You are on page 1of 15

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra

da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
coleciona e coordena para apresentá-los de modo lógico,
TEOLOGIA SISTEMÁTICA deve ser chamado ciência.
Tanto os fatos como as suas relações, com os quais a
INTRODUÇÃO teologia trata, tem existência independente de processo
A. SENTIDO E PROPÓSITO DA TEOLOGIA mental ou subjetivo de teólogo. Na Bíblia, encontram-se
os fatos – não uma teologia – com os quais podemos
1. Definição de Teologia. organizar e construir o nosso sistema de doutrina.
Deriva-se esse vocábulo (teologia) de duas b. Uma teologia discorre sobre objetivos e suas
palavras gregas: “Theos”, Deus, e “Logos”, discurso, razão, relações entre si. Assim sendo, o arranjo desses fatos não
palavra. Etimologicamente, pois, “Teologia” quer dizer – pode facultativo; é determinado pela natureza da matéria
uma dissertação racional acerca de Deus. em apreço. Uma teologia verdadeira repensa os
1. Definição de Strong: “Teologia é a ciência de Deus e das pensamentos divinos e os coloca na ordem divina, do
Relações entre Deus e o Universo” Pág.1 mesmo modo que os construtores do templo de Salomão
2. Definição de Alexander: “Theologia” é o arranjo científico e colocaram as pedras, já beneficiadas, no lugar que o
a apresentação da Verdade ensinada na Palavra de Deus. Arquiteto planejara para elas.
O Vocábulo “Teologia” tem dois usos; um restrito – a c. O processo seguido no desenvolvimento da
doutrina de Deus, Seu Ser e Seus trabalhos – outro, comum teologia sistemática é primeiramente exegético e depois
– a soma das doutrinas cristãs que mostram a relação que racional. A teologia é a primeira das ciências, porque é
existe entre Deus e o universo e o homem. necessária para todos os homens em todos os tempos.
Mesmo sentido mais lato, a teologia não deve ser Difere das demais ciências, porque se baseia na revelação
confundida cm a Ética nem com a Religião. A ética e a divina.
ciência da conduta. Compreendendo a moral teórica, que é
a ciência do bom ou de dever. E a moral prática ou aA. A NECESSIDADE DE UMA TEOLOGIA
adaptação dos meios que levam a consecução de bem 1. No instinto organizador da mente humana. A
perfeito. A ótica não inclui o evangelho nem a redenção, teologia é uma necessidade racional. Tal é a constituição
embora que esses não deixem de exercer grande influência da mente humana que ela pode excussar-se a
sobre ela. A ótica do cristianismo muito difere da do sistematização e reconciliação dos fatos que aceita como
paganismo.·. verdadeiros. Não tolera confusão ou contradição. A
A religião é um fenômeno universal. O homem, no inclinação para harmonizar e unificar aparece no
dizer do outro é “incuravelmente religioso”. A Etimologia da indivíduo, logo que a sua mente se torna reflexiva. Tão
palavra religião é incerta. Talvez seja do latim “religere”, que forte é essa lei que, se todos os sistemas teológicos
quer dizer “reler”, “reconsiderar”, “repartir”, observar fossem destruídos hoje, novos sistemas surgiriam
cuidadosamente tudo que pertence a veneração dos amanhã.
deuses”. Pode ser que prevenha de “religar”, “ligar de 2. Na importância que tem a verdade
novo”, como o homem a Deus, embora que seja essa menos sistematizada para o bom desenvolvimento do caráter
provável. cristão.
A palavra “religião” não se encontra na bíblia. A luz A teologia não deve ser desprezada, nem
da Escritura, trata-a das relações do homem para com Deus. enobrecida. Diz-se que o estudo da teologia amortece as
No N.T. ela é descrita pela expressão “temor de Deus”, afeições religiosas. É um erro, uma vez que a teologia
enquanto aparece em no N.T. com o nome de “Fé”. trata de verdades bem adaptadas para alimentar essas
Podemos defini-la como sendo “uma relação espiritual afeições. Os crentes mais fortes são aqueles que tem uma
consciente e voluntária para com Deus, a qual se expressa melhor compreensão das magnas doutrinas cristãs.
na vida toda, e particularmente em certos atos do culto”. – “A moralidade cristã é um fruto que só cresce
Berkoff. A sede da religião se acha no coração, que é o da árvore da doutrina, e o caráter cristão tem por alicerce
centro de toda a vida moral do homem e o órgão d’alma a verdade cristã”. -Farr. Cl 1:10; II Ped 3:18. Textos que
Deut. 30,6; Prov.4.23; Rom.10,13-14. A religião origina-se de representam a verdade como sendo alimento Jr 15:16;
Deus e Sua Revelação. Concluímos que a relação entre a Mat. 4:4; I Col.3:1,2; Heb.5:14? Jo.23:12.
teologia e a religião é a mesma que há entre uma causa e o 3. Na importância que tem para o crente uma
seu efeito conseqüente. A religião é o efeito produzido pelos vista completa e definida da verdade de Deus.
fatos da teologia na vida individual e coletiva. Isso é verdade, especialmente para o pregador
do Evangelho. Efe. 6:17; II Tim.2:2,25. “Mutilar ou mal
2. Objetivo da Teologia representar o ensino da Escritura e, não se pecar contra o
A coleção, o arranjo lógico, a comparação, a Revelador da mesma, mas pôr em perigo as almas
exposição e a defesa de todos os fatos de todas as fontes, humanas. A melhor salvaguarda contra tal mutilação ou
com respeito a Deus e Suas relações com o universo – eis o adulteração é o estudo diligente das diversas doutrinas da
objetivo da teologia. fé, nas suas relações uma para com as outras e,
a. A Teologia é uma ciência. Em toda ciência há especialmente, para com o tema central da teologia – a
dois fatores – fatos e idéias ou relações. O papel da teologia Pessoa e o trabalho de Cristo”.
como ciência não é criar os fatos mas descobri-los e mostrar 4. Na relação que há entre o conhecimento
a relação deles entre si. Os fatos que lida da teologia estão correto da doutrina é o poder seguro e agressivo da Igreja
na Bíblia, mas estão espalhados: Tijolos e traves espalhados de Cristo, I Tim 3:15; II Tim 1:13.
não perfazem uma casa. Assim os fatos da teologia como Uma compreensão defeituosa da verdade
estão na Escritura não são uma teologia. Esta, pois, que os resultara, mais cedo ou mais tarde, em defeitos de

1
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
organização e operação. O conhecimento completo da c) O fato de ela não oferecer fundamento
verdade cristã, não só protege a Igreja, de heresia e preciso da religião cristã. Mostra-nos a Bíblia que a
imoralidade, mas também lhe fornece forte estímulo para a natureza não fornece todo o conhecimento do que carece
disseminação do Evangelho e toda criatura. O credo é a o pecador para ser salvo. At.17:23; Efé.3:9.
espinha dorsal da Igreja.
5. Na necessidade de defesa e propagação do 2. A Escritura
Cristianismo. Esta é a fonte suprema do nosso conhecimento
6. No fato de haver, na escritura, exortações acerca de Deus. Como diz o Catecismo de Westminster:
diretas e indiretas a esse respeito. “Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas
As Escrituras urgem no sentido de um estudo necessárias para a Sua Glória para a salvação, fé e vida
diligente e compreensivo da verdade. Jo.5:39; I Co.1:27,28; do homem ou é expressamente declarado na Escritura ou
Efé. 4:11-12; I Tim.3:2; II Tim.2:15; Tito 1:9. pode ser lógica e claramente deduzido dela.” p.5. O
Centro dessa revelação é Jesus Cristo, e sua obra
B. A POSSIBILIDADE DE EXISTÊNCIA DA TEOLOGIA, ESTA: salvadora. Dirige-se ao homem pecador co-adaptada às
1) No fato da existência de Deus e das Suas suas necessidades morai e espirituais, com o fim de levá-
relações com o mundo. Gen.1:1 afirma que Deus criou o lo novamente a Deus.
mundo. Há outras fontes suplementares, que, se
2) No fato de a mente humana ser capaz de devidamente usadas, podem servir de base ao nosso
conhecer a Deus e compreender algumas dessas relações. O conhecimento de Deus. São elas em número de três.
homem foi feito a imagem e semelhança de Deus,
Gen.1:26,27. 1) Tradicionalismo
3) No fato de Deus ter providenciado meios Sustenta o Romanismo que a Igreja, e não a
pelos quais se torna conhecido ao intelecto humano, isto é, Escritura, é a final autoridade em matéria de seus chefes,
uma revelação. concílios, papas, bispos - que não pode desviar-se da
verdade o que, de quando em vez, recebe novas
A. AS FONTES DA TEOLOGIA. revelações de Deus para o mundo. O padre Rohden assim
Em última instância, o próprio Deus e a única fonte escreve: “Além da sagrada Escritura existe a tradição
de nosso conhecimento acerca do Seu Ser e das relações apostólica como fonte de revelação divina, fontes que
que Ele mantêm com o Universo. A teologia, pois, é o merecem a mesma fé e o mesmo respeito que aquela.”
sumário é a explanação de conteúdo da auto-revelação de (Panorama do Cristianismo, p.16).
Deus. A Igreja Católica afirma que, 1) Cristo e os
Esta revelação divina pode-se dividir em suas apóstolos ensinaram oralmente muita coisa que não foi
partes: 1) A revelação natural ou geral, proveniente das preservada na Bíblia. Estes ensinos foram guardados por
coisas criadas; 2) A revelação especial ou das Escrituras, esta uma igreja inspirada, e constituem regra de fé de tanta
é a especial. força quanto as Escrituras; 2) A Igreja é a única mestra e
Atualmente, temos as duas fontes, mas a da intérprete infalível da Bíblia. Havendo conflito entre a
natureza existiu antes da Escritura. A primeira não é escrita, Bíblia e os ensinos da Igreja, quem sofre é a Bíblia; 3) A
como o é a segunda. mensagem da Igreja está na esfera de fé e moralidade, e
não de ciência ou história. Nesta Esfera, as suas opiniões
1. A revelação natural não estão sujeitas a correção, crítica ou mudança.
Quanto à origem, toda a revelação é sobrenatural, (Refutada por A. Hedge, Teologia, pág. 70-81).
porque procede de Deus. Entretanto, há uma diferença no Reconhecemos que houve, de fato, uma
modo como Deus se revela. Por revelação natural apreensão progressiva, como também um
entendemos a que se comunica, pelos fenômenos da descobrimento, por parte da Igreja, da verdade contida
natureza, as leis e as forças do mundo material, e pela na natureza e na escritura, Negamos, entretanto, que isso
constituição humana. Abrange, ela, tanto os fatos físicos, dá direito a Igreja de tomar o lugar da autoridade final,
como os espirituais, no que diz respeito ao intelecto, a reservado tão somente para a Bíblia.
constituição moral, a providência e a história da raça.
O testemunho objetivo da existência e do caráter2) Racionalismo
de Deus está na constituição e no governo do Universo. Razão, no sentido lato, é a capacidade que a
Sal.19:1-6; At.14:17; Rom. 1:17-20; 2:15. mente possui de conhecer a Deus e a relação do homem
Limites da revelação natural para com Ele. A razão é necessária na recepção da
a) A alteração produzida pelo pecado, tanto nossa verdade revelada, para julgar a credibilidade e as
revelação como na receptividade dela pelo homem. Jo.1:15; evidências da mesma verdade. Neste sentido, é ela uma
Rom.1:18; Efé.4:18. fonte de teologia. Quando, porém, se lhe atribui
b) O fato de ela não transmitir um conhecimento autoridade absoluta, ilegítima, isto é, quando se submete
perfeitamente seguro acerca de Deus e das coisas a revelação em todos os seus aspectos a razão humana,
espirituais. É imperfeita. A história da ciência prova-o fazendo o último arbitro para avaliar, acreditar ou rejeitar
sobejamente. Um exemplo: Por séculos, foi admitida a a revelação, deixa a razão de ser fonte de teologia. Os
teoria geocêntrica, isto é, que fazia da terra o centro do extremistas sustentam que a natureza, em si, é uma
sistema planetário. Hoje, não mais se admite tal teoria, mas esfera e independe inteiramente da intervenção
sim que o sol, e não a terra, é o centro de tal sistema. sobrenatural.

2
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
3) 3) Um hábito intuitivo, em vez do puramente
4) lógico, no raciocínio. O estudante deve confiar nas suas
5) Misticismo conclusões intuitivas, como no seu raciocínio.
Místico é aquele que procura pela contemplação 4) Um ligeiro conhecimento das ciências e das
espiritual atingir o estado extático de união direta com a línguas originais da Bíblia;
divindade. 5) Uma mente disciplinada para colecionar
O Cristianismo é uma forma de misticismo, fatos, metê-los e determinar os princípios que os ligam.
compreende-se por isso a iluminação do Espírito na mente
de todos os homens, no sentido de capacitá-los aA. DIVISÕES DA TEOLOGIA
compreender a revelação que Deus lhes fez. Jo.16:13; I Costumam-se dividir a ciência teológica em
Cor.2:10. bíblica, histórica, sistemática e prática.
O misticismo falso, ou filosófico, sustenta que a1. Teologia Bíblica.
revelação divina não se limita a Bíblia, e que Deus concede, Este ramo procura determinar significado da
a almas devotas, verdades adicionais, mediante luz interior, Escritura e arranjar bem como classificar, os fatos
que, nas esferas, é absoluta. Esta doutrina difere do segundo os seus diversos livros e autores. A Bíblia fornece
Racionalismo, por que faz dos sentimentos, e não da razão, não só a fonte de conhecimento, mas também a forma
o órgão e critério das verdades religiosas. em que o conhecimento é apresentado.
O Ponto de Vista Ortodoxo é que: 2. Teologia histórica.
1) A Bíblia é a Palavra de Deus infalível, no Traça a história das doutrinas, desde os dias
original. apostólicos até o presente. Descreve as mudanças
2) A Bíblia é a única regra de fé e prática. internas e externas na vida da Igreja através dos anos.
3) A razão é o conhecimento humano devem Compreende dois departamentos: História Eclesiástica e
sujeitar-se inteiramente a Escritura. História da Doutrina.
4) Não há luz aos escritores do Novo Testamento, além da
que está na Bíblia. 3. Teologia Sistemática.
5) Além de aos escritores do Novo Testamento, nenhuma Esta se divide em dois ramos: Teologia
autoridade foi concedida a Igreja e aos demais homens, Dogmática e Teologia Sistemática propriamente dita.
relativa a formação da verdade. A revelação completou-se a) Teologia Dogmática – é o Estudo da
com o Novo Testamento. Teologia dos Credos e Confissões de Fé da Igreja, a luz da
Bíblia.
A. RESTRIÇÕES AO CONHECIMENTO TEOLÓGICO. b) Teologia Sistemática – Esta toma o
ENCONTRAM-SE: material fornecido pela Teologia Bíblica e Histórica, e com
ele procura contruir um sistema organizado coerente de
1. Nas Limitações da Mente Humana. Jo.11:7; todo o nosso conhecimento a respeito de Deus e Suas
Rom.11:33. relações com o universo, seja esse conhecimento
2. Na Pobreza da Língua Humana. derivado da natureza ou da Bíblia. Em geral, a
3. Na Deficiência da Ciência no Estado Atual. apresentação desse material segue um esboço lógico ou
4. Na Importância da Ciência no Estado Atual. filosófico.
5. Na Falta de discernimento espiritual, causada pelo1. Teologia Prática.
pecado. Este ramo se ocupa na aplicação prática d
teologia, na regeneração, santificação e edificação dos
A. O MÉTODO USADO NO ESTUDO DA TEOLOGIA. homens. Compreende o estudo de Homilética, Teologia
Há dois métodos do raciocínio: dedução e indução. Pastoral, Missões, etc.
“A dedução consiste em concluirmos uma proposição De todos os ramos acima mencionados,
particular ou menos geral de uma proposição geral”. Ex. nenhum nomeia estas notas. Chamaremos ao nosso
Todo homem é pecador. João é homem. Logo, João é estudo “Doutrina Cristã”. A Palavra “Doutrina” significa
pecador. Este método não é usado geralmente em Teologia. “ensino” ou “instrução” e é bíblica, Mat.7:28; Jo.7:17,
“A Indução é o raciocínio que vai do particular ao Rom.6:17; II Tim.4:2. A doutrina Cristã participa em certa
universal, de fato a lei. Da simples queda de uma massa. medida, do caráter da Teologia Bíblica e da Teologia
Newton induziu a lei da gravitação.” (Estevão Cruz, Sistemática, e não ignora o material que a teologia da
“Compêndio de Filosofia”, Págs. 144,5). Este é o processo natureza tem a oferecer.
seguido no estudo da Teologia. Ex: Na Doutrina da Trindade,
da divindade de Cristo, etc. A. ESBOÇO DESTE CURSO:
1. BIBLIOGRAFIA – A consideração dos fatos essenciais
REQUISITOS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA. acerca da Bíblia.
2. TEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA – A consideração dos
1) Um coração regenerado e uma santa afeição, fatos essenciais sobre a pessoa de Deus o Pai, o Filho e o
amor a Deus Sal.25:14; I Co.2:14. Espírito Santo.
2) A Iluminação do Espírito Santo. II Cor.2:10. 3. ANGELOLOGIA – Idem acerca dos anjos, inclusive Satanás.
Sem essas duas qualificações, todo o estudo de4. ANTROPOLOGIA – Idem acerca do homem.
Teologia é inútil, II Co. 4:3,4; I Co.1:21. 5. SOTERIOLOGIA – Idem acerca da Salvação, da obra de
Cristo e sua Pessoa.

3
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
6. PNEUMATOLOGIA – Idem acerca da Pessoa e obra do Essas são as melhores definições que os homens
Espírito Santo. fizeram. Entende-se que o termo. “Espírito”, como é
7. ECLESIOLOGIA – Idem acerca da Igreja. usado por estes teólogos, implica personalidade.
8. ESCATOLOGIA – A consideração do essencial concernente a
toda escritura que era profética quando foi escrita.
C. A Existência de Deus.

Tendo esclarecido o que significa o termo


“Deus”, passemos a considerar a questão da sua
II. TEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA. existência. Antes de tudo, devemo-nos lembrar que a
A. Introdução prova da existência de Deus não é a prova de uma
Teologia propriamente dita é a doutrina sobre a pessoa de demonstração matemática, mas de evidência cumulativa,
Deus. Trata do que se pode conhecer da existência e do tal como é aceita nos tribunais jurídicos. É uma prova que
caráter de Deus; seus atributos, seus títulos, e a sua leva a convicção por causa da sua evidência racional.
existência trina, excluindo-se tudo quanto se refere as suas 1. A origem da idéia de Deus: - É uma crença
obras. intuitiva. O homem, sendo racional, possue certas idéias
Não se pode enfatizar demais a importância de inatas, que não se lhe podem ensinar e que ele não pode
idéias corretas a respeito de Deus. Orr diz: “Não é forte aprender, que suas faculdades racionais reconhecem
demais dizer que em princípio toda questão de importância diretamente, e sem as quais sua racionalidade cessaria.
que surge em teologia já está praticamente resolvida na Há sete dessas idéias inerentes que são fundamentais: o
doutrina de Deus e seus atributos”. (Side Lights, p. 8) número, o espaço, o tempo, causa e efeito,
Esta parte da teologia se divide em duas partes: personalidade, bem e mal, e Deus.
Teismo e Trinitarianismo. A idéia de Deus é uma intuição da razão moral,
Teismo, trata da existência e atributos de um Deus uma percepção imediata, um fenômeno da própria
pessoa. Esta parte, por sua vez, divide-se: Teismo personalidade. É inata da raça humana. Ela precede e
Naturalístico, que se limita aos fenômenos da natureza e se condiciona toda observação e raciocínio. Por intuição,
sujeita a razão humana; o Teismo Bíblico que se serve das queremos dizer “conhecimento direto”, não adquirido
verdades de revelação especial. por observação e raciocínio, que é conhecimento
Trinitarianismo estuda as três pessoas em que indireto, muito embora possa ser desenvolvido por eles.
subsiste e divindade, com referência especificada as funções Portanto, a crença num Deus pessoal, como as demais
características delas e suas relações mútuas. mencionadas acima, e chamada verdade primária ou
Tomamos por admitido que Deus pode ser primordial, porque tem tal prioridade lógica que tem de
conhecido. Jo.17:3; Isa.11:9. A manifestação de Deus em a ser tomada como admitida, afim de se fazer possível
natureza; sua revelação na Escritura; e sua encarnação na qualquer observação ou reflexão.
pessoa de Cristo asseveram que Deus pode ser aprendido
pela mente. Apreensão distingue-se de compreensão.
Podemos saber que Deus existe, sem, contudo saber tudo D. Os seus caracteres distintivos
quanto Ele é. a) Sua universalidade. Todos os homens
Trataremos desta doutrina sob os seguintes manifestam uma crença prática em Deus, por sua
pontos: A Definição de Deus; a Existência de Deus; a linguagem, ações e aspirações. Esta crença não vem de
Natureza de Deus; a Trindade e o Decreto de Deus. fontes exteriores, como a tradição ou razão, nem da
Escritura. Vem de dentro do homem.
b) Sua necessidade. Por necessidade, queremos
B. A definição de Deus dizer, não que seja impossível negar estas verdades, mas
Alguns negam que se possa definir a Deus. E, se que a mente é constrangida, por sua própria constituição,
por definir entender-se limitar, de fato não podemos. a reconhecê-las. Por mais que o homem se esforce, não
Podemos, entretanto, indicar aquelas características que pode banir esta idéia da sua mente.
distinguem o seu Ser, e assim fazer uma definição ou dar c) Sua independência lógica e prioridade. Essas
uma descrição de Deus. idéias fundamentais não podem ser subdivididas, não
1) Definição Bíblica: podem ser provadas por outras. São tomadas como
“Deus é Espírito” – Jo.4:24; Luc.24:39. admitidas na aquisição de todo conhecimento. Portanto,
“Deus é luz” – I Jo.1:5. a sua fonte está no poder cognitivo original da mente.
“Deus é amor” – I Jo.4:8
“Deus é um fogo consumidor” – Heb. 12:29. 2. Evidências que corroboram a existência de
2)Definição teológica. Deus
“Deus é o Espírito Infinito e Perfeito em Quem A Escritura não faz qualquer tentativa para
Todas as coisas tem a sua origem subsistência e finalidade”. provar a existência de Deus. Admite-a Gen 1:1; Rom
Strong. 1:8,19. Mas o teísmo naturalístico tem elaborado seus
“Deus é Espírito, Eterno e Imutável, tanto em seu argumentos que corroboram a intuição
Ser, como em sua Sabedoria, Poder, Santidade, Justiça, concludentemente. Diz-se do Belo que pode ser
Bondade, Amor e Verdade” – Breve Catecismo. mostrado mas não provado. Assim é com a existência de
Deus. Os argumentos não são diretos, isto é,
demonstrativos, mas indiretos, isto é, prováveis. Nenhum

4
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
deles é decisivo, quando isolados, mas em conjunto somente sensação mas também auto-consciência. O
constituem uma série de evidências cumulativas que nos elemento volitivo caracteriza-se pelo senso de liberdade.
levam a crer na existência de Deus. Eles tomam como ponto Não podemos escolher entre alternativas. O elemento
de partida o mundo visível das nossas experiências, e emocional inclui as reações agradáveis e desagradáveis.
inferem daí a existência dum causador invisível. Eles Podemos amar e podemos odiar. O elemento moral
procedem do efeito para a causa, do instrumento reconhece o sentido ético da conduta. Podemos fazer o
complicadíssimo ao seu desenhador. bem ou o mal. Todos aceitam o homem é composto
4) O argumento cosmológico. (Cosmos – mundo, universo). assim.
Formando um silogismo, todo efeito tem uma A premissa menor: a natureza moral e
causa; intelectual do homem requer para seu autor um ser
Premissa menor – o Universo é efeito; intelectual e moral. A mente não pode evoluir da matéria,
Conclusão – O universo tem uma causa. nem o espírito da carne. Conseqüentemente, um ser que
A premissa menor, embora seja negada pelos tenha tanto a mente como espírito é que foi o Criador do
materialistas e panteístas, os quais sustentam que o mundo homem.
é eterno, é aceita geralmente. O universo é um efeito, A natureza moral do homem prova a existência
porque todas as coisas nele substanciam, ordem e vida – são de um Santo Legislador e Juiz. De outro modo, a
mutáveis. Não é possível que exista um ser que não consciência não pode ser explicada. Se não há Deus,
dependa de outro, um Ser que tenha em si mesmo a razão porque me sinto eu com obrigação?
da sua própria existência, um Ser que seja a causa não A natureza volitiva e emocional requer para seu
causada, auto-existente, independente e autônomo. A este autor um Ser que possa fornecer em Si mesmo um objeto
Ser é que chamamos Deus. satisfatório para a afeição humana e um fim que estimule
O valor deste argumento está em mostrar que as mais sublimes atividades do homem. só um Ser dotado
existe um Ser eterno, auto-existente, fora do universo e de poder, sabedoria, santidade e bondade, e todos esses
independente dele, sendo ao mesmo tempo em grau superior ao homem pode satisfazer as exigências
suficientemente grande para produzi-lo. O mundo não da alma humana. Ele tem de existir. Se não, toda a raiz de
começou a existir por si mesmo, como pregos, madeira e nossa natureza é uma mentira.
tijolos por si mesmos não formam uma casa. Até tempos recentes, esta premissa foi aceita
b. O argumento teleológico. (Telos – fim, desígnio, de modo geral.
ordem, adaptação útil). A teoria da evolução ensina que a natureza
Conclusão – O Universo tem um Causador moral surgiu de uma não moral, isto é, de instintos e
Inteligente. A premissa maior não precisa de muita prova. impulsos naturais, modificados pelo intelecto, e que a
Um desenho implica a existência de um desenhista. Cada vida procede de geração espontânea.
obra tem o seu autor. O relógio exige o relojoeiro. A O valor deste argumento – antropológico – está
natureza da ordem é tal que implica, por necessidade, a em nos assegurar quanto a existência de um Ser pessoal
existência de um agente inteligente. Este argumento é que nos domina em justiça e que é o objeto apropriado,
mencionado em Sal 94:9, 10; a atitude do olho para a visão devido da nossa afeição e de nosso serviço supremos.
prova um desenhador inteligente do olho. Essa adaptação d. O argumento ontológico. (Onto – particípio
dos meios para os fins não se limitam ao mundo material, presente do verbo “ser” no grego).
mas estende-se também ao mundo intelectual, v. 10 “O que A simples concepção universal da idéia de um
ensina o homem o conhecimento, não saberá?” Os sinais de Ser real e eterno pelo espírito do homem constitui uma
desenhos na constituição da alma humana inferem uma prova irresistível da Sua existência.
mente infinita que a criou. A vontade se adapta para a Premissa maior – Temos idéia de um Ser
volição, não percepção; a imaginação para visualização e absolutamente perfeito.
não raciocínio, etc. Premissa menor – A existência está implicada na
A premissa menor é também geralmente aceita. perfeição.
Ela é o princípio básico de toda ciência, a saber, que todas as Conclusão – Logo um Ser absolutamente
coisas tem sua utilidade e que a ordem penetra o Universo perfeito tem de existir.
todo. Este argumento não se limita ao mundo intelectual Todos os povos de todos os tempos e países da
também se estende, como seja, que é penar e se distingue terra, sejam cultos ou incultos, crêem na existência de um
de raciocínio; o argumento está em mostrar que o Causador Ser absolutamente perfeito. De onde veio tal idéia? Das
possui uma vontade e uma inteligência suficientes para criar coisas finitas, imperfeitas, como nós? Não, percepção
o Universo, e que o Causador possuindo essas qualidades é dessa implica existência necessária, e está implícita
uma pessoa. existência real de um Ser infinito e perfeito. Se esse ente
c. O argumento antropológico (Antropos – não existisse, então não seria tão perfeito como poderia
homem). o argumento da natureza moral e mental do ser. Ora, uma convicção universal e perene de tanta
homem. importância como esta não poderia deixar de ser a
Premissa maior – o homem possue uma natureza expressão da verdade, porque é a voz da própria natureza
que é intelectual, volitiva, emocional e moral. Em outras racional do homem. se essa convicção fosse ilusória, a
palavras, tem de ser uma pessoa. própria razão seria um guia para o erro e não para a
A premissa maior afirma que o verdadeiro “eu” é verdade.
material. O organismo físico é apenas o instrumento que e. O argumento da congruência.
exprime e manifesta a vida interior, que é invisível. O Este argumento sozinho não satisfaz, mas, em
elemento intelectual desta vida interior compreende não conjunto com outros, remata-os. As crenças são

5
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
verdadeiras quando todos os fatos relacionados se 1) Nossa consciência. Sabemos perfeitamente
harmonizam com elas. A crença em um Deus pessoal, auto- que somos mais do que simples matéria. Nossa natureza
existente, está em harmonia com todos os fatos e de nossa moral do testemunho contra o materialismo.
natureza moral e mental, bem como os fenômenos do 2) O axioma básico da ciência é que toda vida
mundo material. Portanto Ele existe. vem de um ser vivo. Não obstante as múltiplas tentativas
5) O argumento Cristológico. para provar a geração espontânea, nada foi provada.
Este argumento se baseia nas seguintes premissas. Todas falharam.
Temos de explicar ou justificar a existência da Bíblia, o 3) A existência do desenho inteligente e de
cumprimento das profecias, os milagres, o caráter propósito no muno contradiz o cego materialismo.
sobrenatural e a missão divina de Cristo, a influência do 4) Essa idéia destrói a moralidade, e toda ordem
Cristianismo no mundo, e o fato da conversão – a mudança social e civil.
moral e espiritual no homem. Estas coisas não podema. ser O panteísmo.
explicadas ou justificadas separadamente ou em conjunto Panteísmo significa que Deus é tudo e tudo é
sem se pressupor a existência de Deus. Deus. Em outras palavras, Deus é um. Nada existe fora de
Em conclusão: só há duas possibilidades para a Deus. Deus compreende tudo na sua existência.
Razão diante dos fatos do mundo que existe como é e como Concebe o universo como tendo uma
está, como opera e como se mostra. Ou o mundo foi feito substância com dois atributos: um de extensão, que
ou se fez. A ciência informa que o mundo não podia e não compreende as coisas materiais; outro, o de pensamento,
pode fazer a si mesmo, porque ele mesmo não possue que compreende as coisas imateriais. O mundo físico é
capacidade adequada pra tanto; é matéria, é perecível, um aspecto desta substância; o mundo mental, o outro.
mutável, finito. Logo, foi feito e quem o fez tem de ser uma No homem essa substância alcançou o seu maior
coisa adequada, absoluta, eterna, racional, pessoa, infinita, desenvolvimento. Tornou-se pessoal e consciente. Não há
perfeita, onipresente, santa, justa, boa, sábia em grau. Pois um Deus pessoa, nem uma mortalidade pessoal para o
essa causa é o Deus como que a Bíblia abre as suas páginas. homem. Spinosa defendeu o panteísmo (1650).
E é por fé, ou seja,por convicção racional invencível que
Deus mesmo por nós seres racionais, que sabemos que Objeções ao panteísmo:
Deus existe. 1. O panteísmo garante a existência de uma coisa eterna,
3. Teorias anti-teistas. mas não PROVA, nem diz o que é.
a. O Ateísmo. 2. O panteísmo ensina que o pessoal partiu do impessoal.
Ateísmo é a crença de que não há Deus. Já que3. Se deus impessoal. Então não pode haver comunhão
não se pode provar que Deus não existe, pode-se dizer que entre o homem e o seu Deus. A religião, por conseguinte,
o ateísmo se ocupa principalmente de negações antes que é uma irrealidade.
afirmamos. 4. O panteísmo reduz o universo a lei da necessidade, e
O ateu pode substituir um Deus pessoal por força, assim destrói o livre arbítrio.
as leis da natureza, etc, a refutação do ateísmo está contida5. Se todo é Deus, então todo o mal no mundo faz parte de
nas provas do teismo. Deus. Isso implica em anular a distinção entre o bem e o
b. Politeísmo. mal.
Politeísmo é a crença em muitos deuses. Parece6. O panteísmo nega a doutrina da criação, da vida futura,
que essa crença se originou do culto da natureza. Diz que etc.
cada um deus pessoal presidia sobre cada um dos7.
elementos naturais, tais como, o sol, a lua, os ventos, etc. o6) Teorias anti-cristãs.
politeísmo sempre resultou na degradação moral de seus a. Deismo.
adeptos. Muitos dos seus deuses possuíam todas as paixões O vocabulário deismo é de procedência latina e
más dos homens, e o adorador não se ela acima do adorado. que quer dizer Deus, como teismo vem do grego e
c. O materialismo. significa a mesma coisa. Como filosofia, ensina que Deus
O materialismo nega a realidade do espírito, é pessoal, infinito, santo, criador do universo, tendo nele
ignora a distinção entre a matéria e a mente, explica todos impresso as leis que o governam. Tendo feito isso, diz,
os fenômenos mentais e espirituais como sendo Deus se retirou dele e o abandonou, deixando-o manter-
propriedades e funções da matéria. Um diz “O cérebro se com as forças e leis residentes nele.
segrega pensamentos como o fígado segrega a bílis.” Não existe revelação, milagre, encarnação,
O materialismo se resume nos seguintes procedência, etc. Deus nada mais tem a ver com o
princípios: só existe a matéria com as suas forças químicas e mundo.
físicas. Fora da matéria, nada de real. Um Deus imaterial e Objeções: É absurdo pensar que Deus tenha
seres espirituais são simples idéias, as quais não criado o mundo com tanto cuidado para depois não
correspondem a realidade alguma, não passando, pois, de cuidar mais dele. As provas sobre a existência de uma
miragens, quimeras, utopias, por conseguinte, nesse sistema revelação, de milagres, de encarnação de Cristo, da
não há Deus, nem diabo, nem anjo, nem alma humana, nem moralidade, etc., refutam essa teoria.
céu, nem inferno, etc. A matéria é eterna, e evoluiu segundo b. O racionalismo
as suas leis imanentes, dando em resultado o mundo atual. O racionalismo surgiu nos meados do século
O homem é o animal aperfeiçoado. A fauna e a flora são oitavo. A filosofia de Cristão Wolff auxiliou este
produtos de átomos inorgânicos e inanimados - geração movimento, ao passo que ele mesmo não era
espontânea. racionalista. Mas os seus seguidores o eram. Afirmavam
Objeções ao materialismo: eles que se não deve aceitar como verdadeiro nada que

6
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
não possa ser demonstrado pela razão. A razão, em outros 2) Que se estende pelas expressões anti-
termos, é a fonte de conhecimento em si e é superior aos opomorfícas na Bíblia? A Bíblia representa Deus como
sentidos, e independentes deles. tendo mãos, pés, braços, olhos, ouvidos; Ele vê, ouve,
Os racionalistas moderados reconhecem que na anda, Isa. 66:1; 59:1; Jo. 10:29; 2 Cro. 16:9; Ex. 33:11,20;
Bíblia há revelações sobrenaturais, mas só aceitam aquelas Deut. 33:27; 2 Sam. 22:9,16. A atribuição dos membros
que a razão aprova. Os extremistas a maioria, negam toda e físicos a Deus não é uma afirmação de que Deus possua
qualquer revelação sobrenatural. esses membros ou que eles sejam partes de seu corpo.
c. O ceticismo Tal modo de falar deve ser entendido como sendo
Essa doutrina tem por base a suspensão do expressões humanas, usadas como o fim de trazer o
julgamento afirmativo ou negativo quanto à existência de infinito ao alcance da compreensão finita. Não há outra
Deis e outras coisas metafísicas. Conhecimentos maneira de o homem entender a Deus, senão por
verdadeiros, dizem, é impossível ou incerto. Os céticos expressões humanas figuras que todos conhecem.
suspendem o julgamento, vivem em dúvida sistemática. 3) Como se reconcilia Ex. 24:10; 33:18-23 e
Dedicam-se a crítica destrutiva. O ceticismo é o antônimo Num. 12:8 com Jo. 1:18, 5:37 e Ex. 33:20?
legítimo do dogmatismo. Resposta: Um espírito pode manifestar-se de
d. O agnosticismo forma visível, Jo. 1:32. O anjo de Jeová no V.T. é
Etmologicamente, “a” palavra quer dizer “não identificado com Jeová, Gn. 16:7,10,13; 22:12-17; 18:1-6,
conhecer”. O a é primitivo, e “gnóstico” significa 17, 20, 22. Confira-se Ex. 13:21 com 14:9. Ele sem dúvida,
“.conhecer”. E a doutrina afirma que nem a existência, nem é a segunda pessoa da Trindade. C.f. Is. 9:6 e Jz. 13:18.
a natureza de Deus, nem a última origem do universo são Nesta passagem, o anjo de Jeová é chamado, no original,
conhecidas e nem o podem ser. É o antônimo de ateísmo, pelo mesmo nome de “admirável” ou “maravilhoso”, que
que rejeita positivamente a existência de Deus. é usado com respeito a Cristo em Is. 9:6. Confira-se
D. A natureza de Deus também Is. 6:1-5 com JO. 12:41.
Na definição de Deus, bem como nas provas da Os israelitas no V.T. não visão portanto, a
sua existência, temos, em geral, indicações sobre a natureza essência de Deus. Viram, sim, uma aparição de Deus
de Deus. Passemos agora a fazer um estudo detalhado e numa forma reconhecida pelos sentidos. Ilustração:
sistemático deste assunto, lançando mão do material Alguém diz: “Vi meu rosto”, mas o que de fato viu foi
fornecido pelo teismo bíblico. reflexão do rosto através do espelho. Também a mesma
Todo este estudo a respeito da natureza de Deus é pessoa podia dizer ao mesmo tempo: “Jamais vi o meu
uma refutação do agnosticismo. Tratemos do assunto sob os rosto”. Assim, os homens viram uma manifestação de
seguintes pontos: Deus, mas O viram verdadeiramente na Sua essência, Ex.
1) A Espiritualidade de Deus. O que vamos 33:20,23. Outra ilustração: o sol. Não vemos o sol. Vemos
adiantar aqui refuta o materialismo. apenas o manto de glória que o cobre. Assim, viu-se não
a. O fato afirmado é explicado. Deus na Sua essência, mas a glória que o circunda, Deut.
“Deus é Espírito”, Jo. 4:24. A mulher samaritana 4:12. Confira-se Jo. 1:18b, 14:9b; Col. 1:15; Ap. 22:3,4.
perguntou: onde se encontra Deus? No monte de Sião ou no 2. A personalidade de Deus. O que vamos
de Gerizim? Deus não se limita a nenhum lugar. Cf. At. 7:48, adiantar neste ponto refuta o panteísmo. O fato de Deus
17:35; I Reis 8:27. “Deus”, respondeu Cristo, “tem de ser ser um Espírito envolve sua personalidade, pois um
adorado em espírito, distinto de lugar, forma de limitações espírito é um ser intelectual e racional; e, quando
outras de sentidos, e em verdade, distinto de concepções afirmamos que Deus é uma Pessoa, significamos que é
falsas que resultam de um conhecimento imperfeito”. Cf. vs. um ser racional, possuidor de intelecto, sensibilidade e
21,22. vontade, capaz de auto-determinação e auto-consciência.
Aqui vão outros textos que derramam luz sobre a Muitos negam a personalidade de Deus.
espiritualidade de Deus. Lc. 24:39, Col. 1:15, I Tim. 1:17. Os nomes gerais de Deus são nove. Dividem-se
Essas passagens afirmam que Deus não tem nada de em três grupos de 3 nomes cada um.
natureza material ou corporal. Isso é comprovado pela razão7) Os nomes primários de Deus no Velho Testamento.
dada para proibir a fabricação de imagens. Deut. 4:15-23,8) El, Eloah e Elohim.
Isa. 40:25, Ex. 20:4. Ninguém jamais viu a Deus. Portanto, El é o singular de Elohim. El aparece geralmente
ninguém deve fazer uma imagem de Quem nunca foi visto, em palavras compostas, como “Betel”, ou em
porque não saber representá-lo. Nada há na terra que se combinação como um atributo, como El Olam, Deus
assemelhe a Deus. Eterno, em Gen. 21:33. Esses dois nomes, em geral,
b. Certos problemas e questões que surgem da salientam o fato de que Deus é um ser exaltado,
asseveração de ser Deus um Espírito. poderoso, que se revela por atos de onipotência,
1) Então que significa que o homem foi feito a devendo, por isso, ser reverenciado e temido. Deus como
imagem de Deus? Col.3:10 e Ef. 4:24 declaram que a Criador e Governador é Elohim.
imagem consiste em “justiça, sabedoria e santidade de Elohim ocorre 2555 vezes. Destas, 2310
verdade”. Por estes versos está visto que a imagem de Deus referem-se ao Deus verdadeiro e 245 aos outros seres.
no homem consiste na semelhança moral e intelectual, Em português é traduzido por Deus. O vocábulo é plural,
antes que física, nos traços psíquicos e não na forma mas, quando se refere ao Deus verdadeiro, rege o verbo
corpórea. no singular. Explica-se esse plural como plural de
Alguns acham que a divisão tríplice do homem em majestade. Também denota que o Deus de Israel possui
corpo, alma e espírito, como está em I Tess. 5:23, constitui a toda a plenitude dos poderes que os povos pagãos
imagem de Deus no homem.

7
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
atribuíam aos seus diversos deuses. E, finalmente, sugere a aplica, no V.T., tanto a Deus como ao homem. Ele indica o
idéia de pluralidade em Deus, mas não politeísmo. fato de que a Deus pertencem todos os da família
Outros usos de Elohim: para imagens, Gen. 35:1-4; humana, e por isso é exigida de todos a obediência
31:19,30; Exo. 23:24; referente aos homens, Exo.4.16; aos incondicional a Ele. Com respeito aos homens, usa-se em
juízes, Sal 82.1:6; Exo 21:22; e aos anjos, Sal 8:5 – V.A. duas relações: a de senhor e a de marido. Gen. 24:9,10,12
9) Jeová. e Jo. 13:13 – “Senhor”; e 2Cor.11:2,3 – “Marido”. Os.
Mais elevado e mais sacro e o nome Jeová ou 2:16,20 – No N.T.
Jahveh, que é o nome pessoal do Deus de Israel. Não é um Dois princípios são inerentes a relação entre
nome genérico como Elohim. Na V.B. é traduzido por Jeová senhor e servo: a) O dever implícito de obediência do
e em Almeida, por Deus e Senhor, e, às vezes, por Jeová. servo, Mat. 23:10; Luc. 6:46; b) O direito de receber
Ocorre 5500 vezes. É o nome mais distintivo de orientação do senhor para o serviço, Is 6:8-11.
Deus. Neste nome Ele revela o aspecto mais íntimo do ser Note-se a precisão com que os autores bíblicos
divino, isto é, que Ele é um Deus de graça. empregaram estes títulos, Exo. 4:10-12; Jos 7:8-11.
A forma JEOVÁ é moderna; começou a ser usada11) Os nomes compostos com “El”.
no século 16. Representa as consoantes do nome sagrado, “El” aquele que é forte – aparece umas 200
com as vogais da palavra ADONAI – “Senhor” – e é vezes, e em cem dessas é composto com outros nomes,
pronunciado como Adonai. Jeová é o nome inefável de de pessoas ou de lugares, sendo menos usado com
Deus. Esta palavra no Hebraico (JHVH), baseada em Exo nomes de pessoas. Em nomes de lugares: Betel em Gen
3:14; deriva-se do imperfeito de uma forma antiga do verbo 28:17,19. significando “casa de Deus”. Peniel em Gen
Ser – “Eu sou o que sou”, ou, na terceira pessoa, “Ele é o 32:30, significando “face de Deus”; Jezreel em Jos. 19:18,
que é”. Na escritura, é relacionado especialmente com plantado por Deus; Com nomes de pessoas: Eliezer, em
Moisés e o Êxodo. Ex 3:13-15; 34:5-7. O nome denota Deus, Gen.15:2 – “Deus é o meu socorro”; Elimeleque em Rute
em primeiro lugar, como aquele que é absolutamente livre e 2:1; “Meu Deus é Rei”; Elias em I Reis 17:1, “Jeová é o
independente, agindo sempre conforme o Seu próprio meu Deus”; Daniel, “Deus é o meu Juiz”.
conselho. Aquele que é auto-existente e auto-consiente. “El Shadai” – Deus todo-poderoso, Gen.17:1;
Em segundo lugar, o nome salienta que Ele é fiel, 28:3; 35:11; 48:3,4. -Shadai tem diversos significados
cumpridor dos seus consertos, momento de redação. Exo aquele que é todo-poderoso, todo-suficiente, altamente
6:2-8, Gen 2:4 e cpt.15. É Aquele que pode fazer para o povo bondoso ou aquele que é inesgotável em sua bondade.
o que houver necessidade – no caso, libertou-o da Por outras palavras, é aquele que outorga poder e satisfaz
escravidão. o seu povo, que nutre, que alimenta. (Como a criança
Em terceiro lugar, o nome salienta imutabilidade, recebe nutrição e satisfação do seio de sua mãe, assim
Mal 3:6 – “Eu sou Jeová, e não mudo”. Deve ser lembrado recebemos de Deus orça e paz). Isa 49:15.
que Jesus atribuiu esse nome a sua pessoa, Jo 8:28, 56-59. “El Elion” – Deus Altíssimo, Gen.14:18,19;
Recapitule-se aqui o que foi dito a respeito do Anjo Deut.32:18. O sentido distintivo deste nome se acha em
de Jeová (do Senhor). Veja-se o tópico sobre a Natureza de Gen. 14:19: “Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus da
Deus). terra.” O Rei dos reis, o extremamente exaltado. Não há
Devido a ser identificado por si mesmo e por outra pessoa que possa ser comparada com o nosso
outros com Jeová, é receber adoração devida só a Deus (Exo Deus. Usa-se este nome em relação aos gentios,
3:1-5), afirmamos que esse título designa a pessoa de Cristo Dan.3:26; 4:17; Isa.14:14; Sal.9:2-5.
pré-encarnado, cujas teofanias (Exo 33:9-11) Gen 18:1,2; “El Olam” – Deus eterno, Gen.21:33.
18:13-17 eram prenúncios da Sua vida na carne. Prova-se Olam exprime duração eterna, Sal.90:2-6; e o
que o Jeová do V. Testamento é o mesmo Cristo do N. equivalente de “aion” em o Novo Testamento este nome
Testamento, comparando-se estes versículos: Isa 40:3, Zac é aplicado a Deus, em virtude do qual Ele é o Deus cuja
12:10; Mat 2:17; 3:1. sabedoria tem repartido tempo e eternidade em
Alguns comentadores afirmam que o significado dispensações ou séculos sucessivos. Não apenas salienta
mais fiel de Exo. 3:14 é “Sou aquele que vem”. Prova: Gen que Deus é eterno, mas também que Ee é Deus sobre
4:1 – “Gerei um homem, Jeová”, “Gen. 4:26”. Os homens coisas eternas, Efe.1:9,10; 3:3-6.
fiéis, sabendo que a libertação dos males da sociedade não12) Os nomes compostos com Jeová, Deus Jeová, Senhor
podia vir do homem, apelam para que Jeová venha e os Jeová e Jeová dos Exércitos.
auxilia. Foi nesta luz que Jeová se revelou em Exo. 3. (Veja- Deus Jeová no hebraico é “Jeová Elohim”,
se Mar 11:9). Gen.2:4 (V.V.) Este nome divino é usado primeiramente
Note-se também que não há base para o ensino de em conexão com a idéia de Deus relacionado com o
certos comentadores alemães, os quais afirmam que os homem como Criador, Gen.2:7-15, como Senhor,
judeus tinham, originalmente, dois deuses tribais- Elohim e Gen.2:16-17, como Soberano, Gen.2:18-24, e como
Jeová. Cada um desses deuses escreveu a história dos feitos; Redentor, Gen.3:8-15; e em segundo lugar na sua relação
e no Pentateuco temos estas histórias intercaladas. Moisés, com Israel, Gen. 24:7, Exo.3:15.
portanto, não escreveu estas partes. Esta escola divide o O segundo nome – Senhor Jeová (Adonai Jeová)
Pentateuco em quatro ou cinco partes. – Gen.15:2, enfatiza a idéia de que Deus é Senhor dos
10) Adonai. senhores, Gen.15:1,8; Deut.3:24; 9:26.
Este nome da divindade aparece muitas vezes no O terceiro – Jeová dos Exércitos (Jeová
V.T. A primeira está em Gen. 15:2,8, e exprime a idéia de Sabainoth) – I Sam.1:3,11, salienta que Deus é poderoso,
soberania, domínio e possessão. A idéia primária de “Adon” é guerreiro, e manifesta a Sua Glória, Sal.24:10. Este
é “Adonai” e Senhor Meu Senhor, respectivamente, e se tempo é empregado nos tempos de crise, nas horas de

8
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
necessidade e angústia do povo, Sal.46:7,11. O vocábulo16) Kurios. Esta é a palavra para Senhor. É um nome que
“exército” abrange primeiro os anjos, mas também inclui a aplica a Deus, mas também a Cristo.
idéia de que todo o poder divino celestial está disponível Toma o lugar de “Adonai” e “Jeová”, embora
para suprir as necessidades do povo de Deus. não tenha exatamente o mesmo significado deste último.
Jeová é também composto com sete nomes ou Designa Deus oco possuidor, governador de todas as
apelativos. Estes apelativos apresentam a Deus como o coisas, muito especialmente do seu povo. A idéia de
Provedor de todas as necessidades dos homens(Veja-se a Jeová se encontra reproduzida pelas expressões “Alfa” e
V.B.) O Salmo 23 traz todos esses nomes. “Omega” no Apo.1:8.
1. Jeová-Jiré – “O Senhor proverá”, Gen.22:13,14.17) Pater. Esta é a Palavra para Pai.
Ele suprirá todas as nossas necessidades e já proveu um Este título é quase peculiar ao N.T. no V.T. ele
sacrifício para nós. ocorre apenas algumas vezes, Deut. 32:6; Isa.63:16. Israel
2. Jeová-Refe – “O Senhor que te sara”, Exo.15:26. é o Filho de Deus, Exo.4:22; Deut.14:1; Isa.1:2.
Ele sara nossos corpos, bem como nossas almas. Os títulos da Primeira Pessoa, como já foi dito,
3. Jeová-Nissi – “O Senhor é minha bandeira”, são usados principalmente com as combinações em que
Exo.17:8-15. A vitória sobre a carne em nossas vidas vem vem a palavra “Pai” – Pai de Nosso Senhor, Pai de
inteiramente de Deus. Sal.60:12. Misericórdia, Pai Celestial, etc. Mas este termo não está
4. Jeová-Shalom – “O Senhor envia a paz”, usado sempre na mesma relação. Às vezes exprime uma
Juiz.6:24; Rom.5:1; Col.1:20. relação especial entre a primeira e a segunda pessoa da
5. Jeová-Ra-ah – “O Senhor é o meu Pastor”, Trindade, 2 Cor 11:3; Jo.1:18, 3:25, 6:57. Em outras, fala
Sal,23:1. Note-se Jo.10. Neste Salmo há todos os outros seis da relação entre Deus e os seus filhos espirituais.
títulos de Deus. 18) A origem da Paternidade de Deus.
6. Jeová-Tsidkenu – “O Senhor, Justiça nossa”, Ela não se originou com a relação de Deus com
Jer.23:6. Não temos justiça, mas Deus é nossa justiça. Cf. o mundo, seja com o homem em geral, seja com os
2Cor. 5:20,21; I Cor.1:30. crentes em particular. Deus era Pai antes da criação do
7. Jeová-Shamah – “O Senhor está ali”, Exo.48:25. mundo. Ele é Pai em Si mesmo, é o Pai Eterno. A
E Emanuel, Isa.7:14, Mat.1:23. Emanuel quer dizer – “Deus verdadeira origem da paternidade de Deus está na Sua
conosco”. O desejo supremo de Deus é habitar com o Seu relação com o Seu Filho Unigênito e eterno. E aí que se
povo. acha a fonte do amor paterno, que esse manifesta no
13) os epítetos de Deu no Velho Testamento. tempo.
Deus é mencionado metaforicamente no V.T.19) O alcance da Paternidade.
como Rei, I Sam.12:12; Jer.10:10; Legislador, Isa.33:22; Juiz, Neste ponto precisamos andar cautelosamente,
Gen.18:25; Jui.11:27; Heb.12:23; Rocha, Sal.144:2; Pastor, usando de muita descriminação. A Bíblia nada sabe da
Sal.23:1; Marido, Isa.54:5; Cultivador, Jo.15:1; e Pai, Mat. paternidade universal de Deus, nem da fraternidade
11:25, Jo.5:26. universal dos homens, como se crê geralmente. Segundo
14) Os nomes da Deidade no Novo Testamento. a criação primordial, Adão, foi criado para ser filho de
O nome completo da Divindade em o N.T. é Deus o Deus, feito a Sua imagem, designado para ter comunhão
Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. Os títulos da livre e amorosa com Deus, possuidor de espírito filial.
primeira pessoa são limitados principalmente as Mas o homem pecou. Deu as costas a este
combinações associadas com o vocábulo “Pai”. Ele é Deus e destino. Tomou outro espírito no seu coração. Passou a
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai Celestial, Pai de ter outra relação com Deus. Não a de filho para com o
Misericórdia, Aba Pai, Pai Santo,, Pai Justo, Pai das Luzes e Pai, mas a de réu para com o juiz, Rom.1:18. Com esta
Pai da Glória. relação, nascem todos os homens.
Há na Bíblia uns trezentos títulos ou designações Se o seu destino de filiação for realizado, não
que se referem a Segunda Pessoa.. Seu nome completo é o será mais na base de criação, mas unicamente na base de
Senhor Jesus Cristo. Sendo “Senhor” título de divindade, redenção. Obtemos este privilégio de filiação pela graça, I
“Jesus” título da humanidade e “Cristo” título de ofício como Jo.3:1, mediante regeneração, Jo.1:12,13, e adoção,
Profeta, Sacerdote e Rei, ou Messias do V.T. é evidente que Rom.8:14,19. Ser filho de Deus por esta maneira é
a seleção dos nomes e a ordem do seu agrupamento num infinitamente mais elevado do que a filiação original. Este
dado texto tem propósito divino e manifesta sabedoria privilégio é privativo dos crentes; o mundo não participa
divina em dado caso. dele. É uma relação não da natureza , mas de graça.
Quanto ao Espírito Santo, não há nomes revelados.20) As idéias enfatizadas nesta relação, isto é, de Pai para
Ele é conhecido por títulos descritivos, como sejam: o filho.
Espírito de Deus, o Espírito de Cristo Há umas duzentas a) Implica uma relação definida. Base- amor.
dessas designações. O Novo Testamento usa os equivalentes Exemplos: o professor tem relação com o aluno.
dos nomes hebraicos no Velho Testamento. Base – conhecimento; o empregador tem relação com o
15) Theos – Deus. empregado. base – negócio. O locador tem relação com o
Este vocábulo mais comum para Deus no N.T. locatário. Base – propriedade.
traduz “El” e “Elohim” muitas vezes se acha no genitivo de b) Implica semelhança entre Pai e filho. Ambos
possessão – nosso Deus, teu Deus, vosso Deus, porque, em participam da mesma natureza.
Cristo, Deus pode ser considerado como o Deus de todos e c) Implica devoção. O Pai ama ao filho; supre
de cada um dos seus filhos. A idéia de um Deus nacional no suas necessidades; protege-o; guia-o.
V.T. passou a ser de um Deus indivíduo no N.T. 3. A perfeição infinita de Deus.

9
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
Deus se distingue de todas as suas criaturas por Conhece tanto o possível como o real, existente, Isa.
sua perfeição infinita. Ele possue seu Ser e suas virtudes sem 48:18; o futuro como o presente, Dan. 2:8; Isa. 48:5-8;
qualquer limitação ou imperfeição. Ele é exaltado acima de 49:9,10; Pro.15:3; Sal.147:3,4; Mat.10:21; Pro.5:21; Sal.
todas as suas criaturas em inefável majestade. Ex. 15:11; I 139:2,3,4; Mat.10:29,30; Isa.48:18; Rom.11:33.
Rs. 8:27; Sl. 96:4-6; 97:7; etc. Alguns sábios modernos, como Este último aspecto da onisciência de Deus,
William James e H.G. Wella, negam a infinidade de Deus. como presciência, especialmente no que diz respeito as
4. Deus e suas perfeições são um. ações livres dos homens, apresenta-nos um problema
Simplicidade é uma das características dificílimo, insolúvel ao homem. como pode Deus
fundamentais de Deus. Isto quer dizer não somente que, conhecer com certeza as ações livres dos homens antes
como espírito, ele não é composto de partes diferentes, mas de eles nascerem, quando essas são determinadas
também que sua essência e seus atributos são um. O ser de unicamente por eles? Esta dificuldade tem levado muitos
Deus não é uma coisa que exista por si mesmo, ao qual os a negarem a presciência de Deus. Quando a ações livres.
atributos sejam acrescentados. A essência toda está em Mas a verdade, embora incompreensível, está no meio
cada um dos seus atributos. termo. Convém lembrar que a presciência de um ato
5. Os atributos de Deus. torna-o certo, mas não o obriga. Faraó foi livre e
Definição de atributos: Os atributos de Deus são as responsável pelo endurecimento do seu coração, embora
suas essências, inerentes características distintivas ou as que o endurecimento fosse pré-conhecidos por Deus. Em
suas qualidades e perfeições, que constituem a base das outras palavras, nossa liberdade de escolha obedece a
suas várias manifestações e suas criaturas. certas leis, e por isso sabe de antemão o que faremos.
A relação dos atributos com a essência divina: Os Todavia isto ainda não resolve todo o mistério desta
atributos são qualidades objetivamente distinguíveis da verdade.
essência divina é um do outro, isto é, os atributos se 2) A onipotência de Deus.
distinguem entre si (Ilustração – A rosa com a sua cor e seu A onipotência é aquela perfeita divina pela qual
cheiro). Os atributos inerem na sua substância divina; não Deus pode, pelo mero exercício de sua vontade, realizar
são existências separadas. Os atributos são predicados tudo quanto Ele resolve levar a efeito, Sal.115:3. A
atribuídos a essência e devem ser distinguidos de outros questão não é o que Deus pode fazer, mas o que Ele quer
poderes e relações que não pertencem a essência fazer. Deus não pode tudo; é limitado pelos seus
universalmente, a saber: a geração do Filho, a precedência atributos morais, Neem.13:19; I Sam.15:29; 2Tim.2:1;
do Espírito Santo, a criação, a preservação. Esses são Heb.6:18; Tia.1:13,17.
acidentais. Não são necessários a idéia de Deus, nem Há mais duas coisas que devem ser notadas:
inseparáveis dela. Deus podia ser sem nunca ter criado. A uma é que Deus não usa todo o seu poder. Ele poderia
essência é revelada só pelos atributos e por eles é conhecida fazer mais do que fez, se quisesse, ou fazer, se quiser.
e identificada. Sem eles não se pode conhecê-la. Tem poder sobre o seu próprio poder. Em segundo lugar,
A classificação dos atributos: Tão vasto é este a onipotência de Deus não exclui, mas toma como
assunto, que dificilmente se pode fazer uma classificação admitido a auto-limitação deste poder. Assim é que
dos atributos. Quase todas as teologias seguem uma temos o livre-arbítrio do homem.
classificação diferente, mas em geral elas representam uma
das seguintes classificações: As passagens que provam a onipotência de
Atributos absolutos e atributos relativos. Deus.
Absolutos são aqueles que afetam o ser íntimo de Deus, No mundo da natureza, Gen,1:1,3; Sal.107:25-
como sejam: Vida, personalidade, imutabilidade, infinidade. 29; Naum 1:5,6; nas experiências da humanidade
Comunicáveis são os que tem na criatura uma analogia. (Nabucodonozor), Dan. 4:17,25,32; Ele salva almas
Exemplos. Conhecimentos, bondade, amor, etc. (Paulo), At.9; tira a vida, Luc.12:16-21; etc; os seres
Outros nos dão como naturais e morais. Esta é a celestiais lhe não sujeitos, Dan.4:35; Heb.1:14; mesmo
classificação que vamos seguir nestas notas. Por atributos Satanás, Jo.1:12, 2v.6; Luc.22:31,2: Apo.20:2,10.
naturais entendemos aqueles que se relacionam com a A onipotência de Deus tem sua aplicação
natureza, isto é, a criação irracional. Por atributos morais prática. Para o crente é uma verdade consoladora, mas
entendemos os que se relacionam com a criação racional, os no descrente deve despertar temor e reverência,
seres morais. acontece com os espíritos imundos, Sal. 99:1; Isa.66:5;
21) Os atributos naturais. Tia.2:19; Mat.8:29.
a. A onisciência de Deus 3) A onipresença de Deus.
Definimos ao conhecimento de Deus como aquela A onipresença de Deus é aquela perfeição divina
perfeição pela qual Ele, de maneira singular, conhece a Si pela qual Deus, em todo o seu Ser, esta em todo lugar
mesmo e todas as coisas existentes e possíveis para nós. O igualmente. É uma indevida limitação de onipresença o
conhecimento de Deus é dessemelhante do nosso, mas concebe-la como presença universal apenas no espaço.
imediato e perfeito, correspondendo a verdade das coisas. Deus também está presente no mundo da mente. Há
As passagens que ensinam onisciência de Deus também uma proximidade e uma distância de Deus no
são. Jo.37:16; Sal.139:1-6; 147:5; I Jo.3:20. sentido moral. Vale afirmar que não somos panteístas,
Os objetos da onisciência de Deus: pois estes afirmam que Deus é tudo.
Deus conhece todo o universo criado – matéria e A onipresença de Deus não quer dizer que Deus
espírito – na sua vastidão inconcebível (há estrelas distantes está em todo o lugar no sentido corporal, nem mesmo
140 milhões de anos-luz da terra), complexidade, a minúcia que está num lugar no mesmo sentido em que está em
de suas partes, a sutileza dos pensamentos, a volição. outro. Dum ponto de vista, podemos dizer que Ele habita

10
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
no céu em um sentido ou divisão de Sua pessoa. Deus na
sua íntegra está em todos os lugares. 23) Os atributos morais.
As passagens bíblicas que provam a onipresençaa. A santidade de Deus.
de Deus são: Jer.23:23,24; Sal.139.7-12 (onisciência nos vs.1- A santidade de Deus é aquela perfeição pela
6; onipotência nos vs.13-19); At. 17:24-28; I Reis 8:27. qual Ele determina e mantém eternamente a sua própria
A melhor ilustração da onipresença de Deus é a excelência moral, aborrece o pecado exige pureza nas
alma no corpo. A aplicação prática desta verdade: para o suas criaturas morais, a santidade de Deus é intrínseca,
crente, está verdade conforta. Deus está mais perto de nós incriada e indestrutível; não é mantida pela força de
do que as nossas mãos e pés. Podemos falar-lhe que ele vontade.
ouve. Para o descrente, este fato traz advertência. O Se há uma diferença entre os atributos de Deus,
pecador não pode escapar dos olhos do Juiz. sua santidade e seu amor ocupam lugares de destaque,
22) A eternidade e a imutabilidade de Deus. Deus quer que os homens se lembrem dele por estes
A palavra eterno usada com duplo sentido. No atributos. No livro de Deus, por mais de trinta vezes, o
sentido absoluto, quer dizer sem começo mas não terá fim. profeta fala de Jeová como “O Santo” Este é o aspecto do
É assim aplicada aos anjos, a alma, etc. o tempo começou caráter de Deus salientado no Velho Testamento. Veja-se
com a Criação e em passado, presente e futuro. A Exo.3:5; 16:11; Isa.57:15; Sal.99:9; Heb.1:13.
eternidade não o tem. Eternidade é duração infinita, sem Duas idéias inerem nesta palavra: uma é que ela
começo nem fim. Deus transcende o tempo e possui toda a distingue Deus de tudo o que diz respeito a criatura, ao
sua vida de uma vez, com Ele só há um presente eterno; não finito, e sua exaltação sobre a mesma Isa. 57:15; outra, é
há passado nem futuro. Ele é superior a toda a sorte de sua separação terrível pode ser obliterada.
causas e efeitos; portanto, é eterno. Vejamos as deduções práticas da doutrina da
As passagens que provam estas afirmações santidade de Deus. Devemos aproximar de Deus com
seguem: Sal.90:2; 102:12; 24:27; Efe.3:21; Exo.3:14; Jo.8:58; reverência e temor, Heb.12:28; Ec.5:1-3.
Apo.1:8. Teremos idéias corretas acerca do pecado a
Quando atribuímos imutabilidade a Deus, medida que tivermos noções certas a respeito da
queremos dizer que a sua natureza imutável. Não é possível santidade de Deus, Isa.6; Jo.40:3,4; 42:4,5. A nossa
que Ele possua num tempo um atributo que não possua em aproximação do Deus santo tem de ser através dos
outro tempo. Não é suscetível de mudança, seja por méritos de Cristo, na sua justiça, a qual nós naturalmente
aumentar, seja por diminuir, seja por desenvolver-se. Ele não possuímos.
não mudará por causa de nenhum princípio existente nele,b. A justiça de Deus.
nem por causa alguma de fora dele. É o eterno “Eu Sou”: A justiça de Deus é aquela pela qual Ele se
Isso não quer dizer que Deus seja imóvel, rígido, a seguir um mantém contra todas as violações de santidade, e se
curso de ação sem desviar para a direita ou para a esquerda. mostra santo em todos os respeitos. Este atributo é a
A imutabilidade é compatível com a atividade constante e manifestação da sua santidade. A santidade diz respeito
com a liberdade perfeita, com milagres, com a encarnação, particularmente ao caráter de Deus em si mesmo,
com a regeneração. Deu sé imutável no seu íntimo atributo, enquanto a justiça trata daquele caráter expresso no
propósito, motivos de ação e promessas. tratamento de Deus com os homens. A Justiça de Deus o
Passagens: Mal.3:6; Tia.1:17; Sal.102:27. leva a fazer sempre o bem Ele é isento de paixão e de
Surge aqui um problema: Deus se arrepende? capricho; é vindicativo e não vingativo.
Há certas mudanças que, a primeira vista, parecem Passagem bíblicas sobre o assunto: Sal.116:5;
ensinar que Deus é sujeito à mudanças, Gen.6:6; Jon.3:10; I 145:17; Deut. 32:4; Sal.119:137; 96:13; Dan.9:14;
Sam.15:11,35, mas I Sam.15:29, como também Num.23:19. Rom.2:5,6.
dizem que Ele não se arrepende. Há contradição entre estes A justiça de retidão. Esta é a retitude que Deus
versículos? Não. manifesta como soberana tanto dos maus como dos bons
Cumpre notar que essas mudanças não se acham .em virtude dela, Ele institui seu governo moral do
em conexão com as promessas divinas ou com concertos mundo, prometendo recompensa para os obedientes e
dados por Deus, Rom.11:29. Estas mudanças se relacionam castigo para os desobedientes. Sal. 99:4; Isa.32:22;
com sua atitude para com uma raça pecadora; suas ações Rom.1:32, 2:2, 3:6; a manifestação interna remunerativa.
governativas. A atitude de arrependimento em Deus não Justiça remunerativa.
envolve uma mudança verdadeira no seu caráter nem em Esta se manifesta na distribuição de
seus propósitos. Deus sempre odeia o pecado e sempre ama recompensa tanto aos homens como anjos. Passagens:
o pecador e se apoiada dele. Quando Deus parece Deut.7:9,12,13; Sal.58:11; Miq.7:20. Rom.2 :7 ; 2
desgostoso, pesaroso com qualquer coisa, dizemos, em Tim.4 :8 ; perdoa o pecado do penitente, I Jo.1 :9 ;
linguagem antropomórfica, que ele se arrependeu. No caso cumpre as suas promessas, Nee.9 :7.
de Saul, Deus não mudou, I Sam.15:23; 10:6; 16:14; 18:10; A
atitude de Deus tem de se adaptar a toda mudança moral24) Justiça retributiva.
do homem. a santidade de Deu exige que Ele não trate do Esta se relaciona com a aflição de castigo, e a
justo como trata do injusto. Isso, porém, não implica expressão da ira divina. Passagens: Sal.11:4-7; Exo.9:23-
mudança no caráter de Deus. O tratamento de Deus com os 27; Rom.1:32; 2:9; 12:19.
homens muda quando eles mudam da impiedade para a 3) O amor de Deus.
piedade e da desobediência para a obediência, Jon.3:4,10, Por amor de Deus queremos dizer que Ele é
ou vice versa, como no caso de Saul. O sol não é inconstante movido eternamente no sentido de comunicar-se a si
ou parcial porque derrete a cera e endurece o barro. mesmo. É aquele atributo em virtude do qual Deus

11
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
sempre procura dar-se a si mesmo e os seus benefícios a A soberania de Deus, propriamente dito, não é
alguém, ao mesmo tempo em que quer possuí-lo em íntima um atributo. É antes uma prerrogativa oriunda das suas
comunhão. Jo.17:24. perfeições. Este, portanto, é o melhor lugar para tratar
“Deus é amor”, I Jo.4:8,16; Amor é a essência de dela.
Seu ser; é mais do que um sentimento de afeição. Deus não Definidos a soberania de Deus como o Seu
o mantém por um esforço próprio. Ele é a fonte inesgotável direito absoluto de governar todas as coisas, todas as
do amor. Para satisfazer o amor de Deus toda a criação foi suas criaturas, segundo o seu prazer. Passagens:
produzida. “A grandeza do amor revela-se naquilo que se ICro.29:11,12; Sal.24:7-19; 115:3; Isa.45:9; Eze.18:4;
oferece ao amado; a pureza do amor revela-se no desejo, Dan.4:35; Ef.1:11.
que é o do bem-estar; e do ardor do amor manifestar-se no A base da soberania de Deus acha-se na sua
esforço feito para possuir viver pelo amado”. (Langston, superioridade infinita e no fato de que Ele é o possuidor
p.83). absoluto de todas as coisas, como também em que todas
a) A graça de Deus as coisas dependem perpétua e absolutamente dEle.
Na linguagem da Escritura, graça e favor imerecido Portanto, a soberania de Deus é universal e absoluta, isto
para com aqueles que o perdera, e que, por natureza, estão é, não dividida com outros é imutável.
sob o juízo da condenação. É a fonte de todas as bênçãos Na sua soberania, Deus estabelece leis, tanto
espirituais outorgadas aos pecadores indignos. Efe.1:6,7; física como morais, pelas quais as suas criaturas são
2:7-9; Tito 2:11, 3:4-7; 2 Cor.8:9. regidas; determina a natureza e poderes das diversas
b) A misericórdia de Deus. ordens de seres criados; assina para cada indivíduo e
Por este atributo, a Bíblia salienta a bondade, a nação a sua posição. Tudo isso ele faz em harmonia com
compaixão de Deus em relação aos obedientes como aos o seu caráter de Deus sábio, perfeito em santidade,
desobedientes dentre os filhos dos homens. É o amor de sabedoria e amor.
Deus para com aqueles que estão em miséria,
independentemente dos seus méritos. É o atributo que levaA. A Trindade
Deus a procurar o bem-estar temporal e espiritual dos Do amor de Deus, que é o ponto culminante
pecadores. A misericórdia é administrada segundo os atingido no estudo sobre os atributos divino, faz-se
princípios de justiça de Deus e em vista dos méritos de facilmente a transição para o assunto misterioso da
Cristo. Passagens: Luc 1:54,70; 78; Rom 15.9; 9:16; trindade divina, pois, estando o amor na natureza eterna
Sal.103:8; 86:15; Isa.55:7. de Deus, não pode substituir em alguma forma de
c) A longanimidade de Deus. distinção pessoal no Ser divino. O amor implica a
Quando o amor de Deus é considerado no que diz existência de um objeto.
respeito a teimosidade do pecador, é designado como O estudo que ora principiamos, a Trindade, é
longanimidade. Contempla o pecador permanecendo em um dos temas inescrutáveis da Escritura Sagrada. Na sua
pecado, não obstante as repetidas advertências do sentido classe encontram-se os seguintes: a existência de Deus; a
de eles o abandonarem. Mostra a Deus adiando o castigo ou soberania de Deus e o livre arbítrio do homem; a
juízo merecido. Rom.2:4; 9:22: I Ped.3:20; 2Ped.3:15. soberania e santidade de Deus e a permissão do pecado.
Quanto ao alcance do amor de Deus. Compreende, Todas estas doutrinas são produtos de revelação especial,
justiça e amor em desarmonia. A justiça de Deus, ultrajada não são reveladas pela natureza e não podiam ser
por causa do pecado, exigia a máxima penalidade para o descobertas pela razão humana. Todas são ensinadas
pecador. Mas o amor implorou: “Poupa o pecador”. claramente na Bíblia. Tem, portanto, de ser cridas,
Prontifico-me a dar-me para salva-lo; quero possuí-lo em mesmo que não as possamos compreender
íntima comunhão. A cruz era a única solução do problema. perfeitamente. No dizer de outrem: “Como aquele que
Aí, a santidade se satisfez em tomar a vida do Deus-Homem, nega estes fundamentos da religião cristã pode perder a
e se aplacou. O amor satisfeito em providenciar um caminho alma do mesmo modo o qu se esforça demasiado para
justo, pelo qual todo aquele que nele cresse pudesse ser compreende-la pode perder o juízo”.
salvo. No capítulo do Calvário foi restaurada a harmonia A palavra “Trindade” não é termo bíblico. Foi
entre a pessoa de Deus. “A graça e a verdade se Teófilo, bispo de Antioquia da Síria, entre 168-183 A.D.,
encontraram; a justiça e a paz se beijara.” Sal. 85:10; I quem primeiro usou a palavra grega “trias”. A Forma
Ped.1:20; Apo.13:8. Isso sucedeu na eternidade passada, o latina, “trinitas”, foi usada primeiro por Tertuliano, acerca
foi realizado historicamente há uns dois mil anos em de 220 A.D.
Jerusalém. O Amor pagou o preço que a santidade exige que Definição: “Há três pessoas na Divindade: O Pai,
não caia de novo, esta penalidade, sobre aqueles que O Filho e o Espírito Santo; estas pessoas são um só Deus
participam dos resultados deste sacrifício pela fé em Cristo. verdadeiro, e eterno, da mesma substância e iguais em
Confira-se Sal.8:3 – “Quando vejo os teus céus, poder e glória, ainda que distintas pelas suas
obras dos teus dedos...” com. Isa.53:1 – “A quem propriedades,” Catecismo Maior, p.9.
manifestou o braço do Senhor?” (Também Sal. 44:3). Foi “Na divindade única coexistem três pessoas
fácil, para Deus, criar o mundo, porém foi necessário todo o consubstanciais, co-iguais e co-eternas. Esse mistério não
seu poder para remir uma alma pecaminosa. O maior se pode explicar num definir porque está além do alcance
problema do mundo se encontra em Rom.3:26 – “Para que do finito; nem o livro inspirado fez qualquer tentativa de
Deus seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. o explicar.” G.C. Morgan.
Na cruz o problema foi solvido. A cruz tem maior O presente estudo compreende as três pessoas
significação para Deus do que para os homens. da divindade, a partir das suas obras. Trata apenas da sua
c) A soberania de Deus existência tri-pessoal, a deidade de cada uma é a

12
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
eternidade das suas distinções. O filho e o Espírito Santo Não obstante ser a Trindade parcialmente
terão estudo mais amplo quando chegar a vez de encoberta no V.T., ninguém pode negar que ela seja
Soteriologia e Pneumatologia. indiretamente revelada nele.
A doutrina da trindade é obtida por indução dos Havia razão para não ser claramente revelada à
fatos da revelação cristã. Seu objetivo é coligir e expor o que Trindade no V.T. O Propósito deste era incutir na mente
estes fatos revelam com respeito a natureza de Deus. do povo a unidade da divindade e estabelecer o
Comecemos a fórmula batismal: monoteísmo no pensar dos israelitas. Veja-se Deut. 6:4,5.
25) A fórmula batismal trinitariana. Em segundo lugar, não havia necessidade de ser
Lemos em Mat.28:19 – “Batizando-os (os divulgada a natureza tri-pessoal de Deus, até que
discípulos) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” chegasse a consumação dos séculos, e com ele a
Deve ser lembrado que estas palavras foram profetizadas revelação do plano da Salvação. É interessante notar que
pelo Senhor Jesus Cristo. a concepção monoteísta prevalecerá outra vez no estado
a. Observe-se que não são três nomes (nome do final.. veja-se I Cor.15:28.
Pai, nome do filho e nome do Espírito Santo), mas num só a.Deus é uniplural. Vê-se isto no nome hebraico
nome tríplice. Dissemos acima que o nome de Deus exprime “Elohim”, que está no singular, mas é singular em
a sua natureza. Estando este no singular, saliento que há significação e ligar-se a verbos e adjetivos sempre no
uma só essência ou substância no Deus triuno-comum, singular, exemplo: “no princípio Criou (sing.) Deus (Plur.)
portanto, as três pessoas. os céus e a terra.” Gen.1.1. Em segundo lugar, vem o
b. Todas três são divinas. A divindade do Pai e do intercâmbio de pronomes singulares e plurais quanto a
Espírito Santo são aceitas sem argumento. Cristo também é Deus. Vejam-se Gen.1:26,27; 2:22; 11:7; 20:13; 35:7;
divino. De outra maneira, o seu nome não teria direito de Sal.110:1; Isa.6:8. Dizer-se essa pluralidade abrange os
figurar nesta fórmula e sua consistência seria quebrada. anjos, não explica. Estes não se associaram com Deus na
c. As três pessoas. Poucos negam a personalidade criação.
do Pai e do Filho. Ouve-se, porém, muito, que o Espírito não b. Há uma trindade de pessoas da Divindade
é uma pessoa, mas uma influência. Se o Espírito Santo não única. Que esta pluralidade é uma trindade, pode ser
fosse uma pessoa, não teria direito a um lugar na fórmula e observado pelo seguinte: Jeová é distinto de Jeová,
sua consistência seria quebrada. Vemos, portanto, uma Gen.19:24, Os.1:7; Gen.24:7,10; Sal.1:12,13; Jeová tem
distinção tríplice na unidade da deidade – cada membro um Filho, Sal.2:7; o Espírito distingue-se de Deus,
concebido como divino e pessoal. Gen.1:1,2; Isa.48:16; 63:7-10.
d. Três nomes – Pai, Filho e Espírito. Sobre isso, Outra razão aparece nos nove nomes de Deus,
Santo Agostinho disse: “Que são as três: a linguagem divididos em três grupos de três nomes cada um. Em
humana se envergonha, aqui, da sua grande pobreza. terceiro lugar, estão as referências feitas ao Anjo de Jeová
Respondemos ‘três pessoas’, não para explica-las, mas não – Gen.18:2; 18:17; 16:2,9,13; 48:15,16; Jos.5:13-15, com
ficamos calados.” Estávamos falando de três pessoas da e:2; etc. Ele é identificado com Cristo – Isa.40:3. Note-se
deidade, mas reconhecemos a imperfeição desta palavra. também Sal.53. Em quarto lugar, vêem as alusões ao
Quando aplicada a Deus, a palavra ”pessoa” tem uma Espírito de Jeová, Gen.1:2; Isa.40:13; I Sam.23:2,3;
acepção toda especial. Isa.48:15.
1) A substância de uma pessoa da Trindade é c. A personificação da Sabedoria divina – Prov.8,
idêntica a das outras pessoas, e não meramente é comparado com Jos.1:1-18 (o logos) e a sabedoria de I
semelhante, como sucede com as pessoas humanas. A Co.1:24. Esses não eram meros acidentes.
substância única não é dividida em três partes; todas as d. Há outras indicações na repetição dos nomes
substâncias estão em cada pessoa. Este é que é o mistério. divinos, que implicam em uma distinção de pessoas da
2) As pessoas da trindade não são indivíduos Deidade. Veja-se Num.1:24-27; Gen.48:15,16; Isa.6:3;
separados, independentes, como João, Paulo e Pedro. As Exo.3:15; Sal.33:6; Isa. 61:1. Isaías atribui a saudação de
pessoas da Deidade denotam uma distinção dentro da 6:3 a Deus; São João afirma que Isaías viu a glória de
natureza divina. Elas são inseparáveis, unidas eternamente. Cristo pré-encarnado, enquanto S. Paulo assevera em
Nenhuma das três é Deus sem as outras duas. Atos 28:25 que as palavras foram proferidas pelo Espírito
3) Uma das pessoas da Trindade não pode existir Santo.
sem as outras, como acontece com uma pessoa humana. 3. As provas diretas do Novo Testamento
Quando aplicamos o vocábulo “pessoa” a Deus, Essa doutrina aparece já feita em o Novo
queremos salientar seguinte: (1) Cada um – Pai, Filho e Testamento. Na história do pensamento humano nada
Espírito Santo – tem um môo distintivo de existência; Filho é mais maravilhoso há que a maneira silenciosa e
gerado e o Espírito procede do Pai e do Filho. Na palavra imperceptível como esta doutrina, para nós, tão difícil,
pessoa está também a idéia de inteligência e poder. (2) A tomou lugar, sem peleja nem controvérsia, entre as
distinção entre as três é pessoal no sentido em que demais doutrinas cristãs, especialmente quando se sabe
ocasiona, o uso dos pronomes pessoais, como “eu”, “tu” e que o teor do Velho Testamento era monoteísta.
“ele”; uma concorrência em conselho e um amor mútuo. (3)26) As provas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.
Atos de caráter pessoal são atribuídos aos três, tais como: O nascimento de Jesus Cristo, Luc. 1:35
ao Espírito Santo se pode resistir, extinguir e entristecer; ao O batismo de Cristo, Luc. 3:21,22; Mat. 3:16,17.
filho pertence a redenção, a intercessão, etc. A Comissão Apostólica, Mat. 28:19
A posição dos três atualmente. Jo.14:26;
2. As provas indiretas do Velho Testamento. At.2:33.

13
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
Vejam-se também as seguintes passagens: Jo. 1:1; A autoridade do ministro de Deus – Atribuída ao
10:30,38; 16:10,11,27,30 e 17:5, que salientam as relações Pai, 2 Cor.2:5,6; ao Filho, I Tim.1:12; e ao Espírito Santo,
entre Deus o Pai e Deus o Filho. O Espírito Santo também At.20:18.
participa as relações entre Deus e o Pai e Deus o Filho. O A resistência da Trindade no crente – do Pai,
Espírito Santo também participa das relações estritas entre Efe.4:6; do Filho, Col.1:18; e do Espírito Santo, I Co.6:11.
o Pai e o Filho, At.5:3-9; Jo.14:7,9,10; 15:26; 16:5. A santificação do crente – Atribuída ao Pai,
2) As provas oriundas dos escritos de Paulo. Jud.1; a Cristo, Heb.2:11; e ao Espírito Santo, I Co.6:11.
Note-se como o apóstolo Paulo introduz e conclui A segurança eterna do crente - Atribuída ao Pai,
as suas epístolas – Rom.1:1-7; I Cor.1:1-3 e Rom.16:20; 2 Jo.10:29; ao Filho, Jo.10:28 e Rom.8:34 e ao Espírito
Cor.13:13, etc. S. Paulo não perdeu de vista a unidade de Santo, Efe.4:30.
Deus, Rom.3:30; Gal.3:20 e I Co.8:4,6, mas também afirma De tudo o que ficou dito, claro e que, quanto ao
que o Filho, Rom.9:5; Tito.2:13 e o Espírito Santo, 2 Cor.3:18 modo de existência, na divindade única coexistem três
e 13:13 igualmente são Deus. pessoas consubstanciais, co-iguais e co-eternas, dignas do
Desde as primeiras cartas, I Tess.1:2-5, até as mesmo amor e da mesma adoração entre as pessoas da
últimas, I Cor.112:4-6; Efe.2:18, 3:2-5; Tito 3:4-6; 2 trindade.
Tim.1:13,14, Ele afirma com clareza que o único Deus é o 6. As distinções entre as três pessoas acham-se
Deus trino. nas suas relações, uma para com a outra e nos seus
O Velho Testamento foi escrito do ponto de vista ofícios e trabalhos na economia divina.
monoteísta, enquanto o N.T. o foi do ponto de vista a. As relações entre as pessoas da Trindade.
trinitarismo. A maravilha está em que os dois Testamentos 1) A geração do Filho.
se unam e se completem e não se contradigam. A propriedade pessoal do Filho é que Ele é
4. A prova dos atributos, os quais são atribuídos, eternamente gerado pelo Pai. Esta é a sua característica
como ao Pai, ao Filho e ao Espírito igualmente, pondo, incomunicável. Por meio desta geração, o Pai não chama
portanto, os três num mesmo pé de igualdade. a existência a natureza essencial do Filho, mas se torna a
Eternidade – O Pai, Sal.90:2; o Filho, Apoc.22:13; causa da Sua subsistência pessoal. A palavra gerar,
Jo.1:2 e o Espírito Santo, Heb.9:14. quando aplicada a divindade, não exprimem um modo de
Onipotência – O Pai, I Ped.1:5; O Filho, 2 vir e ser, mas um modo de existir.
Cor.12:19; Apoc.1:8; e o Espírito Santo, Rom.15:19. Prova-se que esta geração é eterna pelas
Onisciência – O Pai, Jer.17:10; o Filho, Apoc.1:23; e passagens que falam sobre Cristo como sendo Unigênito
o Espírito Santo I Cor.2:11. do Pai. Vejam-se Jo.1:1,2,14,18; 3:18; Col.1:15,16; Fil.2:6;
Onipresença – O Pai, Jer.23:24; o Filho, Mat.18:20; Jo.17:5; 24; Cristo não se tornou Filho de Deus pela
e o Espírito Santo, Sal.139:7. encarnação. Sal.2:7; Heb.1:4-6, nem por sua ressurreição.
Santidade – O Pai, Apoc.15:4; o Filho, At.3:4; e o At.12:32,33; Rom.1:4. Por estes atos Ele apenas
Espírito Santo já é chamado Santo. manifestou uma filiação já preexistente. Esta geração não
O mesmo se poderia dizer que qualquer aspecto implica inferioridade por parte do Filho.
de caráter de Deus. Aquilo que é verdade quanto a uma O Credo de Atanásio diz: “O Filho é somente do
pessoa da Trindade é o igualmente para as outras duas. Aí Pai, no qual por necessidade da sua natureza, e não por
está, pois, uma prova concludente de que a Deidade é uma querer, gerar a pessoa (e não a essência) do Filho,
Trindade de Pessoas infinitas, ainda que um só Deus. comunicando-lhe a inteira substância indivisível da
5. A Trindade e as obras de Deus. Divindade, sem divisão ou mudança, de modo que o Filho
As obras cardiais de Deus são também atribuídas é a imagem expressa da Pessoa do Pai no Filho”. Heb.1:2;
as duas Pessoas da Trindade. A idéia que a Bíblia dá não é a Jo.8:58; 10:38; 14:11; 17:21,24.
de que as pessoas fazem justamente as mesmas obras, mas 2) A precedência do Espírito
de que uma mesma obra é referida, numa passagem, a uma A propriedade pessoal do Espírito é que Ele
Pessoa, enquanto em outra passagem o é a outra, como se procede eternamente do Pai, e do Filho. Por este ato, o
aquele ato não pudesse ser feito, se aquela Pessoa não o Pai e o Filho não chamam o Espírito a existência, mas se
tivesse feito. Isto prova a distinção ou pluralidade de Pessoa tornam a causa de Sua subsistência pessoal, comunicado
na divindade, e, ao mesmo tempo, que elas formam uma ao Espírito a essência divina, sem alheiação, divisão ou
unidade misteriosa, incompreensível a nós. mudança.
A Criação – Atribuída ao Pai, Sal.102:25; a Cristo, É reconhecido que os termos “geração” e
Col.1:16; Jo.1:9; e ao Espírito Santo, Gen.1:2; Jo.26:13; e em “procedência” são inadequados para exprimir toda a
resumo, Gen.1:1. verdade que eles representam. Servem apenas para
A Criação do homem – Atribuída ao Pai, Gen.2:7; a distinguir o modo de existência das duas pessoas, o da
Cristo, Col.1:16; e ao Espírito Santo, Jo.33:4; e em Ecl.12:1 e criação.
Isa.54:5, o nome do Criador está no plural. Aqui vão as provas de que a procedência é
A morte de Cristo – Atribuída ao Pai, Rom.8:32; eterna.
Jo.3:16; Sal.22:15; ao Filho, Jo.10:18; e ao Espírito, Heb.9:14. a) O tempo presente do verbo em Jo.15:26 e do
A ressurreição de Cristo – Atribuída ao Pai, At.2:24; Sal. 104:30. O Espírito é de Deus e de Cristo, I Co.2:11,12;
a Cristo, Jo.18; e ao Espírito Santo, I Ped. 3:18. Col.4:6; Rom.8:9; Jo.15:26, 16:7.
A inspiração da Escritura – Atribuída ao Pai, 2 b) Os mais antigos credos – Niceno é de
Tim.3:16; A Cristo, e ao Espírito Santo, I Ped.3:18. Westminster – dizem: “O Pai não é de ninguém; nem
gerado nem procedido; o Filho é gerado eternamente do
Pai; o Espírito procede eternamente do Pai e do Filho”.

14
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja corretamente a Palavra da verdade. II Tm. 2:15

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO VALDOMIRO LUIZ DE SOUZA
c) As influências deduzidas na narrativa bíblica. Os BIBLIOGRAFIA
atributos e as obras que lhe são referidas. Esboço de Doutrinas Cristãs – Curso Teológico do
b. Os trabalhos das três pessoas. Seminário Cristão Congregacional do Norte – Recife/PE –
A ordem da existência das pessoas na trindade Miquéias completo.
reflete-se na ordem das suas obras. Deus o Pai e a origem ou Teologia Sistemática de Langston
fonte da Deidade; dEle provém todas as coisas. Ao Filho
pertence o princípio da revelação, quer na criação, quer na
redenção. Tudo é feito por Ele. Por esta razão Ele é
chamado o Verbo de Deus. Ao Espírito Santo pertence o
trabalho de levar a sua consumação a obra de Deus, quer na ANOTAÇÕES
criação, quer na redenção. Podemos dizer que Cristo é o
centro das obras que manifestam Deus em busca do _______________________________________________
homem, enquanto o Espírito Santo é o centro das obras que
_______________________________________________
fazem o homem regressar a Deus. Nas obras de Cristo o
homem é passivo; nas do Espírito, ativo. _______________________________________________
Neste modo de operação, vemos que há
_______________________________________________
subordinação entre as pessoas da Trindade, mas esta
subordinação termina com o aperfeiçoamento do plano _______________________________________________
redentivo de Deus, I Co.15:18. O Pai deu ou mandou o Filho,
_______________________________________________
Jo.3:16,17; 6:29; 8:29; 8:42; 14:28; e o entregou, Rom.8:32;
Cristo fez a vontade dEle como filho obediente, Jo.5:19; _______________________________________________
Fil.2:8; do Pai Ele recebeu a mensagem, Jo.8:26; Seu
_______________________________________________
trabalho, Jo.5:26; 15:10; o Pai é a Cabeça de Cristo I
Cor.11:3. _______________________________________________
Quanto ao Espírito Santo, é Ele mandado pelo Pai
_______________________________________________
e pelo Filho, Jo.14:26; 15:26?; não fala de Si mesmo,
Jo.16:13,14. Isso, porém, de modo nenhum afeta a _______________________________________________
divindade de Cristo ou do Espírito Santo.
_______________________________________________
7. Erros quanto a Trindade.
a. Os arianos, que negaram a Deidade do Filho. _______________________________________________
Creram que Cristo era preexistente antes da encarnação,
_______________________________________________
mas era criatura, inferior a Deus, maior que o homem,
porém de natureza diferente do Pai. Os semiarianos criam _______________________________________________
que Ele tinha uma natureza semelhante ao do Pai.
_______________________________________________
b. Os sabelianos, os quais ensinavam que há
apenas uma pessoa na Deidade, com três modos os _______________________________________________
aspectos de manifestações. Deus se revela como Pai na
_______________________________________________
Criação e na Lei, como Filho na encarnação e como Espírito
Santo na regeneração e na santificação. _______________________________________________
c. Os socinianos dos dias da reforma e os
_______________________________________________
unitarianos e modernistas de hoje representam a Trindade
como consistente de Deus o Pai, o homem Jesus Cristo e a _______________________________________________
influência divina que é chamada o Espírito Santo de Deus.
_______________________________________________
Esta idéia tem a Deus como Um, não só no Seu Ser, mas
também na Sua Pessoa. Anulam, portanto, virtualmente a _______________________________________________
Trindade.
_______________________________________________
d. Triteismo – Trinitarianismo não triteismo. O
Triteismo ensina a existência de três deuses. O _______________________________________________
trinitarianismo ensina que há três pessoas, mas uma só
_______________________________________________
essência indivisível da Deidade pertence, como todos os
seus atributos, a cada uma das três pessoas da Trindade. A _______________________________________________
pluralidade da Deidade não é a pluralidade de essência; é
_______________________________________________
apenas de distinção de pessoas.
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________

15

You might also like