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CIÊNCIA, TECNOLOGIA & INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO: UMA

ANÁLISE DE INDICADORES DE INSUMOS E DE RESULTADOS NA BAHIA (2005-2009)

SCIENCE, TECHNOLOGY, INNOVATION FOR DEVELOPMENT: AN ANALYSIS OF


INDICATORS OF INPUTS AND RESULTS IN BAHIA (2005-2009)

Leidiane Bispo Brito; João Antonio Belmino dos Santos2


1
Universidade Federal de Sergipe – UFS – São Cristóvão/SE – Brasil
leidianebritto@gmail.com
2
Universidade Federal de Sergipe – UFS – São Cristóvão/SE – Brasil
joaoantonio@ufs.br

Resumo:
O presente artigo visa analisar indicadores de Ciência,Tecnologia e Inovação – C,T&I da Bahia,
disponibilizados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPQ e Instituto Brasileiro de Geografia e estatísticas - IBGE,
buscando apreender seus resultados no período de 2005 (ano de regulamentação de Lei de
Inovação Federal) à 2009. Após análise da temática, conclui-se que os investimentos em C,T &I
apresentam significativo crescimento no período estudado.No entanto, são freqüentes períodos de
descontinuidades desses investimentos o que decorre em resultados ainda tímidos. Mesmo com
avanços, percebe-se que a Bahia ainda apresenta um descompasso entre produção científica e
tecnológica. Além disso, o setor produtivo também apresentou redução no número de empresas que
realizam atividades de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D no período estudado, embora o volume
de investimento tenha aumentado. Assim, apesar dos avanços, a Bahia ainda tem um longo
caminho a seguir, principalmente no que diz respeito a transformação da produção cientifica em
desenvolvimento econômico.

Palavras-chave: inovação; desenvolvimento; indicadores

Abstract:
This article aims at analyzing indicators for science, technology and innovation – C, TI da Bahia,
made available by the Ministry of science and technology, Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico-CNPQ and the Brazilian Institute of geography and statistics-IBGE,
seeking to seize their results in 2005 (year of Federal Innovation law rules) to 2009.After analysis
of the theme, it is concluded that investment in ST & I have made significant growth in the
period estudado. No However, discontinuitiesare frequent periods of these investments taking place
in the results are still modest.Even with advances, it is noticed that the Bay still has a gap
betweenscientific and technological production. Furthermore, the productive sectoralso showed a
reduction in the number of companies that carry out Research and Development - R & D during the
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study period, although the volume of investment has increased.Thus, despite advances, Bahia has a
long way to go, especially as regardsthe transformation of scientific production in economic
development.

Key-words: innovation; development; indicators

1 Introdução

As publicações e análises de indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação vem se


consolidando no Brasil nas últimas décadas, esta tendência tem como causa o reconhecimento por
parte dos governos Federal e Estaduais da significativa relação de C,T &I com o processo de
crescimento econômico do países ou estado.
Os indicadores de C, T&I são instrumentos essenciais que permitem melhor compreender e
monitorar os processos de produção, difusão e uso de conhecimentos científicos, tecnologias e
inovações. (VIOTTI, 2003). As agencias das Nações Unidas e outras organizações inter-
governamentais, como a OCDE, desde a década de 1960 estão envolvidas no desenvolvimento de
indicadores de ciência e tecnologia (C&T) para a comparabilidade internacional. Similarmente, a
UNESCO têm estabelecido bases de dados com informações cientifico-tecnológicas disponíveis
numa abrangência relativamente mais global. Na América Latina, a OEA também tem recopilado
indicadores de C&T para os países da região. (MUGNAINI et, al .2004).
Apesar do Brasil ter iniciado o desenvolvimento do seu sistema de indicadores em 1978,
quando o CNPq, com auxílio da UNESCO, definiu a classificação das atividades de ciência e
tecnologia nos orçamentos públicos, foi ao longo dos anos 90 que se presenciou a estruturação de
um sistema mais amplo de estatísticas e indicadores em CT&I, sob coordenação do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT).
Pode-se perceber a relevância destinada a Ciência, Tecnologia e Inovação pelos
formuladores de políticas publicas ao examinar-se documentos como o Livro Verde1 que aponta a
Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) como condição necessária ao desenvolvimento, bem estar,
justiça social e de exercício da soberania e o Livro Branco2 que aponta caminhos para que Ciência,

1
Documento do MCT que trata das Diretrizes Estratégicas para Ciência, Tecnologia e Inovação, com um horizonte
temporal até 2010, que apresenta a inovação tecnológica a produção de conhecimento no centro da política para o
desenvolvimento. Disponível em http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/18970.html
2
Documento do MCT que apresenta os resultados da Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em
2002 como horizonte temporal até 2012, apresentando o desafio de elevar, no prazo de 10 anos, dos investimentos

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Tecnologia e Inovação (CT&I) possam contribuir para a construção de um País mais dinâmico,
competitivo e socialmente mais justo. E ainda pela publicação em âmbito estadual de documentos
que formaliza as estratégias para investimentos em C,T&I.
Considerando os pontos aqui destacados, este artigo propõe-se a analisar o desempenho
baiano em C,T&I por meio de indicadores disponibilizados pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ e Instituto
Brasileiro de Geografia e estatísticas - IBGE, buscando apreender seus resultados, no período de
2005 (ano de regulamentação de Lei de Inovação Federal ) a 20093.Esse texto procura contribuir
para melhor compreensão da temática na medida em que amplia o debate sobre o tema e traz a
discussões sobre a eficiência das ações de incentivo à inovação tecnológica já adotada pelo estado.
Está organizado em três seções incluído esta introdução. A segunda seção traz a análise dos
indicadores de C,T&I e inovação tecnológica; e a terceira seção contém as conclusões do trabalho

2 Indicadores de C,T&I na Bahia 2005 – 2009

A análise de indicadores não se constitui tarefa fácil; como se trata de uma área incipiente, apesar
das discussões metodológica e teórica ainda não há a consolidação de bases sólidas, dificuldade
acentuada em âmbito estadual.Deste modo optou-se por realizar inicialmente análises de nos
indicadores agregados de CT&I segmentados em indicadores de insumo e de resultado.

2.1 Indicadores de insumos e de resultados

Conforme assinalam Cavalcante e Aquino (2008, p. 316), os indicadores de insumo referem-


se aos recursos humanos, físicos e financeiros alocados nas atividades científicas e tecnológicas,
enquanto os indicadores de resultado procuram mensurar aquilo que se obteve a partir desses
insumos. Estes indicadores podem captar a esfera da formação de capital humano e social, geração
e difusão de conhecimento e inovação, elementos presentes na diretriz da política de CT&I da
Bahia, destacando-se os gastos em C&T e em P&D4

brasileiros em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ao patamar de 2% do Produto Interno Bruto. Disponível em


http://www.cgee.org.br/arquivos/livro_branco_cti.pdf
3
Devido a limitação de dados pode haver alguma informação com variação em anos.
4
P&D,segundo o MCT, compreendem todo o trabalho criativo efetuado sistematicamente para
ampliar a base de conhecimentos científicos e tecnológicos, e são classificadas em pesquisa
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Em virtude de dificuldades de aferição, os indicadores de resultados mais freqüentemente
empregados apoiam-se em medidas indiretas. Embora se trate de uma visão simplificada, assume-se
em geral que os indicadores bibliográficos refletem o desempenho científico, e as patentes, o
desempenho tecnológico. Em que pesem suas limitações, esses têm sido os indicadores mais
largamente empregados para subsidiar a análise dos resultados da aplicação de recursos em
P&D.(Cavalcante, 2009). Para corroborar com esta análise acrescenta-se também a Pesquisa de
Inovação Tecnológica – PINTEC, edições 2003,2005 e 2008.
A partir de dados do MTC observa-se que os gastos públicos com CT&I no Brasil entre
2005 a 2009 passaram de 13.597,40 para 26.900,00 bilhões enquanto em 2005 representava 0,63%
do PIB e 2009 atingem 0,84 do PIB. Esta trajetória crescente se repete em âmbito estadual, onde os
gastos com CT&I na Bahia passaram de R$ 205,1 para R$ 305,4 milhões, representando um
crescimento de 48,95% no mesmo período, conforme tabela 1. A decomposição destes gastos
proporciona um melhor análise, como se pode perceber no tabela 2, comparando com indicadores
nacionais, a Bahia altera o comportamento dos investimentos, apresentando uma trajetória crescente
em Atividades Científicas e Técnicas Correlatas - ACTC5 que passa de 51,6 milhões em 2005 para
204,1 em 2009, e decrescente em P &D: enquanto a trajetória nacional apresenta-se crescente em
ambos os casos.
Tabela 1.Dispêndio dos governos federais e estadual em ciência e tecnologia
C&T 2005-2009

Dispêndio em C &T em % de % de investimento em


de R$ correntes investimento relação ao PIB
Ano Bilhõe da Ba em Bilhõe
Milhões relação ao Milhões
s s
Bahia total no Brasil Bahia
Brasil Brasil
2005 13.597,40 205,1 1,51 0,63 0,23
2006 15.758,60 207 1,31 0,67 0,21

fundamental, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, ensino de pós-graduação, além de


treinamentos e bolsas de estudo.
5
Atividades Científica e Técnicas Correlatas ACTC - são aquelas que apoiam diretamente as atividades de P&D.
Contemplam a coleta e a disseminação de informações científicas e tecnológicas, a transferência de resultados de
laboratório para a produção industrial, as ações para controle de qualidade, a proteção da propriedade intelectual, a
promoção industrial, o licenciamento e a absorção de tecnologia e outros serviços assemelhados (MCT, 2010).

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2007 19.770,90 263 1,33 0,74 0,24
2008 23.112,50 292,8 1,27 0,76 0,24
2009 26.900,00 305,4 1,14 0,84 0,24

Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia.

Tabela 2.Dispêndios dos governos federal e estadual em pesquisa e desenvolvimento -P&D e


Atividades Cientificas Técnicas e Correlatas - ACTC, 2005-2009

Dispêndio em P Dispêndio em
% de
& D em milhões ACTC em milhões
investimento da % de
de R$ correntes de R$ correntes
Ba em relação investimento da
Milhõe
Bilhões ao total no Bilhões Milhões Ba em relação
Ano s Brasil ao PIB
Brasil Brasil Bahia
Bahia
2005 10.371,20 153,5 1,48 3.226,20 51,6 1,6
2006 11.911,10 148,5 1,25 3.847,50 58,5 1,52
2007 15.184,80 190 1,25 4.586,10 73 1,59
2008 17.680,70 110,6 0,63 5.431,70 182,2 3,35
2009 19.498,10 101,2 0,52 7.401,90 204,1 2,76
Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia.

Neste aspecto, é importante verificar o envolvimento do setor empresarial nas atividades de


inovação do Estado. Vale salientar que a composição dos gastos nacionais em P&D foi um
indicador largamente usado para aferir o envolvimento do setor produtivo com as atividades de
inovação até a década de 1990 (isto é, antes da disseminação dos surveys de inovação
(CAVALCANTE, 2009). Apesar da pequena série disponibilizada pela Pesquisa de Inovação
Tecnológica – PINTEC, os indicadores apontados por ela têm sido utilizados progressivamente para
elaboração de políticas públicas, assim será utilizada aqui para a observação do esforço em P&D
das empresas na Bahia.
Em 2005 a Bahia tinha 477 empresas inovadoras com investimentos de R$ 550.606,00
milhões, sendo que destas, 109 mantinham atividades internas de P&D. A edição de 2008 da
PINTEC mostra que o número total de empresas inovadoras evoluiu para 850 e os investimentos
para R$ 1.027.608,00, destaca-se que o número de empresas que mantém atividades internas de
P&D diminuiu para apenas 52, como no período a economia internacional atravessa uma crise

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financeira esta redução não se relaciona apenas com fatores locais, além disso, o volume de
investimento com esta atividade apresentou um crescimento de 96% no mesmo período apontando
assim para uma reestruturação empresarial.
Com relação aos gastos do governo com P&D, é interessante observar ainda seu
comportamento frente à receita do Estado. No tabela 4 nota-se trajetória decrescente no período
estudado o que pode representar um indício de desajuste com objetivos de uma Política de C,T&I
para o desenvolvimento.

Tabela 3. Distribuição percentual dos dispêndios dos governos estaduais em pesquisa e


desenvolvimento (P&D), em relação à receita total dos estados 2005 – 2009
Ano
2005 2006 2007 2008 2009
C&T 1,42 1,3 1,52 1,49 1,42
P&D 1,06 0,93 1,1 0,56 0,47
Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia.

Quanto à produção científica da Bahia apesar da pequena contribuição na pesquisa nacional,


cerca 4,8 %, os números têm apresentado avanços. Enquanto em 2006 havia apenas 976 grupos de
pesquisas em 2010 já existiam 1330, segundo Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPQ, censo
2010.
Outra informação relevante é o número de bolsas de estudos disponibilizadas pelo Estado:
em 2006 eram apenas 1.404, em 2009 atingem 1.886, o que representa um crescimento de 34%,
demonstrando que o interesse por produção de conhecimento tem ganhado força ao longo dos anos
no estado. Os investimentos corroboram esta análise: em 2006 foram gastos R$8.535,00 com
fomento a pesquisas, em 2009 este número vai para R$15.482,00. Contudo em comparação com
estados com São Paulo que gastou R$98.766,00 em 2009 estes números são ainda tímidos.
Ao verificar a informação de Investimentos realizados em bolsas e no fomento à pesquisa
segundo grande área do conhecimento, percebe-se que ciências exatas e da saúde concentram
maiores investimentos; as engenharias apresentam pequeno volume de investimentos, o que merece
atenção já que esta é uma área que tradicionalmente tem maior interação com processos industrias

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Enquanto 8% do total de investimentos foram destinados as engenharias, 33% foram destinados a
ciências exatas e da saúde em 20096
No que diz respeito à formação de recursos humanos, vale destacar os dispêndios com pós-
graduação, nota-se que tiveram um crescimento de 287% e aumentaram proporcionalmente em
relação ao gasto pelo país, este é um aspecto positivo já que a formação de recursos humanos é um
fator preponderante para geração e difusão da inovação. É o que se pode observar no tabela
seguinte.

Tabela 04. Dispêndios dos governos federal e estadual em pós


graduação 2005 - 2009
Dispêndio em pós
graduação em milhões % de investimento da
correntes Ba em relação ao total
do Brasil
Ano Brasil Bahia
2005 2.616,10 16,3 0,6
2006 3.319,50 25,4 0,8
2007 4.391,90 51,7 1,2
2008 5.033,10 51,2 1
2009 5.050,70 63,3 1,3
Fonte:Ministério de Ciência e Tecnologia.

Além disso, nota-se que a participação do investimento Baiano em relação ao total Nacional
apesar de um pequeno declínio entre 2007 e 2008 apresenta avanço significativo no período
estudado.Os resultados destes investimentos em formação de recursos humanos de alto nível
(mestres e doutores), podem ser verificados ao observa-se o expressivo aumento da produção
científica na Bahia no período estudado.
Os estudos acerca da relação entre produção científica e a geração de riqueza para uma
região ainda são incipientes. Não se pode, somente a partir dos elementares indicadores de
investimentos em pesquisa e números de bolsas atribuir o nível de desenvolvimento e

6
Os dados por grande área e área do conhecimento são classificados segundo a árvore do
conhecimento oficial adotada pelo CNPQ e outras agências de fomento. No entanto, nas
totalizações por grande área, há que se registrar duas exceções: as áreas de Ciência da
Computação e de Desenho Industrial,classificadas na tabela vigente, respectivamente, nas grandes
áreas de Ciências Exatas e da Terra e de Ciências Sociais Aplicadas, nestas estatísticas estão
contabilizadas na grande área das Engenharias.Nota metodológica CNPQ.Disponível em
http://www.cnpq.br/estatisticas/docs/pdf/notas_2010.pdf

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competitividade da indústria do Estado a sua pesquisa. No entanto, é recorrente que onde há
Universidades com maior concentração de pesquisa há também maior industrialização, esta relação
se repete em âmbito nacional, as regiões com indústrias mais competitivas são também as que
possuem maiores investimentos em pesquisa científica.

Tabela 5.Fomento à pesquisa: investimentos realizados segundo região -


2005-2010
Investimentos em R$ mil
correntes

Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010


Norte 11.634 22.100 34.355 35.689 26.120 36.777
Nordeste 41.722 39.854 104.160 83.700 76.331 144.158
Sudeste 128.304 116.930 224.481 186.213 204.763 273.544
Sul 37.952 29.974 78.857 71.571 71.062 101.936 Fonte:
C. Oeste 21.960 17.370 30.673 39.792 43.058 60.127 CNPQ/AEI,
2011

Percebe-se no tabela 5 que a região sudeste possui o volume de investimento quase igual a
soma das demais regiões. Esta região sempre se destacou por concentrar grande parte da atividade
econômica e financeira do país e, devido ao seu pioneirismo na criação de Instituições de apoio às
pesquisas de ciência e tecnologia7, passou a concentrar também grande parte dos recursos que são
destinados a C&T no Brasil.(CORDEIRO,2009, p.45) Além disso a maioria dos estados destina um
percentual fixo de suas receitas orçamentárias, percentual que varia entre 1 e 3%, dependendo da
Região, como o Sudeste conta com o maior PIB regional do país é provável que seus gastos em
C&T sejam bem superiores às demais regiões, o que conseqüentemente também viabiliza uma
organização e estruturação mais ampla e eficiente do seu Sistema de inovação.
No entanto nota-se que as regiões como o Nordeste e Sul apesar do declínio entre 2008 e
2009 apresentam um salto em termos de investimentos entre 2009 e 2010.Os investimentos das
regiões Norte e Centro –oeste são ainda mais tímidos, as políticas de C,T&I nestes estados são
ainda muito incipientes. Alguns Estados na região centro – oeste não contam nem mesmo com
todos os programas que normalmente são financiados pelo governo federal, como os de apoio a
grupos de pesquisa e a pós-graduação, dificultando também a criação de redes de pesquisas. Já a
região Norte possui apenas programas básicos de fomento.

7
Como exemplo pode-se citar o pioneirismo do Estado de São Paulo ao criar, já na década de 60,
uma Fundação de apoio a pesquisas em C&T, a FAPESP

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A consulta dos dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPQ, censo 2010, permitem
ainda identificar o número de grupos de pesquisas nos estados que se relacionam com empresas.
Enquanto a Bahia possui apenas 161 grupos de pesquisas que se relacionam com empresas, em
2010, representando 4,5% do total nacional, estados como São Paulo possuía 747, representando
21%. Apesar do CNPq não deixar claro o significado de cada tipo de relacionamento, ficando a
critério dos líderes de grupos a interpretação, nem a data de inicio e prazo dos projetos essa base
mostra um cenário sobre a situação atual do relacionamento entre Universidades e empresas no
Brasil, constituindo-se um importante instrumento de análise desta interação
Identificados alguns indicadores de insumo é interessante destacar indicadores de resultados
em geral; considera-se que os indicadores bibliográficos refletem o desempenho científico e as
patentes, o desempenho tecnológico. Neste sentido ao verificar-se o número de publicações
indexadas e o número de pedidos de patentes (tabela seguinte) nota-se que o desempenho
tecnológico e o desempenho cientifico baiano apresentam um comportamento semelhante ao
desempenho nacional, um descompasso entre o número de pedidos de patentes e o número de
publicações.Além disso o desempenho tecnológico baiano, apesar de ter apresentado um
crescimento significativo entre 2005 a 2009 ainda tem se mostrado inexpressível com relação ao
crescimento total do Brasil.
Tabela 06. Número de publicações indexadas e número de pedidos de patentes
2005-2009

Número de % da Ba em Nº de pedidos
Ano publicações relação ao total de patentes % da Ba em relação
Brasil Bahia no Brasil Brasil Bahia ao total no Brasil
2005 17.714 618 3,49 9.460 15 0,2
2006 19.294 659 3,42 9.105 57 0,6
2007 19.510 868 4,45 9.056 81 0,9
2008 30.422 973 3,2 10.074 104 1
2009 32.100 988 3,08 9.689 103 1,1
Fonte: Muniz,2011.p.08.
Com relação à participação da Bahia no número de publicações nacionais, nota-se uma
queda no período estudado apesar dos investimentos em pós graduação ter aumentado como
verificado o tabela 04. No entanto destaca-se como fator positivo o crescimento na participação no
número de pedidos de patentes.

3 CONCLUSÃO
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Após a realização dos estudos que nota-se os gastos baianos com C,T&I avançaram em 49%
no período estudado, no entanto com relação ao PIB este avanço mostra-se pouco significativo de
0,23% para 0,24% apenas.Além disso, há uma descontinuidade no rítmo investimento ao observa-se
a relação percentual de dispêndios em C,T&I com a receita do estado que passa de 1,52 em 2007
para 1,42 em 2009.
Na decomposição destes gastos em P&D e ATCD percebe-se que a Bahia tem apresentado
uma trajetória crescente nos gastos com ATCD, o que não se repete com os gastos em P&D,
resultando num fator preocupante, visto que as atividades relacionadas ao acúmulo de
conhecimento, e logo, a inovações radicais estão relacionadas a P&D, enquanto as ATCD
relacionam atividades aperfeiçoamento por meio de inovações incrementais. Além disso, a
trajetória baiana tem ficado aquém do desempenho nacional.
No setor produtivo, os dados revelam maior proximidade das empresas à inovação.
Comparando a edição da PINTEC de 2005 com 2008, nota-se que os investimentos destinados as
atividades internas de P&D apresentaram um crescimento de 96%, no entanto, ocorreu um
decréscimo no número de empresas que realizam estas atividades. Considera-se que este é um fator
negativo, já que o aprendizado local e a difusão colaboram muito com o processo de inovação.
No que tange à produção científica, a Bahia possui uma contribuição ainda pequena na
pesquisa nacional. Os investimentos destinados a áreas do conhecimento como Engenharias, que
possuem grande potencial de inovação e interação com o mercado ainda são tímidos, representando
apenas 8% do total de investimentos. O número de grupos de pesquisadores que se relacionam com
empresas também revelam que há um longo caminho a seguir no que diz respeito a interação
universidades x empresas.
Além disso, nota-se um descompasso entre o desempenho científico e o desempenho
tecnológico, com distanciamento do número de publicações e número de patentes. Soma-se a isso o
fato de que a Bahia contribui com apenas 3,08% das publicações nacionais e 1,1 % das patentes.
Portanto, admitindo que as políticas de C,T&I contribuem para o desenvolvimento
econômico é que o formuladores baianos corroboram esta percepção, conclui-se que o estado da
Bahia tem empreendido esforços para implementar uma política de C,T&I seja através de
investimento em recursos humanos, seja através de fomento, no entanto seus resultados são ainda
tímidos.
É necessário, portanto, empreender esforços em promover maior articulação entre os
diversos atores do sistema de inovação, contribuir para aprendizado local, intensificar os
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instrumentos que permitam superar o descompasso entre produção científica e tecnologia, e
estabelecer critérios e métodos que contribuam para a análise de sua política, principalmente no
que diz respeito a interface com a esfera econômica. Assim, seriam estabelecidos os instrumentos
de identificação que promovem maior desenvolvimento científico e tecnológico e melhorias no
bem-estar da sociedade.

Referências
ARRAES, Ronaldo de Albuquerque & TELES, Vladimir Kühl. Inovação Endógena e
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