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A SUPREMACIA DO ESPÍRITO SANTO NA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA 1

Ernani de Lucena Sousa2


Remir Pereira de Souza3
Vituriano Borges Fernandes4
Ernani de Lucena Sousa5

RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo analisar a interpretação de textos veterotestamentários
aplicados em um segundo sentido a fatos e eventos do novo testamento. Tendo em vista que as
escrituras foram inspiradas pelo Espírito Santo, buscaremos identificar a hermenêutica do Espírito
que em muitos aspectos divergem das principais regras hermenêuticas contemporânea sendo
reconhecido na teologia bíblica como sensus plenior o sentido mais pleno, onde o Espírito Santo tem
a supremacia na hermenêutica biblica. Neste contexto o objetivo deste artigo é evidenciar.a suprema
autoridade do Espírito Santo na interpretação da bíblia. Este artigo foi realizado com metodologia
descritiva e pesquisa bibliográfica. Para facilitar a compreensão o mesmo foi dividido em tópicos e
subtópicos. Ao final da pesquisa,, fica comprovada a primazia do Espírito na hermenêutica biblica. A
realidade da pesquisa trará informações de grande relevância para exegetas e pregadores bem como
a acadêmicos. A pesquisa possibilitará a identificação das bases e de pontos importantes e
controversos para facilitar a compreensão do assunto pesquisado.

Palavras–Chave: Hermenêutica, interpretação, supremacia

INTRODUÇÃO

A Bíblia Sagrada, além de ser a Palavra de Deus, é a mais sublime obra


literária já produzida. Por ser Palavra de Deus, é a suprema e inquestionável árbitra
em matéria de fé e prática para o cristianismo, é a exclusiva fonte de autoridade
espiritual. É soberana como única regra de fé e prática para a vida cristã. Sua
inspiração divina torna-a uma obra universal, sendo perfeitamente aplicáveis seus
1
Artigo apresentado a Faculdade de Teologia Hokemã, no curso de Integralização de Créditos de
Bacharel em Teologia, como requisito obrigatório para obtenção do grau Licenciatura em Teologia.
2
Bacharel em Teologia caráter livre pelo IBADI – Instituto Bíblico da Assembleia de Deus em
Imperatriz. (ernani.farmacia@hotmail.com)
3
Bacharel em Teologia caráter livre pelo IBADI – Instituto Bíblico da Assembleia de Deus em
Imperatriz
4
Professor Orientador: Bacharel em Teologia. Licenciado em Filosofia, pós-graduado em metodologia
do ensino superior, e gestão escolar. (Vitor.itz@hotmail.com)
5
Bacharel em Teologia caráter livre pelo IBADI – Instituto Bíblico da Assembleia de Deus em
Imperatriz. (ernani.farmacia@hotmail.com)
mandamentos, preceitos e estatutos a todas as nações do mundo. Porem não se
pode esquecer que ela foi produzida no contexto histórico e cultural judaico, vindo a
pessoas específicas e em lugares específicos totalmente diferentes do nosso tempo,
havendo um abismo enorme cultural, social, político, geográfico, linguístico religioso,
entre nosso tempo e os tempos da escrita bíblica, ou seja, estamos lidando com
uma realidade que se acha distanciada de nós no tempo e no espaço, impedindo-
nos uma visão clara do objetivo do escritor quando escreveu. Nessa perspectiva
surge a exegese buscando conhecer a intenção exata do escritor através de
averiguação minuciosa em todos esses contextos históricos e culturais e etc. Aquino
(2001) afirma que a exegese é a pesquisa empreendida por alguém, visando extrair
de um texto antigo o seu significado correto. No entanto qual aplicação para o dia de
hoje? A hermenêutica tem exatamente este papel fundamental de traduzir o que
está escrito para os nossos dias, através de princípios e regras necessárias para a
correta aplicação. Contudo, as escrituras enaltecem a ação do Espírito Santo na real
interpretação dos textos sagrados dando-lhe supremacia na interpretação da bíblia.
Silva (2008, apud WALTKE 1994, p. 28) afirma que o Espírito Santo exerce um
papel essencial não apenas na revelação da verdade, mas também em sua
interpretação, e mais especificamente na "correta exegese da Escritura Sagrada.”.
Os escritores da bíblia são homens, porém o autor é Deus, que por meio de
seu Espírito Santo, inspirou homens santos a escreverem as santas palavras de
Deus. Neste contexto, essa pesquisa possibilitará a percepção clara que o Espírito
Santo é a maior autoridade na interpretação da Bíblia, bem como na aplicação
hermenêutica dos textos bíblicos. Para tanto, de forma a facilitar a compreensão do
assunto, elaboramos alguns objetivos específicos: primeiro, descrevendo a pessoa
do Espírito Santo, as características que evidenciam sua personalidade, desta
forma, identificá-lo como autor das escrituras de forma que sem ele jamais se
chegará à interpretação plena da Bíblia; em seguida, a importância da exegese e
hermenêutica bíblica, para verdadeiro conhecimento da bíblia, e por fim, a
hermenêutica do Espírito em textos bíblicos selecionados, buscando arguir a visão
teológica contemporânea que declina o papel do Espírito Santo na exegese bíblica.
Convém destacar que o presente trabalho tem como relevância proporcionar
uma visão ampla sobre a importância fundamental do Espírito Santo na
interpretação das escrituras, acredita-se que a realidade desta pesquisa trará
informações de grande relevância para os pastores e membros das igrejas que
obtiverem a oportunidade de conhecer este trabalho desencadeará uma nova
percepção sobre a questão.
Entre os meios possíveis de investigação o trabalho foi realizado com
metodologia descritiva com embasamento bibliográfico, na qual, foram utilizados
diversos teóricos que abordam sobre o tema escolhido. Por fim, segue as
considerações com os devidos comentários e conclusões.

1 REVISÃO LITERATURA

1.1 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

A personalidade do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia de forma


abundante e inconfundível, dize-nos o texto sagrado que o Espírito Santo mandou a
Felipe se aproximar de um carro onde uma pessoa lia o profeta Isaías: E disse o
Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o
profeta Isaías (ATOS 8.29-30). “O Espírito Santo age e interage como uma pessoa
completa e perfeita: fala (At 13.2); direciona (At 15.28); revela (At 20.23); ensina (1
Co 2.13); testifica (Hb 10.15); há ainda muitas outras passagens provando que o
Espírito é uma pessoa” (ANDRADE, 2006, p.28)
De acordo com Silva a Bíblia apresenta elementos inquestionáveis que
provam a pessoalidade do Espírito Santo:

A Bíblia revela todos os elementos constitutivos da personalidade do


Espírito Santo, como intelecto, emoção e vontade. Outra prova da
pessoalidade do Espírito Santo é que Ele reage a certos atos praticados
pelos seres humanos. Pedro obedeceu ao Espírito Santo. Ananias mentiu
ao Espírito Santo: “para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte
do preço da herdade?” (At 5.3); Estevão disse que os judeus sempre
resistiram ao Espírito Santo: “vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At
7.51); os fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo: “a blasfêmia contra
o Espírito não será perdoada aos homens” (Mt 12.31); e os cristãos são
batizados também em seu nome: “batizando-as em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo” (Mt 28.19) (SILVA 2017, p. 71).

Jesus disse: mas quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em
toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e
vos anunciará o que há de vir. (João 16.13). “O termo grego aqui traduzido por
“outro” é ãllõn, e não heteron, significando que o Espírito Santo é outro ajudador,
separado e distinto de Cristo, embora da mesma “espécie” e não uma forma distinta
ou separada de ajudador.” (SILVA, STROBEL, COUTO, 2003). Outrossim, o texto
mostra a pessoa do Espírito recebendo instruções do Deus Pai porque ouve tudo
que o Pai fala, e após ouvir ainda fala, transmite tudo que ouviu, ou seja, o Pai a
primeira pessoa da Divindade manifestado, transmitindo toda sua vontade ao
Espírito Santo a terceira pessoa da Divindade manifestado, e Jesus a segunda
pessoa da Divindade manifestado, que nos trás esta revelação gloriosa quanto a
pessoa do Espírito Santo.
Outro dado importante para total visualização da pessoa do Espírito Santo,
que se torna de suma importância para esta pesquisa hermenêutica, é a intercessão
do Espírito Santo de acordo com Paulo:

Da mesma maneira, também o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza.


Porque não sabemos orar como convém, mas o próprio Espírito intercede
por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe
qual é a mente do Espírito, porque intercede pelos santos de acordo com a
vontade de Deus. (CARTA DE PAULO AOS ROMANOS 8.26-27).

1.1 O ESPÍRITO SANTO E A ESCRITURA

De acordo com Murdock (2007), “o Espírito Santo é o autor da Palavra de


Deus, isto está de acordo com as palavras de Pedro: pois jamais a profecia teve
origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo
Espírito Santo (2 Pedro 1.21)”.
O Espírito Santo inspirou todos os escritores da Bíblia, a escreverem a
Palavra de Deus. Comentando 2º Pedro 1.21 Fuhrman (2015) afirma que: a iniciativa
divina em produziras Escrituras foi realizada pela influência determinante e
constrangedora do Espírito Santo em agentes humanos seletos.
A escritura não foi produzida pela grandeza ou sabedoria humana, Paulo
afirma que pela sabedoria humana homem nenhum jamais conheceu ao Senhor (1ª
CARTA DE PAULO AOS CORÍNTIOS 1.21), ao invés disto, “eles falaram da parte
de Deus. O que tinham a dizer não era meramente vindo de suas limitadas
perspectivas. Eles não são a origem da verdade que falam; eles são o canal. A
verdade é a verdade de Deus. Seu significado é o significado de Deus”. (PIPER,
1984, p. 5). As evidências são muitas nas escrituras a cerca da autoria do Espírito
Santo das escrituras sagradas, para Henry (2010, p. 296) “A verdade e a realidade
do evangelho são também anunciadas pelos profetas e escritores do Antigo
Testamento, que falaram e escreveram sob a influência do Espírito de Deus, e
conforme a sua direção”. Corroborando a autoridade máxima do Espírito Santo na
autoria da Palavra de Deus, Horton afirma:

Também temos certeza de que podemos depender realmente da Palavra de


Deus, pois nenhuma profecia jamais foi entregue porque alguns homens
decidiram produzi-la por si mesmos. A Bíblia nunca registrou nenhuma
interpretação ou ideias pessoais de quem quer que seja como regra de fé e
conduta, mas homens santos de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.
Eles falaram por Deus. (HORTON, 1995, p. 89).

De acordo com os argumentos já expostos, acredita-se que está


suficientemente provado que o Espírito Santo é tanto o autor como o verdadeiro e
supremo interprete da escritura sagrada. De acordo com Robinson (1984), a
exegese é responsável por fazer um “estudo histórico, gramatical e literário de uma
passagem em seu contexto, no entanto a aplicação hermenêutica está totalmente na
dependência do Espírito Santo”.
Jesus afirmou categoricamente que o Espírito Santo ensina todas as coisas
Havendo identificado a pessoa do Espírito Santo, bem como sua autoria das
escrituras, depreendemos com convicção que ele é o supremo intérprete dos
escritos sagrados, até porque é evidente que não há ninguém mais habilitado que o
próprio autor para interpretar sua própria obra. A ousadia que levou os escritores da
bíblia realizar tal feito, de acordo com Horton (1996) “provinha do Espírito Santo”.
Couto (2008, p. 20) afirma que o Espírito Santo é tanto o inspirador como supervisor
das Escrituras. O apóstolo Paulo fala com toda clareza a cerca da supremacia do
Espírito Santo na interpretação da bíblia, sendo que, tudo nas escrituras que não
havia entendimento pelas regras humanas de interpretação foram plenamente
reveladas pelo Espírito Santo (1ª CARTA DE PAULO AOS CORÍNTIOS 2.9).
A ação do Espírito Santo é contemporânea de acordo com o ensino de Jesus
que afirma: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e
estará em vós. (JOÃO 14.16-17), em contraste com isto Jesus disse: eu estou
convosco todos os dias até a consumação dos séculos (MATEUS 28.20), ou seja,
ele o Espírito Santo está operando, e agindo na igreja ensinando o verdadeiro
significado das escrituras até hoje tanto por meio, como acima de todas as regras de
interpretação. Osborne (2009) enumera três perspectivas essenciais para o
adequado entendimento da tarefa interpretativa das escrituras, sendo a primeira, a
hermenêutica é uma ciência, segundo é uma arte, e a terceira a mais importante de
todas, a supremacia do Espírito na hermenêutica:

A terceira e mais importante perspectiva é a de que a hermenêutica, quando


utilizada para interpretação das Escrituras, é um ato de caráter espiritual
realizado na dependência da direção do Espírito Santo. Os acadêmicos de
hoje muitas vezes desprezam a dimensão sagrada e abordam a Bíblia só
como literatura, considerando o aspecto sagrado quase um gênero literário.
(OSBORNE, pg. 26, 2009).

A Bíblia não é apenas um livro como qualquer outro, no qual precisa-se


entender tempos de verbo, sujeito, predicativo, linguagem figurada, símbolos, ou
outra das centenas de regras em busca do entendimento pleno de um texto ou uma
frase, é com essa ótica que acadêmicos tem desprezado a ação do Espírito Santo
no estudo interpretativo das escrituras (OSBORNE, 2009), de forma a desprezar a
Palavra profética que de acordo com Bergstén (2001) “é inspirada pelo Espírito
Santo”. O sábio Salomão, afirma que sem a palavra profética a exposição da própria
escritura se torna tão vazia que o povo se corrompe, (PROVÉRBIOS DE SALOMÃO
29.18). A palavra profética é a ação do Espírito Santo na vida do interprete da
escritura, é o meio pelo qual acende a chama espiritual no coração do ser humano.
Escrevendo sua primeira carta a igreja de Corínto Paulo afirma que “a manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil (1ª CARTA DE PAULO AOS
CORÍNTIOS 12.7), e na lista de manifestações está o dom de profecia, que de
acordo tanto com Horton (2012), e Bergstén (2011) “refere-se a mensagens
espontâneas inspirada pelo Espírito, que não se pode equiparar à Palavra
divinamente inspirada a Bíblia, no entanto está de acordo com a Bíblia e exorta,
consola ou edifica” (grifo nosso). Segundo este raciocínio, encontra-se na bíblia
vários exemplos em que pelo Espírito Santo, os escritores mencionaram passagens
veterotestamentárias “e não estavam interessados em exatidões nem em
delicadezas verbais, mas sim diante de qualquer problema levavam o sentido geral
de toda a gama da Escritura” (BARCLAY, 1956).neste contexto Pedro escrevendo
sobre o amor fraternal, cita um cântico de Davi composto quando fingia estar louco
diante de Abimeleque, para fundamentar seu ensino (1ª CARTA DE PEDRO 3.8-12).

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. As verdades centrais da fé cristã. Rio de


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Zondervan/Academie Books. 1984.
Os costumes visto pela ótica cristã, são linhas recomendáveis de comportamentos.
Estão ligados ao bom testemunho do crente perante o mundo. No entanto, não se
pode negar que os costumes trata-se de um contexto temporal, isso quer dizer que,
quando os individíos decidem modificar isso é possivel, porém, os assembleianos
fazem uso dos costumes com a responsabilidade ética e social da igreja, consoante
ao estado à família, e à própria comunidade cristã. Assim sendo, pode-se concluir
que a relevancia dos costumes na igreja tornam-se um modelo padrão ético aos
membros e congregados.

De modo geral, a ética relaciona-se aos costumes ou práticas sociais de um


povo. Na igreja a ética consiste nos conceitos que determinam o certo e o
errado, de acordo com as Escrituras. A ética cristã tem por finalidade moldar
a vida do crente dentro dos principios que levam a um viver pleno de
virtudes, valores moraes e espirituais, segundo as Escrituras e a ação do
Espírito Santo em nosso viver (CABRAL, 2007, p.47).

O Senhor Jesus Cristo Chama a igreja de luz do mundo e sal da terra, isso
era uma linguagem figurada empregada por Ele dos fatos cotidianos de sua época,
quando ensinava as verdades espirituais e também morais aos seus ouvintes.
Stamps (1995), define que dois são os valores do sal: “o sabor, e o poder de
presevar da corrupção”. Portanto a figura do sal fala de preservação, gosto, sabor,
equilibrio e influência. A ética ilustrada pelo sal, fala da pureza do comportamento
cristão, que para Pedro deve ser santo em todas as formas de proceder em meio a
um mundo que está corrompido; “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede
vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis
santos, porque eu sou santo” (1 PEDRO 1.15-16).
É importante ressaltar que a Palavra de Deus nos manda ser santo em toda
nossa maneira de viver, não somente no interior, mas também no exterior.

1.2 A SANTIFICAÇÃO DO CORPO

Segundo Gondim (1998), Deus não quer o corpo, a carne para nada presta
que Deus quer é o espírito, o coração, não se importando com o que a pessoa usa
ou deixa de usar, se si pinta se tatua ou não, para isso Deus não olha que os usos e
costumes são uma barreira para o crescimento da igreja.
“Essas igrejas com o rigor de usos e costumes [...], não só atrasa o processo
de atualização cultural da denominação como é responsável pela estagnação
numérica da igreja, muitos saem por não suportar o jugo do legalismo” (GONDIM,
1998). Mas examinando a Palavra de Deus, vemos Paulo dizendo: E o próprio Deus
de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo
(1 TESSALONICENSSES 5.23). Deus não só quer a santificação do corpo como
exige essa santificação, “Sereis santos, porque eu sou santo” (1 PEDRO 1.16).
O povo de Deus se quiser realmente uma vida cristã autentica tem que
santificar o corpo a alma e o espírito. De acordo com Kaschel e Zimmer, (1999), a
santificação é a “qualidade do membro do povo de Deus que o leva a se separar dos
pagãos, a não seguir os maus costumes deste mundo, a pertencer somente a Deus
e a ser completamente fiel a ele” (1TESSALONICENSES 3.13).
O corpo precisa ser santificado, purificado, porque é o templo do Espírito
Santo, (1 CORÍNTIOS 6.13-19), e como definido nos conceito de santificação o
corpo do crente precisa ser conservado, separado dos padrões do mundo, não com
sensualidade e aparência do mal mas refletindo a glória de Deus, disto exaurimos a
necessidade dos bons costumes que vá de encontro aos maus costumes mundanos.
O Senhor Jesus Cristo mostra claramente que o corpo é tanto importante
quanto o interior do ser humano.

Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é


melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo
lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a
de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o
teu corpo para o inferno. (MATEUS 5.29-30).

O nosso corpo deve ser santo e agradável a Deus. Quando recebemos Jesus
Cristo mediante a fé, nosso corpo outrora dominado pelo pecado torna-se um
santuário ou morada do Espírito Santo, temos então a responsabilidade de
mantermos esse santuário bem arrumado limpo e santo.
Para Gaby o corpo não é propriedade do homem, mas de Deus.
Muitos acham que tem o direito de fazerem o que quiserem com o seu
corpo. Esses tais imaginam que isso é liberdade, porém na realidade não
passam de escravos de seus próprios desejos. Nosso corpo não nos
pertence, pois fomos comprados por bom preço (1ª Co 6:19-20). Seu corpo
é propriedade do Senhor por isso não viole os padrões de vida
estabelecidos por ele (GABY, 2008 p.60).

Desde o principio Deus demonstrou o cuidado com o corpo e a vestimenta


humana. Quando Adão e Eva não havia pecado, não sabiam que estavam nus por
isso não precisavam de vestimentas (GÊNESIS 2.25), porém após o pecado a
vergonha se lhes abateu e cozeram folhas de figueira e fizeram aventais (GÊNESIS
3.7), mas ainda não era o suficiente, agora que descobriram a atração sexual não
poderiam se vestir de qualquer forma, por isso Deus fez ele próprio uma roupa
apropriada e digna de filhos de Deus (GÊNESIS 3.21). Muitos estão zombando de
Deus e enchendo os templos vestidos de qualquer maneira na presença de Deus,
vestes como as de Adão e Eva, míseras folhas de figueira, e deixando as túnicas da
moderação fora de suas vidas, a túnica da santidade porque ainda não
transformaram verdadeiramente o interior. Há lideres que sobem nos altares
pregando de bermudas e brincos nas orelhas, mulheres mostrando a barriga as
coxas e os seios, depravando os santuários com a sensualidade que é pecado aos
olhos de Deus, e como não há lei, permanecem para sempre desta forma dizendo
haver transformado o seu interior sem, no entanto demonstrar no seu exterior.

1.3 O HOMEM CULTUA A DEUS COM O CORPO

A Bíblia fundamenta claramente que o corpo humano cultua a Deus, “Rogo-


vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como
um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”
(ROMANOS 12.1). Para Stern (2008), oferecer o corpo em sacrifício vivo é uma
metáfora acerca dos sacrifícios de animais realizados no templo em Jerusalém. Que
era exatamente um culto ritual que agradava a Deus.
Cultuar é adorar honrar, reverenciar. Devemos honrar a Deus com nosso
corpo e isso de forma racional. Ou seja, coerente com a Palavra da fé que
pregamos. Nós estamos no mundo, mas não somos do mundo, nem devemos amar
o mundo e o que nele há, ou jamais nos assemelhar a ele, como corpo de Cristo
temos que fazer a diferença, é evidente que a querela primeiro é no falar no agir do
interior humilde, todavia também em práticas culturais e bíblicas que nos possa
identificar, que mostra a sociedade nosso caráter cristão diante das coisas e modo
do mundo, a Palavra de Deus nos diz: Abstende-vos de toda a aparência do mal (1
TESSALONICENSSES 5.22), se a santidade não é vista pela compostura da veste,
ou jóias ou pinturas etc, porém o mal sim pode claramente ser identificado. A Bíblia
ensina repetidamente que enquanto o crente aqui viver, deve cuidar bem do seu
corpo, através da sua conservação, isento de imoralidade e iniquidade.

Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o
corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.
Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às
suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao
pecado como instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como
redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como
instrumentos de justiça. (ROMANOS 6.6, 12-13).

Não podemos deixar mais que o pecado controle o nosso corpo, para que
nenhuma parte dele seja instrumento para pecar, ou seja, deixar de cultuar a Deus
com o corpo, porém como ensina o texto a cima, entregar o corpo todo inteiramente
a Deus, para que lhe sirva de instrumento para seus bons propósitos.
Sobre isto Kepler afirma.

O pecado continua existindo na nossa parte que vai morrer o "velho


homem", aqui localizado no corpo. O conselho de Paulo é duplo: (1) não
deixar o pecado ser rei de nossos corpos, obedecendo cegamente a todas
as paixões humanas (v. 12); (2) não oferecer partes do corpo (membros)
para fazer o mal. Como fazê-lo? Paulo não está falando de severidade para
com as necessidades do corpo (comida, bebida, sono, descanso,
sexualidade); ele está falando de pecado, de atos de maldade. E o modo de
não deixar o pecado dominar nossos corpos é dedicá-los ao que é bom
(KEPLER, 2011 p. 323).

Quem entrega sua alma a vaidade está se tornando instrumento do pecado, e


corre o risco de levar à queda homens e mulheres que servem a Deus. Muitos estão
aderindo as constantes mudanças de destaques das modas mundanas cada vez
mais sensuais decotadas e curtas levando para dentro das igrejas, entendemos que
cabe aos lideres lutar para preservar o máximo o rebanho de Deus que está sob sua
responsabilidade.
Paulo nos exorta a separarmos nossos corpos exclusivamente ao Espírito
Santo, mortificando os seus próprios desejos:

Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei,
pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo
nenhum. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no
vosso corpo. (1 CORÍNTIOS 6:15, 19-20).

Os santos de Deus tantos os veterotestamentários como os do Novo


Testamento tinham essa compostura de diferenciação entre eles e os pagãos. O
próprio Israel tinha um modelo de cosmovisão diferente das demais nações em
muitos aspectos que hoje não são valorizados, o que Deus os ensinava como
mandamento hoje é visto apenas como traços culturais e com isso perde o peso do
mandamento Divino como se fosse instituído por algum homem qualquer.
1.4 TESTEMUNHANDO COM O CORPO E COM AS VESTES

A conduta do homem que nasceu de novo não é a mesma que era antes do
seu encontro pessoal com Cristo (BACICH, 2000). O vestuário não faz o cristão,
mas revela a sua identidade.
De acordo com Paulo, tudo que fizermos por meio do corpo será julgado no
dia do juízo de Deus; “porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou
mal” (1 CORÍNTIOS 5:10).
Pertinente ao assunto Frizzell assegura que, quem anda em vestuário
incompatível com a vida cristã, está na verdade mal diante de Deus.

Você se veste de forma a incitar pensamentos impuros no sexo oposto? [...]


De acordo com as Escrituras, ninguém que faz estas coisas pode realmente
estar bem diante de Deus. Nossa sociedade está muito depravada e muitos
crentes têm-se condicionado a aceitar imundícia como entretenimento
(FRIZZELL, 2000, p.69).

Há vários exemplos na Bíblia de pessoas que identificaram algum problema


ou virtude através de sua aparência. O profeta Elias um santo homem de Deus foi
identificado pelas vestes.
Os mensageiros voltaram para Acazias, que lhes perguntou: Que há que
voltastes? Responderam-lhe eles: Um homem subiu ao nosso encontro, e
nos disse: Ide, voltai para o rei que vos mandou, e dizei-lhe: Assim diz o
Senhor: Porventura não há Deus em Israel, para que mandes consultar a
Baal-Zebube, deus de Ecrom? Portanto, da cama a que subiste não
descerás, mas certamente morrerás. Pelo que ele lhes indagou: Qual era a
aparência, como estava vestido esse homem que veio a vosso encontro e
vos falou estas palavras? Responderam-lhe eles: Era um homem vestido de
pelos, e com os lombos cingidos dum cinto de couro. Então disse ele: É
Elias, o tisbita. (2 REIS 1.5-8).

Quando perguntados sobre as características do profeta que havia declarado


o juízo de Deus a Acazias decorrente da idolatria, e seus mensageiros o
caracterizaram, não houve dificuldade para identificar que era o profeta Elias. O rei
Acazias busca saber sobre as características do homem, para identificá-lo, a
primeira característica levantada foi as suas vestes, o que serviu rapidamente para o
rei tomar conhecimento de quem era o profeta Elias. Da mesma forma um cristão
membro da Assembleia de Deus em Imperatriz, pode ser claramente identificado
pela compostura de suas vestes em virtudes dos costumes da denominação, não
estamos dizendo com isso, que as demais denominações evangélicas no Brasil não
sejam cristãs, pois falo de identidade denominacional. O cristianismo no mundo é
conhecido porque seus membros creem em Jesus Cristo. As várias respectivas
igrejas evangélicas ou não, são conhecidas por seus símbolos, que se tornam
marcas de sua identidade; umas por uma Menorá, outras por uma cruz, outras por
uma Bíblia, ou um peixe, outras pela guarda do sábado, mas cada uma tem suas
características peculiares.

2. AS CARACTERÍSTICAS DOS USOS E COSTUMES

De acordo com o Art 11º do capitulo II do regimento interno da IEADI –


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Imperatriz. (2011):
Todos os membros da IEADI deverão subordinar-se ao seguinte
regulamento que se toma seu código de etica:
I. As mulheres não podem cortar os cabelos, nem os homens usar seus
cabelos compridos ou cortes que acompanham a moda mundana (1
CORÍNTIOS 11.14,15).
II. É inadmissível o uso de minissaias ou roupas indecentes, (roupas sem
manga ou com decote e recorte exagerado nas saias e vestidos) como também
as mulheres não podem usar calça comprida e shorts (1 TIMÓTEO 2.9-10)
(DEUTERONOMIO 22.5).
V. Não é permitido o uso de brincos, colares e outras joias que contrariam os
costumes da IEADI (1 PEDRO 3.3), (1 TIMÓTEO 2.9-10).
VI. Não é permitido o uso de maquiagem. (II REIS 9.30).

Não é costume dos crentes na Assembleia de Deus o uso de pinturas,


brincos, etc. Não somos retrógrados, desejamos [apenas nos conservar]
irrepreensíveis... Não danifique a Assembleia de Deus, ame-a ou deixe-a.
Pr. José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral da
AD. (FRESTON, 1996, apud COROBIM, 2008, p. 41).

3. ABORDANDO OS COSTUMES

Para o pastor Antonio Gilberto bons costumes e práticas devem ser fruto da
nossa santificação a Deus, e não meio de santificação (SILVA, 2001). Nesta ótica,
as características dos costumes tradicionais da assembleia de Deus, são
identificados, bem como fundamentação biblica e teologica, levando em
consideração opniões de vários autores renomados que se expressam em torno de
pontos cruciais que os envolvem.

3.1 Os homens não podem ter cabelos compridos e as mulheres cabelos


curtos.
Sobre a ótica de Paulo:

Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é
para ele uma desonra; mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela
uma glória? Pois a cabeleira lhe foi dada em lugar de véu. Mas, se alguém
quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as
igrejas de Deus (1 CORÍNTIOS 11.14-16).

O termo é claro “nós não temos tal costume e nem as igrejas de Deus”, não é
somente aos coríntios que Paulo se refere, mas aos outros discípulos de Jesus já
existentes. Paulo está em Éfeso e fala aos coríntios que eles que estão em Éfeso,
bem como outras igrejas que haviam ficado pra trás por onde já havia passado não
tinham os costumes de homens com cabelos longos e mulheres com cabelos curtos.
O texto poderia ser exclusivamente aos coríntios, somente se o texto não fosse
sagrado e Palavra de Deus. O texto não deveria ser questionado como o tem sido
nos dias de hoje, logo o próprio apóstolo Paulo adverte a que não se questione este
mandamento quando diz: “se alguém quer contender”, ou seja, só o fato de buscar
debater o texto, Paulo já diz que o tal não faz parte da igreja de Deus. Quando Paulo
fala “as igrejas de Deus” está no plural significando todas as igrejas daquela época
bem como as que nasceriam no futuro que são as igrejas de hoje e todas as
gerações enquanto Jesus não vier, pois este texto é bíblico e digno de toda
aceitação.
Para Geisler e Howe, a melhor maneira de se entender o texto é de aceitá-lo
como ele, é isso eles chamam de objetivamente.

Se entendida objetivamente, natureza significa “a ordem das leis naturais”.


Paulo fala do homossexualismo como sendo “contra a natureza” (Rm. 1:26),
e fala que os gentios têm conhecimento — do que é certo e do que é errado
— “pela natureza”, isto é, pela “lei escrita em seus corações” (Rm. 2:15).
Concluem que cabelo comprido no versículo ora em discussão está posto
para “provar a regra geral que se baseia na tendência natural de se
diferenciar os sexos com base no comprimento do cabelo” (GEISLER;
HOWE, 1999 p.357).

Nesses últimos dias de grande apostasia, e declínio moral e espiritual, e de


uma sociedade cada vez mais pervertida, a igreja tem de se mostrar sempre
vigilante e alicerçada na Bíblia sagrada para combater eficazmente as forças do mal
que se levanta contra a pureza do evangelho de Cristo, como neste texto de Paulo,
em que muitos o leem, mas não aceitam o que diz a Palavra, relativizando o texto
bíblico e pondo-o em pé de igualdade com a cultura.
3.2 As mulheres usarem roupas que são peculiares aos homens e vestimentas
indecentes e indecorosas, ou sem modéstias e joias

Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de


mulher, porque qualquer que faz isto é abominação ao Senhor teu Deus.
(DEUTERÔNOMIO 22:5).
Segundo Hoff a diferença entre a vestimenta feminina e a masculina, protege
o ser humano da perversão e da imoralidade.

Os israelitas deviam manter diferenças de vestimenta entre os


sexos (22:5). Dada a similitude do atavio masculino e feminino, era
necessário poder distinguir entre ambos. De início Deus criou o homem e a
mulher e cada um tem sua natureza e funções distintas. Esta lei protegia-os
da perversão e da imoralidade (HOFF, 1995, p.106)

Muitos discordam deste costume, por ter sua base na lei. Coleman (1991),
afirma que não havia muita diferença entre a roupa masculina e feminina, apesar de
serem muito pequenas elas existiam de fato. Analisando o novo testamento,
podemos chegar rapidamente à conclusão que o antigo testamento é intrínseco ao
novo testamento, ou seja, o antigo pacto está dentro do novo e vice versa. Quando o
apóstolo Pedro diz: “vós sois sacerdócio real, nação santa” (1 PEDRO 2.9), está
citando (ÊXODO 19.6) que é Deus falando a Israel. Outro exemplo, o escritor aos
Hebreus citando obras da Lei, afirma que permanece a guarda do sábado para o
povo de Deus a igreja, pois quem aceitou a fé em Cristo entrou no descanso de
Deus (HEBREUS 4.9).
Segundo Stern (2010), há 484 passagens do Antigo Testamento citadas 695
vezes no Novo Testamento. A maioria das passagens explicando um princípio para
a igreja, exatamente da mesma forma que a Igreja Assembleia de Deus toma esse
texto como princípio para vida cristã. Falando sobre isso, diversos teólogos autores
das notas de rodapé da Bíblia de estudo Plenitude afirmam: O princípio básico
apresentado aqui é de que homens e mulheres devem honrar a dignidade do seu
próprio sexo e não tentar adotar a aparência ou o papel do outro (HAYFORD,
MIDDLEBROOK E HORNER, 2001).
Portanto, com este princípio, de honrar a dignidade do seu próprio sexo e não
tentar adotar a aparência ou o papel do outro, na Assembleia de Deus é ensinado
que as mulheres andem em uma veste característica de mulher, isto, porém não
significa exclusão de quem nem sempre segue este ensino, pois muitas irmãs
membros (a) da igreja que trabalham em hospitais, consultórios entre outros
semelhantes em que há uso de instrumentos perfuro cortantes, continuam servindo
a Deus e exercendo seus ministérios seja ele qual for isso significa que os ministros
de Deus ensinam, mas não obrigam, pois não é por força nem por violência, mas
pelo Espírito Santo, como dizem as escrituras, “Esta é a Palavra do SENHOR a
Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o
SENHOR dos Exércitos” (ZACARIAS 4.6).
A visão assembleiana para que as mulheres não façam o uso de joias, mine
saias ou roupas indecentes e sensuais, é perfeitamente exaurido dos textos da carta
de Paulo a Timóteo.

Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso,


com modéstia e sobriedade, não com penteados complicados, ou com ouro,
ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem
profissão de servir a Deus) com boas obras (1 TIMÓTEO 2.9-10).

Matthew Henry afirma que:


As mulheres que professam a religião cristã devem ser modestas para
vestir, sem demonstrar um estilo inadequadamente elegante ou ostentoso
ou de elevado custo. As boas obras são o melhor adorno, porque segundo o
critério de Deus, são de elevado preço; a modéstia e a limpeza devem ser
mais levadas em conta que a elegância e a moda Enquanto à roupa. Seria
bom que as que professam uma piedade séria estejam totalmente livres de
vaidade para vestir-se. Devem gastar mais tempo em socorrer o pobre e o
angustiado que em enfeitar-se elas mesmas e a seus filhos. Fazer isso
numa forma inadequada para sua categoria na vida e sua profissão de
piedade é pecaminoso. Estas não são ninharias, senão mandados divinos.
Os melhores enfeites para os que professam a piedade são as boas obras
(HENRY, 2008, p. 254, 255).

Mais uma vez aplica-se o princípio de que toda a Palavra de Deus é apta para
o ensino, “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça (2 TIMÓTEO 3:16). Na Bíblia Católica
edição Pastoral o texto é na voz ativa e no imperativo, “nada de penteados
complicados ou de jóias de ouro ou de pérola nem de vestes luxuosas” (KONINGS,
2007). Reforçando o argumento, também Stern em sua tradução do Novo
Testamento não deixa brecha para outra opinião, “não com penteados elaborados e
jóias de ouro pérolas ou roupas caras [...] Mas com boas obras” (STERN, 2010). Isto
também se repete no tratado escrito pelo apóstolo Pedro quando fala que o seu
enfeite não seja o exterior, mas o interior.

O enfeite delas não seja exterior, no frisado de cabelos, no uso de joias de


ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no
incorruptível trajo de um espírito manso e quieto que é precioso diante de
Deus. (1 PEDRO 3.:4-5).

A Assembleia de Deus busca o mais alto padrão de formação de caráter


valorizados na sociedade hoje, é por isso que apesar da perseguição eclesiástica
denominacional a cerca dos usos e costumes da igreja, temos, porém, não a
aprovação doutrinária da sociedade corrompida, mas a apreciação quanto aos
nossos costumes e tradições baseados na autentica Palavra de Deus e de uma
interpretação coerente à Bíblia primeiramente, e a vários teólogos renomados. Como
Davidson que afirma serem universais os princípios estabelecidos por Deus através
do apostolo Paulo:

Este apelo à mente e propósito do Criador mostra claro que Paulo não
baseia o que diz simplesmente na posição atribuída à mulher na sociedade
dos seus dias. Antes apela a um princípio, cuja orientação é de aplicação
universal e permanente (DAVID, 1997 pp. 2224, 2225).

Portanto este ensino de Paulo segundo Davidson, não ficou restrito aos
coríntios, mas é um principio universal que deve ser seguido por todo o cristianismo
até o fim das eras. A referencia da passagem bíblica deve ser dirigida a Deus e não
exclusivamente a Paulo, pois ele foi somente o vaso de honra para escrever as
coisas santas que devem ser seguidas pelas igrejas.
Quanto a uma conclusão dos textos apreciados temos uma definição concisa
de Silva, que os define da seguinte forma:

O apostolo Paulo Mostra aqui que as mulheres cristãs devem ser diferentes
das mulheres mundanas. Ataviar-se com ordem, com uma roupa que
encubra o corpo, esse é o melhor traje para a mulher cristã,... As prostitutas
se ataviam com trajes sensuais e provocantes, visando despertar o estímulo
sexual. É lamentável que isso hoje tem afetado várias mulheres em várias
igreja e levado muitos cristãos ao declínio espiritual (SILVA, 2001 pp. 68,
69).

Portanto a mulher cristã deve adornar-se de maneira aceitável que não


consiste em enfeites exteriores, mas sim com as boas obras que evidenciam o
caráter do verdadeiro cristianismo, que leva a Palavra de Deus, dedica a sua vida a
consagração e orações, mas dá também testemunho de pureza e devoção a Deus e
sua Palavra, logo quem se submete a restrições como usos e costumes tem o
desejo no mínimo de ser uma nova pessoa, ou não aceitariam estas instruções.
As tradições da Assembleia de Deus não distanciam as pessoas de Deus e
de sua Palavra, não as torna herética e nem vão contra a Palavra de Deus. Haveria
um grande problema se esses costumes fossem de encontro às ordenações da
Palavra, porém não vão contra e nem a deturpam, apenas a seguem.

3.3 Uso exagerado de pintura e maquiagem

De acordo com Moisés, segundo o mandamento do SENHOR, “Pelos mortos


não fareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o
SENHOR. (LEVÍTICO 19.28)
O verdadeiro princípio de santidade é distinguir Israel dos egípcios e
cananeus, e este princípio é para o povo de Deus de todos os tempos
(MACKINTOSH, 2003). Este é um principio aplicado nesta visão de usos e
costumes, fazer distinção entre crente e descrente, entre os filhos de Deus e os
filhos de belial.
A lei que Deus deu a Moisés não foi por um acaso de normas sem
fundamentos, mas todas as normas impostas por Deus para o povo de Israel tinham
primeiramente um sentido espiritual e depois um meio de diferenciar o povo de Israel
das demais nações, para que pudessem ter seu modo de vida distinto das demais
nações. “E não andeis nos estatutos da gente que eu lanço fora de diante da vossa
face, porque fizeram todas estas coisas; portanto, fui enfadado deles” (LEVÍTICO
20.23). Neste caso, Deus está impedindo o povo de Israel a cometer práticas pagãs
que muitas nações em sua volta praticavam. Aliás, Levítico mostra de modo claro, a
santidade pessoal e a pureza moral que Jeová requeria daquele povo, que estava
sendo moldado por ele mesmo. “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o
SENHOR, vosso Deus” (LEVÍTICO 20.7).
A igreja de Deus não é diferente, tem que fazer a diferença. Deus sempre
quis ver a diferença do seu povo peculiar, desde os tempos de Abraão, na lei, no
Novo Testamento (1 CORÍNTIOS 5.11), e no juízo final usará esta lei como
referencial (MALAQUIAS 3.18).

Devemos esquadrinhar as Escrituras. Se provarmos todas as coisas,


devemos reter o que é bom. Devemos abster-nos de pecar, e de tudo o que
tenha aparência de pecado, que conduza ou se aproxime ao pecado. O que
não se refreia das aparências do pecado, o que não elimina as ocasiões de
pecar, e não evita as tentações nem a aproximação ao pecado, não se
manterá por muito tempo sem pecar (HENRY, 2008, p. 249).

3.4 JEZABEL E SEU MAL EXEMPLO

Depois Jeú veio a Jizreel; o que ouvindo Jezabel pintou-se em volta dos
olhos, e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janela. (2 REIS 9.30)
Esta mulher Jezabel não trás nenhum exemplo bom na bíbllia. Como se
depreende do texto bíblico, ela era filha de Etbaal rei dos Sidonios, e casada com o
mal rei Acabe de Israel. Buckland e Williams (2007), afirmam que Jezabel introduziu
em Samaria a forma siríaca do culto a Baal, a Astarote e a outras divindades
fenícias. Jezabel, portanto torna-se símbolo da prostituição de Israel, levando o povo
a adorar outros deuses, da vaidade e da sensualidade. Jezabel corrompeu muitos
profetas que lhes falavam aquilo que agradava entrar por seus ouvidos, ou seja,
massageavam o seu ego. “Jezabel foi símbolo da sedução” (BOYER, 2009).
As mulheres santas que tinham sua fé em Deus segundo o apóstolo Pedro se
ataviavam com simplicidade e modéstia e sem ouro pérolas ou vestuário oneroso.

“O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o
uso de joias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do
coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que é
precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam antigamente também
as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus
maridos” (1 PEDRO 3.3-5).

Jezabel por sua vez não fez parte deste seleto grupo de mulheres virtuosas
em Israel, antes levou tudo que não prestava para aquela nação, daí as próprias
mulheres israelitas não ver com bons olhos as pinturas e maquiagem como afirma
Coleman.

A rainha Jezabel, por exemplo, se pintava segundo o estilo das mulheres


fenícias; por causa dela essa prática talvez tenha sido um pouco rejeitada.
Os profetas Jeremias e Ezequiel falam de cosméticos de forma um tanto
depreciativa, e talvez fosse por isso que algumas mulheres judias não se
sentiam muito à vontade para usá-los (COLEMAN, 1991, pp. 69, 70).

Então os adornos e pinturas andavam com muitas mulheres de Israel, mas


não todas. Além do mais a Bíblia ensina examinar tudo e reter o que é bom (1
TESSALONICENSES 5.21), considerando isto, veremos que a vaidade sempre
rodeou um declínio no povo. Na época de Jacó, as jóias serviam como amuletos de
idolatria (GÊNESIS 35.4). Nos dias de Moisés também as argolas e pendentes e
pulseiras foram usadas para a fabricação de ídolos (ÊXODO 32.2). Stamps (1995),
atribuía ao declínio espiritual, moral e político de Israel, o apego desvairado por tudo
que a moda oferecia, e pelo apego à beleza exterior. Deus prometeu tornar tinhosa
(abominável) a cabeça das filhas de Sião por causa da vaidade que estava levando
a degradação moral da nação.
A vaidade sempre leva ao orgulho, ao egocentrismo, e sempre conduz à
sensualidade que é extremamente condenada na Bíblia Sagrada. “e
semelhantemente, também os homens deixando o uso natural da mulher, se
inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros” (ROMANOS 1.27). "A
sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento" (OSÉIAS 4.11).
Muitos estão fazendo apologia à máxima de que o que é bonito precisa ser
mostrado, ao passo que as escrituras pedem pudor e descrição. “Deus não nos
chamou para a impureza, mas para a santidade" (1 TESSALONICENSSES 4.7).
Portanto os líderes devem ter como exemplo essas situações de frieza
espiritual nas escrituras decorrentes da vaidade e sensualidade. Enquanto
organismo vivo a igreja deve combater todas as brechas que venham permitir a
entrada das artimanhas do Diábo.

4. DEUS É O MESMO NÃO MUDOU A BÍBLIA TAMBÉM NÃO. NÃO DEVEMOS


MUDAR
A Palavra de Deus é clara que Deus é imutável. Jamais muda em sua
natureza e aspectos. Será sempre bom, justo e verdadeiro. Podemos crê em suas
promessas, e sempre esperar nele, pois ele não muda, “Deus não é homem, para
que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito,
não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá”? (NÚMEROS 23.19).

Deus jamais muda seus propósitos, pois se o fizesse, certamente estaria


contradizendo o seu próprio caráter. Paulo faz um contraste entre a
natureza humana e a divina, quando escreve sobre a glória que se segue
após o sofrimento de Cristo: "Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode
negar-se a si mesmo" (2 Tm 2.13). A fidedignidade de Deus é absoluta por
causa daquilo que Ele é: fiel e verdadeiro (HORTON, 2011 p. 72).

Deus jamais mudará, passará séculos e séculos, mas nosso Deus jamais
mudará, portanto suas leis, mandamentos e estatutos jamais mudarão. Entenda que
diante das constantes mudanças dos tempos e tradições humanas, Deus e a sua
Palavra jamais mudará, ou terá que ser adaptada à cultura de um povo, os povos é
quem devem seguir o modelo de nosso generoso e compassivo Deus, pois "toda
boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem
não há mudança, nem sombra de variação" (TIAGO 1.17).

4.1 A BÍBLIA TAMBÉM NÃO MUDOU

Deus também não mudou a sua Palavra; “Então me disse o Senhor: Viste
bem; porque eu velo sobre a minha Palavra para a cumprir”. (JEREMIAS 1.12).
Tudo muda os tempos as pessoas, mas a Bíblia não muda. Para Silva, até a
ciência muda, mas a Bíblia não.

O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo


tempo o mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem não pôde
melhorá-la [...]. Muitos também reclamam por não ser estritamente científica
a linguagem da Bíblia. Ora, a Bíblia trata primeiramente da redenção da
humanidade. Além disso, termos científicos mudam ou ficam para trás, à
medida que a ciência avança. Sempre temos termos novos na Ciência
(SILVA, 2004, p. 26).
A Palavra de Deus continua em evidencia em nossos dias, com toda
autoridade do passado continua hoje, Jesus disse que passará o céu e a terra, mas
a Palavra de Deus não passará (MATEUS 24.35), e o salmista no Salmo 119:81 diz:
Para sempre, ó Senhor, a tua Palavra está firmada nos céus. A Palavra de Deus
permanece com toda autoridade eternamente, quanto mais nos dias de hoje! Em
Hebreus 13:8 diz: Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. Portanto
hoje a Palavra de Deus permanece como no passado digna de toda aceitação.
O grande problema da pequena força dos usos e costumes da Assembleia de
Deus é decorrente da relativização moral do mundo pós-moderno que não tem seus
conceitos baseados nos valores absolutos das Sagradas Escrituras. Para a
sociedade e reverendos relativistas, as verdades e valores da Bíblia são relativos e
parciais. Ou seja, a prática da moral e da ética depende da experiência de cada
pessoa. Teólogos liberais já tem a mesma visão mundana da Palavra de Deus
ensinando que não existem leis e verdades absolutas e universais.
Igrejas ou nação que não falar segundo a Palavra de Deus, vezando-a, jamais
agradará a Deus e muito menos herdarão o reino de Deus. (ISAÍAS 8.20)

4.3 NÃO DEVEMOS MUDAR

No decorrer de todos os séculos da história de Israel e da igreja, podemos ver


em seus registros anos de perseguições e sofrimento. Porém sempre o povo de
Deus clamou ao SENHOR e o SENHOR os livrou (2 SAMUEL 22.7). Em meio a
muitas adversidades fora construído esse patrimônio espiritual. A igreja não chegou
aqui de qualquer jeito, e seu lema ensinado pelo bom mestre Jesus é a
perseverança, e mais uma vez estamos diante desta divisa, à perseverança diante
das perseguições, como ensinou Jesus, “E sereis odiados de todos por causa do
meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo”. (MATEUS
10.22).
Quando Adão e Eva estavam no paraíso de Deus, sofreram um ataque,
porém de onde se esperava do inimigo. Quando os descendentes de Jacó se
multiplicaram no Egito, também sofreram uma grande perseguição contra a sua vida
e crescimento por Faraó o inimigo, bem como quando saíram para Canaã. Os
desafios de Josué e seus guerreiros para tomar posse da terra prometida foram
contra as nações pagãs. As grandes lutas de Israel para sua sobrevivência era
contras as nações tentando tomar a promessa de Deus.
No novo testamento Jesus foi perseguido pelo inimigo, mesmo sabendo não
ter forças para derrotar Jesus (MATEUS 4). Os apóstolos foram perseguidos por
aqueles que eram contra o evangelho. A igreja primitiva foi perseguida pelo inimigo
do evangelho. Porém infelizmente nestes últimos tempos da igreja a perseguição
vem do próprio meio evangélico que tentam combater os costumes e tradições da
Assembleia de Deus em Imperatriz, bem como em todo Brasil, ao invés de
intensivarem seus trabalhos de evangelização, oração e crescimento missionário.
Buscam a liberação dos costumes observados pela Assembleia de Deus, em
Imperatriz, que já vem acontecendo em muitos lugares. Silva, não concorda que
essa liberação deva acontecer.

Se tal liberação continuar e tornar-se total (como muitos estão atualmente


querendo – obreiros e leigos), vai acontecer o que já aconteceu na época
dos juízes em Israel, quando cada um fazia o que achava certo e o que
achava bom. O resultado disso foi anarquia espiritual, escravidão, sujeição
ao inimigo, confusão, desvio na fé, decadência moral, incredulidade e
derrota. Ver Jz 17.6; 21.25 (SILVA, 2001, p. 44).

Enquanto denominações que deveriam estar se ombreando conosco na


pregação do evangelho estão incomodadas com nossas tradições, pessoas estão
morrendo sem salvação. A liderança está lutando dobrado para vencer o espírito do
mundo e as perseguições eclesiásticas. Muitos permanecem firmes como em
Imperatriz, sabendo que grande é a relevância e importância dos bons usos e
costumes.

Se líderes e dirigentes deixarem hoje os costumes e práticas à vontade de


cada um, logo a seguir quando acontecerem os excessos, extravagância,
mundanismo, provocações, desafios, licenciosidade e anarquia espiritual e
ministerial e outros males sem conta que surgirão, será tarde demais para
os pastores reverterem a situação (SILVA, 2001, p. 44).

Lutar contra essa visão de vida cristã, tentando convencer nossos membros
a mudarem de comportamento é pecado e isto é bíblico. “Pecar contra seu irmão,
encorajando-o a fazer algo que ele pensa que está errado é um pecado contra
Cristo” (1 AOS CORÍNTIOS 8.12).

4.3.1 O EXEMPLO DOS RECABITAS

A Palavra de Deus nos fala dos Recabitas em Jeremias 35.6-19. Segundo


(BUCKLAND & WILLIAMS, 2007), os recabitas receberam este título 200 anos antes
de Jremias iniciar seu ministério profético. O fundador deste clã foi Jonadabe, filho
de Recabe que viveu em Israel nos dias do rei Acabe. Jonadabe participou com Jeú
do extermínio da casa de Acabe e dos sacerdotes de Baal, conforme (2 REIS 10.15-
27). É interessante frisar que eles eram de Israel, mas adotaram seus próprios
costumes, que consistiam em não morar em casas construídas, mas em tendas; não
beber vinho; não plantar vinhas para continuarem peregrinando na terra. “Os seus
princípios constituíam em reação e protesto contra o luxo e licenciosidade que
ameaçava destruir inteiramente a simplicidade de Israel por causa da perversão de
Acabe e Jezabel” (BUCKLAND & WILLIAMS, 2007).
Deus não proibiu o povo de Israel a beber vinho, ou plantar vinha ou morar
em casas construídas, mas para se diferenciarem e manterem os princípios antigos
e fidelidade a Deus, esquecidos por Israel naqueles dias, os recabitas resolveram
receber como lei para seu povo as instruções de Jonadabe, para servir de exemplo
aos demais de Israel como era a vida de simplicidade e fidelidade que agradavam a
Deus a qual tempo de Abraão Izaque e Jacó sem luxúria, ostentação e idolatria
predominante, com isso a história dos recabitas continuou, mesmo ante a iminente
invasão babilônica eles permaneceram retos à Palavra de Deus através de suas
tradições.
Chegou o tempo de Deus lançar Israel em Juizo. Porém antes, Deus lhes fez
uma promessa por causa da obediência daquele povo às diretrizes de seu líder, que
apesar de não haver sido um mandamento direto de Deus, o agradou bastante.
Quando todo Israel estava sem esperança, os recabitas tinham uma esperança por
que Deus disse: “nunca faltará varão a Jonadabe, filho de recabe, que assista
perante a minha face todos os dias”. (JEREMIAS 35.19)
Assim também a Assembleia de Deus tem suas próprias tradições e
costumes ante a sociedade e que repercute diante das demais denominações. Para
muitos estamos atrasados no tempo (GONDIM, 1998), mas nossa visão é que
estamos como os recabitas, nos desviando do mal de todas as formas, com nossos
próprios ideais baseando-nos na Palavra de Deus, assim como os Recabitas tinham
suas bases na história do seu povo segundo os registros sagrados, também nós
assembleianos temos nossas fundamentações e devemos nos manter desta forma,
porque assim temos certeza de estarmos longe de toda perversão moral, social e
teológica, e de que não seremos envergonhados na vinda de Cristo.
Os recabitas mantinham tradições que aos olhos dos demais de Israel não
era necessário por Deus não haver proibido, assim como a Igreja Evangélica
Assembleia de Deus hoje se mantém firme em seus ideais, mesmo diante de tantos
levantes, questionamentos e opiniões contrarias que dizem não haver necessidade
porque Deus não proibiu uma calça, uma joia uma pintura, um corte de cabelo, ou
um homem de cabelo comprido. Se Deus não proibiu, não temos certeza, se vai
receber quem assim vive, não temos certeza, mas podemos dizer sem medo de
errar que quem assim não procede por amor a ele, Jesus Cristo vai confessar seu
nome diante do Pai de Seus santos Anjos no céu.

CONCLUSÃO

É importante entender que nem toda tradição vai contra a Palavra de


Deus, de forma que fica desobrigado, nação, povo, tribo e língua a abandonar as
suas tradições.
Todo crente deve entender que somos chamados para ser um povo piedoso
que pensa, sente e age de acordo com os princípios bíblicos. Para que o Espírito
recrie em nós o caráter de nosso Senhor, nós só nos envolvemos naquelas coisas
que produzirão em nossa vida pureza, saúde, e alegria semelhantes às de Cristo.
Isto significa que nossas diversões e entretenimentos devem corresponder aos mais
altos padrões de gosto e beleza cristãos. Embora reconheçamos diferenças
culturais, nosso vestuário deve ser simples, modesto e de bom gosto, apropriado
àqueles cuja verdadeira beleza não consiste no adorno exterior, mas no ornamento
imperecível de um espírito manso e tranquilo. Significa também que, sendo o nosso
corpo o templo do Espírito Santo, devemos cuidar dele inteligentemente. Junto com
adequado exercício e repouso, devemos adotar alimentação mais saudável possível
e abster-nos dos alimentos impróprios identificados nas Escrituras como sangue e
carne de animal sufocado. Visto que as bebidas alcoólicas, o fumo e o uso
irresponsável de medicamentos e narcóticos são prejudiciais a nosso corpo, também
devemos abster-nos dessas coisas. Em vez disso, devemos empenhar-nos em tudo
que submeta nossos pensamentos e nosso corpo à disciplina de Cristo, o qual
deseja nossa integridade, alegria e bem-estar.
Os recabitas tinham seus próprios costumes estabelecidos por seu fundador
Jonadabe, que via a nação de Israel enfraquecida pela imoralidade cultual e luxúria
vividos por Acabe e Jezabel. Por causa disto, os recabitas não bebiam vinho, nem
edificavam casas, nem plantavam vinhas, pretendendo fortalecer a lembrança das
suas origens, quando os seus antepassados como Abraão, Izaque, Jacó, habitavam
em tendas e viviam sem luxúria sabendo que eram peregrinos na terra. Daí, muitas
vezes o SENHOR, repreendeu e julgou a Israel por sua rebeldia, mas na mesma
época os recabitas foram postos como exemplo. (JEREMIAS 35.19). Portanto
qualquer denominação pode ter suas tradições e costumes e ensiná-los, desde que
não vá contra os princípios doutrinários quanto à salvação estabelecidos pela
Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo também recomenda as igrejas a não se afastarem das
tradições conforme ele mesmo havia ensinado.
Lembremo-nos que Paulo nos transmitiu o que também recebeu do Senhor.
“Assim, pois, irmãos estejam firmes e conservai as tradições que vos foram
ensinadas, seja por Palavra, seja por epístola nossa” (2 TESSALINICENSSES 2.15).
Ora, eu vos louvo, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais os preceitos
assim como vo-los entreguei (1 CORÍNTIOS 11.2). Mandamos-vos, irmãos, em
nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que anda
desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes (2
TESSALONICENSSES 3.6).
Portanto este artigo nos mostra a importância dos costumes da Assembleia
de Deus para a sociedade, que são bons, louváveis e avançam diante da pós-
modernidade com toda força para prosseguir até a vinda de Cristo.
A igreja do Senhor Jesus deve ter costumes diferentes dos do mundo, pois a
igreja foi chamada por Deus para deixar moralmente o mundo e pertencer somente
a ele. Porem como seremos diferentes para Deus se permanecermos com as
mesmas práticas do mundo de onde saímos? A igreja deve influenciar e não ser
influenciada, porque ela é o sal da terra e a luz do mundo (MATEUS 5.13-14)
Ficou evidenciado nesta pesquisa a relevância dos usos e costumes da
Assembleia de Deus, que são capazes de trazer grandes transformações na
sociedade, pois eles se tornam um grande referencial da igreja evangélica não só
em Imperatriz, como em todo Brasil, e retratam a manifestação da própria natureza
divina. Portanto fica evidenciado que as igrejas evangélicas são o sustentáculo para
o mundo e que os costumes assembleiano um referencial no meio deste eixo.

ABSTRACT: This research aims to explore the ways and customs of the Assemblies
of God in Imperatriz, considering a lot of controversy when the same.
These customs are traditional church that becomes a hallmark of the institution. This,
come identify the real needs of the permanence of the uses and customs of the
Assembly of God in Empress. The reality of the research will provide information of
great relevance for pastors and members as well as other denominations. The
research will enable the identification of bases and important and controversial points
to facilitate understanding of the subject studied.

Keywords: Custom, Denomination, Understanding

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