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GRAVACAO | TECNICAS DE MICROFONAGAO Fabio Henriques DA NECESSIOANE HOS MIDROFONES Nossa nistona comega no Anal co Século 19, quan: do apareceu 0 audio gravado. Paremos um pouco are penser no que representa a gravagio de y ‘io, Temot um fenémeno acietico ocerrendo ~ por ‘exemplo, alguém cantand. A pessoa est emitindo tenergia na forma de ondas mecanicas que ‘azem a presséo do ar em vota dela varar periogicaments NNormalmente, nossos ouvidos captam estas vars GRAVAGAO Bes de pressio do ar e nosso cérebro as interpre- tam como som, atribuindo-Ihes um significado. Um problema inererte a esta forma de transmissio de informagdo é que uma vez cessada a fonte, 0 som ‘esta terminado, € algo que depende essencialmente do tempo. O desejo de se registrar o fenémeno acis- tico vern da necessicade de tornd-lo independente do tempo, de forma a que possamos recié-lo quando desejado, Além disso, 0 alcance da transmisséo acis- tiea 6 limitado as viznhangas da fonte sonora, e a ca~ pacidade de transmitr a informacgo sonora a longas dlstinclas nocessita que 2 convertamos em cutro tipo de informaco que permita 0 seu deslocamento em algurna midia mais efciente do que o ar. Portanto, seja para registrar permanentemente quanto para transmitir a informacdo sonora, pre~ csamos converté-la em algo mals eficiente. No caso, transformamos energia sonora mecénica em energia elétrica, @ 9 responsdvel por esta conver- so € 0 microfone. Tecnicamente falando, 0 micro~ fone é um “transdutor”, um elemento que converte uma forma de energla em outra. Diversas formes de conversio foram usadas no ini co, praticamente todas usando a variacio da resis- tincia elétrica como elemento conversor. Até algu- mas décades atrés, 9 tipo mais comum de microfone do mundo era 0 que usava a variacio da resisténcla entre gros de carbono, e era usado em telefones. OS TiPas BASICOS Nas duas primeiras décadas do século 20, com o ‘advento do arplificador elatrénica (a primeira val- ula eletrénica fol criada em 1907) e com a che- gada da transmisséo de radio, surge @ necessidade de se melhorar os microfones. Aparecem ent dois métodos basicas de funcionamento, 0 eletrostético (capacitive) e 0 eletrodinamico (movimento de con- autores em campo magnético). » Eletrodinamico [No final do século 19, a pesquisa clentifica da moda envolvia eletricidade e magnetismo, Primeiro, foi des- coberto que se existe corrente eltrica constante pas- sand em um fo, em volta dele aparece um cempo magnético. A principio, ndo se desconfiava que hou- vesse alguma relagio entre essas duas formas de energia, e esta descoberta abriu uma série de outras, possibiidades. Alguém logo cogltau que se, corres- pondentemente, colocassemos um ima ao lado de um fio, apareceria corrente elétrica nele. Mas como na hotureza no existe almaco grétis, isto ndo acontace (seria um jeito gratulto de se obter eneraia elétrica). Cp campo magnético B em tomo de um condutor em que passa corrente elétrica | Porém, algo que mudou © mundo fot descoberto na seguinte experiénca. Tomemos um flo (um condu- tor) © 0 enrolemos na forma de uma bebina (um canudo de fio enrolada). Coloquemes nas pontas deste flo um instrumento capaz de detectar se por ele passa corrente elétiica (galvanémetro). Agora, eguemos um ima bem forte e o empurremos para o Interior da bobina. Verificaremos que enquanto esta~ mos movendo 0 ima, aparece uma corrente elétrica circulando pelo fio. Quando cessamos o movimento, mesmo que com o ima dentro da bobina, 2 corrente para. Se agora puxamos o im& para fora da bobina, novamente aparace uma corrente elétrica no flo, 56 que ro sentido contrério. Se deixamas o ima perado e mexemes a bobina, 0 mesmo acontece. GRAVACAO Este efeto (chamado efeito eletromagnético), aparen- temente aperias uma curiosidade, se mostrou um im portante marco na histéria da céncia e da tecnologia. Podemes interpretar que, enquanto uma corrente constant circulande em um fio provoca em torno dele ‘um campo magnético fixo, quando as lias de campo ‘magnético cortam um fio ou variam em tomo dele, pprovocem 0 aparecimento de um corrente elétrica que, cessa quanda 0 movimento relative também cessa. Estava resolvida a questo do "almoco grétis”. © preco que © campo magnético tern que variay, cortando 0 fio, para que 0 fenémeno aconteca. Testemos agora 0 que acontece quando forcamos corrente eletrica na bobina, em cujo interior est’ ‘0 ima. Neste caso, 0 ima (cu mesmo um mate- rial magnetizavel) é cuspido pare fore da bobina, endo a direglo deste movimento de acordo com a direco ¢a corrente. O interessante 6 que as ‘equacdes que descrevem este fendmeno no 40 as mesmas que o fezem para @ experiénce ante rior, € isso acabau sendo a base para as Equacies de Maxwell, que justamente definem as relacses lenire eletricidace © magnetismo, Galvanometro f Exemplo de circt deum solendide ‘que demonstra o funclonamento No lado pritico, este dispostivo que montamos, cchamado solenéide, abriu as portas para outros, como 0 gerador (gera energia elétrica através do movimento mecinica), @ motor eiétrico (gera mo- vimento através da energia elétrica), a fechacure elétrica do porto de nossa casa, 0 alto-falante © também o microfone eletrodinamico, » Microtones de bobina movel Desviando um pouco do nosso assunto (mas nao muitc), velamos como funciona um alto-falante, Se voc® tiver acesso 2 um deles, observe que 2 base 4 um forte im, ¢ que 0 cone esté ligado @ uma suspensiio eldstica, O cue no esté aparente ¢ que existe uma abertura neste ima, presa s esta sus pensio existe uma bobina de fo que fica alojads dentro desta abertura. Quando ligamos os fios do alto-falante (na verdade, as extremidades desta bo~ bina) a ume pila, podemos observar que o cone se move em uma diresdo, Se invertemes a polaridade da pina, 0 cone se move na direg8o opeste, repe- tindo » experiéneia que vimos acima. Ligando agora o falante & salda de um amplificados, a corrente elé- trica das ondas de dudia chegam a ele, e como séo tandas que tém trechos positives € negatives, © cone faz um movimento para frente e para tris, que se transmite para o are assim é convertido em som. Podemos imaginar © microfone de bobina mavel come se fosse um alto-falante que trabalha ao con- trério, Neste caso, 0 cone é substituide por uma membrana bem leve @ fina ~ 0 diafragma. 0 con junto diafragma/bobina deve ser bem leve para que @ microfone seja sensivel, Quando as ondas sonoras batem no diaftagma, ele se move, Fazenda @ bobine se mover dentro do campo magnético do imé. Isto proveca o aparecimento de corrente elétrica alterna da nes terminals da bobina, que € acaptada por um Circuito eltrico e entregue na seida do microfone, De fato, se vocé pegar o plugue de um fone de euvido « ligar na antrada do um pré-amplificador de microfo~ ne, conseguiré falar no fone e usé-lo como microfone ‘A qualidace serd ruim, pois eé foi feito para trabalhar 20 contrévlo, mas iré demonstrar 0 que dissemos aqui Os microfones de bobina mével sii muito robus- tos ede balxo custo, ¢ se mostrem particularmen- te interessantes em aplicacSes em que altos volu- mes de emissdo estao envolvidos, como bateria, percussao pesada e metals, Algurs exemplos de microfones dindmices tredicio- nais ¢ largamente usados! raterldo de Pou Rodgers, + Sennheiser MD-421 ~ Som elsseo de tom-tons, ‘ado lamben pare algunas vezes. Flo pete Stansted durante as grovagies de + Sure S8-7 ~ Um elo pare v0 de brostan ons, que mat omaking of do sco Blood Sugar + AKG D-112 - 0 som *padrS0" para bumbes de imo outasfontes grates «© modelos de mirofones, it-as quando nos atropalnan © enpregé-ins Se re cd Mrreciraty ese) ee eee lado seu computador ou telefone celular musitecdigital:cam.br GRAVACAO estavam emitinds som acusticamente, Entdo escohi propositalmente usar para a voz © SM-5B (ou me Thor, sua cépsula em um transmrissor ser fio). Como ele € dindmico e, consequentemente, mais “duro”, apresenta mencr sensiblidade ¢ tende a captar menos os vazamentos de bateria, desde que seja uusado bem préximo & boca do cantor. Eo resultado fol muito bom, até porque, em termos de timbre, macme nia sendo 0 que existe de mais requintado, 4 familiar a tadas os que fé forem a um show ou que 38 ouviram um dlbum gravado ao vivo. » Microtones de lite (© que deixa os microfones de bobina mével meis “duros" é justamente a massa da tobina, que deve ser deslocada para produzir resultedo. 0 som cap tado, entao, precisa ter energia sunciente para mo- ver a bobina. Ao mesmo tempo, a massa da bobi- ne precisa ser acelerada até entrar em regime de movimento, e Isso deixa o tempo de resposta alto, tomando-o um mierofone “lento” Para reduzir estes efeitos, foi criado o microfone de fita, Na verdade, ele pode ser persado como uma bobina de uma volta sé. Ou seja, uma fita corrugada ée material condutor é colocada em um ‘campo magnético Intense e exposta ao som vindo de ambos os laéos. Como a fita € muito mais leve do quea bobina, sons menos intensos sensibilizam mais © microfone, € também ele responde com mais rapide2. Em contrapartica, a fita se compor- ta como um mero fio, ou seja, um curto-circuito, apresentando impedancla balxissima e sinal de soida também baixe, Assim, associade 3 cipsula destes microfones ¢ necessério um transformador para aumentar a impedancia de saida (alguns no- vos microfones de fita possvem um circuito ele~ tronico associado com esta funcda), 0 que acaba afetando sua sonoridade. Entre as caracteristicas principals dos microfones de fita esta uma resposta bem suave, com menor Intensidade de agudos. Modelos de fita também 80, normalmente, bidirecionais, captando muito bem os sons que vém tanto da frente quanto de tris e rejeltando fortemente os que vém das la- terais [o que veremas em detalhe futuramente) Foram muito usados em broadcast até a metade do século 20 (por exemple, so caracteristicas marcantes da Bing Crosby Voice). Alguns modeies famosas e importantes so: + RCA 77DX - Um classico da radiofonia, fora de linha ha muitos anos, mas ainda apreciaco quando se consegue um modelo preservado, Para um exemple de aplicacio, precure no YouTube por "GRP All Star Big Band (Studio) Hé, uma enorme colecdo de grandes microfo- nes do Oceanway Studios, ne Califérnia + Coles 4038, Royer R121, Beyerdynamic M130, ‘Audio Technica AT4060 ~ Requerem um certo cuidado, pols possuem a fita muito sensivel a rivals Intensos, poderdo até mesmo ser danif- ‘aca por sons muito altos. Projetos mais recen- tes podem ser usados nestas situastes, resis undo a altos niveis SPL. Vale 2 pena consultar os manuais antes de usar determinado modelo. Alguns recomendam que néo sejam conectados 2 linhas que tenham = phantom power ligada Microtones de fita, come 0 Audio Technica ‘874080, oferecem resposta suave e com menor Intensidade de agudos Figura A-Microlonagia de volso.em mono michOFONAGAD WA PRATICA nas hours 4, Be Cop (80 02 ampificadares be auitarr, Ue mirotone CE GRAVACAD feito de proximidade. Na equalzacto, atenua nal do SM-57, montando um som mais completo fem termes de especto Podemos user um terceir mirofone, para que, dosendo « quartidede de cada um deles om uma ‘soma dos trés, possamas conseguir timbres vara os pare cada musica, Este tercevo exempio pode er um mierofone de fta ou um outro dinamico oma 9 ND421. Para timbres de guitare que fa zom uso ée harméniese mais alts @ maior rae= 2a, pode-se experimentar © uso de microfones de Gitragme pequeno, como e= Neumann KM-134, 0 Rode NT-S5 ou 9 AKG-451, Quanto bs posi, experimentecolocar cals mi Crofane bem préxime a um falarte, mais ou me: hos 2 meio caminha entre 0 mioio © & Borda. A Colecagbo bem aréxima enriquece a timbra evita Cancelamentos de fase ent 08 microfones. Para ‘dehar 0 timbre mais agus, aproxime do mio: Jo. Para menas agudes, exerimente girar © mic, ‘anentando a céosula um pouco para fora. Exstem ‘mules profsslnais que praferer colocar um mic bem prévime © 0 outro um poco mais afactaco. Neste caso, recomendo uma aistinca minima de E bom lembrar que, neste coso, 2 maria ¢as so ‘um protiema na hora de mixar, pois nem sempre festa ambidncia serd desejavel ou cocrente com 0 sem ue s© deseia, Este & 0 caso tentador de se lsar 0 amp em v8es de escadas, saltas, cantos grovacdo (e certamente valerd uma boa histéris ra se fotogrfar e contar aqu na revista), mas talver este reverb s0e “Tora” da ambiénca use (2 na mixagem. Par isso, como bom precavide mesmo nestes cases, sempre gravo 0 amo tam bem com pelo menos um mic colago 20 faante, para ter como opca na mxagem. tam 0" posiconar um microfone atrés co amo (cesde que este saa do tpo vatado), Neste cose, lembre ge invertar 2 fase deste micrfone ne mest v na DAW, pas ele esta trabaltando em oposio. 1 opcde de exiocar um capaciivo bem colsdo #0 falante na frente acapou dango graves mols mo: ernos. Se um som mats vintage fo desejado, © imcrofone par tris pode set urra opco. Figuras ¢ © D- Microfonagae de amp usando Shure SM-57, AKG C-£14 @ Audio-Technica ‘AT 4090 (fit) na frente © Rade NT1-Aatrés ‘Até aqui estivemas falando da opcio de se usar a soma de varlos microfones para se obter um canal 56. € claro que é possivel se gravar em estéreo usando um mic para cada lado, Porém, as dife- rengas entre os diversos falantes de um amp ge- ralmente so muito sutie. Assim, recomendo que, Principalmente em guitarras base, seja dada pre- eréncis 8 obtencda de um bom som mono e que se faga um segundo canal dovrando o primeiro. Funciona extremamente bem. 0 Caso DA voz E WIOLAG Conforme prometido anteriormente, vamos ver 0 caso problemético que € gravar vor e violéo ao mesmo tempo. Fra comecar, € preciso se confor- mar com 0 fato de que 10 nd como se evitar completamente os vazamentos entre os microfo: es, e, por isso, dificimente se abtera um resul- tado como 60 estivesse gravando ceparado. Mas, se a performance Justifica, tratemos de procurat 2 melhor soma possivel Provavelmants existird, com um bocado de expe- rimentacSo, uma posig8o e um microfone que the fornegam um bom resultado captando vor e vio- Io juntes. Se houver esta possibilidade, pode ser tentada, lembrando que mais tarde néo haverd como mudar 0 equilibrio entre os cals. & preciso Contar com um miisico bem paciente e disciplina- do também. Vamos precisar de dois microfones. Um deve ser cardidide de diafragma pequeno apontado pera 3 Ponte, colocado de cima para balxo a um Angulo de uns 45 graus em relagio & vertical, para mini mizer 0 vazamento da voz no violdo, Se puder ser um supercardidide, melhor. Para.a vor, usamos um diatragma grande, préximo & boca, apontanda do mesmo &ngulo, desta vez para cima, com a confi- guregdo cerdidide ou, preferivelmente, supercar- didide. Devemos colocar 0 miisico hem longe das paredes, para evitar as reflexdes. Este caso é um bom compromisco entre fidelidade e isolamento, mas 0s vazamentos acontecerao, € nao nd como evitar. Lembre também que 0 vazamento do viol80 7a voz ocorrerd com um certo atraso, ¢ um filtro pente provavelmente acontecerd. Devemos procu- rar minimizar com alteracées no posicionamento. Nao adianta colocar uma antepara entre o viol8o © 2 voz, pols Isso sé deixaré o misice descon- fortavel, 0 que descaracteriza o préprie conceite de se gravar junto pera uma melhor performan. ce. Além disso, os microfones acabarao com seus cancelamentos distorcidas » Plano G ~ Gaso especial No caso de estarem disponivels microfones bidi- recionais (figura-8) e de se dispor de uma sala ou regio morta (sem ambiéncia), pode-se tentar uso destes dols microfones. Um é colocedo apon- tanco para a ponte, com 0 eixa paralela 20 chio, © © outro apontande para a voz, também com oelxo paralelo a0 cho. As leterais dos bi 5 pontos de maior rejeicao de todos os microfo- irecionais <0 nes direcionais, @ assim haverd 0 menor vazamen- to possivel. Porém, isto $6 funciona se a sala néo Contribuir com refiexdes, j4 que a face traselra de cade microfone estaré captando abertamente. Em nosso préxime encantro veremas a teoria por tras dos microfones capacitivos e iremos microfo- nar 0 paraiso da microfonac8o: a bateria, olaboraram nas bts: Brune Alvarangs € inal Rose ots uaa nn Esto Cangdia Nova,

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