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A mamãe sangra

Autora: Claudia Pacheco


Ilustrações e projeto gráfico: Bruna Meyenberg Fraga
2ª edição – Novembro/2020

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


Mona Youssef Hammoud – CRB/ 9ª -1393

P116a

PACHECO, Claudia. A mamãe sangra


Bruna Fraga [il.] 2.ed. - Curitiba: Ed. Arte, 2020 -
20 p. - PTBR – Livro Digital

ISBN: 978-65-00-12915-1

1. Literatura infantil 2. Aconchego materno


3. Crianças I. Título

CDD. 372.6

Conforto:720.47 Literatura infantil: 372.6


Ao Douglas, minha fortaleza,
ao Joaquim, minha inspiração
e à Flora, minha natureza.

Claudia Pacheco
Joaquim é um menino alegre, curioso e muito falante que
gosta de brincar no jardim da sua casa. Ele mora em uma
grande casa azul com plantas de todos os tipos, ervas,
flores e árvores enormes que dão muitas frutas.
Um dia ele estava subindo
as escadas da sua casa
quando encontrou a sua
mãe com um pote contendo
um líquido vermelho dentro.
– Mamãe, o que é isso? – perguntou ele curioso.
– É sangue, filho! – respondeu a mamãe.

O menino ficou preocupado.

– Você fez dodói?


– Não, filho, a mamãe sangra!
– A mamãe sangra?

Até aquele momento Joaquim sabia


que sangue era sinônimo de machucado.
E pela quantidade de sangue, a mamãe
estaria com um dos grandes.
– Sim, a mamãe sangra todo mês.
– Por quê?
– Porque todo mês o corpo da
mamãe constrói uma casinha
com sangue pra um bebê morar
dentro e quando ele não vem,
o sangue sai.
– Igual quando eu morava
dentro da sua barriga?
– Sim, igual quando você morava na minha barriga.
O sangue era o que te alimentava, tudo que de
melhor a mamãe comia ia pra você a partir dele.
Esse sangue é muito nutritivo!
Joaquim ficou imaginando como era sua vida
dentro da mamãe, ele até conseguia lembrar
da sensação gostosa que era lá dentro.
– E eu morei lá por muito tempo?
– Sim, morou quase 1 ano INTEIRO.

Ele se sentiu bem com essa informação.


Achou que era um bom tempo pra morar dentro
da mamãe antes de viver aqui fora. Lembrou
que a mamãe contou que ele nasceu gordinho.
“Deve ser por causa do sangue dela, né!?”
“E agora que não tem bebê, pra onde esse sangue vai?”,
pensou.

Eles foram para o jardim com o potinho de sangue


da mamãe nas mãos. Joaquim estava ansioso,
não sabia muito bem o que fazer com aquilo.

– As plantas gostam desse sangue, filho, elas ficam


fortes assim como você ficou quando estava aqui dentro.
Quer colocar o sangue na plantinha comigo?

O menino adorou a ideia e regou as ervas da mamãe


com o sangue que agora já lhe parecia muito familiar.
“Essas plantas são as preferidas da mamãe, ela cuida
delas com muito carinho”.
Na mesma hora ele percebeu as folhas das plantas,
crescendo, ficando mais verdes, brilhantes e felizes.
Percebendo a animação do
menino a mamãe perguntou:

– Qual outra planta você


quer regar, Joaquim?
– Quero pôr na árvore de
amorinhas.

Ele começou a imaginar aquela


árvore enorme e carregada
da sua fruta favorita.
Todos os dias ele saía pelo jardim,
animado, esperando as amoras nascerem.

Até que um dia:


– Mamãe, mamãe, tem amorinha!
Ela gostou do sangue e cresceu.
Tá cheia de frutinhas!
– Que legal filho, vamos ver se tem
framboesa no pé?
– Eu adoro framboesa, você regou
ela com sangue também?
– Reguei sim, filho.
– Oba, então ela deve estar bem
grandona e a gente vai poder comer
um montão delas.
No quintal da casa azul tem muitas ervas, frutas e flores.
A mais nova plantinha daquele jardim que foi regada pelo
sangue da mamãe se chama Flora e é a caçula da família.
SOBRE A AUTORA

Claudia Pacheco
Trinta e três anos, mãe do Joaquim, de 3,
e da Flora, de 1 ano. Desde 2016 é guardiã
do espaço sagrado de mulheres “A Tenda” –
que abriga cursos, palestras, rodas, danças
e atendimentos voltados para a saúde
integral da mulher. Mestre em Comunicação
Social pela UFPR, com tema das culturas
matrifocais. Plantadora da lua desde 2017,
estudiosa das relações femininas consigo
mesma, com os outros e com as deusas.
Apaixonada por medicina indígena, plantas,
receitas, garrafadas e tudo o que esse
universo compõe.
contato@amamaesangra.com.br
@claudiajpacheco | FB AClaudiaPacheco

SOBRE A ILUSTRADORA

Bruna Meyenberg Fraga


Formada em Design gráfico pela PUC-
PR, sempre gostou do mundo das
artes. Trabalha com design, criação de
estampas, ilustrações, graffitis e pinturas.
Tem como principal fonte de inspiração a
natureza em suas diversas formas e cores.
Reikiana, desenvolve um novo projeto
onde transforma as visualizações do Reiki
em arte. Adora viajar conhecendo novas
culturas, formas mais sustentáveis de viver,
espalhando arte e cor por onde passa.
bruna.mfraga@gmail.com
@brunamfraga | FB bruna.fraga
Joaquim é um menino esperto que
gosta de brincar no quintal de sua
casa. Certo dia descobre que a mamãe
sangra. E fica um pouco confuso, mas
viaja para dentro do útero de sua mãe,
de onde ele e o sangue vieram.

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