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LAW OF DISASTERS: PUBLIC AND PRIVATE RESPONSIBILITY IN

THE PROTECTION OF HUMAN RIGHTS IN ENVIRONMENTAL


DISASTERS

FERRARI, Flávia Jeane 30


SÉLLOS-KNOERR,Viviane Coêlho de31
SOUZA NETTO, Antonio Evangelista de32
ABSTRACT
Objective: This research aims to examine the construction of Disaster Law, focusing on
the allocation of responsibility to private entities and its correlation with Human Rights,
Business Law, and Environmental Law spheres. The study intends to clarify the emerging
inclusion of human rights, business law, and environmental law as indispensable aspects
within the realm of Disaster Law.
Method: The research adopts a dialectical method, employing bibliographic and
normative analysis to elucidate the integration of human rights, business law, and
environmental law as essential components in Disaster Law. Existing documents from
international agencies and programs that encompass the legal aspects of environmental
disasters will be examined and analyzed to achieve the research objectives. Results: The
analysis will shed light on the premises of Disaster Law in alignment with environmental
rights and human rights. The research seeks to initiate discussions on the development of
a comprehensive legal framework for disasters, encompassing responsibilities of both
public and private entities, with the aim of safeguarding inherent human rights.
Conclusions: The urgent need for discussions on the establishment of Disaster Law,
holding both public and private entities accountable, and ensuring the protection of
human rights justifies the significance of this research. By exploring the interconnections
between Disaster Law, Human Rights, Business Law, and Environmental Law, this study
contributes to the construction of a comprehensive legal framework that addresses the
challenges posed by environmental disasters.
Keywords:
Disaster Law, Human Rights, Environmental Law, Responsibility

30 Mestre em Direito Empresarial e Cidadania pelo Centro Universitário Curitiba UNICURITIBA,


(Brasil). Professora Universitária. Professora Conteudista. Assessora Jurídica-Administrativa na
Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Revisora da Revista Gralha Azul
Periódico Científico da Escola Judicial do Paraná. Registro ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
3990-7633. Email: flaviajeane.ferrari@hotmail.com
31 Doutora em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -PUC, São
Paulo, (Brasil). É advogada. Professora e Coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em
Direito Empresarial e Cidadania do Centro Universitário Curitiba / UNICURITIBA. Realizou
estágio Pós-Doutoral na Universidade de Coimbra (2015/2016). ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-0775-2267
32 Juiz de Direito Titular de Entrância Final do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Diretor-
Geral do Fórum. Juiz Eleitoral Titular da 69ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do
Paraná. Diretor do Fórum Eleitoral. Pós-doutor em Direito pela Universidade de Salamanca -
Espanha. Pós-doutor em Direito pela Universitá degli Studi di Messina - Itália. Pós-doutor em
Direito pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA) - Brasil. Comendador da Ordem do
Mérito Cívico e Cultural - SBHM. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8000-7840. E-mail:
aesn@tjpr.jus.br

Lifestyle Journal | São Paulo (SP) | VOL. 10 | e01551 | pag: 01-17 | Jan-Dec | 2023.
Ferrari, F. J., Séllos-Knoerr, V. C. de, & Souza Netto, A. E. de. (2023). Disaster Rights: Public and
Private Responsibility in Safeguarding Human Rights during Environmental Disasters

DIREITO DAS CATÁSTROFES: RESPONSABILIDADE PÚBLICA E PRIVADA NA


PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM DESASTRES AMBIENTAIS

RESUMO

Os seres humanos e a natureza sempre compartilharam uma relação inerente. Tal relação, que a
princípio limitava-se ao fator de subsistência, atualmente se envereda para a exploração
exacerbada de recursos naturais até exauri- los ou inutilizá-los. Dentre as consequências dessa
crise, as catástrofes ambientais figuram como uma das mais notáveis. Compreender o atual
contexto da construção do Direito dos Desastres, com ênfase na imposição de responsabilidade
a entes privados, na sua vinculação com as esferas dos Direitos Humanos, Direito Empresarial e
do Direito Ambiental. Para o desenvolvimento desta pesquisa, recorrer-se-á ao método
dialético, constituído por meio de análises bibliográficas e normativas com vistas a esclarecer
a emergência da inclusão dos direitos humanos, direito empesrial e direito ambiental como
pautas indispensáveis ao direito dos desastres. Para a satisfação dos objetivos propostos serão
apresentados e analisados aspectos dos documentos de agências e programas internacionais já
existentes que abrangem o sentido jurídico das catástrofes ambientais. A proposta pretende
elucidar as premissas do direito de desastres em consonância com os direitos ambientais e direitos
humanos. Assim, a necessidade de discussões acerca da construção de um Direito voltado aos
desastres, vinculando responsabilidades a entes públicos e privados, sob a perspectiva da
garantia dos direitos inerentes à pessoa humana justificam a proposta deste trabalho.

Palavras-chave: Catástrofes. Direito Ambiental. Direito Empresarial. Direitos Humanos.


Responsabilidade.

Received on: May/06/2023


Approved on: July/24/2023
DOI: https://doi.org/10.19141/2237-3756.lifestyle.v10.n00.pe01551

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Private Responsibility in Safeguarding Human Rights during Environmental Disasters

INTRODUÇÃO

Os seres humanos e a natureza sempre compartilharam uma relação inerente. Tal


relação, que a princípio limitava-se ao fator de subsistência, atualmente se envereda para a
exploração exacerbada de recursos naturais até exauri-los ou inutilizá-los. Dentre as
consequências dessa crise, as catástrofes ambientais figuram como uma das mais notáveis.
A recorrência desses eventos vem se elevando e tomando proporções preocupantes nas
últimas décadas, acompanhados pelo avanço econômico estimulado pelo consumismo e o
aumento populacional, o que demanda maior produção e necessidade cada vez maior de
recursos naturais (MARTINE, 2019, p. 1-30).
Sejam provocadas pela própria natureza ou pela intervenção desregulada do poder
econômico, empresas e corporações, as catástrofes ambientais suscitam vítimas em maior ou
menor escala, tendo efeitos que podem prolongar-se por longos períodos. Apesar de serem
eventos que atingem a coletividade de determinada região, as implicações de uma catástrofe
ambiental têm intensidades diversas de acordo com as camadas sociais atingidas. Logo, “os
grupos mais vulneráveis [...] especialmente os mais desfavoráveis economicamente,
apresentam maior dificuldade para enfrentar os desastres, nas diferentes dimensões da vida em
que são impactados” (FURTADO, 2014, p.12).

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Private Responsibility in Safeguarding Human Rights during Environmental Disasters

Apesar dessa evidente relação entre o fator humano e as catástrofes naturais, pouco se detém
sobre a proteção da vida e dos direitos fundamentais dos indivíduos atingidos pelos desastres e as
escassas normas internacionais existentes são fragmentadas, limitando a proteção e a assistência das
vítimas, especialmente daquelas em condição de vulnerabilidade e/ou refugiadas ambientais.
Outro fator bastante preocupante reside na dificuldade de vincular responsabilidades
entre as atividades econômicas, as organizações e os direitos humanos, quando da ocorrência
de desastres. Ora, se a busca pelo lucro é um dos maiores vetores da degradação ambiental,
convém atribuir responsabilidade também às empresas no que se refere à proteção dos direitos
fundamentais das vítimas desses desastres ambientais.
Assim, a necessidade de discussões acerca da construção de um Direito voltado aos
desastres, vinculando responsabilidades a entes públicos e privados, sob a perspectiva da
garantia dos direitos inerentes à pessoa humana justificam a proposta deste trabalho.

1 PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM DESASTRES AMBIENTAIS

A dinâmica social e econômica hodiernamente avança baseada em princípios de


produção e exploração econômica insustentáveis, o que possui uma grande parcela de
contribuição para a iminência de catástrofes ambientais. Diante da ainda escassa presença do
direito no contexto de desastres, especialmente no que se refere à responsabilidade de
organizações privadas quanto aos direitos fundamentais e às pessoas atingidas, de que forma
é possível garantir e efetivar os direitos humanos das vítimas de catástrofes ambientais?
Embora haja alguns mecanismos jurídicos relacionados a desastres, estes enfocam nos
procedimentos jurídicos e econômicos a serem disponibilizados, sem mencionar sequer ações
relacionadas ao amparo e garantia dos direitos das pessoas que enfrentam esse cenário de
catástrofe, bem como entidades públicas e privadas a serem implicadas. Nesse sentido, a
hipótese levantada aponta a inserção dos direitos humanos junto ao direito de desastres como
uma possibilidade de avançar na garantia e efetivação dos direitos das pessoas em situações
extremas, especialmente daquelas em condição de vulnerabilidade.

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2 CATASTROFES AMBIENTAIS E O DIREITO DOS DESASTRES

As catástrofes naturais sofridas sejam pela ação da natureza ou pela ação do homem,
causam grandes preocupações e nesse sentido visa, compreender o atual contexto da
construção do Direito dos Desastres, com ênfase na imposição de responsabilidade a entes
privados, na sua vinculação com as esferas dos Direitos Humanos, Direito Empresarial e do
Direito Ambiental.
Nesse sentido, os objetivos específicos da presente pesquisa é elucidar as características
gerais das catástrofes ambientais juntamente com suas causas multifatoriais e implicações;
analisar as catástrofes ambientais em contraste com as ações antropogênicas, definindo
eventuais conexões entre esses eventos e os danos ambientais praticados a partir do sistema
econômico e social instaurados; delimitar a atual condição e o papel desempenhado pelo
Direito em relação às catástrofes ambientais, inclusive no âmbito jurídico Internacional;
estabelecer as conexões entre os direitos humanos e ambientais, entes privados e o emergente
direito dos desastres.

3 DIREITO DOS DESASTRES COM ÊNFASE NOS DIREITOS HUMANOS, DIREITO


EMPRESARIAL E DIREITO AMBIENTAL

Para o desenvolvimento desta pesquisa, recorrer-se-á ao método dialético, constituído


por meio de análises bibliográficas e normativas com vistas a esclarecer a emergência da inclusão
dos direitos humanos e direito ambiental como pautas indispensáveis ao direito dos desastres.
Para a satisfação dos objetivos propostos serão apresentados e analisados aspectos dos
documentos de agências e programas internacionais já existentes que abrangem o sentido
jurídico das catástrofes ambientais.
Serão expostos e discutidos ainda relatórios e artigos científicos relacionados às
mudanças climáticas e ao crescente de ocorrências de catástrofes ambientais em todo o planeta,
explorando assim as causas desses eventos e sua abrangência humana, econômica, social e
cultural. Também serão utilizadas dissertações e teses com pertinência para a temática em
foco, com o fim de construir uma discussão coesa acerca da problemática explorada. A
proposta pretende elucidar as premissas do direito de desastres em consonância com os direitos
ambientais e direitos humanos.

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4 DIREITO DAS CATÁSTROFES: RESPONSABILIDADE PÚBLICA E PRIVADA

Os Direitos Humanos, como estabelecidos hoje, encontram raízes no decorrer de toda a


história da humanidade, dentre suas mais diversas religiões, culturas e civilizações. Contudo, com o
avanço do liberalismo econômico e político a partir de meados do século XIX, injustiças sociais se
multiplicaram, especialmente no campo trabalhista, o que ocasionou reinvindicações que
culminaram, em 1848, na Declaração de Direitos da Constituição da França (PORTELA, 2017).
A referida declaração foi um importante marco tanto no que se refere aos diretos dos
trabalhadores como em relação à assistência das pessoas em condições de vulnerabilidade,
como desempregados, idosos, doentes e crianças sem amparo familiar. Com o surgimento do
Direito Humanitário, estabelecem- se as bases do Direito Internacional, que ganha ênfase a
partir a preocupação crescente com os conflitos armados em larga escala, especialmente a
Primeira Guerra Mundial. Com esse conflito e suas consequências, surgem as primeiras
organizações voltadas ao estabelecimento de condições mínimas de qualidade de vida e trabalho
(PORTELA, 2017).
Contudo, apenas a partir do desfecho catastrófico da Segunda Grande Guerra que os
Direitos Humanos ganham de fato atenção mundial, culminando na Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 (COMPARATO, 2015). Enquanto uma resolução da Organização das
Nações Unidas (ONU), a Declaração não tinha caráter imperativo, mas à medida que normas
jurídicas nacionais e internacionais são fundamentadas em seus princípios, “os direitos
humanos ganham força vinculante, tornando-se modelos de conduta obrigatórios para o Estado
e para todos os membros da sociedade e cuja inobservância enseja a possibilidade de sanções”
(PORTELA, 2017, p. 845).
Não obstante, Comparato avigora a relevância que teve a resolução da ONU de 1948:

[...] Inegavelmente, a Declaração Universal de 1948 representa a


culminância de um processo ético que [...] levou ao reconhecimento da
igualdade essencial de todo ser humano em sua dignidade de pessoa, isto
é, como fonte de todos os valores, independentemente das diferenças
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição [...]. E esse
reconhecimento universal da igualdade humana só foi possível
quando, ao término da mais desumanizadora guerra de toda a História,
percebeu-se que a ideia de superioridade de uma raça, de uma classe
social, de uma cultura ou de uma religião, sobre todas as demais, põe
em risco a própria sobrevivência da humanidade. (COMPARATO,

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2015, p. 240)

Reconhecida a dignidade da pessoa humana, os direitos humanos atualmente são


estabelecidos “como aqueles direitos essenciais para que o ser humano seja tratado com a
dignidade que lhe é inerente e aos quais fazem jus todos os membros da espécie humana, sem
distinção de qualquer espécie” (PORTELA, 2017, p. 832). Vislumbra-se, pois, que o
reconhecimento dos direitos humanos no âmbito universal se deu a partir de catástrofes e
eventos que resultaram em imensurável sofrimento humano, perdas irreparáveis e incontáveis
vítimas. No entanto, em matéria de desastres ambientais – onde o sofrimento e vítimas
humanas também pode ser imensurável – verificam-se ainda lacunas quanto ao vínculo entre
as normativas de catástrofes e a imperativa proteção dos direitos humanos (DENARI; VIEIRA,
p. 143-174, 2014).
Um desastre ambiental apresenta-se como a concretização de um perigo causado por
múltiplos fatores e que leva à perda de vidas humanas, vítimas feridas, além de prejuízos
ambientais e econômicos (DENARI; VIEIRA, p. 143-174, 2014).
Como pondera Jorge Gil Saraiva acerca das causas desses eventos, “em muitos casos,
fatores civilizacionais conjugam-se com vicissitudes ambientais para gerar aquilo que por vezes
se designa de desastre perfeito”, de modo que “as causas naturais e humanas estão de tal forma
interligadas que se torna quase impossível discernir umas de outras” (SARAIVA, 2013, p.
134).
Desse modo, tanto a dinâmica social contemporânea quanto as catástrofes ambientais
encontram-se em um caminho de reciprocidade, onde ao mesmo tempo o modo de existência
humana moderna contribui para a crise climática como também o próprio ser humano se vê
vítima das catástrofes ambientais (CAVEDON; VIEIRA; 2011, p. 179–206).
Acerca da referida crise, Enrique Leff a explana por óticas distintas, dentre as quais o
crescimento populacional diante da limitação dos recursos essenciais à vida disponíveis. Outro
fator de grande relevância para a crise ambiental encontra-se na busca desenfreada pelo lucro,
através de padrões de produção e exploração econômica insustentáveis realizadas por empresas
e organizações, diante dos limites de exploração do planeta (LEFF; CORTEZ; 2001). Nesse
cenário, os ecossistemas naturais vêm entrando em colapso, ocasionando as ditas catástrofes
naturais que, apesar do termo empregado, não se limitam a apenas fatores naturais, mas

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possuem grandes contribuições de fatores antropogênicos33.


Em se tratando de catástrofes ambientais, entende-se um evento que traz perdas
econômicas, ambientais e de vidas humanas, além de deixar vítimas feridas, desabrigadas,
refugiadas etc., logo, é um trauma coletivo, que atinge em alguma medida os indivíduos de
uma determinada área. No entanto, apesar de um desastre ambiental não selecionar suas
vítimas, “é evidente que esses eventos incidem mais fortemente sobre as camadas mais
pobres da população, gerando danos, prejuízos e sofrimentos, difíceis de serem superados
pelos atingidos” (FURTADO, 2014, p. 12).
Nessa esteira, a vulnerabilidade de grupos como mulheres, idosos, crianças, pessoas
portadoras de deficiência e/ou principalmente aqueles indivíduos em condições econômicas
desfavoráveis intensifica ainda mais as dificuldades no enfrentamento das situações impostas por
desastres (FURTADO, 2014, p. 12).
Ao discutir essencialmente o conceito de desastre, Jorge Gil Saraiva destaca a relação
entre a vulnerabilidade dos indivíduos atingidos com o grau de severidade do evento: “a
severidade das perdas depende da vulnerabilidade das populações, mas também da sua
capacidade de resistir quer ao acontecimento quer às suas consequências (resiliência), daí que
a expressão ‘os desastres ocorrem quando os perigos se cruzam com a vulnerabilidade’”
(SARAIVA, 2013, p. 21).
A vulnerabilidade das pessoas junto a sua capacidade de resiliência diante de um cenário de
catástrofe enquadra-se como fatores transversais de grande relevância para a dimensão dos desastres.
Aliado a isso, encontra-se a aí a dimensão dos direitos humanos, visto que pessoas em condições de
vulnerabilidade diante de um desastre ambiental estão ainda mais propensas a sofrer violações dos
seus direitos fundamentais, enquanto necessitam de proteção e amparo. Como bem enfatizam
Fernanda Salles Cavedon e Ricardo Stalziola Vieira:

33
Leff designa essa como uma crise da civilização, ao afirmar: “A degradação ecológica é
a marca de uma crise de civilização, de uma modernidade fundada na racionalidade
econômica e científica como valores supremos do projeto civilizatório da humanidade, que
negou a natureza como fonte de riqueza, suporte de significados sociais e raiz de coevolução
ecológico-cultural” (LEFF, 2004, p. 181).

Os desastres ecológicos, aliados à vulnerabilidade


ambiental, podem engendrar distintas violações de direitos
humanos, em especial o direito à vida – mas não

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unicamente. Direitos humanos econômicos, sociais, civis e


políticos também podem ser comprometidos ante os efeitos
dos desastres ecológicos. Neste sentido, se estabelecem as
relações entre direitos humanos, meio ambiente e pobreza, a
partir da dimensão da justiça ambiental, para então
abordar a questão específica da sua proteção em
situações de desastres ecológicos (CAVEDON; VIEIRA;
2011, p. 187).

Assim ganha significado a afirmação de que “o ser humano não pode ser dissociado das
catástrofes” (VIEIRA; 2021, p. 41), tanto enquanto vítima a ser protegida como enquanto uma
das maiores causas, direta ou indiretamente, desses desastres34.
A esse respeito, é válida a ressalva de que há grande discrepância entre as regiões que
mais contribuem para as alterações climáticas e as regiões mais atingidas pelos efeitos dessa
crise climática. Conforme o último Relatório IPCC de 2022, “os países menos desenvolvidos
do mundo e os estados insulares, que são as principais vítimas dos impactos climáticos,
apresentaram emissões muito menores (cerca de 4%) em relação à média global em 2019”
(IPCC, 2022, p. 13).
Corrobora Flávia Piovesan:
Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas
ambientais está relacionada à pobreza e à exclusão social
(a falta de acesso a moradia, saúde, educação e higiene
adequadas). Já nos países desenvolvidos, os problemas
ambientais são consequência, fundamentalmente, da
industrialização e do desenvolvimento tecnológico.
(PIOVESAN, 2019, p. 83)

Logo, a perspectiva da vulnerabilidade social e econômica dos grupos mais atingidos


pelos desastres ambientais é reforçada, enaltecendo a emergência de ações jurídicas de amparo a
essas pessoas no cenário internacional.
Em matéria do amparo internacional das pessoas em situações de crise, verifica-se
também o aumento nos movimentos migratórios motivados por causas ou catástrofes ambientais.
Nesse sentido, há de se recordar os artigos 14 e 15 da própria Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948 que afirmam que toda pessoa que sofre perseguição em seu país pode buscar

asilo em outro e que toda pessoa tem direito a uma nacionalidade35, respectivamente. Ambos os
artigos abordam a condição de refugiados, termo mais utilizado a partir da criação do Alto

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Comissariado para Refugiados da ONU (ACNUR). Contudo, com o passar dos anos, a definição
convencional de refugiado modificou-se e, diante de crises, desastres ambientais e movimentos
migratórios decorrentes, surge o termo ‘refugiados ambientais’ (PIMENTEL, 2020).
Em relação aos direitos fundamentais desses refugiados ambientais, Flávia Piovesan
é enfática ao afirmar que “qualquer situação de refúgio é por si só reflexo de um grave padrão
de violação aos direitos humanos” (PIOVESAN, 2019, p. 82). Embora haja reconhecimento
do Conselho de Direitos Humanos da ONU que as crises climáticas impactam no exercício dos
direitos fundamentais (PIOVESAN, 2019, p. 82) e exista alguns parâmetros mínimos de
tratamento voltados às pessoas que ficam em seus países ou migram para outros Estados em
decorrência de desastres ambientais, “não há uma legislação específica que proteja essas
pessoas, tanto a nível nacional como internacional” (FURTADO; SILVA; 2014, p. 13).
Em contraste, há a característica da transnacionalidade dos direitos humanos, o
qual, conforme Paulo Henrique Gonçalves Portela, os direitos humanos também são
reconhecidos “por pertencerem à pessoa independentemente de sua nacionalidade ou mesmo
do fato de serem apátridas. A transnacionalidade é corolário da universalidade e da inerência”
(PORTELA; 2017, p. 835).
Aqui verifica-se que as questões ambientais detêm um potencial muito amplo de
interferir ou restringir o pleno exercício dos direitos humanos. Para Carolina de Abreu Batista
Claro, “elas podem infringir diretamente o direito à vida, à saúde, à habitação, à
alimentação, à água, entre outros direitos humanos amplamente consagrados no plano
internacional” (CLARO, 2020, p. 221-241), demandando, portanto, especial atenção e
posicionamento jurídico.
Considerando a natureza imprevisível dos desastres ambientais, aliados à sua maior
recorrência e intensidade devido às condições contemporâneas, vê-se diante de um cenário
caótico onde os grupos mais vulneráveis são os mais prejudicados em todas as dimensões.

34
Foi detectada influência humana no aquecimento da atmosfera e do oceano, em alterações no
ciclo global da água, nas reduções da neve e do gelo, no aumento médio global do nível do mar
e nas alterações em alguns extremos climáticos. Estas evidências da influência humana têm
aumentado desde o AR4. É extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa
dominante do aquecimento observado desde meados do século XX (IPCC, 2013, p. 17).
35
ONU, Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.

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Sob outra perspectiva também, Danielle Anne Pamplona vê a necessidade de estreitar


as relações e responsabilidades entre entidades econômicas privadas e a proteção dos direitos
humanos. A autora reconhece papel muitas vezes determinante das corporações, inclusive no
desenvolvimento dos Estados e suas resoluções e, nesse cenário, defende a busca por
“mecanismos que fortaleçam os Estados para que enfrentem as demandas do poder
econômico de modo coeso e coerente com os compromissos internacionais assumidos em
relação a direitos humanos” (PAMPLONA, 2019, p. 297).
Estender esse entendimento ao plano dos desastres ambientais é pertinente, uma vez
que, ao explorar desenfreadamente recursos naturais em busca de lucro, muitas organizações
expõem populações inteiras à eminência de desastres, direta ou indiretamente, populações
estas que são suscetíveis a terem seus direitos fundamentais violados.
Dessa forma, definir um plano jurídico nesse sentido é imprescindível “porque o
direito tem a função de fornecer estabilidade por meio da normatividade, tanto para evitar
como para responder ao caos trazido pelo desastre, provendo expectativas (regulação) às ações
de antecipação e resposta por meio de instrumentos reguladores” (MANTELLI, 2018, p. 87).
Nessa perspectiva a ONU, em 2001, criou a Estratégia Internacional das Nações

Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR)36. A iniciativa era centrada em ações


preventivas em detrimento de ações paliativas após um evento desastroso. Periodicamente
a UNISDR encontros globais com a finalidade de definir metas e procedimentos para a
mitigação de desastres (GARDE, 2021).
Dentre esses encontros, destacam-se o de 2005, realizado na província japonesa de
Hyogo, região onde uma década antes um tremor de grande intensidade vitimou cerca de 6 mil
e 400 pessoas. Nessa conferência, foram discutidas formas de “aumentar a resiliência das
nações e comunidades aos desastres e reduzir substancialmente as perdas de vidas, os
prejuízos econômicos e os danos ambientais”. Dessa conferência resultou um plano para a
redução dos riscos de desastres para a próxima década (GARDE, 2021).
A conferência de Sendai, também no Japão, ocorreu em 2015. Na ocasião, foi
reforçado a emergência pela adoção de planos para promover o desenvolvimento sustentável
e a erradicação da pobreza, reforçando ainda a definição prévia de meios para redução de riscos
de desastres, para de fato fornecer proteção às pessoas. Contudo, o encontro foi unânime ao
assumir que os desastres ambientais têm sido mais recorrentes e se ampliam cada vez mais,
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gerando maiores danos especialmente às populações vulneráveis social e economicamente.


Desse modo, o plano de ações elaborado em Sendai para 2015-2030 encontra igualmente
muitos desafios para se concretizar, visto que sua efetivação é interdependente com a
“erradicação da pobreza, melhoria da educação das populações vulneráveis e à redução da
desigualdade social nos países em desenvolvimento” (GARDE, 2021).
Apesar desses esforços no meio internacional para a redução de riscos de desastres, tais
conferências, acordos e documentos não possuem de fato força vinculante, estando ainda
sujeitos à livre opção dos países em adotá- los ou não. Ademais, o fator central aqui discutido
diz respeito à ausência completa, nesses documentos internacionais, de menções à proteção
dos direitos humanos em situações de catástrofe.
No meio interno, é corriqueiro que as disposições legais de alguns países tratem as
situações de desastres como excepcionalidades ou ainda casos de força maior o que, conforme
ponderam Cristiane Denari e Ligia Ribeiro Vieira, abre espaço para que os direitos humanos
sejam relegados a segundo plano diante de eventuais crises (DENARI; VIEIRA; 2014, p. 143-
174).

As autoras completam o cenário, enfatizando:

Há, então, uma falta de atenção, por parte da comunidade


internacional em como as catástrofes podem ser fontes para o
surgimento de direitos para populações atingidas. Ou ainda, como
os desastres de grandes proporções podem ser considerados
geradores de direitos humanos diante da vulnerabilidade
exacerbada que as populações menos protegidas apresentam ao
enfrentarem esses problemas ambientais. Ressalta-se dessa forma,
que a maioria das convenções que tratam da proteção dos Direitos
Humanos se silenciam com relação à situação das pessoas em
momento de catástrofes (DENARI; VIEIRA, 2014, p. 156).

Em se tratando do vínculo das empresas e o compromisso com os direitos


humanos, a Resolução 17/4 de 2011 aprovada no Conselho de Direitos Humanos da ONU
reforçou a responsabilidade delas em não violar os direitos fundamentais, além de prevenir ou
mitigar possíveis danos e impactos prejudiciais no decorrer de suas atividades.

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Do Inglês: United Nations Office for Disaster Risk Reduction – UNISDR.

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Private Responsibility in Safeguarding Human Rights during Environmental Disasters

Com disseminação, no setor econômico, de tendências como a governança ambiental,


social e corporativa (Environmental, Social, and Corporate Governance –
ESG) nos últimos anos, tem-se ampliado a preocupação das organizações em relação
ao seu impacto nos âmbitos ambiental, social e corporativo, isso porque, atualmente, no
mercado inclusive há restrições a empresas que não estão alinhadas com os princípios desta
tríade.
No entanto, Serva e Faria Júnior enfatizam que, num cenário de mudanças climáticas
severas, pandemias, crises e conflitos, é cada vez mais inadiável estabelecer um compromisso
jurídico real de Estados e empresas junto à proteção e efetivação dos direitos humanos, seja em
um contexto geral, seja na eminência de desastres ambientais, especialmente (SERVA, 2022).
Indo além no escopo do tema, Marcelo Kokke ressalta ainda a perspectiva do dano
intergeracional de um desastre ambiental, no sentido de que estas catástrofes têm efeitos que se
prolongam por diversas gerações em uma sociedade, ocasionando traumas, danos e prejuízos
irreparáveis, de modo que a prudência é positivada no empenho jurídico para ações eficazes de
prevenção:
ou seja, a geração de um passivo ambiental de desastre
intergeracional. O passivo de desastre implicará absorção de
recursos financeiros para a recuperação do desastre, implicará a
perda de valor biológico e o comprometimento de valores
econômicos, além de projetar traumas sociais. A recuperação, se e
quando possível, pode atravessar anos, décadas. [...] O
comprometimento dos direitos fundamentais e do meio ambiente
é imensurável quando da ocorrência do desastre. O desastre é causa
de geração de excluídos socioambientais, de dizimação e
comprometimento ecológico, geração de passivo ambiental
intergeracional e, ao mesmo tempo, passa pelo risco da utilização
meramente simbólica na elaboração e implementação de ações
combativas e eficazes dentro das fases próprias do ciclo catastrófico
(KOKKE, 2018, p. 85-86).

Por sua vez, Sidney Guerra assevera a emergência do estabelecimento de um direito


internacional voltado às catástrofes, muito além de documentos sem peso jurídico, de modo
que “sejam criados ou articulados os correspondentes instrumentos, órgãos, definidos os
contornos de atuação não apenas na gestão do risco, mas na proteção dos direitos da pessoa
humana e no fomento e reconstrução de áreas afetadas” (GUERRA, 2017, p. 337).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os seres humanos e a natureza sempre compartilharam uma relação inerente.


Tal relação, que a princípio limitava-se ao fator de subsistência, atualmente se envereda
para a exploração exacerbada de recursos naturais até exauri-los ou inutilizá-los. Dentre
as consequências dessa crise, as catástrofes ambientais figuram como uma das mais
notáveis.
A recorrência desses eventos vem se elevando e tomando proporções
preocupantes nas últimas décadas, acompanhados pelo avanço econômico estimulado
pelo consumismo e o aumento populacional, o que demanda maior produção e
necessidade cada vez maior de recursos naturais (MARTINE, 2019, p. 1-30).
Sejam provocadas pela própria natureza ou pela intervenção desregulada do
poder econômico, empresas e corporações, as catástrofes ambientais suscitam vítimas
em maior ou menor escala, tendo efeitos que podem prolongar-se por longos
períodos. Apesar de serem eventos que atingem a coletividade de determinada
região, as implicações de uma catástrofe ambiental têm intensidades diversas de
acordo com as camadas sociais atingidas. Logo, “os grupos mais vulneráveis [...]
especialmente os mais desfavoráveis economicamente, apresentam maior dificuldade
para enfrentar os desastres, nas diferentes dimensões da vida em que são impactados”
(FURTADO, 2014, p.12).
Apesar dessa evidente relação entre o fator humano e as catástrofes naturais, pouco
se detém sobre a proteção da vida e dos direitos fundamentais dos indivíduos atingidos pelos
desastres e as escassas normas internacionais existentes são fragmentadas, limitando a
proteção e a assistência das vítimas, especialmente daquelas em condição de
vulnerabilidade e/ou refugiadas ambientais.
Outro fator bastante preocupante reside na dificuldade de vincular
responsabilidades entre as atividades econômicas, as organizações e os direitos
humanos, quando da ocorrência de desastres. Ora, se a busca pelo lucro é um dos

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Private Responsibility in Safeguarding Human Rights during Environmental Disasters

maiores vetores da degradação ambiental, convém atribuir responsabilidade também às


empresas no que se refere à proteção dos direitos fundamentais das vítimas desses
desastres ambientais.
Assim, a necessidade de discussões acerca da construção de um Direito voltado
aos desastres, vinculando responsabilidades a entes públicos e privados, sob a
perspectiva da garantia dos direitos inerentes à pessoa humana justificam a proposta
deste trabalho.
Portanto, desvinculando-se da mera noção dos prejuízos econômicos e
estruturais de um desastre ambiental e elencando como item central o fator humano,
especialmente dos grupos vulneráveis, encontra-se, assim sendo, o vínculo tão
necessário entre o direito dos desastres, organizações privadas e os direitos humanos no
contexto das catástrofes ambientais, como meio possível de responsabilização e assim
efetivar tais direitos diante de calamidades.

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