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Ensino de Química
Disciplina: Agricultura
Aula 2
propriedades periódicas.
lugar muito importante em relação ao PIB, já que a enorme produção está atrelada a
L... Na aula de hoje vamos direcionar nossa discussão para a produção agrícola. Mais
no ciclo de vida das plantas, está na base de um avanço científico e tecnológico que
nutrientes é diferente para cada vegetal. Mas, quais são esses nutrientes? Para
essenciais à vida.
são radioativos têm tempo de meia-vida curtíssimo, como é o caso do astatínio, que é
40 km!).
eles têm ocorrência natural. Eles não estão distribuídos de maneira uniforme na crosta
covalentes. Estima-se que sua distribuição seja da seguinte ordem: 45,5% de oxigênio,
27,2% de silício, 8,3% de alumínio, 6,2% de ferro, 4,7% de cálcio, 2,8% de magnésio e
geral, pode-se afirmar que os macronutrientes têm sua porcentagem (em massa) no
corpo humano variando de 0,05% a 1,6%, são eles: o cálcio, o fósforo, o potássio, o
enxofre, o cloro, o sódio e o magnésio. Os elementos ferro, cobre, cobalto, zinco e iodo
0,01%.
na forma de ânions, mais comumente como ânions poliatômicos, como por exemplo o
nutrição dos vegetais. Ressalto que, em muitos casos, farei referência ao nome do
elemento químico, sem apontar a sua carga, porém, é importante notar que todos os
humano ou nos vegetais, estão na forma de íons. De forma geral, quando um elemento
carga do íon for muito relevante para a sua função, ela será mencionada.
organismo pode ser letal por alterar diversas funções metabólicas; dentre estas, pode-
MENDEL, 2009)
pois pode existir nas formas Cu(I) e Cu(II) — e química de coordenação, as quais são
ao longo da vida, aumentando na infância até por volta dos 10 anos, quando a
(MORO et al., 2007). Por outro lado, o excesso de cobre(II) em células pode gerar, por
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ação das cuproenzimas, espécies reativas de oxigênio, as quais causam danos em
qual o cobre(II) se acumula em vários órgãos, como no cérebro e rins, e não sendo
*Observação sobre o uso dos termos cofator e grupo prostético. Não há consenso entre os autores sobre
as classificações. Alguns autores classificam cofatores como termo geral para qualquer espécie (iônica
ou molecular) que influenciam na velocidade das reações enzimáticas e não pode ser transformada pelo
catalisador. Nessa classificação, as espécies iônicas são classificadas como íons mesmo e os grupos
prostéticos são moléculas orgânicas com composição diferente dos aminoácidos e do substrato. Em
outro sistema de classificação, o termo geral para substâncias que influenciam a velocidade de reações
enzimáticas é coenzimas. Elas podem ser divididas em cofatores (íons) ou grupos prostéticos
(moléculas). Se os íons forem complexados por uma molécula orgânica e o complexo se unir à enzima,
são chamados de grupo prostético, por exemplo, no grupo heme ou na clorofila, que são complexos de
porfirinas e metais bivalentes. Agradeço à docente de Bioquímica da UFABC, Profª Drª Ana Paula de
fortemente ligado às raízes. Apesar de sua função nas plantas não estar totalmente
estabelecida e, em altas concentrações ser tóxico, sabe-se que, em baixos níveis, este
**Uma observação sobre o termo “plantas vasculares” foi a tradução que utilizei para “higher plants”.
Literalmente, traduziríamos como “plantas superiores”, mas, segundo os biólogos, este é um termo muito
ultrapassado. Higher plants ou plantas vasculares são plantas que possuem um sistema vascular, como,
por exemplo, os pinheiros — que têm sementes — e as leguminosas, as verduras que comemos e as
árvores frutíferas — que têm flor. Ao passo que as samambaias, como outro exemplo — não têm flor,
nem sementes, mas um sistema vascular completo. Os musgos e alguns grupos de algas são exemplos
de plantas que não são vasculares. Ainda segundo os biólogos, o termo higher plants é muito
controverso, pois não existem lower plants. De todo modo, o termo mais adequado seria Traqueófitas
(do grupo Tracheophyta), pois este nome leva em conta os aspectos evolutivos e a organização
morfológica das plantas. Porém, como este texto não trata da morfologia vegetal, vamos manter assim:
plantas vasculares. Agradeço às docentes da área de Biologia da UFABC, Profª Drª Hana Paula Masuda
e Profª Drª Natália Pirani Ghilardi-Lopes, por terem me ajudado na tradução e entendimento do
contexto.
e ovos. A ausência de absorção de zinco, por meio da dieta pode causar graves
ausência de zinco pode causar dermatites, alterações no sistema imune, entre outros
dos hormônios produzidos pela glândula tireoide (T3 e T4). No corpo humano, ao
menos 75% de iodeto estão concentrados nesta glândula. Por ser um íon muito
grande, suas funções no organismo humano são limitadas, porém, de muita relevância,
a sua deficiência é uma importante fonte de problemas com retardo mental, além de
causar o Bócio. O reservatório natural de iodo é a água do mar, que contém, em média,
60µg L-1 de iodo. Sabe-se que a maior parte do iodo no mar está concentrado nas
JOHNSON, 2015). Muitos cientistas vêm estudando formas de enriquecer vegetais com
disponibilizado em alguns tipos de vegetais são suplementos de iodo mais efetivos que
além de ser cofator de várias enzimas. Pode ser encontrado na forma de íon seleneto
proteínas que contêm selênio. A falta de selênio no corpo humano causa retardo no
da tireoide. O selenato é um ânion poliatômico mais solúvel que o selenito, por isso é
forma mais encontrada nos solos. A acidez dos solos também influencia no tipo de
ânion encontrado.
quantidade de selênio encontrada nas células. É interessante notar que o selênio não
fungos não contêm selenoproteínas. Por ser quimicamente parecido com o enxofre —
um macronutriente — o selênio compete com ele nas rotas de transporte dentro das
Vanádio pode existir no corpo humano em duas formas, V(IV) ou V(V). A sua
lipídeos e carboidratos, tem efeito sobre a mineralização de ossos e dentes, faz parte
importantes, pois o V(V), o mais abundante, é o íon mais tóxico, e o que mais é
exposto ao ser humano por emissões das indústrias químicas, dos mais diversos
insulina nos tecidos do corpo. Porém, em relação às plantas, apesar de promover o seu
crescimento, sua essencialidade ainda não é reconhecida. Não há dúvidas que o íon
al., 2002).
causado pelo manganês é bem conhecido em adultos, pois compostos como dióxido
e no solo. Isso porque sais de níquel e o próprio níquel metálico são utilizados
largamente em todo o tipo de indústria. Seus efeitos tóxicos são muito conhecidos. Nos
seres humanos, o mais comum dos problemas é a dermatite de contato, causada pelo
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contato direto do metal com a pele, além de seu potencial carcinogênico. Pode-se
direta dos trabalhadores de indústrias que utilizam o níquel ou sais de níquel como
(SCHAUMLÖFFEL, 2012)
controverso entre os cientistas. Esta dúvida provém do fato de ainda não se conhecer
MENDEL, 2009).
como MoCO — formado pela coordenação do molibdênio com o grupo pterina. Este
(SCHWARZ, 2016).
corpo humano impacta na saúde dos ossos, na função cerebral e na resposta imune do
organismo. Até onde pude averiguar boro não atua como cofator enzimático, porém, ao
interagir com outros grupos, por exemplo, diésteres, pode atuar em membranas
Sabe-se que nas plantas o boro também exerce uma grande variedade de
maioria dos solos é formada por silicatos minerais — [𝑆𝑖𝑂$$& ], [𝑆𝑖) 𝑂/)& ], [𝑆𝑖% 𝑂01& ],
2)&
[𝑆𝑖1 𝑂23 ], entre outras formas de silicatos naturais existentes — ele não é considerado
fato que a essencialidade de um elemento, além de indicar a sua função, também está
relacionada à quantidade. Porém, se o solo não tem silício, ele é considerado um solo
“pobre”. Sabe-se que ocorrem muitas perdas de silício após muitas colheitas, além do
próprio intemperismo que carrega o silício para os rios e mares. Creio que podemos
fazer um paralelo com o carbono, para entender melhor o conceito. O carbono não é
colabora para a fertilização natural dos solos, pois ele diminui o estresse causado pela
Químicos, certo? Mas, não custa nada lembrar que as funções de cada um deles estão
Tabela Periódica.
Elementos Químicos na Tabela Periódica, compartilho com você uma animação que
Universo está lá. A capacidade de síntese de Mendeleev foi/é admirável. Portanto, Não
poderia encerrar esta aula sem mencionar que 2019 é o Ano Internacional da Tabela
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