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aoe APOSTILA DE DESENHO TECNICO CURSO: Engenharia Madeireira — CD029MD PROFESSOR: Marcio Fontana Catapan, Dr. Eng. ALUNO: CURITIBA / 2015 APOSTILA DE DESENHO TECNICO 2 CONSIDERACOES INICIAIS Aarte de representar um objeto ou fazer sua leitura por meio do desenho técnico & tao importante quanto a execugdo de uma tarefa, pois é o desenho que fornece todas as, informacdes precisas e necessérias para a construcao de uma pesa. Visando abordar a maiotia dos assuntos relatives ao desenho técnico de forma sucinta, porém completa em um curso de 80 horas, esta apostila foi elaborada. A experiéncia de mais de 15 anos nesta rea, capacitou o professor a construir um material que propiciasse tal dindmica de aprendizagem Para isto, esta primeira apostila foi dividida no contetido de introdug&o ao Desenho Técnico e Desenho 4 mao livre, onde abordaré os conceitos basicos para o seu entendimento. Na primeira parte, dentro do escopo do curso e respeitando as limitages de tempo disponivel para 0 ensino de desenho técnico dento de um curso de Engenharia Mecnica, praticamente todos os conhecimentos basicos necessérios para a realizacio de um desenho sero abordados. Na segunda parte/apostila, os conhecimentos adquiridos na primeira séo aplicados para a realizacdo de desenhos bidimensionais e com instrumentos, Essa parte consiste basicamente no aprendizado do uso de instrumentos para aplicac&o dos conhecimentos de desenho técnico da primeira parte do curso. A terceira parte, que constituiré 0 segundo semestre, ser utilizado um Software de CAD. Se vocé trabalhar com dedicacéo, conseguira atingir todos os objetivos propostos em ambas as partes. Bom trabalho! Prof. Marcio Catapan Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 1. INTRODUCAO 1.1, ETIMOLOGIA portugués desenho & um substantivo deverbal do verbo desenhar, que remonta ao latim designare, “marcar, notar, tragar, desenhar; indicar, designar; dispor, ordenar, regular, imaginar”, éimo do italiano desegnare. O portugués desenhar (e desenho) é modernamente s6 “tracar (e tragado) com linhas e afins”. Desenho é qualquer representaco gréfica - colorida ou no - de formas. Desenho & a expressdio grafica da forma, no se pode desenhar sem conhecer as formas a serem representadas. Planta Baixa Perspectiva Exata Desenho técnico © desenho é a forma de comunicagéo mais importante, depois da palavra, 0 desenho serve & propaganda, ao humorismo, & arquitetura, & expresso gréfica da palavra, etc.. E um erro se considerar 0 desenho como uma cépia de formas, pois ele pode representar a imaginacéo de uma forma nao existente (fic¢do cientifica): afinal, pode-se considerar desenho tudo aquilo que a m&o humana traduz quando quer exprimir uma idéia mesmo que néio o consiga. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 4 Desenho Industrial — tradugéo da expresso inglesa industrial design — significa tradicionalmente 0 desenho, 0 projeto de objetos ou de sistemas de objetos industrializados normalmente fruidos na existéncia cotidiana, no lar, no trabalho, no lazer: do relégio de pulso, aos talheres, da bicicleta ao automével, do trem ao avido, dos eletrodomésticos aos instrumentos de escritério, dos méveis aos barcos, das ferramentas manuais & méaquinas operatrizes. Todos esses objetos esto fundamentados num momento projetivo - de desenho criador — e num momento iterativo — de producéio em série e mecanizada. Assim, Desenho Técnico Mec&nico & 0 projeto da forma de objetos destinados & fabricacdo de objetos em série. O Projetista Mecdnico (Mechanical Designer) é responsavel pela forma dos produtos da sua empresa e sociedade; por isso deve considerar no seu trabalho a complexidade de relacdes entre produto, maquinas/equipamentos e ambiente, produto e usuario, isto é, fatores tecnolégicos, econémicos, sociais e culturais do ambiente. 1.2, CONCEITO © que é Desenho Técnico? desenho técnico, como citado anteriormente, é uma linguagem gréfica utilizada na industria. Para que esta linguagem seja entendida no mundo inteiro, existe uma série de regras internacionais que compdem as normas gerais de desenho técnico, cuja regulamentago no Brasil é feita pela ABNT — Associaco Brasileira de Normas Técnicas. E derivado da Geometria descritiva, que é a ciéncia que tem por objetivo representar no plano (folha de desenho, quadro, etc.) os objetos tridimensionais, permitindo desta forma a resolucdo de infinitos problemas envolvendo qualquer tipo de poliedro, no plano do papel. desenho técnico é um desenho operativo, ou seja, apés sua confeccio segue-se uma operacdo de fabricagio e/ou montagem. Desta forma, para fabricarmos ou montarmos qualquer tipo de equipamento ou construc&o civil, em todas as areas da inddstria, sempre precisaremos de um desenho técnico, 1.3, FINALIDADE Ao iniciar estudo de Desenho Técnico, vocé esté empreendendo uma experiéncia educacional gratificante que terd real valor em sua futura profisséio. Quando vocé tiver se tornado perito nesse estudo, tera a seu dispor um método de comunicagéo usado em todas as dreas da industria técnica, uma linguagem sem igual para a descricio acurada de objetos sélidos. desenho técnico é um dos mais importantes ramos de estudo em uma escola técnica, porque é & base de todos os projetos e subseqiientes fabricacdes. Todo estudante técnico deve saber fazer e ler desenhos, O desenho é essencial em todos os tipos de Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 5 engenharia pratica, e deve ser compreendido por aqueles relacionados com, ou interessados na industria técnica. Todos os projetos e instrugdes para fabricacdo séo preparados por desenhistas, escritores profissionais da linguagem, mas mesmo alguém que nunca tenha feito projetos deve ser capaz de |é-los e entendé-los, ou seré, profissionalmente, um leigo. A nossa finalidade ¢ estudar a linguagem do desenho técnico, de tal maneira que se possa escrevé-la, de uma maneira clara, a alguém que, familiarizado com este assunto, possa [é-la prontamente quando escrita por outro alguém para tanto, é preciso conhecer sua teoria e composicio basica e ficar a par das abreviaturas e convengées adotadas. A finalidade principal do Desenho Técnico ¢ a representaco precisa, no plano, das formas do mundo material e, portanto, tridimensional, de modo a possibilitar a reconstituicio espacial das mesmas. Essa representagio de formas constitui o campo do chamado “desenho projetivo"; © Desenho Técnico também abrange a representacdo gréfica de célculos, leis e dados estatisticos, por meio de diagramas, abacos, e nomogramas, que pertencem ao campo do “desenho nio projetivo”. Por serem seus princ{pios fundamentalmente os mesmos em todo o mundo, alguém treinado nestas praticas em uma nacio pode prontamente adaptar-se 4s de uma outra nacéo qualquer. Esta linguagem & completamente grafica e escrita, e é interpretada pela aquisicao de um conhecimento visual do objeto representado. O éxito de um aluno nesta matéria seré indicado ndo somente pela sua habilidade na execucio, mas também pela sua capacidade de interpretar linhas e simbolos e visualizé-los claramente no espaco. 1s IMPORTANCIA O Desenho Técnico constitui-se no Unico meio conciso, exato e inequivoco para comunicar a forma dos objetos; dai a sua importancia na tecnologia, face notéria dificuldade da linguagem escrita ao tentar a descrigéo da forma, apesar a riqueza de outras informacBes que essa linguagem possa veicular. Diante da complexidade dos problemas relatives aos projetos de Engenharia e Arquitetura, poderia parecer excessiva a importncia atribuida & forma e & sua representaco. Ocorre que a forma nao é um acessério nos problemas de tecnologia, mas faz parte intrinseca dos mesmos. O Desenho Técnico, ao permitir o tratamento e a elaboracao da forma de modo facil econémico, participa decisivamente das trés fases da solucdo daqueles problemas. Essas trés fases so: 1° - A busca de conceitos e idéias que parecam contribuir para a solucao. 2° - O exame e anilise critica desses conceitos, quando alguns séo escolhidos e outros rejeitados. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 6 3° - © desenvolvimento dos conceitos escolhides, seu aperfeicoamento final e comunicacao. Portanto, as aplicagdes do Desenho Técnico néo se limitam a fase final de comunicacéo dos projetos de Engenharia e Arquitetura, mas ainda cumpre destacar sua contribuigSo fundamental nas fases anteriores, de criago e de andlise dos mesmos. Adicionalmente, face a dificuldade em concebermos estruturas, mecanismos e movimentos tridimensionais, 0 Desenho Técnico permite estudé-los e solucioné-los eficazmente, porque permite a sua representacao. 1.5, MODALIDADES DE EXECUCAO. E comum associar-se 0 Desenho Técnico apenas 4 execugdo precisa por meio de instrumentos (régua, compasso, esquadros, etc.), mas ele pode, também ser executado mao livre ou por meio de computadores. Cada uma dessas modalidades difere apenas quanto & maneira de execugio, sendo idénticos os seus principios fundamentais. Enquanto 0 “desenho instrumental” é utilizado em desenhos finais, de apresentacdo, de célculos gréficos, de nomogramas, de diagramas, etc., 0 “esboco & mao livre” é, por exceléncia, o desenho do Engenheiro e do Arquiteto, pois possui a rapidez e a agilidade que permitem acompanhar e implementar a evoluc&o do processo mental. A presente apostila tem a finalidade de estudar os elementos bésicos do Desenho Técnico Projetivo com enfoque na sua execugio & mio livre. Os exercicios propostos visam ndo apenas treinar o aluno na execug&o do esboco a mao livre, mas objetivam, primordialmente, desenvolver a sua capacidade de visualizacio tridimensional e de representago da forma. 1.6.COMO E ELABORADO UM DESENHO TECNICO As vezes, a elaboracao do desenho técnico mecnico envolve o trabalho de varios profissionais. O profissional que planeja a peca é o engenheiro ou o projetista. Primeiro ele imagina como a peca deve ser e depois representa suas idéias por meio de um esboco, isto é, um desenho técnico & mao livre. O esboco serve de base para a elaboracio do desenho preliminar. O desenho preliminar corresponde a uma etapa intermedidria do processo de elaboracéo do projeto, que ainda pode sofrer alteracdes. Depois de aprovado, 0 desenho que corresponde & solucdo final do projeto sera executado pelo desenhista técnico. O desenho técnico definitive, também chamado de desenho para execucdo, contém todos os elementos necessarios & sua compreensio. © desenho para execugio, que tanto pode ser feito na prancheta como no computador, deve atender rigorosamente a todas as normas técnicas que dispdem sobre © assunto, desenho técnico mecénico chega pronto &s maos do profissional que vai executar a peca. Esse profissional deve ler e interpretar o desenho técnico para que possa executar Prof Mirco F, Catapan, Dr. Eng APOSTILA DE DESENHO TECNICO L a peca. Quando o profissional consegue ler e interpretar corretamente o desenho técnico, ele é capaz de imaginar exatamente como sera a pega, antes mesmo de executd-la. Para tanto, é necessdrio conhecer as normas técnicas em que o desenho se baseia e os principios de representac&o da geometria descritiva. 1.7. EXERCICIOS 1) Oque é Desenho Técnico? 2) Qual éa finalidade do Desenho Técnico? 3) Qual éa importancia do Desenho Técnico? 4) — Quais sdo as modalidades de execugao de Desenho Técnico? 2. | NORMAS PARA DESENHO TECNICO — ABNT/DIN 2.14, ENTIDADES NORMALIZADORAS A seguir temos uma lista das principais entidades de normalizago: ABNT - Associacao Brasileira de Normas Técnicas ASME — Sociedade Americana de Engenharia Mec&nica (American Society of Mechanical Engeering) ASTM - Sociedade Americana para Testes e Materiais (American Society for Testing and Materials) BS — Normas Britanicas (British Standards) DIN — Instituto Alem&o para Normalizacao (Deutsches Institut fiir Normung) ISO — Organizac&o Internacional para Normalizacéo (International Organization for Standardization) JIS — Normas da Indiistria Japonesa (Japan Industry Standards) SAE — Sociedade de Engenharia Automotiva ( Society of Automotive Engeering) 2.2. PRINCIPAIS NORMAS NBR 10067 — principios gerais de representago em desenho técnico. A NBR 10067 (ABNT, 1995) fixa a forma de representaco aplicada em desenho técnico. Normaliza o método de projecdo ortogréfica, que pode ser no 1° diedro ou no 3° diedro, a denominagSo das vistas, a escolha das vistas, vistas especiais, cortes e secies, generalidades. NBR 10068 - Folha de desenho Lay-out e dimensGes — objetiva padronizar as dimensdes das folhas na execuc&o de desenhos técnicos e definir seu lay-out com suas respectivas margens e legenda. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 8 NBR 10582 — apresentacdo da folha para desenho técnico — normaliza a distribuig&o do espaco da folha de desenho, definindo a drea para texto, o espaco para desenho , etc.. NBR 13142 - desenho técnico — dobramento de cépias. Fixa a forma de dobramento de todos os formatos de folhas de desenho para facilitar a fixagéo em pastas. NBR 8402 - execucdo de caracteres para escrita em desenhos técnicos. NBR 8403 - aplicaco de linhas em desenhos - tipos de linhas — larguras das linhas NBR 8196 - desenho técnico — emprego de escalas NBR 12298 — representaciio de area de corte por meio de hachuras em desenho técnico NBR10126 — cotagem em desenho técnico NBR 8404 - indicago do estado de superficie em desenhos técnicos NBR 6158 - sistema de tolerncias e ajustes NBR 8993 - representagdo convencional de partes roscadas em desenho técnico NBR 6402 - Execucao de desenhos técnicos de maquinas e estruturas metalicas 2.3. FORMATOS PADROES DE FOLHAS 2.3.1, TAMANHOS DE FOLHAS PADRONIZADAS PELA ISO O primeiro tamanho é o formato AO com dimensées de 841 X 1189 mm, equivalente a 1 m2 de érea, sendo que os demais formatos originam-se da bipartiggo sucessiva deste, conforme figura abaixo. AY Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 9 AO 841 X 1189 25 10 175 14 AL 594X841 25 10 175 1,0 Az 420X594 25 10 178 0,7 As 297 X 420 25 10 178 0,5 aa 210 X 297 25 5 178 0,5 Quando da necessidade de utilizagdo de formatos fora dos padrées estabelecidos, recomenda-se a escolha destes de tal forma que a largura ou o comprimento corresponda ao miltiplo ou submiltiplo do formato padrao. 2.3.2, QUADROS Nas dimensdes das folhas deve haver um excesso de papel de 10 mm nos quatro lados e as margens ficam limitadas pelo contorno externo da folha e pelo quadro. quadro tem a finalidade de limitar 0 espaco para o desenho conforme figura abaixo, FORMATS Furwatas Mas po m= Ae a8 LeceNDa enews ‘As margens sdo limitadas pelo contorno externo da folha e o quadro. O quadro limita o espaco para o desenho (Figura abaixo). Margem Direita Linha do Quadro Linha de Corte Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 10 2.3.3. LAYOUT DA FOLHA Espaco para texto o—|—_1 desenho pe _ ~ Legenda ‘© 2.3.3.1. Espaco para desenho: - Os desenhos sao dispostos na ordem horizontal ou vertical. - A vista principal ¢ inserida acima e esquerda, na area para desenho. 2.3.3.2. Espaco para texto: - Todas as informagdes necessérias ao entendimento do contetide do espago para desenho so colocadas no espaco para texto, - 0 espaco para texto é colocado a direita ou na margem inferior do padréio de desenho. - Quando © espago para texto é colocado na margem inferior, a altura varia conforme a natureza do servigo, - Alargura do espago de texto é igual a da legenda ou no minimo 100 mm. - 0 espago para texto é separado em colunas com larguras apropriadas de forma que possivel, leve em considerago o dobramento da cépia do padrao de desenho, conforme padrao Ad. - As seguintes informagées devem conter no espaco para texto: explanacdo (identificago dos simbolos empregados no desenho), instrugdo (informagées necessérias & execugdo do desenho), referéncia a outros desenhos ou documentos que se faam necessérios, tdbua de revisio (histérico da elaborag3o do desenho com identificagdo/assinatura do responsdvel pela revisdo, data, etc). 2.3.3.3. Legendas: A legenda deve ficar no canto inferior direito nos formatos AO, A1, A2, A3, ou ao longo da largura da folha de desenho no formato Ad. As legendas nos desenhos industriais as informacdes na legenda podem ser diferentes de uma empresa para outra, em funcéio das necessidades de cada uma. Este ¢ 0 espaco destinado & informagées complementares ao desenho como: identificacéo, numero de registro, titulo, origem, Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 4 escala, datas, assinaturas de execugéo, verificacio e aprovacéo, nimero de pesas, quantidades, denominacio, material e dimenstio em bruto, etc... Toda foiha de desenho deve possuir no canto inferior direito um quadro destinado a legenda. Este quadro deve conter o titulo do projeto/desenho, nome da empresa, escalas, unidades em que séo expressas as informagées, numero da folha (caso o projeto tenha mais de uma folha), e outras informagdes necessdrias para sua interpretacao. “ne wa | UP | 1/1 Figura - Exemplo de legenda Acima da legenda é construido 0 quadro de especificagées (ou NOTAS), contendo quantidade, denominacao do objeto, material, acabamento superficial, entre outros que se julgar necessério. A legenda deve ter 178 mm de comprimento nos formatos A2, A3 e A4, e 175 mm nos formatos AO e Al. 2.3.3.4. Dobragem de Folhas: Toda folha com formato acima do A4 possui uma forma recomendada de dobragem, Esta forma visa que o desenho seja armazenado em uma pasta, que possa ser consultada com facilidade sem necessidade de retira-la da pasta, e que a legenda estaja visivel com 0 desenho dobrado. As ilustragées a seguir mostram a ordem das dobras. Primeiro dobra-se na horizontal (em “sanfona”), depois na vertical (para trés), terminando a dobra com a parte da legenda na frente. A dobra no canto superior esquerdo é para evitar de furar a folha na dobra traseira, possibilitando desdobrar o desenho sem retirar do arquivo. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 12 Figura - Dobragem de alguns formatos 2.4, LETRAS E ALGARISMOS A NBR 8402 (ABNT, 1994) normaliza as condiges para a escrita usada em Desenhos Técnicos e documentos semelhantes. Visa & uniformidade, a legibilidade e a adequacéo a microfilmagem e a outros processos de reproducéo. “A habilidade no tragado das letras sé é obtida pela pratica continua e com perseveranca. Nao é, pois, uma questdo de talento artistico ou mesmo de destreza manual”. (SILVA, 1987) ‘A maneira de segurar o lépis ou lapiseira é o primeiro requisito para o tracado das Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 13 letras. A presso deve ser firme, mas nao deve criar sulcos no papel. Segundo Silva (1987) a disténcia da ponta do lapis até os dedos deve ser 1/3 do comprimento do lapis, aproximadamente. Na execugio das letras e algarismos podem ser usadas pautas tracadas levemente, com ldpis H bem apontado ou lapiseira 03mm com grafite H. Estas pautas sio constituidas de quatro linhas conforme Figura 12. As distancias entre estas linhas e entre as letras so apresentadas na Figura 13 e tabela 04 a seguir. Caracteristicas Relagiio ‘Altura das Letras Maidsculas - h (o/h 25 35 5 7 Altura das Letras Miniisculas - ¢ Moh 2535 5 Distancia Minima entre Caracteres - a Qh 05 07 1 14 Exemplo de pautas para escrita em Desenho Técnico ie jAM, S081 oe Caracteristicas da forma de escrita Fonte: NBR 8402 (ABNT, 1994) Tabela — Proporgées e dimensdes de simbolos gréficos NBR 8402 (ABNT, 1994) Distncia Minima entre Linhas de Base-b (14/10)h 3,5 5 7 10 Distancia Minima entre Palavras - ¢ (0h 145 21 3 42 Largura da Linha- d (1/10)h_ 0,25 0,35 05 0,7 Dimensées (mm) 10 7 2 14 4 10 28 20 84 14 20 14 28 2 A escrita pode ser vertical ou inclinada, em um angulo de 15° para a direita em relagio a vertical. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 14 eae Forma da escrita vertical Fonte: NBR 8402 (ABNT, 1994) Figura — Forma da escrita inclinada Fonte: NBR 8402 (ABNT, 1994) Prof. Marcio F. Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 415 2.5. TIPOS DE LINHAS E SUAS APLICACGES A NBR 8403 (ABNT, 1984) fixa tipos e 0 escalonamento de larguras de linhas para uso em desenhos técnicos e documentos semelhantes (Tabela 05 e Figura 16). A relago entre as larguras de linhas largas e estreita no deve ser inferior a 2. As larguras devem ser escolhidas, conforme o tipo, dimenso, escala e densidade de linhas do desenho, de acordo com o seguinte escalonamento: 0,13; 0,18; 0,25; 0,35; 0,50; 0,70; 1,00; 1,40 e 2,00mm. As larguras de traco 0,13 e 0,18 mm sao utilizadas para originais em que a sua reproducao se faz em escala natural. Figura - Outros exemplo de utilizago de linhas. Fonte: NBR 8403 (ABNT, 1984) Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng, APOSTILA DE DESENHO TECNICO 16 SO PbO Ege eS A ‘ Al Contornos Visivels Continua larga _— A2 Arestas Visiveis Bi Linhas de Intersecao imaginarias B2 Linhas de cotas B3 Linhas auxiliares 8 Continua estreita B4 Linhas de chamada BS Hachuras B6 Contornos de secées rebatidas na prépria vista B7 Linhas de centro curtas ° Continua estreita a Mao | c1 Limites de vistas ou cortes parciais livre (1) ou interrompidas se os limites nao PAS jincidir com linhas traco ponto 4—-|- Continua estreitaem —_/p1 Esta linha destina-se a desenho Vv ue-zague (1) confeccionados por méquinas E1 Contornos nio visiveis = Tracejada larga (1) E2 Arestas nao visiveis F . < escemiens Tracejada estreita (1) _|F1 Contornos nio vi F2 Arestas néo visivels « G1 Linhas de centro Trago e ponto estreita (a) G2 Linhas de simetrias G3 Trajetéria Trago e ponto estreito, H - ro larga nas extremidades Hi1 Planos de corte 4 ena mudanca de ecio a 431 IndicagSo das linhas ou superficies ee Traco e ponte larga com indicacao especial kK K1 Contornos de pecas adjacentes Trago e dois pontos estreita K2 Posigéo limite de pegas méveis K3 Linhas de centro de gravidade K4 Cantos antes de formacao K5 Detalhes situados antes do plano do corte 1. Se existem duas alternativas em um mesmo desenho, s6 deve ser aplicada uma opso. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 47 Em muitas situagées, ocorrem cruzamentos de linhas visiveis com invisiveis ou com linhas de eixo. Nestas situades, a representacéio pode ser tornada dara utilizando-se algumas convengdes que, embora nao normalizadas, podem ser bastante titeis, em Particular para a realizaciio e compreensaio de esbocos. Algumas destas convengies estiio normalizadas pela ISO 128-20:1996, mas os programas de CAD normalmente no as utilizam. As convengées para a intersecdo de linhas so apresentadas na Tabela abaixo (SILVA et af, 2006). Tabela — Interseg3o de linhas Fonte: Silva et a, 2006 Descrigao Correto Incorreto Quando uma aresta invisivel termina perpen- dicularmente ou angularmente em relacao a uma aresta visivel, toca a aresta visivel. Se existir uma aresta visivel no prolonga- mento de uma aresta invisivel, entéo a aresta invisivel nao toca a aresta visivel Quando duas ou mais arestas invisiveis terminam num ponto, devem tocar-se. Quando uma aresta invisivel cruza outra aresta (visivel ou invisivel), néio deve tocé-la Quando duas linhas de eixo se interceptam, devem tocar-se. 2.6,.ESCALAS Deve-se sempre que possivel, procurar fazer o desenho nas medidas reais da pega, para transmitir uma idéia melhor de sua grandeza. Para componentes que séo demasiadamente pequenos, precisamos fazer ampliages que permitam a representacao de todos os detalhes conforme norma. No caso inverso, isto é, para pegas de grande tamanho, o desenho deve ter proporgdes menores, sendo possivel assim a sua execugéo dentro dos formatos padronizados. A Norma NBR 8196 OUT / 1983, define que a designag3o completa de uma escala deve consistir da palavra "—ESCALA", seguida da indicacéio da relacéio como segue: Escalas padronizadas para desenho técnico Reducao Natural ‘Ampliagao 1:2 1:1 24 15 54 1:10 10:1 1:20 20:4 1:100 100:1 1:200 200:1 1:500 500:1 4:1000 4000:1 Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 18 ESCALA é uma relacio que se estabelece entre as dimensdes de um objeto em verdadeira grandeza e aquelas que ele possui em um desenho. a) | escave 72 Escala 1:1 Escala 2:1 Observagées: independente do uso de escalas reduzidas ou ampliadas, a cotagem sempre é feita com as medidas reais da peca. A escala utilizada sempre deve ser escrita na legenda. A escala a ser escolhida para um desenho depende da complexidade do objeto a ser representado e da finalidade da representacéo. Em todos os casos, a escala selecionada deve ser suficientemente grande para permitir uma interpretago facil e clara da informagdo representada. A escala e o tamanho do objeto em questo deverdo decidir 0 formato da folha. Exemplos de pecas em escala. soa. 11 Pun scala 241 ———1__+ Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 19 A designac&o completa de uma escala deve consistit na palavra ESCALA”, seguida da indicago da relago: a) ESCALA 1:1, para escala natural; b) ESCALA X:1, para escala de ampliacao (X > 1); c) ESCALA 1:X, para escala de redugio (X > 1). 3 — INSTRUMENTOS DE DESENHO Pranchetas (mesas para desenho) — construidas com tampo de madeira macia e revestidas com plistico apropriado, comumente verde, por produzir excelente efeito para © descanso dos olhos. Régua paralela - instrumento adaptavel prancheta, funcionando através de um sistema de roldanas. Tecnigrafo — instrumento adaptével & prancheta reunindo, num sé mecanismo, esquadro, transferidor, régua paralela e escala. Régua “T" — utilizada sobre a prancheta para tracado de linhas horizontais ou em angulo, servindo ainda como base para manuseio dos esquadros, Esquadros — utilizados para tracar linhas, normalmente fornecidos em pares (um de 309/60° e um de 45°). Transferidor — instrumento destinado a medir angulos. Normalmente sao fabricados modelos de 180° e 360°. Escalimetro — utilizada unicamente para medir, no para tracar. ‘Compasso - utilizado para o tracado de circunferéncias, possuindo varios modelos (cada qual com a sua fungao), alguns possuindo acessérios como tira-linhas e alongador para circulos maiores. Curva francesa — gabarito destinado ao tracado de curvas irregulares. Gabaritos — fornecidos em diversos tamanhos e modelos para as mais diversas formas (circulos, elipses, especificos para desenhos de engenharia civil, elétrica, etc.) Lapis ou lapiseira — atualmente as mais utilizadas so as lapiseiras com grafite de 0,5mm e 0,7mm de diametro. Observagées: Para a disciplina de Desenho Técnico, séo necessérios os instrumentos destacados em negrito. Ou seja, Esquadros (um de 30°/60° e um de 45° - sem escala e de acrilico transparente — recomenda-se tamanho de 200mm); Transferidor (simples); Escalimetro (régua boa); Compasso (muito bom — evitar os de plastico simples); Duas Lapiseiras — 1? com grafite 0,7 para o tragado dos contornos da peca e a 28 com grafite 0,5 para o tracado linhas auxiliares e de cotas; Borracha branca e macia. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 20 Materiais Complementares: Flanela, escova para limpeza, fita adesiva, borrachas e grafites para a reposicao. Grau de dureza dos grafites: A graduaco dos grafites esté mostrada na Tabela 1. Tabela 01 - Grau de dureza dos grafites 9H a 4H 3H, 2HeH FeHB Be2B 3B, 4B, 5B e 6B extremamente macios 2 ‘duros duros médios macios extremamente macios 4—VISTAS ORTOGRAFICAS Utilizando 0 sistema de projegées cilindricas ortogonais, 0 matemitico francés Gaspard Monge criou a Geometria Descritiva que serviu de base para o Desenho Técnico. Utilizando dois planos perpendiculares, um horizontal (r’) e outro vertical (x”), ele dividiu © espaco em quatro partes denominados diedros. Um objeto colocado em qualquer diedro tera as suas projegdes horizontal e vertical (Figura 4.1). Como o objetivo ¢ visualizar 0 objeto num sé plano, o desenho & denominado “épura”, ou planificacio do diedro, que consiste na rotacéo do plano horizontal, de modo que a parte anterior do n’ coincida com a parte inferior de x”, enquanto o plano vertical permanece imével (figura 4.2). A linha determinada pelo encontro dos dois planos é chamada de Linha de Terra (LT), OIRO Figura 4.1 — Representagio das projecées de um objeto no 19 e 3° diedros Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 24 Lr ur Pieris re DIEDNO Popsane Pon Figura 4.2 — Representac&o das épuras dos objetos da figura anterior Pode-se citar algumas diferencas entre a Geometria Descritiva e o Desenho Técnico. Na Geometria Descritiva duas projecdes so suficientes para representar um objeto, recorrendo raramente ao plano de perfil, isto se deve ao fato de utilizarmos letras na identificacdo dos vértices e arestas dos objetos representados. J no Desenho Técnico, esta identificagdo torna-se impraticdvel, utilizando-se, normalmente, uma. terceira projec3o, para definir de modo inequivoco a forma dos objetos, A segunda distingdo é encontrada no posicionamento do objeto. Em Desenho Técnico o objeto é colocado com suas faces principais paralelas aos planos de projecao, de modo a obté-las em verdadeira grandeza (VG) na projec3o em que seja paralela. O mesmo nao ocorre com a Geometria Descritiva, onde se resolvem problemas de representago com objetos colocados em qualquer posicao relativa aos planos de referéncia. Define a Norma Técnica Brasileira NBR ISO 10209-2 (2005) que o termo “Representaciio ortografica” significa “projecdes ortogonais de um objeto posicionado normaimente com suas faces principais paralelas aos planos coordenados, sobre um ou mais planos de projecdo, coincidentes ou paralelos aos planos coordenados. Estes planos de projegio sdo convenientemente rebatidos sobre a folha de desenho, de modo que as, posicdes das vistas do objeto sejam relacionadas entre si". As vistas de um objeto habitualmente so obtidas sobre trés pianos perpendiculares entre si, um vertical, um horizontal e outro de perfil, que definem um triedro tri-retngulo como sistema de referéncia. 41 dros Atualmente, a maioria dos paises que utilizam o método de representacao por diedros adotam a projec&o ortogonal no 1° diedro. No Brasil, a ABNT recomenda a representagio no 1° diedro. Entretanto, alguns paises, como por exemplo os Estados Unidos e 0 Canad, representam seus desenhos técnicos no 3° diedro. No 1° Diedro 0 objeto se situa entre 0 observador e o plano de projecio. No 3° Diedro o plano de projecao se situa entre 0 objeto e 0 observador. Esses simbolos aparecem no canto inferior direito da folha de papel dos desenhos técnicos, dentro da Legenda. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 22 A seguir sero mostradas as diferencas de representacies de desenhos em 1° e 3° diedro. 1° Diedro 44 @) 3° Diedro ® «4 4. Representaciio no 1° Diedro No 1° diedro o objeto estd entre o observador e o plano de projecdo. Na Figura 4.3, podemos verificar trés vistas ortograficas de um mesmo objeto que esta disposto de modo a satisfazer a condicSo de paralelismo de duas faces com os trés planos do triedro. Essas trés vistas ortograficas habituais, que garantem a univocidade da representacao do objeto, so denominadas: vista frontal (VF), vista superior (VS) e vista lateral esquerda (VLE). Planifica-se esta representacdo rebatendo o plano horizontal e 0 de perfil sobre 0 plano vertical. O sistema de projecio no 1° diedro é conhecido como Método Alemo ou Método Europeu. E adotado pela norma alem& DIN (Deutsches Institut fiir Normung) e também pela ABNT (Associacao Brasileira de Normas Técnicas). Tea PS VaR Tae —| ——|_ ta supa (Hero Mercer) Figura 4.3 — Projeco de um objeto no 1° diedro Em casos muito esporddicos (de pecas complicadas), pode recorrer-se a mais planos de projecéo, para representar mais vistas além das habituais (VF, VS VL), correspondendo a envolver a peca em um paralelepipedo de referéncia (triedro tri- retngulo fechado), que ¢ posteriormente aberto e rebatido. Obtém-se assim, seis vistas do objeto (Figura 4.4). Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 23 Figura 4.4 — Projego no 1° diedro A projecéo de um objeto no primeiro diedro corresponde & representacéio ortogréfica compreendendo o arranjo, em torno da vista principal de um objeto, de algumas ou de todas as outras cinco vistas desse objeto. Com relacdo vista principal (vista frontal), as demais vistas so organizadas da sequinte maneira: a vista superior (VS) fica abaixo, a vista inferior (VI) fica acima, a vista lateral esquerda (VLE) fica a direita, a vista lateral direita (VLD) fica & esquerda e a vista posterior (VP) fica a direita ou & esquerda, conforme conveniéncia (Figura 4.5). Figura 4.5 - Exemplo das seis vistas ortogréficas possiveis de uma pega, no 1° diedro. A projeco horizontal (VS ou VI) fornece a largura e a profundidade, a vertical (VF ou VP) fornece a largura e a altura, e a de perfil (VLD ou VLE) fornece a profundidade e a altura. Quando a vista oposta a uma habitual for idéntica a esta ou totalmente desprovida de detalhes, ndo é necessdria a sua representago, bastando a vista habitual. No caso de sélidos assimétricos & necessério apresentar as vistas opostas as habituais ou recorrer a outro tipo de representacéo convencional, como cortes, secées ou vistas auxiliares. Se 0 objeto possuir faces inclinadas em relacio aos planos do paralelepipedo de referéncia e é necessdrio representar a verdadeira grandeza dessas faces, deverao ser utilizados planos de projecdo auxiliares, paralelos aquelas faces e rebatidos sobre os planos habituais de referéncia. 4.3 Representacao no 3° Diedro No 3° diedro o plano de projecdo esté situado entre 0 observador e o objeto. 0 sistema de projecio no 3° diedro (Figura 4.6) é conhecido como Método Americano e & adotado pela norma americana ANSI (American National Standards Institute). Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 24 Figura 4.6 — Projegdo de um objeto no 3° diedro Com relaco & vista principal, a vista frontal, as demais vistas so organizadas da seguinte maneira: a vista superior fica acima, a vista inferior fica abaixo, a vista lateral esquerda fica & esquerda, a vista lateral direita fica a direita e a vista posterior fica a direita ou a esquerda, conforme conveniéncia (Figura 4.7). Figura 4.7 - Projeco no 3° diedro A diferenga fundamental entre os dois métodos est na posicéo das vistas (Figura 4.8), sendo a vista frontal a principal. A vista de frente também & chamada de elevacio e a superior de planta. rmovenoonone-vercconncrcs —€]@) —txermoomano-rerenonentcas OVC] cJIH Figura 4.8 — Exemplo das vistas ortogréficas no sistema europeu e no sistema americano Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 25 4.4 Obtencao das vistas ortograficas © objeto & colocado no interior do triedro tri-reténgulo para obter suas vistas, A vista de frente deve ser a principal. Esta vista comanda a posicio das demais. E conveniente que se faca uma andlise do objeto, com o objetivo de escolher a melhor posi¢&o para a vista de frente. Aeescolha da vista de frente deve ser: a) Aquela que mostre a forma mais caracteristica do objeto; b) A que indique a posigdo de trabalho do objeto, ou seja, como ele é encontrado, isoladamente ou num conjunto; ©) Se os critérios anteriores forem insuficientes, escolhe-se a posic&o que mostre a maior dimenséio do objeto e possibilite o menor numero de linhas invisiveis nas outras vistas. Em Desenho Técnico n&o se representam nem a linha de terra nem o trago do plano de perfil. Porém, devem ser obedecidas as regras de posicionamento relative das vistas, decorrentes da teoria de dupla projec&o ortogonal e do rebatimento dos planos de referéncia. Para obter as vistas de um objeto, inicialmente, so comparadas as dimensdes de largura, altura e profundidade, para a escolha da posicao vertical ou horizontal do papel. Efetua-se entdo a representaco das vistas necessarias do objeto, de acordo com suas dimensées (Figura 4.9) s ; ' Figura 4.9 — Vistas ortograficas de um objeto no 1° diedro 0 objeto representado na Figura 4.9 possui uma face que nao é paralela a nenhum dos planos de referncia, e, portanto, nas suas vistas ndo aparece a verdadeira grandeza da mesma. Os objetos, agora, estardo sendo representados apenas no 1° diedro. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 26 Em Geometria Descritiva constroem-se as figuras, ponto por ponto, em func&io das respectivas coordenadas (abscissa, afastamento e cota) referidas aos planos de projecao. Em Desenho Técnico, devido & regularidade dos objetos habitualmente representados, utilizam-se para construir as vistas suas préprias dimensées, tomadas paralelamente aos planos de projecdo e tendo como referéncia as faces ou eixos de simetria do préprio objeto (Figura 4.10). Figura 4.10 - Vistas ortogréficas de um objeto em Desenho Técnico no 1° diedro Na obtencao das vistas, os contornos e arestas visiveis sio desenhados com linha continua larga. As arestas e contornos que ndo podem ser vistos da posicéio ocupada pelo observador, por estarem ocultos pelas partes que ficam a frente, sao representados por linhas tracejadas largas ou estreitas. Com a utilizacdo de linhas tracejadas para aresta invisiveis evita-se, normalmente, com essa convencao, a necessidade de representacdo de duas vistas opostas de um mesmo contorno, quando o objeto néo for simétrico (Figura 4.11), As linhas de centro so eixos de simetria que posicionam o centro de furos ou detalhes com simetria radial, elas séo representadas pelo tipo de linha de traco e ponto estreita. Figura 4.11 — Vistas de um objeto onde na lateral esquerda hd uma aresta invisivel no 1° diedro Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 27 A representacao da vista oposta a uma vista habitual é necesséria quando a quantidade e a complexidade dos detalhes invisfveis e sua coincidéncia parcial com linhas visiveis impedem uma facil identificago dos mesmos. 4.5 Andlise da forma dos objetos Todos os objetos podem ser considerados como compostos de sélidos geométricos elementares, tais como: prismas, cilindros, cones, etc, utilizados de maneira positiva (adicionados) ou negativa (subtraidos) (Figuras 4.12 e 4.13). Antes de representar um objeto por meio de suas vistas ortograficas deve-se analisar quais os sdlidos geométricos elementares que adicionados ou subtraidos levam & sua obtengo. As vistas ortogréficas desse objeto serio desenhadas obedecendo aquela sequéncia de operagées de montagem ou corte. oO a &£ a Bh KS SO C3 & > Zs ANA Figura 4.12 — Objeto composto de maneira | Figura 4.13 - Objeto composto de maneira positiva negativa fas ortograficas Leitura de A representacdo de um objeto no sistema de vistas ortogréficas somente serd compreendido de modo inequivoco se cada vista for interpretada em conjunto e coordenadamente com as outras. A leitura das vistas ortogréficas é muito auxiliada pela aplicagéo de trés regras fundamentais: 1) regra do alinhamento: as projeges de um mesmo elemento do objeto nas vistas adjacentes esto sobre o mesmo alinhamento, isto é, sobre a mesma linha de chamada (Figura 4.14); 28) regra das figuras contiguas: as figuras contiguas de uma mesma vista correspondem a faces do objeto que ndo podem estar situadas no mesmo plano (Figura 4,15); 3) regra da configurago: uma face plana do objeto projeta-se com a sua configuragéo ou como um segmento de reta. No primeiro caso a face é inclinada ou paralela ao plano de projec, e, no segundo caso é perpendicular a ele (Figura 4.16). Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 28 \ al cs Figura 4.14 — Regra do alinhamento das vistas ortograficas de um objeto Figura 4.15 — Regra das figuras contiguas das vistas ortogréficas de um objeto Figura 4.16 - Regra da configuracao das projecées de uma face de um objeto Além dessas trés regras basicas, é Util saber que, usando as projegées no 1° diedro, qualquer detalhe voltado para o observador numa determinada vista aparecerd mais afastados dela em uma vista adjacente, Se as projegdes forem executadas no 3° diedro, o mesmo detalhe estaré mais préximo. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 29 4.7 Exercicios de Vistas Ortograficas 1) Numere as projegdes ortogonais correspondentes a cada perspectiva Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO u a | O O Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 34 2) Identifique a Vista de Frente, a Vista Superior, a Vista Lateral Esquerda e a Vista Lateral Direita nas projecdes dadas. ee C | fy x | 1s Linha auxiliar obliqua ao elemento dimensionado Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Alinha de cota nao deve ser interrompida, mesmo que o elemento o seja 50 Figura — Cotagem em elemento interrompido A indicacio dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou tragos obliquos. Somente uma indicacéio deve ser usada num mesmo desenho, entretanto, se o espaco for pequeno, outra forma pode ser utilizada, As indicacdes so as seguintes: * a seta é desenha com linhas curtas formando Angulos de 15°. A seta pode ser aberta, ou fechada preenchida; © otraco obliquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45°, Figura 21 - Indicagées dos limites de linha de cota Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 45 Eixos, linhas de centro, arestas e contornos de objetos no devem ser usados como linha de cota (excego aos desenhos esquematicos). © i i \ i | _ ) : | ) +" Correto Errado Figura - Cotagem de diametro de circunferéncia As cotas de cordas, arcos e angulos devem ser como mostra a Figura abaixo. 420 os 28 oe coRDA ARCO ANGULO Figura - Cotagem de cordas, arcos e angulos Em grandes raios, onde o centro esteja fora dos limites disponiveis para cotagem, a linha de cota deve ser quebrada. R “OL Ri20 Re \¢. | Figura — Cotagem de raios de arcos de circunferéncia Alinha de centro e a linha de contorno, no devem ser usadas como linha de cota, porém, podem ser usadas como linha auxiliar. A linha de centro, quando usada como linha auxiliar, deve continuar como linha de centro até a linha de contorno do objeto. Figura — Linha de centro usada como linha auxiliar Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 46 ‘So utilizados simbolos para identificacdo de elementos geométricos, tais como: diametro (©), raio (R), quadrado (1). Os simbolos de didmetro e quadrado podem ser omitidos quando a forma for claramente identificada. As cotas devem ser localizadas de tal modo que nao sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha. Existem dois métodos de cotagem, mas somente um deles deve ser utilizado num mesmo desenho: a) método 1: as cotas devem ser localizadas acima e paralelamente as suas linhas de cotas e preferivelmente no centro, excecao pode ser feita onde a cotagem sobreposta & utilizada, conforme mostra a Figura a seuir. As cotas devem ser escritas de modo que possam ser lidas da base e/ou lado direito do desenho. 70 ° g g 640. Figura — Localizacdo das cotas no método 1 Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Cotas em linhas de cotas inclinadas devem ser sequidas como mostra a Figura abaixo. 7 3%) 9 ENE S 20 20 a Ne WY y | Figura - Localizacéo das cotas em linhas de cotas inclinadas no método 1 Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Na cotagem angular podem ser sequidas uma das formas apresentadas na Figura 28. oe Figura 28 — Cotagem angular no método 1 Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 47 b) método 2: as cotas devem ser lidas da base da folha de papel. As linhas de cotas devem ser interrompidas, preferivelmente no meio, para inscrigdo da cota Figura — Localizacao das cotas no método 2 Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Na cotagem angular podem ser seguidas uma das formas apresentadas na Figura. Figura — Cotagem angular no método 2 Fonte: NBR 10126 (ABNT, 1987) Observagao: Em Desenho Técnico Mecénico, 0 método mais utilizado é 0 1 (salvo situagdes com cotagem de chapas metilicas). Ou seja, 0 que serd utilizado em nossos desenhos sempre seré este método mostrado abaixo. Qutro método de cotagem sera considerado errado em nossa disciplina. 70 Figura — Cotagem Representado em Desenho Técnico Mecanico 2.7.1 COTAGEM EM SERIE O préprio nome ja diz, utiliza-se um vértice como referéncia, geralmente no canto inferior esquerdo, para iniciar a cotagem e as novas cotas so inseridas a partir das cotas ja existentes. Conforme mostrado na figura a seguir. problema é que pode gerar uma sequéncia de pequenos erros, somando-se um erro fora do previsto no projeto. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 48 60 123 20] 33 [a2 20 | as] as | ze (a) 2.7.2 COTAGEM UTILIZANDO FACES DE REFERENCIA sa os a) (a) 2.7.3 SEQUENCIA DE CONTAGEM OP ey | ES A i Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 12 Passo PSs 22 Passo Os 32 Passo 2 eo Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 50. 42 Passo Obs: E importante salientar que sempre se deve evitar a cotagem de linhas tracejadas, ou seja, de arestas nao visiveis. Nesse caso, deve ser representado em alguma projecdo da vista. Conforme visto acima. 20) Desenhar as trés vistas ortogréficas dos objetos: VF, VS e VLE. a) Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO b) ° Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 4) e) Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. 53 APOSTILA DE DESENHO TECNICO Ss Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 54 5. SOLIDOS GEOMETRICOS Os sdlidos geométricos tém trés dimensées: comprimento, largura e altura, Embora existam infinitos sdlidos geométricos, apenas alguns, que aprestam determinadas propriedades, so estudados pela geometria. Os sdlidos geométricos so separados do resto do espaco por superficies que os limitam. E essas superficies podem ser planas ou curvas. Dentre os sdlidos geométricos limitados por superficies planas, temos os prismas, 0 cubo e as piramides. Dentre os sdlidos geométricos limitados por superficies curvas, temos © cilindro, 0 cone e a esfera, que so também chamados de sdlidos de revolucio. E muito importante que vocé conheca bem os principais sdlidos geométricos porque, por mais complicada que seja, a forma de uma pea sempre vai ser analisada como o resultado da combinagao de sdlidos geométricos ou de suas partes. 5.1. PRISMA © prisma € um sélido geométrico limitado por poligonos. Ele é constituido de varios elementos. Para quem lida com desenho técnico é muito importante conhecé-los bem. Vejam uals so eles nesta ilustracéo: foces ERE at \ Zein Veen 5.2. PIRAMIDES A pirdmide é outro sélido geométrico limitado por poligonos. Outra maneira de imaginar a formagao de uma pirdmide consiste em ligar todos os pontos de um poligono qualquer a um ponto P do esbogo. vértice principal arestas Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 55 5.3. SOLIDOS DE REVOLUCAO So chamados sélidos de revolugio, os sélidos geométricos formados pela rotacio de figuras planas em torno de um eixo. O cilindro, 0 cone e a esfera so os principais sdlidos de revolucao. 5.3.1, CILINDRO E 0 sdlido geométrico formado pela revolucdo de um retangulo em torno de um de seus lados. aresta y foce superticle cilindrice linhe_geratri2 figura_geradoral base inferior 5.3.2, CONE Cone é 0 sélido gerado pela revolugao de um triéngulo retangulo em torno de um de seus catetos que se confunde com 0 eixo. figura_geradora vértice superficie conica 5.3.3. ESFERA E © sélido limitado por superficie curva, cujos pontos sao eqilidistantes de um ponto inferior chamado centro. © raio da esfera é 0 segmento de reta que une o centro da esfera a qualquer um de seus pontos. Diémetro da esfera é 0 segmento de reta que passa pelo centro da esfera unindo dois de seus pontos. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 56 x didmetro da_esfera rio da esfera 5.3.4, SOLIDOS GEOMETRICOS TRUNCADOS Quando um sélido geométrico cortado por um plano, resultam novas figuras geométricas: os sélidos geométricos truncados. Veja alguns exemplos de sélidos truncados, com seus respectivos nomes: tronco da tronce de {ronco, de tronco de Prisma eilindro pirdmide cone 5.3.5, SOLIDOS GEOMETRICOS VAZADOS Os sélidos geométricos que apresentam partes ocas sto chamados sélidos geométricos vazados. Ae cS Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 57. 5.3.6. TERMOS TECNICOS (© uso de termos técnicos dentro da area mecdnica, mais especificamente dentro do desenho técnico & muito importante, pois exprime situagdes de usinagem e montagem de conjuntos mecénicos. Os mais comuns sao: Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 58 6. PERSPECTIVAS Quando olhamos para um objeto, temos a sensagiio de profundidade e relevo. As partes que est&o mais préximas de nés parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser menores. A fotografia mostra um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de trés dimensdes: comprimento, largura e altura. desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representacao gréfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as trés dimensdes de um objeto em um Unico plano, de maneira a transmitir a idéia de profundidade e relevo. Existem diferentes tipos de perspectiva. Veja como fica a representacdo de um cubo em trés tipos diferentes de perspectiva: perspectiva cénica perspectiva cavaleira perspectiva isométrica Cada tipo de perspectiva mostra 0 objeto de um jeito. Comparando as trés formas de representacSo, voc8 pode notar que a perspectiva isométrica E a que da idéia menos deformada do objeto. Isso quer dizer mesma; métrica quer dizer medida. A perspectiva isométrica mantém as mesmas proporgdes do comprimento, da largura e da altura do objeto representado, Além disso, 0 tracado da perspectiva isométrica é relativamente simples. Por essas razdes, neste curso, vocé estudara esse tipo de perspectiva. 5.1, PERSPECTIVAS CONICA E um sistema perspectivo fundamentado na projecdio cénica do objeto sobre um quadro transparente, Corresponderia a desenhar sobre a lamina de vidro a imagem do objeto, mantendo o olho imével num ponto (ponto de vista). Conforme o cubo tiver nenhuma, uma ou duas das suas trés direcdes fundamentais paralelas ao quadro, a respectiva projecdo cénica tera tras, dois ou apenas um ponto de fuga. Este sistema implica em construgdes geométricas bastante complexas, exigindo, normalmente, 0 uso de desenho instrumental; em conseqiiéncia, a transformagdo das medidas do espaco para as medidas do plano e vice-versa nao pode ser feita de modo simples e imediato. Por isso, em Desenho Técnico, e especialmente no esboco 8 mao livre, é utilizada com mais freqiiéncia, os sistemas de perspectivas paralelas que ndo apresentam os inconvenientes mencionados acima. Como o nome indica, esses sistemas que serdo tratados 8 seguir, fundamentam-se nas projecdes paralelas (cilfndricas), em que todas as linhas do feixe projetante so paralelas. Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 59 a 5.2, PERSPECTIVAS CAVALEIRA E 0 sistema perspectivo obtido quando o feixe paralelo (cilindrico) de projetantes é obliquo em relago ao quadro, sendo colocada paralelamente ao mesmo a face mais importante do objeto. No desenho sobre a lamina de vidro, é obtida uma projec&o obliqua quando 0 olho & movido ao mesmo tempo em que a ponta do lapis, de maneira a que as, visuais que unem cada ponto do objeto ao correspondente ponto do desenho e ao olho, sejam sempre paralelas entre si e a uma direco obliqua em relagao ao vidro. Na realidade, as faces do cubo, paralelas ao quadro, permanecem em verdadeira grandeza, enquanto as arestas perpendiculares ao quadro se projetam inclinadas, sofrendo uma certa deformacao. Altura Profundidade 7 ly .7 & & & § i “ON ' agra r Cavalera 30° Cavalera 45° Cavalera 60° Cavaleira 30° 1 1 213 Cavaleira 45° 1 1 1/2 Cavaleira 60° 1 1 1/3 5.3. PERSPECTIVA ISOMETRICA 5.3.7. PERSPECTIVA ISOMETRICA SIMPLIFICADA Em quase todos os usos praticos do sistema isomeétrico no se considera a reducéo que sofrem as linhas, marcando-se sobre os eixos seus comprimentos reais. Assim, teremos uma figura com uma forma exatamente igual, mas um pouco maior, na proporcéo de 1 para ,23, linear, e seu volume de 1,00m3 para 1,23m3 (figura abaixo).. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 60 m Hla e typ tin . ci cian) VZG, S GEG PERSPECTIVAISOMETRIGA _PERSPECTIVA ISOMETRICA EXATA (81/100) ‘SIMIPLIFICADA (100/100) 5.3.8. TRACADO DA PERSPERCTIVA ISOMETRICA SIMPLIFICADA cos Isométricos desenho da perspectiva isométrica é baseado num sistema de trés semi-retas que tém o mesmo ponto de origem e formam entre si trés 2ngulos de 120°. Essas semi- retas, assim dispostas, recebem o nome de eixos isométricos. Cada uma das semi-retas & um eixo isométrico, Os eixos isométricos podem ser representados em posigées variadas, mas sempre formando, entre si, angulos de 120°, Neste curso, os eixos isométricos serdio representados sempre na posi¢éo indicada na figura anterior. O tracado de qualquer perspectiva isométrica parte sempre dos eixos isométricos. 120° ha Isométrica Qualquer reta paralela a um eixo isométrico é chamada linha isométrica. Observe a figura a seguir: Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 61 5.3.9. TRACANDO A PERSPECTIVA ISOMETRICA Dadas as vistas principais de um objeto, parte-se de um ponto que representa o vértice O do sdlido envolvente e tracam-se os trés eixos, que fardo entre si angulos de 120°. Em seguida, constréi-se 0 paralelepipedo envolvente do sélido com as maiores dimensées de largura, altura e profundidade, segundo a visibilidade desejada para os trés, planos. Analisando as vistas ortogréficas, fazem-se cortes no s6lido envolvente de acordo com as formas e dimensdes dadas nas referidas vistas, adaptando, separadamente, cada vista no seu plano, até que se tenha 0 objeto desejado (Figura abaixo). As linhas ocultas no so habitualmente representadas em perspectiva Figura - Construgdo da perspectiva isométrica simplificada de um objeto 5.3.1. TRAGANDO A PERSPECTIVA ISOMETRICA DE UM PRISMA — PASSO-A-PASSO © tracado da perspectiva seré demonstrado em cinco fases apresentadas separadamente. Na pratica, porém, elas so tracadas em um mesmo desenho. Em cada nova fase vocé deve repetir todos os procedimentos anteriores. Z prisma retangular dimensées basicas: omprimento: | = largura. h= altura Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 62 1a fase - Trace levemente, os eixos isométricos e indique © comprimento, a largura e a altura sobre cada eixo, tomando como base as medidas aproximadas do prisma representado na figura anterior, 2a fase - A partir dos pontos onde vocé marcou o comprimento e a altura, trace duas linhas isométricas que se cruzam. Assim ficaré determinada a face da frente do modelo. 3a fase - Trace agora duas_linhas isométricas que se cruzam a partir dos pontos onde voc8 marcou © comprimento e a largura. Assim ficaré determinada a face superior do modelo. 4a fase - E, finalmente, vocé encontraré a face lateral do modelo. Para tanto, basta tracar duas linhas isométricas a partir dos pontos onde vocé indicou a largura e a altura. Sa fase (concluséio) - Apague os excessos das linhas de construcéo. Depois, ¢ sé reforcar os contornos da figura e esté concludo 0 tragado da perspectiva isométrica do prisma retangular. 5.3.2. PERSPECTIVA ISOMETRICA DE ELEMENTOS PARALELOS A forma do prisma com elementos paralelos deriva do prisma retanguler. Por isso, 0 tracado da perspectiva do prisma com elementos paralelos parte da perspectiva do prisma retangular ou prisma auxiliar. 0 tracado das cinco fases seré baseado no modelo prismatico indicado a seguir. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 1a fase - Esboce a perspectiva isométrica do prisma auxiliar utilizando as medidas aproximadas do comprimento, largura e altura do prisma com rebaixo. 2a fase - Na face da frente, marque o comprimento e a profundidade do rebaixo e trace as linhas isométricas que determinam. 3a fase - Trace as linhas isométricas que determinam a largura do rebaixo. Note que a largura do rebaixo coincide com a largura do modelo. 4a fase - Complete o tragado do rebaixo, 5a fase (concluséo) - Finalmente, apague as linhas de construcao e reforce os contornos do modelo. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. Prisma oom rebaixo: ce comprimento Fgura altura & \ IQ \ \ Le Q ® 63 APOSTILA DE DESENHO TECNICO 64 5.3.3. PERSPECTIVA ISOMETRICA DE ELEMENTOS OBLIQUOS Os modelos prisméticos também podem apresentar elementos obliquos. Observe os elementos dos modelos abaixo: Esses elementos so obliquos porque tém linhas que néio so paralelas aos eixos isométricos. Nas figuras anteriores, os segmentos de reta: AB, CD, EF, GH, IJ, LM, NO, PQ. e RS sdo linhas n&o isométricas que formam os elementos obliquos. O tracado da perspectiva isométrica de modelos prisméticos com elementos obliquos também serd demonstrado em cinco fases. © modelo a seguir servir' de base para a demonstracéio do tragado. O elemento obliquo deste modelo chama-se chanfro. Prisma chanttado: comprimento, largura & = altura Ja fase - Esboce a perspectiva isométrica do TERE prisma auxiliar, utilizando as medidas et aproximadas do comprimento, largura e es | altura do prisma chanfrado. be 2a fase - Marque as medidas do chanfro na a face da frente e trace a linha nao isométrica | que determina o elemento. 3a fase - Trace as linhas isométricas que determinam a largura do chanfro. oa Ht RAS Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 65 4a fase - Complete o tracado do elemento. Sa fase - Agora & sé apagar as linhas de construgo e reforgar as linhas de contorno do modelo. 5.3.4. PERSPECTIVA ISOMETRICA DO CIRCULO Um circulo, visto de frente, tem sempre a forma redonda, Entretanto, quando giramos o circulo. Imprimimos um movimento de rotacdo ao circulo, ele aparentemente muda, pois assume a forma de uma elipse. Xa A J | Cc cfroulo visto de frente elpse Para obter a perspectiva isométrica de circunferéncias e de arcos de circunfer€ncias utilizamos a chamada elipse isométrica. Uma circunferéncia pode ser inscrita num quadrado, e esse, ao ser perspectivado, transforma-se num losango, que tera uma elipse inscrita. Para executar o desenho isométrico das circunferéncias, so executadas as seguintes etapas: 1) Desenha-se 0 quadrado ABCD que circunscreve a circunferéncia, Tragam-se os eixos isométricos e marcam-se os lados do quadrado nos eixos. Tem-se agora o losango ‘ABCD (Figura abaixo). Figura — Etapa 1 da construgdo da perspectiva isométrica de uma circunferéncia Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 66 2) Obtém-se os pontos médios E, F, G e H dos lados do losango ABCD. A pe >t oc \ \ Se _ nr Cc A. KT NE WN, >* | T 4 ia Figura 87 — Tipos de cortes: a) Corte em desvio; b) Corte parcial Corte rebatido: Quando o objeto possui detalhes simétricos que ndo passam pelo plano de corte. Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 35~Contorme @ conveniéncio, um corte pode ser efetuade por ume ossocio Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO “i - va j ; k 5 4 : : i 8 j aivawypupriiuo| sopr6.si0 coven ‘sopesnyou 00s ‘s0yn0o 's0010d “sosryo.0d “S0l@A0US “Sous ‘SOpOH so Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 96 CORTE DE UMA POLIA i A Corte AA, 97 APOSTILA DE DESENHO TECNICO SEGAO CORTE Segdo AA Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO EXERCICIOS 98, Complete os desenhos técnicos, fazendo as hachuras nas partes macigas atingidas pe~ fo corte. t Corte AA Corte BB Corte AA Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Exercicio2 ‘Complete as frases escolhendo a alternativa correta, a) O contorno da secio € representado por meio de + uma linha continua larga; * uma linha continua estreita. ) Quando a seco aparece interrompendo a viita,a linha que indica a interrupgao & + a linha de ruptura + a linha indicativa de corte 6) Para indicar que uma superficie é plana, derivada de uma superficie cilindrica, no desenho técnico utilizamos... + linhas grossas em diagonal; + duas linhas estreitas cruzadas em diagonal; 4) Quando a secdo é representada dentro da vista + énecessério identificar 0 nome da sec4o + no é necessirio identificar 0 nome da segao Exercicio3 ‘Analise a perspectiva em corte ¢ complete, na vista ortografica, a represen tach da sero dente da vista. Exercicio4 Analise as vistas ortograficas e escreva, nas linhas indicadas, a localizagao das egies b) — ——— | —— Prof. Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 4 Analise o desenho técnico e escreva | C | se a@ frase estiver certa e [E] se a frase estiver errada. © corte composto reuniu quatro cortes em um sé O corte composto esté representado na elevacao. A linha de corte esté representada na planta A perspectiva em corte correspondente ao desenha técnico & a que vem a seguir. Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Exercicios de Cortes 1) Representar os cortes indicado nos objetos dados. a) r q L | 2 . b) r . L 4 E F Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO ) ) | | fe, . e © | r APOSTILA DE DESENHO TECNICO 2) Representar o corte pleno e o meio corte das pecas dadas, de acordo com o exemplo dado. Exemplo Poca cilindrica Corte pleno Meio corte Prof. Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Representar as vistas das pecas abaixo e substituir a vista frontal por um Corte Longitudinal. Aplicar a Hachura de acordo com as Normas da ABNT. Utilizar folha A4 ou A3 com margem e legenda. Exercicio 09 Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Representar as vistas da peca abaixo e substituir as vistas frontal pelo Corte AA, sabendo esse corte é aplicado na vista superior e deve passar pelos centros dos furos de #20mm. Aplicar a Hachura de acordo com as Normas da ABNT. Utilizar folha A4 ou A3 com margem e legenda, Exercicio 10 Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Representar as vistas da peca abaixo e substituir as vistas frontal e lateral esquerda pelos Cortes AA e BB. Aplicar a Hachura de acordo com as Normas da ABNT, Utilizar folha A4 ou A3 com margem e legenda. Exercicio 11 Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Representar as vistas da peca abaixo e substituir a vista frontal pelo Meio-Corte de acordo com 0 esquema indicado na figura. Néo hé necessidade da vista lateral esquerda para esta peca. Exercicio 12 Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO 5, ESTADO DE SUPERFICIE (© desenho técnico, além de mostrar as formas e as dimensées das pegas, precisa conter outras informagées para representé-las fielmente. Uma dessas informagées 6 a indicagéo dos estados das superficies das pecas. * Acabamento: & 0 grau de rugosidade observado na superficie da pega. As superficies apresentam-se sob diversos aspectos, a saber: em bruto, desbastadas, alisadas e polidas. + Superticie em bruto 6 aquela que no é usinada, mas limpa com a eliminagao de rebarbas e saliéncias + Superficie desbastada 6 aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta sdo bastante visiveis, ou seja, a rugosidade é facilmente percebida. + Superticie alisada 6 aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta sdo pouco visiveis, sendo a rugosidade pouco percebida. + Superticie polida & aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta séo imperceptiveis, sendo a rugosidade detectada somente por meio de aparelhos. (Os graus de acabamento das superficies séo representados pelos simbolos indicativos de rugosidade da superfici , normalizados pela norma NBR 8404 da ABNT, baseada na norma ISO 1302. Os graus de acabamento sao obtidos por diversos processos de trabalho e dependem das modalidades de operagdes e das caracteristicas dos materiais adotados. Rugosidade séo erros microgeométricos existentes nas superficies das pegas, Provenientes do processo de fabricago, tais como ranhuras, sulcos, estrias, escamas e crateras. As ranhuras @ sulcos sdo provenientes de marcas da ferramenta durante 0 avango ou posicionamento da pega no processo de usinagem. As estrias e escamas formam-se na usinagem durante a retirada do cavaco. (© controle da rugosidade torna-se importante quando aumenta a qualidade de fabricagao {tolerancia dimensional pequena) ao ponto de ocorrerem irregularidades na superficie da pega maiores do que a tolerncia dimensional especificada (Figura 37). cugonicode Figura 37 — A Rugosidade e a Tolerancia Dimensional Prof, Marcio F, Catapan, Dr, Eng. APOSTILA DE DESENHO TECNICO Além disso, pegas sujeitas a esforcos intermitentes ou ciclicos, desgaste por atrito ou corrosdo superficial, necessitam de maior controle sobre o estado da superficie. As pegas destinadas @ transmisséo de calor, escoamento de fluidos, vedagao ou deslizamento, desempenham melhor suas fungdes quando possuem acabamento adequado. 5.1.Parametros de Rugosidade ‘A medigao de rugosidade pode ser feita através de microscépios ou rugosimetros. A Figura 38 apresenta um esquema de medig&o com rugosimetro. Ruansimetra Ponta de diamante Figura 38 - Esquema de m A ponta de diamante, fixada na ponta do brago do rugosimetro, percorre uma trajetéria linear de comprimento LA pré-definido, captando as irregularidades existentes na superficie da pega. O rugosimetro processa as informagées enviadas pelo sensor de diamante, realiza cdlculos da rugosidade, apresentando um valor numérico no mostrador e/ou imprime um gréfico do perfil de rugosidade da superficie avaliada (Figura 39). Figura 39 — Perfil de rugosidade na superficie da pega ‘A ABNT (Associagdo Brasileira de Normas Técnicas) adota 0 método da Rugosidade Média (Ra) descrito abaixo. Todos os parametros sdo definidos em fungao de uma linha média, paralela a superficie tedrica da pega, posicionada de modo que a soma das dreas dos picos situados acima da linha média seja igual 4 soma das areas situadas abaixo da linha média, para um comprimento de amostragem LA. No exemplo da Figura 39 teriamos que: Bat Ag= A+ Aa Rugosidade Média (Ra) 6 a média aritmética dos valores absolutos das ordenadas do perfil efetivo da pega em relagéo a linha média para um comprimento de amostragem LA definido, e pode ser calculado pela expresso: Prof, Marcio F, Catapan, Dr. Eng.

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