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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

SHEYLLA RAQUEL DINIZ CAVALCANTE AGUIAR

TIPOS DE ABORTO

TERESINA

2022

SHEYLLA RAQUEL DINIZ CAVALCANTE AGUIAR


TIPOS DE ABORTO
Trabalho apresentado à disciplina de Tecnologia de Informação e Comunicação
como requisito parcial para obtenção de nota em Sistemas Orgânicos Integrados.
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Macêdo Magalhães

TERESINA

2022

1. Quais os tipos de aborto?

Abortamento é a interrupção da gestação antes de 20 semanas ou quando o feto pesa menos do que 500g.

Classificação dos tipos de abortamento

 Precoce ou tardio: de acordo com a idade gestacional, ou seja, até a 12ª semana e entre a 13ª e a 20ª semana, respectivamente.

 Espontâneo ou provocado: é aquele que ocorre sem nenhuma intervenção externa e pode ser causado por doenças da mãe ou por anormalidades do

embrião ou feto (o abortamento espontâneo é a complicação mais frequente da gravidez e a grande maioria ocorre no primeiro trimestre). São fatores de risco para

o aborto espontâneo: idade materna (principalmente depois de 35 anos), número de abortamento anteriores, anormalidades cromossômicas etc. Já o abortamento

provocado refere-se à interrupção da gravidez causada por intervenção externa e intencional.

 Seguro e inseguro: seguro é aquele realizado por médico bem treinado, com os meios necessários e em ambiente adequado, o que implica risco

extremamente baixo para mulher. O aborto inseguro é procedimento de risco para interromper uma gravidez indesejada, realizado por pessoas que não têm as

habilidades necessárias ou em ambiente que não tem os padrões médicos mínimos, ou ambos.

Formas clínicas e condutas:

 Abortamento evitável ou ameaça de abortamento: abortamento em que há chances de reversão do quadro, isto é, existem perspectivas no que diz

respeito à evolução da gravidez. Cada mulher deve ser cuidadosamente examinada para que os diagnósticos diferenciais possam ser descartados, tais como: aborto

inevitável e gravidez ectópica. Deve-se utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea e retornar em caso de aumento do

sangramento.

 Abortamento inevitável: aquele que não é mais compatível com o prosseguimento da gestação. Traduz-se clinicamente pela dilatação da cérvice,

que se deixa permear pelo dedo, que detecta, na maioria das vezes, as membranas ovulares ou o próprio embrião. Outra característica do abortamento inevitável é

o sangramento profuso que compromete a hemodinâmica da paciente, mesmo com cérvice impermeável ao dedo. Há proporcionalidade entre as dimensões do

útero e a idade gestacional estimada pela data da última menstruação DUM (FERNANDES, 2019).
Nas gestações com mais de 12 semanas, pelo tamanho uterino, a conduta consiste no uso do misoprostol para promover o esvaziamento uterino e em

seguida, na maioria das vezes, complementa-se com curetagem uterina. Abaixo de 12 semanas, indica-se o esvaziamento uterino mecânico por meio da vácuo-

aspiração ou aspiração manual intrauterina (AMIU). Quando não for possível, faz-se a curetagem uterina. Como medidas complementares, administram-se solutos

fisiológicos ou glicosados ou, ainda, sangue, caso a dinâmica circulatória esteja comprometida (FERNANDES, 2019).

 Abortamento completo: quando se tem uma gravidez prévia acompanhada de sangramento vaginal intenso e cólicas, com eliminação do ovo (pode

ser observado pela paciente), seguido de diminuição desse sangramento e diminuição das cólicas.

Diz-se do abortamento em que há eliminação integral do ovo. É uma forma clínica que segue a anterior, que não experimenta intervenção. A

sintomatologia é representada pela diminuição ou mesmo parada do sangramento e das cólicas após a expulsão de ovo íntegro. Se não se presencia o fenômeno e o

diagnóstico é apenas por meio da anamnese, é de bom alvitre realizar ecografia pélvica, que ratificará ou não o diagnóstico (FERNANDES, 2019).

Ao exame ultrassonográfico, não há evidência de conteúdo intrauterino. Entretanto, em alguns casos, pode haver a presença de conteúdo ecoico e/ou

líquido, o que dificulta o diagnóstico diferencial entre sangue, coágulos, decídua ou restos ovulares. Nesses casos, é importante o acompanhamento clínico e

ultrassonográfico dessas pacientes. Considera-se abortamento completo quando o eco endometrial é linear e com espessura de até 15 mm (ZUGAIB, 2020).

 Abortamento incompleto: pacientes com queixa de sangramento vaginal, na maioria dos casos com colo uterino pérvio e imagem ultrassonográfica

de conteúdo intrauterino de aspecto amorfo e heterogêneo, com presença ou não de líquido e com espessura acima de 15 mm (Figura 46). Nas gestações mais

avançadas, podem-se identificar estruturas fetais (ZUGAIB, 2020).

Nesse caso, o concepto sai e permanece a placenta ou restos placentários, o ovo não é eliminado totalmente. A sintomatologia é evidenciada por meio

do sangramento, que é o sintoma maior; o útero se reduz em proporções e fica menor que o esperado para a idade gestacional e as dores assumem as

características de cólicas no intento de expulsar o conteúdo refratário. A cérvice é dilatada, e o comprometimento do estado geral da paciente está na dependência

do grau da hemorragia. É bem mais frequente após a oitava semana gestacional (FERNANDES, 2019).

Geralmente é realizado o abortamento farmacológico ou mecânico por vácuo-aspiração ou curagem. Assim como no abortamento inevitável, no

abortamento incompleto com menos de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a AMIU e, quando não for possível, realiza-se a curetagem uterina. Nos casos

com volume uterino maior de 12 semanas, a curetagem uterina deve ser utilizada após a eliminação do feto (FERNANDES, 2019).

 Abortamento retido: quando o embrião sem vida fica retido no útero, às vezes sem manifestações clínicas. O diagnóstico de certeza se dá com a

visualização do feto por ultrassom com comprimento cabeça-nádegas superior a 5 mm e sem batimentos cardíacos. De acordo com Zugaib (2020), uma simples

observação de frequência cardíaca baixa não indica necessariamente mau prognóstico; todavia, um contínuo declínio da atividade cardíaca embrionária está

associado a óbito do embrião.


O tratamento expectante é justificado baseando-se no fato de que, nas três semanas que se seguem ao decesso do ovo, a grande maioria redunda em

trabalho de abortamento com expulsão do produto da concepção. No Entanto, a intervenção, com o uso de misoprostol ou curetagem uterina ou vácuo-aspiração, é

o procedimento mais adotado. Cabe ressaltar que nos casos de intervenção imediata os índices de uma segunda curetagem aumentam. Precedendo qualquer

método terapêutico, o coagulograma se impõe quando a retenção é maior que quatro semanas (FERNANDES, 2019).

Portanto, para o abortamento retido em gestação no primeiro trimestre (precoce), poderemos aguardar naturalmente o início do trabalho de

abortamento com controle clínico ou proceder ao esvaziamento uterino mecânica (AMIU ou curetagem) ou farmacologicamente (misoprostol). No entanto,

quando o abortamento retido é tardio (segundo trimestre ou maior que 12 semanas), a melhor conduta é a promoção da expulsão do feto com uso de misoprostol,

para em seguida completar o esvaziamento uterino, quase invariavelmente, por meio da curetagem uterina (FERNANDES, 2019).

 Aborto infectado: geralmente é causado pela tentativa de esvaziar o útero através de meios inadequados e inseguros (introdução de sondas, agulhas,

laminárias e soluções variadas).

O sangramento, em geral, não é profuso. Costuma se manifestar por sangue aguado, escuro, tipo “lavado de carne”, costumeiramente com odor

fétido. Nas formas iniciais, em que apenas o endométrio e o miométrio estão comprometidos pelo processo infeccioso, além dos sintomas de abortamento

incompleto, detectam-se aqueles outros que traduzem a infecção, principalmente a febre em torno de 38 ºC, dor média tipo cólicas intermitentes e bom estado

geral, sendo o exame físico possível, com dor moderada à mobilização do colo uterino e à palpação abdominal (FERNANDES, 2019).

Se o processo progrediu para estágios mais avançados, injuriando o peritônio pélvico, a sintomatologia passa a ser mais enriquecida e, além da

temperatura mais elevada (39 ºC), a dor é mais intensa e o estado geral é comprometido com taquicardia, algum grau de desidratação com pele e mucosas

descoradas. É difícil a palpação uterina devido à contratura dos retos abdominais resultante da dor e/ou reação peritoneal. No toque vaginal combinado, constata-

se o colo uterino aberto, muitas vezes com saída de conteúdo purulento, no entanto a sua realização é bastante dolorosa devido a reação peritoneal, praticamente

impossibilitando a mobilização do útero (FERNANDES, 2019).

Se a sepse se instala, a gravidade aumenta e o estado geral é fortemente deteriorado, com sinais tóxicos evidentes, altas temperaturas refratárias à

medicação, calafrios, cianose, desidratação, hipotensão, taquicardia, pulso filiforme com distensão abdominal e vômitos. Com frequência, o próprio decesso

materno é o epílogo desses casos, apesar de toda a terapêutica supostamente efetiva. Na sequência, o quadro pode evoluir para insuficiência renal aguda e

formação de abcesso intraperitoneal (Rana, 2004). O diagnóstico é fácil, embasando-se no quadro clínico já referido, ajudado pelo leucograma infeccioso e pela

ecografia pélvica, ao evidenciar as coleções purulentas, porventura, acumuladas no fundo de saco de Douglas, ou mesmo no restante do abdome (FERNANDES,

2019).

O tratamento resume-se em administrar o antibiótico adequado e remover o foco infeccioso. Nas formas iniciais, opta-se pela clindamicina associada

à gentamicina ou amicacina. Nos casos mais graves, associa-se a penicilina G ou a ampicilina. Ainda como parte do tratamento clínico, deve-se equilibrar o estado

geral da paciente com a administração de solutos e até mesmo sangue, se necessário. O tratamento definitivo, que é o cirúrgico após as providências já sugeridas, é

representado pela curetagem uterina com remoção do foco infeccioso, quase sempre traduzido nos restos placentários infectados. Se as medidas mobilizadas não

resultarem em melhora do quadro clínico ou quando houver suspeita de perfuração uterina, lesão de alça e abscesso pélvico, procedimentos mais radicais são

exigidos, impondo-se laparotomia seguida de extirpação do foco, inclusive histerectomia, se for o caso (FERNANDES, 2019).

 Abortamento habitual e abortamento previsto em lei: são previstos em lei e permitidos aborto nos casos em que a gestação oferece risco à vida da

mulher, quando a gravidez resulta de estupro ou outra forma de violência sexual ou em casos de anencefalia (incompatível com a vida extrauterina).
O aborto legal não depende de autorização judicial nem de boletim de ocorrência policial, as mulheres que optem por realizar o aborto são atendidas

por uma equipe multidisciplinar e a depender do caso de aborto legal em que ela se encaixa é necessário o preenchimento de documentos como Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, Termo de Responsabilidade, Termo de Relato Circunstanciado, Laudo Médico, Parecer Técnico, em alguns casos uma junta

profissional do Hospital em que a gestante deseja realizar o procedimento avalia a documentação para dar prosseguimento (Termo de Aprovação de Procedimento

de Interrupção de Gravidez).

O Hospital e profissionais de saúde devem seguir o que é determinado pelo artigo 196 da Constituição Federal, Acórdão do Supremo Tribunal

Federal do dia 30 de abril de 2012, Portaria do Ministérios da Saúde nº 1508 de 1º de setembro de 2005 e Norma Técnica de Atenção Humanizada ao

Abortamento. Vale ressaltar que o aborto praticado pelo médico é impune, assegurado pelo artigo 128 do Código Penal.

Conforme Zugaib (2020) a gestação anembrionada pode ser causa de aborto, pois em alguns casos, o desenvolvimento do embrião não chega sequer a

ocorrer, ou acontece a sua reabsorção antes da própria detecção ultrassonográfica. Nesses casos, embora existam critérios ultrassonográficos para determinar a não

viabilidade da gestação, isso raramente é possível com a realização de um único exame de ultrassonografia.

Portanto, caso não apresentem os critérios maiores descritos a seguir, é mais prudente repetir a avaliação ultrassonográfica após o intervalo de 7 a 10

dias, para o diagnóstico de certeza da gestação anembrionada. Os critérios considerados maiores para esse diagnóstico são ausência da vesícula vitelínica com

saco gestacional medindo 20 mm de diâmetro (via transabdominal) ou 8 mm (via transvaginal) e ausência de embrião com diâmetro médio do saco gestacional

maior do que 25 mm (via transabdominal) ou 16 mm (via transvaginal). Entre os critérios menores estão irregularidade do contorno do saco gestacional, reação

decidual pouco ecoica, espessura da reação decidual menor do que 2 mm e ausência do sinal do duplo halo. Seriam necessários três critérios menores ou um maior

para o diagnóstico de abortamento, com uma possível margem de erro de até 2 mm para as medidas estabelecidas (ZUGAIB, 2020).

2. Relação prático-teórico

Essa semana assistimos uma palestra sobre o tema da atividade da semana, foram abordados os tipos de aborto e a repercussões legais do aborto para

o profissional que realiza o procedimento, no caso do aborto legal foram mostrados documentos que trazem segurança jurídica ao médico para realizar o aborto,

sem consequências, além disso foi reforçado a importância do tempo ideal para realizar o aborto. A atividade de TIC’s da semana reforçou o conhecimento obtido

na palestra além de proporcionar o aprofundamento no assunto.

REFERÊNCIAS:

FERNANDES, Cesar E. Febrasgo - Tratado de Obstetrícia. Rio de Janeiro – RJ: Elsevier, 2019. E-book. ISBN 9788595154858. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595154858/. Acesso em: 06 nov. 2022.

ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli V. Zugaib obstetrícia 4a ed. Barueri - SP: Editora Manole, 2020. E-book. ISBN 9788520458105. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520458105/. Acesso em: 06 nov. 2022.

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