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ENGENHARIA E

SEGURANÇA DO
TRABALHO
Autores: Raphaela Iskandar e
Mario Sergio Della Roverys Coseglio
Organizadora: Heloísa Pimentel
Engenharia e
Segurança do
Trabalho
© by Ser Educacional

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Lucas Santos, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael Carvalho.

Ilustradores: João Henrique Martins.

Autores: Iskandar, Raphaela; Coseglio, Mario Sergio Della Roverys.


Organizadora: Pimentel, Heloísa.
Engenharia e Segurança do Trabalho
Recife: Digital Pages, Telesapiens e Grupo Ser Educacional - 2022.
153 p.: pdf
ISBN: 978-65-81507-41-1

1. Engenharia 2. Segurança 3. Prevenção

Grupo Ser Educacional


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complementam o
que merecem atenção.
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ASSISTA OBJETIVO
Recomendação de vídeos Descrição do conteúdo
e videoaulas. abordado.

ATENÇÃO
OBSERVAÇÃO
Informações importantes
Nota sobre uma
que merecem maior
informação.
atenção.

CURIOSIDADES PALAVRAS DO
Informações PROFESSOR/AUTOR
interessantes e Nota pessoal e particular
relevantes. do autor.

CONTEXTUALIZANDO PODCAST
Contextualização sobre o Recomendação de
tema abordado. podcasts.

DEFINIÇÃO REFLITA
Definição sobre o tema Convite a reflexão sobre
abordado. um determinado texto.

DICA RESUMINDO
Dicas interessantes sobre Um resumo sobre o que
o tema abordado. foi visto no conteúdo.

EXEMPLIFICANDO
SAIBA MAIS
Exemplos e explicações
Informações extras sobre
para melhor absorção do
o conteúdo.
tema.

EXEMPLO SINTETIZANDO
Exemplos sobre o tema Uma síntese sobre o
abordado. conteúdo estudado.

FIQUE DE OLHO VOCÊ SABIA?


Informações que Informações
merecem relevância. complementares.
SUMÁRIO
Unidade 1

ENGENHARIA...............................................................................17

O Céu de Outubro...........................................................18

Uma Mente Brilhante.....................................................19

O jogo da imitação ........................................................19

Estrelas além do tempo.................................................19

BREVE HISTÓRICO DA ENGENHARIA............................................20

A engenharia no mundo......................................................................20

Marcos históricos importantes ..........................................................22

REGULAMENTAÇÃO DA CARREIRA................................................27

Anotação de Responsabilidade Técnica – ART e Certidão de Acervo


Técnico – CAT.....................................................................................29

Ética profissional e deveres do engenheiro..........................................30

MODALIDADES DA ENGENHARIA..................................................32

Engenharia aeroespacial.....................................................................33

Engenharia de alimentos.....................................................................33

Engenharia ambiental........................................................................34

Engenharia biomédica........................................................................34

Engenharia civil..................................................................................34

Engenharia elétrica.............................................................................35

Engenharia de produção.....................................................................36

Engenharia mecânica ........................................................................36

Engenharia química............................................................................36
Engenharia de software......................................................................37

Unidade 2

AS MAIORES REALIZAÇÕES DA ENGENHARIA NO SÉCULO XX .........41

Automóveis........................................................................................42

Autoestradas......................................................................................43

Aviões.................................................................................................43

Veículos espaciais...............................................................................44

Eletrificação.......................................................................................45

Fornecimento de água........................................................................45

Computador......................................................................................46

Rádio e televisão.................................................................................46

Telefone.............................................................................................47

Internet..............................................................................................47

Eletrodomésticos, Ar-condicionado e sistemas de refrigeração..........48

Mecanização da agricultura...............................................................49

Imagem e tecnologias da saúde..........................................................49

Petróleo e tecnologias petroquímicas................................................49

Laser e fibra ótica................................................................................50

Materiais de alto desempenho............................................................50

OS DESAFIOS PARA O ENGENHEIRO NO SÉCULO XXI.......................51

TRANSFORMAÇÕES DIGITAIS NA INDÚSTRIA................................53

Big data..............................................................................................54

Robôs autônomos..............................................................................54

Manufatura aditiva.............................................................................54

Simulação computacional..................................................................55
Integração de sistemas.......................................................................55

Computação em nuvem.....................................................................56

Internet das coisas..............................................................................56

Segurança cibernética........................................................................56

Tecnologias de visualização...............................................................56

OENGENHEIROEOMERCADODE TRABALHO..................................57

Competências técnicas e comportamentais......................................57

Unidade 3

UM BREVE HISTÓRICO GLOBAL....................................................63

Segurança e Higiene do Trabalho no Brasil.........................................66

O ambiente de trabalho......................................................................69

SESMT................................................................................................70

Ergonomia.........................................................................................72

Acidentes, riscos e prevenção.............................................................73

Acidentes de trabalho.........................................................................74

Riscos.................................................................................................77

Equipamento.....................................................................................80

Normas Regulamentadoras...............................................................82

NR 1 - Disposições gerais................................................83

NR 2 - Inspeção prévia (revogada).................................84

NR 3 - Embargo ou interdição.......................................84

NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)............85

NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CI


PA)................................................................................86

NR 6 - Equipamento de proteção individual (EPI).........86


NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – PCMSO..................................................87

NR 8 – Edificações.........................................................88

NR 9 - Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais


a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos.......................88

NR 10 - Segurança em instalações e serviços em


eletricidade..................................................................89

NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e


manuseio de materiais.................................................89

NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e


equipamentos..............................................................89

NR 13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulações e tanques


metálicos de armazenamento......................................90

NR 14 – Fornos..............................................................90

NR 15 - Atividades e operações insalubres....................90

NR 16 - Atividades e operações perigosas.....................90

NR 17 – Ergonomia........................................................91

NR 18 - Segurança e saúde no trabalho na indústria da


construção....................................................................91

NR 19 – Explosivos..........................................................91

NR 20 - Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis


e combustíveis..............................................................92

NR 21 - Trabalhos a céu aberto......................................92

NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração....92

NR 23 - Proteção contra incêndios...............................92

NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de


trabalho........................................................................93

NR 25 - Resíduos industriais..........................................93

NR 26 - Sinalização de segurança..................................93
NR 27 - Registro profissional do técnico de segurança do
trabalho (revogada)......................................................93

NR 28 - Fiscalização e penalidades.................................94

NR 29 - Segurança e saúde no trabalho portuário.........94

NR30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário........94

NR 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura,


pecuária, silvicultura, exploração florestal e
aquicultura...................................................................94

NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de


saúde............................................................................95

NR 33 - Segurança e saúde nos trabalhos em espaços


confinados....................................................................95

NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na


indústria da construção, reparação e desmonte naval...96

NR 35 - Trabalho em altura...........................................96

NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de


abate e proces samento de carnes e derivados..............96

NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de


petróleo........................................................................97

OUTRAS LEGISLAÇÕES PERTINENTES...........................................97

Unidade 4

A SEGURANÇA DOS PROCESSOS..................................................103

Fatores humanos e confiabilidade humana.......................................106

Ferramentas de análise de riscos........................................................113

Avaliação e controle dos riscos no local de trabalho...........................116

Análise dos modos de falha, efeitos e criticidade................................117

Análise de árvore de falhas.................................................................118

Análise de árvore de eventos.............................................................119


Análise de gravata-borboleta............................................................120

Análise de camadas e proteção..........................................................123

PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS........................................125

Riscos de explosões e incêndios: gerenciamento de riscos de


incêndios..........................................................................................126

Extintores de incêndio........................................................................135
Apresentação
Olá! Vamos conversar sobre Engenharia e Segurança do Tra-
balho? Sobre a importância desses temas para a sociedade e para o
seu exercício profissional?

Ao escolher a formação em Engenharia, você também esco-


lheu a possibilidade de mudar a realidade, criar, inovar e, princi-
palmente, ser o responsável pela realização dos sonhos de muitas
pessoas. Já pensou sobre isso?

Para tanto precisará conhecer a fundo a profissão, sua legis-


lação, seu código de ética, além das interfaces com a segurança do
trabalho, considerando os riscos e agentes agressivos, métodos e
equipamentos de proteção e as questões administrativas voltadas
ao exercício da atividade.

Nas próximas páginas apresentaremos muitas informações


sobre a Engenharia e a Segurança do Trabalho. Temas basilares para
o exercício da profissão e que constituem uma introdução funda-
mental para quem deseja ingressar no mágico universo da Enge-
nharia.

É importante considerar que a Engenharia é uma área muito


ampla e que, durante o curso, os conhecimentos abordados irão
muito além da teoria ou dos conteúdos de sala de aula. A formação
em Engenharia e o exercício da profissão exigem habilidades e co-
nhecimentos que possibilitam que o profissional exerça o seu papel
de cidadão e como agente transformador da sociedade. Para tanto,
é necessário estar ciente de seus direitos, deveres e da sua respon-
sabilidade com a segurança no exercício das atividades e com o meio
ambiente.

Nesta disciplina discorreremos sobre temas importantes para


a formação completa, do ponto de vista acadêmico, humano e técnico.

Bons estudos!
Autoria
Raphaela Iskandar

Sou a professora Raphaela Iskandar,


engenheira civil, mestra em Construção
Civil pelo Programa de Pós-Graduação em
Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Goiás (2019), es-
pecializada em Engenharia de Segurança
do Trabalho em 2015 e graduada em 2012,
ambos os títulos obtidos pela mesma ins-
tituição. Atuo na área de construção civil, com foco em perícias e
desempenho das edificações.

Currículo Lattes

http://lattes.cnpq.br/2842985748210374

Mario Sergio Della Roverys Coseglio

Sou o professor Mario Sergio Della


Roverys Coseglio, doutor em Engenharia
de Materiais e Metalúrgica pela Universi-
dade de Birmingham (Reino Unido), pos-
suo mestrado em Engenharia Mecânica
e de Materiais pela Universidade Tecno-
lógica Federal do Paraná (UTFPR) e sou graduado em Engenharia
Mecânica pela UTFPR. Possuo mais de 10 anos de experiência nas
áreas de projetos de estruturas, engenharia industrial e engenharia
de manufatura de componentes plásticos e metálicos.

Currículo Lattes:

http://lattes.cnpq.br/0954724731562843
Organizador
Heloísa Pimentel

Sou a professora Heloísa Pimentel,


graduada em Engenharia Civil pela Uni-
versidade de Pernambuco - UPE (1996) e
possuo mestrado em Engenharia Civil pela
Universidade de São Paulo - USP (2001),
na área de Construção Civil e Urbana. De-
senvolvo atividades de Gestão e Liderança
e possuo o Professional Coach Certification
reconhecido pela International Association of Coaching e certificado
de Analista Comportamental. Sou membro da Sociedade Latino-A-
mericana de Coach (SLAC). Docente desde 1998, ministro disciplinas
na área de Desenvolvimento Pessoal e Empregabilidade, Marketing,
Informática Básica e Construção Civil e Urbana. Atualmente sou Ge-
rente de Inovações Acadêmicas Digitais do Grupo SER Educacional.
Possuo experiência em Ensino a Distância (EAD) desde 2014, como
Coordenadora, Professora Executora e Conteudista, além de realizar
criação, produção e apresentação de conteúdo digital, como os pro-
gramas Raízes, Engenharia em Debate e Multiverso Cultural. Tenho
experiência como consultora na área de Recuperação de Estruturas
e na Gestão de Equipes, além de estudar o uso de HQ’s como ferra-
menta de ensino e educação no ensino superior. Ministro palestras
sobre Inovação, Gestão de Times, Liderança e de Metodologias Ati-
vas, utilizando HQ como ferramenta.

Currículo Lattes

http://lattes.cnpq.br/7938918123295445
1

Objetivos
UNIDADE
◼ Apresentar a Engenharia enquanto profissão e fazer um breve
relato da sua história;

◼ abordar as questões relativas à regulamentação do exercício


da profissão, o seu código de ética e apresentar os órgãos re-
gulamentadores da atividade profissional.

◼ falar sobre as modalidades de engenharia existentes e as áreas


de atuação possíveis para o profissional.
Introdução
Permitam-me a liberdade poética de afirmar que, desde a
criação da primeira ferramenta, a humanidade viu surgir, também,
o primeiro Engenheiro.

A Engenharia é uma das profissões mais antigas do mundo e a


grande responsável pelos maiores feitos da humanidade.

Nesse momento, peço que pare e observe tudo a sua volta.


Agora reflita sobre a origem de cada objeto. Refletiu?

Sempre que faço esse exercício chego à conclusão de que cada


objeto tem, da concepção até a produção, muitos processos ligados
à Engenharia.

Na verdade, engenhar é uma arte, e traz em seu âmago a pos-


sibilidade de mudar a realidade em que vivemos, principalmente,
pela ampla gama de áreas de atuação possíveis e, também, a vasta
possibilidade de cargos e atividades que podem ser ocupados por
Engenheiros e Engenheiras.

Os profissionais de Engenharia têm a responsabilidade de


dominar o conhecimento técnico e aplicá-lo de forma ética, seguin-
do os códigos de conduta da profissão e observando a aplicação das
normas de segurança para todos os envolvidos nos processos. Dessa
forma, passam a operar mudanças e transformar as condições vi-
gentes na sociedade.

16
ENGENHARIA

O termo engenharia vem da palavra engenho que, por sua


vez, deriva do latim ingenium, isto é, qualidade inata ou natural, in-
teligência.

Na Engenharia se observa a aplicação dos conhecimentos cien-


tíficos, da matemática e das ciências naturais, associados a métodos
empíricos com o objetivo de utilizar os materiais e a natureza em
benefício do ser humano.

O engenheiro é o profissional responsável pela aplicação da


Engenharia na sociedade e, para isso, precisa buscar mais que apenas
o conhecimento científico. Na realidade, para o adequado exercício da
profissão, o engenheiro deve:
◼ desenvolver habilidades;

◼ observar valores éticos e sociais;

◼ preparar-se para liderar e gerenciar equipes multidisciplinares; e

◼ preocupar-se com o meio ambiente e a sustentabilidade.

Segundo os autores Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do


Vale Pereira, no livro Introdução à Engenharia: conceitos, ferra-
mentas e comportamentos, de 2006, o profissional deve possuir as
seguintes competências e habilidades:

QUADRO 1. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENGENHEIRO

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENGENHEIRO

Aplicar conhecimentos científicos, matemáticos, tecnológicos e


instrumentais.

17
Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços
técnicos.
Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos.

Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados.

Identificar, formular e resolver problemas.

Desenvolver e utilizar novas ferramentas e técnicas.

Assumir uma postura de permanente atualização profissional.

Avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas.

Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica.

Avaliar os impactos sociais e ambientais de suas atividades.

Avaliar a viabilidade econômica de projetos.

Atuar em equipes multidisciplinares.

Trabalhar com ética e responsabilidade profissional.

Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas.

Fonte: BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 89. (Adaptado).

O exercício profissional da Engenharia e suas interfaces são


comumente tratados em livros, filmes e séries, alguns dos quais nos
mostram que a formação de um bom engenheiro vai muito além do
conhecimento técnico. Algumas dessas histórias estão indicadas
abaixo. Prepara a pipoca!

O Céu de Outubro

O filme de 1999 é baseado em uma história real e conta a vida


de Homer Hickman, um engenheiro da NASA, desde o início de sua
paixão por foguetes, na adolescência, até o lançamento do foguete
“Miss Riley”.

18
Uma Mente Brilhante

O filme de 2001 conta a história de John Nash, que em 1994


recebeu o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred
Nobel. Nash foi um matemático que, nos anos 1950, resolveu um
problema relacionado à teoria dos jogos. Diagnosticado como es-
quizofrênico, ele precisou usar a racionalidade para distinguir o real
do imaginário, numa luta real para ter uma vida normal.

O jogo da imitação

Dirigido por Morten Tyldum e lançado em 2015, o filme conta


a história de Allan Turing, um cientista da computação que criou
uma máquina para decodificar mensagens criptografadas pelos ale-
mães durante a II Guerra Mundial. O drama mostra um Alan Turing
que, apesar de inteligente e centrado, tinha dificuldades no trato
social, até que percebeu que sua forma introspectiva e individualista
de trabalhar atrapalharia o desenvolvimento de seu trabalho.

Estrelas além do tempo

O filme de 2016 retrata a trajetória de três mulheres negras


na Nasa. Mary Jackson, primeira engenheira negra da Nasa. Katha-
rine Johnson, responsável pelo cálculo da reentrada com sucesso,
em órbita terrestre, da cápsula que transportava o astronauta John
Glenn. Dorothy Vaughan, uma das únicas supervisoras negras da
Nasa. O filme, baseado histórias reais, nos mostra que além do co-
nhecimento técnico, força, garra e coragem são fatores fundamen-
tais para o sucesso profissional.

Essas são algumas dicas, mas há muitas outras referências


possíveis para quem deseja conhecer mais sobre o exercício da pro-
fissão.

19
BREVE HISTÓRICO DA ENGENHARIA

Não se sabe ao certo pontuar a data exata do início da Enge-


nharia. A história da profissão, na realidade, se confunde com a
própria história da humanidade. Portanto, descrever toda a his-
tória da engenharia resultaria em um conteúdo muito extenso e
complexo, pois grande parte da evolução da sociedade, desde os pri-
mórdios até os dias de hoje, envolveu a engenharia, de forma direta
ou indireta e em diversos níveis.

Diante disso, é importante que o(a) futuro(a) engenheiro(a)


saiba reconhecer alguns marcos históricos relevantes à profissão,
podendo situá-la dentro do desenvolvimento e da evolução da so-
ciedade e, assim, destacar sua importância e relevância social ao
longo dos anos.

Abordaremos essas questões nos próximos tópicos!

A engenharia no mundo

As atividades que hoje compõem as engenharias são desenvolvi-


das desde a pré-história. Utilizar o conhecimento semelhante ao da En-
genharia para gerar benefícios e aumentar o nível da qualidade de vida
faz parte da rotina do ser humano desde os primórdios.

O marco para o surgimento da Engenharia, como conhe-


cemos hoje, foi no século XVIII, quando cientistas e estudiosos
passaram a buscar conjuntos ordenados de doutrinas para solucionar
problemas. Nesse momento, não bastava apenas que uma edificação

20
fosse erguida ou que uma ferramenta funcionasse, era importante
conhecer as leis da física e as equações matemáticas que fundamen-
tavam esses acontecimentos. Surgiram então as bases científicas que
viriam a constituir, dentre outras ciências, a Engenharia.

O uso da palavra “engenheiro” para definir alguém que criava


invenções engenhosas e práticas através de conhecimento científico
só começou a ser popularizado no século XI.

Figura 1. John Smeaton.


O primeiro título de enge-
nheiro foi usado pelo inglês John
Smeaton (1724 - 1792), que se no-
meou engenheiro civil ao ser o res-
ponsável pela construção do Farol de
Eddystone, no Reino Unido, em 1756.

O ensino formal da engenha-


ria só foi instituído por volta de 1747,
quando a École Nationale des Ponts
et Chaussés, em Paris, ministrou um
curso regular de Engenharia, diplo-
mando profissionais com esse título.
Na mesma época, a École Nationale
Supérieure des Mines, também de Pa-
ris, formava os primeiros engenhei-
ros de minas. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
14/01/2020.

No Brasil, cursos de Engenharia começaram a ser ministrados


em 1792, com a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e
Desenho, na cidade do Rio de Janeiro. Nela, os oficiais de engenharia
cursavam, em um período entre três e cinco anos, um curso de oficial
de infantaria, e tinham um ano a mais para cursarem as disciplinas de
Arquitetura Civil, Materiais de Construção, Caminhos e Calçadas, Hi-
dráulica, Pontes, Canais, Diques e Comportas.

21
Em 1874 foi criada a primeira escola de engenharia não militar
do país, a Escola Politécnica, que acabou servindo de modelo para a
fundação da maioria das outras escolas de engenharia do país.

A necessidade de engenheiros no Brasil cresceu após a Pro-


clamação da República, em 1889, em razão das demandas dessa
nova forma de governo, o que possibilitou, na época, a criação de
cinco escolas, e mais uma durante a Segunda República.

A partir da década de 1960 foram abertas novas escolas para


atender aodesenvolvimento industrial no país. Na década de 1980, o
país contabilizava mais de 130 escolas de engenharia, número quadri-
plicado na década seguinte.

Entre os anos 2010 e 2016, observou-se grande crescimento na


oferta dos cursos de engenharia no Brasil. Nesse período, o número de
cursos de engenharia em oferta alcançou picos crescimento de 80%,
por conta da influência de vários fatores, entre eles:
◼ a necessidade de profissionais para atuação no mercado de
trabalho; e

◼ o crescimento do número de instituições particulares e o in-


vestimento em programas de financiamento governamentais.

Outro fator preponderante para o crescimento da oferta de


cursos de Engenharia no Brasil foi a autorização para realização
desses cursos na modalidade EAD, fato que democratizou ampla-
mente o acesso aos cursos superiores em todo o país.

Marcos históricos importantes

Impossível falar da história da Engenharia sem lembrar de


Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Cientista, matemático, inventor, ana-
tomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, Da

22
Vinci se dedicou a inúmeros projetos, sendo um dos mais importan-
tes a roda d’água horizontal (Figura 2), cujo princípio de funciona-
mento foi utilizado para a construção da turbina hidráulica, que hoje é
utilizada para transformar a energia hidráulica em energia mecânica.

Figura 2. Funcionamento da roda d’água horizontal por Leonardo da Vinci.

Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020.

Em 1638, Galileu Galilei fez seu marco na engenharia e na ciên-


cia moderna. O físico, matemático, astrônomo e filósofo publicou o seu
famoso livro The New Sciences, no qual deduziu o valor da resistência à
flexão de uma viga engastada numa extremidade, suportando o peso de
sua extremidade livre. Assim, tem-se o início do estudo da resistência
dos materiais como ciência.

Contudo, o marco temporal mais importante na história da


Engenharia foi a Revolução Industrial, que ocorreu na Europa nos
séculos XVIII e XIX, e foi responsável pela substituição do trabalho

23
artesanal por máquinas. Esse fato possibilitou uma mudança im-
pactante nos processos industriais e viabilizou o desenvolvimento
de tecnologias e inovações.

A inovação mais marcante nesse período foi a implantação da


máquina a vapor na indústria de tecelagem, por volta de 1782.

Figura 3. Máquina de motor a vapor industrial.

Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020.

Seguindo esse processo evolutivo temos a utilização do motor


elétrico como fonte de energia, em 1832, quando o cientista italiano
S. Dal Negro construiu a primeira máquina de corrente alternada com
movimento de vaivém.

Em 1833, o inglês W. Ritchie construiu um pequeno motor elétri-


co, cujo núcleo de ferro enrolado girava em torno de um ímã permanen-

24
te. O motor elétrico passou a ser utilizado em 1838, quando o professor
alemão Moritz Hermann Von Jacobi o aplicou em uma lancha, ficando
comprovada a prática da energia elétrica em trabalho mecânico.

Em 1866, o inventor alemão Werner Siemens construiu um


gerador sem ímã permanente e, finalmente, o motor elétrico pôde
funcionar através da energia elétrica.

Em meados do século XIX, as vantagens da tecnologia da era


industrial começam lentamente a chegar aos Estados Unidos, o que
tornou possível a criação da primeira ferrovia transcontinental,
uma obra de engenharia que conectava as costas do oceano Pací-
fico ao oceano Atlântico. Pela primeira vez na história, uma malha
ferroviária ligava duas costas marítimas, sendo até hoje uma refe-
rência no campo da construção ferroviária.

Em 1852, quando uma empresa norte-americana de estrados


precisou que seus produtos fossem erguidos até o último andar da
fábrica, Elisha Graves Otis, engenheiro mecânico, projetou o que viria
a ser o elevador, ou seja, uma plataforma que deslizava dentro de um
poço através de um sistema de catracas.

Na Engenharia Elétrica, em 1888, Heinrich Hertz transmitiu


códigos sonoros pelo ar pela primeira vez, o que serviu de base
para o desenvolvimento dos radiotransmissores, viabilizando a pri-
meira ligação telefônica intercontinental, em 1914.

Em 1940, foi criado um sistema de comunicação a distância, que


tornou possível mudar os canais de frequência sem interceptações de
sinal. Anos depois, desenvolveu-se um sistema telefônico ligado por
várias antenas, denominado “célula”.

Em 1956, o aparelho Ericsson MTA (Mobilie Telephony A) criado

25
por Martin Cooper, engenheiro eletricista da Motorola, surgiu devido às
necessidades de comunicação dos policiais de Chicago. O aparelho, de-
vido ao seu tamanho e peso, só era considerado “móvel” por ser carre-
gado no carro. Somente 17 anos depois foi possível realmente portar um
celular, o Motorola Dynatac 8000X, que pesava aproximadamente 1 kg.

Nos anos 1960 teve início o processo de instalação dos primeiros


computadores da NASA, e o seu uso no processamento de cálculos com-
plexos, que tornaram possíveis os primeiros voos em órbita ao redor do
planeta. Essa fase é marcada pela utilização da linguagem de progra-
mação como ferramenta de evolução da tecnologia.

Nos últimos anos, com a evolução dos computadores e o avanço


da tecnologia de armazenamento de dados e capacidade de processa-
mento, a engenharia moderna proporcionou alguns marcos históricos
e obras muito maiores, complexas e admiráveis, como é o caso do Ca-
nal do Panamá, da Estação Espacial Internacional (EEI) e da Usina Hi-
droelétrica de Itaipu.

É importante também considerar a Inteligência Artificial, a evo-


lução das comunicações, a Internet 5G, a automação, a tecnologia hos-
pitalar e muitas outras inovações como exemplos reais do quanto a
Engenharia tem evoluído ao longo dos anos e como tem transfor-
mado a realidade da nossa sociedade.

CURIOSIDADE

Um dos principais engenheiros do Brasil foi André Rebouças, que


cursou Engenharia na Escola Militar entre 1854 e 1858. Junto ao seu
irmão, Antônio Rebouças, realizou obras ligadas ao abastecimento
de água no Rio de Janeiro, às docas Dom Pedro II e à construção das
docas da Alfândega. Os irmãos também participaram do projeto da

26
estrada de ferro, que liga Curitiba ao porto de Paranaguá.

São homenagens aos irmãos Rebouças a Avenida Rebouças, em São


Paulo, o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, a Rua Engenheiro An-
tônio Rebouças, em Porto Alegre, e o bairro Rebouças, em Curitiba.

REGULAMENTAÇÃO DA CARREIRA

A Engenharia é uma profissão considerada fundamental para


o desenvolvimento da sociedade, e tem sua atividade regulamenta-
da por leis e fiscalizada por órgãos regulamentadores.

Sabe-se que uma profissão é regulamentada quando possui


legislação própria, responsável por regularizar o seu exercício e
ordenou providências aos profissionais que nela ingressam, como
direitos, garantias e deveres da função. Sendo assim, os profissio-
nais estão submetidos ao que rege aquela lei, não importa em qual
atividade empresarial estejam inseridos. Ou seja, o engenheiro civil
que trabalha em uma empresa farmacêutica deverá obedecer ao que
determina a lei, independentemente de sua área de atuação não ser
ligada à construção.

No Brasil, a Engenharia é regulamentada pela Lei nº 5.194, de


24 de dezembro de 1966, que a define como uma profissão voltada
às realizações de interesse social.

Além disso, para que a profissão seja regulamentada, são ne-


cessários órgãos para fiscalizá-la, nesse caso, os conselhos profis-
sionais.

27
No Brasil, a profissão de Engenharia é regulamentada, con-
trolada e fiscalizada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agrono-
mia (CONFEA) e pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Agro-
nomia (CREAs). Essas instituições são autarquias públicas, ou seja,
atuam como descentralização do poder público, e possuem servido-
res, procedimentos e documentos para orientar e defender os inte-
resses dos profissionais de Engenharia no país.

Essas instituições são responsáveis por registrar, fiscalizar


e disciplinar os profissionais e as empresas de Engenharia, Agro-
nomia e Geociências. Assim, profissionais diplomados nessas áreas
somente podem exercer a profissão no Brasil após registro no CREA.

Assim, para que um engenheiro possa efetivamente exercer


sua profissão, é exigida uma dupla habilitação: a acadêmica, con-
cedida pelas instituições de ensino superior registradas no Ministé-
rio da Educação (MEC), e a profissional, concedida pelos conselhos
profissionais de engenharia.

VOCÊ SABIA?

Quando uma pessoa exerce uma profissão regulamentada por lei sem
a formação específica e a habilitação legal no conselho de classe,
está exercendo-a ilegalmente.

Uma vez graduado e registrado no conselho, o engenheiro


pode atuar no mercado de diferentes formas:

◼ Autônomo

28
Também conhecido como profissional liberal, é o profissio-
nal que presta serviços para empresas ou pessoas por um tempo es-
pecífico, sem vínculo empregatício. Essa forma de trabalho é muito
comum para engenheiros que trabalham em atividades específicas e
por tempo determinado, como é o caso do desenvolvimento de pro-
jetos. O engenheiro autônomo tem seu vínculo contratual através
da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de obra ou serviço;

◼ Empresário

O engenheiro pode prestar seus serviços através de uma em-


presa de engenharia. Para isso, além das suas obrigações fiscais e
contábeis, a empresa deve ser devidamente registrada no Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (CREA) e possuir engenheiros
no seu quadro técnico profissional (comprovado mediante ART de
cargo e função);

◼ Empregado

É o engenheiro que possui vínculo empregatício com alguma


empresa. O engenheiro empregado trabalha mediante salário e está
protegido por leis trabalhistas. Independente de carteira assinada e
contrato entre partes, ele deve ter sua ART de cargo e função, com-
provando, diante do CREA, que atua como engenheiro na determi-
nada empresa.

Anotação de Responsabilidade Técnica – ART e


Certidão de Acervo Técnico – CAT

A Anotação de Responsabilidade Técnica - ART é o docu-


mento que define, para efeitos legais, os responsáveis técnicos pelo
desenvolvimento de atividade técnica. Todo engenheiro contratado
para prestação de quaisquer serviços profissionais de Engenharia
fica sujeito à Anotação de Responsabilidade Técnica.

29
A ART é muito importante, pois garante os seus direitos au-
torais e serve como comprovante da atividade profissional. Esse do-
cumento é um comprovante de experiência profissional nacionalmente
aceito, pois registra todas as atividades técnicas desempenhadas ao
longo da carreira do engenheiro. A ART deve ser registrada pelo pro-
fissional antes mesmo da iniciação dos serviços.

Após a realização do serviço, o profissional é responsável pela


baixa da ART no CREA, o que, para efeitos legais, certifica como con-
cluída a participação do profissional em determinada atividade téc-
nica.

O conjunto das atividades desenvolvidas ao longo da vida do


profissional e registradas no CREA é denominado Certidão de Acervo
Técnico (CAT). A CAT é o instrumento que certifica, para efeitos le-
gais, os registros realizados junto ao CREA.

Ética profissional e deveres do engenheiro

É de conhecimento geral que todo profissional deve respeitar


padrões e valores da sociedade e do seu ambiente de trabalho, o que
deve ser definido no código de ética profissional.

No tocante às engenharias, elas são regidas por um Código de


Ética Profissional elaborado pelo Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA), que foi publicado pela primeira vez em 1971.
Esse código lista os fundamentos éticos, as condutas a serem segui-
das, e os direitos e deveres do profissional da Engenharia. O docu-
mento, intitulado “Código de Ética do Profissional da Engenharia,
da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia”, teve
sua 13ª edição publicada em 2020.

30
O código traz disposições sobre os princípios da profissão,
deveres dos profissionais, condutas vedadas, direitos e infrações de
ética.

Entre os direitos assegurados pelo Código de Ética Profissio-


nal do Engenheiro (CONFEA, 2020), estão:

◼ a justa remuneração;

◼ a proteção da propriedade intelectual;

◼ o direito a condições de trabalho dignas, eficazes e seguras; e

◼ o uso do título profissional.

Ainda segundo o Código de Ética Profissional, podemos listar


alguns dos deveres do engenheiro, entre eles:

◼ oferecer o seu saber para o bem da humanidade;

◼ harmonizar os interesses pessoais aos coletivos;

◼ preservar e defender os direitos profissionais.

O Código de Ética Profissional estabelece, ainda, que o profis-


sional deve estar qualificado para o desempenho das atividades que
vier a desenvolver, podendo sofrer processo ético caso não observe
essa recomendação.

No caso de infração do Código de Ética Profissional, cada


CREA possui uma Comissão de Ética para julgar denúncias em pri-
meira instância. O Plenário do CONFEA funciona como última ins-
tância de julgamento.

31
MODALIDADES DA ENGENHARIA

Se considerarmos os possíveis campos de atuação da Enge-


nharia, percebemos que eles são amplos e complexos, o que torna
impossível que uma pessoa tenha um domínio, com excelência,
de todos. Por isso, as Engenharias se subdividem em modalidades
específicas, que exigem do engenheiro conhecimento, obrigações,
habilidades e competências um pouco mais específicas, garantindo
maior eficácia e excelência ao seu trabalho.

VOCÊ SABIA?

As modalidades de Engenharia não são as mesmas em todo o mun-


do. Cada país possui Engenharias com nomes específicos, e até a
ementa das universidades diferem de um país para outro. Por exem-
plo, a Ordem dos Engenheiros da Angola reconhece modalidades de
engenharia como Minas e Petróleo ou Agronomia e Floresta, que no
Brasil são subdivididas em quatro especialidades diferentes: En-
genharia de Minas, Engenharia de Petróleo, Engenharia Agrícola e
Engenharia Florestal.

O título específico de Engenharia, no Brasil, é normalmente


adquirido através de um curso de graduação, em uma universida-
de reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), com carga horá-
ria média mínima de 3600h. Algumas modalidades são específicas de
uma pós-graduação, como é o caso da Engenharia de Segurança do
Trabalho, que só pode ser cursada após a conclusão da graduação em
engenharia ou arquitetura.

32
Elencamos abaixo algumas modalidades da Engenharia reco-
nhecidas no Brasil, ressaltando sua presença em tudo o que nos rodeia,
desde a nossa alimentação até grandes inovações tecnológicas.

Engenharia aeroespacial

Pode ser dividida em aeronáutica e astronáutica. O engenhei-


ro aeronáutico trabalha com voos dentro da atmosfera terrestre,
como helicópteros e aviões. Foguetes e satélites não são responsa-
bilidades dele.

O engenheiro astronáutico, por sua vez, é responsável pela


elaboração de projetos de aeronaves que sobrevoem a atmosfera
terrestre, bem como a fabricação de seus componentes. Também
pode trabalhar fiscalizando e orientando atividades de manutenção
desses meios.

Engenharia de alimentos

O engenheiro de alimentos trabalha na fabricação, conser-


vação, armazenamento e transporte de alimentos industrializados,
participando de todas as etapas de preparo e conservação, desde a
seleção da matéria-prima até a definição da forma de armazenar e
embalar os produtos, assegurando qualidade e segurança ao consu-
midor.

33
Engenharia ambiental

O engenheiro ambiental tem o intuito de preservar recursos


naturais e, por isso, estuda os problemas do meio ambiente para
projetar, operar e construir sistemas e soluções sustentáveis. Tal pro-
fissional se vê diante de um grande ramo de áreas em que pode atuar,
como construção civil, indústria, meio rural e qualquer outra área
em que seja necessário promover o desenvolvimento sustentável.

Engenharia biomédica

É um curso de Engenharia que envolve conteúdo da área da


saúde. O engenheiro biomédico desenvolve equipamentos médicos,
biomédicos e odontológicos, além de projetar a estrutura, realizar sua
montagem e fazer sua manutenção corretiva e preventiva.

Engenharia civil

É uma das engenharias mais antigas do mundo, e sua rele-


vância é facilmente notada pela sociedade, não só através de casas e
prédios, mas também através de obras grandiosas e complexas.

Os engenheiros civis são os responsáveis pela concepção, proje-


to, construção e manutenção de todos os tipos de infraestrutura ne-
cessários para o desenvolvimento da sociedade. São exemplos dessas
infraestruturas os edifícios, pontes, túneis, usinas geradoras de ener-
gia, indústrias e inúmeros outros.

34
No Brasil, destaca-se a construção da Usina Hidrelétrica de
Itaipu (Figura 4), uma das maiores hidroelétricas do mundo e marco
na história da engenharia civil brasileira.

Figura 4. Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2020.

Engenharia elétrica

A eletricidade foi, por muitos anos, um subcampo das faculdades


de Física. O curso de engenharia elétrica, de fato, surgiu somente por
volta de 1880.

A engenharia elétrica é fruto das áreas de tecnologia e exatas, e


tem como foco o estudo da eletricidade. Fazem parte da profissão, ain-
da, o estudo e aplicação do eletromagnetismo e da eletrônica.

No Brasil, é uma engenharia bastante abrangente, cuja atuação


compreende desde projetar e construir sistemas e equipamentos para
telefonia e comunicação em geral, passando pela Eletrônica, na qual se

35
desenvolvem circuitos eletrônicos para aquisição de dados, até dese-
nhar componentes e desenvolver sistemas de hardware e programa-
ção.

Engenharia de produção

É uma área derivada da engenharia mecânica que estuda as


linhas de produção (em série). Os profissionais se dedicam, portanto, à
concepção, melhoria e implementação de sistemas que envolvem pes-
soas, materiais, informações, equipamentos, energia e maiores conhe-
cimentos e habilidades em uma linha de produção.

Engenharia mecânica

Teve início na Revolução Industrial (século XVIII), com a


invenção da máquina a vapor, porém, só foi reconhecida por volta de
1847. É o ramo da engenharia que envolve concepção, análise, produ-
ção e operação de máquinas e ferramentas. Engenheiros mecânicos
estudam, em especial, disciplinas como mecânica, cinemática, termo-
dinâmica, ciência dos materiais, análise estrutural e eletricidade.

Engenharia química

Está presente em diversas atividades do nosso dia a dia. O en-


genheiro químico é responsável por, através dos seus conhecimentos
de química, biologia, física, computação e matemática, transformar
matérias-primas em produtos através de procedimentos químicos.

36
O engenheiro químico, portanto, orienta e supervisiona proces-
sos produtivos em indústrias. São responsabilidades desse engenheiro:

◼ controle de poluição ambiental da indústria;

◼ estudo de viabilidade econômica de um produto químico;

◼ otimização das técnicas de extração de matérias-primas; e

◼ controle da qualidade final dos produtos.

Engenharia de software

Ficou conhecida em 1968 e é, entre as áreas da engenharia,


uma das mais recentes. Alinhada à computação, atua no desenvolvi-
mento de programas, sua manutenção e adequação a diferentes pro-
cessos produtivos, de forma a garantir maior desempenho e produtivi-
dade.

SINTETIZANDO

Neste primeiro momento de aprendizado, apresentamos a você


uma breve introdução do que é a profissão de engenharia, como ela
evoluiu durante todos esses anos e quais são as principais diretrizes
para a atuação de um profissional do ramo. Assim, foram aborda-
dos temas gerais, para que você tenha o seu primeiro contato com
a profissão.

Começando pela visão geral da carreira, foram apresentados alguns


conceitos básicos, seguidos de um breve histórico da Engenharia,
com o objetivo de fazer com que você, caro(a) aluno(a), entenda

37
melhor como a profissão evoluiu e chegou à complexidade e diver-
sidade de áreas existentes atualmente.

Quanto à regulamentação da carreira, foram apresentadas as insti-


tuições e normativas que regem hoje a área. Os interesses da profis-
são, no Brasil, são representados pelo CONFEA e pelos CREAs. Fo-
ram apresentados também alguns termos técnicos que fazem parte
da rotina profissional do engenheiro, como ART e CAT. Ao adentrar
as modalidades de engenharia, mostramos que, diante dos avanços
tecnológicos, as engenharias foram ficando cada vez mais específi-
cas, para que os leitores tenham uma dimensão do quanto pode ser
complexa e extensa a competência de um engenheiro, e de como a
engenharia rodeia o cotidiano das pessoas.

Espero que a leitura tenha sido enriquecedora e prazerosa! Até a


próxima!

38
2

Objetivos
UNIDADE
◼ Abordar as principais realizações da Engenharia no século XX.

◼ Conhecer os desafios enfrentados pelos engenheiros no século


XXI.

◼ Discutir os aspectos do mercado de trabalho.

◼ Aprender sobre o desenvolvimento sustentável e as transfor-


mações digitais pela ótica da Engenharia.
Introdução
O engenheiro desenvolve e aplica soluções tecnológicas voltadas
para o bem-estar e progresso da sociedade. Para notar a contribuição
desse profissional, basta observar com atenção algumas atividades
que realizamos no cotidiano. Se você está lendo este texto em um
computador, no seu celular ou em outro dispositivo digital é porque
engenheiros, em conjunto com outros profissionais, desenvolveram
a tecnologia necessária a essa atividade. Se você está em um ambien-
te no qual a temperatura é mantida em um nível confortável, seja
com o uso de ar-condicionado ou outros sistemas de ventilação, isso
só é possível porque alguns engenheiros projetaram esses aparelhos.
Agora, faça uma pequena pausa na leitura e observe os objetos ao seu
redor. Certamente, para a grande maioria dos itens que você exami-
nou haviam engenheiros envolvidos, tanto em sua concepção quanto
no seu processo de fabricação. Note que, por meio de uma breve re-
flexão, fica claro que o papel do engenheiro é melhorar a vida das
pessoas. Ademais, se você repetir esse mesmo processo em diferentes
locais, perceberá que há inúmeros outros exemplos.

Para mostrar mais detalhes de como o engenheiro contribui para


a sociedade, este material será dividido em quatro partes. Inicialmen-
te serão apresentadas, de forma resumida, as principais realizações da
engenharia no século XX, ao passo que, na sequência, serão expostos
os principais desafios para os engenheiros no século XXI. Em seguida,
serão destacados aspectos do mercado de trabalho e do comportamento
mais dois tópicos importantes, que também são considerados desa-
fios para os engenheiros na atualidade: o desenvolvimento sustentá-
vel e as transformações digitais.

40
AS MAIORES REALIZAÇÕES DA ENGENHARIA
NO SÉCULO XX

Os engenheiros, como mencionado anteriormente, têm um


importante papel a cumprir na sociedade: desenvolver produtos e
serviços que contribuam para o nosso conforto e segurança. Embora
feitos importantes da engenharia tenham ocorrido desde a antigui-
dade, os séculos XIX e XX foram marcados pelo crescimento acen-
tuado de várias especialidades da engenharia. No início dos anos
2000, a Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos (Na-
tional Academy for Engineering – NAE) listou as 20 realizações da
engenharia no século XX que mais contribuíram para a nossa quali-
dade de vida. O comitê, formado por representantes de associações
profissionais de diversas áreas da engenharia, elegeu feitos que estão
aqui agrupados em seis temas:

◼ transporte, como automóveis, autoestradas, aviões e veículos


espaciais;

◼ utilidades, entre elas eletrificação, fornecimento e distribui-


ção de água;

◼ eletrônica, com ênfase no computador;

◼ comunicação, através do rádio, televisão, telefone e internet;

◼ bem-estar, com utilidades que mudaram o dia a dia como ar-


-condicionado, sistemas de refrigeração e eletrodomésticos;

◼ e outras tecnologias, como a mecanização da agricultura, a


imagem, o petróleo e tecnologias petroquímicas, o laser e a
fibra ótica, tecnologias da saúde e materiais de alto desem-
penho.

A seguir vamos tratar individualmente de alguns desses te-


mas.

41
Automóveis

Apesar de os primeiros automóveis movidos por motores de


combustão interna terem surgido no século XIX, foi no século XX
que a indústria automotiva se consolidou como uma das principais
consumidoras de novas tecnologias, tanto no próprio desenvolvi-
mento do automóvel quanto em seu processo produtivo. Engenhei-
ros mecânicos, eletricistas, eletrônicos, químicos, entre outras espe-
cialidades, tiveram um papel fundamental no desenvolvimento do
setor, que continua acompanhando os avanços tecnológicos para
aumentar o desempenho dos veículos e a eficiência dos processos
de manufatura.

O setor automotivo representa uma parcela importante da


estrutura industrial global na atualidade. Segundo dados da Orga-
nização Internacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Or-
ganisation Internationale des Constructeurs d’Automobiles, ou OICA),
a produção mundial de veículos automotores teve um crescimento
superior a 60% entre os anos 2000 e 2018.

A evolução desse setor não para e a cada ano sugem novas


tecnologias, designs e inovações, que repercutem fortemente no
nosso dia a dia. Contamos com os carros híbridos e elétricos, que já
são uma realidade nas ruas brasileiras. Já se fala sobre carros com
inteligência artificial e tecnologia, que se dirigem sozinhos, ou que
possuem som ambiente, sem autofalante. Há ainda a projeção de
dados de navegação no parabrisa do carro, vísivel apenas ao mo-
torista. Isso sem falar em inúmeras outras tecnologias que estão
surgindo a cada dia. Como você pode perceber, essa é uma área da
engenharia com muitas possibilidades de atuação e que beneficia
diretamente muitos setores da sociedade.

42
Autoestradas

O aumento da utilização de veículos motorizados alavancou o


desenvolvimento das autoestradas, ou vias expressas, durante o século
XX. O objetivo era facilitar o transporte entre cidades por meio de um
fluxo livre de tráfego, sem interrupções causadas por cruzamentos
ou sinais de trânsito. Os avanços no projeto e construção das vias
contaram com equipes multidisciplinares, com destaque para enge-
nheiros civis, arquitetos e geólogos.

No Brasil, o transporte rodoviário ainda é o principal meio


para o transporte de cargas: mais de 60% do transporte é realizado
pelas estradas. Além disso, de acordo com a Confederação Nacional
do Transporte (CNT), a malha rodoviária do país possui mais de 1,7 bi-
lhões de km. Nesse processo, atividades voltadas à iluminação sus-
tentável, materiais alternativos para a confecção das pistas, siste-
mas de monitoramento e segurança dessas estradas são áreas que
devem continuar em processo de evolução e inovação nos próximos
anos.

Aviões

No início do século XX, os aviões motorizados se mantinham no


ar por poucos segundos e apenas com o piloto a bordo. Atualmente, as
aeronaves comerciais de grande porte são capazes de permanecer
no ar por mais de 15 horas e cobrir distâncias acima de 10.000 km.
Os avanços tecnológicos da indústria aeronáutica ocorreram graças
a engenheiros de diversas áreas, que uniram e continuam unindo
esforços para projetar e fabricar aeronaves seguras e que possuam
alto desempenho, com maior velocidade, maior capacidade de carga e
maior autonomia de voo.

43
O transporte aéreo de cargas e de passageiros é um mercado
que exerce influência significativa na economia mundial e que continua
em expansão. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que regula e
fiscaliza as atividades e a infraestrutura da aviação civil no Brasil, man-
tém dados e estatísticas de aeronaves, aeroportos e outras informações
relevantes do setor, mas é perceptível que, nas próximas décadas, aviões
maiores e com mais passageiros serão realidade, assim como uma maior tec-
nologia de comunicação, combustíveis sustentáveis e ecológicos e amplo uso de
tecologia da informação nas aeronaves, com ênfase em AI e IoT.

Veículos espaciais

A exploração espacial foi um feito importante do século XX. Além


disso, uma conquista significativa para a engenharia foi o lançamento
dos satélites artificiais no espaço. Hoje, há milhares de satélites orbitan-
do o nosso planeta, e muitos deles enviam informações importantes para
uma série de aplicações como, por exemplo, sistemas de posicionamento
(o GPS, ou Global Positioning System), previsões meteorológicas e a co-
municação sem fio.

Mas são os veículos espaciais propriamente ditos que tem


apresentado grande evolução e certamente revolucionarão as En-
genharias aplicadas a esse setor. Empresários como Elon Musk e
Jeff Bezos estão transformando a tecnologia aplicada aos veículos
espaciais em uma ferramenta para o desenvolvimento do turismo
espacial. Em julho de 2021, Bezos, com mais 3 passageiros, realizou
o primeiro voo tripulado de sua empresa, a Blue Origin. Diferente de
Bezos, Elon Musk não participou do voo de sua empresa, a SpaceX,
mas o foguete Falcon decolou com 4 passageiros civis, fato consi-
derado um marco, pois além de ser o primeiro voo orbital realizado
apenas com passageiros civis, é também, até o momento, o voo com
humanos que mais chegou longe desde o programa Apollo.

44
Eletrificação

Inúmeras atividades executadas na sociedade moderna en-


volvem o uso de energia elétrica. Engenheiros de diferentes especiali-
dades estão envolvidos nas etapas de geração, transmissão e distribuição
de eletricidade. Nomundo,a maior parcela da energia elétrica consumida é
gerada a partir da queima de combustíveis fósseis em usinas termelétri-
cas.Uma parcela menor é produzida por fissão nuclear em usinas nuclea-
res ou por meio de fontes renováveis, como o fluxo de água nas usinas hi-
drelétricas, a força do vento utilizada pelas usinas eólicas, a energia solar
e a energia geotérmica.

A maior parte da energia elétrica produzida no Brasil é gerada a


partir da energia hidráulica, ao passo que, na matriz energética mundial
(distribuição percentual das fontes disponíveis para geração de ener-
gia elétrica), o uso do carvão ainda é predominante. Contudo, em todo o
mundo, tem se buscado a ampliação de fontes alternativas e sustentáveis de
geração de energia.

Fornecimento de água

Obter água potável foi outro desafio do século XX. Os primei-


ros sistemas de tratamento eram projetados para remover partículas
sólidas em suspensão através da utilização de processos de filtragem.
Como nem todos os microrganismos eram eliminados dessa maneira, o
cloro passou a ser utilizado como agente desinfetante. Posto isso, pode-
-se afirmar que os avanços nos sistemas de tratamento e distribuição de
água foram fundamentais para a redução de casos de doenças associadas à
ingestão de água contaminada em alguns países, mas ainda é grande o
número de crianças que morrem vítimas da diarreia decorrente da água
inadequada ao consumo.

45
Dessa forma, é necessário ressaltar que ainda há um grande ca-
minho a trilhar para a ampliação da oferta de água potável, para a ins-
talação de saneamento básico e higiene adequada em vários países. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém dados atualizados sobre
a porcentagem da população com acesso a serviçosde água com caracte-
rísticas próprias para o consumo; em 2019, 71% da populaçãomundial se
enquadrava nessa condição, o que nos leva a perceber que aproximada-
mente 1 a cada 3 pessoas no mundo não tem acesso a água potável. Já no
Brasil, dados específicos por região podem ser consultados nos relatórios
da Agência Nacional de Águas (ANA).

Computador

O computador, para atingir as características que conhecemos


hoje, passou por muitas transformações. Dos milhares de válvulas ele-
trônicas utilizadas nos aparelhos da primeira geração até o advento dos
circuitos em miniatura compostos por dispositivos semicondutores, fo-
ram inúmeros os desafios para os engenheiros.

O final do século XX foi marcado pelo crescimento expressivo do


número de computadores pessoais, que se tornam cada vez mais rápidos,
compactos e acessíveis. A capacidade de armazenamento e a velocidade
de processamento transformaram a tecnologia ligada à área computa-
cional em algo acessível a todos e viabilizaram a evolução tecnológica
mundial em larga escala.

Rádio e televisão

O rádio foi desenvolvido no início do século XX e seu uso difun-


diu-se rapidamente após a Primeira Guerra Mundial; logo em seguida,

46
surgiram os primeirostelevisores. Esses dois aparelhos revolucionaram
a comunicação, e os avanços por eles propiciados até o final do século XX
são notáveis. Os televisores de tubo, que dominaram o mercado até a dé-
cada de 1990, foram substituídos pelas TVs com tela de cristal líquido, ou
Liquid Crystal Display - LCD. Posteriormente, foram substituídos pelas telas
de plasma e, em seguida, pelas TVs de LED, ou Light Emission Diode – dio-
do emissor de luz.

Seguindo a evolução das TVs de LED, nós temos, no momento em


que estamos escrevendo, as tecnologias OLED, QLED, MicroLED e Mi-
niLED. Contudo, o mais importante é perceber que as TVs se tornaram
muito mais do que uma tela em que se transmite algo. Com a chegada
das Smarts TVs 4K, assistir TV virou uma experiência interativa e com
inúmeras possibilidades de interface com outras tecnologias.

Telefone

O telefone também foi uma invenção que causou um impac-


to significativo na vida moderna. Com o desenvolvimento dos circuitos
integrados e o avanço dos sistemas de transmissão e recepção, surgi-
ram os telefones celulares. Em 2022, a venda de celulares, no mun-
do, deve ultrapassar 6,5 bilhões de unidades.

Internet

Os primeiros passos para a criação de uma rede mundial de


computadores interconectados começou na segunda metade do sécu-
lo XX. Inicialmente com uso restrito para fins militares, a internet foi
difundida mundialmente nos anos 90, quando engenheiros e cientis-
tas da computação desenvolveram o protocolo para a transferência de

47
hipertexto (HTTP – Hypertext Transfer Protocol), que é a base para a
comunicação de dados na World Wide Web.

De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, mais


de 50% da população mundial já utilizava a internet em 2019. Em 2022, o
número de usuários de internet se aproxima de 63% da população mundial, nú-
mero que vem em constante crescimento ao longo dos anos.

Vale lembrar que, com a chegada e democratização da tecnologia 5G, de-


vemos observar nos próximos anos um avanço de todos os aspectos da tecnologia
aplicados à internet.

Eletrodomésticos, Ar-condicionado e sistemas de


refrigeração

Os engenheiros tiveram um papel fundamental na incorporação


de novas tecnologias às funções clássicas de muitos eletrodomésticos.
Alguns itens que se destacaram e se estabeleceram no mercado do século
XX, embora muitos tenham sido inventados no século anterior, são:
aspirador de pó e ferro de passar roupa, refrigeradores, lavadoras e
secadoras de roupas, fornos micro-ondas.

Contudo, o desenvolvimento dos sistemas de refrigeração e cli-


matização de ambientes no século XX também foi fundamental para a
melhoria do conforto térmico em instalações comerciais e residenciais,
contribuindo também para o avanço dos sistemas de armazenamento
e transporte de alimentos. A Agência Internacional de Energia, ou In-
ternational Energy Agency (IEA), estima que, em 2050, cerca de 2/3 das
casas no mundo terão pelo menos um ar-condicionado. Isso justifica a
concentração de esforços da engenharia para projetar sistemas mais efi-
cientes, com menor custo e impacto ambiental.

48
Mecanização da agricultura

O desenvolvimento de máquinas e equipamentos agrícolas


mecanizados, como, por exemplo, tratores, colheitadeiras, pulveriza-
dores e semeadoras, contribuiu de forma significativa para o aumento
da produtividade do setor. Engenheiros foram responsáveis por uma
transformação importante no início do século XX: a introdução de mo-
tores de combustão interna em tratores. Em comparação com os seus
predecessores movidos a vapor, os tratores movidos a gasolina, mais le-
ves e mais compactos, eram capazes de realizar mais funções e tinham
maior autonomia: um tanque de combustível era suficiente para um dia
completo de trabalho.

Imagem e tecnologias da saúde

A captura de imagens para expandir a capacidade de observar


detalhes de objetos além do nosso campo de visão é um desafio cons-
tante para cientistas e engenheiros. Alguns destaques são: o desenvol-
vimento da microscopia eletrônica, de radares, técnicas de difração de
raios X, ultrassom e métodos de imagem para diagnóstico de tumores.
Dessa maneira os engenheiros contribuíram de forma significativa para
os avanços da medicina no século XX, revolucionando os tratamentos de
saúde e ampliando as possibilidades de diagnóstico e cura.

Petróleo e tecnologias petroquímicas

Durante o século XX, engenheiros químicos e cientistas desen-


volveram métodos mais eficientes para o refino do petróleo, cujos de-
rivados foram os principais combustíveis de automóveis, aeronaves,

49
máquinas agrícolas e equipamentos industriais. Também foi um século
marcado pelo surgimento dos materiais poliméricos, os plásticos sin-
tetizados em laboratório, cuja principal matéria-prima é o petróleo.
Também merecem destaque os avanços tecnológicos que viabilizaram
a exploração do petróleo em mar aberto (offshore) e em águas ultra-
profundas, localizadas a mais de 1.500m de profundidade.

Laser e fibra ótica

A substituição dos condutores de cobre por fibras óticas e lasers


nos sistemas de comunicação é considerada uma revolução tecnológi-
ca do século XX. Além disso, a grande maioria dos dados da internet é
transmitida por fibras óticas, e estima-se que haja mais de um milhão
de quilômetros de cabos conectando diferentes partes do planeta. Há
também o desenvolvimento de tecnologias a laser, que foram impor-
tantes para as áreas de medicina e manufatura.

Materiais de alto desempenho

O século XX foi marcado por avanços significativos na pesquisa e


desenvolvimento de materiais metálicos, poliméricos, cerâmicos e com-
pósitos. Os engenheiros e cientistas de materiais tiveram e continuam
tendo um papel importante nessas transformações, que foram fun-
damentais para o desenvolvimento de vários tipos de produtos, como
automóveis, aeronaves, roupas, eletrônicos, entre outros.

50
OS DESAFIOS PARA O ENGENHEIRO NO
SÉCULO XXI

Em 2008, a Academia Nacional de Engenharia dos Estados Uni-


dos formou um grupo de especialistas em diversas áreas do conheci-
mento para identificar os desafios para a engenharia no século XXI.
Os 14 itens listados pelo comitê foram:

◼ promover a aprendizagem personalizada;

◼ tornar a energia solar economicamente viável;

◼ aprimorar a realidade virtual;

◼ desenvolver a engenharia reversa do cérebro;

◼ aperfeiçoar medicamentos;

◼ aprimorar o uso da informática na saúde;

◼ restaurar e melhorar a infraestrutura urbana;

◼ intensificar a segurança no ciberespaço;

◼ proporcionar maior acesso à água potável;

◼ fornecer energia a partir da fusão nuclear;

◼ evitar ataques nucleares;

◼ gerenciar o ciclo do nitrogênio;

◼ desenvolver métodos para captura ou sequestro de carbono;

◼ elaborar ferramentas para descobertas científicas.

Note que os 14 itens elegidos estão vinculados a quatro temas


principais: sustentabilidade, saúde, segurança e bem-estar.

51
ACESSE

Confira detalhes sobre os 14 desafios no site da Academia Nacional de Enge-


nharia dos Estados Unidos, a National Academy of Engineering (NAE).

O engenheiro também exerce um papel importante no desen-


volvimento sustentável. Sua participação, juntamente com profissio-
nais das mais variadas áreas do conhecimento, é fundamental para o
desenvolvimento de soluções viáveis que contribuam para atingir as
metas correspondentes aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Susten-
tável (ODS) definidos pelos países membros da Organização das Nações
Unidas em 2015, como pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Objetivos de desenvolvimento sustentável.

Fonte: ONU, 2015.

52
TRANSFORMAÇÕES DIGITAIS NA INDÚSTRIA

Os avanços da tecnologia da informação deram origem à indús-


tria 4.0, um conceito que desde 2011 vem sendo considerado como a
quarta revolução industrial. Essas transformações demandam a atua-
ção de praticamente todas as especialidades da engenharia, uma vez
que a aplicação da indústria 4.0 exerce impacto direto no trabalho des-
ses profissionais.

O foco desta concepção é a aquisição e análise de dados por meio


de sistemas inteligentes interconectados, a fim de que sejam incorpo-
rados aos sistemas de gerenciamento das organizações. O desenvolvi-
mento da indústria 4.0 está ligado ao avanço de nove áreas da tecnolo-
gia:

◼ big data;

◼ robôs autônomos;

◼ manufatura aditiva;

◼ simulação computacional;

◼ integração de sistemas;

◼ computação em nuvem;

◼ internet das coisas (em inglês, internet of things ou IoT);

◼ segurança cibernética;

◼ e tecnologias de visualização.

53
Big data

O termo “big data” é utilizado para designar um conjunto amplo


de dados que pode ser analisado com o uso de ferramentas computacio-
nais, a fim de determinar tendências e padrões de comportamento. No
meio industrial, a infraestrutura para o gerenciamento de dados deve
ser composta por sistemas de aquisição, integração, processamento,
armazenamento e análise de dados. O uso desse conceito em processos
de fabricação, por exemplo, pode contribuir para a determinação de con-
dições operacionais que aumentem a eficiência do uso de recursos. Um
dos desafios para os engenheiros neste cenário é a obtenção de dados,
muitas vezes em tempo real, que representem adequadamente os parâ-
metros do processo.

Robôs autônomos

O uso de metodologias de inteligência artificial permite que ro-


bôs equipados com câmeras e sensores realizem operações de manufa-
tura, como fabricação e montagem, por exemplo, e utilizem o histórico
de dados para aprimorar o processo.

Manufatura aditiva

A manufatura aditiva é uma tecnologia que permite a produção


de objetos tridimensionais a partir de modelos digitais. A matéria-prima,
que pode ser em formade pó, líquido ou lâmina, é depositada em finas ca-
madas para construir o produto. Apesar das inúmeras vantagens dessa
tecnologia como, por exemplo, a customização, a maior velocidade de
fabricação e a possibilidade de obter peças com geometrias mais com-

54
plexas, se comparada com processos convencionais como a manufatura
subtrativa, ela ainda apresenta desafios para os engenheiros, relativos
à aplicação efetiva dessa tecnologia na produção de itens em escala in-
dustrial. O comportamento mecânico de alguns materiais obtidos por
manufatura aditiva, por exemplo, ainda não atende às exigências de al-
gumas áreas de aplicação.

Simulação computacional

A simulação computacional permite que produtos, processos de


fabricação e até mesmo instalações industriais completas sejam ana-
lisados antes de serem, de fato, construídos. O objetivo é submeter os
sistemas avaliados a diferentes condições, a fim de que os parâmetros
que resultem em maior desempenho seja identificados. A simulação,
tanto do comportamento físico de um objeto quanto do fluxo de opera-
ções em um processo produtivo, é uma ferramenta que auxilia o proces-
so de tomada de decisão.

Integração de sistemas

Na indústria de manufatura, a integração de sistemas en-


volve a conexão entre diferentes partes do processo para formar um
sistema de gerenciamento mais amplo. Esse sistema pode também
estar conectado com operações externas à organização. Os principais
desafios relacionados ao uso dessa tecnologia estão associados com o
gerenciamento de dados como coleta, armazenamento e integração, e
com a atualização de sistemas existentes.

55
Computação em nuvem

A computação em nuvem, ou cloud computing, em inglês, é uma


tecnologia essencial para a integração de sistemas na indústria 4.0.
O seu uso agiliza a transmissão de dados entre diferentes partes do
sistema.

Internet das coisas

Na indústria 4.0, o papel da internet das coisas, ou IoT, é conec-


tar partes da cadeia produtiva por meio de dispositivos eletrônicos. O
principal desafio para os engenheiros, assim como nos sistemas de in-
tegração, é o gerenciamento de dados.

Segurança cibernética

O fluxo de dados em sistemas que operam segundo os concei-


tos da indústria 4.0 é elevado. Portanto, a segurança das informações
armazenadas e transferidas é um aspecto importante, que deve ser
levado em consideração pelas organizações. Um dos desafios da se-
gurança cibernética está relacionado com a falta de capacidade técnica
de alguns dispositivos e dificuldades associadas com a integração de
sistemas.

Tecnologias de visualização

A realidade aumentada, ou augmented reality (AR), e a realidade


virtual, ou virtual reality (VR), são duas tecnologias de visualização que
integram projeções virtuais com ambientes reais. A adição de elementos
virtuais, como objetos ou cenários, por exemplo, tem como objetivo
enriquecer a percepção humana nas mais variadas situações. Uma
aplicação bastante explorada dessas tecnologias na indústria re-

56
laciona-se à capacitação de operadores: em algumas ocasiões, o uso
de interfaces gráficas para simular diferentes cenários pode ser uma
etapa importante do treinamento.

Para finalizar o nosso capítulo, é importante ressaltar que já


começamos a falar em Indústria 5.0, com foco no desenvolvimento
de tecnologias mais eficientes para as indústrias e para o planeta,
ressignificando o papel do ser humano no processo.

O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

A engenharia é um campo que recebe cada vez mais destaque no


mercado de trabalho. O principal diferencial do engenheiro é a capaci-
dade de resolver problemas complexos com o uso da tecnologia.

Sendo assim, neste capítulo, serão apresentadas em detalhes as


principais competências técnicas e comportamentais desse profissio-
nal, além de suas ocupações no mercado de trabalho atual.

Competências técnicas e comportamentais

O engenheiro, assim como qualquer outro profissional, preci-


sa desenvolver uma série de competências para que possa desempe-
nhar sua função de forma efetiva. Essas competências precisam ser
aprimoradas e praticadas durante toda a sua formação. No Brasil, o
Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Curricula-
res Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em engenharia,
objetivando formar engenheiros com maior capacidade de atender
às exigências do mercado de trabalho.

57
Na versão homologada em 2019, o documento, que se aplica a
todos os cursos de engenharia no país, estabelece que o engenheiro
deve possuir, entre outras, as seguintes características:

◼ ter visão holística e humanista, ser crítico, reflexivo, criativo,


cooperativo, ético e possuir forte formação técnica;

◼ estar apto a pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas


tecnologias com atuação inovadora e empreendedora;

◼ ser capaz de reconhecer as necessidades dos usuários, formular,


analisar e resolver, de forma criativa, os problemas de enge-
nharia;

◼ adotar perspectivas multidisciplinares e transdisciplinares em


sua prática;

◼ considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais,


ambientais e culturais, além da segurança e saúde no trabalho;

◼ atuar com isenção e comprometimento, tanto com relação à res-


ponsabilidade social quanto com o desenvolvimento sustentá-
vel.

DICA

As Diretrizes Curriculares Nacionais foram reformuladas em 2019 com o


intuito de que a formação do engenheiro acompanhe as constantes trans-
formações na indústria. O documento, na íntegra, está disponível no site do
Ministério da Educação.

58
Note que, além das competências técnicas, há uma série de
competências comportamentais necessárias para o exercício da profis-
são de engenheiro. Essas qualidades, desejáveis para qualquer área de
atuação, estão relacionadas com os aspectos listados abaixo.

◼ Relações humanas.

◼ Ética profissional.

◼ Aperfeiçoamento contínuo.

◼ Comunicação efetiva.

◼ Trabalho em equipe.

◼ Adaptabilidade.

◼ Liderança.

Há, ainda, competências específicas que variam de acordo


com a área de atuação do profissional. Informações adicionais sobre
cada área são fornecidas pelas associações nacionais correspondentes
a cada atividade.

SINTETIZANDO

No início de nossa leitura, vimos que o engenheiro tem um papel im-


portante no desenvolvimento de soluções que impactam nossa qua-
lidade de vida. Desde simples objetos do nosso cotidiano até as grandes
realizações do século XX, a atuação do engenheiro foi essencial para
desenvolver e colocar em prática inúmeros produtos e serviços que
geraram e continuam gerando impacto significativo na sociedade, e
sua participação continua sendo essencial para enfrentar os desa-
fios do século XXI.

59
Abordamos também as diversas competências necessárias ao exercí-
cio da profissão de engenheiro, abordando tanto os aspectos técnicos
como os aspectos sociais relacionados a esse profissional.

Encerramos por aqui, caro(a) estudante! Espero que a leitura tenha sido
enriquecedora! Até a próxima!

60
3

Objetivos
UNIDADE
◼ Realizar um relato histórico da Segurança do Trabalho no
Brasil e no mundo, contextualizando as práticas de Segurança
ao longo tempo.

◼ Apresentar diversos termos técnicos associados à área da Se-


gurança.

◼ Tratar da legislação aplicada à área, com enfase nas Normas


Regulamentadoras existentes.
Introdução

Olá, aluno(a)! Que bom ter você de volta!

Neste material nós iremos realizar um breve relato histórico


da Segurança do Trabalho no Brasil e no mundo, contextualizando
as práticas de Segurança ao longo tempo. Na sequência, apresen-
taremos diversos termos técnicos associados à área da Segurança
e trataremos da legislação aplicada à área, com ênfase às Normas
Regulamentadoras existentes. A segurança no trabalho é um tema
muito importante para a sua jornada profissional, já que, nos dias
de hoje, é impossível imaginar uma empresa, independente de seu
tamanho, sem políticas e programas de saúde e segurança do tra-
balho implantados. A engenharia de segurança tem como premis-
sa a prevenção de doenças ocupacionais e de acidentes de trabalho
(YAMAKAMI, 2013). A cada dia, em todo o mundo, milhares de tra-
balhadores perdem suas vidas ou sofrem algum tipo de prejuízo à
sua saúde devido a doenças ocupacionais, que representam uma das
grandes “epidemias silenciosas” da atualidade.

Em parte desses casos, o pior acontece por negligência, fal-


ta de precisão de diagnósticos médicos, ausência de acompanha-
mento, precariedade de atendimentos etc. É imprescindível que a
prevenção primária de riscos nos locais de trabalho seja posta em
prática para que seja resolvido ou ao menos amenizado o problema
das doenças ocupacionais (GOELZER, 2014).

Vamos nos aprofundar no tema? À leitura!

62
UM BREVE HISTÓRICO GLOBAL

A percepção de que efetuar uma atividade produtiva traz


consigo a possibilidade de desenvolvimento de alguma doença e/
ou prejuízo à saúde do trabalhador não é algo recente, existindo re-
gistros desse fato desde os anos 2360 a.C, no Antigo Egito. Relatos
históricos comprovam que o cuidado com a saúde dos trabalhadores
só passa a ser efetivamente real após a Revolução Industrial, que se
iniciou na Inglaterra e se espalhou para os demais países, tornando
visível o desenvolvimento tecnológico.

A partir disso, alguns pequenos trabalhos foram publicados


nos séculos XV e XVI, entre eles um panfleto sobre higiene ocupa-
cional, datado de 1473, e um texto sobre os fatores de risco do tra-
balho associados à mineração, indústria muito forte na época, de
autoria do alemão Georgius Agrícola e publicado em 1556 (SANTOS
et al, 2004).

Segundo este autor, durante o século XVI, os avanços da hi-


giene ocupacional foram nulos e, somente em 1700, seria publicada
a primeira edição do livro “De Morbis Artificum Diatriba”, no qual o
autor Bernadino Ramazzini indicava os cuidados necessários para a
redução dos fatores de riscos de mais de cinquenta atividades pro-
fissionais existentes na época, o que lhe rendeu o título de “pai da
medicina do trabalho”.

A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial,


aconteceram inúmeros avanços tecnológicos, como a invenção
da máquina a vapor, em 1781, por James Watts, e do regulador
automático de velocidade, em 1785. Além destes, outros sinais
prevencionistas começaram a surgir por volta de 1830, na Ingla-
terra, e ganharam reforços após as duas grandes guerras que as-
solaram a Europa nos anos seguintes.

63
Nesse período, notou-se que era preciso manter os ope-
rários com saúde, ou a guerra econômica também estaria per-
dida. Foi durante a Primeira Guerra que estudos intensos foram
feitos, até que fossem desenvolvidas máscaras militares capazes
de proteger soldados de poeiras tóxicas e gases nocivos, comuns
entre os armamentos bélicos. Este foi, provavelmente, o maior
avanço da época na área de respiradores.

Os avanços nas indústrias também trouxeram outras per-


cepções importantes a respeito da saúde do trabalhador. Geor-
ge Baker atribuiu o nome “cólica de Devonshire” à utilização de
chumbo, tendo forte influência na suspensão de seu uso na in-
dústria do vinho e da cidra. Em 1788, Percival Pott reconheceu a
fuligem das chaminés como uma das causadoras do câncer es-
crotal e, a partir daí, iniciou-se na Inglaterra o Ato dos Limpa-
dores de Chaminés (SANTOS et al, 2004). Em 1901, ocorreria um
grande divisor de águas para a época, o chamado Factory Act bri-
tânico, que iniciou a regulamentação das ocupações perigosas.

A essa altura, o continente americano também já dava seus


passos rumo ao reconhecimento da importância do cuidado com
a saúde do trabalhador. Em 1900, Alice Hamilton se tornou a pri-
meira mulher em Harvard a escrever sobre o assunto, lançando o
trabalho “Explorando as ocupações perigosas”. Em 1911, ocorria
a primeira conferência nacional sobre doenças industriais nos
Estados Unidos. Por fim, em 1914, o Serviço Nacional de Saúde
Pública (USPHS) organiza a divisão de Higiene Industrial, sendo
criada uma graduação específica para este tema, anos mais tar-
de, na Universidade de Harvard.

Em 7 de abril de 1948, foi criada a Organização Mundial da


Saúde (OMS), agência especializada em saúde e vinculada à Orga-
nização das Nações Unidas (ONU), que, até hoje, se mantém como
o órgão máximo quanto a orientações referentes à saúde humana,
fato comprovado mundialmente durante a Pandemia de Covid-19,
que teve início em 2020.

64
Um marco para a Segurança dos Trabalhadores foi o forta-
lecimento dos movimentos sindicais. Apesar de existirem, mun-
dialmente, desde 1824, quando parlamento inglês aprovou a livre
associação aos operários, o movimento sindical no Brasil ganha
força nos anos 1940 e, mesmo com as restrições impostas pela Era
Vargas e sofrendo o impacto do Golpe Militar de 1964, volta a ter
força no final da década de 1970. No mundo, nas décadas de 1960 e
1970, principalmente nos países já desenvolvidos, os movimentos
sindicais que representavam os trabalhadores e suas reivindicações
também ganham força política.

CURIOSIDADE

Substâncias genotóxicas são aquelas que interagem com o DNA,


produzindo alterações em sua estrutura ou função. Quando essas
alterações se tornam capazes de ser transmitidas, elas são denomi-
nadas mutações.

Segundo Gomes (2012):

foi apenas após a Constituição Federal


de 1988 que a legislação trabalhista co-
meçou a se adequar, embora desde 1943
existissem leis para reger as relações de
trabalho, como a Consolidação das Leis
trabalhista (CLT), e posteriormente a Lei
de Planos de Benefícios da Previdência
Social.

65
Nos anos 1990, a higiene ocupacional deu início a uma nova
forma de atuação por meio de programas de gerenciamento e pre-
venção, tornando-os prioridade dentro das empresas, visto que
os limites de tolerância se tornaram cada vez mais baixos e novas
substâncias cancerígenas foram descobertas (SANTOS et al, 2004).

Nos anos de 2020 e 2021, com a Pandemia da Covid-19, hou-


ve um novo momento para a área da Segurança do Trabalho. Como
forma de viabilizar a manutenção das atividades laborais, os pro-
fissionais da área passaram a aplicar de protocolos de segurança e
medidas administrativas, comprovando a importância fundamental
da Segurança do Trabalho na gestão de riscos e na higiene e saúde
do trabalhador.

Após todos esses avanços ocorridos ao longo da história, per-


cebe-se que, além de reparar os danos causados por eventuais aci-
dentes ou curar alguma enfermidade dos trabalhadores, também é
fundamental evitar que esse tipo de prejuízo ocorra, prevenindo e
antecipando as ações de saúde e segurança do trabalhador.

Desse modo, fica claro que, ao longo das últimas décadas,


importantes fatos mudaram as metodologias de trabalho e as le-
gislações trabalhistas no Brasil e ao redor do mundo, ficando
a cargo dos profissionais de segurança a aplicação e o respeito
à legislação existente.

Segurança e Higiene do Trabalho no Brasil

Ao longo dos anos, alguns acontecimentos marcaram impor-


tantes avanços no tocante a políticas públicas de segurança do tra-
balho e à saúde e segurança do trabalhador brasileiro. No Brasil, até
1930, existiam apenas quatro leis pertinentes ao Seguro Social dos

66
Trabalhadores (CHIBINSK, 2011). Eram elas:

◼ a Lei nº 3.724, que tornava compulsório o seguro contra o ris-


co profissional;

◼ o Decreto nº 16.027, que criou o Conselho Nacional do Traba-


lho;

◼ a Lei nº 4.682, que instituiu uma Caixa de Aposentadoria e


pensões; e

◼ a Lei nº 5.109, que estendeu o regime das caixas de aposenta-


doria às empresas portuárias.

Com o tempo, legalmente amparados e com dados científi-


cos em mãos, instituições, indústrias e empregadores assumiram a
premissa de que a ocorrência de acidentes não era aleatória e que
a probabilidade era sinalizada pelos riscos associados aos próprios
postos de trabalho. Em suma, notou-se que, quanto maior fosse o
espectro de riscos que um levantamento viesse a cobrir, maior seria
a possibilidade de se evitar a ocorrência de um acidente de trabalho
naqueles ambientes.

No Brasil, a ciência que estuda os ambientes de trabalho,


juntamente à prevenção de doenças atreladas a eles, é comumente
chamada de Higiene Ocupacional, Higiene do Trabalho ou Higie-
ne Industrial. Estes dois últimos termos, na verdade, contemplam
a higiene ocupacional como um todo, até mesmo porque a higiene
ocupacional opera em conjunto com outras áreas, como, por exem-
plo, a medicina, a ergonomia e a sociologia (CHAGAS; SALIM; SER-
VO, 2012).

A higiene ocupacional, como ciência praticada profissional-


mente, só foi reconhecida oficialmente no Brasil em agosto de 2014,
graças à sua inclusão na Classificação Brasileira de Ocupações - CBO
(GOELZER, 2014). Ela tem por objetivo a prevenção de doenças ocu-
pacionais, por meio da antecipação, do reconhecimento, avaliação
e do controle dos agentes ambientais, em conjunto com a medicina

67
ocupacional, cujo foco consiste predominantemente no indi-
víduo. De acordo com o comitê misto constituído pela OIT e OMS,
os objetivos da higiene ocupacional em seu âmbito de atuação são
(SANTOS et al, 2004):

◼ manter o bem-estar físico, mental e so-


cial dos trabalhadores no mais alto nível;

◼ evitar que condições de trabalho causem


danos ou prejuízos aos trabalhadores;

◼ proteger os trabalhadores dos riscos exis-


tentes em seus ambientes de trabalho;

◼ considerar as aptidões fisiológicas e psi-


cológicas do trabalhador quanto à sua
função;

◼ adaptar o trabalho ao trabalhador e vice-


-versa.

Os agentes ambientais tradicionalmente considerados pela


higiene ocupacional são os agentes físicos, químicos e biológicos.
No entanto, os itens contemplados podem ser ampliados, consi-
derando, por exemplo, aqueles referentes à ergonomia, já que os
mesmos agentes ambientais que representam risco na higiene ocu-
pacional serão elementos de desconforto na ergonomia, como, por
exemplo, o ruído, o calor e a iluminância.

Existem, porém, alguns gargalos para o sucesso de um pro-


cesso de implantação de Políticas de Saúde e Segurança do Tra-
balhador (SST), tanto em grandes como em pequenas empresas.
Dentre eles, podemos apontar a real inserção do trabalhador nessas
políticas, o envolvimento da alta direção da empresa, a postura das
chefias de SST perante os outros colaboradores e a naturalidade com
a qual os processos serão executados, em conjunto com o próprio
processo produtivo fabril.

68
Além desses fatores, que podem gerar dificuldade na gestão
da segurança do trabalho, no dia 7 de janeiro de 2019, o Governo
Federal brasileiro anunciou a extinção do Ministério do Trabalho,
Emprego e Previdência (MTE), incorporando as pastas a outros Mi-
nistérios como, por exemplo, os Ministérios da Economia, da Cida-
dania e da Justiça e Segurança Pública. No entanto, além da Cons-
tituição Federal e das legislações trabalhistas previstas na CLT, as
Normas Regulamentadoras (NRs) do extinto Ministério do Trabalho
continuam em vigor, correspondendo à legislação básica que rege a
Segurança do Trabalho no Brasil. Elas constituem observância obri-
gatória, por parte de empresas públicas e privadas que contratem
pelo regime da CLT.

A elaboração/revisão das NRs compete ao Ministério do Tra-


balho ou ao órgão equivalente, por meio de um sistema tripartite
paritário de grupos e comissões, formado por representantes dos
empregados, empregadores e também do Governo. Em janeiro de
2020, o Governo anunciou o fim de um processo de revisão e mo-
dernização de algumas NRs, como, por exemplo, as de número 7,
9, 15, 18 e 20. Os novos textos já estão em vigor e fazem parte de um
processo iniciado em 2019. Com a revogação das NRs 2 e 27, que tra-
tavam de inspeção prévia e registro profissional do técnico de segu-
rança do trabalho, respectivamente, hoje estão em vigor 35 normas
que contemplam os mais variados ambientes de trabalho.

O ambiente de trabalho

Diante de todo o exposto, resta explorarmos os parâmetros


responsáveis por determinar se um ambiente de trabalho é salubre,
saudável e seguro, ou não. Dada a infinidade de profissões e ativi-
dade existentes atualmente, existe também uma gama enorme de
condições e diretrizes que devem ser obedecidas em cada um dos
possíveis ambientes de trabalho. Esses parâmetros servem para que
o trabalhador labore em perfeitas condições de saúde e segurança,

69
mas, devido ao grande número de variantes, cada um destes am-
bientes de trabalho também traz diversos riscos.

Em muitas das NRs encontramos a indicação de que é dever do


empregador comunicar, instruir e informar seus empregados sobre
os riscos existentes no ambiente de trabalho, bem como fornecer
condições para que eles sejam eliminados ou amenizados. Existem
diversas formas de criar essa relação entre empregado e emprega-
dor, de forma que o ambiente de trabalho se torne o mais agradável
possível. O Diálogo Diário de Segurança (DDS), por exemplo, é uma
das ferramentas de melhoria existentes na gestão de segurança e
está previsto como uma das opções a serem implementadas pelo
SESMT (BRASIL, [s.d.]).

SESMT

O Serviço Especializado em Segurança e em Medicina do Tra-


balho - SESMT, mencionado nas NRs, possui sua própria base de
orientação, disposta pela Norma Regulamentadora nº 04, e prevê
que as empresas devem obrigatoriamente manter o SESMT no in-
tuito de proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho,
bem como zelar pela sua saúde (BRASIL, [s.d.]).

O dimensionamento do serviço é feito de acordo com a gra-


dação de risco da atividade principal da empresa e com o número
total de empregados, seguindo as orientações dos Quadros I e II da
NR-04, respectivamente.

Dentre os profissionais que compõem a equipe do SESMT es-


tão o médico do trabalho, o engenheiro de segurança do trabalho,
o técnico de segurança do trabalho, o enfermeiro do trabalho e o
auxiliar ou técnico em enfermagem do trabalho. Aos profissionais
membros do SESMT, compete, por exemplo:

70
◼ aplicar os conhecimentos de engenharia e de medicina do tra-
balho;

◼ determinar a utilização de EPI quando esgotados todos os


meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir,
mesmo reduzido;

◼ colaborar nos projetos e na implantação de novas instalações;

◼ realizar atividades de conscientização, educação e orientação;

◼ registrar todos os acidentes, todos os casos de doença ocupa-


cional etc.

Além de riscos físicos, químicos, biológicos e eventuais con-


dições de periculosidade que podem existir nos diversos tipos de
ambientes de trabalho, ainda existem as doenças ocupacionais,
muito comuns, sobretudo, nas últimas décadas. Esse tipo de doen-
ça é gerado, adquirido ou desencadeado pelo exercício de uma
dada atividade ou em função de condições específicas de trabalho
(ANAMT, 2017).

É importante que todos tenham em mente que um profissional


que desenvolve uma doença ocupacional possui os mesmos direitos
legais de um trabalhador que se envolva em um acidente de
trabalho, por exemplo. As equipes do SESMT, sobretudo os médicos
e enfermeiros do trabalho, devem estar atentas aos primeiros si-
nais de desconforto físico, mental ou psicológico de um trabalhador
(ANAMT, 2017).

Podemos citar, entre as doenças ocupacionais mais comuns,


as lesões por esforço repetitivo/distúrbios osteomusculares rela-
cionados ao trabalho (LER/DORT), as dorsalgias, os transtornos
(mentais, de articulações e auditivos), e as varizes nos membros in-
feriores (ANAMT, 2017).

71
O SESMT, dentro de suas atribuições, deve recomendar os
EPIs adequados ao risco existente em cada atividade ao emprega-
dor, a quem caberá:

◼ adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade e exigir o


seu uso;

◼ fornecer ao trabalhador EPIs aprovados pelo órgão nacional


competente;

◼ treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a con-


servação;

◼ responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;

◼ comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada;

◼ e registrar o seu fornecimento.

O empregado, por sua vez, fica responsável por:

◼ utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina;

◼ responsabilizar-se pela guarda e conservação dos equipa-


mentos;

◼ comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne im-


próprio para uso;

◼ e seguir orientações do empregador quanto ao uso adequado.

Ergonomia

A NR-17 é o conjunto de normas técnicas relativas à ergono-


mia, que visa estabelecer parâmetros para a adaptação das condições
de trabalho às características dos trabalhadores, sejam elas físicas,
psíquicas ou biológicas (BRASIL, [s.d.]). Essa norma contempla ati-
vidades que envolvem levantamento, transporte e descarga de ma-
teriais, condições ambientais do posto de trabalho, mobiliário, car-
ga horária de trabalho, atividades em horário noturno etc.

72
O SESMT, ou qualquer outro profissional que trabalhe com
prevenção e levantamento de riscos, deve seguir as orientações da
NR-17, para que seja elaborada uma análise ergonômica de quali-
dade. Desse modo, devem ser realizadas todas as adaptações neces-
sárias para que todo o processo produtivo seja executado e nenhum
trabalhador o realize em condição de desconforto ou insegurança.

Manter o ambiente de trabalho saudável, seguro e agradável


é uma tarefa de todos os colaboradores, bem como dos profissionais
qualificados para tal. Isso comtempla principalmente os membros
da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e do SESMT,
que possuem a observação das condições ambientais do trabalho em
suas rotinas.

Acidentes, riscos e prevenção

Os números oficiais de acidentes de trabalho podem ser en-


contrados em fontes de dados, estudos, relatórios, anuários e séries
históricas elaboradas pela OIT, a nível mundial, e pelo Ministério
da Cidadania e pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social,
para dados do Brasil (MOTA, 2018).

Desde 1969, por exemplo, a OIT produz o anuário de esta-


tísticas do trabalho em três idiomas, tendo um de seus capítulos
dedicado exclusivamente aos dados de acidentes de trabalho. A pu-
blicação compila e dispõe dados de cada país, como, por exemplo,
o número de pessoas acidentadas, os dias de trabalho perdidos e as
taxas de acidentes fatais (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2012).

73
Por meio de uma estimativa divulgada em 2017, a OIT pro-
jetou que os acidentes do trabalho viessem a causar 6,3 mil mor-
tes por dia, resultando em 2,3 milhões de mortes em um ano, em
todo o mundo (MOTA, 2018). O Brasil ocupa o quarto lugar no ran-
king mundial, com um acidente de trabalho acontecendo a cada 48
segundos e um óbito a cada três horas e 38 minutos, decorrentes
da ausência da cultura de saúde e segurança no trabalho (ANAMT,
2018).

Acidentes de trabalho

Para que se possa debater, de forma embasada, as estatísticas


relacionadas aos acidentes de trabalho, aos riscos a eles associa-
dos e às formas de prevenção, é necessário que haja conhecimento
quanto à sua classificação e seus conceitos. Assim, conforme dispõe
o art. 19 da Lei nº 8213/91 (BRASIL, 1991), acidente de trabalho é o
que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

Por expressa determinação legal, as doenças profissionais


e/ou ocupacionais se equiparam a acidentes de trabalho. Os inci-
sos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 conceituam a doença profissional
como aquela “produzida ou desencadeada pelo exercício do traba-
lho peculiar à determinada atividade e constante da respectiva rela-
ção elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social”
(BRASIL, 1991), e a doença ocupacional como aquela “adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho
é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I” (BRASIL, 1991).

74
Uma importante ferramenta da qual os profissionais da se-
gurança do trabalho dispõem, no que diz respeito aos acidentes de
trabalho, é a NR-05, que trata da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes - CIPA. Este órgão tem como objetivo a prevenção de
acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar o
trabalho e a preservação da vida compatíveis. A CIPA foi uma reco-
mendação feita pela OIT no ano de 1921 e que, 23 anos depois, trans-
formou-se em determinação legal no Brasil com o art. 82 do Decreto
Lei nº 7.036 (BRASIL, [s.d.]).

A presença da CIPA é obrigatória em empresas privadas, pú-


blicas, sociedades de economia mista, instituições beneficentes,
cooperativas, órgãos da administração pública direta e indireta,
associações corporativas, assim como outras instituições que ad-
mitam trabalhadores como empregados (BRASIL, [s.d.]). De forma
geral, a Comissão possui direitos e deveres de ambos os lados da re-
presentação, ou seja, tanto por parte dos empregados quanto dos
empregadores.

Algumas atribuições gerais da CIPA são:


◼ identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa
de riscos, com a participação do maior número de trabalhado-
res e assessoria do SESMT;

◼ elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na


solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;

◼ participar da implementação e do controle da qualidade das


medidas de prevenção necessárias;

◼ requisitar ao empregador e analisar informações sobre ques-


tões que tenham interferido na segurança e saúde dos traba-
lhadores;

◼ requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;

◼ promover, anualmente, em conjunto com o SESMT (quando


houver), a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Tra-
balho – SIPAT.

75
De maneira equivalente, empregador e empregados possuem
atribuições específicas em relação à formação e ao funcionamento
da CIPA. Assim, compete aos empregados:

◼ participar da eleição dos representantes da sua categoria;

◼ colaborar com a gestão da CIPA;

◼ indicar situações de risco e sugestões de melhoria à CIPA;

◼ aplicar em seu ambiente de trabalho as recomendações dispo-


nibilizadas pela Comissão.

Enquanto ao empregador, compete:

◼ proporcionar aos membros da CIPA tempo suficiente para a


realização das tarefas constantes do seu plano de trabalho,
bem como de suas atribuições como cipeiro.

CURIOSIDADE

Cipeiro é o nome dado ao membro eleito para compor a CIPA. Este,


de acordo com o item 5.8 da NR-05 (BRASIL, [s.d.]), não poderá
mais ser demitido desde o registro de sua candidatura até um ano
após o término do seu mandato. Ou seja, participar da CIPA tem suas
grandes responsabilidades, mas também fornece benefícios e esta-
bilidade.

76
Riscos

Segundo a Norma Regulamentadora nº 01, publicada por


meio da Portaria nº 3.214 de 1978, do Ministério do Trabalho do Bra-
sil, um risco relacionado ao trabalho, ou risco ocupacional, consiste
da (BRASIL, 1978a):
[...] combinação da probabilidade de
ocorrência de eventos ou exposições pe-
rigosas a agentes nocivos relacionados
aos trabalhos e da gravidade das lesões e
problemas de saúde que podem ser cau-
sados pelo evento ou exposição.

Os riscos ao trabalhador são divididos em cinco categorias:


riscos de acidentes, riscos ergonômicos, riscos físicos, riscos quí-
micos e riscos biológicos.

Fatores coloquem em risco a integridade física, mental ou


psicológica do trabalhador são considerados riscos de acidentes.
São exemplos desse tipo de risco a existência, no ambiente de tra-
balho, de máquinas e equipamentos sem proteção para partes cor-
tantes, arranjo inadequado do layout do ambiente de trabalho etc.

Fatores que possam alterar as características psicofisioló-


gicas do trabalhador, gerando algum tipo de desconforto ou da-
nos à sua saúde, são considerados riscos ergonômicos. Profissões
da área da construção civil, bem como processos automotivos, ad-
ministrativos e alimentícios são comumente associadas a queixas
ergonômicas por parte de seus colaboradores. São exemplos: mo-
bília inadequada às atividades, postura incorreta de trabalho, peso
em excesso etc. A NR-07 (ergonomia) estabelece parâmetros para a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisioló-
gicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de con-
forto e segurança, e um desempenho eficiente (BRASIL, [s.d.]).

77
Agentes de riscos físicos consistem de diversas formas
de energia às quais os trabalhadores podem estar expostos, tais
como: ruído, calor, pressão, radiações ionizantes e não ionizantes,
frio, vibração, umidade etc.

São considerados agentes de riscos químicos todos os com-


postos, substâncias ou produtos que possam ser inalados pelo
trabalhador, como, por exemplo, poeiras, névoas, gases e fumos
que possuam capacidade de absorção cutânea ou possam ser inge-
ridos, como, por exemplo, produtos químicos de limpeza, resinas,
tintas etc.

São considerados agentes de risco biológico os fungos, os


vírus, as bactérias, os protozoários etc. Tais riscos são associados
aos trabalhadores de laboratórios, hospitais, clínicas veterinárias,
sistemas de tratamento de esgoto, coleta de lixo urbano, cemitérios,
dentre outros, conforme descrição do Anexo nº 14, da NR-15.

Um dos pontos necessários para diminuir ou eliminar riscos é


a criação do mapa de riscos, conforme preconizado pela NR-05, que
deve ser elaborado com assessoria do SESMT, onde houver (SILVA;
LIMA; MARZIALE, 2012). Um mapa de risco nada mais é do que uma
representação esquemática de todos os riscos levantados em um
determinado ambiente de trabalho, que possam acarretar prejuízos
à saúde do trabalhador (UNICAMP, [s.d.]).

O mapa de risco é apresentado graficamente com o auxílio de


círculos de cores e tamanhos diferentes, que representam os dife-
rentes graus de risco. Todos os trabalhadores podem e devem co-
laborar com esta etapa, utilizando as ferramentas de mapeamento
para o levantamento das informações de todos os ambientes, in-
cluindo dados de equipamentos, instalações, produtos, fluxos, re-

78
síduos e atividades gerais (UNICAMP, [s.d.]).

Figura 1. Exemplificação de um mapa de risco já preenchido.

Fonte: UNICAMP, [s.d.]. (Adaptado).

Os responsáveis pela elaboração do mapa de risco são os


membros da CIPA, com possível assessoria dos membros do SESMT,
tomando como base as informações coletadas na fase de levanta-
mento de dados do ambiente. Para sua elaboração, deverão ser se-
guidas quatro etapas, sendo elas:

◼ conhecer o processo de trabalho;

◼ identificar os riscos existentes;

◼ identificar a fonte geradora do risco;

◼ identificar quais serão as medidas preventivas a serem toma-


das.

Toda empresa deve apresentar um mapa de riscos, que deve


ser atualizado sempre que existirem alterações nos processos de
trabalho ou no layout do ambiente, uma vez que é elaborado com

79
base na planta baixa ou no esboço do local de trabalho. Para o caso
de empresas que não possuam CIPA e SESMT, o empregador pode-
rá contratar o serviço de uma consultoria de segurança do trabalho
para elaboração do mapa de risco (UNICAMP, [s.d.]).

Equipamento

De acordo com a Norma Regulamentadora nº 06, conside-


ra-se equipamento de proteção individual (EPI), “todo dispositivo
ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado
à proteção de riscos suscetíveis de ameaça à segurança e à saúde no
trabalho” (BRASIL, 1978c). O Artigo 166 da CLT discorre que:

a empresa é obrigada a fornecer aos em-


pregados, gratuitamente, Equipamentos de
Proteção Individual adequados ao risco e em
perfeito estado de conservação e funciona-
mento, sempre que as medidas de ordem
geral não ofereçam completa proteção con-
tra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
empregados.

Existem EPIs para todo e qualquer tipo de risco, sejam eles


físicos, químicos ou biológicos. Podem ser utilizados EPIs para pro-
teção respiratória (máscaras e respiradores), auditiva (protetores
auriculares e abafadores), e térmica (japonas, macacões, luvas, bo-
tas), bem como para proteção da cabeça (capacetes e balaclava), dos
olhos e da face (óculos, protetor facial e máscara de solda), dentre
outros tantos tipos (BRASIL, [s.d.]).

80
Figura 2. Equipamentos de proteção.

Fonte: Freepik. Disponível em: <a href=’https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/


oculos-de-seguranca’>Óculos de segurança vetor criado por macrovector - br.freepik.
com</a>

Todo e qualquer EPI só poderá ser posto à venda ou utilizado


com a indicação do seu Certificado de Aprovação - C.A., expedido
pelo órgão nacional competente. O C.A. nada mais é do que uma ga-
rantia técnica de que determinado equipamento pode ser utilizado
como um EPI e possui condições de proteger o usuário, sem causar
quaisquer danos (BRASIL, [s.d.])

81
CURIOSIDADE

Segundo os Indicadores do Mercado Brasileiro de Equipamentos


de Proteção Individual (ANIMASEG, 2021), o mercado de EPIs no
Brasil movimentou, em 2020, R$ 2.1 bilhões referentes a itens de
proteção respiratória, apresentando um aumento 206% no con-
sumo em comparação ao ano anterior.

Normas Regulamentadoras

As Normas Regulamentadoras (NRs) são itens fundamentais


da legislação do trabalho no país e, ao lado da Constituição Federal
e das legislações trabalhistas previstas na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), formam a legislação básica que rege a segurança do
trabalho no Brasil.

As NRs devem ser seguidas obrigatoriamente por empresas


públicas e privadas que tenham empregados regidos pela CLT, bem
como trabalhadores rurais e avulsos, que também se encontram sob
a égide das Normas Regulamentadoras (CAMISASSA, 2019).

O objetivo central das NRs é, basicamente, traçar obrigações,


direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e por tra-
balhadores, no intuito de garantir trabalho seguro e sadio e evitar a
ocorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.

A elaboração/revisão das NRs era, até o ano de 2019, reali-


zada pelo Ministério do Trabalho. A partir de 2020, isso se tornou

82
atribuição do Ministério da Economia. O sistema tripartite paritá-
rio compõe a metodologia de gerenciamento das NRs, de maneira
que comissões e grupos compostos por representantes do governo,
dos empregados e dos empregadores realizam as devidas alterações
sempre que julgam necessárias.

A seguir será apresentada uma breve síntese das aplicações


de cada uma das Normas Regulamentadoras.

NR 1 - Disposições gerais

De acordo com o texto vigente:

o objetivo desta Norma é estabelecer as


disposições gerais, o campo de aplicação,
os termos e as definições comuns às Nor-
mas Regulamentadoras - NR relativas à
segurança e saúde no trabalho e as dire-
trizes e os requisitos para o gerenciamen-
to de riscos ocupacionais e as medidas de
prevenção em Segurança e Saúde no Tra-
balho – SST. (BRASIL, [s.d]).

Além de considerações gerais, a NR-1 traz também alguns


conceitos essenciais ao entendimento das outras NRs, como, por
exemplo, os de empregado, empregador, os direitos e deveres de
cada um e os conceitos de risco ocupacional, perigo, trabalhador
avulso e ato faltoso.

O novo texto deixou a NR 1 mais harmônica e moderna, com


medidas que reduzirão a burocracia e o custo para o País. Segun-
do os responsáveis pelas mudanças, microempresas e empresas
de pequeno porte serão as mais beneficiadas. Uma das novidades é
um capítulo específico para tratar de capacitação, e a permissão do

83
aproveitamento de treinamentos quando um trabalhador troca de
emprego dentro de uma mesma atividade.

NR 2 - Inspeção prévia (revogada)

Decidiu-se pela revogação da NR-2, que tratava da inspeção


prévia. A NR-2 tinha redação de 1983, da antiga Secretaria de Se-
gurança e Medicina do Trabalho, e exigia uma inspeção do trabalho
prévia para abertura de novos negócios.

NR 3 - Embargo ou interdição

Essa norma tem como objetivo traçar diretrizes para caracte-


rização do grave e iminente risco, e apresentar quais devem ser os
requisitos técnicos de embargos e interdições.

Tanto o embargo quanto a interdição são procedimentos de


cunho prevencionista para situações emergenciais, uma vez que
têm como consequência a paralisação total ou parcial das atividades
quando o auditor fiscal do trabalho constata situação de risco grave
ou iminente à segurança, saúde e integridade física dos trabalhado-
res (CAMISASSA, 2019).

É importante que fique clara a diferença entre embargo e in-


terdição, proposta pela redação dos itens 3.2 e 3.3 da NR-3:

3.2. A interdição implica a paralisação to-


tal ou parcial do estabelecimento, setor de
serviço, máquina ou equipamento.

3.3. O embargo implica a paralisação total


ou parcial da obra (CAMISASSA, 2019).

84
NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho (SESMT)

A NR 4 regulamenta as regras de constituição dos Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-
balho (SESMT), cujo objetivo é fomentar a saúde e garantir a inte-
gridade do trabalhador no local de trabalho. Por ser um serviço es-
pecializado, seus membros devem ser especialistas, ou seja, ter
capacitação para atuar em atividades relacionadas à segurança e
saúde do trabalho.

Ao longo da NR-4 são estabelecidas as atribuições do SESMT,


critérios de formação e escolha dos seus membros obrigatórios, ti-
pos de SESMT existentes, metodologia de dimensionamento con-
forme atividade econômica da empresa, grau de risco, quantidade
de funcionários etc.

Vale ressaltar que o SESMT não tem caráter assistencialis-


ta, mas prevencionista, tem abrangência estadual e sua compo-
sição mínima é de um técnico de segurança do trabalho (CAMI-
SASSA, 2019).

CURIOSIDADE

Além dos profissionais que obrigatoriamente integrarão o


SESMT, conforme o disposto na NR-4, a empresa poderá, a
seu critério, contratar outros profissionais com qualificações
em diferentes áreas de concentração em saúde do trabalha-
dor, como fisioterapeutas do trabalho ou psicólogos do tra-
balho. Tal entendimento tem como fundamento o fato de que
as Normas Regulamentadoras estabelecem o grau de exigibi-
lidade mínimo a ser cumprido pelas empresas.

85
NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA)

A CIPA é uma comissão que tem como objetivo a prevenção de


acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Deve ser composta por
membros representantes dos empregados e dos empregadores, em
quantidade paritária.

Devem constituir a CIPA e mantê-la em regular funciona-


mento: empresas privadas; empresas públicas; sociedades de eco-
nomia mista; órgãos da administração direta e indireta; instituições
beneficentes; associações recreativas; cooperativas; e outras insti-
tuições que admitam trabalhadores como empregados.

É preciso tomar cuidado para que não sejam confundidos


os critérios de constituição do SESMT (NR-4), que considera o
grau de risco como critério de constituição, com os da CIPA (NR-
5), que considera o enquadramento da empresa de acordo com seu
CNAE (CAMISASSA, 2019).

NR 6 - Equipamento de proteção individual (EPI)

Essa NR trata dos equipamentos de proteção individual (EPIs)


e determina condições sob as quais eles devem ser oferecidos pelas
empresas, além de esclarecer quais são as responsabilidades dos
empregados, do empregador, do fabricante nacional, do importador
e do Ministério do Trabalho e Emprego, ainda que hoje suas atribui-
ções estejam distribuídas em pastas de outros ministérios. A norma
ainda dispõe acerca do Certificado de Aprovação - CA que todos os
EPIs devem ter como pré-requisito para serem comercializados ou
utilizados.

86
NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocu-
pacional – PCMSO

Essa NR foi uma das que passou por alterações em 2019, e seu
objetivo sofreu uma pequena alteração, passando a indicar a consi-
deração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) como base
da avaliação dos riscos ocupacionais a serem elencados no PCMSO.

O PCMSO é parte integrante do conjunto mais completo de


medidas da empresa no âmbito da saúde dos trabalhadores, e deve
estar articulado e ser elaborado de acordo com o que estiver dispos-
to nas demais NRs. Entre os exames elencados no PCMSO, os prin-
cipais são: admissional; periódico; mudança de função; retorno ao
trabalho; e demissional.

A realização da avaliação clínica para cada um desses exames


é obrigatória e inclui anamnese ocupacional, exame físico e mental.
Exames complementares, como audiometria, hemogramas, espi-
rometrias etc., devem ser feitos de acordo com as orientações do
Quadros I e II dessa NR, e, a cada exame médico realizado, o mé-
dico do trabalho deve emitir um Atestado de Saúde Ocupacional
- ASO que contenha as informações mínimas obrigatórias lista-
das na NR 7.

SAIBA MAIS

Audiometrias são exames que servem para medir a capacidade


auditiva de um indivíduo. Engana-se quem pensa que as únicas
causas de perdas auditivas sejam riscos relacionados aos ruídos.
A presença de algumas substâncias químicas com propriedades
ototóxicas também pode comprometer a capacidade auditiva do

87
trabalhador. Essas propriedades são referentes à possibilidade
de danos às estruturas do ouvido interno devido à exposição a
esses produtos. Atualmente, são reconhecidas propriedade oto-
tóxicas de vários agentes, como solventes orgânicos e suas va-
riantes, como xilenos e toluenos.

NR 8 – Edificações

De acordo com seu caput, a NR-8 dispõe sobre os requisitos


técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para
garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham.

As recomendações dessa norma servem para edificações que


já estejam construídas e ocupadas por trabalhadores, e não para
edificações em construção ou residenciais em construção. Entre al-
guns dos itens listados na NR-8, estão recomendações referentes
ao pé-direito das edificações, aos pisos dos locais de trabalho e às
formas de proteção contra intempéries.

NR 9 - Avaliação e Controle das Exposições Ocupacio-


nais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos

Segundo o texto da NR–9, ela estabelece os requisitos para a


avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e
biológicos quando identificados no Programa de Gerenciamento de
Riscos - PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de
prevenção para os riscos ocupacionais.

88
NR 10 - Segurança em instalações e serviços em
eletricidade

Essa NR estabelece as condições mínimas exigíveis para


garantir a segurança dos trabalhadores que laborem em conta-
to com instalações elétricas. Isso inclui as etapas de elaboração
de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e am-
pliação, assim como a segurança de usuários e de terceiros em
qualquer uma das fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo de energia elétrica. Para tal, devem ser observadas as
normas vigentes e, na ausência delas, normas internacionais.

NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e


manuseio de materiais

A NR-11 determina quais os requisitos mínimos de segu-


rança a serem observados nos locais de trabalho no tocante ao
transporte, à movimentação, à armazenagem e ao manuseio de
materiais, seja de forma mecânica ou manual, no intuito de pre-
venir infortúnios laborais.

NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e


equipamentos

Essa NR determina medidas prevencionistas a serem toma-


das por todos os empregadores no que diz respeito à instalação,
operação e manutenção de quaisquer máquinas e equipamentos, no
intuito de prevenir a ocorrência de acidentes.

89
NR 13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulações e tan-
ques metálicos de armazenamento

Estabelece todos os requisitos técnicos referentes à insta-


lação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão, a
favor da prevenção de acidentes do trabalho.

NR 14 – Fornos

Estabelece as recomendações pertinentes à construção,


operação e manutenção de fornos industriais.

NR 15 - Atividades e operações insalubres

Essa NR descreve as atividades, operações e agentes insa-


lubres e seus limites de tolerância. Ela disponibiliza 14 anexos,
um para cada tipo de agente.

A NR 15 determina o pagamento do adicional de insalubri-


dade aos trabalhadores expostos às condições por ela listadas,
sendo 40% para insalubridade de grau máximo, 20% para insa-
lubridade de grau médio e 10% para o grau mínimo.

A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá


ocorrer e obedecer à seguinte ordem de medidas:

1. Com a adoção de medidas de ordem geral que conservem


o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância.

2. Com a utilização de equipamento de proteção individual.

NR 16 - Atividades e operações perigosas

A NR-16 regulamenta as atividades e as operações que serão

90
consideradas perigosas, indicando as devidas recomendações de
prevenção para cada uma delas.

Além disso, delimita o adicional de periculosidade de 30%


incidente sobre o salário para trabalhadores que desempenhem
suas funções em condições de periculosidade. Segundo a NR-16, são
exemplos de atividades perigosas as que demandam contato com
explosivos e líquidos inflamáveis.

NR 17 – Ergonomia

Dispõe sobre parâmetros que permitem a adaptação das con-


dições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores,
de forma a proporcionar aos empregados o máximo de conforto e
segurança para o desempenho de suas funções.

NR 18 - Segurança e saúde no trabalho na indústria da


construção

Traça diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e


organização que simplifiquem o uso de medidas de controle e siste-
mas de segurança preventiva nas condições de trabalho da indústria
da construção civil.

NR 19 – Explosivos

Estabelece as disposições legais acerca do depósito, manu-


seio e transporte de explosivos, a fim de promover a proteção da
saúde e integridade física dos trabalhadores que lidam com esse tipo
de material em seus ambientes de trabalho.

91
NR 20 - Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis
e combustíveis

Essa NR lista as orientações técnicas quanto ao armazena-


mento, manuseio e transporte de líquidos combustíveis e inflamá-
veis, com o objetivo de fomentar a proteção da saúde e a integridade
física dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho.

NR 21 - Trabalhos a céu aberto

Tipifica as medidas prevencionistas relacionadas à prevenção


de acidentes em atividades desenvolvidas a céu aberto, como, por
exemplo, em pedreiras e minas.

NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração

Essa NR tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem ob-


servados na organização do ambiente de trabalho a que se refere,
de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento
da atividade mineira com a permanência da segurança e saúde dos
trabalhadores.

NR 23 - Proteção contra incêndios

Estipula quais medidas de proteção contra incêndios devem


ser tomadas nos diversos locais de trabalho, para que estejam ga-
rantidas a saúde e a integridade física dos trabalhadores daquele
ambiente.

92
NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de
trabalho

Traça os preceitos de higiene e conforto que devem ser obser-


vados nos locais de trabalho, especialmente no que se refere a ba-
nheiros, alojamentos, refeitórios, cozinhas e ao tratamento da água
potável, em prol da garantia da qualidade da higiene e da proteção
da saúde dos trabalhadores.

NR 25 - Resíduos industriais

Determina as medidas preventivas a serem observadas pelas


empresas no destino dado aos seus resíduos, de modo a proteger a
saúde e a integridade física dos trabalhadores e o meio ambiente.

NR 26 - Sinalização de segurança

Discrimina sobre a padronização de cores a serem utilizadas


como sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, sobre-
tudo para rotulagem e sinalizações vertical e horizontal, de modo a
proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

Treinamentos referentes a essa NR são de extrema impor-


tância para trabalhadores de ambientes de laboratórios, das indús-
trias de cosméticos, farmacêutica e de fertilizantes, por exemplo.

NR 27 - Registro profissional do técnico de segurança do


trabalho (revogada)

Estabelecia os requisitos a serem satisfeitos pelo profissio-


nal técnico em segurança do trabalho, principalmente em relação ao
seu registro profissional como tal.

93
NR 28 - Fiscalização e penalidades

Essa NR recebeu sua última atualização em abril de 2020, por


meio da Portaria SEPRT nº 9.384, e traça os procedimentos a serem
adotados pela fiscalização em SST, tanto no que diz respeito à con-
cessão de prazos às empresas para a correção das irregularidades
técnicas, quanto no que tange aos procedimentos de autuação por
infração às NRs.

NR 29 - Segurança e saúde no trabalho portuário

Tem por objetivo regular a proteção obrigatória contra aci-


dentes e doenças profissionais, facilitar os primeiros socorros a aci-
dentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e
saúde aos trabalhadores portuários.

Essa NR ainda tem como objetivo auxiliar o Guia de Boas Prá-


ticas para Trabalho em Altura em Atividades Portuárias, vinculado
à NR 35.

NR30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário

Essa NR tem como objetivo a proteção e a regulamentação


das condições de segurança e saúde em trabalhos aquaviários. Re-
gula ainda a proteção contra acidentes e doenças ocupacionais, ob-
jetivando melhores condições e segurança no desenvolvimento de
trabalhos nesse setor.

NR 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura,


pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicul-
tura

Essa NR estabelece os preceitos a serem observados no am-


biente das atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, explo-

94
ração florestal e aquicultura, de forma a manter a compatibilidade
entre esses setores, suas atividades e a segurança e saúde de seus
trabalhadores.

NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de


saúde

Tem como objetivo estabelecer as diretrizes básicas para a


implantação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos tra-
balhadores em estabelecimentos da área da saúde, bem como da-
queles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde de
forma geral.

NR 33 - Segurança e saúde nos trabalhos em espaços


confinados

Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para


identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação,
monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir
permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que inte-
ragem direta ou indiretamente nesses espaços.

EXEMPLO

Como exemplos de atividades em espaços confinados, podemos citar as re-


lacionadas à construção civil, que envolvam, por exemplo, a construção de
cisternas, galerias de esgoto, minas, túneis, elevadores, chaminés, metrôs,
galerias para canalização de água, silos de armazenagem, caldeiras, for-
nos, misturadores, reatores, secadores etc.

95
NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na
indústria da construção, reparação e desmonte naval

Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à


segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da
indústria de construção, reparação e desmonte naval.

Essa NR considera como atividades da indústria da constru-


ção e reparação naval todas aquelas desenvolvidas no âmbito das
instalações empregadas para esse fim ou nas próprias embarcações
e estruturas (navios, barcos, lanchas, plataformas fixas ou flutuan-
tes).

NR 35 - Trabalho em altura

Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção


para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organiza-
ção e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos tra-
balhadores envolvidos direta ou indiretamente com essa atividade.

Além das recomendações, essa NR conta com um manual, a


exemplo da NR 33, um Guia de Boas Práticas para Trabalho em Altu-
ra em Atividades Portuárias, uma Cartilha de Segurança em Serviços
de Manutenção de Fachadas e uma Cartilha de Trabalho em Altura.
Todos são disponibilizados pelo site da Escola Nacional da Inspeção
do Trabalho (ENIT).

NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas


de abate e processamento de carnes e derivados

Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para a


avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas ati-

96
vidades da indústria de abate e processamento de carnes e deriva-
dos. Existe, ainda, o Manual de Interpretação e Aplicação da NR 36,
disponibilizado pela ENIT, que apresenta de forma mais detalhada
as orientações dessa NR.

NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petró-


leo

Estabelece os requisitos mínimos de segurança, saúde e con-


dições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo
no território marinho nacional. Sua publicação foi feita pela Portaria
MTB nº 1.186, de 20 de dezembro de 2018, e sua última alteração
ocorreu em 17 de dezembro de 2019, por meio da Portaria SEPRT nº
1.412.

As NRs, assim como qualquer dispositivo legal, podem sofrer


alterações ao longo dos anos assim como podem precisar de modi-
ficações de acordo com o surgimento de novas modalidades de tra-
balho, tecnologias e metodologias. Além delas, o Brasil conta com
outras dezenas de ferramentas legislativas e recomendações inter-
nacionais no tocante à gestão da segurança e da higiene do trabalho.

OUTRAS LEGISLAÇÕES PERTINENTES


Além das Normas Regulamentadoras, que servem como ba-
lizadoras da higiene e da segurança do trabalho no Brasil, há diver-
sos outros dispositivos, legais ou não, que, em conjunto com as NRs,
enriquecem as metodologias prevencionistas já existentes. Entre
eles, podemos citar: as Normas de Higiene Ocupacional - NHO, da
Fundacentro; as Convenções da Or ganização do Trabalho (OIT); e
alguns outros dispositivos legais, como as Leis nº 10.666, 8.213 e
7.410.

97
As NHO foram elaboradas pela Fundacentro, publicadas em
1980, e consistem em uma série de normas técnicas destinadas,
como o próprio nome já diz, à higiene ocupacional. Essas normas
foram criadas no intuito de determinarem limites de tolerância,
metodologias de avaliação e critérios técnicos, bem como servirem
de orientação adicional em relação ao controle de agentes de riscos
ambientais.

Atualmente, a Fundacentro dispõe de 11 NHOs, disponíveis


para consulta on-line. Essas normas são comumente utilizadas em
concomitância com as NRs.

Além das legislações e normas mencionadas anterior-


mente, a SST no Brasil conta com inúmeros outros dispositivos
legais capazes de balizar as relações de trabalho no País. São le-
gislações pertinentes da área trabalhista, previdenciária e am-
biental, todas operantes em consonância com as recomendações
nacionais e internacionais dos órgãos competentes.

O mais importante quando o assunto é legislação, é procu-


rar ser o mais fidedigno às realidades tratadas, evitando compa-
rações específicas com legislações internacionais, uma vez que
estas terão suas características de input diferentes das brasilei-
ras.

Aos trabalhadores, é importante buscar conhecer as prin-


cipais legislações em vigor, sobretudo as que tratem diretamen-
te de seus ambientes de trabalho, e atentar-se às atualizações,
além de manter uma boa relação com as equipes de SST, que são
responsáveis por traçar melhorias nas metodologias de proces-
sos e fornecer subsídios ao aprimoramento das legislações.

98
SINTETIZANDO

Os diversos acontecimentos históricos envolvendo a saúde e a


segurança dotrabalhador, que aconteceram ao redor do mundo,
culminaram no que hoje são as legislações trabalhistas, os direi-
tos dos trabalhadores, as políticas de saúde, segurança e higiene
ocupacional e as Normas Regulamentadoras. Cada uma das NRs
possui particularidades e foram estabelecidas após anos e anos de
pesquisas e observações, feitas por pesquisadores e legisladores
nos últimos séculos.

Os mais diversos ambientes de trabalho existentes atualmente tra-


zem consigo uma gama enorme de riscos associados, que podem
ser físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou, ainda, riscos as-
sociados à periculosidade, comumente mais fatais que os demais.
Riscos e acidentes possuem relação direta e talvez sejam os pontos
mais importantes aos quais o profissional de segurança deve se de-
dicar.

O papel do profissional de segurança do trabalho é, antes de


tudo, evitar a existência de riscos no ambiente de trabalho. Não
sendo possível, o objetivo passa a ser a atenuação ou ameniza-
ção dos riscos por meio de programas de segurança, que envol-
vam desde o uso de EPI até mapas de riscos e outras ferramentas
de gerenciamento, que deverão ser elaboradas e implementadas
pela CIPA e pelo SESMT, quando houver.

Um ambiente de trabalho saudável e seguro demanda a partici-


pação de todos, sejam eles membros de CIPA e SESMT, ou tra-
balhadores contratados, terceirizados, diretores ou sócios. O uso

99
correto de equipamentos de proteção individual, bem como a
implantação de equipamentos de proteção coletiva, conjunta-
mente com políticas de segurança e treinamentos, e o respeito
às Normas Regulamentadoras, são passos fundamentais para a
saúde de qualquer empresa ou instituição.

100
4

Objetivos
UNIDADE
◼ Conhecer várias ferramentas de gestão da segurança.

◼ Abordar a importância dos processos de gereciamento de ris-


cos.

◼ Abordar os conceitos fundamentais da Prevenção e combate


a incêndios.
Introdução
Abordar a importância dos processos de Segurança do
Trabalho e entender as ferramentas que podem ser adotadas
nessa prática é fundamental ao profissional da área. Na prática
da engenharia não há como se falar em segurança sem conside-
rar todos os fatores e implicações de cada ato. Manter todos os
profissionais envolvidos nas ações e no dia a dia das atividades
em segurança é, sem dúvidas, uma das principais atribuições do
engenheiro.

Da mesma maneira, cabe aos profissionais de engenharia


o domínio do conhecimento e das técnicas de prevenção e com-
bate a incêndios.

Esses temas são muito importantes e relevantes na for-


mação de um bom profissional de engenharia, não é mesmo? Va-
mos nos aprofundar no assunto? Avante!

102
A SEGURANÇA DOS PROCESSOS

Com a globalização e com a complexidade elevada dos no-


vos processos e os altos riscos que comumente são assumidos
pelas corporações, a segurança de processos tornou-se um pon-
to-chave da gestão de segurança. Seu objetivo principal é ma-
ximizar a disponibilidade operacional e a receita, minimizando
custos materiais, de pessoal e outras perdas de receita. Tudo isso
mantendo contratos, o bom relacionamento com os stakehol-
ders e respeitando os requisitos regulatórios de saúde, seguran-
ça e meio ambiente (SSMA) (CASCAES, 2013).

Os grandes acidentes ocorridos nos anos 1980 (Chernobyl,


Exxon Valdez, Challenger, Piper Alpha etc.) fizeram daquela dé-
cada um divisor de águas para a concepção e percepção da impor-
tância dos sistemas de segurança de processos industriais. Um
acidente pode ter diversas causas e origens, como, por exemplo,
a pressão na produção, treinamento inadequado, tecnologia fa-
lha, procedimentos incompletos, limitação de regulamentos etc.
(SOUZA; PEREIRA-GUIZZO; SANTOS, 2014).

Nem todos os riscos e perigos são iguais, causam os mes-


mos danos ou podem ser tratados da mesma maneira. Quedas,
cortes e escorregões, por exemplo, são tratados como situações
de segurança pessoal, ao passo que vazamentos, incêndios e ex-
plosões consistem em situações de segurança de processos, vis-
to que seus efeitos podem ter proporções catastróficas, causar
mortes e danos à propriedade ou ao meio ambiente (CASCAES,
2013).

O processo de gerenciamento de riscos é de extrema


importância para quaisquer áreas corporativas, seja em rela-
ção ao projeto conceitual ou ao construtivo. Quanto mais cedo
ele for iniciado, melhores serão os resultados e menores serão

103
os custos de investimentos para a implantação de sistemas de
controle e viabilização de ferramentas de correção para even-
tuais danos.

A norma NBR ISO 31000 elenca como principais fases do


gerenciamento de riscos: o escopo, a avaliação de risco, o trata-
mento de risco e as informações de retorno (comunicação e moni-
toramento) (ABNT, 2009).

O gerenciamento de riscos pode ser conduzido por diver-


sas agências, sejam elas nacionais (NIOSH, OSHA, SSST, Funda-
centro e HSE), internacionais (IARC, OMS e OIT), ou não governa-
mentais (ACGIH).

De acordo com Eston et al. (2010), identificar condições


perigosas, por si só, não constitui nenhuma dificuldade. O pro-
blema está no conhecimento da higiene ocupacional, na defini-
ção adequada de modelo e critérios e, sobretudo, na qualificação
do dano provável, caso a condição perigosa venha a se materiali-
zar em um acidente e/ou doença.

É válido que essa identificação não seja realizada de forma


exclusiva pelo responsável pela atividade, pelo executante ou
pelo especialista em segurança. Recomenda-se que ela seja con-
duzida por grupos que tenham a representação desses atores
(quem executa, quem supervisiona, os especialistas da área de
segurança e/ou higiene), mas não diretamente por eles.

Um profissional de segurança e higienista deve ter conhe-


cimento de todos os agentes e de todas as condições perigosas
existentes em seu ambiente de trabalho, e também deve enten-
der qual o perigo que cada uma das condições implica e, para
os casos de exposição, deve conhecer todas as potenciais conse-
quências e riscos associados.

104
O profissional que não dispuser dessas informações não
terá condições de impor medidas e controles capazes de barrar
os eventos considerados indesejados, deixando a organização e
seus colaboradores vulneráveis.

Para a determinação desses controles, alguns pontos de-


vem ser considerados, de acordo com a hierarquia propos-
ta pelo National Institute for Occupational Safety and Health -
NIOSH: eliminação, redução, engenharia, administrativo e EPI.

As etapas eliminação e redução são muito mais efetivas


e eficazes do que as etapas administrativo e EPI, pois essas úl-
timas são uma maneira de se conviver com os riscos de forma
controlada, ao contrário das primeiras que partem do princípio
de eliminá-los ou reduzi-los ao máximo.

No entanto, a eliminação e redução, quase sempre, são as


etapas mais difíceis de se implantar em um processo produtivo
já em operação. Por isso, o mais vantajoso é programá-las ainda
na fase de projeto ou nos estágios iniciais de desenvolvimento,
pois os custos serão menores e a facilidade de adequação maior.

Controles do tipo engenharia são comumente usados


como barreiras entre o trabalhador e a condição perigosa. Po-
dem ser altamente eficazes quando bem projetados, e geral-
mente funcionam independentemente do fator humano,
o que diminui as chances de algum erro humano gerar um
evento indesejado, ou contribuir para que ele aconteça.

Os custos para esse tipo de controle geralmente são bem


maiores do que para controles do tipo EPI ou administrativo. En-
tretanto, a longo prazo, seus custos operacionais passam a ser
menores e, eventualmente, oferecem uma economia em outras
partes do processo produtivo da organização.

105
Embora estejam ocorrendo avanços significativos nas
práticas de análise e gerenciamento de riscos no Brasil, as es-
tatísticas de acidentes de trabalho permitem inferir que ainda
há muitas lacunas nesse cenário. Nos últimos anos, acontece-
ram tragédias catastróficas, como o rompimento das barragens
de Mariana e Brumadinho, ambas no estado de Minas Gerais, e
pertencentes a multinacionais. Ou seja, mesmo com o gerencia-
mento de riscos, equipes capacitadas e milhões de reais investi-
dos, eventos indesejados podem acontecer e as consequências,
infelizmente, podem ser irreversíveis, sobretudo quando se trata
de vidas.

Fatores humanos e confiabilidade humana

Desde a década de 1990, os trabalhadores passaram a de-


sempenhar diversas tarefas ao mesmo tempo, sendo multipro-
fissionais, multiculturais e tendo uma visão ampla de toda a em-
presa e seu processo produtivo.

Isso ocorre até os dias de hoje, e, por esse motivo, houve


um aumento de casos de descontrole emocional, acidentes de
trabalho, estresse e de outras patologias responsáveis pela di-
minuição do rendimento do trabalhador e da sua operaciona-
lidade. Essas transformações obrigaram o trabalhador a estar
apto a interagir com diversas áreas da empresa, e a estar sempre
conectado com o seu redor (MARTINS; SILVA, 2019).

De acordo com a International Civil Aviation Organization, a


fundação de organizações como a Sociedade de Pesquisa de Er-
gonomia, em 1949; a Sociedade de Fatores Humanos, em 1957; e

106
a Associação Internacional de Ergonomia, em 1959, contribuiu
para o fortalecimento das pesquisas e estudos direcionados à in-
fluência de fatores humanos nos processos industriais (SOUZA;
PEREIRA-GUIZZO; SANTOS, 2014).

Estudar a confiabilidade é basear-se na participação do


ser humano como parte integrante do avanço tecnológico, pois
os trabalhadores vivem em constante criação de dinâmicas de
execução de seus trabalhos, criando adaptações e metodologias
particulares. Essas estratégias desenvolvidas informalmente
muitas vezes não são visíveis às organizações, mas asseguram
a confiabilidade delas (SANTOS; ZAMBERLAN; PAVARD, 2009;
SILVA et al., 2017).

É importante ressaltar que a não ocorrência de acidentes,


em grande parte, deve-se à eficiência da participação humana
na condução dos processos contínuos. A confiabilidade humana
pode ser tratada como uma ciência que pode ser aplicada em di-
versos segmentos da indústria, uma vez que o erro humano gera
impactos diretos nos indicadores de produtividade, qualidade e
segurança (NETO, 2014; SILVA et al., 2017).

DEFINIÇÃO

A confiabilidade de um sistema pode ser entendida como o funcio-


namento isento de falhas ao longo de um período conhecido, sob
condições de operação estabelecidas. A confiabilidade humana pode
ser definida como a probabilidade de que um indivíduo não falhe no
cumprimento de uma determinada ação requerida em determinado
período, sob condições ambientais apropriadas e com os necessá-
rios recursos para executá-la (SILVA et al., 2017).

107
Falha, por sua vez, pode ser definida como a cessação da função de
um item ou da capacidade dele em atender a um padrão de desem-
penho esperado. A falha possui algumas variantes, como sua ori-
gem, velocidade, extensão, idade e criticidade (SIQUEIRA, 2005;
SILVA et al., 2017).

O erro humano tem diversas definições, mas de acordo com


Dekker (2002), para se entender o erro humano, é preciso
que haja uma reconstrução do que ocorreu aos olhos de quem
estava realizando a tarefa, buscando entender quais caminhos
levaram às decisões tomadas no momento do erro, sem que
haja a necessidade imediata de se identificar onde, exatamente,
ocorreu o erro.

Uma gama enorme de decisões e comportamentos orga-


nizacionais criam condições para que um acidente ocorra, como
distrações, perda de atenção, lapsos de memória etc. Por isso, o
erro humano ocupa a posição de uma das maiores preocupações
dos gestores de grandes empresas e indústrias. Esses erros oca-
sionam, em sua maioria, perdas materiais, financeiras e de vidas
humanas. No entanto, ainda há uma grande dificuldade em se
determinar as reais causas das falhas cometidas por algum ope-
rador. (REASON, 1990; SILVA et al., 2017).

Reason e Hobbs (2003) defendem que, quando não for


possível atuar de forma preventiva, é preciso garantir que os da-
nos sejam minimizados quando o já esperado evento indesejado
acontecer.

Para um higienista, muitas vezes, é difícil estar ciente de


tudo o que acontece em todos os níveis hierárquicos, sobretudo
na parcela da organização da alta administração (pilar limitado
à maioria dos funcionários), a menos que ele tenha uma parce-

108
la de participação na tomada de decisões da organização. Mes-
mo competindo ao profissional de segurança a responsabilidade
de realizar inspeções e verificações periódicas, a fim de apontar
possíveis falhas e gargalos do processo produtivo, dependendo
das limitações da sua atuação, é complicado coibir as falhas ain-
da na origem.

Por isso, é importante que toda e qualquer decisão que seja


tomada passe pelos profissionais de segurança e higiene ocupa-
cionais. Isso, claro, vai depender da solidez da cultura organiza-
cional da empresa e do grau de maturidade da gestão de segu-
rança.

Observe o esquema da Figura 1:

Figura 1 - Esquematização de um erro organizacional.

Fonte: REASON; HOBBS, 2003, p. 17. (Adaptado).

109
Pela inspeção da Figura 1, entende-se que a sequência de
eventos que antecedem um acidente se inicia a partir das decisões
erradas no âmbito da organização. A partir daí, erros intencionais
e não intencionais surgem ao longo de toda a cadeia de decisões.
No pilar pessoas, toda essa sequência de erros se soma a fatores
psicológicos e pessoais que contribuem para a ocorrência dos erros
humanos. Alguns deles serão impedidos pelas barreiras de controles,
mas outros serão incontroláveis e darão origem a resultados
negativos (acidentes/incidentes) (MARTINS; SILVA, 2019).

Ninguém deseja que acidentes ocorram, no entanto, o sistema


deve estar preparado para suas ocorrências. Por isso, existem as
barreiras de controle, geradas para ajudar o sistema a lidar com
eventos não planejados ocorridos no passado.

Existem, ainda, as falhas latentes que, geralmente,


permanecem por um período maior no processo de gerenciamento
de riscos, inertes até que consigam se combinar com outros eventos
ou condições locais, causando danos indesejados. Elas podem surgir
de erros de projeto, de fabricação, de legislação, dentre outros,
e são inevitáveis. O que se pode fazer é gerenciá-las. Até porque,
na maioria das vezes, essas falhas só se tornam visíveis após a
ocorrência do incidente (MARTINS; SILVA, 2019).

Reason (1990) propõe um esquema de classificação de erros


que tem como intenção compreender a ocorrência das ações que
levam aos erros, e não exatamente apresentar ferramentas capazes
de ajudar a punir quem os cometeu.

Existem três tipos principais de erros:

1. os erros induzidos pela situação, que são ações corretas


tomadas dentro de uma sequência de atividades de operações
equivocadas;

110
2. os lapsos ou deslizes, que configuram algo que não ocorreu
dentro de um objetivo, como, por exemplo, esquecer de
apertar um botão em uma sequência de processos (lapso de
memória), ou confundir os botões (deslize);

3. e os equívocos, que tratam de uma decisão equivocada que


vem de uma avaliação e de um diagnóstico equivocados, e
considera os conhecimentos do operador, seus objetivos e
raciocínios (SILVA et al., 2017).

Vale deixar claro que as falhas humanas podem ser


controladas, mas nunca eliminadas. O maior desafio é proporcionar
condições para que as situações que potencializam os erros sejam
eliminadas, aumentado as chances de detecção e de recuperação
das falhas humanas que inevitavelmente ocorrerão (REASON, 1990;
CORREA; JUNIOR, 2007).

O desempenho humano depende de diversos fatores


relacionados entre si, e para que a segurança e o desempenho sejam
assegurados, é preciso, além de antecipar e controlar os impactos,
que eles sejam muito bem gerenciados e reconhecidos (SILVA et al.,
2017).

Os fatores que afetam o desempenho são os que


afetam a confiabilidade humana do processo, evidenciando a
incompatibilidade entre as condições presentes na execução
do trabalho e as limitações inerentes ao ser humano, ou àquele
trabalhador em específico.

111
REFLITA

Isso tudo nos faz constatar que situações de trabalho projetadas de


forma coerente, compatíveis com a realidade, necessidade e limita-
ções humanas, e que levem em consideração as particularidades de
cada ser humano são capazes de criar condições otimizadas ao de-
sempenho do trabalhador, além de minimizar as chances de ocor-
rência dos erros humanos.

Os itens que afetam o desempenho humano podem ser


organizados em cinco categorias principais:

1. fatores operacionais: tempo de operação e objetivo do


sistema;

2. fatores de projeto: layout do sistema;

3. fatores relacionados com as tarefas: acúmulo de


trabalho e complexidade;

4. fatores pessoais: motivação, treinamentos, experiência,


ansiedade, medo, altura e peso;

5. fatores ambientais: iluminância, frio, calor, umidade e


vibração.

Vale deixar claro que os erros humanos também sofrem


influência de outros fatores, como, por exemplo, excesso de tarefas
cognitivas, comunicação inadequada, sinalização inadequada,
segurança versus produção, manutenção irregular etc. Ou seja,
as falhas humanas sofrem interferência de fatores tecnológicos,
organizacionais e individuais.

112
Ao longo das últimas décadas foram criadas e aperfeiçoadas
algumas ferramentas proativas e reativas para se avaliar e corrigir
fatores que desencadeiam erros. Veremos algumas delas no
subtópico seguinte.

Ferramentas de análise de riscos

Em qualquer tipo de atividade existem riscos que devem


ser muito bem gerenciados. Parte desse processo consiste na
identificação das condições perigosas (em termos de probabilidades
e consequências) de um determinado local, de um projeto, uma
tarefa ou um equipamento. Existem diversas ferramentas de análise
de risco, cada uma delas direcionada a uma aplicação específica
(MARTINS; SILVA, 2019).

Por um lado, algumas dessas ferramentas analisam os riscos


de forma geral e permitem avaliá-los de forma ampla, observando
diversos aspectos ao mesmo tempo e funcionando por meio de
um processo de priorização. Por outro, as ferramentas de análise
específica são utilizadas de forma mais pontual, tomando como
ponto de partida um evento perigoso e indesejado mais crítico.

Talvez a opção mais coerente seja fazer uma análise


combinada dos dois tipos de ferramentas de análise. Essas análises
serão responsáveis por contribuir na identificação de outras medidas
adicionais que deverão ser tomadas para que os riscos identificados
sejam aceitáveis para a organização (MARTINS; SILVA, 2019).

A ferramenta de análise de risco mais difundida e conhecida


é a HAZOP ou o Estudo de perigo e operabilidade. Desenvolvida pela
empresa ICI (Imperial Chemical Industries), nos anos 1960, tinha
como principal aplicação analisar processos químicos, porém, o seu

113
uso vem sendo adaptado a diversos tipos de processos produtivos,
como, por exemplo, ventilação de minas subterrâneas (MARTINS;
SILVA, 2019).

A metodologia HAZOP consiste em estudar as combinações


de palavras-chave, como mais, menos, ausência etc., com as
variantes do processo produtivo em questão, como temperatura,
pressão, tempo, fluxo, nível etc. Isso resulta em hipóteses que serão
analisadas individualmente. Os principais objetivos da HAZOP são:

◼ determinar as condições perigosas que podem causar as con-


sequências mais severas;

◼ identificar a origem de todos os desvios do processo produ-


tivo;

◼ decidir em quais circunstâncias serão tomadas ações para


controlar as condições perigosas ou os problemas operacio-
nais;

◼ assegurar que as ações de melhoria propostas sejam implan-


tadas e sejam, de fato, efetivas.

O sucesso da aplicação do HAZOP depende da obediência a


algumas etapas, seguindo uma ordem específica (SILVA et al., 2017):

◼ associação do parâmetro à palavra-chave;

◼ identificação das causas;

◼ identificação das consequências;

◼ aplicação da matriz de riscos;

◼ recomendações e/ou observações.

Além disso, é recomendado que toda a equipe responsável


pela aplicação do método seja multidisciplinar, formada por

114
funcionários experientes e conhecedores de todos os processos,
capazes de responder todas as questões levantadas. Sella (2014)
recomenda que as reuniões tenham duração de, no máximo, três
horas e aconteçam de duas a três vezes por semana.

É mais interessante que o método HAZOP seja implementado


em novas instalações, antes do projeto estar totalmente consolidado,
pois serão necessárias consultas a desenhos, plantas de layout etc.
No entanto, o método também pode ser aplicado para processos já
em operação, porém, as mudanças identificadas como necessárias
poderão sair mais custosas, demandando maiores esforços, como,
por exemplo, a parada da operação, grandes reformas, entre outras
situações (MARTINS; SILVA, 2019).

O Quadro 1 apresenta um modelo possível para levantamento


de riscos utilizando a metodologia HAZOP.

QUADRO 1. EXEMPLO DE MODELO PARA LEVANTAMENTO DE RISCOS PELO MÉTODO


HAZOP

Fonte: MARTINS; SILVA, 2019. (Adaptado).

115
Avaliação e controle dos riscos no local de trabalho

A Workplace Risk Assessment and Control ou Avaliação e


controle dos riscos no local de trabalho é uma ferramenta de análise
preliminar, criada pelos militares norte-americanos na década
de 1990. Seu objetivo principal é separar os riscos mais críticos
dos menos críticos em uma hierarquização, feita por meio de uma
metodologia de valoração semiquantitativa ou tabela de priorização
(MARTINS; SILVA, 2019).

O primeiro passo para a aplicação dessa metodologia é


decompor, ou dividir, o objeto de estudo em partes, seja um
processo, um local ou uma tarefa. Para cada uma destas etapas, a
equipe multidisciplinar responsável irá se perguntar: o que pode dar
errado nessa etapa? Devem ser considerados como hipóteses: erros
humanos, energias fora de controle e quaisquer ameaças que façam
com que as condições perigosas se tornem um evento indesejado
(MARTINS; SILVA, 2019).

Ao término da fase de levantamento de dados e de


conhecimento de etapas, as informações coletadas deverão ser
transferidas para um formulário específico, conforme o Quadro 2:

QUADRO 2. MODELO DE FORMULÁRIO DE LEVANTAMENTO DE RISCOS PELO


MÉTODO WRAC

Fonte: MARTINS; SILVA, 2019. (Adaptado).

116
Análise dos modos de falha, efeitos e criticidade

Outra metodologia bastante utilizada é a ferramenta FMECA,


ou análise dos modos de falha, efeitos e criticidade. Criada na
década de 1960 pela indústria aeroespacial, difere da já conhecida
FMEA por considerar a análise da criticidade dos eventos, que define
a significância para cada modo de falha (MARTINS; SILVA, 2019).

A FMECA é baseada na probabilidade de um determinado


modo de falha ocorrer e na consequência que ela provocará,
produzindo um determinado grau de risco. Essa metodologia
permite avaliar um equipamento ou sistema a partir da identificação
de possíveis falhas de cada componente, assim como prever as
consequências da ocorrência das falhas sobre outros componentes
do sistema (MARTINS; SILVA, 2019).

A aplicação dessa ferramenta se inicia com o desmembramento


do equipamento que está sendo analisado em partes, itens e
componentes. São necessários, portanto, informações sobre todos
os elementos do equipamento e todo e qualquer detalhe que possa
ser importante para a análise, sejam desenhos, fluxogramas,
plantas, dados históricos de falhas, detalhamento de parâmetros
que interferem no seu funcionamento etc.

Finalizada essa fase, esse conjunto de dados coletados deve


ser transferido para um formulário específico, com as seguintes
colunas:

◼ item - componente;

◼ modo de falha;

◼ consequências - efeitos;

◼ probabilidade;

117
◼ consequência;

◼ criticidade (grau de risco);

◼ e controles recomendados.

A aplicação da criticidade pode ser realizada durante as fases


de projeto, manufatura ou operação de um sistema ou equipamento.
Entretanto, é mais fácil obter bons resultados quando as mudanças
requeridas são implantadas na fase de projeto (MARTINS; SILVA,
2019).

Para o bom funcionamento e aplicabilidade da ferramenta, é


sugerido que sejam seguidos os seguintes passos:

◼ listar os itens;

◼ determinar os modos de falha;

◼ determinar os efeitos;

◼ valorar os efeitos;

◼ controlar.

Análise de árvore de falhas

Outra opção de ferramenta de análise de risco é a FTA,


ou análise de árvore de falhas, que surgiu da necessidade de se
avaliar a confiabilidade de sistemas de controle de lançamento de
mísseis. Surgiu na década de 1960 e foi criada pelo Laboratório Bell
(MARTINS; SILVA, 2019).

A ferramenta possui esse nome, pois, a metodologia parte de


um evento (acidente, incidente ou condição indesejada), comumente
chamado de evento topo, e a partir daí vai se ramificando, como uma

118
árvore, para os demais eventos que contribuíram para a ocorrência
do evento topo. Esses, por sua vez, podem estar associados a falhas
em componentes de hardware, erros humanos ou outro tipo de
evento pertinente (MARTINS; SILVA, 2019).

Essa ferramenta pode auxiliar na identificação de potenciais


causas de falhas e na seleção entre mais de uma opção de projetos,
ainda na fase inicial. Durante a fase de operação, pode ser aplicada
para identificar como as falhas mais significativas ocorrem e qual
a relevância delas de acordo com diferentes caminhos até o evento
topo.

Além disso, pode ser usada em uma investigação de acidente


(que nesse caso é o evento topo), e a partir dele constroem-se os
eventos contribuidores que levaram ao acidente (as ramificações da
árvore de falhas).

Importante destacar que, diferentemente da FMECA, a FTA


não considera todos os modos de falhas de um dado componente,
focando apenas naqueles que contribuem para a ocorrência do
evento que tenha sido escalado como evento topo (MARTINS;
SILVA, 2019).

Análise de árvore de eventos

Conhecida como iniciação de acidente de progressão, a


ferramenta ETA, ou análise de árvore de eventos, tornou-se
mais difundida na década de 1970, no ramo industrial químico,
petroquímico e nuclear.

119
Trata-se de uma ferramenta lógica que identifica possíveis
consequências resultantes de um evento principal. Consiste
basicamente na descrição de desdobramentos que irão acontecer
partindo de um evento inicial, que pode ser um acidente, um
incidente, um erro humano etc. Assim, pode ser utilizada para
balizar, calcular e modelar diferentes cenários advindos de um
mesmo ponto de origem, por meio de uma espécie de progressão de
um dado evento.

Essa ferramenta é muito aplicada em análises de


desdobramentos de eventos com potencial catastrófico, como
incêndios, deslizamentos de talude, explosões e rompimento
de barragens, sendo, portanto, uma excelente ferramenta para
elaboração de planos de emergência (MARTINS; SILVA, 2019).

Se o objetivo da análise for apenas identificar as prováveis


consequências decorrentes do evento inicial, pode-se fazer apenas
a construção de um levantamento qualitativo. No entanto, se a
intenção for calcular as probabilidades de falha de cada controle
existente, a análise deverá seguir uma linha quantitativa, podendo
ter o auxílio de programas matemáticos e de modelagem (MARTINS;
SILVA, 2019).

Análise de gravata-borboleta

Destaca-se ainda, a ferramenta BTA ou Análise de gravata-


borboleta, ou diagrama borboleta. Seus primeiros registros datam
de 1979, na Austrália, e pode ter ganhado força com o trágico
acidente da plataforma Piper Alpha, ocorrido em 1988, que deixou
167 mortos. Os relatórios realizados após o acidente constataram
que era preciso criar uma forma sistemática que assegurasse
controle sobre os eventos perigosos daquela atividade, bem como
de seus riscos associados (MARTINS; SILVA, 2019).

120
SAIBA MAIS

O acidente com a plataforma Piper Alpha ocorreu em 6 de julho de


1988, no Mar do Norte. Um vazamento no sistema de tratamento
de gás, seguido de explosão e incêndio, foram as causas de todos
os danos. Segundo as perícias realizadas, o vazamento ocorreu de-
vido a falhas na comunicação, envolvendo o sistema de permissão
de trabalho entre as equipes dos diferentes turnos da plataforma. O
evento deixou 167 trabalhadores mortos, dos 226 presentes, e um
vazamento de óleo cujo bloqueio demandou obturar 36 poços du-
rante 22 dias.

A partir disso, a empresa responsável passou a investir


pesado em gerenciamento de riscos, tomando como carro-chefe
a ferramenta BTA, que posteriormente se difundiria para além
da indústria de óleo e gás, sendo utilizada também em outras
indústrias, como a aeronáutica, mineral, química, marítima etc.

Trata-se de um diagrama em forma de gravata-borboleta,


que permite que potenciais ameaças e consequências de um
determinado contexto sejam visualizadas, deixando bem clara a
separação entre a fase de gerenciamento preventiva, da fase reativa.

Seu formato de gravata-borboleta permite que sejam


extraídas diversas informações de uma mesma figura, tornando-a
bem didática para casos de treinamentos e comunicação, de uma
forma geral (MARTINS; SILVA, 2019). A Figura 2 apresenta um
exemplo de diagrama borboleta:

121
Figura 2 - Exemplo de diagrama da ferramenta BTA.

Fonte: MARTINS; SILVA, 2019, p. 56. (Adaptado).

Pela simples inspeção da Figura 2, nota-se que a ferramenta


BTA funciona traçando caminhos diversos por onde as condições
perigosas podem se materializar em um acidente, em um erro
humano ou em um evento indesejado. Olhando mais friamente,
pode-se dizer que ela combina a ferramenta de árvore de falhas (lado
esquerdo) com a análise de árvore de eventos (lado direito), porém,
o foco da ferramenta BTA está nos controles a serem implantados,
tanto na fase preventiva, quanto na fase de mitigação (MARTINS;
SILVA, 2019).

A ferramenta BTA permite que uma análise detalhada de cada


medida de controle seja feita (seja ela de prevenção ou de mitigação),
avaliando a probabilidade de aquele controle falhar e quais seriam as
consequências caso isso venha a acontecer. Em suma, a ferramenta
possui aplicação qualitativa, podendo criar análises quantitativas
quando combinada com softwares (MARTINS; SILVA, 2019).

122
Análise de camadas e proteção

Outra ferramenta de análise de perigos e riscos, que pode


ser usada como ferramenta de engenharia para assegurar a real
mitigação de um risco em processos, é a chamada análise de
camadas e proteção (LOPA). Trata-se de uma metodologia racional
de identificação de camadas de proteção, capazes de reduzir a
frequência ou as consequências do evento indesejado. A LOPA
é excelente quando aplicada na eliminação da subjetividade de
métodos qualitativos, a um custo bem menor do que o convencional
(SUMMERS, 2003).

O propósito principal da LOPA é determinar se as camadas de


proteção são capazes de barrar um cenário de evento indesejado. De
acordo com o tipo do acidente, da complexidade do processo e do
grau de severidade, uma ou mais camadas de proteção precisarão
ser aplicadas a fim de que o risco do acidente se torne aceitável
(ALVES, 2007).

A LOPA é, geralmente, aplicada em seguida a uma avaliação


qualitativa de perigos, como HAZOP, APP etc., e tendo como base
os cenários identificados pela equipe responsável. Ela pode ser
aplicada quando a equipe acreditar que as consequências de dado
evento serão muito severas ou quando o cenário criado, ou esperado,
for muito complexo. Dessa forma, é possível que seja feito um
julgamento coerente, utilizando-se apenas aspectos qualitativos
(ALVES, 2007).

Como a maioria dos métodos analíticos, a LOPA precisa


obedecer a uma sequência de etapas quando implementado. De
maneira resumida, as principais etapas são:

123
◼ estimar as consequências e severidades de cada cenário;

◼ desenvolver os cenários;

◼ identificar a frequência do evento iniciador;

◼ identificar as camadas de proteção independentes (IPLS) re-


lacionadas;

◼ determinar a frequência de cada cenário;

◼ avaliar os riscos;

◼ considerar sugestões adicionais de redução de riscos.

SAIBA MAIS

Para que uma camada de proteção seja considerada independente, ela deve
ser: eficaz na prevenção da consequência; independente do evento inicia-
dor e dos componentes de qualquer outra IPL já determinada para o mesmo
cenário; e auditável. Na LOPA, a eficácia de uma IPL é medida por meio da
sua probabilidade de falha na demanda, que é, por sua vez, definida como a
probabilidade de um sistema falhar na demanda da execução de uma fun-
ção.

Os principais benefícios de se utilizar essa metodologia são: o


menor tempo demandado em relação a outras análises quantitativas
de risco, a facilidade e precisão da determinação de pares causa/
consequência e a identificação dos cenários.

A LOPA ainda proporciona meios de comparação entre


os riscos de unidades e plantas distintas, desde que a mesma
aproximação seja utilizada, e exige documentações mais rigorosas,
com maior clareza e consistência de certificação (ALVES, 2007).

124
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS
A Engenharia de Segurança do Trabalho tem uma função
essencial nas ações de prevenção e combate a incêndios. Nessa
área, os profissionais adotam medidas que abordam desde o projeto
até os treinamentos no combate ao incêndio. Nos dias de hoje
existem diversas legislações sobre o tema, sejam elas leis, decretos,
portarias, instruções técnicas, entre outras. Dentre as normas
técnicas aplicáveis, destacam-se:

◼ ABNT NBR ISO 7240-5:2014 - sistemas de detecção e alarme


de incêndio;

◼ ABNT NBR 15808:2013 - extintores de incêndio portáteis;

◼ ABNT NBR 14276:2006 - brigada de incêndio - requisitos;

◼ ABNT NBR 13231:2005 - proteção contra incêndio em subes-


tações elétricas de geração, transmissão e distribuição.

A Escola Nacional de Inspeção do Trabalho – ENIT dispõe de


uma Norma Regulamentadora específica, que traça algumas poucas
recomendações em relação à proteção contra incêndios. Publicada
em 1978, por meio da Portaria nº 3.214, do Ministério do Trabalho,
ela sofreu uma última alteração em maio de 2011. O texto diz:

Todos os empregadores devem adotar


medidas de prevenção de incêndios,
em conformidade com a legislação
estadual e as normas técnicas aplicáveis.
O empregador deve providenciar, para
todos os trabalhadores, informações
sobre: utilização dos equipamentos de
combate ao incêndio; procedimentos
para evacuação dos locais de trabalho
com segurança; dispositivos de alarme
existentes.

125
Os locais de trabalho deverão dispor de
saídas, em número suficiente e dispostas
de modo que aqueles que se encontrem
nesses locais possam abandoná-los
com rapidez e segurança, em caso de
emergência.

As aberturas, saídas e vias de passagem


devem ser claramente assinaladas por
meio de placas ou sinais luminosos,
indicando a direção da saída.

Nenhuma saída de emergência deverá


ser fechada à chave ou presa durante a
jornada de trabalho.

As saídas de emergência podem


ser equipadas com dispositivos de
travamento que permitam fácil abertura
do interior do estabelecimento (BRASIL,
2011).

A ENIT também dispõe de normas que tratam, mencionam


ou contribuem para a regulamentação da saúde e da segurança
do trabalhador, no que tange a atividades que envolvam riscos
de explosão e incêndios, como a NR 19 - Explosivos, a NR 20 -
Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis e a
NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo.

Riscos de explosões e incêndios: gerenciamento


de riscos de incêndios

A metodologia aplicada pelo Corpo de Bombeiros do Estado de


São Paulo contra os riscos de incêndios e explosões foi estruturada
para que fosse possível identificar as fontes de perigos internas

126
e externas à organização. Sua formulação se baseou em alguns
questionamentos. São eles:

◼ o que pode dar errado?

◼ como pode dar errado?

◼ como as barreiras de proteção irão reagir a eventos indesejá-


veis?

◼ quais as consequências desses desvios?

O primeiro passo para o gerenciamento de riscos de in-


cêndios e explosões é a estruturação do plano de gerenciamen-
to, que envolve as etapas apresentadas no Diagrama 1.

DIAGRAMA 1. ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS DE


INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

Fonte: SEITO et al., 2008, p. 381. (Adaptado).

127
É imprescindível que a equipe responsável pelo
gerenciamento dos riscos entenda e conheça todo o sistema
de funcionamento da planta em questão. No entanto, essa eta-
pa deve ser verificada com bastante zelo para plantas que ainda
estejam sendo postas em funcionamento, pois será de extrema
valia para o processo de identificação das incertezas indesejáveis
(SEITO et al., 2008).

O processo de identificação de perigos em situações de in-


cêndios também deve lançar mão de ferramentas de gerencia-
mento. Inclusive, elas são recomendadas pelo American Institute
for Chemical Engineer – AIChE. Os métodos de investigação de
perigos podem ser divididos em três grupos, já mencionados
anteriormente:

◼ métodos comparativos: checklists;

◼ métodos fundamentais: what if, HAZOP e FMEA;

◼ métodos do diagrama de falhas: árvore de falhas, árvore de


eventos.

Apesar da dificuldade de se mensurar os benefícios do reco-


nhecimento de perigos a curto prazo, a identificação dos perigos
deve ser realizada durante todo o ciclo de vida de um sistema. Seus
benefícios incluem (SEITO et al., 2008):

◼ poucos acidentes ou incêndios durante o ciclo de vida do pro-


cesso;

◼ consequências menores quando eventuais acidentes aconte-


cem;

◼ menor tempo de resposta durante uma emergência;

◼ melhoria nos programas de treinamento;

◼ melhor relacionamento com a comunidade.

Os objetivos do gerenciamento dos riscos de incêndios e ex-


plosões incluem:

128
◼ identificação da sensibilidade das pessoas e equipamentos;

◼ continuidade operacional aos impactos térmicos e dos produ-


tos de combustão;

◼ tempo necessário para as ações de emergências.

O primeiro passo sempre deverá ser a estruturação do


problema, a fim de identificar o que está em risco em relação às
pessoas, à propriedade, à continuidade operacional, à missão
e aos objetivos da organização. Sempre que necessário, a co-
munidade e o meio ambiente também devem ser considerados.

Para quantificar os riscos de um incêndio ou explosão


para as pessoas, propriedade e meio ambiente, a evolução do
incêndio deve ser simulada.

De maneira geral, a evolução do incêndio obedece às se-


guintes etapas:

◼ Inicialmente, há um vazamento de uma substância flamável


para o ambiente (na forma gasosa, líquida ou bifásica).

◼ No caso de vazamento de líquido, ele irá evaporar.

◼ Se a substância for flamável, existe a possibilidade da


ignição imediata.

◼ Se a substância for tóxica ou flamável e não sofrer igni-


ção imediata, ela será dispersa na atmosfera na forma
gasosa.

◼ Substâncias gasosas talvez sejam inaladas pelas pes-


soas. Se a dose exceder os limites de tolerância, há pos-
sibilidade de fatalidades.

◼ Havendo ignição, poderá haver danos às pessoas, à co-

129
munidade, às estruturas e ao meio ambiente em conse-
quência do impacto térmico, das ondas de choque e dos
produtos da combustão.

◼ Se a substância liberada estiver na forma líquida, será


formada uma poça. Um incêndio de poça será iniciado
caso haja uma fonte de ignição disponível.

VOCÊ SABIA?

Ignição consiste na energia (ou calor) necessária para iniciar a reação. Após
iniciada a ignição, a própria reação torna-se a fonte de calor, alimentando
o próprio ciclo. Quando abaixamos a temperatura de um combustível, ou da
região onde seus vapores flutuam, abaixo da sua temperatura de ignição, a
combustão cessa. Este é o segundo método básico de extinção de incêndios
e é conhecido como resfriamento. O agente universal utilizado no método
do resfriamento é a água, mas ela não é indicada para todo e qualquer tipo
de fogo.

É importante destacar que antes de toda a aplicação


de ferramentas e análise do comportamento dos eventos
indesejados que envolvam incêndios e explosões, é preciso en-
tender profundamente as variáveis do fogo, suas definições,
características e peculiaridades. A definição de fogo, em si, ainda
não foi estabelecida de forma muito clara. Até mesmo as normas
de países diferentes o descrevem de formas ligeiramente dife-
rentes.

A NBR 13860 (ABNT, 1997) define o fogo como o proces-


so de combustão caracterizado pela emissão de calor e luz. A BS

130
4422 (BS, 2005) e a ISO 8421-1 (ISO, 1987) definem o fogo como
um processo de combustão caracterizado pela emissão de calor
acompanhado por fumaça, chama ou ambos.

A representação gráfica mais conhecida do fogo e que foi


usada por anos é a chamada de “triângulo do fogo”, que explica
as formas de extinção do fogo por meio da retirada de um dos
seus três componentes: o combustível, o comburente e a fonte
de calor. Algum tempo depois de já ter se difundido, a represen-
tação do triângulo do fogo ganhou mais um elemento, a reação
em cadeia, e se tornou o que chamamos de tetraedro do fogo.

Quando iniciado e para se manter em combustão, o fogo


recebe influência de vários agentes, como o estado da matéria
(sólida, líquida ou gasosa), o calor específico, a umidade, o calor
latente de evaporação, o ponto de ignição, o ponto de fulgor, a
quantidade de calor, a composição química, a massa especí-
fica, a quantidade de oxigênio, entre outros. A diferença entre
os comportamentos dos materiais combustíveis, no momento
da ignição e no processo de manutenção do fogo, é explicada por
meio das variações desses fatores (SEITO et al., 2008).

O mecanismo de transmissão do fogo pode acontecer de


diversas formas: condução do calor, convecção do calor e ra-
diação de energia. A forma de transmissão, claro, irá interferir
na forma de crescimento e na manutenção do fogo.

De forma sucinta, a condução do calor é o mecanismo em


que a energia (calor) é transmitida por meio do material sóli-
do; a convecção do calor é o mecanismo pelo qual a energia se
transmite pela movimentação do meio fluído aquecido, seja ele
líquido ou gasoso; e a radiação é o mecanismo pelo qual a energia
é transmitida, através de ondas eletromagnéticas (SEITO et al.,
2008).

131
Os combustíveis sólido, líquido e gasoso possuem com-
portamentos de ignição diferentes, e geram diferenças no
comportamento e na manutenção do fogo. O combustível sóli-
do sofre um processo de decomposição térmica quando exposto
a um nível de energia (calor ou radiação) denominado pirólise,
que gera gás e vapor como subprodutos. Eles, em combinação
com o oxigênio do ar, formam uma mistura que irá se inflamar
quando na presença de uma fonte de energia ativante (faísca,
chama etc.).

Se o nível de energia incidente sobre o sólido for o bas-


tante para que a razão da pirólise seja mantida, a fim de formar
a mistura inflamável, a combustão será mantida de forma con-
tínua. Na maior parte dos casos, isso ocorre por meio do próprio
calor proveniente da chama da queima do material em combus-
tão (SEITO et al., 2008).

Os combustíveis líquidos quando expostos a uma fonte de


energia não sofrerão decomposição térmica como os sólidos, mas
sim a evaporação, que consiste na liberação de vapores que, em
contato com o oxigênio do ar, formarão a mistura inflamável
ou explosiva. Essa mistura inflama na presença de uma fonte de
energia ativante, e a continuidade da queima só será atingida se
o líquido atingir sua temperatura de combustão. Em sua maioria,
os combustíveis líquidos são hidrocarbonetos, ou seja, derivados
de petróleo (SEITO et al., 2008).

Qualquer substância que se apresente em forma de gás ou


vapor, em temperatura ambiente, é considerada um combustível
gasoso. Em contato com o oxigênio do ar, esse gás dará origem
à mistura inflamável que, na presença de uma fonte de energia
ativante, inflamará. Em sua maioria, os combustíveis gasosos são
as frações mais leves do petróleo, porém, existem outros não de-
rivados desse produto, como hidrogênio, monóxido de carbono,
dissulfeto de carbono e amônia (op.cit., 2008).

132
Não existem incêndios iguais, pois os fatores que contri-
buem e se combinam para seu início e desenvolvimento são inú-
meros. Dentre eles, podemos destacar:

◼ forma geométrica e dimensões do local;

◼ distribuição dos materiais combustíveis no local;

◼ quantidade de material combustível incorporado ou tempo-


rário;

◼ características de queima dos materiais envolvidos;

◼ local do início do incêndio no ambiente;

◼ condições climáticas (temperatura e umidade relativa);

◼ aberturas de ventilação do ambiente;

◼ aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio;

◼ projeto arquitetônico do ambiente e/ou edifício;

◼ medidas de prevenção de incêndio existentes e instaladas.

Os incêndios, comumente, se iniciam bem pequenos e seu


crescimento irá depender do primeiro item ignizado, das carac-
terísticas dos materiais ao redor do item ignizado e a sua distri-
buição no ambiente (SEITO et al., 2008).

Para o caso dos combustíveis gasosos, a mistura inflamá-


vel só poderá ser assim chamada quando o gás estiver misturado
com o oxigênio presente no ar em certas proporções de concen-
trações, em volume. A máxima proporção de gás, vapor ou pó no
ar que possibilita sua definição como mistura inflamável é de-
nominada limite superior de explosividade (LSE), e a mínima
proporção é denominadalimite inferior de explosividade (LIE). A
ignição da mistura ocorrerá, portanto, dentro da faixa delimitada
por esses dois limites.

133
Os líquidos, por sua vez, costumam ser associados à maio-
ria dos eventos indesejados de incêndios e explosões. Eles po-
dem ser classificados em inflamáveis e combustíveis, em fun-
ção das suas propriedades de evaporação. É através delas que se
determina, inclusive, o ponto de fulgor e o ponto de combustão
dos líquidos.

Ponto de fulgor pode ser definido como a menor tempe-


ratura capaz de provocar um lampejo, provocado pela infla-
mação dos vapores da amostra que, por sua vez, foi provocada
pela passagem de uma chama piloto. Ponto de combustão pode
ser entendido como a temperatura em que a amostra se inflama
e permanece queimando por cinco segundos, no mínimo. Sua in-
flamação é decorrente da passagem de uma chama piloto (SEITO et
al., 2008).

O tipo de incêndio, sua origem e sua evolução também irão


interferir no tipo de dispositivo que deve ser utilizado para o
seu controle. Os extintores de incêndio, por exemplo, surgiram
no século XV, e eram bem pouco usuais e eficientes, principal-
mente por armazenarem uma quantia muito limitada de água.
Hoje, os extintores fazem parte do sistema básico de seguran-
ça contra incêndios em edificações e devem ser portáteis, de fácil
uso, manejo e operação. Sua função principal é combater, de
imediato, um foco de princípio de incêndio.

134
Extintores de incêndio

Os princípios de incêndio têm características distintas, a


depender de sua origem e dos materiais combustíveis envolvi-
dos. Isso exige, portanto, o uso de equipamentos extintores di-
ferentes para cada caso. Por isso, foi criada uma classificação de
extintores. A substância inserida nos extintores, que será usada
para apagar o foco de incêndio, é chamada de agente extintor e
existe em grande variedade, com maior ou menor eficiência a
depender do tipo de fogo a ser combatido (SEITO et al., 2008).

Para a escolha do tipo correto de extintor, algumas ca-


racterísticas devem ser avaliadas:

◼ o alcance: permite que o operador controle melhor a sua dis-


tância de ataque em relação ao foco do fogo;

◼ duração de descarga: existem vários extintores de diferentes


massas e volumes para um mesmo agente extintor. O tempo
efetivo de descarga é função da quantidade do agente existen-
te dentro do dispositivo e da sua vazão de saída;

◼ forma de descarga: as principais formas de descarga são jato


concentrado e jato em forma de névoa/nuvem. Sua aplicação
vai depender do princípio do incêndio;

◼ operacionalidade: o dispositivo deve ser de fácil manuseio,


podendo ser operado por qualquer pessoa que esteja em con-
dições normais de operá-lo, devendo estar instalado em local
adequado e de acordo com orientações técnicas legais e dentro
do prazo de validade.

Em relação a treinamentos, toda e qualquer pessoa que passe


por capacitação quanto ao combate de incêndio deve ser preparada
quanto aos itens:

135
◼ identificação dos vários tipos de extintores;

◼ familiaridade com os vários tipos de extintores;

◼ operação para cada tipo de extintor quanto à sequência para


o uso, ou seja, dos tipos de pressurização direta ou indireta
(sempre lendo os quadros de instruções com as figuras ilus-
trativas);

◼ ter noção da distância segura para atacar o princípio de in-


cêndio;

◼ perder o receio de operar o extintor.

Importante destacar que o quadro de instruções de opera-


ção fixado no próprio extintor é necessário, mas por si só não é
suficiente para capacitar o operador no momento de exaltação.
Portanto, os treinamentos são extremamente fundamentais, so-
bretudo em sua parte prática. Eles devem ser ministrados por um
profissional reconhecido por um órgão competente, em campos
de treinamento homologados pelo órgão ambiental estadual e
com a frequência de, pelo menos, duas vezes ao ano.

Confira abaixo a classificação dos extintores.

QUADRO 3. CLASSIFICAÇÃO DE EXTINTORES

Classe Características dos materiais combustíveis

Fogo envolvendo materiais combustíveis sólidos, tais como


madeira, tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestá-
Classe A
veis e outras fibras orgânicas, que queimam em superfície
e profundidade, deixando resíduos.

Fogo envolvendo líquidos e/ou gases inflamáveis ou com-


Classe B bustíveis, plásticos e graxas que se liquifazem por ação do
calor e queimam somente em superfície.

136
Fogo envolvendo equipamentos e instalações elétricas
Classe C
energizadas.
Fogo em metais combustíveis, tais como magnésio, titânio,
Classe D
alumínio, zircônio, sódio, potássio e lítio.
Fonte: SEITO et al., 2008. (Adaptado).

Atualmente, existe no mercado uma gama enorme de ex-


tintores que se diferenciam de acordo com agente extintor, mas-
sa, volume, capacidade extintora, acionamento e sistema de eje-
ção. Em relação à carga de agente extintor, os tipos existentes
são:

◼ água;

◼ pó químico;

◼ espuma mecânica;

◼ CO2;

◼ halogenados.

Em relação ao sistema de ejeção do agente extintor, por


exemplo, o mercado disponibiliza os tipos (SEITO et al., 2008):

◼ autoejeção: cujo agente extintor é gasoso e mantido sob pres-


são no recipiente;

◼ pressurização direta: extintores que estão sob pressurização


permanente e que se caracterizam pelo emprego de somente
um recipiente para o agente extintor e o gás expelente;

◼ pressurização indireta: extintores pressurizados por ocasião


do uso. Caracterizam-se pelo emprego de um recipiente para
o agente extintor e um cilindro para o gás expelente, podendo
esse último ser interno ou externo ao recipiente.

Em relação à manutenção dos extintores, não é recomendá-


vel que ela seja feita em todos os extintores da empresa ao mesmo
tempo, para que a empresa inteira não fique desprotegida. Entre-

137
tanto, essa prática ainda é bastante comum. É necessário ter um
plano de manutenção que garanta a proteção contínua da edifica-
ção, e a observância de condições como:

◼ a inspeção deve ser periódica e programada;

◼ o tempo entre as inspeções depende de condições de exposi-


ção dos extintores, como maresia, altas temperaturas, poeira,
gases corrosivos etc.;

◼ o tempo máximo para inspeção é de doze meses;

◼ a frequência das inspeções deve ser maior quando o extintor


estiver instalado em locais de grande circulação;

◼ os extintores com carga de dióxido de carbono (CO2) ou aque-


les de outros tipos de agentes que possuam cilindros devem
ser inspecionados a cada seis meses.

SINTETIZANDO

Nesta nossa jornada de estudos, conhecemos o papel do fator hu-


mano nas falhas que ocorrem nos processos produtivos. Os er-
ros humanos têm origens diversas, como a sobrecarga de tare-
fas, o cansaço, a distração, problemas de saúde etc. Isso reforça
a importância da saúde do trabalhador nos programas de saúde e
segurança do trabalho. Um único erro, de um único trabalha-
dor, pode comprometer a saúde e a segurança de outras dezenas
de pessoas, bem como possibilitar perdas materiais, financeiras
e danos ao patrimônio, à propriedade e ao meio ambiente.

A fim de lidar com esses problemas, conhecemos algumas fer-


ramentas de gerenciamento de riscos, que existem em grande

138
número e oferecem uma gama enorme de aplicações. É possível
que elas sejam capazes de atender a qualquer tipo de atividade
existente, com algumas adaptações.

No entanto, a teoria deve ser posta em prática, os órgãos de


fiscalização devem cumprir seu papel de regulação e as equipes
de segurança e higiene ocupacional devem estar atentas às evo-
luções, às novas tecnologias e aos casos de eventos ocorridos ao
redor do mundo. Isso os possibilitará exigir que os dispositivos
e tecnologias existentes, e que lhes são oferecidos, sejam opera-
dos, cuidados, repostos e distribuídos de maneira eficiente, e de
acordo com o que determinam as normas técnicas legais da área.

Tragédias de grandes proporções, ocorridas ao longo dos anos,


em países de todo o mundo, nos mostraram que qualquer am-
biente pode estar suscetível a diferentes situações de risco, des-
de que estejam presentes ali as condições mínimas de desen-
volvimento de um acidente ou incidente. Muito ainda precisa
melhorar no combate a esses eventos, sobretudo para espaços
com grande concentração de pessoas.

Finalizamos o estudo focando nos riscos envolvendo incêndios


e explosões e na maneira de gerenciar situações como essas, e
também apresentamos alguns equipamentos e normas para
combater e prevenir essas situações.

Chegamos ao fim, caro(a) estudante! Espero que a leitura tenha sido


enriquecedora e que os ensinamentos passados aqui sirvam de base
para a sua jornada acadêmica e profissional.

Até a próxima!

139
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