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ORDENAMENTO E SISTEMA JURIDICOS Paulo Ayres Barreto! F 1, Consideragées preliminares Abbusca pela compreensio de um dado campo objetal im- 5 pée ao estudioso a necessidade de se identificar caminhos para melhor forma de aproximagiio do seu foco investigativo. Vérias perspectivas se abrem para es: i analitica do objeto de estud cago das influéncias do todo em relagio a parte, bem assi cada unidade minima em cotejo com a sua estrutura integre como ele se origina; (v) 0 que pertence ao campo de estuc ‘© dele nao faz parte; (vii) quais os critérios utilizados para se definir tal pertinéncia; (viii) qual ¢ o mecanismo de ingresso saida de suas unidades ou, por outro giro, a dindmica de operagéo do objeto a ser examinado; (ix) que critérios presidem as formas de organizacéo das partes em relagao a0 todo e dele todo no que concerne as suas estruturas minimas tomadas em caréter ‘isolado 1. Doutor em Direito pela PUC/SP Livre Docente pela Universidade de So ‘Paulo, Professor Assotiado da Universidade de Sao Paulo, Professor dos Cur- 508 de Especializacao do Institute Brasileiro de Estudos Tributérios ~IBET. 249 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO (x) como esse campo objetal interage com aqueles que esto ao seu redor; (xi) quais as influéncias que objetos de estudo distintos promovem reciprocamente; (xii) como controlar o trénsito entre 0s diversos dominios do conhecimento humano. Da nogao de sistema advém necessidade de dar respostas coerentes e consistentes a essas questGes. Que postura assu- mir? Privilegiar a parte ou o todo? Nessa trilha, 6 constante a tensdo entre as teorias holisticas e reducionistas ora com pre- valéncia de uma ora com a com a supremacia da outra pers- pectiva. Tudo é sistema, e 56 desta perspectiva (sistémica) deve ser considerado diriam os holistas. Como afirmou Edgar Morin’, “tudo o que era unidade elementar, incluindo, sobretudo o tomo, tornou-se sistema.” Em contrapartida, os reducionistas afirma- riam que no hé conhecimento sem redugao de complexidades, Sem a precisa e rigorosa identificagao da parte, de sua unida- de irredutivel, nao é possivel a adequada aproximagao do ob- jeto a ser investigado. E assim avangam os estudos nos diversos campos do conhecimento humano, sempre influenciados por aproximagées mais analiticas ou de carter geral, com as vir- tudes e defeitos de ambas as aproximagées. Nas ciéncias juridieas nao haveria de ser diferente. Os avangos verificados eom a nogio de norma juridiea so sempre acompanhados de contribuigées em torno das nogées de orde- namento e sistema jurfdicos, foco temético deste breve estudo. Annogio de sistema e a potencial distingdo entre ordenamento e sistema so as primeiras questées a serem enfrentadas. 2, Nogao de sistema A nogéo de sistema, como de resto ocorre usualmente com a maioria dos signos, enseja distintas aproximagées. Todo 2.0 método 1 “A natureza da natureza”, p. 95.3#edigao, Sintra: Publicagées Europs-Amériea, 1997, trad, Maria Gabriela de Braganga. 250 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO sistema juridico, antes de ser juridico é sistema, Assim como ‘as classificagées em direito devem se submeter aos conecitos da Teoria das Classes, 0 estudo dos sistemas exigiria plena ‘adequagio & Teoria Geral dos Sistemas que, como predica Cristiano Carvalho’, com supedaneo nas ligées de Ludwig Von Bertalanfly, consistiria na “jungéo de diversas ciéncias inter- disciplinares tais como a Teoria da Comunicagao, a Teoria da Informagéo, a Cibernética, a Autopoeisis, etc.” Haveria tragos erequisitos comuns pertinentes a todo sistema, independen- temente do campo posstvel de sua aplicagio. O qualificativo que se associa ao signo sistema (econdmico, politico, social, juridico) deve, necessariamente, na conformagéo de seu am~ biente sistémico interno, guardar compatibilidade com esses tragos ¢ requisitos gerais identificados pela Teria Geral dos Sistemas. Colocando foco no sistema juridico, Bob! cita trés significados de sistema. por exemplo, Um primeiro significado toma em considerac&o a pers- pectiva dedutiva dos sistemas. Nesse sentido: (.)um dado ordenamento é um sistema enquanto todas as normas juridicas daquele ordenamento sao derivaveis de alguns prinefpios gerais (ditos “prinepios gerais do Direito), considerando da mesma maneira que os postulados de um sistema cientifico Uma segunda vertente vai buscar a nogao de sistema na Ciéneia do Direito moderno: Aqui o termo “sistema” é usado, ao contrério, para indicar um ordenamento da matéria, realizado através do processo 3. Teoria do Sistema Juridica. S80 Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 52. 4. Teoria do Ordenamento Juridico. 6° edigéo. Editora UnB, 1995, p. 75. 5. Teoria do Ordenamento Juridico, 6 edicao. Editora UnB, 1995, p. 78. 251 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO. indlutivo, isto & pvtindo do conte das lade de consis soneclos mage Cece sificagao ou divisées da matéria inteir: Ope to tipico dessa forma de sistema classificagao. ie © procedimen- io 6 a deduga Por fim uma terceira linha associ 1cA0 de sistema a terceira linha ass associaria a no io com uma necesséria coeréneia interna, Assim: = ‘J um ordenamento juricieo constitui um do poder coexist ko conta oma pore tema” equivale A validade do pri inefplo que exelai H Patibilidade das normas. i Bee eee sistema, osistema juridico Nest teria sentido da sma 0 06 um sistema dtutivo, coms TeDrimeiro send: € wn sistema num setide menos ». S€ Se quiser, num sentido negativo, isto é, tiem ‘que exclui a incompatil canseobaaa tune order idacle das suas partes simples. Vé-se, pois rs Pois, que as perspectivas indutiva e dedutiva geram Pe diferentes aproximagées do prdprio sistema que se pretence erigir ou do qual queremos examinar ou descreven De outra Parle, a terceira nogao de sistema acima referida diria ma; le sistem: ci com os atributos do préprio sistema, F ° ieee Comurn prevalecente ¢ a nogio de parte ou ele submetidos a certos crité : n érios de coordenaga : ‘ lon: a jempre precisa definigtio de Lourival Vilanovs’ "faleveg se sistema onde se encontrem element ; dentro de cujo ambito, “fatamos de im elementos e relagdes e uma forma jentos e relagées se eed verifiquem”. Por bara Tercio Sampaio Ferraz Junior’ “sistema é 0 con. junto de elementos de repertério e des entre n reperti caer 10 ¢ as relacdes entre os elementos 6. Teoria do Ordenamento Juridica. S40 Paw 1 As Exation Lien Sse Paulo: Max Limonad, 1997, a Quartier Lavin, 2005, p. x0, 0 Pusitiva, p, 173. 8 edig vito, p.ATS, 28 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO Retomemos, nesse ponto, as concepgées reducionistas € polisticas referidas no t6pico anterior para enfrentar a duali- dade parte/todo. Os reducionistas centrarao foco na parte, na estrutura minima do sistema, dando menos relevo a sua visio global. Em contrapartida, os holistas tendem a amesquinhar a importancia dessas estruturas minimas, enfatizando o todo. ‘Talvez seja possivel afirmar que ambas as posturas sio merecedoras de reparos. Cristiano Carvalho" observa que 0 sholismo acaba sendo, de certo modo, reducionista. O que que- ‘remos demonstrar é 0 enfoque inter-relacional das partes com todo, pois ambos se completam.” Com efeito, a énfase em uma ‘ououtra linha compromete a prépria consisténcia do discurso, representando tomada de posigao a priori, que desoura da necessaria imbricagao entre as posturas. H6 inafastavel influéncia do todo em relacdo a parte da parte om relagio ao todo. Sao vetores que exercem continua press4o, podendo resultar alteragio da parte, em face das pressdes advindas do sistema, bem assim modificacdes siste- mnicas decorrentes da forga que a unidade minima pode vir a exercer sobre a nogao de todo, As constantes interagoes que ‘ocorrem dentro do sistema e na correlagio com outros siste- mas tém a potencialidade de promover alteragdes na parte € no todo. Nessa trilha, o Constructivismo Légico-Seméntico, refe- rido com mais vagar no tiltimo tépico deste ensaio, oferece, & nosso sentir, instrumental adequado para trebalhar, com rigor e consisténcia, essa dualidade. Nas referéncias ao sistema normativo, sobressai anogio de ordem, de ordenagao de elementos. Disso deflui a recorren- te referéneia a expressao ordenamento juridico, por vezes, one CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO adotada como sinénimo de sistema, sendo, aie em outras tunidades, carrega ‘sentido préprioe di eee ito do primeiro (sistema). 3. Ordenamento e sistema juridicos _, Ss expresses “ordenamento juridico” e “sistema juridi- co” sao tidas, por diversos estudiosos do direito, como equiva lentes. Refletiriamn uma mesma nocéo. Por todos, vale verisinay @posi¢ao de Paulo de Barros Carvalho", para quem “as ors surticas forma ‘um sistema, na medida em que se relacionam irias maneiras, segundo um principio unifica: relag6es nao ocorrem desorganizadamente, razao pela q Possivel se dizer que “sistema” e “ordenamento” juriion | ? dlem ser usadas como expresses semelhantes, Ainda na fen Visdo, tanto a Ciéncia do Direito como o direito positive nsex, miriam foros sistémicos, eed Em contranota, Gregorio Robles atribui sentidos distintos A esas expressdes, ao propugnar que “ordenamiento es el tex. {0 juridico em bruto em su totalidad, compuesto por textos con. cretos, los quales son el resultado de decisiones coneretar*™ De outra parte, “sistema es el resultado de la elaboracién doctrinal 0 cientffica del texto bruto del ordenamiento”.* A distineao por cle proposta evidencia a existéncia de dois corpos de lingua om cada qual com suas estruturas légicas préprias: Boldeeaene to jurfdico como resultado da somatéria de textos de direito Positivo; sistema juridico como decorréncia do esforgo de or- denagio e depuragéo (em relacao a contradig6es e ambiguid, des) do proprio ordenamento." it 10. Curso de Direito Tributério, 19 ed. So Paulo: Saraiva, p.t1. 11, Teoriadet Derecho (Fundamentos de la Teori acon Manatee Dreho ed ‘ela Teoria Comunicacionel del Derecho). 12, Ibidem, p. 113, 13. Bbidem, p. 113, 254 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO Por outro giro, ALCHORRON e BULYGIN™ também fazem uma diferenciagao entre “sistema” e “ordenamento” juridico, colocando foco no aspect dindmico do direito. As normas juridicas que séo modificadas com 0 tempo geram uma réprio sistema. Conchuem assim que 0 “siste- tivo” 6 0 conjunto de normas estaticamente consideradas e “ordenamento juridieo” é uma série de suces- sivos sistemas ao longo do tempo. Aurora Tomazini de Carvalho" reconhece o méxito de tal posicionamento, uma vez que por intermédio dele 6 possivel observar o direito de forma cronolégica, conseguindo explicar, dessa forma, a sistematica da aplicagéo de normas j revogadas. Porém, afirma que esta teoria seria “apenas um ponto vista sobre objeto que enfatiza seu aspecto dindmico”. Deveras, ha diversas possibilidades de ferir o tema. Uma delas consiste em atribuir significagées distintas &s expresses ordenamento e sistema, por razées diferentes, come fizeram 0s autores antes referidos. Registre-se, contudo, que, como acentua Paulo de Barros Carvalho, “hé sistema na realidade do direito positivo e ha sistema nos enunciados cognoscitivos que sobre ele emite a Ciéneia Juridica.” Conquanto a ordenagéo e depuracao 56 ocorram neste tiltimo sistema, néo hé como deixar de atribuir caréter sistémico, ainda que embrionério, 20 direito positivo Assim, para aqueles que entenderem necessério enfatizar as nuangas existentes entre os dois sistemas, a ati jo de um signo distinto para qualificar, por exemplo, o sistema do direi- to positive, denominando-o de mero “ordenamento” é um caminho possivel. Distribuiciones Fontamara, 1997 15, Curso de Teoria Geral de Direito. So Paulo: Noeses, 2009, p. 618. 16, Curso de Direito Tributério, 19 ed, Séo Paulo: Saraiva, p. 11 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO. De nossa parte, no atribuiremos a expresséio ordena- mento juridico sentido distinto de sistema do direito posto, adotando assim ambas as expressées como sindnimas, dado ¢ inequivoco foco sistémico que esté atrelado a tais expresses, 4. Axiomas do ordenamento juridico O direito, assim como outros sistemas normativos, nao prescinde de alguns axiomas para tornar-se operacional. As. sim 6, vg., em relagéo 4 norma hipotética fundamental. Trata. -se de axioma a partir do qual deriva toda a positivagao do ‘ito. Nesta trilha, impende reconhecer que nao ha orde. namento juridico que se possa estruturar sem a definicao de sua hierarquia e do eritério de reconhecimento de validade de suas unidades normativas. Hierarquia e validade sao dois axiomas do diteito posto. Como leciona Aurora Tomazini de Carvalho”, a “existéncia do ordenamento juridico pressupoe, em primeiro lugar, um conjunto de normas juridicas (i.e, postas Por um ato de autoridade) e, em segundo, que tal conjunto constitua-se numa estrutura”. Sem a definicao de uma hierarquia entre os enuneiados Prescritivos néo hé caminhos para decidir sobre a solucdo de conflitos ou antinomias entre os distintos contetidos nor. mativos. Consequentemente, a propria nogéo de sistema, neste cenario, desaparece. E que, como predica Paulo de Barros Carvalho”: “sem hierarquia ninguém poderia apontar 0 fundamento juridico das unidades componentes, nao se sa- bendo qual deve prevalecer”. Hi liberdade para essa definigao dos métodos e critérios pelos quais se reconhece a op¢ao hierarquiea estabelecida nos diversos ordenamentos juridicos. Exemplificativamente, tratados internacionais tém posicao V7. Curso de Teoria Gera de Direlt. S40 Paulo: Noeses, 2000, p.619, 18. Direito ributario, inguagem e método, So Paulo: Noeses, 2008, p. 216, 256 CONSTRUCTIVISM LOGICO-SEMANTICO. i i sm relacéo ao direito interno na uperioridade hierérquiea e: erno rine ena Argentina, J4 nos Estados Unidos a relacéo é de paridade com 0 direito interno, devendo as antinomias ser resolvidas por outros eritétios. O fato é que hierarquia no 7 denamento juridico tem que existir, sob pena de subtracéo de seu cardter sistémico. O axioma da validade é imanente a nogéo de ordenamen- tojuridico,A norma 6 vélida se mantém relagéo de pertinéncia com 0 sistema s’. Vale dizer, foi inserida no sistema = i orgio competente, mediante procedimento previsto bale lo P 7 prio ordenamento, Lourival Vilanova” esclarece: “a v. dade 4 assim, validade no interior do sistema do direito positivo, ra “Rogras de outros sistemas requerem regra de regra que as, dicize, que as convalide.” Em s{ntese, sem definigéo de hierarquia e a nocao de validade um pretenso sistema nao assume tal caréter (sistem4- tico) em razéo da sua absoluta inoperdncia. 5, Sistema normativo: perspectivas estatica e dinamica © exame do sistema normativo pode tomar em conta 8 sua perspectiva esttie, bem assim consderélodinamieamen= te, em virlude das constantes mutagSes que ies ente nele ocorrem, ALCHORRON e BULYGIN’ an he i aspecta dindmico do Direito para propor a aludida distingse entre ordenamento sistema. Defender, com razto, que 38 normas juridicas que sdo modificadas como tempo Coase alterago no proprio sistema, Coneluem assim que o “sister do direto positive” € 0 conjunto de normas estati ‘Jmarcares io Paulo: Noes 19, BoraturasUicas¢o sistema do direta positive... Sto Pa nan 1 Distribuiciones FO" 20, Sobre le exioténcin de fas normas ridin, México: Distrib tamara, 1997. 257 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO consideradas e “ordenamento juridico” é uma série de suces- sivos sistemas ao longo do tempo. Deixando de lado a distingao entre ordenamento e siste- ma, 6 forca convir que ambas as perspectivas (estatica e dina mica) tém o seu relevo seja no plano geral ¢ abstrato, seja para a expedigao dos sucessivos atos de aplicagéo do direito. Nao hé, também, como deixar de colocar certa énfase na perspec- tiva dindmiea do sistema normativo, a partir da qual se obser. varéo direito na sua incessante autorregulacao e autoprodugéo, Como leciona Aurora Tomazini de Carvalho: O direito vive em constantc movimentagéo, transformando- -se a cada instante. Toda vez que surge u nova lei, que iz produz uma sentenga, que um ato administrative 6 publicado, que Presidente da Repiiblica emite um decre- to, que particulares realizam contratos,o sistema se renova. Jéaanilise estat a pode ser vista, analogicamente, como uma fotografia do sistema juridico num determinado momen- to, no tempo e no espago, sem as mutagdes que sao inerentes & perspectiva dinamica. B interessante perceber quais os fatores que influenciam a modificacao constante do Direito. Para tanto é necessatio reconhecer que o sistema juridico recebe influéncia de outras ciéncias do conhecimento humano como as ciéneias econdmi- cas, sociais, politicas, entre outras. Por outro giro, como se da @ conversa entre essas ciéncias e quais as dificuldades que se apresentam para se proceder as devidas tradugées, no esteio das ligdes de Flusser, Além disso, os ramos diclatieamente auténomos do direi- to interagem constantemente colaborando decisivamente para tornar ainda mais complexa a avaliagio do sistema normativo em sua dinamica natural. 21, Curso de Teoria Geral do Direito, Sao Paulo: Noeses, 2009, p. 610, 258 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO 6. Norma juridica, sistema normativo e interpretagio do direito Normas jurfdicas so unidades de manifestagao do deén- tico” O conjunto dessas unidades normativas conforma o sistema juridico. Ao interpretar o direito posto, construfmos estruturas normativas e as organizamos sistemicamente. Tal mister é rea- lizado mediante aplicagdo dos métodos de interpretagio do di- reito. Como salienta Vanoni: Desde que as earacteristicas juridicas das normas tributérias referidos pela doutrina r sistematico)* séo aplicaveis aos diversos ramos do direito, com suas virtudes e os seus defeitos.”* 22. CARVALHO, Paulo de Barros, Direito tributério ~fundamentos juridicos dda incidéncia, 3 ed. Sao Paulo: Saraiva, 2004, p.20. 23, Natureza e interpretagéo das leie tributdrias, trad. Rubens Gomes de Souza, Rio de Janeiro: Fi 24, Para Luciano da ‘texto legal, perquirindo o: deve ta intligeneia do texto que nfo desea . ——o oe orp 20 ingore (interpretagio 25, Sobre um visio eritica dos métodos de interpretagio e sua instru- 259 CONSTRUCTIVISMO LOGICO- SEMANTICO De nossa parte, propomos uma aproximacao do direito a partir do reconhecimento de que ele se manifesta como um sistema de linguagem. Como demonstra Juan-Ramon Capella, todo direito tem por condic&o de existéncia a de ser formuldvel em linguagem.” Fortes nessa premissa, podemos surpreender suas estruturas normativas mediante decomposigao em pianos do texto juridico. Nesse sentido, Paulo de Barros Carvalho ensina que 0 texto juridico € composte por um plano de expresso e um plano de contetido. No plano de contetido, encontramos as significagées do plano expressional, construfdas pelo intérpre- te. O subsistema (S1) é composto por um conjunto de enuncia- dos, considerados no plano da expressio. A partir das formu- lagées literais existentes, o intérprete iniciard 0 processo de construgéo de significago dos enunciados prescritivos, Um segundo subsistema (S2) seré o resultante do conjunto de sig- nificagdes de manifestacées prescritivas. As normas juridieas, unidades de manifestagéo do dedntico, conforma o terceiro subsistema (S3)."" O conjunto de normas juridicas “integra o texto em sentido amplo (TA)”.* 0 transito do subsistema do conjunto de significagao de enuneiados prescritivos (S2) para a estrutura normativa ($3) Jépressupée a solugdo de antinomias (aparentes ou reais), bem como uma tomada de posigao diante das relagées de coorde- nagdo e subordinagéo sistemicamente estabelecidas. Vale dizer, no ha como desconsiderar, de um lado, o caréter sistémico que 0 somatério de estruturas normativas apresenta e, de mentalizagio pela dogmatica Juridica, ver Lenio Luiz Streck, Hermenéutiea Juridica e(em) crise. Uma exploragéo hormenéutica da construgdo do direito, . 88-98, 26. El derecho como linguaje. Barcelona: Ariel, 1968, p. 17. 21, Direito tributdvio - fundamentos jurtdicos da ineidéncie. 3.ed, Sio Pauilo: Saraiva, 2004, p. 61 ¢ ss; 28. Curso de direito tritutavio, 19 ed. Sao Paulo: Saraiva, p.130, 260 CONSTRUCTIVISM LOGICO-SEMANTICO outro, as pressdes que a estrutura do sistema exerce sobre as unidades que o conformam. Como jd dissemos, o pereurso acima descrito nos conduz a identificacdo dos contetidos normativos que, conjuntamente ‘considerados, conformam o sistema juridico. Residem aqui as maiores dificuldades daquele que se pée diante do ordenaren- to juridico com pretensies cognoscitivas: contoiidos preseriti- vos postos em diferentes niveis hierarquicos; positivagio de valores ¢ limites-objetivos; conflitos entre prinofpios e regras, verificaveis tanto em um mesmo plano normativo, como em niveis hierarquicos diversos; necessidade de ponderagéo de valores em face de tensées internormativas; enfim, uma série de problemas a serem enfrentados por quem protende inter- pretar adequadamente o dircito. |. Sistema normative e a interdisciplinaridade do direito O cabimento de uma anélise do direito, a partir de uma visio interdiseiplinar, suscita diferentes reacdes na comunida- de cientifica. H4 os que trilham esse caminho, vendo-o como ‘uma condigao mesma para aleangar 0 conhecimento; haos ue refutam peremptoriamente essa possibilidade; e, hd, por fr, aqueles que procuram gizar os limites ¢ as condigdes par av se considere a interdisciplinaridade, em face da autonomia de que gozam os diversos campos do saber cientifico. A expressfi interdisciplinaridade juridiea ¢ - como, de resto, 6 extremamente comum nas expressdes dessa natureza — plurivoea. Pode ser empregada em acepgbes distintas. nee primeira possibilidade consistiria na consideragao dos divers: ramos do Direito como disciplinas juridicas. Cogita-se, nessa perspectiva, de interdisciplinaridade dentro do préprio Direito, jnagdo & 29, BARRETO, Paulo Ayres, Contribuigdes ~ regime juridico, destinas ‘contvole, Sfio Paulo: Noeses, 2006, p.10. 261 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO tendo em conta suas disciplinas ou ramos que gozam de auto- nomia apenas para fins didaticos. Assim, afigura-nos incensu- ravel o aludido exame interdisciplinar, que nada mais é do que a consideragéio do ordenamento jurfdico numa visao unitéria. Seria um grave erro nao reconhecer essa perspectiva unitéria do sistema jurfdico e, consequentemente, uma necesséria in- terdisciplinaridade, Paulo de Barros Carvalho refere-se a intertextualidade no direito, que se apresentaria em dois niveis distintos, quais sejam: (.) () 0 estritamente juridico, que se estabelece entre os vérios ramos do ordenamento (intertextualicade, interna ‘ou intrajuridiea); © (ii) 0 chamado jurfdico em acepgio lata, abrangendo todos os setores que tém o direito como objeto, mas.o consideram sob 0 anguloexterno, vale dizer, ‘em relagao a outras proposias eognoscentes, assim como «a Sociologia do Direito, a Historia do Direito, a Antropo- logia Cultural do Direito, ete ( ou extrajuridiea).” iterlextualidade externa A expresséo interdisciplinaridade juridica, que dé ense- joa grandes polémicas, refere-se exatamente ao transito entre as diversas reas do conhecimento humano, tais como a Cién- cia Econémica, as Ciéncias Sociais e a Ciéncia Politica. Examinando a controvérsia sobre a interdisciplinarida- de jurfdica dessa titima perspectiva,"' Mareelo Neves aponta quatro sentidos para essa expressdo: (i) enciclopedismo jurf- dico, assim entendido o somatério de diversos conhecimentos sobre ¢ direito, gerador de um superficialismo generalizado, de reduzida relevancia, seja da perspectiva pratiea, seja sob 30, Direito tributdrio, inguagem e métedo. Séo Paulo: Noeses, 2008, p. 19. 81. Pesquisa interdisciplinar no Brasil: 0 paradoxo da Revista do Instituto de Hermenéutica Juridica, n. 1, p. 207-214. 262 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO um prisma te6rico; (ii) imperialismo disciplinar, em que, sob 0 manto da interdisciplinaridade, subordinam-se critérios do Direito a racionalidade de outras ciéncias, como a Sociologia, a Economia ou a Politics metadisciplinaridade, no sentido de uma metanarrativa impositiva a partir deum plano superior, de limites e formas de intercémbio entre as areas do saber relacionadas com o direito; e (iv) espago de comutagao discur- iva entre os diversos campos do saber juridico, respeitada a autonomia disciplinay, sem a qual haveria “uma miscelanea resultante de um ecletismo estéril”.” Analisando os sentidos acima apontados, estamos con- vencidos de que (i) 0 enciclopedismo juridico, em razio de seu reduzido relevo, pouco ou nada acrescenta ao saber cientifico; Gi) o imperialismo disciplinar é absolutamente incompativel com a autonomia da Ciéneia do Direito; (ii) a metadisciplina- ridade, como um holismo simplificador, impede a necessdria segregacéo e consideracao analitica do objeto do conhecimen- to juridico, a partir do eédigo binério valide/nao valido, cédigo esse que nao provalece e sequer tem relevo em face de outros campos do conhecimento; e, por fim, (iv) conquanto possivel a existéncia de um espaco interdisciplinar de comutagio diseur- siva, ha que se reconhecer os estritos limites & consideragao dessa comutatividade para a soluggo de problemas préprios da Cigneia do Direito. Deveras, as diversas ciéncias do conhecimento humano estéo submetidas aos seus cédigos binérios préprios. Tomam um mesmo fato cultural e buscam reduzir as complexidades a ele inerentes, tendo em conta o que hé de relevante para o seu campo objetal. Da mesma forma, da-se em relagéo a Ciéncia Juridica. Como predica Paulo de Barros Carvalho, nao é possivel: 32, Pesquisa interdisciplinar no Brasil: o paradoxo da interdisciplinaridade. Revista do Instituto de Hermenéutica Juridica, n. 1p. 212 263 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO isolar-se, dentro do social, 0 fato jurfdico, sem uma de cortes ¢ recortes que representem, numa ascese tempo- aria, o despojamento daquele fato cultural maior de suas coloragbes politicas, econémicas, éticas, hist6ricas etc.,bem ‘come dos resquicios de envolvimento do observad Auxo inquieto de sua estrutura emox Em precisa sintese, aponta, ainda, para o paradoxo ine- vitavel: (...) 0 disciplinar leva ao interdisciplinar e este tiltimo faz retornar ao primeiro”.* Em stimula, impée-se 0 reconhecimento de um espago para investigagées de carater interdisciplinar, objetivando uma adequada valoragie do fato juridico, que haverd de ser colhido apés os cortes que se fagam necessérios, em processo redutor de complexidades, no bojo e sob os influxos do proprio sistema normativo. 8. Sistema normativo: ramos do direito A divisao do direito nos remete a uma sucessio de di- ficuldades cognoscitivas: (i) definir onde se inicia e onde se encerra cada ramo do direito; (ii) precisar se os ramos do Direito s4o cientifieamente auténomos ou se ha cisio com propésitos precipuamente didaticos; (iii) estabelecer, diante de regramento de fatos de contetido econdmico ou financei- ro, como se dé o reconhecimento de tais fatos pelos diversos ramos do direito. Paulo de Barros Carvalho salienta que “(...) 0 motivo des- se embarago esté. na necessidade de reconhecermos 0 cardter absoluto da unidade do sistema juridico, Mesmo em obséquio a 33. 0 absurdo da interpretagao econdmica do “fato gerador” ~ direito e sua utonomia - 0 paradoxo da interdisciplinaridade. Revista de direito tributd- rio, n,97, p. 10. 34, Curso de direito tributdrio, 19 ed, Sto Paulo: Saraiva, p. 135. CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO finalidades didéticas, nao deixaria de ser a cisdo do incindtvel, a-segdo do inseceionével”.* Esta totalmente superada a tese da autonomia cientffica do direito tributario." Na verdade, buscava-se, com a alegacao de autonomia cientifica, dar relevo a novel disciplina juridica que entdo surgia, afastando-a do direito financeiro. Tratava-se, contudo, de proposigao descompassada com o caréter de unici- dade do sistema juridico, Paulo de Barros Carvalho, a partir da regra-matriz do IPTU;" demonstra, com clareza, a interdepen- déncia dos ramos didaticamente auténomos do direito e, por consequéneia, a impossibilidade de se predicar a autonomia cientifica a quaisquer desses ramos. Ressalte-se que, nos processos de reagdo a uma situagao posta, so comuns os exageros contidos nas proposigées ino- vadoras. Deveras, 0 esforgo retérico, por vezes desmedido, pode evar a extremo oposto tao equivocado quanto & tese que se pretende combater. Foi o que se sucedeu com 0 esforgo de depuragao do di- reito tributério, em relacéo & Ciéncia das Finangas e & Ciéncia Econémica. Com integral procedéncia, Alfredo Augusto Becker, en- faticamente, advertiu: A doutrina da interpretagiio de Direito Tributario, segundo ‘a realidade econémica, 6 filha do maior equivoco que tem impedide o Direito Tributério evoluir como Ciéneia Juridica. Esta doutrina, inconscientemente, nega a.utilidade do Direi- to, porquanto destréi precisamente o que hé de juridico dentro do Direito Tributario.* 35, Curso de direito tributdrio, 19 ed, So Paulo: Saraiva, p. 18. 36, Entre os adeptos dessa tese, temos Fabio Fanucchi, Curso de diveito tributdrio brasileiro, p. 16. 31, Curso de direitotributdrio. 19 ed. So Paulo: Saraiva, p. 14 138, Teoria geval de diveito tributdrlo, 4.ed. Sao Paulo; Noeses, 2007, p. 137-138. 265 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO Nao merece qualquer reparo a eloquente manifestacao de Becker. No entanto, essa proscrigdo das realidades econé- mica e financeira em relagio ao direito tributario levou, por vezes, a0 extremo oposto. Vale dizer, desconsideraram-se dados econdmicos ¢ financeiros efetivamente juridicizados, sob a alegagdo infundada de se tratar de realidade econdmica, ndo pertencente ao mundo do direito. Em outras palavras, aspectos econémicos e financeiros, que foram efetivamente positivados, continuam sendo tratados ‘como se néo pertencessem ao mundo do direito; como se nao exercessem, por vezes, papel decisive na demarcagao de uma entidadejurfdica. Fomos de um extremo ao outro, Parlimos de uma situacao na qual conceitos juridicos e de Ciéneia das Fi- nangas eram tratados sem 0 necessario corte metodolégico, como se pertencessem a uma mesma Cigncia, e chegamos ao estagio em que as prescrig6es normativas de direito financeiro no so consideradas como juridicamente relevantes. E ambas as posigées si equivocadas. & preciso dar consequéncia 20 dado juridico, independentemente de sua origem e sem perder de vista a unidade do sistema normativo.” Esse fendmeno também se operou em relacdo aos aspec- tos econdmicos. Da mesma forma, o dado econdmico, regrado pelo direito, 6 desconsiderado sob o equivocado argumento de se tratar de matéria alheia 8s preocupagées do cientista do direito. Ambas as posturas estéo equivocadas. A parcela do dado econémico ou financeiro que ingressa no mundo juridi- €0, no bojo de regra dessa natureza, passa a ler natureza juri- dica, néo podendo ser desconsiderada por preconceitos des- compassados com o proprio ordenamento juridico. Outro aspecto importante relativo a divisio do direitoem ramos didaticamente auténomos diz respeito aos principios 88. BARRETO, Paulo Ayres. Contribuigdes ~ regime juridico, destinagéo e ‘controle, Sa0 Paulo: Noeses, 2006, p. 25. 266 CONSTRUCTIVISMO 1LOGICO-SEMANTICO. informadores de seus diversos ramos. Reconhecer a unicidade do direito nao autoriza o baralhamento de princfpios espect cos que regem cada um de seus ramos. Vale dizer, se 0 que se objetiva é resolver um problema de natureza tributdria, sdoas regras e os prineipios informadores desse ramo do direito que, om face de sua especificidade, devem ser aplicados. A obser- vacio que pode ser tida por evidente merece destaque, uma vex que, apés a entrada em vigor do novo Cédigo Civil, tem sido reeorrentemente encontradas na doutrina proposigbes que buscam dar solugées a intrincados problemas tributérios, 2 luz dos principios que inspiraram esse novo diploma legal. 9. Sistema normativo e o Constructivismo Légico-Semantico A acéo de dar foro sisiémico a um determinado objeto do conhecimento passa necessariamente pela linguagem que o caraeteriza. Vivemos sob o cerca inafastével da linguager. Nada existe sem uma linguagem que constitua 0 ohjeto. Como diz Lenio Luiz Streck' “estamos mergulhados em um mundo que somente aparece (como mundo) na e pela lingwagem. As proposigdes desenvolvidas apresentam-se, em ae quer sede do conhecimento humano, como uma fore le linguagem com pretenséo veritativa, No esedlio de Vilém Flusser' “conhecimento, realidade e verdade séo aspectos da Uéngua".Apréprianogio de verdade surge, nesse contexto,com uma perspectiva retorica, lastreada na aulorreferéncia do dis- curso. A prevaléncia de uma proposigéo te6rica representa, na feliz expresséo de Richard Rorty", “o éxito de um diseurso no mercado de ideias”, 4 Hermontutin Juridica ef) eran: uma exploragto hermendution da cons- trugdo do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999, p. 17 AL. Lingua e realidade. 2 od, Sao Paulo: Annablume, 2004, p. 34. 42. BI Giro Lingilistico. Barcelona: Paidés, 1990, p.65. 267 CONSTRUCTIVISMO LOGICO-SEMANTICO Construfmos sentidos normativos. Consideramos tais sentidos para a formulagao de uma proposta sistémica do or- denamento juridico. Consolidamos uma verséo das normas ¢ dos fatos. Promovemos a nossa interpretagao e a apresentamos A comunidade jurfdica. Nas palavras de Dardo Seavino®, co- nhecemos uma “interpretacién o una version de lis hechos, y nuestra version resulta a su vex uma version de esa version.” A aproximagao ao Constructivismo Légico-Semanti y em que a viséo analitica do direito e, consequentemente, do sistema normativo faz concessdes & corrente hermenéutica, longe de representar um enfraquecimento desta postura ana. litica, atribui-lhe maior consisténcia. Como esclarece Paulo de Barros Carvalho", o ponto de vista analitico, fica “robustecido com as luzes das construgdes hermenéuticas:o tom de histori- cidade, a consideracéo dos valores, a interdiscursividade entre textos afins, o imergir em segmentos culturais bem desenvol- vidos, tudo isso ressalta 0 teor de analiticidade com que 0 ob- servador lida com o segmento normative sob seus cuidados.” A énfase na linguagem oferece ainda formidavel instru- mental para uma melhor compreensio dos objetos de nossas investigagées. Térek Moysés Mousallem explica as reagées de subordinacéo dos sistemas a partir dos atos de fala, ao re- ferir que “vista pelo espectro dos atos performativos, a hierarquia do sistema normativo é dada pela forca ilocuciondria do ato de fala.” De nossa parte, utilizamos o instrumental oferecido pela teoria dos atos de fala para explicar a necessidade insergao do pardgrafo tinico ao artigo 116 do Cédigo Tributério Nacional, com vistas a estabelecer limites ao planejamento tributério, qualificando-o com um ato perlocucionario de fala." 43, La filosofia actual:pensar sin certezas. Buenos Aires, Barcelona, México: Paidés, 1999, p. 38-39, 44, Direito tributdrio, tinguagem e método, Si Paulo: Noeses, 2008, p. XXIV. 45, Revogagto em matéria tributéria. Séo Paulo: Noeses, 2005, p.159. 46. Blisdo tributéria limites normativos, p. 244. Tese de Livre-Docéncia apre- sentada na Faculdade de Direito da Universidade de Séo Paulo, 2008. Inédito. 268 CONSTRUCTIVISM LOGICO-SEMANTICO ‘Vé-se, com clareza, que os ganhos so consideraveis perder 0 rigor, a forga e a consisténcia da postura analitica, abre-se ensanchas para aproximagdes com aspectos histéricos, axiol6gicos, em que a intertextualidade assume papel de ex- tremo relevo, permitindo a construgdo de um discurso sélido, com premissas claras e bem eneadeadas, em que o sistema normativo exsurja com naturalidade e consisténcia. 269

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