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PASSO I

Processo de Aprendizagem com Adultos


O adulto e o idoso: a construção de
conhecimentos na contemporaneidade
Processo de Aprendizagem com adultos

O ADULTO E O IDOSO: A CONSTRUÇÃO DE


CONHECIMENTOS NA CONTEMPORANEIDADE

Objetivos
Refletir sobre o perfil do adulto e do idoso do século XXI e a
construção de conhecimentos na contemporaneidade;
Compreender as possíveis dificuldades de aprendizagem relacio-
nadas às demandas contemporâneas;
Identificar o papel do psicopedagogo e suas contribuições como
mediador, nos diferentes contextos de aprendizagem e em diferentes
fases da vida adulta.

AQUECIMENTO

Adultos e Idosos: Desafios do século XX

De acordo com a Organização Pan Americana da Saúde, sede Brasil


(2018), o ritmo de envelhecimento da população é muito mais rápi-
do do que no passado. Entre os anos 2015 e 2050, a proporção da
população mundial com mais de 60 anos passará de 12% para 22%.
Logo, o número de pessoas com mais de 60 anos será superior ao de
crianças com menos de 5 anos. Um dos dados mais preocupantes é
que em 2050, 80% das pessoas idosas viverão em países de baixa e
média renda. Considerando que as pessoas idosas necessitam de maior

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Processo de Aprendizagem com adultos

cuidado de saúde, portanto têm mais gastos nesta área e, nem sempre
estão cobertas por um Sistema Previdenciário adequado, pensar sobre
o envelhecimento é uma tarefa de todas as áreas do conhecimento.

CAMINHADA

Caminhando pelo século XXI

Refletir sobre as significações da Por esse motivo, qualquer ação


velhice na nossa sociedade não é de mediação, no nosso contexto
uma tarefa simples, já que as con- de mediação psicopedagógica,
cepções nunca se constituem de necessita compreender a comple-
forma neutra ou aleatória. O de- xidade da vida humana em sua
senvolvimento humano também condição material e simbólica.
é atravessado pelas demandas
do seu tempo histórico e social.
Por esse motivo, não podemos
pensar em uma única velhice.

O tempo da velhice se materiali-


za em um sujeito que tem nome,
endereço, relações socioafetivas,
classe social entre outros aspectos.

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Processo de Aprendizagem com adultos

A partir da dialética subjetividade-objetividade pode-se falar em dimen-


são subjetiva da realidade, na medida em que se entende que a subjeti-
vidade é individual, mas constituída socialmente, a partir de um proces-
so objetivo, com conteúdo histórico. (BOCK; GONÇALVES; 2009).

Sendo assim, faz-se necessário considerar:

Quem são essas pessoas que nasceram no século XX


e estão adentrando o terceiro milênio?

Como construíram sua visão de mundo, sua relação


com a aprendizagem, o conhecimento, suas formas
de expressão?

Em qual lugar vivem e como vivem?

Quais são as experiências materiais e simbólicas que


constituem suas realidades?

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Processo de Aprendizagem com adultos

Pensar a experiência da vida e do preender esta modificação a partir


desenvolvimento humano desde o do conceito de “modernidade líqui-
final do século XX e, principalmen- da”, uma lógica de organização em
te no século XXI, requer conside- que variadas relações passaram
rar uma mudança importante no de uma concepção sólida para um
modo como as relações se consti- excesso de fluidez. Podemos ilustrar
tuem em diferentes esferas. Assim, essa mudança de paradigma pen-
os desafios tecnológicos e de co- sando nas relações de trabalho, na
municação fazem parte de uma concepção do tempo produtivo e
faceta desta experiência, pois as do ócio, na aposentadoria, nos de-
relações sociais, econômicas e, até sejos que são construídos por uma
as pessoais sofreram modificações. economia de mercado, voltada ao
Bauman (2001) nos ajuda a com- consumo, entre outros.

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Processo de Aprendizagem com adultos

Desta forma, é nesta realidade sócio-histórica, que precisaremos pen-


sar a mediação com o sujeito adulto ou idoso. As necessidades for-
mativas e adaptativas são muito intensas, se comparadas às experi-
ências egressas, sobretudo nas relações de trabalho e comunicação.

A maior parte dos adultos e dos idosos que estão vivendo


o século XXI, tendo que lidar com novas tecnologias da
informação e da comunicação, geralmente são pessoas
que tiveram um processo escolar em sua infância e/ou
adolescência bastante passivo. Isso, sem falar dos que fo-
ram privados da escolarização por uma entrada precoce
no mundo do trabalho ou por serem pessoas com algum
tipo de deficiência, dificuldades, ou seja, aqueles que não
tiveram acesso a uma educação de boa qualidade.

Considerando o aspecto do uso da tecnologia e da comunicação em


massa, principalmente a partir de uma lógica de horizontalidade e
não mais de verticalidade, como nos apontou Bauman (Id), caracte-
riza-se um enorme desafio construir novas experiências a partir dessa
premissa. Os recursos tecnológicos passaram a tratar a informação
quase que de modo instantâneo, contrariando a gestação do tempo
que foi um pilar da modernidade sólida.

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Processo de Aprendizagem com adultos

No livro: “Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na


era da internet”, Castells (2013), aponta que o momento social em
que vivemos absorve a carência de lideranças, um profundo senti-
mento de desconfiança e uma realidade que parece poder ser alte-
rada de forma contínua. Desta forma, as experiências de indignação
se fazem sempre presentes.

É nesta realidade de profundas transformações que os adultos e, es-


pecialmente os idosos continuam a construir ou a ressignificar suas
experiências de aprendizagem. Por outro lado, uma vida mais longa,
ao mesmo tempo em que pode gerar novas oportunidades, também
traz consigo a necessidade de muita atenção e cuidado com a saú-
de. Construir uma boa saúde pode gerar autonomia e mobilidade,
que são essenciais para uma vida gratificante.

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Processo de Aprendizagem com adultos

No processo de entrada na maturidade, o adulto e o idoso vão per-


cebendo suas mudanças corporais, que embora inerentes ao passar
do tempo, podem gerar inseguranças, desconfortos e até sentimen-
to de menos valia No poema “Retrato” de Cecília Meireles que tra-
zemos aqui, a escritora reflete como a juventude vai se esvaindo e
as mais variadas dificuldades podem começar a surgir. Envelhecer
com saúde não significa apenas pensar na dimensão orgânica da
vida, que embora muito importante, só será celebrada com uma
boa dose de autoestima e autoconfiança.

RETRATO Cecília Meirelles

Eu não tinha este rosto de hoje,


Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?

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Processo de Aprendizagem com adultos

O processo de aprendizagem como


uma experiência contínua
No imaginário social e no senso comum parece típico associar o pro-
cesso de aprendizagem e desenvolvimento marcado apenas como uma
etapa da infância e adolescência, como se essas etapas da vida fossem
as únicas a proporcionar aberturas de aprendizagem, enquanto nas
fases adulta e de envelhecimento nada mais se tenha a descobrir.

Contudo, a ciência tem provado


a cada dia, por meio de discus-
sões acadêmicas e neurocientífi-
cas, que desde o nascimento até
o momento de sua morte, o sujeito
está em processo constante de de-
senvolvimento e de aprendizagem.
Os estudos sobre a plasticidade
cerebral, por exemplo, trazem esta
constatação.

Quando, em que momento da vida, o cérebro parece estar mais aber-


to à mudança? Será que sempre que exposto a estímulos ambientais?
Parece que os padrões de plasticidade são diferentes dependendo da
idade e, realmente, ainda falta muito por descobrir sobre a interação
entre o tipo de atividade indutora da plasticidade e a idade do sujeito.

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Processo de Aprendizagem com adultos

Entretanto, sabemos que a atividade intelectual e mental induz à


plasticidade cerebral quando é aplicada tanto em pessoas idosas
saudáveis quanto em idosos com alguma doença neurodegenerativa
(Kolb; Mohamed; Gibb; 2010).

Sendo assim, mesmo que algumas habilidades e competências tenham


sido desenvolvidas em contextos de aprendizagem distintos aos atuais,
é possível não apenas buscar o aproveitamento dessas competências
como propor situações de formação continuada e mediação, em que
novas habilidades possam ser construídas. É sabido que estamos no
epicentro da 4ª revolução industrial, marcada pela convergência de
tecnologias digitais, físicas e biológicas. O tempo e o espaço em que
vivemos pode ser nomeado por 4ª revolução industrial, como indica-
mos, pois traz em seu bojo, do ponto de vista produtivo, um caminho
já foi percorrido pela humanidade, marcado pela máquina a vapor,

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Processo de Aprendizagem com adultos

pela produção em série, automação, sendo que o presente identifica


a produtividade humana por forte influência de tecnologia artificial,
sistemas cibernéticos, sobretudo, de alta conectividade. (RASQUILHA;
VERAS; 2019). Desta forma, a mediação psicopedagógica também
poderá apoiar adultos e idosos na compreensão e atuação em um novo
formato de sociedade, portanto de interação e produção de sentidos.

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Processo de Aprendizagem com adultos

Considerando os contextos de aprendi-


zagem, as dificuldades podem ser dis-
paradas por diferentes condições, como:
queixas orgânicas prévias, vínculos ina-
dequados com os objetos escolares e/ou de
ensino-aprendizagem, dificuldades impostas
pela própria idade (questões de memória, por
exemplo). Não é incomum que algumas pesso-
as só se depararem com seus déficits na vida
adulta, quando há o ingresso no mercado de
trabalho, em uma formação continuada ou até
mesmo por meio do acompanhamento das ta-
refas escolares dos filhos, netos e as possíveis
dificuldades das crianças.

Nesses contextos, o psicopedagogo pode atuar na avaliação psico-


pedagógica (levantamento da hipótese diagnóstica) e/ou intervenção
psicopedagógica* das necessidades conforme as demandas de cada
ciclo de desenvolvimento deste sujeito, em seus diferentes cenários de
ensino e de aprendizagem, compreendendo, pelo olhar e escuta atenta,
onde estão as rupturas com o objeto de conhecimento. Isto porque:

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Processo de Aprendizagem com adultos

“[...] são claras as metamorfoses, tanto no nível do


SILVA ciclo de vida e da definição da idade adulta como
(2007, p.18) no nível cognitivo, sendo frequente a necessidade de
reorientação de aprendizagens anteriores”

Refletir sobre o próprio ritmo de dizagem carrega as marcas dos


aprendizagem ou ter um autoco- processos de ensinar e aprender,
nhecimento sobre o estilo com o memórias saudáveis, patológi-
qual se aprende é algo pouco es- cas, ensinantes cooperativos ou
timulado no percurso da vida es- agressivos, metodologias mais ou
colar. Por esse motivo, é comum menos eficientes. Todas essas ex-
muitos jovens, adultos e, mais ain- periências constituem um modo
da, idosos não se darem conta do de aproximação com os objetos
modo como são mais ou menos de conhecimento. Esse modo de
produtivos em seu processo de aproximação é um dos pilares
aprendizagem. Como acrescenta de mediação do psicopedago-
Rubinstein (2014), o estilo é um go, já que é na relação objetiva
marcador de diferenças, portan- e subjetiva com o conhecimen-
to das singularidades do sujeito to, que as facilidades ou ruídos
aprendente. O estilo da apren- desta aproximação irão emergir.

O psicopedagogo deve ser o profissional que “ocupa-se do pro-


cesso de aprendizagem considerando os sujeitos e sistemas, a
família, a escola, a sociedade e o contexto social, histórico
e cultural” (Artigo 1º do Código de Ética do Psicopedagogo).

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Processo de Aprendizagem com adultos

Ou seja, a mudança de paradigma que atravessamos, com fortes


alterações no modo de produção e comunicação, assim como a satis-
fação da longevidade em contrapartida de maior ocorrência de do-
enças, pode oferecer ao psicopedagogo um novo nicho de atuação.

Como mencionado anteriormente,


a Psicopedagogia é uma área di-
recionada a compreender os pro-
cessos da aprendizagem humana,
analisando-os de forma integral,
conhecendo os fatores envolvidos
nos problemas que podem surgir
enquanto se aprende ou na pre-
venção de futuros eventos. Dificul-
dades para lidar com conteúdos
específicos podem prejudicar a
performance do adulto ou do ido-
so. E, problemas nas habilidades
sociais também podem impactar
negativamente na produção aca-
dêmica ou profissional.

Algumas das estratégias que podem ser utilizadas com adultos para
potencializar suas aprendizagens é o mapeamento dos seus conheci-
mentos prévios e dos seus interesses, uma vez que aprender por meio de
uma experiência real trará mais significado aos novos conhecimentos.

1.14
Processo de Aprendizagem com adultos

A mudança do sentido dos trajetos de mobilidade profissional


(que deixou de ser linear e progressivo) e o claro incentivo ao
desenvolvimento de estratégias individualizadas para assegurar
e melhorar a própria empregabilidade são determinantes nesta
mudança das relações entre formação, trabalho e desenvolvi-
mento individual e social. São disto um claro exemplo o apelo da
União Europeia em 1996 para a “Aprendizagem ao Longo da
Vida”, evidenciando a necessidade de comprometer os próprios
indivíduos (e não exclusivamente, nem tanto as instituições de
trabalho e de formação) no seu investimento na formação no
sentido de os tornar empregáveis (...) (SILVA, 2007, p. 17).

Sendo assim, é possível pergun-


tar ao adulto o que mais lhe de-
safia em relação às ferramentas
tecnológicas, por exemplo, e tra-
balhar com ele situações proble-
ma por meio delas. Isso poderá
ser uma estratégia que amplie
suas referências para o mundo
do trabalho, tendo em vista os desafios que a revolução digital tem
apresentado a muitas pessoas que nasceram em uma época na qual
ainda não existiam computadores, celulares, tampouco internet.

1.15
Processo de Aprendizagem com adultos

A tecnologia é uma das ferramentas que sempre poderá aproximar os


adultos de novas oportunidades de aprendizagem e, até mesmo, auxi-
liar o idoso em isolamento social, uma vez que, como afirma Sara Paín:

“[...] o processo de aprendizagem se inscreve na dinâ-


PAÍN mica da transmissão da cultura, que constitui a defi-
(1981, p.11)
nição mais ampla da palavra educação”

Aprendendo na e com a contemporaneidade

Vamos assistir agora a um vídeo sobre os desafios do envelhecimento


da população brasileira:

Indicação de Vídeo
Como o Brasil deve se preparar para o envelhecimento da
população? O que deve ser feito para que as pessoas cheguem
cada vez mais saudáveis aos 60 anos e se mantenham ativas?
Entrevista com a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério
da Saúde, Maria Cristina Hoffmann, realizada em 2014 pela TV BrasilGov.
Disponível em: shorturl.at/vMQZ6 - Acesso: 23/06/2021

1.16
Processo de Aprendizagem com adultos

Refletindo sobre as questões Se a pessoa tiver alguma ques-


apresentadas na entrevista, con- tão a ser trabalhada em relação
sideramos a importância e a ne- à maneira como aprende, por
cessidade de existirem desafios exemplo, um trabalho psicope-
de aprendizagem constantes dagógico preventivo na idade
para manter saudáveis o corpo, adulta será de fundamental im-
a mente, o cérebro e a vida so- portância para se preparar para
cioafetiva durante a vida adulta. os desafios envolvidos neste ciclo.

As oficinas psicopedagógicas
podem servir como apoio neste
processo, pois se apresentam
como um recurso importante
para a ação do psicopeda-
gogo, podendo ser utilizadas
tanto na avaliação como na intervenção psicopedagógica. Seu uso
possibilita aproximar o sujeito de vivências e experiências novas, na
construção, desconstrução e reconstrução de saberes.

1.17
Processo de Aprendizagem com adultos

Também contribui na investigação do profissional que busca iden-


tificar as dificuldades de aprendizagem do aprendente de forma
integral, por utilizar recursos facilitadores, como: jogos de regras,
atividades psicomotoras, narrativas, psicodrama, artes plásticas,
atividades digitais, entre outros recursos que possam servir como
condutores de novas aprendizagens. (GRASSI; 2008).

A autora descreve a oficina como um recurso de diversas áreas


de aprendizagem, em que o sujeito pode atuar ativamente. Se ca-
racteriza como um recurso de mediação, aprendizagem, vivência e
experiência. Não é um recurso exclusivo da psicopedagogia, mas
contribui satisfatoriamente com a avaliação psicopedagógica pelo
seu caráter lúdico, que propicia ao sujeito experimentar, criar, pro-
duzir, sentir, pensar, inventar, refazer, errar, corrigir e, principal-
mente, aprender e ensinar. O termo oficina tem origem do latim e
significa: “lugar onde se exerce um ofício”. Para Grassi, a oficina psi-
copedagógica possibilita a construção de vínculos saudáveis entre
quem ensina, quem aprende e os objetos de conhecimento.

1.18
Processo de Aprendizagem com adultos

ATIVIDADE - Estudo de Caso

João tem 54 anos e foi encaminhado para atividade de formação


continuada na empresa em que trabalha por 18 anos consecuti-
vos como gerente. A justificativa de seu chefe para incluí-lo nesta
atividade de capacitação em serviço foi ter percebido que ele não
conseguia “acompanhar” as mudanças nas formas de registro e
comunicação de suas tarefas gerenciais, principalmente por meio
do uso da tecnologia digital. João já tinha percebido que seus
colegas cumpriam as tarefas, que exigiam maior uso das tecnolo-
gias, com mais agilidade, porém não tinha motivação para pro-
curar uma formação continuada por conta própria. Depois de ter
ficado aborrecido por ter sido indicado à capacitação, resolveu
lidar com suas dificuldades, refletindo que a formação em serviço
seria a melhor forma de garantir que a qualidade do seu trabalho
se mantivesse adequada. Para a sua surpresa, o mediador esco-
lhido para iniciar o trabalho de capacitação em serviço foi um
psicopedagogo. A responsável pelo setor de Recursos Humanos
avisou que os primeiros encontros de capacitação seriam executa-
dos pelo psicopedagogo e mais adiante, o grupo contaria com a
presença de um especialista em informática.

Compreendendo que o trabalho do psicopedagogo pode ser pre-


ventivo ou remediativo e que ele tem um papel importante de
mediador com os distintos contextos de aprendizagem, elabore

1.19
Processo de Aprendizagem com adultos

uma reflexão abordando a postura da empresa em contratar um


psicopedagogo para a etapa inicial da capacitação em serviço,
assim como sobre a ação que o psicopedagogo poderá desenvol-
ver nesta atividade formativa.

GLOSSÁRIO
Plasticidade cerebral: O sistema nervoso tem uma capacidade
contínua de reorganização que nomeamos por plasticidade.
Ou seja, uma grande capacidade de fazer e refazer ligações
entre as células nervosas como consequência das interações
permanentes com o ambiente externo e interno do organismo.
A plasticidade cerebral é a base do fenômeno da apren-
dizagem e da modificação comportamental. (COSENZA;
GUERRA; 2011).

Diagnóstico psicopedagógico: Descrição minuciosa de fatos


em um determinado momento. Sendo assim podemos descrever
que o diagnóstico é um processo pelo qual se descreve uma
determinada situação, analisando-se os dados nela presente
em um momento específico. (...). Configura-se como um
processo investigativo, e portanto, científico. Seu objetivo é,
contudo, dirigido exclusivamente para o processo de apren-
dizagem humana, campo de atuação da Psicopedagogia
(Gonçalves, 2020, p. 69). No que se refere ao conceito de
diagnóstico psicopedagógico encontramos na literatura uma

1.20
Processo de Aprendizagem com adultos

variação conceitual, por esse motivo, também será possível


verificar a ocorrência do termo avaliação psicopedagógica
(RUBINSTEIN; 2014), assim como levantamento da hipótese
diagnóstica (SAMPAIO; 2016).

Intervenção: Como a palavra indica, significa uma ação entre


dois ou mais sujeitos que se estimulam reciprocamente, por força
da interação a que estão submetidos (Gonçalves, 2020, p. 144).

Provas projetivas: São provas de caráter subjetivo, ancoradas


nas contribuições da Psicanálise, geralmente aplicadas sob
forma de desenho e organizadas a partir das relações que o
sujeito estabelece em três domínios: pessoal, familiar e escolar.
(SAMPAIO; 2016)

Provas operatórias: São provas de caráter objetivo, ancoradas


nas contribuições da Epistemologia Genética, cujo objetivo é
conhecer o funcionamento e o desenvolvimento das funções
lógicas do sujeito (SAMPAIO; 2016).

1.21
Processo de Aprendizagem com adultos

Chegada

SAIBA MAIS
Aqui você poderá aprofundar seus estudos sobre as aprendiza-
gens de adultos e idosos na contemporaneidade. Consulte estas
fontes que indicamos especialmente para você!

Selecionamos leituras e uma entrevista que consideramos que


lhe ajudará a pensar no papel do psicopedagogo do ponto de
vista da temática tratada neste primeiro passo.

PEREIRA, Débora Silva de Castro. Diagnóstico e intervenção psico-


pedagógica com adultos: um estudo de caso. Rev. psicopedag., São
Paulo, v. 26, n. 80, p. 265-273, 2009.
Disponível em: http://shorturl.at/nwHKY Acesso em: 23/06/2021

O artigo indicado é muito interessante, pois trata da mediação psicopedagó-


gica exercida com adultos. Considerando a escassez de publicações com essa
temática, vale a pena conhecer este trabalho, que une revisão teórica e estudo
de caso. No item que irá descrever a avaliação, será importante atentar-se aos
instrumentos utilizados, pois será possível identificar tanto provas operatórias
quanto projetivas. Quando a psicopedagogia se destina ao adulto, observa-se
com mais clareza que a aprendizagem não acontece somente nas escolas,
quando se trabalham conteúdos, teorias ou quando se tem um rendimento

1.22
Processo de Aprendizagem com adultos

de aprendizagem a considerar, uma avaliação a fazer, um juízo de valor a


elaborar. Em verdade, aprendemos sempre, a cada dia, a cada instante, a vida
toda. Não existe lugar, tempo ou idade para se aprender.

Problemas de concentração e aprendizado na vida adulta podem


ter relação com distúrbios neurológicos não diagnosticados na
infância.
Disponível em: http://shorturl.at/qKLOU Acesso em: 23/06/2021

O informativo do HCor (Associação Beneficente Síria), apresenta uma


reflexão importante a respeito das queixas de aprendizagem e de compor-
tamento que causam ruídos apenas na vida adulta, justamente porque
foram negligenciadas na infância ou adolescência. Esta negligência sempre
é multifatorial, pois há situações em que a avaliação com equipe multi-
disciplinar não é realizada em idade adequada, por ausência de recursos
financeiros ou de saúde pública. No entanto, há situações em que a própria
família não sustenta a necessidade avaliativa, pois um diagnóstico colocará
em risco a projeção de um (a) filho (a) ideal. Dessa forma, muitas avaliações
só são realizadas na idade adulta, quando as dificuldades passam a trazer
incômodos no espaço de formação acadêmica ou do trabalho.

Psicopedagogia para Adultos e Idosos.


Disponível em: http://shorturl.at/ipuIV Acesso em: 23/06/2021

1.23
Processo de Aprendizagem com adultos

Entrevista com Júlia Eugênia Gonçalves sobre o olhar psicopedagógico


com adultos e idosos. Júlia é Mestra em Educação pela Universidade
Federal Fluminense, doutoranda em Ação, Comunicação e Conhecimento
pela Universidade de Léon/Espanha. Autora do livro: Psicopedagogia
para adultos e idosos: diagnóstico e intervenção. Este livro foi citado no
nosso material de estudo, por esse motivo será importante conhecer com
maior profundidade o trabalho de pesquisa desenvolvido pela autora.

1.24
REFERÊNCIAS
ABPP. Diretrizes da formação de psicopedagogos no Brasil. Disponível em: <https://www.abpp.com.br/
documentos_referencias_diretrizes_formacao.html>. Acesso em 21/03/2020.

ABPP. Código de ética do Psicopedagogo. Disponível em: <https://www.abpp.com.br/documentos_referen-


cias_codigo_etica.html>. Acesso em 21. Mar. 2020.

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOCK, A. M. M; GONÇALVES, M. G. A dimensão subjetiva da realidade: uma leitura sócio-histórica. São


Paulo: Cortez, 2009.

BRASIL. Organização Pan Americana da Saúde. Folha informativa: envelhecimento e saúde. OPAS.
Brasília. fev. 2018. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=arti-
cle&id=5661:folha-informativa-envelhecimento-e-saude&Itemid=820#:~:text=Em%202050%2C%20espe-
ra%2Dse%20que,et%C3%A1ria%20em%20todo%20o%20mundo.

CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro:
Zahar, 2013.

COSENZA, R; GUERRA, L. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.

GONÇALVES, J. E. Psicopedagogia para adultos e idosos: diagnóstico e intervenção. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2020.

GRASSI, M, T. Oficinas psicopedagógicas. 2.ed. Curitiba: Ibepx, 2008.

Kolb, B., Mohamed, A., & Gibb, R. A busca dos fatores subjacentes a plasticidade cerebral no cérebro
normal e no danificado. Revista de Transtornos da Comunicação. Pará. 2010, Disponível em: https://www.
docsity.com/pt/plasticidade-neural-apostilas-medicina/265815/

PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Tradução Ana Maria Netto Machado.
Porto Alegre: Artmed, 1985RASQUILHA, L; VERAS, M. Educação 4.0: o mundo, a escola e o auno na
década 2020-2030. São Paulo: Unitá, 2109.

RUBINSTEIN, E. R. O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber e o conhecer. 2ed. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.

SAMPAIO, S. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. 6 ed. Rio de Janeiro: WAK, 2016.

SILVA, A. M. C. e. Desafios contemporâneos para a formação de jovens e adultos. Educ. rev., Curi-
tiba, n. 29, p. 15-28, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0104-40602007000100003&lng=en&nrm=iso>. acesso em 21. Mar. 2020.
Professora: Aline Perce, Franciele Busico Lima e
Roberta de Lacerda Meirelles Carneiro
Designer: Emily Tanaka

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