

lipídeos, ácidos nucléicos e proteínas (MEHTA, TEMPLETON e O’BRIEN, 2006). Outro

problema muito sério ocasionado pelo excesso de cobre(II) é a Doença de Wilson, na

qual o cobre(II) se acumula em vários órgãos, como no cérebro e rins, e não sendo

tratada adequadamente pode levar à doenças hepáticas, complicações neurológicas e

morte (ZHANG et al., 2009)

Nos vegetais, o cobre é encontrado majoritariamente nos cloroplastos e é

essencial para a fotossíntese, metabolismo de carbono e nitrogênio e processos de

proteção de estresse oxidativo. (HÄNSCH e MENDEL, 2009)

*Observação sobre o uso dos termos cofator e grupo prostético. Não há consenso entre os autores sobre

as classificações. Alguns autores classificam cofatores como termo geral para qualquer espécie (iônica

ou molecular) que influenciam na velocidade das reações enzimáticas e não pode ser transformada pelo

catalisador. Nessa classificação, as espécies iônicas são classificadas como íons mesmo e os grupos

prostéticos são moléculas orgânicas com composição diferente dos aminoácidos e do substrato. Em

outro sistema de classificação, o termo geral para substâncias que influenciam a velocidade de reações

enzimáticas é coenzimas. Elas podem ser divididas em cofatores (íons) ou grupos prostéticos

(moléculas). Se os íons forem complexados por uma molécula orgânica e o complexo se unir à enzima,

são chamados de grupo prostético, por exemplo, no grupo heme ou na clorofila, que são complexos de

porfirinas e metais bivalentes. Agradeço à docente de Bioquímica da UFABC, Profª Drª Ana Paula de

Mattos Areas Dau pelos esclarecimentos.

O cobalto é um elemento essencial para o ser humano na forma de vitamina

B12, a cobalamina, que age como catalizadora de importantes reações de síntese em

nosso organismo (BARCELOUX, 1999). Porém, cobalto(II) inorgânico é tóxico. Em


Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 5
excesso no organismo, este íon pode reduzir a atividade da tireoide e afetar os

pulmões, a pele, o sistema imunológico e ser potencialmente carcinogênico

(SIMONSEN, HARBAK e BENNEKOU, 2012). Nas plantas vasculares**, o cobalto está

fortemente ligado às raízes. Apesar de sua função nas plantas não estar totalmente

estabelecida e, em altas concentrações ser tóxico, sabe-se que, em baixos níveis, este

íon apresenta efeito benéfico, particularmente nas plantas leguminosas. As plantas

também necessitam da vitamina B12, necessárias para manter a atividade de várias

enzimas fixadoras de nitrogênio. (PILON-SMITS et al., 2009)

**Uma observação sobre o termo “plantas vasculares” foi a tradução que utilizei para “higher plants”.

Literalmente, traduziríamos como “plantas superiores”, mas, segundo os biólogos, este é um termo muito

ultrapassado. Higher plants ou plantas vasculares são plantas que possuem um sistema vascular, como,

por exemplo, os pinheiros — que têm sementes — e as leguminosas, as verduras que comemos e as

árvores frutíferas — que têm flor. Ao passo que as samambaias, como outro exemplo — não têm flor,

nem sementes, mas um sistema vascular completo. Os musgos e alguns grupos de algas são exemplos

de plantas que não são vasculares. Ainda segundo os biólogos, o termo higher plants é muito

controverso, pois não existem lower plants. De todo modo, o termo mais adequado seria Traqueófitas

(do grupo Tracheophyta), pois este nome leva em conta os aspectos evolutivos e a organização

morfológica das plantas. Porém, como este texto não trata da morfologia vegetal, vamos manter assim:

plantas vasculares. Agradeço às docentes da área de Biologia da UFABC, Profª Drª Hana Paula Masuda

e Profª Drª Natália Pirani Ghilardi-Lopes, por terem me ajudado na tradução e entendimento do

contexto.

Zinco(II) também é cofator de várias metaloenzimas e também componente de

metaloproteínas. É ingerido por meio de carnes vermelhas, mariscos, derivados do leite

e ovos. A ausência de absorção de zinco, por meio da dieta pode causar graves

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 6


problemas de saúde, pois o íon participa de processos de divisão celular, transcrição

genética, entre outros processos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento. A

ausência de zinco pode causar dermatites, alterações no sistema imune, entre outros

graves problemas (MAFRA e COZZOLINO, 2004). Nas plantas, o zinco também é um

importante componente de muitas enzimas e proteínas, permitindo a produção de

energia, e mantendo a estrutura de biomembranas. Nos cloroplastos, as

metaloenzimas de zinco mantêm muitas funções. (HÄNSCH e MENDEL, 2009)

Iodo, um não-metal, do grupo dos Halogênios, é muito importante para a síntese

dos hormônios produzidos pela glândula tireoide (T3 e T4). No corpo humano, ao

menos 75% de iodeto estão concentrados nesta glândula. Por ser um íon muito

grande, suas funções no organismo humano são limitadas, porém, de muita relevância,

a sua deficiência é uma importante fonte de problemas com retardo mental, além de

causar o Bócio. O reservatório natural de iodo é a água do mar, que contém, em média,

60µg L-1 de iodo. Sabe-se que a maior parte do iodo no mar está concentrado nas

algas marinhas. Porém, encontram-se significativas concentrações de iodo nos solos

localizados em regiões mais próximas do mar, devido à umidade e chuvas (FUGE e

JOHNSON, 2015). Muitos cientistas vêm estudando formas de enriquecer vegetais com

iodo, por meio da biotecnologia. Há estudos que demonstram que o iodo

disponibilizado em alguns tipos de vegetais são suplementos de iodo mais efetivos que

o sal de cozinha iodado. (WENG et al., 2014)

Selênio, não-metal, também é um micronutriente essencial para a vida humana.

É o segundo maior íon, depois do íon iodeto. Têm funções antioxidantes e

propriedades anticarcinogênicas e é o responsável por muitas funções fisiológicas,

além de ser cofator de várias enzimas. Pode ser encontrado na forma de íon seleneto

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 7


(Se2-). Os ânions poliatômicos mais simples são o selenato [𝑆𝑒𝑂$)& ] e o selenito

[𝑆𝑒𝑂%)& ], que são encontrados em plantas e humanos e os selenofosfato [𝑆𝑒𝑃𝑂% 𝐻% ],

apenas encontrados em humanos. Porém há muitos aminoácidos, peptídeos e

proteínas que contêm selênio. A falta de selênio no corpo humano causa retardo no

crescimento, prejudica o metabolismo dos ossos e causa anormalidades nas funções

da tireoide. O selenato é um ânion poliatômico mais solúvel que o selenito, por isso é

forma mais encontrada nos solos. A acidez dos solos também influencia no tipo de

ânion encontrado.

A concentração de selênio nas plantas varia de acordo com a idade da planta e

do tipo. Quanto ao acúmulo de selênio, pode-se classificar as plantas como

hiperacumuladoras, acumuladoras-secundárias e não-acumuladoras, a depender da

quantidade de selênio encontrada nas células. É interessante notar que o selênio não

é essencial para todas as formas de vida, por exemplo, as plantas vasculares e os

fungos não contêm selenoproteínas. Por ser quimicamente parecido com o enxofre —

um macronutriente — o selênio compete com ele nas rotas de transporte dentro das

plantas. (GUPTA e GUPTA, 2017) e (ROCHA, PICCOLI e OLIVEIRA, 2017).

Vanádio pode existir no corpo humano em duas formas, V(IV) ou V(V). A sua

essencialidade é reconhecida, pois se sabe que o elemento afeta o metabolismo dos

lipídeos e carboidratos, tem efeito sobre a mineralização de ossos e dentes, faz parte

do transporte da glucose entre outros. Porém, é muito estreita a fronteira entre as

quantidades benéficas e as tóxicas. Os estados de oxidação do vanádio também são

importantes, pois o V(V), o mais abundante, é o íon mais tóxico, e o que mais é

exposto ao ser humano por emissões das indústrias químicas, dos mais diversos

ramos e das refinarias. (ŚCIBIOR, 2016).

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 8


A essencialidade do vanádio para as plantas ainda não é um consenso. Mas

sabe-se que o vanádio aumenta o crescimento e a atividade metabólica, melhora a

síntese da clorofila e a fixação de nitrogênio (IMTIAZ et al., 2015).

Crômio pode existir em vários estados de oxidação. Dentre eles, o Cr(III) é o

elemento-traço essencial para o ser humano, necessário para promover a ação da

insulina nos tecidos do corpo. Porém, em relação às plantas, apesar de promover o seu

crescimento, sua essencialidade ainda não é reconhecida. Não há dúvidas que o íon

Cr(VI) é altamente tóxico e carcinogênico. (SINGH et al., 2013) e (SHRIVASTAVA et

al., 2002).

Manganês(II) também é um íon essencial participando de muitas funções

bioquímicas e fisiológicas (JANG, 2009) por ser um cofator enzimático. A enzima

manganês superóxido dismutase é a principal enzima que neutraliza os efeitos tóxicos

das espécies reativas de oxigênio (ZEJNILOVIC et al., 2009). A deficiência de

manganês(II) pode resultar em muitos problemas como deficiente formação de ossos,

redução na fertilidade e defeitos no nascimento. Em altas concentrações, pode causar

toxicidade celular, particularmente no cérebro. O problema de saúde ocupacional

causado pelo manganês é bem conhecido em adultos, pois compostos como dióxido

de manganês [𝑀𝑛𝑂) ] ou tetróxido de manganês [𝑀𝑛% 𝑂$ ] podem causar inflamações

pulmonares. Manganismo é uma síndrome comum em trabalhadores expostos a altos

níveis de manganês. (SOLDIN e ASCHNER, 2007).

Níquel é um metal sempre caracterizado como onipresente, na atmosfera, no ar

e no solo. Isso porque sais de níquel e o próprio níquel metálico são utilizados

largamente em todo o tipo de indústria. Seus efeitos tóxicos são muito conhecidos. Nos

seres humanos, o mais comum dos problemas é a dermatite de contato, causada pelo
Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 9
contato direto do metal com a pele, além de seu potencial carcinogênico. Pode-se

encontrar muitos outros problemas descritos na literatura, ocasionados pela exposição

direta dos trabalhadores de indústrias que utilizam o níquel ou sais de níquel como

matéria-prima. A sua toxicidade ou seus efeitos benéficos estão diretamente

relacionados à quantidade ingerida ou inalada, bem como à sua forma.

(SCHAUMLÖFFEL, 2012)

A essencialidade do níquel para o ser humano ainda é um tema muito

controverso entre os cientistas. Esta dúvida provém do fato de ainda não se conhecer

nenhuma enzima ou cofator enzimático que contenha níquel. (DENKHAUS e

SALNIKOW, 2002). Porém, para as plantas, já se reconhece a sua necessidade, pois

níquel em quantidades adequadas apresenta funções vitais relacionadas aos

processos de germinação (SREEKANTH et al., 2013), bem como promove a função da

enzima uréase. Já é sabido que um dos sintomas da deficiência do níquel em plantas é

o acúmulo de ureia, que ocasiona a perda da atividade enzimática (HÄNSCH e

MENDEL, 2009).

Molibdênio é um metal que forma um importante cofator enzimático, conhecido

como MoCO — formado pela coordenação do molibdênio com o grupo pterina. Este

cofator pertence a quatro — apenas — diferentes enzimas, responsáveis por

importantes reações de oxidação-redução no organismo humano. A deficiência deste

cofator causa deterioração do sistema nervoso central em recém-nascidos.

(SCHWARZ, 2016).

Também nas plantas o molibdênio está complexado com o grupo pterina,

aumentando a sua atividade biológica. O cofator MoCO participa de reações de

assimilação de nitrogênio, metabolismo do enxofre, biossíntese de fitohormônios entre


Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 10
outras. (HÄNSCH e MENDEL, 2009)

Boro é um semimetal que tem função nutricional a despeito de sua função

bioquímica ainda não estar totalmente elucidada. Já foram efetuados muitos

experimentos em animais e em seres humanos que confirmam que sua ausência no

corpo humano impacta na saúde dos ossos, na função cerebral e na resposta imune do

organismo. Até onde pude averiguar boro não atua como cofator enzimático, porém, ao

interagir com outros grupos, por exemplo, diésteres, pode atuar em membranas

celulares e participar de reações metabólicas. (NIELSEN, 2008)

Sabe-se que nas plantas o boro também exerce uma grande variedade de

funções biológicas, como síntese proteica, transporte de açúcar, respiração, entre

outras. Todavia, também não se conhece exatamente o seu mecanismo de ação.

(HÄNSCH e MENDEL, 2009).

Como o silício não é um elemento em pequena quantidade nos solos, pois a

maioria dos solos é formada por silicatos minerais — [𝑆𝑖𝑂$$& ], [𝑆𝑖) 𝑂/)& ], [𝑆𝑖% 𝑂01& ],
2)&
[𝑆𝑖1 𝑂23 ], entre outras formas de silicatos naturais existentes — ele não é considerado

um elemento essencial. Esta é uma informação interessante, pois chama a atenção o

fato que a essencialidade de um elemento, além de indicar a sua função, também está

relacionada à quantidade. Porém, se o solo não tem silício, ele é considerado um solo

“pobre”. Sabe-se que ocorrem muitas perdas de silício após muitas colheitas, além do

próprio intemperismo que carrega o silício para os rios e mares. Creio que podemos

fazer um paralelo com o carbono, para entender melhor o conceito. O carbono não é

essencial, mas é o elemento no qual toda a vida está baseada.

De todo modo, há autores que sugerem ser o silício um elemento “quase

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 11


essencial”. Sabe-se que a manutenção das taxas de silício em um nível adequado

colabora para a fertilização natural dos solos, pois ele diminui o estresse causado pela

plantação de uma colheita, pois é capaz de promover a ligação de macronutrientes às

células das plantas. (GUNTZER, KELLER e MEUNIER, 2012)

No corpo humano, o silício bastante abundante, pois está presente em todos os

tecidos do corpo. Sabe-se que o silício participa do desenvolvimento dos ossos e

formação do colágeno, além de estar envolvido no controle hormonal e na prevenção

de doenças do coração. (BOGUSZEWSKA-CZUBARA e PASTERNAK, 2011)

Até aqui, só tratamos de apresentar as propriedades de alguns Elementos

Químicos, certo? Mas, não custa nada lembrar que as funções de cada um deles estão

relacionadas às suas propriedades e estas, estão sintetizadas de forma belíssima na

Tabela Periódica.

Só para relembrar como a Ciência atualmente explica a a ordenação dos

Elementos Químicos na Tabela Periódica, compartilho com você uma animação que

preparamos sobre o assunto: https://youtu.be/7Kp-AW9aj64

É fascinante olhar para a Tabela Periódica. A base de tudo o que existe no

Universo está lá. A capacidade de síntese de Mendeleev foi/é admirável. Portanto, Não

poderia encerrar esta aula sem mencionar que 2019 é o Ano Internacional da Tabela

Periódica...;-)... Até a próxima aula!

BIBLIOGRAFIA:

ALÚSTIZA, J.M., J.M., CASTIELLA, A., DE JUAN, M. D., EMPARANZA, J.I.,

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 12


ARTETXE, J. e URANGA, M. Iron overload in the liver diagnostic and quantification,

European Journal of Radiology, v. 61, p. 499 – 506, 2007.

BARCELOUX, D.G., Cobalt, Clinical Toxicology, v. 37 (2), 201-216, 1999.

BOGUSZEWSKA-CZUBARA, A. e PASTERNAK, K. Silicon in Medicine and Therapy,

Journal of Elementology, v. 16, p. 489 – 497, 2011.

DENKHAUS, E. e SALNIKOW, K. Nickel essenciality, toxicity, and carcinogenicity.

Critical Reviews in Oncology/Hematology, v. 42, p. 35 – 56, 2002.

FUGE, R. e JOHNSON, C.C. Iodine and human health, the role of environmental

geochemistry and diet – a review. Applied Geochemistry, v. 63, p. 280 – 382, 2015.

GUNTZER, F., KELLER, C. e MEUNIER, J.-D. Benefits of plant silicone for crops: a

review. Agronomy for Sustainable Development, v. 32, p. 201 – 213, 2012.

GUPTA, M. e GUPTA, S. Na overview of selenium uptake, metabolismo, and toxicity in

plants, Frontiers in Plant Science, v. 7: 2074, 2017.

HÄNSCH, R. e MENDEL, R.R., Physiological functions of mineral micronutrients (Cu,

Zn, Mn, Fe, Ni, Mo, B, Cl), Current Opinion in Plant Biology, v. 12, p. 259-266, 2009.

IMTIAZ, M., RIZWAN, M.S., XIONG, S., LI, H., ASHRAF, M., SHAHZAD, S.M.,

SHAHZAD, M., RIZWAN, M., TU, S. Vanadium, recent advancements and research

prospects: A review. Environment International, v. 80, p. 79 – 88, 2015.

JANG, B.-C. Induction of COX-2 in human airway cells by manganese: Role of

PI3K/PKB, p38 MAPK, PKCs, Src, and glutathione depletion. Toxicology in Vitro, v.

23, p. 120 – 126, 2009.

MAFRA, D. e COZZOLINO, S.M.F. Importância do zinco na nutrição humana. Revista

de Nutrição, v. 17, p. 79 – 87, 2004.


Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 13
MEHTA, R., TEMPLETON, D.M. e O’BRIEN, P.J. Mitochondrial involvement in

genetically determined transition metal toxicity II. Copper toxicity. Chemico-Biological

Interactions, v. 163, p. 77 - 85, 2006.

MORO, A.M., GROTTO, D., BULCÃO, R., POMBLUM V.J., BOHRER, D., CARVALHO

L. M. de, OLIVEIRA, S. e GARCIA, S.C. Quantificação laboratorial de cobre sérico por

espectrofotometria Vis comparável a espectrometria de absorção atômica com chama.

Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.43, n. 4, p. 251 – 256,

2007.

NIELSEN, F.H. Is boron nutritionally relevant? Nutrition Reviews, v. 66, p. 183 – 191,

2008.

PILON-SMITS, E.A.H., QUINN, C.F., TAPKEN, W., MALAGOLI, M. e SCHIAVON, M.

Physiological functions of beneficial elements. Current Opinion in Plant Biology, v.

12, p. 267 – 274, 2009.

ROCHA, J.B.T., PICCOLI, B.C. e OLIVEIRA, C.S. Biological and chemical interest in

selenium: a brief historical account. Arkivoc, part ii, 457 – 491, 2017.

SCHAUMLÖFFEL, D. Nickel species: Analysis and toxic effects. Journal of Trace

Elements in Medicine and Biology, v. 26, p. 1 – 6, 2012.

ŚCIBOR, A. Vanadium (V) and Magnesium (Mg) – In vivo interactions: A review.

Chemico-Biological Interactions, v. 258, p. 214 – 233, 2016.

SHRIVASTAVA, R., UPRETI, R.K., SETH, P.K., CHATURVEDI, U.C. Effects of

chromium on the immune system. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v.

34, p. 1 – 7, 2002.

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 14


SIMONSEN, L.O., HARBAK, H. e BENNEKOU, P. Cobalt metabolism and toxicology –

A brief update. Science of the Total Environment, v. 432, p. 210-215, 2012.

SING, H.P., MAHAJAN, P., KAUR, S., BATISH, D.R., KOHLI, R.K. Chromium toxicity

and tolerance in plants. Environmental Chemistry Letters, v. 11, p. 229 – 254, 2013.

SIQUEIRA, E.M.A., ALMEIDA, S.G., ARRUDA, S. Papel adverso do ferro no

organismo. Comum. Ciênc. Saúde, v. 17, n. 3, p. 229 – 236, 2006.

SOLDIN, O.P. e ASCHNER, M. Effects of manganese on thyroid hormone homeostasis:

Potential links. Neurotoxicology, v. 28, p. 951 – 956, 2007.

SREEKANTH, T.V.M., NAGAJYOTHI, P.C., LEE, K.D., PRASAD, T.N.V.K.V.

Occurrence, physiological responses and toxicity of nickel in plants. International

Journal of Environmental Science and Technology, v. 10, p. 1129 – 1140, 2013.

SCHWARZ, G. Molybdenum cofactor and human disease. Current Opinion in

Chemical Biology, v. 31, p. 179 – 187, 2016.

WENG, H.-X., LIU, H.-P., LI, D.-W., YE, M., PAN, L. e XIA, T.-H. An innovative

approach for iodine supplementation using iodine-rich phytogenic food. Environmental

Geochemistry and Health, v. 36, p. 815 – 828, 2014.

ZHANG, L., LICHTMANNEGGER, J., SUMMER, K.H., WEBB, S., PICKERING, I.J. e

GEORGE, G.N. Tracing copper-thiomolybdate complexes in a prospective treatment for

Wison’s disease, Biochemistry, v. 48, p. 891-897, 2009.

ZATTA, P., DRAGO, D., ZAMBENEDETTI, P., BOLOGNIN, S., NOGARA, E.,

PERUFFO, A. e COZZI, B. Accumulation of copper and other metal ions, and

metallothionein I/II expression in the bovine brain as a function of aging, Journal of

Chemical Neuroanatomy, v. 36, p. 1 - 5, 2008.

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 15


ZEJNILOVIC, J., AKEV, N., YILMAZ, H. e ISBIR, T. Association between manganese

superoxide dismutase polymorphism and risk of lung cancer, Cancer genetics and

Cytogenetics, v. 189, p. 1 - 4, 2009.

ATIVIDADE OPCIONAL: Escrever um texto de, no máximo 2 páginas: Como

você relacionaria, com os seus alunos, as propriedades periódicas dos elementos

citados no texto e sua essencialidade à vida?

Disciplina Agricultura – Aula 2 – pg 16

You might also like