You are on page 1of 28
Crescimento e Defeitos do Cristal; Geminagao, CAPITULO 10 Cor e Magnetismo Cristais de gipsits, CaSO, » 24,0, hialinos, transparentes e incolores. Eles 50 tabulares poralelos a {010} com pinacoide basal paralelo a (001). A espetacular forma externa destes dois crisiais 6 0 resultado de seu live crescimento (a part de solugdes) em espaco aberto (uma cavidade em uma sequéncia de cor. pos de rocha, comumente referida ‘como vug] semn competigéo com outro mineral vizinho que poderia té- -lo comprimido, Do distito mineiro de Santa Eulélie, México (Museu de Mineralogia de Harvard), Cristais inorganicos podem formar- -se a partir de solugées, fusbes & vapores. Nesses estados de desor ganizagao, os processos que indu- zem 08 dtomos @ se reorganizarom em um arranjo ordenado caracteristico do estado solido séo fundamentalmente a ‘lucleagéo e 0 crescimento cristalino. Uma vez nucieado, os cristais crescem por adicdo de novo material a sua superticie mais externa em um padrdo regular @ continuo. Este capitulo discute uma breve introdugao sobre a nucleagao e 0 cres- cimento de cristais perfeitos. Tas cristais ideais s4o raros na natureze, @ es diversas iegularidades que podem ocorrer durante 0 crescimento também so descrtas. A geminagao, uma das mais notéveis expressOes morfol6gicas de uma estrutura com defeito, 6 abordada posteriormente. A origem da cor e do ragnetismo séo, por fim, discutidas no contex- 10 do crescimento do cristal ‘As amostras minerzis abrangem tamanhos que vio desde alguns nanémetros até dezenas de metros, ¢ apresentam pesos desde poucos nanogramas a milhares de quilogramas. Ainds assim, cada um desses espécimes pode exibir eritais bem for- mados. ExposigGes mineralégicas frequentemente destacam 0s espécimes mais espetaculares, geralmente aqueles com ex cepcional desenvolvimento das faces cristalinas e de grande tamanho. A questio que se segue € saber como tais cristais bem-desenvolvidos podem crescem a partir de pequenos agrupamentos atémicos até alcangar grandes estruturas crista- linas? Para reformular a mesma questio em termos quimicos, pode-se pergunatar como os blocos quimicos fundamentais, Gtomos, fons ou agrupamentos iénicos) se incorporam em tum padrio eristalino bem ordenado? E por que certs formas cristalinas prevalecem as custas de outras? Este capitulo discute alguns aspectes bisicos de nucleagio ¢ crescimento de cristais, irregularidades que ocorrem durante o seu crescimento e pro- priedades fisicas relacionadas ao crescimento. i [Crescimento do cristal @ ‘Grprimeiro estigio no crescimento do cristal € 0 da mucle- agio, indicando que o crescimento s6 comega apés um mi cleo (ou gérmen de cistalizate) ter e formado. Na matoria dos casos, 0s micles sio essencialmente produtos iniciais da cristaizagio de minerais a partir de solugdes ou fusdes. Os tomos no estado Tiquido tém uma distribuigio desordenada ce aleatéria. Durante a nucleagi «um mineral precisam estar no mesmo lugar a0 mesmo tempo, tornam-se organizados e entio combinam-se no padrio or- denado caracterfstico do estado cristal. Iso ocorre quando © estado eristalino dos constinuintes representa uma configu- raglo de energia mais baixa do que o estado desordenado de tum liguido, © nileo € orresultado da,combinagio de virios fons (na solugio ou fusio) para formar o padrio estrutural regular inicial de um sélido crstalino. O processo de nuclea- lo tipicamente requer que algun grau de supersaturacio seja 2tingido na solugio. A supersaturagao pode ser alcangada por tum dentre virios mecanismos,tais como mudanga de con- centragio, temperatura €/ou pressio. ‘Como exemplo de nacleos formando a partir de uma solugio aquosa, temos 0 cloreto de sédio, NaCl, dissolvido ‘em agua (Fig. 10.1).A medida que a solugie evapora, ea passa a conter cada vez mais Na” ¢ CI” por unidade de volume. Por fim, a Agua no pode mais reter todo o Na* e CI em solugio, © 0 NaCl sélido comega a se precipitar. Se a evapo- 1agfo da solugio for muito lenta, os ions de s6dio e de cloro iro agrupar-se para formar um ou mais cristais com formas caracteristicas, comumente compartilhando uma orientagio cristalogrifica, Por outro lado, se a evaporagio for rpida, mui- tos nicleos se formam vesultando em cristais pequenos, alea- toriamente orientados. [Em uma sohugio, 0s eristais também nucleiam-se por di- ‘minuigio da temperatura ou da pressio para atingir condigBes de supersaturagio. A Agua quente dissolve um pouco mais 0 sal (NaC), por exemplo, que a Agua fra, Se for permitido a uma solugdo quente esfriar, uma certa temperatura pode ser atin sida de modo a tornar a solugio suficientemente concentrada € 0 NaCl iré se cristalizar. Uma situacao similar mantém-se ara a pressio: quanto maior a pressio, mais NaCl a Sgua pode manter em solugio. Assim, a diminvigao da pressio de uma solugio saturada iri resultar em supersaturacio, Desse modo, fem geral, os cristais podem formar-e a partir de uma solu por ‘eoaporazio de un solvent por mudangas de temperatura ou press. Em uma fosio, um cristal forma-se de modo muito si- ilar Aquele descrito para uma solucio. A formacio de ro- cchas igneas a partir de um magma fundido, embora seja mais complicada, é similar 20 congelamento da Sgua. Embora nio seja geralmente considerada dessa forma, 2 4gua é gelo fun- ido. Quando a temperatura & diminuda suficientemente, a rmolécula de H,O, que estava livre para se mover em qualquer diregao no estado liquido, torna-se fixa se arranja com ou: 0s ftomos constituintes de i , : ‘Agua de lago salind a ‘satuiada em.NaCl ‘nidade angstrom (A FIGURA 10.1 Representado esquemstica de um nécleo de NaCl em um lag salino em evaporacéo. Os nicleas, como desenhado, con sistem aponss em 125 fons (Na e CI") regularmente empacotados. fons adicionsis serio acrescentados, em um arranjo ordenado, no ‘exterior do cubo nuclear, permitindo-<, assim, que eresca até formar Lm cristal maior. A escale usada para‘ taranho iio 6 a unidade angstrom (1A = 10cm). Um cristal cdbico de NaCl, Tem ao longo do cada aresta, contém aproximadamente 10” fons ov storos. tas iguais em uma ordem definitiva para construir uma massa sélida e cristalina, No magma, muitos fons e grupos iénicos cexistem em um estado no combinado.A mucleagio e 0 cres- cimento de um cristal em um magma que se resftia so 0 e- sultado de duas tendéncias concorrentes: (1) vibracio termal que tende a destruir a nucleagio de minerais potenciais€ (2) forcas atrativas que tendem a agregar 4tomos (e/ou fons) em cestroturas cristalinas. Enquanto a temperatura cai, seu efeito diminui,o que permite que as forgasatrativas predominem. Embora a cristalizagio a partir do vapor seja menos co- mum do que a partir de uma solugio ou de uma fusi0, os prineipios subjacentes sio similares. Conforme 0 vapor Vai sendo resfriado, os Stomos dissociados ou as moléculas com bbinadas acabam prendendo-se a si mesmos em um sétido cri talino, Exemplos conhecidos desse modo de cristalizagio si0 a formacio de flocos de neve a partir do ar saturado com vapor de Agua e a formagéo de erstais de enxofre na base de famarolas,ou chaminés valcanicas,a partir da condensagao de ‘i rico em enxofie. Todos esses processos criam um ambiente supersaturado no qual a nucleagzo pode ocorrer. Capitulo 10 Crescimento © Defeitos do Cristal; Geminagao, Core Magnetismo 245 | eee Agrupaménio do itomos (tats Na ct @ o cy FIGURA 10.2 (a) Ums se¢d0 através de um canto de um cristal de NaC! mostrando ions bem ligados, densamen te empacotacos na parte interne do cistale ligagdes quimicas incompletas nas superficies externas do cristal {+ representa ligacdes incémpletas e = represents compietas).(b} Uma superficie do cristal mostrando um degrau submicroseépica. A tixagao de fons na focalizagao de tais dagraus diminu a energia da superficie do cristal. Essa ‘eneigia ¢ 0 resultado curmulativo de igagbes no completadas. c) Grupos submicroscépicos de Stomos, most. os como blocos, fixados ds ts superficies externas de um cristal. Taisblocos criam degraus para 2 fiagSo de novas camadas de fons na supertcie extorna do cristal ‘Considere agora um exemplo mais detalhado de nuclea- ‘lo. Em um lago salino em evaporagio, a condiges podem ser apropriadas para a precipitagio aleat6ria de nicleos de [NaC Isso significa que fons de Na” ¢ CI na gua do lago es to combinando-se uns com os outros em um arranjo regular de fons alternados de Na’ © CI, como requerido pela estru- tura de NaCl (halita ou sal de rocha; Fig. 10.1).A formagio de ‘um monocristal de halta € geralmente precedida pela forma io aleatoria de grande numero de nécleos potenciais. Muitos nibcleos ndo irio se desenvolver em cristais maiores, pois em ‘uma solugio saturada em jons de Na" e CI” existe também a tendéncia para niicleos serem redissolvidos. Inicialmente, e= ses pequenos cristais tim uma étea superficial muito grande comparada ao seu volume. Uma rea superficial grande im- plica a existincia de muitos étomos na superficie externa do cristal com ligagdes quimicas nlo satisfeitas (cada uma carre- gando cargas elétricas; Fig, 10.2).Tal cristal (ou gro mineral) precisa satsfazeressasligacbes quimicas ¢ é mais solivel que ‘um cristal (ou gro mineral) com um volume grande étea superficial pequena, Neste, a maioria dos itomos so internos, com ligaces quimicas completamente satisteitas. Para um niicleo sobreviver, cle deve crescer répido 0 su~ ficiente para reduair sua energia superficial (expressa como 2 razio entre a rea superficial e © volume) e, consequentemen- te, sua solubilidade. Quando um niicleo atinge um tamanho orto por meio da ripida deposiclo de camadas adicionais de ‘ons, ele tem alta chance de Sobreviver e creer até tornat-te ‘um cristal grande. Um exemplo simples, mas ilustrativo, de crescimentoyé aquele dado pelo aumento do niicleo a partir da adigio ordenada de fons is suas superfcies externas (Fig 10-1. A superficie externa sblida de um niicleo representa uma s~ perficie de ligagdes quimicas nio satisetas (Fig. 10.2). ener- gia de tal superficie € diminuida quando um Stomo fixa-se a ela, € 0 aumento de energia liberada por tal fixacio depende de onde ela acontece. Por exemplo, na Fig.10.2b,a localizagio do “degrau” na superficie do cristal esti onde ele pode perder sais energia por meio da fixacio de fons adicionais.Is0 por~ {que em um cristal ionicamente ligado, como na halita (NaCl), a energia de fixagio é maior nos cantos, intermedifria nas arestas € menor no meio das faces (terracos)-A grande atra¢io de étomos para 0 canto de cristaisiénicos corumente leva 20 ripido crescimemto nessa direcdes. Em alguns tipos de cristais, aque diferem do NaCl por suas ligagdes nfo iénicas, acredita- “se que os Stomos acrescentam-se 4 superficie externa como grupos de Stomos. Tis grupos, representados como blocos na Fig. 10.2c, produzem em uma superficie externa degraus a0 longo dos quais uma nova camada de cristal pode ser cons- trufda. (Uma animagio do processo de crescimento é dada no médulo Il do CD-ROM sob o titulo “Crystal Growth”) ‘A taxa de crescimento determina quais faces itdo se tornar ‘proeminentes em um cristal; as faces de cescimento mais lento slo evidenciadas na morfologia externa do cristal ‘A taxa de crescimento nio é uniforme em cristais e pode star intimamente conectada com 2 densidade de pontos re- ticulares (ou né:) em um plano cristalino. Como foi previsto pela Lei de Bravais (discutida no Capitulo 7), as faces mais provaveis de serem formadas so paralelas 20s planos do ret cculo que tém alta densidade de pontos reticular. A frequén- ia com a qual uma dada face € observada € aproximadamente proporcional ao niimero de nés que ela intercepta no reticulo: quanto maior 0 namero de nés, mais comum a face, como | i i 246 Manual de Ciéncia dos Minerais, FIGURA 10.3 Esta figura representa urna segao de pontos reticule res em um reticulo cUbico. Algumas linhas, que incluem um maior ‘ou menor numero de pontesrerculares (Ou nds), so possivois are- ves da rade. Essas inhas representam os tragos de passives planas cristalns. Os planos de mais elte densidade de pontos reticulares s8o tipicamente os mais comuns, tis come AB @ AC. ilustrado na Fig, 10.3. Um plano interceptando AB na Fig 10.3 tem densidade de n6s muito maior gue os planos AD, AE ou AF. Célculos da energia superficial envolvida indicam que a energia das particulas em um plano como AB, no qual existe uma alta densidade de nés, é menor que a energia das particulas em planos menos densamente povoados,tais como AE Dessa forma, 0 plano AB seri o mais estivel, porque no processo de cristalizag, a configura de mais baixa energie € aque la de maxima estabildade. Entretanto, os planos AF AD, AE planos similares, iro crescer mais rapidamente que AB pois indicam locais de alta energia, onde menos unidades quimicas precisam ser adicionadas por unidade de dtea. No crescimen- to cristalino a partir de um miicleo, s primeiras formas que surgem serio aquelas de energia relativamente alta e de cresci~ ‘mento rpido. adicio continuada de material a esses planos ih constrair essas faces para fora, enquanto os planos com cerescimento mais lento fieam para tes, ‘As diferencas de ambientes atémicos (energia superfi- ial ¢, portanto, taxas de crescimento) sto demonstradas pelo cempacotamento ciibico {001} ¢ octaédrico {111} no mine. zal halita, NaCl (Eig. 10.4). Todas as faces cébicas {001} sio compostas de fons metade Na” e metade CI" [como mos- trado pelo plano frontal (100)]. Essas faces tém baixa ener- ‘2 superficial, pequena atragio por cétions (ou Anions) na solugio, ¢ desenvolvimento lento. Alternativamente, as faces ‘octaédricas {111}, cortando os cantos do cubo, tém planos contendo apenas fons CI. Como a face inteira (111) € cons- tituida de uma camada de fons igoais,resultando em uma rede de carga positiva e megatva, ela tem alta energia superficial € cada camada de crescimento adicional consiste ou em Na ou em CI. Esses fons opostamente carregados sio fortemente fixados ¢ ligados ¢, como resultado, as faces octaédricas cres- com relativamente rapido, Assim, os vértices e 0s cantos de uum cubo so construidos por adigio de material, enquanto pouco material € adicionado as faces do cubo. O erescimento Cristalino minimiza a energia, fezendo as faces de alta energia crescer preferencialmente. A medida que o crescimento avan- 62, as faces de répido cescimento desaparecem, lteralmente somem enguanto crescem para si mesmas, consteuindo no processo for- mas de lento crescimento, mais estives, Iso 6 ilustrado ma Fig, 10.5. Depois que as faces de alta energia desaparecem (Fig, 10.5b, 1-3),0 crescimento torna-se muito mais lento, que a i¢do de material passa a ocorrer inteiramente nas formas de crescimento lento, de mais baixa energia (Fig. 10.5b, 4) Propriedades vetoriais ‘As variagdes nas taxas de crescimento, devido aos diferentes atranjosatémicos que esti sob os distinos planes crstalinas fu diregSes crstalogeéficas,servem como exemplo de pro~ priedades vetoriais exibidas por minerais. Como a mag- nitude de uma propriedade é dependente de uma diregio, a propriedades vetoriais sio distinta de acordo com as dife- rentes diregSes cristalogriticasdistntas. Outras propriedades vetoriais dos cristais so a dureza, i condutividade do calor e da cletricidade, a expansio térmica, a velocidade da Iu, taxa de solugio e a diftagio de raios X. Enquanto algumas desss propriedades variam desontinuemente, segundo a mudanga de regio dentro do cristal, otras vatiam ontinuamente ‘As propriedades vetoriais descontinuas pertencem apenas a certos planos ou ditegdes do cristal. Nao ha va Jores intermedisrios de tais propriedades conectadas com disegbes cristalograficas intermediias. Essas proprieda- FIGURA 10.4 Modelo de emnpacotamento de halts, NaCl, com con torno cubo-octaédrico, Na” pequeno, Cr grande, As faces (001) do ‘cubo térm camadas com igual ndmero de fons de Na* e CI, enquan~ to que as faces octaédieas (nos vertices do cubo, (111) consistem ‘em planos aternados de ions de Na" e de CI. ons de Na e CT s8o ‘ambos de caordenagéo de ordem 6 em um reticulo de face centre: a Esse tipo de estrutura ¢ também encontrada na galena, PUS; no perilésio, MgO; e em muitos outros compostos AX ———___—] Capitulo 10 Crescimento ¢ Defeitos do Cristal; Geminagéo, Core Magnetismo 247 Forma externa final do cristal maior FIGURA 1055 (2) Seco do um cristal que crescou desde 0 estagio 11, urn nacleo (spenes com feces actaédricas ol, passando pelos ‘esgios (2) e (3), até a forma final 4), somente com faces 2 (cubo) [As seias vetores de crescimento representam e indicam as dire- {es mais répidas em que este acorre no cristal. Note que as faces perpendiculeres a estes vetoros de crescimento (faces 0) sof ‘almente eliminadas no estégio Ml, crescem rumo a0 desapareci ‘mento. (0) lustragdo dos cristais completos {nos estagios de 1a, ‘onde fl iustra uma segao, A forma consistindo apenas de faces 6 um octaedro, aquela apenas com faces a @ um cubo, © 2s duas {formas intermedisrias 680 combinagbes do octaedo @ do cubo ern siferentes estigios de desenvolvimento. (Veje temibém médulo i do CD-ROM, em “Crystal Growth") des vetoriais descontinuas incluem a clivagem e a taxa de solugio, além da taxa de cescimento.A natureza vetorial da taxa de crescimento € exemplificada pelo crescimento ex tremamente répido que resulta na formagio de dendritos, pativeis com qualquer uma das cuas orieniagdes cristalinas, como ‘mostrado pelos ciculos séldos e tracejados. Se a paso inclinada escolhida, suite um cristal maclado. Tal macla pode Ser conside- rada como o resultado de uma rotaggo de 180" zo redor da linhs XX" ‘u de ums reflexdo especular ao longo de XX" [As diregbes do reticulo de urn cristal em uma macla pos sem uma relagio eristalogrifice definida com o outro cristal (O maclamento pode ser comsiderado um tipo de defeito ers~ tslino plano. ‘As maclas de erescimento sio 0 resultado de um po sicionamento de stomes ou fons (ou gcupos de dtomos ou fons) no exterior de um crisal em crescimento de tal forma que 0 arranjo regulae da estrutusa cristalina original (e28- sim, de seu reticulo) é interrompido. Por exemplo, na Fig. 10.13, a linha XX" pode ser considerada o tago de uma face externa de um cristal em erescimento. Um fon ou tomo (ou grupo de fons) teré a posibiidade de fixar-se em sitios estruturais que representam uma continuagio dos nédulos no retfculo do cristal J ou em nédulos compativeis com 0 reticulo do cristal Il. No primeiro caso,a estrutura original & continuada sem interrupgi selacio maclada.O arscimento maclado,reflete asim, “aciden~ tes” (ou defeitos de nucleagio} durante o erescimento livre, ¢ é considerado uma geminacio priméria. (A geminagio que ocorre apés crescimento cristalino é discutida no Capitalo 12, pégina 301.) (s dais ou mais individuos cristalinos do agregado ge- ‘minado sfo relacionados por um elemento de simetria que esti ausente no cristal original (nZo geminado). © novo cle~ mento de simetria, ou elemento de macla, tz um cristal individual em coincidéncia com outro cristal individual em tama posigio maclada. A geminagio nos grupos de mais bai- xa simetria geralmente produz um agregado resultante com simetria mais alta do que aquela individual, pois os planos nas no iltimo, resulta em uma dde maclasfo elementos adicionais de simetria. A presenga de smaclas é frequentemente visivel pela ocorzéncia de angulos reentrantes no cristal resultant (ver por exemplo Figs. 10.20, 10.22 ¢ 10.23), [As operacées que relacionam o cristal a0 seu comple- ‘mento sio operages de simetria: (1) reflexdo por um plano specular, plano de macla; (2) rotagio ao redor de uina diregio cristalogrifica comum a ambos, eixe de macla, com rotagio angular normabmente de 180°; € (3) inversio a0 redor de um ponto, centro de macla. Uma operacio de macla é conhecida como uma lei de macla, que deter- mina quando ocorre um centro, um eixo, ou um plano de geminacio.A lei de macla também determina a orientagio Cristalogrifica para os cixos ou planos de macla. Um plano de macla é identificado por seus indices de Miller [como (010) ou sua forma simbolo para todes os planos equiva lentes {010}] e uma diregio de eixo de macla é identificada por um simbolo de zona (como (001]).Virias leis de macla slo discutidas para os seis sistemas cristalinos na Sego Leis ‘comuns de macla A superficie na qual dois individuos sio unidos € conhe: ‘ida como superficie de composig&o. Se essa superficie & ‘um plano, & chamada de plano de composigio, ¢ sua super- ficie pode ser irregular ou tegular. © plano de composi¢io & Ccomumente, mas no invariavelmente, o plano de macla. Se a lei de macla € simplesmente um plano de macla, 0 plano de macla @ sempre paralelo a uma superficie possivel do cristal, ‘mas nonca paraelo a um plano de simetria. O plano de macla uma elemento de simetria adicional no presente no cristal no madlado. O eixo de macla é um eixo de zona ou uma diregio perpendicular a um plano ordenado do reticulo, mas rnfo pode jamais ser um eixo de rotagio (binério, quaternario ‘ou senirio) mesmo quando a rotacio de macla envolvida & de 180°. Em alguns cristais, uma rotagio de 90° 2o redor de um tixo binério pode ser considerada uma operagio de macla, (Animagées de aspectos atémicos do maclamento sio dados zno médulo II do CD-ROM sob o titulo “Twinning” ) Classificagao de macla @ CCristais geminados sio clasificados ou como matlas de contato ‘ou como macla de penetagio. Maclas de contato tém uma superficie regular de composigo separando os dois individuos. A ‘macla & definida por um plano de macla tal como na Fig 10.142, Esse plano é um dentre quatro possiveis ¢ cristalo- graficamente equivalentes 3s diregdes no octaedro {111} do sistema isométrico. Assim, para se descrever todos os planos de ‘acla octaédricos, 0 simbolo da forme {111} é utilizado, em vez da notacio (111) para um plano especifico. Um exemplo notivel de planos de mac octaédricos é observado no cobre native mostrado da Fig. 10.15. Outros exemplos de maclas de 0 ilustrados nas Figs. 10.14b e 10.14c. As maclas de penetrasio sio compostas de grios individuais interpe netrados, tendo uma superficie de composgaoinegulr, ea lei de ‘macla € geralmente definida por uma ditegio de eixo de ma cla (por exemplo, [111] ou [001]; Figs. 10.144, e,). (Diversas ‘maclas diferentes sio ilustradas, com animagZo, no médulo I do CD-ROM sob o titulo “Twinning”) contato Capitulo 10 Crescimento @ Defeitos do Cristal; Gemninagéo, Core Magnetismo 255 Macias de contato D Espindlio o (a Macias de penetracéo 0011 1 nm, Fluorite Pita @ ( (Os cristais maclados so adicionalmente clasificados como maclas de repoti¢fo ou méltiplas, que consistem em trés ‘ou mais cristas individuais geminados de acordo com a mesma lei de macla. Se todas as superticies de composicio sio paralelas, ‘ grupo resultante é uma macla polissintética (Figs. 10.16a,b €). Quando um grande nimero de individuos em wma macla polissintética estio muito proximos, as faces cristalinas ou as clivagens que atravessam os planos de composigio mostram es- triagSes por causa da posicio reversa dos individuos adjacentes. ‘Uma macla polissintéticaaltamente diagnéstica ¢a macla da al- bita nos feldspatos da série dos plagioclésios. As lamelas da ma~ cla individual que podem ser vistas a olho nu so comumente bastante finas, variando de 0,1 a varios milimetros de espessura (Veja Fig. 2.96). Essa macla ¢ evidenciada por linhas paralelas ou estrias vistas nas faces de clivagem (Figs. 10.16a € b; 10.172 € »). Maclamentos polissintéticos em um cristal de magnetita so apresentados na Fig. 10.17 ‘As estrias, entretanto, couio vistas na face do cristal, nfo Sio, de forma alguna, sempre resultantes do maclamento po- lissintético. Ag Figuras 10.17d e 10.17e mostram estrias que resultam do intercrescimento de duas formas. Os cubos de Pirita (Fig.10.17d) tipicamente exibem estrias que sio 0 re- sultado de sucessivas combinagdes de outras faces ou formas, de um piritoedro, em linhas estreitas com o cubo.O cristal de ‘magnetita, na Fig. 10.17¢, exibe estrias nas faces de um dode- caedro causadas pelo crescimento gradual de faces octaédricas ‘com contornos triangulares. Quarto FIGURA 10.14 (a) Octaedio com pos ch sivel plano de macta b-b (171). Esta 6 ums de quatro diregbes octaéck 8 na forma {111}. (o) Maciamento ‘octaédrico como apresentado pelo espinélio. (c) Cristais levégiros an doxtr6git0s de quartzo segundo a fei do macta do Japao (1122). (2) Dois ceubos interpenetrados de florita ra clados em 1111} como eixo de macia (e) Do's cristais pirtodcricos (de pit- ‘8 formando uma Cruz de Ferro, com feixo de mscla [001] f) Orcociésioexi- bindo a fei de maclaCarisbad, na qual dois cristaisinterpenetrados estéo imaclados por um eixo de rotagéo de 180" em torno do eixo 6, na directo [001]. A segio esquemstica, paalela (010), revela a presenga do eixo de ‘macla bindrio a0 longo de 1001), Ontoctésio o FIGURA 10.15 Espécime do cobre exibindo miltiplas ma- clas do espinélio. Cads cristal mostra um contorno apro- ximadamente triangular. O espécime 6 da Mina Ray, Fi- nal Co., Arizona, EUA, e tem 19 em de altura. (Fotografia cortesia de Stuart & Don- na Wilensky Fine Minerals, Wurtsboro, NY) ' | 256 Manual de Ciéncia dos Minereis. Maclas polissintéticas a FIGURA 10.16 (2) Abita geming- {Je polisinteticamente em (010). (b)A mesma macta polesintética como ern fa), mas vista em me cxoscépio polatizador. As lamas scutes € claras na albita sé re- lecionedas por reflexéo transver 33 1070). (c) Maca polissintétca fom caleita ern (7012), que & uma ‘das t6s direcses do romboedro negative. (d) Meclscicica emu | tio com os planos de macta pa- falolos as faces da forma (011) (e) Macta cictica em crisoberto com planos de macla paralelos a5 faces da forma (031). Note a Crisoberiie reentréncie de angulos entie os wo a fe) cists indviduais, ‘As maclas ciclicas (ém lugar quando os planos de com- com lamela de macla ou dominios de macla com tamanho pposigio sucessivos nio sio patalelos (Figs. 10.16d e e, 16.28). na ordem de dezenas a centenas de angstroms, até escalas tio [As mach ciclicas sio comuns na aragonita e no rutil. grandes que of expécimes so facilmentevistos a olho no. £ AA geminagio é comum em cristais € 0 tamanho das ma-_geralmente necessirio fazer medidas morfolégicas cuidado- «las individuais pode variar desde uma escala quase atmica, sas (principalmente por métodos de gonidmetro de reflexio Estriamentos FIGURA 70.17 Maclamento polissintético € estas. (a} Abbite maclads polissintetice- ‘mente paralela a0 plano vertical (010) mar- ‘cado por bb) A aparéncia da macla da alba ‘como estas ou ranhuras sobre uma super- ficie de elvager ou face cristalina,(c) Cis tal octaédrico de magnetita com lame'a de ‘gemninacdo aparecendo como estriamentos sobre uma faco octaédrica. (a) Estrias em um cubo de pitta, [e) Estas nas faces de ‘um dodecaedro de magnetits causado pela presenca de faces octaédricas,o. (De Klein, C. 2008, Minerals and rocks’ Exercises in arystal and mineral chemistry, xystalogr2 hy, Xray powder diffraction, mineral and z0ck identification, and ore mineralogy. 3 fed. Wiley, New York} —resapnmeanmeennend e/ou precessio de raios X) para distinguir uma macla de um. Jntexcrescimento aleatério de cristas. Leis comuns de macla @ ‘A descrigio de uma lei de macla consiste em declarar a forientagio cristalogrifica do elemento, eixo, ou plano da macla. As duas orientagdes macladas de um reticulo or torrémbico (mostradas na Fig, 10.13) sio relacionadas por uma reflexio especular ou uma rotacio de 180° a0 Tongo da direcio XX’, que ird representar uma superficie pla za em um reticulo tridimensional. Ao longo dessa direcio, existe uma perfeita coincidéncia dos nédulos do retfculo (ou posigdes atémicas) dos cristais Ie Il, Na ilustraglo, a direcio XX" (que id representar uma superficie plana em tum reticulo tridimensional) & 0 contato entee dois cristais maclados. Quanto mais préximo da perfeigio & 0 arranjo atémico periédico de um cristal, mais baixa ser a ener gia interna, (Animagdes tridimensionais das leis de maclas consistentes com o desenho bidimensional da Fig. 10.13 podem ser vistas no médulo II do CD-ROM sob 0 titulo Twinning”) Sistema triclinico ( feldspato pode ilustrar melhor © maclamento no sistema triclinico. Eles sio quase universalmente maclados de acordo com a lei da albita,20 longo do plano de macla {010}, como ‘mostrado nas Figs, 10.172 e b. Outro tipo importante de ma- clamento no feldspato triclinico & de acordo com a lei do pe- ridinio,a0 longo de [010], eixo de macla. Quando as maclas a albita e do periclinio sic densamente entrelagadas, como frequentemente acorte no microclinio, um padrio xadrez ou “tartan” pode ser visto 20 microscépio com luz polarizada (Fig, 10.18). Os feldspatos triclinicos também geminam de acordo com as mesmas leis que os monodlinicos Maclas monociclicas Capitulo 10 Crescimento ¢ Defeitos do Cristal; Geminacao, Core Magnetismo 257 FIGURA 10.18 Fotoricrografia de mactamento tartan ern microci- rio. O espécime & visto através de um mictoscépio cam polarizado: ros ctuzados. A socio da fotografia 6 aproximadamente paralola 2 (001). As leis de maclarepresentadas so albita com macia ¢ plano do composigéo (010) ¢ periclnio com direc de exo 1010}. Sistema monoclinico No sistema monoclinico, o maclamento em {100} ¢ {001} € ‘mais comom. A Figura 10.19 ilustra a gipsita com {100} como plano de macla produzindo © que é conhecido como macla de ‘auda-de-andorinha, Essa mesma figura também mostra és les de ‘macla gue ocorrem no mineral ortoclisio. Das dels si0 maclas de contato: uma macla de Maneback com {001} como plano de rmacla e uma macla de Baveno com {021} como plano de macla ‘A macla mais comum do ortoclisio € a macla de Carksbad, uma ‘mack de interpenetracio na qual 0 eixo ¢, [001], é 0 elemento de macla, Nesse caso, os dois individuos sio unides 20 longo de ‘uma superficie irregular aproximadamente paralela a (010) Hoon) Plano de macla Exo de macla 4021) 001) Onodlasio Macla de Macla de FIGURA 10.19 Exemplos de leis ‘Manebach Baveno comuns de macia em eristas mo- 258 Manual de Ciéncia dos Minerais Maclas ortorrémbicas @ “wan Estaurotta (psedo ortorrémbica) cy) Sistema ortorrémbico No sistema ortorrémbico, 0 plano de macla é mais comu- mente patalelo a uma face do. prisma. A macla de contato da aragonita e as mack ciclicas da aragonita e da cerussita so todas macladas em {110} (Figs. 10.20a e b).A aparéncia pseudo-hexagonal da aragonita ciclicamente maclada resulta do fato de que (110) /\ (110) € aproximadamente 60°.O ma- clamento de um cristal semelbante a esse € reconhecido pela presenga de Sngulos reentrantes que ocorzem entze os cris- ‘ais individuais Fig. 10.204). A estaurolita, que € monoelinico com um angulo f préximo 2 90°, € pseudo-ortorrémbico e morfologicamente parece ortorrémbico. Ela € comumente encontrada apresentando dois tipos de maclas de penetraco. Em uma,com plano de macta {031}, resulta uma cruz de 90°; ‘ma outra, com plano de macla {231}, € formada uma cruz de 60" (Fig, 10.20¢). Sistema tetragonal O tipo mais comum de macla no sistema tetragonal tem 0 plano de macla {011}. Cristais de cassiterita ¢ rutilo, maclados de acordo com esta lei, sio mostrados na Fig. 10.21. Sistema hexagonal No sistema hexagonal, os carbonatos, especialmente a cal~ cita,servem como excelentes exemplos de us leis de ma- cla, Diversos exemplos so mostrados na Fig, 10.22. plano de mac pode ser {0001}, sendo co eixo de macla (Fig. 10.22a), ou pode ser 0 romboedro positive {1011}.Todavia, Cerussita ‘b) FIGURA 10.20 Exomplos de raclas commun om eristais cortortémbicos. (a) Maclamento de contato e cicico em (110) na aragonita. (b) Una macia cilice ern (110) ne corussita c) Estauroite maclada em 1031) e (231). Aes: ‘nuturs da estaucolita é de fato monsctinica com B ~ 90% assim, ola aparece como pseudo-ortorrémbica. Ela esté jlustrada aqui por causa de sua morfologia de aparéncie ortoreémbice © maclamento no romboedro negative {0172} mais co- ‘mum (Figs. 10.22 ¢ 10.23) e pode produzir maclas de con- tato ou macs polissintéticas como o resultado da pressio. A facilidade do maclamento de acordo com ess lei pode ser demonstrada pelo maclamento artificial de um fragmento de clivagem de uma calcita transparente (espato da islandia) com pressio de uma estampa de uma faca (como mostrado no cristal mais direita na Fig. 10.226). Maclas tetragonais Cassiterita FIGURA 1021 Exemplos de leis comune de macla om cristais te- ‘ragonais | | | | | |

You might also like