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Catalogagio na Publicago (C1P) ira do Livro, SP, Brasil) _ jéncia : de Ranke | io, Marcos Anténio | Lopes, (organizadores). ~ Petropolis, RU: | Vous, 2013 Visrios autores. | Bibliografia | ISBN 978-85-326-4548-7 | aios 2, Historiadores 3. Historiografia | jo, Julio. II. Lopes, Marcos Anténio. 1. Bemtiv 13.02802 cDp-907.2_ | Indices para catélogo sistemstico: 1. Historiografia contemporinea 907.2 JULIO BENTIVOGLIO Marcos ANTONIO LOPES ORGANIZADORES Aconstituicao DA HISTORIA COMO CIENCIA De Ranke a Braudel y EDITORA VOZES Petropolis Scanned with CamScanner 2 preciso dizer fram a concretizagio deste liv pés-doutora la Universida wit para o pl ito da empresa, Sou cias Sociais da Universidade Estadu- Brato ts a0 Departamento de Ci al de Londrina, que permitiu um ano de de pés-dou io poderia deixar de dirigir uma palavra de sincera gratidio 405 pesquisadores que, crendo na factibilidade deste projeto edlito somente aceitaram o desafio de compor os ensaios aqui re pram rigorosamente o prazo estipulado. Naturalmente teria se concretizado sem a dinimica presenga do Professor Julio Cesar Ben~ , agente decisivo nas tarefas de maior relevo, Para mim foi uma grata satisfacio dividir com ele a organizagio deste volume. Marcos Ant Londrina, agosto de 2012 — Leopold von Ranke (1795-1886) 1s nossos grandes historiadores foram capazes de reconstruir tragos m 9 historiador prussiano, De que Holanda ter enfatizado que Ranke buscava “grand ¢ francés dos Annales & histo- o XIX? Até mesmo um autor marxista ~ portan- sfazer 0 equivoco. 108 na face deste quase mit > Buarque de unidades de adianta um Séy sentido” se a riografia do sé suspeito ~ como Ciro Cardoso® tentou Estevao Martins e Pedro Caldas | Nosso esforgo aqui © ‘que Sérgio da Mata, muito apropriada historiogréfico”, de modo que apenas reapresentamos, com ape de enfoque € interpretagio, 0 que um ‘or atento encontra jé nas paginas dos autores acima: a posigio do intérprete, que se dedwz a partir da obra de Ranke, nio é evi- nte. O termo “posigio” no & gratuito, pois induz ao questio- namento da tarefa interpretativa que, em Ranke, nio ultrapassa © senso comum. Diz-se sempre: comprovada a autenti fontes, pouco restaria ao historiador senio a confirmagio desta ver € 0 set subsequente registro. Todavia, no prélogo de seu livro sobre a Reforma, Ranke escreveu que a verdade acerca istiré em colaborar com a critica a0 nou de “mito idade das O atual eo inatual em Leopold von Ratthe” 2. CARDOSO, C. "Panorama da historiografia oc 1930). Um historiado fala de tora metal, 3. CE. MATA, 5. "Leopold von Ranke (1795-1886) pensada In: MARTINS, ER. (org). Ai Scanned with CamScanner es Estevo Maxrins €Peogo Catoas do tema haveria de permanecer sendo tinica, mesmo que fossem escritas infinitas obras sobre tal assunto'. ‘Teriam os criticos ferozes de Ranke razio le passiva do historiador frente a uma verdade ide deixa de levar em conta a apropriagio de Kant por Ranke. to hist6rico tem densidade substantiva prépria. O ocorrido € 0 que é (melhor: © que foi), mas dele s6 se tem o que fica (ou ficou): as fontes e suas interpretagées na storiografia sucessiva, Dé-se, por conseguinte, que qualquer acontecimento esté det ‘enredado em um tempo passado. O jovem Ranke estudara a dental de Kant, o construtivismo de Fichte ¢ oi em Kant que Ranke viu a articulagio entre a iniciativa do su rs0 no pasado. O 1A pesquisa eas fontes as n felectual proposta por Ka vamente losofia transcen- nada sem 0 objeto, : a O leitor teré em mios um breve ensaio, forma talvez mais apropriada para ratar de um autor cuja obra precisa ser seriamente revista e pensada de ma- ar certa polémica. De um lado, pretendemos demonstrar que 0 processo histérico, em Ranke, no é um mosaico de fragmentos e tampouco lum curso evolutivo. Conforme o letor poder perceber mais adiante ~ assim esperamos sma totalidade dotada de um sentido costurado da contingéncia; de outro lado, apresentaremos ao leitor a ideta de que, em Ranke, hé uma pritica hermenéutica capaz de nos dle um mero reprodutor de fatos. Para comegar é sua origem, formacio ¢ principais teses. Em seguida, vol relativa a sua pritica hermenéutica. Origem, formagio, teses Leopoldo von Ranke vi sies cram no longo sé dda qual se tornow si 4: CF RANKE,L. Publosy Estados en la Historia Moderna, p. 136 Lrorotn vou Rast (1795-1886) sunhou as mudangas trazidas pelo ciclone napolednico, vi 886 test , instala-seo Império A Alem: cordem do Cong! Es regnada de hist6ri Europa de lstea oes. Seus habitants sempre foram poucos, em um importante las era quase mai sudoeste de Hal ana, 20 sul de Hisleben, do luteranismo detalhista, ri- por ser 0 bergo de uma ta a marca, a teol a fazvver. Com efeito, op Ranke ees a 6 que se chama de burgesia taforma de ascensio ¢ cons € pela formagio, e nio pelo bergo. A peténcia, sobretudo sob as circunstincias adversas de nao dispor de heranca pecuniiria, foi uma vivéncia prépria da familia de Gottlob Ranke, incutida em do esforco, do trabalho e da com- nente frutificaria sabia-se, 10 mais velho, foi feito © portador do projeto € profissional. A expecta e depositada sua formagio e suas Scanned with CamScanner iador Heinrich von Sy , afirmou que Rank lava desde sua conviccio profunda de que ambém para a instituigio do formou, indistintamente, representantes das fersas correntes sociais: estadistas, conservadores a Escola de Ranke (com sua cl ist6rica, a escola da Alemanha. As portas se abriram em 1824 com a publica- fro volume de sua Histéria dos povos romanos e germ grado set engajamento, nio teve sucesso. Entr ta histdrico-politica, por incumbéncia do inistro prussiano do Ext por objetivo ser 0 “érgio de defesa da p esclarecida contra a critica liberal da es maria". A concorréncia entre a atu ico e editor Friedrich Perthes, 7 Leoroup vow Rasa (1795-1886) « histérico-metsdica da revista levou a interesses con- antes. Somente dois ‘am, Ela firmou, contudo, 0 parimetro it o campo histérico praticado pela Re Historia chaft, 1844-1848) e a Revista historica '59 por Sybel ¢ publicada até ho} menos trés grandes ‘em preservar a e da informagao ex- .cio e a complementaridade entre ia, antiguidade greco-romana, ico, trans- como conhe- principios: 0 rigor metédico para es traida das fontes; a amplitude, a articula lista. A sintese dessa atitude se da na Histés nento, como experiencia de vida. Para Ranke, jstéria que o ser humano alcanga © maior Uma das formas de vida humana que mais o intrigou foi a institucionali- zagio da vida social no Estado. Seu olhar se volta para a hist6ria politica com mitigado ~ preocupado em identificar as constantes da Vida politica em sociedade, para além das nagées concretas. Um Estado & para ele, uma entidade em que se sustentam os principios ou ideias univer- sais. Sua io da Franga pré-revolucionri romanidade. Tais pri ento, dk qual o Estado, a partir dos impulsos lar, chega a realidade desses prin snte. No plano histérico-politico, Ranke ~xclusivamente mediante o conhecim lucio, Esse sistema carecia, por cons Ranke dedicou-se ao tema por trés caminhos: (a) 0 estudo nto dos povos ron (©) © recurso ao @ consciéncia clara de Ranke Scanned with CamScanner lade propria ¢ interagio externa das sociedades europeias, Ranke lane abordagem semelhante & 1e preconizara para a pesquisa S, Correspondéncias, analogias. Essa moldura ica orientou toda a obra de Ranke, das monografias sobre a Guerra dos Sete Anos, sobre as revolugées de 1791 € 1795, sobi no tempo da Refor Franga ou da Inglaterra, A conver buscou sintetizar na Historia Papas, sobre a histéria da Pris cia € a interconexio de tantas fi 888). busca da lo na pers- is causais prevalecentes sobre a Historia. Até o século XVIII ‘essa perspectiva predominava como norma para os trabalhos de cunho histo- riogréfico. Para Ranke, contudo, saber € narrar como as coisas efeti ‘ocorreram mantinha-se no Ambito dos fendmenos histéricos, a que 0 riador deve manter-se tao fiel quanto as fontes o permitam. Ranke introduz, a0 tempo experimentado e refletido ~ pelos protagonistas em seu tempo, pelos historiadores em seu tempo. A busca da objetividade, para Ranke, si- tua-se assim no contexto esp fia pesquisada (e de suas fontes). Distingue-se, dessa mane! ‘que seu método de pesquisa seja o tinico cientifico.[...] O melhor renome do historiador nio é a “objetividade”. Sua sada pelo historiador com respeito a todos Jbogo de uma Teoria da Histria ver 19 Laorcuo vor Ran (1795-1886) Ses quando se dedique a pesquisar o passa- otagonistas © a todas as ages quar zs sets tigacio pode extrair do tempo passado pelo olh: ‘so inimeras, Diante de uma grande variedade perscrutador do hi i Dlniosde ies wanda Yar de aspectos possiveis, Ranke privilegia 0 “necessirio” ~ ou seja, aquil ow we saber de cada objeto, evento, questo, tema, problema investigado’. presente, esse conhecimento depende da forma da apresentacao historiogréica. A q jstica da narrati- 12 dimensio artistica a0 argumento cientifico construido pela pesquisa Jpensar a outra. Opor beleza a verdade, para Ranke, nao faz. Em sua sentido. A po romancista es ‘mo mais bonito e certamente mais interessante do que a ficcdo romantic: A qualidade substantiva da pesquisa prevalece sobre os recursos estilisticos, ‘mas no os pode dispensar. Para Ranke, mesmo que nenhum. possa pretender ser superior a Tucidides, todo historiador tem sua grandeza medida por sua capacidade de escrever, narrar, no horizonte de seu tempo, A desnaturalizagao do proceso hist6rico Um dos grandes clichés atados a visio da obra de Ranke & 0 do conceito idade, que supostamente atravessaria sua ob genuidade”, “pobreza tedrica” etc. Em primeiro lugar, é fundamental descolar do nome de Ranke o rt de “po Mas © posi Procura transpor para as humanidades 081 pelas Scanned with CamScanner es Estevko Manas « Peoko Catpas Em um texto ico, intitulado “O conceito de histéria universal” Ranke aponta seis exigincias incontornsves para trabalho do histonaieg ee ‘que seria interessante fazer 0 exercicio de apresentar analien’ im superficialmente, cada uma destas a ‘A primeira delas parece confirmar a ident com a acepgio sempre vaga de posit éncia 60 (0, no estado momentineo de alguma duo que queremos conhecer, adquirimos consideracio clevada por aquilo que aconteceu, se passou, se ma- imaginar que a verdade nio seria , por um Johann Gustav Droysen ou por um Karl Marx. Qu mesmo por um Marc Bloch. O que hi, naturalmente, € uma distingdo entre os conceitos de verdade, a passagem acima citada, ela, para Ran} 10 menos de acordo com ‘ncontra-se no evento, que clara- logica, a0 © no epistemol 'sio do historiador, bem posterior a0 que inv Assim, a verdade buscada ¢ a verdade humana, incompleta e imperfeita, 0 historiador deve justamente amar esta natureza humana. a. ¢, sendo a esséncia humana Essa exigéncia jé nos: mais complexa. O fato nio &, portanto, tum evento; ¢, epistemologicamente, se Ranke nao ti tum Droysen, por exemplo, também nio era de todo ingénuo. Ao seu nome dade casta, mas se dermos ‘07. a0 prdprio autor, nos obrigaremos a pensar um pouco além. A propésito iso documental, pormenorizada e istoriador até hoje deixa de vestigagio: a que nos conduza uma reflexio Igo a ser reproduzido, mas é antes ha a sofisticagio de imediatamente a defesa de uma obj cobrar de si mesmo) ~ ele diz como se dard a UL.RANKE,L."O conceito de 20) In: MARTINS, ER (org). histriapensad, ia universal (183 —————s—“‘i—OSNS—SCS 2 Lacecco vow Rav (1795-1886) fendmeno, suas condigbes, seu de uma percepcio esp baseia-se na harmonia das leis que atuam no espi elas por meio das quais 0 objeto observado se manifes mente a ideia de « toda a historiografia de Ranke é a objetividade ingt- 1m todas as letras, afirma que a investigagio se da Cc que © pressupost nua €casta quando ima harmonia entre objeto e. ido, € necessirio pensar com mais calma sobre 0 si ide? Ora, ela 6, mais do que uma suspensio {uamente ~ como, por exem: ficos influenciam tanto a politica cexterna quanto, c, sobretudo, a interna , 6 necessirio dedicar um interesse uniforme por todos eles!*, n grande mo- mada “histéria istas e repensadas a partir fas precisam ser tado. A imparcii universalidade; dito de outra mancira, 35. bid, Scanned with CamScanner Esttvo Marts Prono Cangs esta universalidade com o carter fragmentado do co- 0 histrico, o que demonstra, por sua vez, a conscigncia de Renke so entre as possibilidades gerais do ser hu que efetivamente fez. efutacio ainda mais precisa da suposta apologia rankeana da Mas uma ist6ria dos individuos" pode ser encontrada na sua descrigio da exigéncia” do trabalho do historiador, “a fundamentagio nexo causal”. Ao ponderar sobre © que seria 0 conceito de causa na h Ranke contesta justamente a visio que duais a fora motriz. das transformagoes hi nego apenas que sejam as tinicas” io variadas, profundas, pas conclui, mais adiant is de uma observagio v E verdade que Ranke fala em uma “composicgdo pura” de fatos relacio- nados entre si, mas que nao podem ser percebidos imediatamente ~ neste ra bastante a clissica imagem de Wilhelm von Humboldt, para quem “[...] a verdade hist6rica s6 pode ser equiparada as nuvens, que somen- rma B distncia dos olhos"®, Assim, a verdade histérica, mesmo ‘que expressa em uma composigio, é revelada temporalmente, € somente com certo distanciamento o historiador pode se per sobre ela. ir uma perspectiva ‘Como foi bem recentemente ressaltado, a perspectiva (Fundamento da ~ espacial nio se pode ver decentemente aquilo de que nao nos distanciamos. E& 80 que, supomos, Ranke fala. E, tendo como base essa concepsio de uma verdade desvendada por uma perspectiva (Ieia-se, por uma distincia), € que podemos compreender adequadamente a quinta ~ e possivelmente mais con- troversa ~ exigéncia de Ranke: 0 apartidarismo. 16. bid, p. 209, 23 Laorcup vou Raw (1795-1886) éria uni festam-se, em regra, dois par- Segundo Ranke, “na histéria universal manifestam-se, em regra, ce Seana sendo estes dois partidos adep- tidos que , sen i tos de formas de apreensio do tempo como “movimento 1 termos de Ranke que, arriscamos, podem ser equivalentes a uma -psio revolucioniria e a uma concepsao conservadora de histéria)**. O o mn ser adepto so esté tanto em ser revolucionario ou conservador, de mudangas ou de permanéncias, mas de cairmos no equivoco 1s o passado a partir da situagio atual ietido a contingéncias situadas para além de seu proprio entendimento. 1 desnaturalizar 0 processo histérico (ca- itamente nio exist. , segundo Ranke, torna-se mais fi atender & sexta € mais complexa: a compreensio da totalidade. Esta se re\ |i como uma ideia viva no “conjunto do proceso” de um povo, € no em stias manifestacoes isoladas. Ranke pretende, portanto, escrever uma hist universal, Esta, porém, nao pode nem deve ser conhecida por leis naturais ‘¢ incontornaveis, mas como um processo que, mesmo contingente (0 curso dos eventos sempre poderia ter sido outro), ainda sim é dotado de sentido. A possibilidade de uma histéria universal, px ser analisado com mais vagar. E a isto que nos dedicaremos na parte seguinte de nosso estudo, A hermentutica rankeana E importante enfatizar que a laridades das ia de um sentido irredutivel a regu tamente uma atitude que, ao fim © 20 cabo, leva ao quietismo. O processo histérico em Ranke, c a, P. 2, 2. 24 bid, p. 212, In: MARTINS, E.R. (org).Ahistriapensada, Scanned with CamScanner ologia nega com a agua do banho, deixando no de Ranke atravessa todo 0 con capaz de produzir 0 cont 0 de s Ranke afirma* que o ponto de vista é sempre mais do que hor, ndo ests s vez que cada respeito de tal concepgio, Gerald L. Bruns afirma que, dada a finitude do ho- mem perante a palavra divina, torna-se claro o segui importante € que Lutero insista que essa nio é de tipo alegérico; nao & do tipo em q se apropria do texto, lo contrario, & do tipo em que exposto ao texto". Nio concluir que resulta desse aspecto a apologia d. 1: “O que € realmente tuasao [da interpretagio - N.A.] ter uma conexio interna com o que esti sendo entendid« $6 € possivel um contato com 0 texto, portanto, qi vé no mesmo uma materialidade que seja infensa a py 25. BRAW, D. "Vision as revision: Ranke and the Beginning of Modeen History”. In: History and Theory, p. 53-5, 26,RANKE,L Pueblos Estados nla Historia Madera, p. 58 27. HOLANDA, $8. "0 atual eo inatual em Leopold on Ranke”, In: HOLANDA, SB. (org). Ranke, of Philosophical 29. 1b, p. 148 ——— sie 25, Leoroo vow Raat (1795-1886) aprendida por Ranke cor mento essencial a0 ‘goes de sentido. A erudigéo no trato das fonte: clissicos, € considerada por ele um inst im modo, com essa énfase, nega-se um grau vidade vetada, no caso, 6 aquela caracteriza~ ia de um sentido ao texto. A 2 por portanto, ermina- da situagio interpr icados previamente determinados, do contrario toda sagdo torna-se ociosa, mera confirmagio do “ja sabido". itoridades interpretativas das ma libertacio da histéria acu- Esta concepgio luterana de interpretagdo, aqui apenas esbosada, pode ser adequada a obra de Ranke? Para Peter Gay, que via em Ranke tanto um. mativa. Sem essa articulagio las fontes para o trabalho histo- ide exclusiva do imediato ~ que de sua carrei no corresponde a uma de histéria; antes, procura Usador-escritor no proprio ato interpretative, cuja ‘ntétios autorizados. Ao i 70 3 unha, e & desta tauromaquia que fala Ra tante o suficiente da r ; a vee, ele foi Scanned with CamScanner a [Esvao Mans Proto Catpas inverso, a saber, o predominio da s ‘em Ranke. Serd mais fecundo encarar o problema: como se zado pela tradigio e 0 texto é, por sua vez, algo que ha mios do intérprete, como quer a interpretagio de los esses elementos apresentam-se coordena- convergem posteriormente na figura de Lutero, figura histérica Ccujos passos sio teimosamente seguidos por Ranke. O significado histérico ida inserido nas situagdes hist6ricas que © precederam que o acom ‘como, por exemplo, o caso das revoltas camponesas lideradas por ‘Thomas Miinzer. Como falar que uma fonte é evidente por si mesma? Como, por detras de aparentes crénicas, Ranke descortina uma complexa paisagem hist6rica, s6 resta concordar: em meio aos papéis mortos, nasce 0 €s Hé ainda o que desenvolver a partir do que acima apenas se insinua. io chegar ao segundo modo como Ranke lida com o material ira da obra de Ranke indica a presenga de uma estrutura st6rica, ainda 4 ado, com uma forma acabada. Uma conciliar a autonomia das épocas ¢ dos povos SILCE.RANKE, L,Pucblosy Estados en la Historia Moderna, p. — 27 Loorcu von Ras (1795-1886) com uma estrutura teleol ideia rankeana de *nagio a ni” possui uma caracte ristianismo, tarefa que ‘como objeto histérico. Para Ranke, 0 histéric 1 prépria, uma “grande miss no vinha sendo cumprida para sua subsequente eluc essante compreender o sentido da i aceito que Ranke fala de n autor de histéria soci mais acurado pode ser recompensador. Nao entendemos por individualidade somente mas, sobretudo, um tema histérico (Lutero, 05 papas, 0s reis etc.), 0s ditos “grandes nomes”. E notavel como Ranke percebe o quio parciais podem ser as visées dos homens a respeito de sua prépria época e povo, sendo entio homens prati- camente incapazes de perceber a esséncia do fendmeno histérico que pre- senciam. As posigdes individuais expressas nas fontes eram meras opinies, visiveis em todo 0 espectro de posigSes antagénicas € mesmo neutras®. Leo- nard Krieger destacou esse aspecto fundamental ao dizer que, para Ranke, tais pontos de vista “néo podem prever os resultados gerais de suas préprias agdes™™, sendo que mesmo a compreensio orginica e articulada dos eventos no espaco da mesma geragio que os vivencia. A totalidade de € posteriormente, ido estaria be “grandes person: ido se Ranke, de fato, nio tivesse olhos para as dades". Todavia, essa predilegio de Ranke nao prova sufi- cientemente que a individualidade seja a forca motriz da hist6ria. Em ser wro sobre a historia dos papas, verifica-se que o individuo tam sujeito as instituigdes vigentes, sendo, portanto, epresentacio de algo que the é anteri lade do individuo como ico, & gritante, por e tragado por R: agado por Ranke en- © Inicio de Loyola ¢ Paulo IM em A historia dos papas, uma obra escrita ena ém pode estar Scanned with CamScanner os Estevio Mats Proto Capas tres volumes entre 1834 e 1836. Enquanto Loy mem cuja forte dis ola € retratado como um ho- lina pessoal o transforma em un criador de uma now ismo), Paulo TI, apesar de suas qual ‘ partir da capacidade para Ranke, Inici is suas ages intencionais ultrapassam igica: “A partir dos esforcos i orientasio pri que contava com claros prop. de uma reconstrucio fiel das int de Loyola) viu todas as suas expectativas serem largamente ultrapassadas™. © mesmo nao se aplicaria a Paulo III. Este & descrito por Ranke como um homem que procura adaptar-se ao seu tempo, reger e domar seus confli jnorar seus revezes ¢ apri Assim, pode-se dizer que, para © autor da Histéria dos papas, o sentido lidade nio pode ser previamente estabelecido. Como dizer que storiador quanto ao valor do sujeito histérico retratado no document ‘Com isso, procuramos apontar para um ponto fundamental: a verdade hi t6rica nio se apresenta explicitamente nas fontes. Enfi subordina © homem como uma peca dentro de um mecanismo, tampouco © stra a agio dos individuos na histéria, considerando-os ab- res € auténomos, seres independentes de seu contexto. As losofia me- : nem a teleologia 29 zor vow Rant (1795-1886) lade das mesmas. Vislumbra-se que, 1a dimensio ¢ outra, de- claro do historiador quanto a tempor tem Ranke, 0 historiador hi de se eq 1m territ6rio que eq 1 sua fluéncia e repercussio hist6ricas. wre a autonomia de cada marcando a cada narrativ epoca e povo wora de voltar & questo da matriz interps visto acima, para o lu tem que existe para do pesquisador. Esse & antes tomado pelo texto. E m: historiogrifico, havera de ocorrer uma transposisi ém do desejo pi \cretamente com © ¢, acima de tudo, fazens da obra li historia repleta de tana vida coma pat cipagio. tor encantado e tomado pelo gosto da narrat ve ae ‘morto gunha a vida do espirito, ultrapassando a époc Nesse sentido ohistoriadot reali urn ei dida em que est ‘a. Assim, 0 pay que foi produzido, aberto para a al dade, termo aqui ui empregado de fatos i como capacidade de ‘isténcia do outro", fons on Kanke and Burckhardt, p. 38 * Ranke and the Beginning of Moder try and Scanned with CamScanner a Estevo Mattos Pacno Caines pode ser enriquecedor repensar a famosa © pm sobretu oo, este desejo de “apagar-se”, por sua vez, nio é sinénimo de ne toda razio Rudolf Vierhaus, um dos maiores estudiosos da obra de Ranke. ccaracteriza a sua obra, mas sim o fundamental para a construgio de qual- quer objeto do conhecimento? Uma leitura atenta da obra de Ranke devers ser capaz de mostrar 0 quio plausivel e fecunda é a segunda hipétese. Conclusio Se Ranke, de um lado, no é de fato 0 “positivist quase todos 0s historiadores do século XX, por outro lado visdo de historia universal e de hermenéutica é historicamente circunscrit se suas consideragdes apresentadas como “exigéncias 20 trabalho do dor”, em alguma medida, desnaturalizam a concepgio do processo hi por outro lado, ele no questiona o pressuposto (teoldgico) que: a sua concepcio de conhecimento. Mas nao resta divida de que muito mais complexa do que supée a nossa vi historiografia. ‘to execrado por 450. Apud HOLANDA, $8.0 atual eo inatual erm Leopold von Ranke", In: HOLANDA, 5.8 (oF) Ranke, p14 41. VIERHAUS, R.Ranikes Begrif der hstorischen Objekt (OSELLECK, R.(org)- beh ler Geschichtwissenschaft.Betrage zur Historik (Band 1), p. 67. 31 Laoeou ven Rae (1795-1886) Referéncias BERDING, H. oriker. Gottingen: Vandenhock/Ruprecht, U. (org). D Ranke", In: WEHLER, 71. as revision: Ranke and the Beginning of Modern “Theory ~ Theme Issue Revision in History, n. 46, 2 and the Founda- CARDOSO, C. “Panorama da historiografia ocidental (até aproximadamente 1930) toriador fala de teoria e metodologia: ensaios. Bauru: Eduse, 2005. DROYSEN, J.G. Historik, Stuttgart: Frommann-Holzboog, 1977 [Edigio hardt, Princeton: Princeton Universit HOLANDA, S.B."O. Theory: Studies in the Philosophy of ssue Historical Distance: Reflections on a Metaphor, vol. ‘The Meaning of History. Chicago: Chicago University Press, 1977, MATA, S. “Leopold von Ranke (1795-1886) histéria pensada ~ Teoria e método na hist Sio Paulo: Contexto, 2010, Scanned with CamScanner 32 Esttvlo Maat Prono Cus 1831)". In: MARTINS, E.R, ‘odo na historiografia europeia do joderna. Ci Michelle Schreiner Lima ico: FCE, 2 J Jules Michelet (1798-1874) como forma de ago Com estas palavras Lucien Febvre nos mostra o lugar que Ju- ‘ria da Franga oitocentista. A dedicaao de anos monumental Histoire de France (Histéria da Franca), iciada em 1833 ¢ conclufda em 1867, com vinte € trés volu- bem como o restante de sua obra, proveniente dos cursos ue ministrava e dos demais escritos de sua produgio, composta sobretudo de textos historiogrificos, ensaios criticos, trabalhos de cunho naturalsta e de ordem intimista (diérios e correspondén- que teve financiamento do to de 2605 [Acesso disponivel em hitp:/ 000364097]. mporta destacar que partes, como se encontram no original ou com 1a bibliografiaestrangeira é nossa, quando 2. Referimo-nos aqui 20s dezessete ti 1867) e 208 ses da Hist ‘em o que hoje denominames: tomos da Histoire de France oie dela Revolution Frangaise( istoie de France de jules M 33-1844/1855, 1853) que, juntes, com- helet*, Scanned with CamScanner

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