You are on page 1of 26

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/324574363

HIDROGRAFIA DO ESTADO DO PIAUÍ, DISPONIBIDADES E USOS DA ÁGUA

Chapter · April 2018

CITATIONS READS

2 3,976

1 author:

Iracilde Maria de Moura Fé Lima


Universidade Federal do Piauí
67 PUBLICATIONS   142 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Paisagens da Porção Oeste da bacia hidrográfica do rio Guaribas, semiárido piauiense View project

PROCESSOS DE DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO DO PIAUÍ: EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES FRONTEIRIÇAS NO NORTE, LESTE E SUL DO ESTADO View project

All content following this page was uploaded by Iracilde Maria de Moura Fé Lima on 17 May 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


HIDROGRAFIA DO ESTADO DO PIAUÍ, DISPONIBIDADES E USOS DA ÁGUA
Iracilde Maria de Moura Fé LIMA1

RESUMO

Este estudo teve por objetivo discutir aspectos relativos à ocorrência, circulação das águas no espaço
piauiense e aos problemas hidroambientais, decorrentes das características do meio natural e de seus
usos inadequados. Partiu-se do pressuposto de que o conhecimento e a conservação da água tornam-se
importantes para todas as sociedades, principalmente porque é vital para a existência e manutenção dos
ecossistemas terrestres. A água é também indispensável para a humanidade, pois além de compor mais
de 50% do corpo humano, se constitui um importante suporte à sustentabilidade socioeconômica,
tendo em vista que corresponde a um dos fatores limitantes para o desenvolvimento sustentável das
sociedades. Buscando o atendimento do objetivo proposto, foram realizados levantamentos de dados
disponibilizados em estudos acadêmicos e documentos técnicos, bem como em experiências
vivenciadas pela autora, ao longo de sua vida profissional em pesquisas no estado do Piauí. Como
base de análise e como síntese da discussão de dados e observações foram gerados mapas através do
geoprocessamento, possibilitando a localização dos mananciais hídricos no espaço piauiense.
Concluiu-se que as dificuldades encontradas pela sociedade, em relação ao acesso e uso da água no
Piauí, decorrem, principalmente, da falta de políticas públicas voltadas para a gestão da água, ou seja,
de um sistema de planejamento e gerenciamento eficiente dos recursos hídricos.

Palavras-Chave: Recursos hídricos. Potencial hídrico do Piauí. Rio Parnaíba. Rios


litorâneos. Problemas hidroambientais.

ABSTRACT

The present study aimed to introduce a discussion about aspects of the occurrence and spatial
circulation of water in the Piauí space, highlighting some hydro-environmental problems arising from
the characteristics of the natural environment and its inappropriate uses. It was assumed that the
knowledge and conservation of this natural substance are important for all societies, mainly because it
is vital for the existence and maintenance of earth ecosystems. The water is also vital for humanity, as
it compose more than 50% of the human body and is important as a support to socioeconomic
sustainability, since it corresponds to one of the limiting factors for the sustainable development of
societies. Aiming to meet the proposed objective, data were collected from academic studies, technical
documents of environmental researchers, and from the experiences the author lived during her
professional life in research in the state of Piauí. As basis for analysis and as a synthesis of the
discussion of these data and observations, maps were organized through geoprocessing, making it
possible to locate the water sources and dynamics, as well as their relations with the Piauí
environment. It was concluded that the difficulties encountered by society in relation to access and use
of water in Piauí are mainly due to the lack of public policies aimed at water management, that is a
system of planning and Management of water resources in Piauí.

Keywords: Water resources. Piauí water potential. Parnaíba river. Coastal rivers. Hydro-
environmental problems.

1 Doutora em Geografia. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do


Piauí. E-mail: iracildefelima@ufpi.edu.br - http://lattes.cnpq.br/6880418044055731

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
1 INTRODUÇÃO

Este estudo buscou traçar uma visão geral da hidrografia do estado do Piauí, tendo por
base estudos realizados anteriormente por pesquisadores de diversas instituições e também de
relatórios de observação de campo.
Partiu-se do pressuposto de que o conhecimento e a conservação da água tornam-se
importantes para todas as sociedades, principalmente porque é vital para a existência e
manutenção dos ecossistemas terrestres. A água é também indispensável para a humanidade, pois
além de compor mais de 50% do corpo humano, se constitui um importante suporte à
sustentabilidade socioeconômica, tendo em vista que corresponde a um dos fatores limitantes para o
desenvolvimento sustentável das sociedades (SALLATI et al, 1999). Justificando essa afirmação,
esses autores colocam que suas evidências são encontradas a partir do desenvolvimento de
civilizações que tiveram seu florescimento nos vales onde a disponibilidade da água se fazia de forma
abundante e com características especiais. Dentre elas, são destacadas as civilizações mais antigas
como a da Mesopotâmia Tigres/Eufrates, a egípcia do vale do rio Nilo, a da bacia do México e da
atual Península de Yucatan, onde floresceu a civilização Maia, nas quais o desenvolvimento da
agricultura e da urbanização moldaram as suas estruturas econômicas e sociais.
Outro aspecto importante a se considerar constitui o fato de que o atual período da história
humana tem se caracterizado por escassez, desperdício e redução da qualidade das águas doces em
grande parte das bacias hidrográficas do mundo, principalmente em decorrência de seus usos
múltiplos de forma inadequada (TUNDISI, 2003).
Rebouças (1999), dentre outros autores, destaca que atualmente esse recurso natural se torna
limitante ao desenvolvimento socioeconômico não somente em relação à quantidade disponível, mas
principalmente pela sua qualidade. Destaca, ainda, que nem toda a água que circula na Terra se
encontra disponível para o consumo direto, uma vez que aproximadamente 97,5% do seu volume
existente no planeta Terra se compõem de águas salgadas, presentes nos oceanos e mares, e
que apenas cerca de 2,5% correspondem à água doce, distribuída nos lençóis subterrâneos,
nos rios e lagos, na atmosfera e nas geleiras das altas montanhas e das regiões polares.
Com relação ao território brasileiro, estudos indicam que nele se encontra grande
quantidade de água doce que representam um volume em torno 12% do total mundial. Esse
país se destaca também pela grande descarga de água doce de seus rios, que é estimada em
cerca de 53% da água doce do continente Sul-Americano. Esses dados conferem ao Brasil a
condição de ser um país rico em recursos hídricos (REBOUÇAS, 1999).
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
O Piauí, por se encontrar numa faixa de transição entre as condições climáticas de
elevada umidade da Amazônia e a semiaridez do Nordeste Oriental, apresenta variações na
ocorrência e na circulação das águas em seu território, mesmo tendo cerca de 80% de seu
espaço localizado numa estrutura geológica de rochas sedimentares (LIMA, 1987).
Para o atendimento do objetivo proposto, a pesquisa realizada teve natureza
bibliográfica em associação a observações de trabalhos de campo realizados no espaço
piauiense. Como apoio ao tratamento, espacialização e discussão dos dados e observações,
foram utilizadas imagens de satélites disponíveis online trabalhadas em ambiente digital, por
meio do geoprocessamento, gerando mapas locais.
Conclui-se que as dificuldades encontradas pela sociedade em relação ao acesso e uso
da água no espaço piauiense não decorrem somente da sua distribuição desigual ou da sua
relativa escassez no espaço e no tempo, mas principalmente da ineficiência do gerenciamento
dos recursos hídricos.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Estado do Piauí, objeto deste estudo, encontra-se na região Nordeste do Brasil,


apresentando uma área de 251.530 Km2. O seu espaço encontra-se limitado pelas seguintes
latitudes: ao norte 2º44’49 S, na Ilha Grande de Santa Isabel, na ponta da barra das Canárias,
defrontando-se com o Oceano Atlântico; e ao sul 10º55’41” S., na chapada da Limpeza,
município de Cristalândia do Piauí. A oeste, o seu ponto extremo é limitado pelo meridiano de
40º29’12” W, na curva do rio Parnaíba logo a jusante da cachoeira da Apertada Hora,
município de Santa Filomena, e a leste pelo meridiano de 46º00’09” W, na área de nascentes
do riacho Marçal, em Pio IX (BAPTISTA, 1974).
Para traçar um panorama da ocorrência, disponibilidade das águas doces, seus usos e
principais problemas hidroambientais que ocorrem nesse estado, esta pesquisa teve por base
levantamentos de natureza bibliográfica, associados às observações de campo no espaço
piauiense.
Assim, fez-se inicialmente o levantamento do referencial em estudos acadêmicos,
relatórios técnicos de pesquisadores de instituições ligadas ao meio ambiente, incluindo
mapeamentos disponíveis sobre a hidrografia do Piauí, contextualizando-os em escalas
regionais e locais. Os relatos de condições hidroambientais recentes identificadas em bacias
hidrográficas piauienses tiveram como base as observações e entrevistas não-estruturadas
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
realizadas em trabalhos de campo durante o desenvolvimento de pesquisas da autora, ao longo
de sua vida profissional.
Em seguida foram organizados e discutidos os dados e os mapas que compõem este
estudo, buscando também levantar questões sobre os problemas hidroambientais enfrentados
pela população, decorrentes dos usos múltiplos das águas e de características do meio natural
associadas principalmente às condições climáticas.
Utilizou-se a expressão problemas hidroambientais para caracterizar os problemas
ambientais que têm relações direta e indireta com as águas/recursos hídricos, provocados por
fatores naturais e também por ação dos agentes antrópicos.
Para a organização dos mapas utilizou-se a vetorização dos mapas fonte, com o auxílio
do ArcGIS 10.3 (licença UFPI) sobrepondo os arquivos shapefiles do IBGE, da ANA, da
CPRM e do INPE por meio de dados TOPODATA, todos na escala de 1:250.000 e das Cartas
DSG, escala de 1:100.000. O modelo 3d foi gerado no software Global Mapper 9.0 com a
ferramenta Show 3d view, software também usado para sobrepor o arquivo shapefile dos rios
no modelo 3d gerado. A montagem do layout final dos mapas foi toda organizada no ArcGis,
sendo que todos os arquivos digitais foram reprojetados para o Sistema de Coordenadas
Geográficas, com o Datum SIRGAS 2000.
No mapa de rios litorâneos, fez-se o traçado do divisor topográfico de suas bacias,
como forma de se identificar o limite do conjunto de sistemas fluviais locais com o da bacia
hidrográfica do rio Parnaíba, no espaço piauiense.

3 VOLUME E CIRCULAÇÃO DE ÁGUAS DOCES NO PIAUI

Questões ligadas à curiosidade sobre a dinâmica da natureza, ao longo da história da


humanidade, tais como: de onde vem e para onde vai a água? Qual a sua quantidade? Estas
certamente contribuíram para impulsionar os avanços científicos sobre este tema,
possibilitando o atual entendimento do funcionamento do ciclo hidrológico na Terra
(CABRAL, 1997).
Assim, a evolução dos estudos passou a demonstrar que as fases do ciclo hidrológico
se encontram intimamente relacionadas, embora geralmente seja dada maior importância ao
escoamento superficial, porque trata da ocorrência e transporte da água doce na superfície
terrestre. Este fato é considerado decorrente da maioria dos estudos hidrológicos estar ligada

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
ao aproveitamento da água superficial e à proteção contra os fenômenos desencadeados pelo
seu deslocamento (BARBOSA JUNIOR, 2003).
No espaço piauiense a ocorrência e a circulação das águas doces no meio ambiente
estão associadas ao grande volume de águas subterrâneas, à presença de lagoas naturais,
açudes e lagos de barragens geralmente construídos em vales fluviais. O sistema de redes
fluviais em sua maior parte é comandado pelo rio Parnaíba e, em pequena expressão
espacial, por um conjunto de pequenos rios litorâneos.
Estudos de avaliação geral das potencialidades hídricas do estado do Piauí estimaram
que esse estado detém grandes reservas de águas subterrâneas e superficiais, com um volume
total de cerca de 19,005 bilhões de metros cúbicos de águas doces (PIAUI/SEMAR, 2010).

3.1 Águas subterrâneas

O volume de águas subterrâneas existente no Piauí é considerado muito grande,


por estar situado na Bacia Sedimentar do Parnaíba em mais de dois terços de sua área,
mesmo ficando em terceira posição em relação às reservas dos demais aquíferos das bacias
sedimentares brasileiras. Essas reservas atingem um grande volume de águas doces, sendo
superado, no espaço brasileiro, apenas pela Bacia Sedimentar do Paraná (porção no espaço
brasileiro) e pela Bacia Sedimentar do Amazonas (REBOUÇAS, 1999) (Tabela 1).

Tabela 1 - Reservas de Águas Subterrâneas em Aquíferos das Grandes Bacias


Sedimentares Brasileiras
Localização dos Aquíferos Área Volume de água
(1.000 Km2) (Km3)
Bacia Sedimentar do Paraná (porção no Brasil) 1.000 50.400
Bacia Sedimentar do Amazonas 1.300 32.500
Bacia Sedimentar do Parnaíba 700 17.500
Total do Brasil 8.512.000 112.000

Adaptado de Rebouças (1999).

A partir dos dados hidrogeológicos identificados na porção da Bacia Sedimentar do


Parnaíba, correspondente a uma faixa centro-norte dos estados do Maranhão e Piauí, entre as
coordenadas geográficas 4° e 6°S e 42° e 45°W, Leal (1977) avaliou que essa área oferece
boas perspectivas com relação às reservas de águas subterrâneas tanto no volume

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
armazenado, quanto no acesso ao topo dos aquíferos. A profundidade encontrada para 144
poços tubulares perfurados nessa área não foi além de 59,54 m, sendo a profundidade média
dos níveis estáticos de 12,36 m, enquanto a vazão específica média ficou em 2,48 l/h/m.
Em relação ao Estado do Piauí, o sistema aquífero Poti-Piauí presente na bacia
Sedimentar do Parnaíba é considerado o que detém a maior reserva explotável: 130 m3/s
(ANA, 2007).
Estimativas mais recentes, divulgadas pelos estudos que compõem o Plano Estadual de
Recursos Hídricos (PIAUI/SEMAR, 2010), em relação especificamente à disponibilidade das
reservas de águas subterrâneas do Estado do Piauí, informam que poderá ser utilizado um
volume de até 10 bilhões de m³/ano sem que haja rebaixamento das águas dos aquíferos, num
prazo de 50 anos seguidos.

3.2 Águas superficiais

3.2.1 Lagoas e Barragens

É grande o número de lagoas existentes no espaço piauiense, localizadas desde o sul


ao norte do estado, tendo se destacado no Quadro 1 as que apresentam reservatório de maior
porte, ou seja, com capacidade de armazenamento de água a partir de 20.000 m3.
Além destas, encontram-se muitas outras lagoas de variados tamanhos por todo o
espaço piauiense, tendo sido identificadas por Baptista (1974) um total de 175 lagoas.
Com relação às barragens construídas nos vales fluviais, encontram-se no Piauí muitos
reservatórios com capacidade para armazenamento de milhões de metros cúbicos de água.
Dentre os que apresentam médio e grande porte, ou seja, que têm capacidade de
armazenamento acima de 10.000.000 m3, foi identificado um total de 25 barragens, sendo a
maior delas denominada Boa Esperança, que barra o rio Parnaíba. Construída com o objetivo
de geração de energia elétrica, a capacidade de armazenamento de água dessa barragem é
estimada em 5.000.000.000 m3, sendo quatro os municípios piauienses banhados pelo lago
por ela formado: Guadalupe, Porto Alegre do Piauí, Antônio Almeida e Uruçuí (RIVAS,1996;
SEMAR, 2003).

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Quadro 1 – Lagoas Piauienses de Grande Porte
Denominação Capacidade de Localização
armazenamento Município Bacia hidrográfica
(1.000 m3)
De Parnaguá 77.000 Parnaguá Gurguéia
Grande do Buriti 39.000 Buriti dos Lopes Longá
De Nazaré 35.000 Nazaré do Piauí Canindé
Do Cajueiro 34.300 Luzilândia/ Difusas do Baixo
Joaquim Pires Parnaíba
Do Sobradinho 26.300 Luís Correia Difusas Litorâneas
Do Salgado 20.000 Buriti dos Lopes/ Longá
Murici dos Portela
Do Pavussu 20.000 Pavuçu Itaueira
Do Portinho 20.000 Parnaíba/ Difusas Litorâneas
Luís Correia
Mutuns 20.000 Joca Marques Difusas do Baixo
Parnaíba
Fontes: Cartas do DSG (1973); Baptista (1974); RIVAS (1996); SEMAR (2003).

3.2.2 Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba

A Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba encontra-se classificada como uma das 12


Regiões Hidrográficas do Brasil, constituídas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(Resolução n.32 de 2003) com a finalidade de orientar o planejamento e o gerenciamento dos
recursos hídricos em cada uma dessas regiões Hidrográficas (ANA, 2007). (Figura 1).
Os estudos sobre a Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba apresentam diferentes valores
para a sua área. Para a ANA (2007), a área dessa bacia é de 333 Km3, enquanto para Rivas
(1996), essa área é de 330.000 Km2, com abrangência espacial de 75% no Piauí, 19% no
Maranhão e 6% no Ceará.

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Figura 1 – Identificação das Regiões Hidrográficas do Brasil

Fonte: ANA (2007).

No entanto, ao se considerar que as questões de litígio territorial entre os estados do


Piauí e Ceará ainda não foram legalmente resolvidas (BAPTISTA, 1974; BRASIL/MMA,
2011; ADERALDO, 2012), a abrangência dessa bacia hidrográfica passa a corresponder
valores diferentes para as áreas desses estados, como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 – Área e abrangência da Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba

Área (Km2) Localização Percentagem (%)


249.497,2 Estado do Piauí 75,3
65.491,7 Estado do Maranhão 19,8
13.690,2 Estado do Ceará 4,1
2.762,4 Zona Litigiosa Piauí/Ceará 0,8
331.441,5 Área total da Bacia Hidrográfica 100,0
Fonte: MMA/SRH (2011).

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Com relação aos aspectos hidrográficos, a observação das áreas de abrangência dessa
bacia hidrográfica torna-se importante por possibilitar a identificação da origem das águas que
vão alimentar a maioria dos rios que compõem os sistemas de drenagem do espaço piauiense.
Estes, consequentemente, vão se refletir nos valores das vazões de todo o sistema hidrográfico
do rio Parnaíba (Tabela 3).

Tabela 3 – Origem e valores das vazões do sistema hidrográfico do rio Parnaíba


Origem da vazão Vazão observada
m3/s m3/ano
Gerada no espaço piauiense 681 21,50
Gerada fora do espaço piauiense 304 9,67
Total 985 31,00

Fonte: PIAUI/SEMAR (2010).

3.2.2.1 Parnaíba: o principal rio piauiense

O rio Parnaíba corresponde ao maior rio perene da região nordeste do Brasil que tem
seu curso totalmente incluído na região Nordeste. Apresenta uma extensão de cerca de 1.450
Km, desde suas nascentes principais até a foz, no Oceano Atlântico, onde forma um grande
delta em mar aberto. Em todo o seu percurso apresenta direção geral Sul-Norte, formando o
limite territorial com o estado do Maranhão, tornando-se, assim, um rio federal para efeito de
gestão de suas águas.
Identificado com os nomes de Rio Grande dos Tapuios e Rio das Garças, nos relatos
dos primeiros viajantes que percorreram o espaço brasileiro no século XVI, o batismo do
nome Parnaíba é atribuído ao bandeirante Domingos Jorge Velho, quando aqui esteve no
século XIX, em suposta homenagem à sua cidade natal (BAPTISTA, 1974).
A importância deste rio pode ser historicamente identificada na vida dos piauienses,
seja em registros poéticos (DA COSTA E SILVA, 1985), seja nos símbolos oficiais do Estado
do Piauí, como o hino e o brasão, seja no surgimento de muitas cidades e atividades
ribeirinhas, seja na navegação por suas águas. Assim, esse rio passou a representar não
somente o eixo do processo de colonização do Piauí, no século XVIII, mas também a
integração comercial com vocação internacional, até meados do século XX. Isto porque “a
primazia em projetos de desenvolvimento regional foi apreendida e a navegação a vapor

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
tornou-se uma realidade que proporcionou oportunidades de expansão no âmbito do mercado
de exportação/importação” (GANDARA, 2010, p.340).
Nos primeiros tempos de colonização do Piauí, o gado era a base para a alimentação e
comercialização realizada com outras Capitanias brasileiras, que se fazia de forma legal e
ilegal, por caminhos de terra e também pelo rio Parnaíba (OLIVEIRA, 2004). Esta atividade
passou a se organizar e a diversificar os produtos comercializados a partir da criação da
Alfândega no litoral e da transferência da primeira Capital do Estado do Piauí de Oeiras para
Teresina em 1852, às margens do rio Parnaíba, a partir de quando se intensificou a navegação
a barcas e a vapor com grande volume de exportações para outros países, principalmente
europeus, através do porto de Tutoia localizado no delta desse rio. A desativação dessa
navegação teve como fator de maior peso a intensificação da construção de rodovias a partir
da década de 1960, quando o eixo Picos/Teresina passou a ser a principal via de ligação entre
o Nordeste Oriental e a região Norte do Brasil (BARBOSA, 1986).
No espaço piauiense, os principais rios que compõem o sistema de drenagem da
bacia hidrográfica do rio Parnaíba podem ser considerados como sistemas hidrográficos sub-
regionais, pela grande abrangência espacial e complexidade ambiental que caracterizam suas
bacias hidrográficas. Estas são classificadas como sub-bacias hidrográficas do rio Parnaíba,
cuja margem direita, excetuando-se a área cearense, ocupa cerca de 99% da área do estado do
Piauí (Figura 2).
Os estudos dos rios geralmente classificam os trechos de áreas drenadas em alto,
médio e baixo cursos, tendo por base a análise da sua dinâmica, que geralmente se reflete no
traçado do seu perfil longitudinal, ou em detalhado trabalho de campo. Para tanto, são
observados indicadores como gradiente do leito, rupturas de declives, granulometria dos
sedimentos transportados pelo rio, dentre outros que possibilitem identificar o tipo de
dinâmica fluvial que caracteriza cada trecho do rio (PENTEADO, 1983).
Com relação ao rio Parnaíba, o trecho de sua bacia que se classifica como alto curso
recebe os fluxos d’água desde suas nascentes principais até a foz do rio Gurgueia; como
médio curso o trecho entre a foz do rio Gurguéia e a foz do rio Poti; e o trecho da foz do Poti
até o delta é considerado como seu baixo curso (BAPTISTA, 1974). As características desses
trechos são a seguir identificadas:

Vale do Alto Parnaíba: trecho de rios totalmente perene, que abrange uma
área de 77.100 Km2 com uma vazão média anual de 253 m3/s, tendo uma
disponibilidade hídrica livre de 7,9 bilhões de m3/ano para as descargas e

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
realimentação dos aquíferos, cujos deflúvios diretos são de cerca de 15%.
Vale do Médio Parnaíba: o espaço perene corresponde a uma área de
160.200 Km2, com uma vazão média em torno de 1.505 m3/s tendo uma
disponibilidade hídrica livre de 47,5 bilhões de m3 de água anual para a
circulação superficial e recarga dos aquíferos, dos quais o deflúvio direto é
da ordem de 27,4%. Vale do Baixo Parnaíba: o estirão perene envolve uma
área de 93.100 Km2, com uma vazão anual em torno de 2.455 m3/s tendo
uma disponibilidade hídrica livre de 77,3 bilhões de m3 de água para a
recarga e descarga dos aquíferos, dos quais o escoamento direto é da ordem
de 36,7% (RIVAS, 1996, p.53).

Com relação ao regime de vazão do rio Parnaíba, considerou-se como fatores do


ambiente natural que são responsáveis pela sua perenidade, atuando de forma combinada: o
seu vale localiza-se na faixa de regime de chuvas que apresentam médias anuais em torno de
1.200 a 1.400mm; recebe alimentação de afluentes perenes em seu alto curso; em grande parte
do trecho do médio e do baixo cursos o seu canal corta as rochas sedimentares da formação
Piauí, a qual representa um dos maiores aquíferos regionais da bacia do Parnaíba. No entanto,
nos trechos do médio e do baixo cursos a maioria de seus grandes afluentes da margem
piauiense apresenta regime de vazão temporário, principalmente porque têm as nascentes e/ou
a área do seu alto curso na faixa de clima semiárido e, ainda, porque parte de sua área se
encontra na estrutura do embasamento geológico cristalino (LIMA, 2002).

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Figura 2 – Mapa das sedes municipais do Piauí, por Bacia Hidrográfica

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017). Base de Dados: PIAUI/SEMAR (2003).

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Como forma de traçar um perfil geral dessas áreas em relação aos aspectos
hidrográficos no espaço do Estado do Piauí, organizou-se as características das sub-bacias dos
maiores rios-afluentes do Parnaíba (margem direita), constantes na Tabela 4.

Tabela 4 – Características das grandes Sub-bacias do rio Parnaíba no espaço piauiense


Sub-bacia Àrea Extensão Vazão Vazão Regime do Local das nascentes
aprox. aprox. do rio média do média do rio principais
(Km2)1 principal trimestre trimestre principal e altitudes
(Km) mais seco mais aproximadas2
m3/s chuvoso
Piranji 1.300 130 - - Temporário Planalto da Ibiapaba-
CE, a 720 m
Longá 22.900 320 15,34 432,00 Temporário Lagoa do Mato em
Alto Longá, a 100m
Poti (3) 55.300 550 5,60 346,00 Temporário Serra Joaninha no
CE, a 600 m
Canindé 80.800 340 2,80 88,00 Temporário Serras da Tora/Dois
Irmãos, a 500m
Itaueira 8.900 330 0,95 9,00 Temporário Chapada de Guaribas
a 650m
Gurgueia 52.000 740 7,00 63,00 Perene Em brejos, entre
Serras Alagoinha/
Santa Marta a 500 m
Uruçuí 16.000 300 23,30 43,00 Perene Em brejos, entre as
Preto Serras Guaribas e
Patos, a 500 m
Bacias 22.970 - - - - -
Difusas
- - -
Total 249.570 - -

1 – Áreas calculadas por meio digital, com base no mapa de Bacias Hidrográficas do Piauí, elaborado pela SEMAR
(2003), tendo em vista as discrepâncias dos valores das diversas fontes.
2 - Fontes: Carta do DSG (1973); Baptista (1974); Rivas (1996); observação em trabalhos de campo pela autora, na
maioria das nascentes.
3 - A Bacia do rio Poti tem área estimada em 36.000 Km2 no Piauí. Seu rio principal apresenta extensão de 350 Km no
Piauí, 180 Km no estado do Ceará e 20 Km na área de litígio (BAPTISTA, 1974).

Como reflexo dessas condições, o leito do rio Gurgueia se destaca como um eixo que
forma o limite dos rios que apresentam regime de vazão perene (incluindo o seu leito),
localizados à oeste, em relação aos sistemas de drenagem da área leste (incluindo os afluentes
do rio Gurgueia da margem direita), onde quase a totalidade dos seus afluentes são
temporários.

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Essas condições vão refletir, uma grande variação dos deflúvios anuais do rio
Parnaíba, apresentando os maiores valores no período de dezembro a maio e a menor
disponibilidade de fluxo superficial nos meses sem chuvas e/ou de mínimos índices
pluviométricos, ou seja, de junho a novembro (RIVAS, 1996; PIAUÍ/SEMAR, 2010).
Desta forma, os deflúvios médios dos rios da maior bacia hidrográfica do estado do
Piauí, indicam que o rio Parnaíba apresenta uma grande variação no seu volume de água,
tanto em relação aos trechos do alto, médio e baixo curso, como em relação aos trimestres do
ano mais chuvoso e mais seco. Indicam também que em toda a sua extensão o maior
percentual desses deflúvios advém das águas subterrâneas (escoamento de base), sendo
significativamente maior no seu alto curso e menor no baixo curso, com base em dados da
década de 1970 (Tabela 5).
Com relação à disponibilidade hídrica na Região Hidrográfica do Parnaíba, estimativas
mais recentes indicaram os seguintes valores, segundo estudos da ANA (2007):
 Vazão média: 753 m3/s;
 Vazão específica média: 2,3 l/s/Km2;
 Disponibilidade hídrica (m3/s): 290;
 Disponibilidade hídrica em 95% de probabilidade: 0,9 l/s/Km2;
 Reservas subterrâneas explotáveis: 20 m3/s;
 Reservas subterrâneas explotáveis específicas: 0,06 l/s/Km2
Dados constantes no Plano Estadual de Recursos Hídricos (PIAUI/SEMAR, 2010)
indicam que, anualmente, pelo leito do rio Parnaíba são drenados cerca de 20 bilhões de
metros cúbicos de água, com uma vazão média da ordem de 6.000 m 3/s. Para as vazões
mínimas foram encontrados valores torno de 280 m3/s no seu baixo curso, no período
outubro/novembro, quando os seus afluentes perenes normalmente baixam os níveis de suas
águas e os afluentes temporários se encontram em parte ou totalmente secos.

Tabela 5 – Distribuição da média anual dos deflúvios do rio Parnaíba, segundo do tipo
de escoamento superior e de base.
Localização no Deflúvio Deflúvio médio Deflúvio médio Escoamento do rio
trecho do rio Médio Trim. Trim. anual Parnaíba (%)
Parnaíba mais seco mais úmido
m3/s % m3/s % m3/s % Superior De base
A jusante da foz 125,5 40,2 262,0 14,3 212,4 20,0 22,3 77,7
do rio Uruçuí
Preto

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
A jusante da foz 270,0 86,5 694,0 38,0 529,7 49,4 - -
do rio Canindé
A jusante da foz 279,3 89,5 846,0 46,3 600,8 56,6 31,9 68,1
do rio Poti
Próximo a sua 311,9 100,0 1.826,0 100,0 1060,0 100,0 43,2 56,8
foz do Parnaíba
Org.: LIMA (2013), com base em: BRASIL/SUDENE (1975)

3.2.2.1.1 Nascentes principais do rio Parnaíba

As nascentes principais do rio Parnaíba se localizam na faixa próxima à linha da divisa


territorial dos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia, na Chapada das Mangabeiras.
Essa Chapada tem grande importância como área de recarga hídrica não somente para o rio
Parnaíba, também para os rios Tocantins e São Francisco, pois corresponde ao divisor
topográfico dessas bacias hidrográficas, além de representar a divisa territorial desses Estados.
No seu nascedouro o rio Parnaíba recebe o nome de Riacho Água Quente, passando a
se chamar Rio Parnaíba a partir da foz do seu afluente denominado Riacho Curriola, conforme
se observa na Figura 2. Este riacho foi definido como o principal formador do rio Parnaíba,
ao invés do riacho Curriola (ou Surubim), a partir do estudo que estabeleceu oficialmente as
fronteiras (RELATÓRIO DA COMISSÃO DE LIMITES, 1924), resolvendo questões de
litígio pela disputa do Piauí e Maranhão por essa faixa de terras. Dentre os indicadores
adotados por uma Comissão coordenada pelo Exército Brasileiro, nomeada para tal finalidade,
destacam-se: maior bacia de captação de água; maior profundidade do leito e maior volume
de água escoado (BAPTISTA, 1971).
Tendo em vista que o Curriola apresenta características muito semelhantes ao riacho
Água Quente e que é o seu maior afluente e, ainda, que somente a partir do encontro dos dois
rios, que ocorre a uma altitude de cerca de 380 metros, é que o rio formado por eles passa a se
chamar Parnaíba, a bacia conjunta desses dois riachos é genericamente chamada de área das
nascentes principais do rio Parnaíba. Calculou-se por meio digital a área dessas duas bacias
formadoras do rio Parnaíba, encontrando-se os valores aproximados de 29.100 hectares para o
riacho Água Quente e de 23.400 hectares para a área do riacho Curriola (Figura 3).
Destaque-se que nessa área as bordas da Chapada das Mangabeiras apresentam
altitudes em torno de 780 m, e que esta que tem sido a altitude considera para os três olhos
d’água formados do riacho Água Quente (BAPTISTA, 1974). Entretanto, constatou-se em

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
trabalhos de campo que é em um dos patamares estruturais dessas escarpas, onde se formam
muitas veredas, que brotam os três olhos d’água que dão início a formação do riacho Água
Quente (LIMA, 2013).
Embora não se tenha utilizado um GPS de precisão, as coordenadas geográficas que
foram encontradas para um desses olhos d’água apresentam uma aproximação de suas
nascentes principais: 10°13’02.31”S e 45°57’18” W (LIMA, 2002; 2013) (Figura 4). Assim,
considerou-se que o rio Parnaíba nasce numa altitude de cerca de 530 metros, sendo
classificada de nascente difusa, no sopé de uma das escarpas das Mangabeiras.

Figura 3 – Mapa de Localização das nascentes principais do rio Parnaíba.

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017).

Tendo como objetivo a preservação do patrimônio ambiental e seus recursos naturais,


dentre eles a água e a biodiversidade, nesta área de nascentes em 2002 foi criado o Parque

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Nacional das Nascentes do rio Parnaíba, abrangendo vários municípios dos Estados do Piauí,
Maranhão e Tocantins, com uma área de 724.324,61 hectares (MMA/ICMBIO, 2011).

Figura 4 – Fotografias das escarpas e patamar estrutural da Chapada das Mangabeiras


(à esquerda); e um dos olhos d’água que formam o riacho Água Quente, nessa área de
veredas (à direita).

Área de veredas

FFotos: Iracilde M.M.Fé Lima (set. 2002).

3.2.2.1.2 O Delta do rio Parnaíba

A foz do rio Parnaíba no Oceano Atlântico corresponde a um delta em mar aberto,


através do desmembramento do seu leito em cinco largos canais. Entre esses canais
formaram-se quatro grandes ilhas: Grande de santa Isabel, das Canárias, do Caju e Grande do
Paulino.
Todos esses canais contornam sedimentos arenoargilosos, mangues e dunas, formando
cerca de 70 ilhas, através do trabalho conjunto do rio Parnaíba e do mar . Estas
ilhas apresentam áreas que variam de dezenas a centenas de metros quadrados.
A área total do delta é de cerca de 2.700km2, sendo que sua maior parte está situada
no Maranhão e apenas 35% dessa área se encontra em território piauiense, formando
pequenas ilhas e a Ilha Grande de Santa Isabel. Esta ilha se encontra entre o canal principal
do rio Parnaíba e o canal secundário de leste: o rio Igaraçu, enquanto do lado maranhense
encontram-se as demais ilhas formadas entre esse canal principal e o rio Santa Rosa, a oeste
(BAPTISTA, 1974).
Assim, os canais do rio Parnaíba que formam este delta no espaço piauiense,
juntamente com os rios que têm suas bacias hidrográficas nessa faixa litorânea e também

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
desembocam no Oceano Atlântico, compõem os sistemas fluviais dessa área do Piauí e sendo
por isto chamados especificamente de “rios litorâneos”, como se observa na Figura 5.
Nesse litoral foi criada a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (APA) pelo
Decreto Federal de 28 de agosto de 1996, envolvendo municípios do Maranhão, Piauí e
Ceará, num total de 313.809 hectares e perfazendo um perímetro de 460.812 m, incluindo
uma faixa de área marítima. No Piauí a APA abrange parte dos municípios de Parnaíba, Luíz
Correia, Ilha Grande de Santa Isabel e Cajueiro da Praia (IBAMA, 1998).

3.2.2.2 As Bacias Difusas Litorâneas do Piauí

Os rios de maior extensão que têm suas bacias totalmente incluídas na faixa litorânea piauiense e suas
desembocaduras diretamente no Oceano Atlântico são o Portinho, o São Miguel, o Cardoso, o
Camurupim e o Ubatuba (DSG, 1973).

Figura 5 – Mapa do Litoral do Piauí e Delta do rio Parnaíba

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017).

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Conforme se observa na Figura 5, o divisor topográfico desse conjunto de rios litorâneos faz
limite com a bacia hidrográfica do rio Parnaíba nos topos do relevo da margem direita do Rio Piranji,
último afluente do rio Parnaíba no espaço norte piauiense. Esse divisor de direção geral leste-oeste, inflete
para o norte continuando a formar o limite entre a bacia do rio Portinho e os riachos que desaguam
diretamente no rio Parnaíba, no trecho de jusante da foz do Piranji até a foz do rio Portinho, área
considerada como final do Baixo Parnaíba (PIAUI/SEMAR, 2003).
No litoral do Piauí o rio Ubatuba se destaca por ter sua foz conjunta com a do rio cearense
Timonha que, juntos, formam uma baía onde se localiza a Ilha Grande. Também nessa faixa litorânea os
rios Portinho e São Miguel chamam a atenção, principalmente dos turistas, por terem seus baixos cursos
barrados pelo avanço das dunas móveis sobre seus leitos, formando as grandes lagoas fluviais do Portinho
e Sobradinho, respectivamente.
Com relação à água subterrânea dessa área, o seu potencial é classificado como
relativamente bom, tendo em vista que, além da faixa dos tabuleiros pré-litorâneos formados
pelos sedimentos do Grupo Barreiras, onde as bacias hidrográficas têm seu alto e médio
cursos, na planície litorânea encontra-se um grande estoque de dunas, de aquíferos livres pela
sua alta permoporosidade. Também porque as aluviões dos vales fluviais e flúvio-marinhos
são consideradas possuidoras de um razoável potencial hidrogeológico (IBAMA, 1998).

4 A ÁGUA, USOS E PROBLEMAS HIDROAMBIENTAIS

Os diversos usos das águas apresentam relações diretas com o tipo de clima e
solo, bem como das características do ciclo hidrológico local ou regional (TUNDIZI,
2006). Deve-se considerar, portanto, que os problemas de escassez da água enfrentados
pelas populações são decorrentes tanto de causas naturais, quanto do seu uso inadequado
(RICCIOPPO et al, 2011).
Tendo em vista que nas últimas décadas o crescimento da população urbana,
apresentou um acelerado crescimento e, com ele, a promoção de uma crescente pressão
sobre os recursos hídricos, surgiu como consequência a necessidade de aumento dos
volumes de água para suprir as populações de forma adequada, sem causar danos à
saúde pública (TUNDIZI, 2006).
Em relação à ocupação urbana do espaço piauiense, pode-se perceber que ocorre
uma grande concentração de sedes municipais na bacia hidrográfica do rio Canindé, em
relação às demais sub-bacias do rio Parnaíba, como se observa na Figura 2. Tendo em
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
vista que nessa área predomina o clima semiárido e que se encontra sobre grande parte
do escudo cristalino, de rochas impermeáveis, a pressão sobre os recursos hídricos se
torna bem mais significativa nesse espaço. Assim, essas condições se refletem em uma
rede de drenagem temporária e num sistema de abastecimento por água subterrânea não
satisfatório para atender a demanda produtiva em grande parte da área dessa bacia.
No caso de toda a bacia hidrográfica do Parnaíba a população urbana projetada para
2010 correspondia a 65% da população total, sendo abastecida por água em cerca de 91% dos
domicílios, equivalente à média brasileira. No entanto, a situação se tornou crítica em relação
a rede de esgotamento sanitário que apresentava um valor médio de apenas 10%, muito
abaixo da média nacional, considerada de 62% (ANA, 2007).
Na área dessa bacia, a maior demanda pela água correspondia à atividade de
irrigação (9,225 m3/s) de forma semelhante à posição da média nacional, guardadas as
devidas proporções em termos de volume e percentuais. Esta era seguida pela demanda
urbana (6,695 m3/s), enquanto as demais ordens de posições se diferenciaram das posições
relativas da média nacional, uma vez que a terceira maior demanda correspondeu ao uso
animal (2,673 m3/s), bem abaixo da demanda urbana, enquanto para o uso rural a demanda
ficou na penúltima posição (1,387 m3/s) Esta demanda era seguida do uso industrial que
representou apenas 0,638 m3/s (BRASIL/MMA, 2006), demonstrando um uso da água
irrisório em todos esses setores das atividades econômicas.
Especificamente sobre o uso das águas subterrâneas no Piauí, os estudos indicaram
que até o ano de 1999 só era utilizado pela população cerca de 1% da reserva explotável,
correspondendo a aproximadamente 101 m³/hab/ano. Este volume de água também foi
considerado muito baixo, em relação ao grande potencial de reservas de águas subterrâneas
existente no espaço piauiense.
Com relação aos problemas hidroambientais, uma preocupação fundamental a ser
encarada diz respeito à conservação e preservação dos solos e das águas, buscando prevenir a
geração de problemas subsequentes como o risco à erosão e assoreamentos dos mananciais.
Tendo em vista que esses processos ocorrem de forma inter-relacionada, seus desdobramentos
atingem toda a área da bacia hidrográfica, inclusive o litoral, onde os sedimentos
transportados principalmente pelos processos fluviais vão gerar dunas, ilhas e restingas, em
trabalho conjunto com o mar.
Como forma de identificar os problemas hidroambientais que vêm ocorrendo nas
últimas décadas no espaço piauiense, foram destacados alguns exemplos considerados
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
significativos, tendo por base os conhecimentos adquiridos pela autora ao longo de
pesquisas envolvendo trabalhos de campo.
O vale do rio Gurguéia, muito decantado pelo seu volume de água, potencial
pesqueiro e qualidade dos solos, vem demonstrando redução de sua capacidade produtiva e
queda do volume de água do seu leito, em consequência principalmente das interferências
antrópicas na sua grande bacia mantenedora: os cerrados piauienses. Seu leito está sofrendo
atualmente sério problema de assoreamento, com risco de se tornar um rio temporário.
No alto curso, o seu afluente Paraim tem seu leito descaracterizado pelo efeito da
acumulação de sedimentos em grande extensão de seu curso, acumulação essa intensificada
pela contenção de suas águas com sacos de areia, há pelo menos um século. O objetivo
dessa prática consiste em buscar a manutenção da umidade em maior faixa do vale, para
usos da agricultura e pecuária, conforme relataram proprietários de terras da região
(Entrevistados A e B, 2002; 2010). As consequências deste uso se refletem na redução do
escoamento superficial e também na mudança do nível de base da maior lagoa piauiense que
é alimentada pelo rio Paraim: a Lagoa de Parnaguá. Estas condições de uso associadas à
redução dos índices pluviométricos representaram fatores determinantes para que a lagoa
secasse totalmente em 2015.
Também merece preocupação a questão dos poços perfurados ao longo do vale do
Gurguéia, em sua grande maioria construídos sem planejamento quanto ao seu uso e
destinação e que, ao invés de contribuir para a manutenção do regime do rio, tem se
caracterizado como desperdício da água nessa bacia.
Os rios Piauí e Canindé, que têm suas bacias no clima semiárido piauiense (LIMA,
2004), vêm sofrendo várias interferências danosas, como o barramento de seus leitos que,
além de provocarem o seu assoreamento, modificam os sistemas de erosão em função do
estabelecimento de novos níveis de base locais. Outro fator é a supressão de vegetação ciliar,
que vem contribuindo para a degradação de suas margens, além do mau uso do solo por falta
de práticas conservacionistas adequadas. Também o regime de chuvas do clima semiárido,
por ser altamente concentrado, favorece ainda mais a intensificação dos processos erosivos e
de assoreamento dos seus leitos.
O rio Poti, que tem o médio e o baixo cursos no estado do Piauí, vem
experimentando vários problemas de uso das terras e das suas águas, a semelhança das demais
bacias hidrográficas piauienses. Têm destaque, no entanto, os problemas relacionados à falta
de saneamento, notadamente na área do seu baixo curso, onde se localiza a capital do estado,
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
Teresina. Além da redução da qualidade das águas, nesta área os problemas de inundações são
agravados principalmente pelo grande aporte de sedimentos provocado pelo mau uso do solo
e pela construção de galerias plúvio-fluviais inadequadas (LIMA, 2016).
No rio Longá encontram-se várias barragens construídas ao longo do seu curso e de
seus afluentes, sem planejamento de utilização efetiva de suas águas tendo, assim, pouco
contribuído para a solução dos problemas hidroambientais na sua bacia. Destaque-se que na
desembocadura do rio Longá no rio Parnaíba, próximo à cidade de Buriti dos Lopes, foi
construída uma barragem de terra, para permitir a transposição do rio por pessoas e veículos.
Este fato se repete anualmente após as enchentes, quando esse aterro tem sido levado pelas
águas, aumentando a carga de sedimentos e a presença de grandes depósitos aluviais fixos
no leito do rio Parnaíba, uma vez que nesse trecho o rio não tem competência de transporte
de grandes volumes de sedimentos.
Na bacia do rio Piranji tem maior destaque o rompimento de uma grande barragem
construída em 2009 no leito do rio principal, no município de Cocal, como consequência de
fatores naturais e ações antrópicas. Este desastre provocou sérios danos socioambientais e
econômicos, inclusive com perdas de vidas humanas.
O rio Parnaíba, como eixo receptor dos rios piauienses, a exceção dos rios
litorâneos, recebe em consequência toda a carga de efluentes das cidades, uma vez que toda
a drenagem urbana da área de sua bacia é para ele canalizada, diretamente pelas cidades
ribeirinhas, e indiretamente através dos seus afluentes.
No alto curso do rio Parnaíba foi edificada, na década de 1970, a barragem de Boa
Esperança com a finalidade de gerar energia elétrica, depois incorporada ao sistema nacional
CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). Esta construção proporcionou impacto
socioeconômico positivo ao Piauí, porém trouxe, paralelamente, uma série de problemas tais
como: a inundação de extensa área a montante onde se formou o lago, a alteração do
processo reprodutivo dos peixes e, ainda, a alterado do nível de base local, mudando o
sistema de erosão e promovendo maior deslocamento de carga de sedimentos para o lago da
barragem.
Ao longo dos últimos cinco anos da presente década vem ocorrendo uma alteração
do regime pluviométrico (INMET, 2016) caracterizando o fenômeno das secas nordestinas,
tendo graves consequências para todo o sistema hidrológico e socioeconômico. Na faixa
litorânea, os reflexos desse fenômeno se tornam mais evidentes na redução das vazões dos
rios locais que fez secar importantes mananciais, dentre os quais se encontram as lagoas
LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;
SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
fluviais do Portinho e do Sobradinho. Como consequências diretas as atividades turísticas e
pesqueiras nos trechos do médio e baixo cursos do rio Portinho foram fortemente afetadas.
Constatou-se, ainda, que, além do avanço das dunas móveis sobre os rios litorâneos, dentre
eles o rio Portinho, práticas como o represamento das águas em propriedades particulares e,
ainda, construções de rodovias em vários pontos dos vales, estão contribuindo para alterar os
processos erosivos e a vazão fluvial, se refletindo na redução drástica do espelho d’água
dessas lagoas (Observações de campo, 1984 a 2016; Entrevistado C, 2016).
Como destaca a ANA (2007), a escassez de água decorrente de fatores naturais tem
sido historicamente apontada como um dos principais motivos para o baixo índice de
desenvolvimento econômico e social da região Nordeste, mesmo tendo, no caso do espaço
piauiense, aquíferos regionais que apresentam grande potencial hídrico. Assim, se explotados
de maneira sustentada, estes aquíferos poderiam representar um grande diferencial,
possibilitando a promoção do desenvolvimento econômico e social do Estado do Piauí.

5. CONCLUSÃO

Concluiu-se que as dificuldades encontradas pela sociedade em relação ao acesso e uso


da água no espaço piauiense, não decorrem somente da sua distribuição desigual ou da sua
relativa escassez no espaço e no tempo.
Considerou-se que essas dificuldades decorrem, principalmente, da falta de políticas
públicas voltadas para a gestão da água, porque o sistema de planejamento existente se
restringe ao âmbito burocrático, sem alcance aos usuários, implicando em um gerenciamento
ineficiente dos recursos hídricos no Estado do Piauí.

REFERÊNCIAS

ADERALDO, D. 'Faixa de Gaza do Nordeste' entre Ceará e Piauí abriga 29 mil pessoas. iG
Ceará, 06.04.2012. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/ce/faixa-de-gaza-do-
nordeste-entre-ceara-e-piaui-abriga-29-mil-pess/n1597733875294.html.Acesso em: 25 mai.2015.

ANA -Agência Nacional das Águas. GEO Brasil - Recursos Hídricos. Brasília: ANA/PNUMA,
2007.

BAPTISTA, J. G. Nascentes de um rio. Teresina: Ed. do autor, 1971.

_____. Geografia Física do Piauí. Teresina: Secretaria de Cultura do Piauí, 1974.

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
BARBOSA, E. G. C. B. O Parnaíba: contribuição à história de sua navegação. Teresina:
Fundação Cultural do Piauí-Projeto Petrônio Portela, 1986

BARBOSA JUNIOR, A. R. Escoamento Superficial. In: Elementos de Hidrologia Aplicada [S/d].


Disponível em: https://www.academia.edu/9476587/Elementos_de_Hidrologia_Aplicada. Acesso em:
02.03.2016.

BRASIL. MMA. Secretaria de Recursos Hídricos. Caderno da Região Hidrográfica Parnaíba.


Brasília, nov. 2006. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_publicacao/161_publicacao03032011023605.pdf. Acesso em
10.07.2015.

BRASIL/SUDENE. Levantamento dos recursos naturais da bacia do rio Parnaíba nos estados do
Piauí, Ceará e Maranhão. Recife: SERETE. V.6, 1975.

CABRAL, J. Movimento das águas subterrâneas. In: FEITOSA, F. A. C.; MANOEL FILHO, J.
(coord.). Hidrogeologia: conceitos e aplicações. Fortaleza: CPRM, LABHIM-UFPE, 1997, p. 35-51.

DA COSTA E SILVA. Poesias Completas. São Paulo: Nova Fronteira, 1985.

GANDARA, G. S. Rio Parnaíba... Cidades-beira (1850-1950). Teresina: EDUFPI, 2010.

IBAMA - Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Caderno da Região
Hidrográfica do Parnaíba. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília:
MMA, 2006.

______. Plano de gestão e diagnóstico geoambiental e socioeconômico da APA Delta do


Parnaíba. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Fortaleza: IEPS/UECE,
1998.

INMET - INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Dados climáticos. Disponível em:


http://www.inmet.gov.br/portal. Acesso em: 15 jan.2017.

LEAL, J. M. Inventário Hidrogeológico Básico do Nordeste. Folha n. 8 (Teresina-NE). Recife:


SUDENE-Div. Reprografia. Série Hidrogeologia, n.52, 1977 [escala 1:500.000].

LIMA, I. M. M. F. Relevo do Piauí: uma proposta de classificação. Carta CEPRO. Teresina. v.12
n.2, 1987, p. 55-84. 1987 [texto e mapas]. Disponível em: http://iracildefelima.webnode.com

______. 2 fotografias color digitais. Sul do Estado do Piauí, 2002.

______. Água: recurso natural finito. Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do
Piauí – SEMAR. Teresina, 2002. Disponível em: http://iracildefelima.webnode.com [Texto e mapa].

______. Relevo do Piauí: uma proposta de classificação. Teresina: Carta CEPRO. v.12 n.2,
1987, p. 55-84 [Texto e mapa]. Disponível em: http://iracildefelima.webnode.com/sobre-
piaui/.

______. Morfodinâmica e meio ambiente na porção centro-norte do Piauí, Brasil. 309 f., 2013. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências. Belo Horizonte, MG,
2013. Disponível em: http://iracildefelima.webnode.com/tese-e-dissertacao/

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2
______. Elementos Naturais da Paisagem. In: ARAUJO, J. L.L. Atlas Escolar do Piauí. 2ª. Ed. João
Pessoa: Grafset, 2016, p.39-84.

______. Teresina: o relevo, os rios e a cidade. In: Revista Equador. Teresina: UFPI, V. 5, Nº 3
(Edição Especial 02), Teresina: UFPI, p.375 – 397.

______; ABREU, I. G.; LIMA, M. G. Semi-árido piauiense: Delimitação e Regionalização.


Teresina: Carta CEPRO, v. 18, p. 162-183, 2000. Disponível em:
http://iracildefelima.webnode.com/mapas/.

MMA - Ministério do Meio Ambiente/ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade. Atlas do Corredor Ecológico da Região do Jalapão. Versão digital. Nov. 2011.
Disponível em:
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/downloads/atlasjalapao.pdf. Acesso em:
10 nov.2016.

OLIVEIRA, F. M. Economia do Piauí. Teresina: Fundação Cultural Mons. Chaves, 2004.

PENTEADO, M. M. Fundamentos de Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE, 1983.

PIAUÍ/SEMAR (Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos). Plano Estadual de


Recursos Hídricos: Relatório Síntese. Teresina: SEMAR, 2010.

______. Mapa de Bacias Hidrográficas do Estado do Piauí. Escala 1:1.000.000. Teresina: SEMAR,
2003.

REBOUÇAS, A. C. Águas subterrâneas. In: REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G.


Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. São Paulo. São Paulo: Escrituras,
1999, p. 117-152.

RELATORIO DA COMISSAO DE LIMITES. Ministério do Exército Brasileiro, 1924 [Doc. Arquivo


Público do Piauí]. Acesso em 10.07.2006.

RICCIOPPO, V.; GONZALEZ, C., PEREIRA, R. Vulnerabilidade hidrológica em lagoas costeiras


urbanas: um estudo de caso da lagoa Rodrigo de Freitas-RJ. In: NUNES, R. T. S. Vulnerabilidade
dos recursos hídricos no âmbito regional e urbano. Rio de Janeiro: Interciências, 2011, p. 93-139.

RIVAS, M. P. (Coord.). Macrozoneamento geoambiental da bacia hidrográfica do rio Parnaíba.


Rio de Janeiro: IBGE, 1996 [Série Estudos e Pesquisas em Geociências, n.4].

SALLATI, E.; LEMOS, H. M.; SALATI, E. Água e o desenvolvimento sustentável. In:


REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. Águas doces do Brasil: capital ecológico, uso e
conservação. São Paulo. São Paulo: Escrituras, 1999, p.39-64.

TUNDISI. J. G. Agua no século XXI: enfrentando a escassez. São Paulo: RIMA, 2009.

LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos. In: AQUINO, C. M. S. A.;


SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias
hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2

View publication stats

You might also like