Cognitivismo e

Psicanálise no
desenvolvimento
humano
 Casagrande , Caroline Boeing
SST Cognitivismo e Psicanálise no desenvolvimento humano
/ Caroline Boeing Casagrande
nº de p. : 10

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 Cognitivismo e Psicanálise no
desenvolvimento humano

Apresentação
As teorias enxergam e conduzem os processos de ensino-aprendizagem a partir
de uma abordagem da Psicologia do Desenvolvimento, o movimento dos alunos de
aprender a aprender e dos professores de aprender a ensinar.

Nesta unidade, refletiremos sobre a aprendizagem em quatro linhas do pensamento:

compreensão de como ela se dá pela visão de Piaget; seu detalhamento segundo
a Psicanálise; verificação da maneira como ela ocorre pelos olhos da teoria
behaviorista; conhecimento da Gestalt e compreensão de como ela enxerga a
aprendizagem.

Aprendendo a aprender, aprendendo

a ensinar
Os educadores se deparam com dúvidas referentes aos sucessos e fracassos
escolares. De maneira genérica, seria impossível apontar o responsável pelo
fracasso escolar. O que sabemos é que existem vários personagens presentes na
educação e todos eles possuem suas responsabilidades no processo de ensinar
e aprender. Muitas vezes, responsabiliza-se o aluno pelo fracasso escolar, o qual
recebe rótulos de hiperativo, com déficit de atenção ou algum comprometimento
psíquico que o impede de progredir nos estudos, O fracasso ou sucesso escolar é
responsabilidade ou mérito de vários personagens e diversas instâncias. Para que
ocorra verdadeiramente o aprendizado, é preciso que o aluno aprenda a aprender e
o professor aprenda a ensinar. Como explicitam Piletti e Rossato (2013, p. 10), “[...]
a aprendizagem não decorre automaticamente do ensino”. Os autores apresentam
alguns fatores que podem levar ao fracasso escolar:

• Contexto sócio-histórico-cultural dos alunos, das famílias e dos professores;

• processos de ensino que não se relacionam verdadeiramente com o apren-
dizado;
• planejamento das atividades sem considerar a realidade do aluno e como se
dá o processo de aprender.

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Dessa forma, para que ocorra um ensinar substancial e o aprender significativo,
é preciso que os professores procurem conhecer o contexto escolar em que a
instituição está inserida e quais são os alunos presentes em sua sala de aula. Além
disso, os educadores necessitam compreender como se dá a dinâmica do aprender
e quais as melhores maneiras para auxiliar a aprendizagem dos estudantes.

É importante ponderar, também, que cada indivíduo aprende de maneira distinta,

e no seu ritmo específicos, os quais precisam ser conhecidos pelos professores.
Assim, os docentes conseguirão conduzir um ensinar mais próximo a cada um da
turma. A proposta não é individualizar o ensino, afinal isto seria impossível, mas,
sim, olhar com atenção para cada um que está ali e procurar conduzir um ensinar
de qualidade para todos, mesmo que cada um trilhe um caminho próprio e diferente.

Saiba mais
Entenda mais sobre o fracasso escolar, assistindo ao vídeo
Fracasso Escolar (Trabalho: Psicologia da Educação II), por meio do
link: https://www.youtube.com/watch?v=bU012zMhAz4.

Para que um aluno aprenda significativamente, é preciso que ele interaja com
colegas, discorde, reflita, compartilhe suas ideias e experiencie novas situações.
Aos poucos, o desenvolvimento cognitivo irá acontecer e o aprendizado se
sedimentará. O professor também possui uma imensa responsabilidade e
importância neste processo. É dele a tarefa de proporcionar aos alunos momentos
de atividades em grupo, de oposição de ideias, de contato com novas situações e
experiências.

Aprendizagem segundo Piaget e a

Psicanálise
Segundo Piaget, todos os indivíduos são direcionados à organização e possuem a
tendência de organizar seus sistemas e à adaptação, têm uma tendência natural e
biológica de se adaptar ao ambiente. Esse direcionamento para adaptar só ocorre

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de forma equilibrada se o indivíduo apresentar o comportamento de acomodação
do indivíduo, em contato com o ambiente, se transforma para poder lidar com o
meio, a assimilação é o objeto modificado e passa a fazer parte do indivíduo.

Esses dois conceitos são muito importantes para a aprendizagem, pois, para que
ela ocorra, é preciso que haja a acomodação, quando se aprende um novo conceito
ou habilidade e a assimilação é quando o indivíduo já aprendeu determinada
questão ou informação e consegue utilizar esse aprendizado em outras situações
semelhantes.

Conforme Piletti e Rossato (2013, p. 79), Piaget entende o desenvolvimento da

aprendizagem como “um ensino centrado no aluno”: o indivíduo aprende a partir
do momento em que é colocado em relação com o conhecimento e experiencia,
individualmente, o contato com esse objeto de estudo.

Como cada ser humano aprende de maneira distinta, é preciso que o conhecimento
seja transformado e adaptado para as necessidades daquele aluno específico.
O modelo tradicional de ensino, no qual o aluno escuta e o professor repassa o
conteúdo, não é a maneira que Piaget acredita ser a melhor para ensinar e aprender.

A sala de aula deixa de ser um espaço puro e simples de coleta ou absorção

de informações e passa a ser um ambiente para experimentar relações,
conhecimentos, habilidades etc. A partir do momento em que são possibilitadas
ao aluno essas novas experiências, nas quais ele pode manusear objetos, perceber
novas realidades e informações e se aproximar de conhecimentos específicos,
atinge-se a aprendizagem verdadeira e capaz de operar mudanças no indivíduo.

Atenção
Para saber mais sobre o construtivismo de Piaget, assista ao
vídeo Piaget (1): Interpretativismo e Construtivismo. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=j_0BOJO4YEM.

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Para refletirmos sobre a aprendizagem da Psicanálise, é importante relembrarmos
os estágios de desenvolvimento sexual, segundo Freud, os quais influenciam no
desenvolvimento do ser humano como um todo. Confira a seguir.

Estágio oral:

o bebê se relaciona com o mundo a partir da zona oral (boca).

Estágio anal:

a criança inicia um processo de controle do esfíncter anal (músculos do ânus,

orifício localizado na extremidade do intestino grosso).

Estágio fálico:

relacionado com os órgãos genitais, é a fase em que ocorre o Complexo de

Édipo.

Estágio de latência:

momento em que o foco se encontra nos processos intelectuais.

Estágio genital:

período de explosões hormonais; o adolescente passa a desejar um

relacionamento com outra pessoa.

Com a Psicanálise, compreende-se o processo de ensino e aprendizagem. Piletti

e Rossato (2013) explicam que, para ela, ensinar e aprender não são instâncias
exclusivamente cognitivas. Nessa teoria, consideram-se outros elementos que
influenciam a aquisição ou não do conhecimento. É necessário que os professores
compreendam o papel que ocupam, cognitiva e emocionalmente, além de se
aproximarem das necessidades apresentadas pelos alunos, procurando conduzir
seu planejamento pedagógico a partir do que for observado. Veja a seguir.

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Relação professor–aluno:

os processos cognitivos são influenciados pela relação professor-aluno,

aluno-professor. Assim, é imprescindível que o educador reflita sobre o fato
de que, o aluno pode, transferir os sentimentos do Complexo de Édipo do pai
para um determinado professor. A partir do momento em que o educador já
tem consciência da importância da relação recíproca com seus alunos, deve
assumir sua autoridade e tomar cuidado para não alimentar o Complexo de
Édipo.

Afetividade:

presente em todo o processo de ensino e aprendizagem, a afetividade

representa tudo aquilo que o aluno e o professor depositam emocionalmente
um sobre o outro. Caso isso ocorra, é uma “mediação inadequada”. Por
exemplo: em uma relação de extrema afetividade, o aluno pode concluir que o
professor não pode reprová-lo ou, em uma relação de afastamento/repulsa, o
professor pode confundir seu papel e avaliar com mais rigor aquele aluno.

Processos inconscientes:

os processos inconscientes podem criar barreiras ao aprendizado ou,

ao contrário, estimular e facilitar determinadas aquisições e, por isso,
necessitam sempre ser considerados (PILETTI; ROSSATO, 2013).

Refletindo:

É possível observar a influência dos processos inconscientes na aquisição

de conhecimento quando os alunos direcionam sentimentos da relação
com seus pais, por exemplo, para o educador ou quando o próprio professor
transfere sentimentos relacionados a uma determinada pessoa para um
aluno que apresente o mesmo perfil.

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A necessidade de conhecer o processo de funcionamento dos alunos é
importante que o educador entenda seu papel, indo além de mero transmissor de
conhecimento. O professor deve conhecer como funciona sua turma, incluindo-
se no processo e conduzindo seus alunos para um equilíbrio na construção do
ego rumo a uma aprendizagem significativa. A importância do que o educador
representa e sente, o professor precisa entrar em contato com o que sente e,
além disto, detectar o que representa para os alunos. Isto pode ser atingido pela
observação do consciente e do inconsciente. As porções de amor e autoridade é
necessário conquistar um equilíbrio em relação às porções de amor direcionadas
aos alunos juntamente com a autoridade que cabe ao professor no exercício do
papel de educador. A questão da severidade na educação, segundo Piletti e Rossato
(2013), é uma crítica de Freud à educação. Ele aponta que a severidade produz
indivíduos neuróticos. O estaque a crítica à severidade foi realizada há pouco mais
de um século, época em que o rigor e a severidade eram diferentes do que ocorre
na atualidade. No entanto, a crítica continua tendo validade, pois temos hoje outros
tipos de severidade, como o abandono parental e o bullying.

Aprendizagem por identificação visa um aprendizado eficaz, é importante que o

professor conheça o que significa aprendizagem por imitação. Piletti e Rossato
(2013) pontuam essa expressão como uma das principais contribuições da
Psicanálise para a área da Educação, isto porque a autoimagem dos seres
humanos se dá, por pessoas que são importantes. É primordial que os educadores
compreendam como isso ocorre, assim podem produzir um espaço educacional
agradável, que proporcione empatia e que leve a um ensinar e a um aprender
significativo, consistente e consciente.

Aprendizagem segundo a teoria

behaviorista e Gestalt
Para abordar a aprendizagem segundo a teoria behaviorista, ou behaviorismo,
a teoria trabalha com a ideia de estímulo e resposta, e o primeiro conceito
conduz automaticamente para o segundo. O condicionamento é categorizado
em condicionamento clássico, estímulos e respostas naturais do corpo o
condicionamento operante, no qual o estímulo é um reforço (positivo ou negativo)
que gera uma dada resposta.

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O behaviorismo considera a escola como um espaço que utiliza o condicionamento
operante, reforçando seus alunos, principalmente de maneira positiva, para que
eles apresentem comportamentos condizentes com o que se espera e alcancem o
objetivo final.

Atenção
De acordo com Piletti e Rossato (2013), a teoria behaviorista busca,
pela prática educativa, preparar os alunos para situações futuras,
para além do ambiente escolar, para que crianças e adolescentes
possam seguir rumo ao mundo dos adultos de forma competente.

Conforme essa teoria, os elementos emocionais não apresentam grande relevância

na explicação do sucesso ou fracasso escolar, porque estabelece que os alunos
aprendem a partir de reforços de comportamentos.

Para a Gestalt, a percepção orienta as ações, os sentimentos e os comportamentos

são automáticos ao relacionamos de sentidos, afinal, eles são o fio condutor que
nos leva a perceber o mundo que está em volta. Porém, a Gestalt vai além dos
sentidos. A percepção, para essa teoria, deve ser compreendida a partir de nossas
experiências perceptivas, as quais organizam internamente o que foi percebido
externamente.

Saiba mais
Para mais informações sobre Gestalt, leia o artigo A teoria da
Gestalt, acessando o link: https://www.ufrgs.br/psicoeduc/
chasqueweb/gestalt/gestalt-poligrafo.pdf.

A maneira como os elementos se relacionam determinará a identidade do que

está sendo percebido. As partes não são desconsideradas individualmente, seu
sentido ocorre a partir do momento que as analisamos de maneira relacionada.
Se pensarmos na análise de um determinado indivíduo, o todo dirá quem ele é, a
maneira como costumeiramente age, como percebe as coisas e a forma através da
qual expressa seus sentimentos.

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Fechamento
Aprendemos que o fracasso ou o sucesso escolar dependem de vários personagens
e circunstâncias, tais como o professor, eventuais transtornos físicos ou
psicológicos do aluno, contexto sócio-histórico-cultural etc. De acordo com
Piaget, o ensino-aprendizagem ocorre em um processo de desequilíbrio, com a
busca de reequilíbrio e a reconstrução de novos esquemas. Para a Psicanálise,
a aprendizagem não ocorre apenas cognitivamente: ela depende de aspectos
emocionais.

Para o behaviorismo, o aprendizado ocorre com o uso de condicionantes,

sejam positivos, sejam negativos, mas na escola tais reforços deveriam ser,
preferencialmente, positivos (embora na prática não seja o que aconteça). Por fim,
vimos que, para a Gestalt, o aprendizado está relacionado com a percepção que o
aluno forma dos conhecimentos e das experiências que lhe são apresentados.

Referência
PILETTI, N.; ROSSATO, S. M. Psicologia da aprendizagem: da teoria de
condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2013.

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