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AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 

AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 


Autora: 

Thamara Bensi 
 
Conteúdo 
3 O QUE É O TRANSTORNO DO 
PROCESSAMENTO SENSORIAL? 
4 QUAIS SÃO ESSES SENTIDOS QUE 
PERTENCEM AO PROCESSAMENTO SENSORIAL? 
5 QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO 
SENSORIAL? 
5 DIAGNÓSTICO COM RELAÇÃO AO TPS 
6 SINTOMAS APARENTES 
7 PROCESSAMENTO SENSORIAL NO TEA 
8 REFERÊNCIAS 
 
3 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 
Atualmente,  têm  surgido  diferentes  concepções  com  relação  ao  au-  tismo  que  consideram  anormalidades  na 
percepção sensorial como sendo a base para os principais sintomas do transtorno. 
São  muitas  ideias  diante da problemática sensorial no TEA, embo- ra esses problemas ainda não sejam considerados 
sintomas  para  cri-  tério  diagnóstico  oficial,  porém  é  de  comum  acordo entre os pro- fissionais que trabalham com a 
demanda  que  as dificuldades do processamento sensorial existem e afetam ainda mais a vida diária das crianças com 
TEA. 
Portanto,  o  principal  objetivo  é  discorrer  acerca  do  Transtorno  do  Processamento  Sensorial  (TPS)  em  relação  ao 
Transtorno do Es- pectro Autista (TEA). 
O QUE É O TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO SENSORIAL? 
É  algo  atual,  porém  não  é  moda,  não  é  fase,  é  uma  condição  existen-  te  e  permanente,  sendo possível de haver um 
diagnóstico e inter- venções a cerca disso. 
É  um  transtorno  que  atualmente  está  em  evidência,  porém  ainda  pouco  popular,  não  só  para  a  sociedade  do  senso 
comum,  mas  tam- bém entre os profissionais da área da saúde. O motivo de ser uma doença tão negligenciada é pelo 
fato  de  afetar  muitas  crianças  com  TEA  e TDAH, sendo os seus sintomas “mascarados” pelos estereó- tipos criados 
acerca de tais diagnósticos. 
Trata-se  de  uma  condição,  na  qual,  o  cérebro  demonstra  ter  difi-  culdades  em  receber  e  responder  às  informações 
que vem através dos sentidos, sendo chamada de disfunção de integração sensorial. 
São  os  sentidos  que  captam  as  informações  do  ambiente  a  todo  instante,  mas  é o processamento sensorial (PS) que 
dá  sentido  ao  que  é  recebido.  Sem  um  processamento  sensorial  adequado  have-  ria  somente  um  conjunto  de 
informações  sem  significado,  ou  seja,  processamento  sensorial  diz  respeito  ao  procedimento  neurológico 
responsável por organizar as informações recebidas do ambiente 
 
4 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 
(interno – corpo – externo – mundo), para que sejam usadas de for- ma apropriada diariamente. 
É  um  processo  dinâmico  e  cíclico  que  funciona  em  modelo  “feedback”,  ou  seja,  conforme  o indivíduo realiza uma 
atividade,  o  próprio  movimento gera estímulos sensoriais, que devem ser organizados e transformados em respostas, 
o que consequentemen- te gera mais estímulos, criando um “ciclo vicioso”. 
QUAIS SÃO ESSES SENTIDOS QUE PERTENCEM AO PROCESSAMENTO SENSORIAL? 
•  Tátil:  o  sentido  do  tato;  resposta  dos  receptores  da  pele  sobre o toque, pressão, temperatura, dor e movimento dos 
pêlos so- bre a pele. 
• Auditivo: contribuição relativa aos sons, a habilidade de per- ceber corretamente, discriminar, transformar e reagir 
a sons; 
•  Oral:  Relativo à boca, a habilidade de perceber corretamente, discriminar, processar e responder aos paladares ou a 
estímu- los dentro da boca; 
•  Olfativo:  relativo  ao  cheiro,  uma  habilidade  de  perceber  cor-  retamente,  discriminar,  processar  e  responder  a 
diferentes odores. 
• Visual: relativo à vista, a habilidade de perceber corretamente, discriminar, processar e responder ao que se vê. 
• Vestibular: situado no ouvido interno responsável sobre as rea- ções ao movimento e equilíbrio. 
•  Proprioceptivo:  o  sentido  da  “posição”;  Como  o  cérebro  inter-  preta  a  posição  do  corpo,  peso,  pressão, 
alongamento,  movi-  mentos  e  alterações  na  posição.  A  capacidade  de  perceber  es-  pacialmente,  cada  segmento 
corporal  em  particular  ou  o corpo como um todo, tanto em situações estáticas, como nas ativida- des que demandam 
movimento (dinâmicas). 
 
5 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 

QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO SENSORIAL? 


Quando  o  processamento  sensorial  ocorre  de  forma  eficaz  respos-  tas  adaptativas  são  geradas,  de  modo  que  o 
indivíduo  consegue  li-  dar  com  seu  ambiente  e  manter  uma  rotina  sem  grandes  problemas.  O  processamento 
sensorial  auxilia  o  cérebro  a organizar as sensa- ções, assim como um guarda de trânsito organiza os carros para que 
o trânsito flua. 
Portanto,  o  processamento  sensorial  é  essencial  para  um  desenvol-  vimento  apropriado.  Dessa  forma,  as  nossas 
capacidades  de  proces-  samento  sensorial  serão  usadas  para  a  interação  social;  o  desenvol-  vimento  de habilidades 
motoras e para a atenção e concentração. 
DIAGNÓSTICO COM RELAÇÃO AO TPS: 
Vale  ressaltar  que  todos  nós  possuímos  processamento  sensorial  di- ferente, porém a grande maioria consegue lidar 
com  as  dificulda-  des  de  forma  tranquila  em  seu  dia-dia.  Torna-se  um  Transtorno,  no  momento  em  que  essas 
dificuldades  influenciam  negativamente  na  rotina  do  individuo,  atrapalhando  de  forma  significativa  em  suas 
funções. 
Há dois tipos de desordem com relação ao processamento senso- rial, citados abaixo: 
Desordem da Modulação Sensorial (DMS) – Tipo I 
Refere-se  à  dificuldade  de  regular  e  organizar  as  respostas  do  estí-  mulo  sensorial.  As  respostas  podem  variar 
dependendo do tipo do estímulo sensorial e do contexto. Divide-se em três subtipos: 
•  Hiper-responsividade  sensorial:  é  uma  tendência  para  respon-  der  estímulos  sensoriais  mais  rapidamente,  mais 
intensivamen- te e com longa duração; 
• Hipo-responsividade sensorial: tendência a não responder ao estímulo sensorial; 
 
6 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 
• Desejo pela sensação/busca sensorial: tendência de desejar es- tímulos sensoriais intensos e incomuns. 
Desordem da Descriminação Sensorial (DDS) – Tipo II 
Refere-se à dificuldade de interpretar as qualidades da informação sensorial. 
Desordem Motora de Base Sensorial (DMBS) – Tipo III 
Possui dois subtipos: 
• Postural: problema com a postura e o controle postural, devi- do a problemas sensoriais; 
• Dispraxia: problema para planejar, dar sequência e executar ações motoras, devido a problemas sensoriais. 
SINTOMAS APARENTES: 
São  comportamentos  aparentes,  no  qual,  observamos  e  interpreta-  mos  como  sendo  reações  sem  conexão, 
demonstrando certa desor- ganização, “sem” contexto. 
Tais dificuldades podem: 
• Afetar o comportamento da criança (ex: impulsivas, desaten- tas, distraindo-se facilmente); 
•  Prejudicar  os  seus  movimentos  (nível  de  atividade  alto  ou  baixo,  descoordenado  ou  desajeitado,  caindo  e 
tropeçando frequentemente); 
•  Influenciar  a  sua  capacidade  de  aprendizagem  (dificuldade  em  concentrar-se,  perturbar-se  com  os  ruídos, 
distrair-se com esti- mulação visual); 
• Influir na sua relação com os outros e a sua auto imagem (di- ficuldade em relacionar-se com crianças da mesma 
idade, 
 
7 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 
demasiado  sensíveis  ou  críticos,  demasiado  ansiosos  ou  receo-  sos,  tendendo  a  isolar-se  ou  frustrar-se  facilmente); 
Pode  im-  pedir  uma  criança  de  brincar  e  de  experimentar  as  interações  fundamentais  para  a  aprendizagem  e 
interação social. 
PROCESSAMENTO SENSORIAL NO TEA: 
Um  detalhe  deve  ser  levado  sempre  em  conta:  a  particularidade  de  cada  um.  Isso  significa  que  o  processamento 
sensorial,  nesses  casos,  apresenta  especificidades  quando  o  assunto  é  a  reação  diante  de  al-  guma  situação  que 
configure  a  sensibilidade.  Portanto,  não  se  deve  nunca  generalizar,  pois  cada  criança  com  ou  sem  TEA  pode apre- 
sentar uma característica diferente. 
Com  relação  à  resposta  sensorial  anormal,  os  comprometimentos  globais  com  a  modulação  e  resposta  do  estímulo 
sensorial  têm sido amplamente relatados na literatura, descrevendo os padrões com- portamentais e as características 
do autismo. 
A  principal  disfunção  sensorial  apresentada  no  TEA  é  com  rela- ção ao processamento auditivo. Aproximadamente 
40% das crian- ças com autismo foram relatadas por terem sintomas por sensibi- lidade a sons. 
A  resposta  visual  também  é  relatada,  a  evasão  do  contato  visual  e  o  uso  ineficiente  da  fixação  do  olhar  foram 
descritos  como  carac-  terísticas  iniciais  do  autismo.  A  hiper-resposta  ao  estímulo  táctil,  disfunções  de  atenção  e 
excitação, sendo explicadas com relação às deficiências no estímulo de modulação sensorial. 
A  presença  de  problemas  de  modulação  sensorial  nos  autistas  não  só  está relacionada com os sintomas do autismo, 
como  possivel- mente contribui para o aparecimento dos mesmos. Se os sistemas simpático e parassimpático de uma 
criança  não trabalham de modo a manter um estado calmo de alerta, atividades rotineiras podem se tornar um grande 
desafio.  Em  outras  palavras,  se  uma  criança  não  é  capaz  de  manter  uma  homeostase  fisiológica  em  função de pro- 
blemas  de  modulação  sensorial,  lhe  sobra  muito  pouca  energia  para  participar  das atividades significativas do dia a 
dia. 
 
8 AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 
Os  comportamentos  apresentados  pelos  autistas  podem  sim  ser  in-  dicadores  de  que  problemas  sensoriais  estejam 
presentes.  O  com-  portamento  de  cobrir  o  ouvido  ou  os  olhos  com  as  mãos,  tipica-  mente  encontrado  nos  autistas, 
pode  indicar,  por  exemplo,  uma  hipersensibilidade  auditiva  e/ou  visual  que  deve  ser  investigada  mais  a  fundo. 
Portanto, prejuízos sensoriais não devem ser descar- tados como possíveis causas dos comportamentos autistas. 
A  investigação  de  problemas  sensoriais  no  autismo  nunca  esteve  tão  em  evidência.  Mesmo  essas questões já tendo 
sido  abordadas  na  literatura  do  autismo,  somente  agora  ganham  devida  atenção  e  é de extrema importância possuir 
esse  olhar  diferenciado  para possí- veis intervenções de mais sucesso, consequentemente melhorando a qualidade de 
vida dos autistas. 
REFERÊNCIAS: 
BARANEK,  G.  T.,  FOSTER,  L.  G.,  &  BERKSON,  G. Tactile defensi- veness and stereotypic behaviors. American 
Journal of Occupa- tional Therapy, 51, 91-95, 1997. 
BARANEK,  G.  T.  Autism  during  infancy:  a  retrospective  video  analysis  of  sensory-motor  and  social  behaviors  at 
9–12 months of age. J. Autism Dev.Disord. 29, 213–224, 1999. 
BARANEK, G. T. Efficacy of sensory and motor interventions for 
children with autism. J. Autism Dev. Disord. 32, 397–422, 2002. 
BARANEK,  G.  T.,  BOYD,  B.  A.,  POE,  M.  D.,  DAVID,  F.  J.,  &  WAT-  SON,  L.  R.  Hyperresponsive  sensory 
patterns  in  young  children  with  autism,  developmental  delay,  and  typical  development.  Am.  J.  Ment.  Retard.  112, 
233–245, 2007. 
BARANEK,  G.  T.,  DAVID,  F.  J.,  POE,  M.  D.,  STONE,  W.  L.,  &  WA-  TSON,  L.  R.  Sensory  experiences 
questionnaire:  discriminating  sensory  features  in  young  children  with  autism,  developmental  delays,  and  typical 
development. J. Child Psychol. Psychiatry 47, 591–601, 2006. 
 
AUTISMO: UMA PERSPECTIVA SENSORIAL 

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