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Quimica Geral e Orgãnica
Quimica Geral e Orgãnica
Unicesumar
QUÍMICA GERAL E
ORGÂNICA
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APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Preparamos este livro com o intuito de apresentar os conceitos básicos da Química Geral
e Orgânica. Em todos os assuntos tratados, temos como objetivo primordial de formar a
base do conhecimento que nos permitirá entender conteúdos mais complexos de nos-
so curso. E para auxiliar no desenvolvimento, trazemos uma relação entre os conceitos
estudados e as aplicações do cotidiano e para as áreas de biológicas.
Nosso curso começa descrevendo como a matéria é formada, suas partículas, os modelos
atômicos que nos explicam, quais saltos quânticos podem desprender energia para o meio,
o processo que ocorre, por exemplo, na fotossíntese ou na respiração celular. Ainda nesta
análise de caráter microscópica entenderemos que as reações químicas só são possíveis de-
vido ao ganho ou à perda de elétrons, e que estas reações permitem que sejam produzidos
alimentos, medicamentos, entre outros elementos importantes para a sociedade.
Em seguida, entenderemos que as transformações químicas podem ser evidenciadas
pela mudança da coloração, do aroma, do sabor, entre outras características visuais. Per-
ceberemos que também na química a lei da conservação das massas é válida, nos per-
mitindo balancear equações químicas e prever a quantidade de reagentes consumidos
e produtos produzidos.
Vislumbraremos compostos que possuem propriedades e características semelhantes, as
funções orgânicas e inorgânicas. Essas funções nos permitem prever o comportamento
destes compostos em diversas situações. Por exemplo, em um acidente ambiental com
caráter ácido, perceberemos que o solo, mananciais, rios, poderão ter seu pH alterado, que
pode gerar prejuízos a fauna e a flora, se não forem adotadas medidas corretivas, reações
químicas neutralizantes para barrar o caráter ácido deste meio contaminado.
Entenderemos que as transformações químicas podem gerar produtos diferentes, aque-
les que temos o interesse e outros que não se há interesse, chamados de subprodutos.
Perceberemos a necessidade de conhecer as principais técnicas de separação que são
empregadas no laboratório, permitindo separar estes compostos muitas vezes com o
uso de suas propriedades físicas.
Por fim, e não menos importante, estudaremos alguns conceitos importantes a serem
empregados durante o trabalho com produtos químicos e os cuidados que são reque-
ridos no trabalho em um laboratório de química. O conteúdo deste livro foi distribuído
em função de sua importância no aprendizado dos futuros profissionais que atuarão
nos mais variados segmentos.
Convidamos você a participar desta experiência no conhecimento das Química e suas
aplicações. Para tanto, integraremos ciências como a matemática, a física e a biologia,
ou seja, são conteúdos complementares. E durante nossos estudos vamos manter em
mente que na vida o conhecimento nunca se perde, ele se transforma!
08
SUMÁRIO
UNIDADE I
13 Introdução
14 Modelos Atômicos
53 Considerações Finais
60 Referências
61 Gabarito
UNIDADE II
67 Introdução
97 Funções Inorgânicas
123 Referências
124 Gabarito
09
SUMÁRIO
UNIDADE III
FUNÇÕES ORGÂNICAS
131 Introdução
159 Referências
160 Gabarito
UNIDADE IV
162 Introdução
165 Isomeria
198 Referências
199 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE V
202 Introdução
244 Referências
245 Gabarito
247 CONCLUSÃO
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi
ÁTOMOS: O MUNDO
I
UNIDADE
QUÂNTICO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender os Modelos atômicos.
■ Estudar os Números atômicos e Números de massa.
■ Enfocar Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica.
■ Estudar Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico.
■ Compreender a Distribuição eletrônica e Tabela periódica.
■ Estudar as Ligações químicas e Geometria molecular.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Modelos atômicos
■ Números atômicos e números de massa
■ Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica
■ Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico
■ Distribuição eletrônica e Tabela periódica
■ Ligações químicas e Geometria molecular
13
INTRODUÇÃO
Introdução
14 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MODELOS ATÔMICOS
Modelos Atômicos
16 UNIDADE I
Assim, a grande evolução do modelo de Dalton para Thomson foi que Dalton
não considerou a existência de partículas elétricas em seu modelo de átomo indi-
visível, enquanto que Thomson, por meio da eletricidade, provou que existiam
partículas menores que o átomo: o elétron.
Então, para explicar todo o seu experimento, Thomson propôs, em 1903,
o seu novo modelo de átomo, que era formado por uma “pasta” de carga posi-
tiva que era recheada superficialmente pelos elétrons, com carga negativa. A
interação entre estes dois elementos garantia a neutralidade elétrica do modelo
atômico. Devido a explicação fornecida, o modelo ficou conhecido como “Pudim
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Passas”, e desta forma, os cientistas passaram a reconhecer que o átomo era
divisível em entidades menores, ao passo que reconheceram a natureza elétrica
destes elementos. Temos no Material Complementar um vídeo interessante sobre
tal experimento de Thomson, recomendo que acompanhem.
Uma extensão da experiência de Thomson foi a experiência de Eugen
Goldstein, em 1886, que modificou a ampola e descobriu os raios anôdicos.
Estes raios seriam o material que “restou” dos átomos sem elétrons, e por não
conterem elétrons, ficam com a carga positiva, sendo desviadas para determi-
nada direção na presença de um campo elétrico (FELTRE, 2004).
Os campos elétricos são regiões no espaço, como regiões entre placas me-
tálicas eletricamente carregada, que contêm em uma extremidade uma alta
concentração de partículas negativas (elétrons), e na outra, pouca ausência
destas cargas, adquirindo o caráter positivo. Um elétron, que possui carga
negativa, posicionado em um campo elétrico, vai em direção do polo posi-
tivo do campo.
Algo semelhante acontece na atração de imãs eletromagnéticos, atração
entre cargas de diferentes sinais, que possuem diferentes quantidades de
elétrons distribuídas em sua superfície.
Fonte: os autores.
Modelos Atômicos
18 UNIDADE I
Próton
Nêutron
Elétron
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 – Modelo atômico de Rutherford
Fonte: De Boni e Goldani (2007).
Caros(as) alunos(as), não criemos pânico! Só queremos ter uma leve compre-
ensão do modelo que temos hoje que embasa o conhecimento sobre os átomos.
E podemos nos perguntar: por que estudar isso? Desejamos um conhecimento
superficial sobre isso, pois, agora, estes conceitos estão pulsando em seu corpo,
determinando quais moléculas seu organismo vai absorver, quais reações irão
acontecer que poderão liberar a energia responsável pela vida!
Então, continuando, sabemos que as partículas presentes no átomo são regi-
das pela mecânica quântica, e que Bohr foi que adentrou nestes conceitos, certo?
Mas Bohr, não foi contra o que Rutherford postulou, ele complementou o modelo
com a luz dos conhecimentos da mecânica quântica. Por meio de seus estudos,
utilizando espectros eletromagnéticos, ele foi capaz de provar que os átomos
disponibilizam níveis de energia para o elétron, ou seja, a energia de um elétron
em um átomo é quantizada, o que posteriormente foi denominada de níveis de
energia. E essa questão não é tão distante de nossa realidade. Se lembram, do
Ensino Médio, o diagrama de Linus Pauling, níveis de energia, camadas K, L,
M etc.? Essa teoria está relacionada a isso, que a depender de onde o elétron se
encontra, ele possui um nível de energia, que permite com que ele faça um tipo
Modelos Atômicos
20 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Núcleo formado por
prótons e nêutrons
Número de massa
A
Z X ou Z XA Número atômico
Figura 3 – Representação do átomo
Fonte: Bigatão (2016).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
14
tação é 6 C . Nesta representação, percebemos que este átomo tem 6 prótons, 6
elétrons, número de massa 14, e consequentemente, 8 nêutrons (14-6) (BROWN
et al., 2016). Neste caso citado, em que temos o mesmo átomo com diferentes
números de massa, denominamos na química de isótopos, ou seja, elementos
com mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa.
É importante salientar que os isótopos de um determinado elemento são
quimicamente semelhantes, mas podem conter propriedades físicas diferentes.
Por exemplo, no caso de um outro isótopo do átomo hidrogênio, temos o pró-
1 2 2
prio Hidrogênio H , e o Deutério, H ou D . Ambos têm um próton e um
elétron, diferindo em relação ao número de nêutrons, e, consequentemente, no
número de massa. Conforme afirmado, eles têm propriedades químicas seme-
lhantes, reagem com o oxigênio, formando água, mas têm propriedades físicas
diferentes, o hidrogênio forma a água comum ( H 2O ), de densidade igual a
1, 0 g / mL, enquanto o deutério forma a chamada água pesada ( D2O ), pois
tem densidade igual a 1, 1 g / mL (BIGATAO, 2016; RUSSEL, 1982). A seguir
temos esquematizado os isótopos dos átomos de hidrogênio (H) e hélio (He).
É demonstrando seu modelo atômico simplificado, em que as partículas pretas
presentes no núcleo são os prótons, as partículas brancas, também presentes no
núcleo, os nêutrons, e a região azul escura e azul clara que englobam o núcleo é
onde circulam os elétrons, na eletrosfera:
1
1 H 2
1 H = Deuterium 3
1 H = Tritium
3
2 He 4
2 He 5
2 He 6
2 He
Figura 4 – Isótopos dos átomos hidrogênio e hélio
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos quí-
micos diferentes, mas que possuem o mesmo número de massa (A)” (BIGATAO,
2016, p. 20). A exemplo destes casos temos “[...] o Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e
Potássio (K, A=40 e Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas dife-
rentes” (BIGATAO, 2016).
Isótonos são átomos de diferentes elementos químicos, com diferentes
números de prótons, diferentes números de massa, porém com mesmo
número de nêutrons (N). Os isótonos possuem propriedades químicas
e físicas diferentes, como por exemplo, Cloro e Cálcio.
MASSA ATÔMICA
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NÍVEIS E SUBNÍVEIS DE ENERGIA DO MODELO
ATÔMICO E ORBITAL ATÔMICO
ela está presa na árvore, ela tem uma energia potencial muito grande, dada
pela altura e também pela gravidade. Se ela desprender da árvore, a energia
potencial se transforma em energia de movimento, aumentando sua veloci-
dade de queda, até o ponto em que ela atinge o chão, quando sua energia
potencial é mínima, e energia cinética é máxima (antes do impacto).
Neste exemplo, vimos a energia potencial gravitacional. No caso dos elé-
trons, é a energia potencial elétrica, pois eles são atraídos pelos prótons
positivos existentes no núcleo. Assim, a diferença de cargas entre elétrons
e prótons gera uma atração, e, consequentemente, uma energia potencial.
Assim como no caso da maçã, quanto mais distante eles estão do núcleo,
maior sua energia potencial, ou seja, as camadas externas têm maior ener-
gia potencial.
Fonte: os autores.
Quanto mais próxima do núcleo está uma camada, seus elétrons per-
manecem mais atraídos pelo núcleo e adquirem menor energia. Por
outro lado, os elétrons das camadas mais afastadas são menos atraídos
pelo núcleo, adquirindo maior energia potencial. Assim, os elétrons da
camada K (n = 1) possuem a menor energia, enquanto a camada Q (n =
7) possui os elétrons de maior energia (BIGATÃO, 2016, p. 20).
2 8 18 32 32 18 2
K
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
L
M M O P Q
Figura 5 – Camadas de energia ao redor do núcleo
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Os elétrons podem receber energia externa, como calor, luz, ficar excitados e
saltar para uma camada subsequente, que comporta uma maior quantidade de
energia. Quando ele retorna para sua camada original, a energia extra armaze-
nada é perdida em uma radiação em forma de luz (BIGATÃO, 2019).
Dentro de cada camada destas, existem subcamadas, também classificadas
pela quantidade de energia que possa armazenar, e onde permanecem um certo
número de elétrons. São elas as camadas s, p, d, f. No subnível s pode haver até
2 elétrons, enquanto no subnível p até 6 elétrons; no subnível d até 10 elétrons; e
no subnível f até 14 elétrons, que são objetivos de nosso próximo tópico.
Célula
Respiração celular
Mitocôndria
Ácido Dióxido de
ATP Glicose pirúvico Carbono
Citoplasma
1. Glicolise
NADH Água
3.
2. Ciclo Transporte
de Krebs
NADH
eletrônico
Comida
ATP ATP
Oxigênio
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DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E TABELA PERIÓDICA
DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA
n=7 7s 7p
n=6 6s 6p 6d
n=5 5s 5p 5d 5f
n=4 4s 4p 4d 4f
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
n=3 3s 3p 3d
n=2 2s 2p
n=1 1s
s p d f
Figura 8 – Diagrama de Linus Pauling
Fonte: adaptada de Russel (1982).
TABELA PERIÓDICA
XIX, foi realizado um esforço entre os cientistas para estabelecer alguma perio-
dicidade ou classificação destes elementos. Estes esforços culminaram no
desenvolvimento da tabela periódica, em 1869 (BROWN et al. 2016), tendo
destaque os trabalhos de Lothar Meyer e Dmitri Mendeleev. O princípio básico
da tabela periódica foi agrupar elementos que possuíam certa semelhança, ou
periodicidade, daí seu nome. Por exemplo, os elementos lítio (Li), sódio (Na) e
potássio (K) todos se encontram em um mesmo grupo, a apresentam a caracte-
rística de serem metais macios e muito reativos.
Os elementos são dispostos na tabela em ordem crescente de número atô-
mico. As linhas horizontais são chamadas “períodos”, e são numerados de 1 a 7,
usando algarismos arábicos. Já as colunas verticais são denominadas de “gru-
pos” ou “famílias”, e cada um representa uma “família de elementos”, sendo
representados por números romanos (I a VIII), ou arábicos (1 a 8, seguidos de
A ou B). Estes grupos correspondem ao Grupo 1A (Metais alcalinos), Grupo 2A
(Metais alcalinos terrosos), Grupo 3A (Família do Boro), Grupo 4A (Família do
Carbono), Grupo 5A (Família do Nitrogênio), Grupo 6A (Calcogênios), Grupo
7A (Halogênios) e 8ª (Gases Nobres) (BIGATÃO, 2016).
Os elementos pertencentes aos subgrupos são denominados elementos
de transição e são todos metais. Os elementos pertencentes ao grupo
IIIB nos períodos 6 e 7 representam os elementos de transição interna,
e são chamados lantanídeos e actinídeos, respectivamente. Todos os
outros metais de transição são chamados elementos de transição exter-
na (BIGATÃO, 2016, p. 32).
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Figura 9 – Tabela Periódica
ATENÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sabia que temos elementos químicos que não são naturais, presentes na
tabela periódica?
Podemos destacar, dentre estes elementos, dois situados antes do urânio
(92U), denominados elementos cisurânicos, representados pelo tecnécio
(43Tc) e o promécio (61Pm). Os demais elementos artificiais, por estarem
localizados depois do urânio, são chamados elementos transurânicos.
Fonte: Feltre (2004).
ATENÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veja que interessante: todos os elementos deste grupo 6A terminam com a confi-
4
guração p . Ainda, o oxigênio pertence ao período 2, e sua camada de valência
é a segunda. O enxofre pertence ao período 3, e sua camada de valência é a ter-
ceira. O selênio pertence ao período 4, e sua camada de valência é a quarta.
As semelhanças não finalizam por aí, vejamos a quantidade de elétrons pre-
sentes na camada de valência. Como fazer isso? Basta somarmos a quantidade
de elétrons presentes na última camada, assim:
O = 4+2 = 6
S = 4+2 = 6
Se = 4 + 2 = 6
vimos também que cada período nos informa qual o número da última camada
(número quântico principal) ou camada de valência. Como exercício, sugiro que
façam a distribuição para outras famílias da tabela periódica para confirmarem
estas “coincidências”.
A seguir destacamos uma outra coincidência ou periodicidade da tabela
periódica, vejam na figura:
1A 8A
1s1 2A 3A 4A 5A 6A 7A 1s1
s d p
2s1 2s2 2p1 2p2 2p3 2p4 2p5 2p6
s 3s
3s1 3s2 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 3p1 3p2 3p 3p3 3p
3p4 3p5 3p6
4s1 4
4s2 3d1 3d2 3d3 3d4 3d5 3d
3d6 3d7 3d8 3d9 3d10 4p1 4p22 4p3
4 4p4p4 4
4p5 4p6
5s
5s1 5s2 4d1 4d2 4d3 4d4
d4 4d5 4d
4d6 4d7 4d8 4d9 4d10 5p1 5p22 5p
5p3 5p4 5p5 5p6
6s1 6s2 4f 5d2 5d3 5d
5d4 5d5 5d
5d6 5d7 5d8 5d9 5d10 6p1 6p22 6
6p3 6p4 6p5 6p6
d4 6d5 6d
7s1 7s2 5f 6d2 6d3 6d4 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10
f
4f1 4f2 4f3 4f4 4f5 4f6 4
4f7 4f8 4f9 4f10 4f11 4f12 4f13 4f14 5d1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
QUÍMICOS
Raio atômico
Raio atômico
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Eletronegatividade
Eletronegatividade
Eletropositividade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Eletropositividade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên-
cia dos elétrons em formar pares.
Os demais elementos presentes na tabela não existem no formato isolado e
precisam realizar ligações químicas para atingir a estabilidade. O tipo desta liga-
ção química vai depender da natureza das configurações químicas dos átomos
que participam da ligação (BIGATÃO, 2016), que são influenciados por dois
fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên-
cia dos elétrons em formar pares.
Então, durante as ligações químicas, os átomos envolvidos a fim de adquirir
a estabilidade podem doar seus elétrons, receber elétrons e até mesmo compar-
tilhar elétrons entre si, e a depender da forma como ocorre, teremos um tipo
específico de ligação, que iremos tratar a seguir.
LIGAÇÃO IÔNICA
A ligação iônica ocorre entre elementos que possuem cargas elétricas opostas,
chamados de cátions (carga positiva) e ânions (carga negativa), geralmente, obti-
das entre metais e não metais. Os metais têm grande tendência a perder elétrons,
pois são bastante eletropositivos (lembre-se das propriedades da nossa tabela peri-
ódica), e quando perdem elétrons, ficam desbalanceados em termos do número
de cargas positivas e negativas, ou seja, ficam com um menor número de car-
gas elétricas negativas, obtendo um caráter positivo, formando um íon positivo
+
conhecido como cátion, por exemplo, o Na , que é um cátion do átomo sódio.
11
Na − 1s2 2 s2 2 p6 3s1.
17
Cl − 1s 2 2 s2 2 p6 3s 2 3 p5 .
−
precisa ganhar 1 elétron para adquirir a estabilidade e sua representação é Cl .
Nesta condição destes dois átomos, o sódio necessitando doar 1 elétron, e o
cloreto necessitando ganhar 1 elétron, eles realizam uma ligação do tipo iônica,
que é quando há doação de elétrons de um elemento para o outro e formam o
composto NaCl , chamado de cloreto de sódio.
No sólido do tipo iônico formado NaCl , que é chamado de cloreto de
sódio, os íons sódio e cloreto estão organizados nas três dimensões, conforme
+ −
representação a seguir, onde cada Na tem seis Cl que estão próximos e, de
− +
maneira análoga, cada Cl está próximo de seis Na . Tridimensionalmente, a
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estrutura originada demonstra um retículo cristalino.
Na
+
Mg 2+ Cl1-
Figura 15 – Regra
Fonte: os autores.
Ou seja, a carga do ânion desce como a quantidade de cátions que serão neces-
sários, no caso 1, não precisa representar, e a carga do cátion desce como a
quantidade de ânions que serão necessários, no caso, 2.
Para aniquilar com todas as dúvidas vamos para mais um exemplo, reação
entre o alumínio ( 13 Al ) e o oxigênio ( 8 O ). O alumínio (metal) está na família
3A, precisa perder 3 elétrons: Al 3+ , cátion alumínio. O oxigênio (não metal)
está na família 6A, precisa ganhar 2 elétrons: O2− , ânion óxido. Temos um ele-
mento querendo doar, outro querendo receber, ou ainda, uma reação entre um
metal e um não metal, então, teremos uma ligação do tipo iônica:
Al
3+
O 2-
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A ligação covalente ocorre quando dois átomos possuem tendências semelhan-
tes de ganhar. Nestas condições, ao contrário da ligação iônica, a transferência
total de um elétron não acontece, ocorrendo o compartilhamento dos elétrons
entre os átomos participantes da reação. Os pares eletrônicos que se formam neste
processo de compartilhamento são constituídos por um elétron de cada átomo
e pertencem simultaneamente a ambos os átomos ligados. Portanto, não ocorre
ganho e perdas de elétrons e as estruturas formadas após a reação são eletrica-
mente neutras (BIGATÃO, 2016).
Os conjuntos formados por meio de ligações covalentes são “[...] chamadas
de moléculas, por isso a ligação covalente é também chamada ligação molecular.
Assim, as substâncias formadas por ligação covalente são chamadas substâncias
moleculares e podem ser sólidas, líquidas e gasosas” (BIGATÃO, 2016, p. 43). “A
ligação covalente geralmente ocorre entre não metal e não metal, hidrogênio e
não metal e hidrogênio com hidrogênio” (BIGATÃO, 2016, p. 43).
Vamos tomar como exemplo dois átomos de hidrogênio. Este elemento
encontra-se, geralmente, a parte da tabela periódica, ou acima da família 1A.
Ele, conforme mencionado acima, é uma exceção, e precisa apenas de 1 elétron
para ficar com um total de 2 elétrons e adquirir a configuração do Hélio e ficar
estável. Assim, os dois átomos de hidrogênio compartilham seus elétrons para
ficar estáveis (BIGATÃO, 2016).
Quanto a representação, a ligação covalente pode ser representada pela fór-
mula estrutural plana: H − H , em que o traço representa o par de elétrons
compartilhados. A fórmula molecular é H 2 (BIGATÃO, 2016).
Cl Cl
Figura 17 – Ligação covalente entre o gás cloro
Fonte: Bigatão (2016).
8
Outro exemplo de ligação covalente é entre átomos diferentes oxigênio ( O) e hidro-
gênio (1 H ). Já vimos acima que o hidrogênio precisa de apenas 1 elétron para ficar
estável. O oxigênio pertence à família 6A, ou seja, necessita de dois elétrons para
ficar estável. Então, para isso ser possível, serão necessários dois átomos de hidro-
gênio, formando a molécula da água H 2O . A figura abaixo representa esta ligação:
O H O H
H H
Figura 18 – Ligação covalente entre oxigênio e hidrogênio.
Fonte: Bigatão (2016).
Podemos verificar que a água faz duas ligações covalentes para atingir a estabilidade
de seus elementos. A primeira representação é a fórmula estrutural plana, a segunda
representação é a de Lewis, e a representação H2O é a representação molecular.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
compartilhamento de elétrons. A diferença neste tipo de ligação é que um dos
elementos atinge a regra do octeto, tornando-se estável e ainda assim compar-
tilha elétrons de sua estrutura para o outro elemento para que este também se
torne estável. Para entendermos melhor este tipo de ligação, vamos tomar como
exemplo o monóxido de carbono (CO) (BIGATÃO, 2016).
O carbono pertence à família 4A, ou seja, necessita de 4 elétrons para atin-
gir a regra do octeto e adquirir a estabilidade. O oxigênio pertence à família
6A, e necessita de 1 par de elétrons para ficar estável. Neste exemplo o oxigênio
compartilha 1 par de elétrons com o carbono, e desta forma, adquiri a
estabili-dade. O carbono, que compartilhou 1 par de elétrons com o oxigênio,
fica com um total de 6 elétrons em sua camada de valência, e necessita de
mais 1 par de elétrons para ficar com 8 elétrons. O oxigênio realiza este
compartilhamento unilateral, e a molécula monóxido de carbono é formada,
conforme demonstra a figura abaixo:
C O
Figura 19 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).
A representação na forma estrutural plana por ser feita por um traço que repre-
senta os compartilhamentos de pares de elétrons, conforme é demonstrado a seguir:
C O
112.8 pm
Figura 20 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).
Para treinarmos ainda mais vamos considerar mais um exemplo, a molécula dió-
xido de enxofre ( SO2). Tanto o enxofre (S), quanto o oxigênio (O) pertencem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O S O
Figura 21 – Fórmula de Lewis para representação do SO2
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).
S
O O
Figura 22 – Fórmula estrutural plana para representação do SO2
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conduz corrente elétrica Não conduz corrente elétrica
Formam retículos cristalinos Formam moléculas
Sólidos, líquidos ou gases a
Sólidos a temperatura ambiente
temperatura ambiente
Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).
LIGAÇÃO METÁLICA
Conforme o próprio nome sugere, este tipo de ligação ocorre entre metais. Os
metais não exercem uma grande força pelos elétrons que estão presentes em sua
camada de valência, e assim, quando mais de um metal se liga, os elétrons desta
última camada ficam livres e percorrem toda a extensão do metal. Daí está a
explicação dos fios metálicos serem utilizados para conduzir energia. A mobili-
dade eletrônica existente os torna bons condutores de energia.
Em termos das ligações, os metais tendem a doar seus elétrons para se tor-
narem estáveis, ou seja, são cátions (doam elétrons e adquirem a carga positiva).
Os elétrons que são perdidos durante a ligação ficam livres e são atraídos por
outros elementos metálicos, que também desprendem seus elétrons, e assim
sucessivamente. Portanto, os metais apresentam uma estrutura geral eletrica-
mente neutra (a soma das cargas de todos os elementos presentes se torna nula),
sendo que são constituídos por cátions em posições ordenadas, que possuem
seus elétrons na camada de valência livres e que se movimentam por todo o
metal (BIGATÃO, 2016).
GEOMETRIA MOLECULAR
Já nos sistemas vivos, as diversas reações químicas que nos fornecem ener-
gia e nos mantém vivos dependem de um entrelaçamento preciso e complexo
entre as moléculas, justificando nosso interesse em entender a geometria dos
compostos (BIGATAO, 2016).
Em uma molécula, formada por ligações covalentes, um átomo central,
ligado a vários átomos ao seu redor, as ligações e os pares de elétrons isolados
(sem ligação) se orientam no espaço de maneira que as repulsões entre elétrons
seja a menor possível (repulsões entre cargas iguais), enquanto que as atrações
entre o elétron e núcleo sejam maximizadas. Este método que determina a orien-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tação no espaço é chamado de Repulsão entre os pares eletrônicos da camada de
valência ou Método VSEPR (BIGATÃO, 2016).
Um exemplo desta distribuição espacial podemos vislumbrar na molécula
de metano ( CH 4 ). O carbono, pertencente à família 4A necessita de 4 elétrons,
enquanto que o hidrogênio necessita de apenas 1. Então, 4 hidrogênios fazem
a ligação com o carbono, e todos eles completam a regra do octeto. A figura a
seguir demonstra a configuração espacial desta molécula:
Neste caso, sem pares eletrônicos livres na camada de valência do átomo cen-
tral (carbono), os átomos de hidrogênio se distanciam de tal maneira que ficam
mais distantes uns dos outros.
Em outros casos sobram elétrons na camada de valência do átomo central,
como é o caso da molécula de água. O oxigênio, pertencente à família 6ª, neces-
sita compartilhar um par de elétron. Compartilha 1 elétron com um átomo de
hidrogênio, e outro elétron com outro hidrogênio. Sobram neste compartilha-
mento, no átomo central, 2 pares de elétrons na camada de valência. Estes pares
de elétrons ficam distribuídos no espaço de tal forma que ficam em uma distân-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O
H H
Essa teoria VSEPR explica a estrutura espacial das moléculas, pois leva em con-
sideração que todas as moléculas possuem geometrias espaciais originadas de
um conjunto básico de geometrias diferentes, conforme demonstra a figura a
seguir, que apresenta o modelo VSEPR:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Linear Trigonal Planar Tetraedro
2 ligandos 3 ligandos 4 ligandos
Dessa forma, com base na figura e nas regras anteriores, conseguimos esquema-
tizar as bases do modelo VSEPR, que atendem as condições citadas.
Agora, munidos do conhecimento atômico, dos rearranjos químicos para
estabelecer a estabilidade dos compostos formados, da forma como os átomos
ocupam a posição no espaço durante as ligações químicas, estamos prontos para
estudar as reações químicas entre substâncias distintas, entrando em contato com
reações básicas do campo da química. Vamos lá?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
54 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dimento da polaridade das moléculas.
Com todas estas informações estamos prontos a entender como ocorrem as
interações entre substâncias químicas diferentes, os tipos de ligações que podem
ser formadas, que é função dos elementos participantes, as novas propriedades
físicas e químicas destas substâncias, e também a quantificação de reagentes que
são necessários para a formação de uma determinada quantidade de produto,
bem como algumas reações que são bastante corriqueiras no campo da química.
Preparados?!
4. A classificação periódica dos elementos nos revela que cada família da tabela
periódica, que possui um determinado número de elétrons diferentes em sua
última camada, proporciona propriedades químicas e físicas diferentes para os
elementos de diferentes famílias. Tendo em mãos uma tabela periódica, consi-
dere o átomo de ferro, e análise as assertivas a seguir classificando-as em ver-
dadeiras ou falsas.
(( ) De acordo com sua distribuição eletrônica deste elemento, podemos verifi-
car que este elemento possui 4 níveis com elétrons.
(( ) De acordo com a distribuição eletrônica, o subnível “d” possui 8 elétrons.
(( ) De acordo com as classificações periódicas, o ferro é mais eletronegativo
que o potássio.
(( ) De acordo com as classificações periódicas, o ferro possui raio atômico
maior que o do rutênio.
(( ) Em um íon do ferro que possui a carga +3, indica a quantidade de 5 elétrons
presentes na camada 3d.
A sequência correta é:
a) V – F – V – F – V.
b) V – V – F – F – F.
c) F – F – V – V – V.
d) F – V – V – V – F.
e) F – F – V – V – V.
57
Web: https://www.youtube.com/watch?v=nD66WeEwLBU.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
BROWN, T. L.; LEMAY JUNIOR, H. E.; BURSTEN, B. E.; MURPHY, C. J.; WOODWARD, P. M.;
STOLTZFUS, M. W. Química: a ciência central. 13. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2016.
BIGATÃO, D. M. M. M. Química Geral e Inorgânica. Maringá: Unicesumar, 2016.
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre:
Tchê Química Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química - Volume 1. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.
UCKO, D. A. Química: para as ciências da saúde. 2. ed. Barueri: Editora Manole LTDA, 1992.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em https://costaleal.wordpress.com/2012/01/31/a-importancia-da-quimica-na-
-nossa-vida/. Acesso em: 07 jun. 2019.
61
GABARITO
1. A.
2. O átomo neutro do elemento gás nobre tem número atômico 10, revelado no
enunciado. Isso quer dizer que a quantidade de elétrons também é igual a 10,
pois, sendo um gás nobre, o número de prótons é igual ao de elétrons (gás no-
bre é neutro, sem carga, da família 8A, da tabela periódica). Então, o número de
2+
elétrons do cátion X � é também igual a 10. A carga 2+ indica que o átomo
perdeu 2 elétrons, por isso tem a carga positiva, tem maior número de prótons
do que elétrons. Então, no estado fundamental ele tinha 12 elétrons e também
número atômico igual a 12.
3. No enunciado do exercício nos foi fornecido a distribuição eletrônica, de onde
conseguimos visualizar que temos um total de 5 camadas, respondendo parte
de nosso problema. Já em termos do subnível mais energético, percebemos pela
distribuição eletrônica que se trata do “4d”, que possui um elétron, tratando-se
da camada mais externa, presente na camada 4.
4. A .
a) Verdadeira. O ferro possui quatro camadas em que estão distribuídos os seus elé-
trons. Sua distribuição eletrônica é ( Z = 26 ) = 1s � 2 s� 2 p � 3s� 3 p � 4 s� 3d .
2 2 6 2 6 2 6
REAÇÕES QUÍMICAS E
II
UNIDADE
FUNÇÕES INORGÂNICAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os conceitos relacionados às reações químicas, tais como o mol,
o balanceamento de reações, a estequiometria de reações, os tipos de
reações e as transformações de energia envolvidos neste processo.
■■ Compreender os conceitos relacionados à velocidade das reações químicas
e equilíbrio químico, envolvendo os parâmetros que interferem na
velocidade das reações, definidos as reações do tipo reversíveis.
■■ Entender as principais funções inorgânicas existentes, suas características
principais e algumas reações envolvidas entre ácidos e bases.
■■ Compreender os conceitos relacionados a soluções, concentrações,
diluições, a fim de produzir soluções concentradas, diluídas, até mesmo
estimar a quantidade de reagente presente em uma solução com
concentração conhecida.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Transformações químicas, estequiometria e tipos de reações
■■ Velocidade de reações químicas e equilíbrio químico
■■ Funções Inorgânicas
■■ Soluções, concentrações e diluições
67
INTRODUÇÃO
Introdução
68 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS, ESTEQUIOMETRIA E
TIPOS DE REAÇÕES
■■ Nossa respiração.
queima trata-se de uma reação química, pois ocorre uma alteração na molécula
do álcool que, ao entrar em contato com o oxigênio presente no ar, converte-
-se em gás carbônico e água, liberando energia para o meio ambiente (reação
exotérmica), assim como descrito na reação química a seguir (GODOI, 2017):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 moléculas de 1 molécula de
hidrogênio (H2) oxigênio (O2) 2 moléculas de água (H2O)
Figura 1 – Reação química entre o hidrogênio e oxigênio para formar a água
Fonte: Bigatão (2016).
Análises Químicas
As reações químicas são as bases para a realização de testes clínicos labora-
toriais. Muitos dos testes são realizados com amostras de sangue, urina e fe-
zes. É por meio das reações químicas que é possível confirmar diagnósticos,
avaliar a evolução do paciente e controlar a terapia de remédios emprega-
das para determinada enfermidade.
Em uma única amostra são realizadas diversas reações químicas que permi-
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tem determinar, por exemplo, os níveis sanguíneos de cálcio, fósforo, creati-
nina, ácido úrico, colesterol, proteína total, albumina, glicose, desidrogena-
se lática, bilirrubina total, fosfatase alcalina, entre outras.
Em um dos aparelhos típicos utilizados para estas análises ou reações, o ana-
lisador pode acrescentar um reagente, que é um componente que irá reagir
com determinado composto que se deseja identificar ou quantificar. Quan-
do o produto final formado nessa reação tem coloração, usa-se um aparelho
chamado colorímetro para medir sua concentração através de uma análise
de absorção de luz.
Fonte: adaptado de Ucko (1992).
O MOL
É nesta conjuntura que surge o mol! Ele é uma unidade especial capaz de des-
crever esta grande quantidade. Para entender esta quantidade, Ucko (1992) traz
uma comparação interessante. Uma dúzia tem 12 unidades de qualquer coisa,
23
certo? Então, da mesma forma, 1 mol de qualquer composto tem 6, 02 x 10
partículas deste composto. Este número, muito grande por sinal, é chamado de
constante de Avogadro.
23
Então, um mol de qualquer coisa tem 6, 02 x 10 unidades desta coisa.
Entretanto, a massa ou o peso deste um mol vai depender do que são estas coi-
sas. Uma dúzia de melancias são mais pesadas que uma dúzia de laranjas, não é
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( 27 x 12 g / mol )
+ ( 46 x 1g / mol ) + (1 x 16 g / mol ) = ?
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324 g / mol + 46 g / mol + 16 g / mol = 387 g / mol
Ou seja, um mol de colesterol tem a massa de 387g. Utilizamos uma regra
de três simples e obtemos nossa resposta:
De acordo com Brown et al. (2016), para termos uma reação química que res-
peite essa lei, ou seja, balanceada, devemos escrever as fórmulas dos reagentes no
lado esquerdo da seta e os produtos situados no lado direito. É a partir de então
que iniciamos o balanceamento da reação química, que nada mais é que deixar
a quantidade de átomos dos elementos iguais antes e após a reação química (haja
vista que eles não são destruídos, apenas se rearranjam para produzirem novas
substâncias). Na maioria das vezes, uma equação química balanceada deve con-
ter os menores coeficientes de números inteiros possíveis (GODOI, 2017, p.164).
Um ponto importante antes de iniciar o balanceamento é entender a dife-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
al., 2016).
Exemplo 2: Uma reação típica utilizada diariamente por nós, por exemplo,
e nossos fogões é a reação de combustão, quando queimamos o gás de cozi-
nha para produzir fogo. Esta reação envolve a presença de gás oxigênio, que
é denominado comburente, e um outro elemento, o combustível, que é o ele-
mento queimado. Nesta reação, um dos componentes majoritários do gás de
cozinha, o metano (CH 4 ), sofre a reação produzindo gás carbônico (CO2) e
água ( H 2O ). A seguir, é apresentada a reação química completa de combus-
tão do metano:
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CH 4 ( g ) + O2( g ) → CO2( g ) + H 2O(v )
Indique a alternativa que traz os menores coeficientes que deixam essa equação
de acordo com a lei de Lavoisier.
a. 1, ½, ½, 1.
b. 1, 2, 1, 4.
c. 2, 1, 1, 2.
d. 1, 2, 1, 2.
ESTEQUIOMETRIA DE REAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualitativamente, uma equação química descreve quais serão os produtos
que serão formados a partir dos reagentes de uma reação, ou seja, leva em con-
sideração a lei da conservação das massas para a realização dos cálculos. Por
exemplo, na reação a seguir (RUSSEL,1994; BROWN et al., 2016):
4 Fe( s ) + 3O2( g ) → 2 Fe2O3( s )
Nessa equação, temos representada uma reação na qual o ferro reage com oxi-
gênio para formar o óxido de ferro.
Em relação a quantidades, “em uma equação química que está balanceada,
há uma proporcionalidade entre a quantidades de reagentes e produtos que
participam da reação. Essas proporcionalidade numérica pode ser convertida
e, átomos, moléculas, fórmulas unitárias” (RUSSEL, 1994, p. 92) ou, também,
em quantidades macroscópicas: mols de átomos e moléculas. Na equação dada
anteriormente, podemos ter a interpretação: 4 mols de átomos de ferro combi-
nam-se com 3 mols de moléculas de oxigênio para formar 2 mols de fórmula
unitária de óxido de ferro (RUSSEL, 1994), sendo esta última forma de leitura a
mais empregada pelos autores.
É com base na reação química balanceada que podemos fazer diversos cál-
culos estequiométricos. É possível, por exemplo, a partir de uma determinada
quantidade de reagente, predizer a quantidade de produto formada, tanto em
gramas, quanto em mol, número de moléculas até mesmo a quantidade de áto-
mos formados. Interessante, não?
2H2 + 1O2 → 2 H 2O
2 moléculas 1 molécula → 2 moléculas
( ) ( ) (
2 x 6, 02.1023 átomos 1x 6, 02.1023 átomos → 2 x 6, 02.1023 átomos )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quantos mols de moléculas de H 2 são consumidos e quantos mols de molécu-
las de NH 3 são formados quando 1,38 mols de moléculas de � N2 reagem?
Resolução:
Vamos utilizar regra de três:
1 mol de N2 − − − − − − − − − − − 3 mols de H 2
1, 38 mols de N2 − − − − − − − − − − − X
1, 38molsN2 × 3molsH 2
X= = 4, 14 molsH 2 � �
1molN2
Observem, mol de � N2 do numerador cortou com mol de � N2 do denomi-
nador, restando mols de H2, que desejávamos.
Novamente, por outra regra de três:
1 mol de N2 − − − − − − − − − − − 2 mols de NH 3
1, 38 mols de N2 − − − − − − − − − − − X
1, 38molsN2 × 2molsNH 3
X= = 2, 76molsNH 3 � �
1molN2
Neste exemplo que segue temos uma relação entre mol e massa, que também é
possível de trabalharmos.
gênio ( H 2)?
Solução:
Vamos utilizar regra de três:
3 mols de H 2 � � � � � � � − − − − − − − − − − − 2 mols de NH 3
100 mols de H 2 � � � − − − − − − − − − −� − X
100molsH 2 × 2molsNH 3
X= = 66, 67 molsNH 3 � �
3molsH 2
Agora, necessitamos transformar este número em massa. Para isso, necessita-
mos da massa molar da amônia ( NH 3), que podemos calcular fazendo o uso da
tabela periódica, que é 17 g/mol (massa nitrogênio + massa de hidrogênio =
14 g + 3 x1g = 17 g / mol ).
17 g de NH 3 − − − − − − − − − − − 1 mol de NH 3
X − − − − − − − − − − − 66, 67 mol de NH 3
X = 1.133, 33 g de NH
H 3ou 1, 13 kg de NH 3 .
Uma outra forma, que conduziria ao mesmo resultado, seria:
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Estequiometria de Reação: Relação Massa x Massa
Resolução:
Primeiramente, conferimos que a reação química se encontra balanceada.
Agora devemos determinar a massa molecular (MM) da glicose e da água,
com auxílio da tabela periódica, e que já aprendemos a fazer.
Os valores são: MM C6 H12O6 = 180 g/mol.
MM H 2O = 18 g/mol.
Então, partimos para as regras de três utilizado a estequiometria da reação. O
coeficiente estequiométrico multiplica as massas molares:
1mol x 180 g / molC6 H12O6 − − − − − − − − − − − − − 6 mols x 18 g / mol H 2O
Reagente Limitante
Pode ocorrer nas reações químicas de um reagente estar em uma menor quanti-
dade ou em uma menor proporção e acabar antes do outro reagente. Neste caso,
a reação química é interrompida e há uma sobra do reagente químico que está
em excesso (BROWN et al., 2016).
Para entender este conceito, vamos tomar um exemplo de uma reação que
ocorra entre 10 mols de H 2 e 7 mols de O2, para formar a água, conforme a
equação química:
2 H 2 + O2 → 2 H 2O
Vejamos, que de acordo com a estequiometria, 2 mols de H 2 reagem com 1 mol
de O2, para formar a água:
2 mols � � H 2 − − − − − − − − − − − − 1 mol O2
10 mols H 2 − − − − − − − − − − − − X
X = 5 mols de O2
Seriam necessários 5 mols de O2, mas temos 7 mols disponíveis, portanto, 2 mols
de oxigênio não irão reagir, está em excesso.
Neste exemplo, os reagentes que são inteiramente consumidos durante a rea-
ção são chamados de limitantes ( H 2), e aqueles que sobram, são chamados de
reagentes em excesso (O2). A maior parte das reações químicas ocorrem com o
excesso de um dos reagentes, porém, a quantidade dos produtos formados está
condicionada a disponibilidade do reagente limitante (BROWN et al., 2016).
Para exemplificamos este caso anterior, vamos dispor nossos dados em uma tabela:
2H2 + O2 → H 2O
Antes da reação 10 mols 7 mols 0 mol
Reação - 10 mols - 5 mols +10 mols
Após a reação 0 mol 2 mols 10 mols
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Brown et al. (2016).
Resolução:
A resolução baseia-se em montar as regras de três para determinar a quan-
tidade de cada composto:
1 mol N2 − − − − − − − − − − 3 mols H 2
3 mols N2 − − − − − − − − − − X mols H 2
X = 9 mols de H 2 .
A tabela resumo é:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
N2 + 3H 2 2 NH 3
Rendimento Real
Rendimento Percentual = ×1000%
Re órico
( ) ( )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 × 84 g C H 2 × 146 g H C H O
mol 6 12 mol 2 6 8 4
=
25 gC6 H12 X
Observe que 84g/mol e 146g/mol são as massas molares do exano e ácido
adípico, respectivamente.
X = 43, 5 gH 2C6 H 8O4
Tipos de Reações
b. Reação de decomposição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tendo nitrato de prata ( AgNO3), em que o cobre fica coberto por uma
camada brilhante, que é a prata (UCKO, 1992).
Veja na reação a seguir que o cobre ocupa o lugar da prata:
Cu + 2 AgNO3 → 2 Ag + Cu ( NO3 )2
Geralmente, neste tipo de reação, o elemento mais ativo substitui o ele-
mento menos ativo (GODOI, 2017, p. 175).
e) Reação de combustão
Esse tipo de reação ocorre rapidamente e produz uma chama. Em grande parte
delas há a presença do oxigênio (O2) entre os reagentes (BROWN et al., 2016).
Um exemplo desse tipo de reação está na combustão do propano, utili-
zado para cozinhar e aquecer residências:
C3 H 8( g ) + 5O2( g ) → 3CO2( g ) + 4 H 2O( g )
Em geral, os produtos das reações químicas de combustão são o dióxido
de carbono CO2 e água (GODOI, 2017, p. 175).
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Neste caso, 2870kJ de energia é armazenado nas ligações recém-formadas por
mol de moléculas de glicose.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de contato entre reagentes se torna mais fácil. Quando os reagentes não se mis-
turam e estão em fases diferentes, como por exemplo, água e óleo ou reagente no
estado gasoso e sólido, a reação fica limitada pela superfície de contato existente
entre esses dois compostos. Desta forma, para as reações que envolvem sólidos,
a velocidade é aumentada caso a área de contato também seja aumentada. Um
exemplo típico são os medicamentos. Um remédio na forma de comprimido se
dissolverá no estômago e entrará na corrente sanguínea de forma mais lenta que
o mesmo medicamento na forma de pó (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017).
A explicação é que as reações químicas ocorrem entre as moléculas que estão
localizadas na superfície do reagente, e estão em contato direto com o outro rea-
gente. Então, quanto maior for a superfície de contato, mais moléculas estarão em
contato umas com as outras e maior será a probabilidade de que ocorram choques
com uma energia e condição necessária para que aconteça a ligação. Dessa forma,
a reação química tende a ocorrer de forma mais rápida (GODOI, 2017, p. 244).
TEMPERATURA
moléculas faz com que estas atinjam a energia suficiente para a ocorrência da
reação, chamada de energia de ativação (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017).
CONCENTRAÇÃO
PRESENÇA DE CATALISADORES
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mada de reversível (UCKO, 1992).
N2 + 3 H 2 2 NH 3
direta
reagentes ←
→ produtos
inversa
K=
[ NH 3 ]2
[ N2 ]1 [ H 2 ]3
A constante de equilíbrio para grande parte das reações químicas é encontrada
tabelada em handbooks e manuais diversos. Cabe a nós avaliarmos o valor das
constantes para determinar se no equilíbrio teremos uma maior quantidade de
reagentes ou produtos, ou seja, a direção da reação (BROWN et al., 2016).
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processo, o nitrogênio e hidrogênio reagem sob alta pressão e temperatura, na
presença de um catalisador para formar a amônia:
N2 + 3 H 2 2 NH 3
−5
Considere o valor de K p = 1, 45 × 10 , em uma temperatura de 500°C. Nestas
condições, a pressão parcial do hidrogênio (que é uma medida de concentra-
ção), é 0,928 atm, e do nitrogênio, 0,432 atm. Qual a concentração ou pressão
parcial da amônia dessa mistura em equilíbrio?
2
K=
[ NH 3 ]
[ N2 ]1 [ H 2 ]3
2
−5
1, 45 × 10 =
[ NH 3 ]
[0, 432]1 [0, 928]3
[ NH 3 ]2 = 5, 01× 10−6
[ NH 3 ] = 2, 24 × 10−3 atm
FUNÇÕES INORGÂNICAS
Funções Inorgânicas
98 UNIDADE II
ÁCIDOS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
+
não existe, então, ela fica envolvida por moléculas de água, formando o H 3O ,
conhecido como hidrônio, ou hidroxônio (UCKO, 1992). Neste livro, por sim-
+
plicidade, iremos tratar apenas como H .
As soluções que contém ácido têm sabor azedo, como o vinagre (ácido acé-
tico) ou como o limão (ácido cítrico). Além disso, diversos dos ácidos são bastante
oxidantes, ou seja, podem dissolver substâncias nas quais estão em contato, repre-
sentado um sério risco durante sua manipulação (UCKO, 1992).
Um exemplo desta função é o ácido clorídrico, HCl , que quando em solu-
ção aquosa, se dissocia e libera o cátion H + e o ânion Cl − . A característica mais
comum para reconhecimento desta função inorgânica, ácidos, é a liberação no
meio do cátion H + ou H 3O +, assim como exposto na equação (BIGATÃO, 2016):
HCl + H 2O → H + + Cl −
Um outro exemplo, é o ácido nítrico, HNO3 :
HNO3 + H 2O → H + + NO3−
Para fazermos a dissociação dos ácidos, basta entendermos a regra (BIGATÃO, 2016):
+1 -x
HX A1 ou seja: HX A
Figura 3 – Processo de formação ou dissociação dos ácidos
Vamos fazer mais um exemplo, o ácido sulfúrico, H 2 SO4 , que poderia ser
reescrito como H 2 ( SO4 ):
H 2 SO4 + H 2O → 2 H + + SO42−
Veja, o subíndice do hidrogênio é 2, indicando que a carga do ânion sulfato é 2-:
SO42− . O subíndice do sulfato é 1, portanto a carga do cátion hidrogênio é 1+.
Funções Inorgânicas
100 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ex: H 4 P2O7 , H 4 SiO4.
■■ Os ácidos com 4 ou mais hidrogênios ionizáveis são denominados
poliácidos.
■■ Ácidos fortes: o grau de ionização está entre 50% < a < 100%. Ex:
H 2 SO4 , HNO3 , HClO4, HBr , HCl e HI , sendo estes, os únicos
ácidos fortes existentes.
■■ Ácidos moderados: o grau de ionização está entre 5% < a < 50%. Ex:
HF , H 3 PO4 .
Funções Inorgânicas
102 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ HClO4 - Ácido perclórico.
BASES
Arrhenius definiu a base como sendo um eletrólito que em solução aquosa libera
−
o ânion OH , denominado como hidroxila, que é responsável pelas proprieda-
des comuns que existem entre todas as bases. Já de acordo com a definição de
Bronsted-Lowry, as bases são receptoras de prótons (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Em geral, as bases têm sabor amargo e adstringente, como banana verde, e
são escorregadias ao tato. As bases fortes são cáusticas, ou seja, podem correr
materiais, inclusive o tecido vivo. Uma outra característica interessante é que
elas são capazes de reagir com gorduras e óleos, por esse motivo, são úteis como
agentes de limpeza (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Exemplos de bases, são o hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio e o
hidróxido de alumínio, apresentados, respectivamente:
KOH + H 2O → K + + OH −
Ca ( OH )2 + H 2O → Ca2+ + 2OH −
Al ( OH )3 + H 2O → Al 3+ + 3OH −
Na formação das bases temos um metal, que é o cátion, ligado a um ânion, que
−
é a hidroxila OH . Uma base que foge a esta regra é o hidróxido de amônio
NH 4OH (BIGATÃO, 2016, p. 67).
c. Quanto à solubilidade:
■■ Solúveis: formadas a partir dos metais alcalinos (família 1A). Ex: NaOH ,
KOH , NH 4OH .
■■ Pouco solúveis: formadas a partir dos metais alcalinos terrosos (famí-
lia 2A). Ex: Ca ( OH )2, Mg ( OH )2 , Ba ( OH )2.
Funções Inorgânicas
104 UNIDADE II
As bases são formadas por um cátion (íon com carga opositiva), que é um metal
+ −
ou a exceção NH 4 , ligado ao ânion hidroxila OH . Durante a ligação, a carga
positiva do cátion é neutralizada pela carga negativa total da hidroxila, como ocorre
( )
com o NaOH Na ; OH , ou com o Ca ( OH )2 Ca ; 2OH , entre outros.
+ − 2+
( −
)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para representação, vamos considerar o cátion com a letra B e carga (+y), pode-
mos formular uma base ou hidróxido da seguinte forma (BIGATÃO, 2016, p67):
+Y -1
B 1
(OH) Y ou seja: B(OH)Y
Figura 4 – Processo de formação ou dissociação das bases
De acordo com Bigatão (2016), a nomenclatura das bases é dada de acordo com
alguns critérios, conforme segue:
a. Quando o elemento forma apenas uma base, o nome é dado da seguinte
forma: Hidróxido de mais o nome do elemento (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Ex: NaOH - Hidróxido de sódio, Ca ( OH )2 - Hidróxido de cálcio,
NH 4OH - Hidróxido de amônio, Al ( OH )3 - Hidróxido de alumínio.
Ex:
Sais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Funções Inorgânicas
106 UNIDADE II
Na OH H O Na+ O
- HOH
Na OH H O P O Na+ O
- P O HOH
Na OH H O Na+ O
- HOH
Abreviadamente:
3 NaOH H3PO4 Na3PO4 3 H2O
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OH H NO3 NO3- HOH
Ca Ca2 +
De acordo com Bigatão (2016, p. 73), os sais podem ser classificados, como:
a. Quanto a natureza:
■■ Sais neutros: resultam da neutralização total do ácido com a base. Na
+ −
formulação não aparecem os íons H e OH . Ex: cloreto de sódio,
NaCl , carbonato de potássio, K2CO3 , cloreto de cálcio, CaCl2 , sul-
fato de alumínio Al2 ( SO4 )3 .
■■ Hidrogeno-sal ou sal ácido: resultam da neutralização parcial de seu
ácido de origem. Apresentam em sua estrutura o cátion H + . Ex:
( )
NaHSO4 Na + H + SO42− , ou monohidrogenossulfato de sódio,
( )
NaH 2 PO4 Na + 2 H + PO43− ou dihidrogenofosfato de sódio.
y+
Os sais são provenientes de um cátion B que é oriundo da base e o ânion
x−
A que é proveniente do ácido (BIGATÃO, 2016, p. 67):
+y -x
B X
AY
Figura 5 – Processo de formação dos sais
2+ 1-
Ca 1 (NO3) 2 ou Ca(NO3) 2
1+ 3-
Na3 (PO4) 1 ou Na3PO4
1+ 2-
Ca 2 (SO4) 2 ou CaSO4
3 1
Figura 6 – Processo de formação dos sais
Funções Inorgânicas
108 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
HCI - ácido clorídrico; CI- - ânion cloreto;
Elemento + ídrico Elemento + eto
HF - ácido fluorídrico; F- - ânion fluoreto.
HNO2 - ácido nitroso; NO2- - ânion nitrito;
Elemento + oso Elemento + ito
H2SO3 - ácido sulfuroso, SO32- - ânion sulfeto
HNO3 - ácido nítrico; NO3- - ânion nitrato;
Elemento + ico Elemento + ato
H2SO4 - ácido sulfúrico; SO42- - ânion sulfato
Fonte: Bigatão (2016, p. 75).
SOLUÇÕES
A definição de uma solução é uma mistura homogênea de um soluto (substân-
cia sendo dissolvida) em um solvente (substância que efetua a dissolução). O
soluto, a fase dispersa, é aquele que está em menor quantidade. O solvente é o
dispersante, é o composto que está em maior proporção. A concentração de uma
solução é expressa entre a relação da quantidade de soluto e a quantidade de sol-
vente (ou solução) (TRINDADE et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).
As soluções podem ser encontradas em quaisquer dos três estados físicos:
sólido, líquido ou gasoso (LENZI et al., 2015). Como exemplo de uma solução
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gasosa, podemos citar o ar, que é uma mistura de nitrogênio, oxigênio e quantida-
des menores de outros gases. Quanto às soluções sólidas, temos as ligas metálicas
como o “níquel” das moedas (25% Ni, 75% Cu). Como exemplo de solução líquida,
podemos citar água com açúcar ou água com etanol (GODOI, 2017, p. 216).
CONCENTRAÇÃO
quantidade de soluto
Concentração =
quantidade de solução
m
C=
V
A unidade usualmente utilizada é g/L – isso quando a massa do soluto estiver em
gramas e o volume estiver em litros (L) (LENZI et al., 2015; GODOI, 2017, p. 216).
Se temos uma solução com concentração de 2g/L, isso quer dizer que a cada
litro da solução temos 2g do soluto.
n
M=
V
A quantidade de matéria (n1) é dada em mol e o volume na unidade litro (L).
m1
TM =
m
Essa relação não apresenta unidade de medida por se tratar de uma divisão de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
massas com a mesma unidade, ou seja, anulam-se.
Exemplo 11: Tem-se uma solução de NaCl a 2% em massa. O que isso quer dizer?
Significa que em 1 quilograma da solução, temos 0,02 quilogramas de NaCl, ou seja:
0, 02kgNaCl
TM = = 0, 02 × 100 = 2%
1kg ( NaCl + H 2O )
No exemplo, multiplicamos por 100 para obter a percentagem.
No título em massa, como a massa da solução, é resultante da soma da massa
do soluto (m1) e a massa do solvente (m2), podemos reescrever a fórmula da
seguinte maneira:
m1
TM =
m1 + m2
PPM
Também não apresenta unidades de medida por se tratar de uma divisão entre
números que possuem a mesma unidade.
Exemplo 12: detergente alcalino clorado, com 130 ppm de cloro, temos 130 par-
tes de cloro em uma milhão de partes de solução. As partes mencionadas podem
ser: 130 gramas de cloro em 1.000.000 de gramas da solução.
O termo ppm é bastante empregado na indústria de forma geral, então bas-
tante atenção! Um outro exemplo, se for mencionado que a quantidade máxima
permitida de chumbo nas águas de abastecimento público é de 0,015 ppm, isso
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1 L − − − − − − − − − − 1000 ml
X − − − − − − − − − − 300 ml
300
X = = 0, 3l
1000
m m
C = 1 → 5 g l = 1 → m1 = (5 g l ) × ( 0, 3l )
V 0, 3l
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
m1 =1,5g NaOH
Diluições
A palavra diluição é usada quando uma solução pode ser mais diluída pela adi-
ção de mais solvente (RUSSEL, 1994). Em grande parte dos casos práticos, não
temos uma substância pura para o preparo de uma solução. Temos uma solução
com alta pureza ou concentração, chamada de solução estoque; e para o preparo
de soluções com concentrações mais baixas, deve ser adicionada água, no pro-
cesso de diluição (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).
O ácido sulfúrico, por exemplo, é comumente comercializado em frascos de
soluções concentradas com título de 96% (96 cg/g). Para relembrar, o título de
96% em massa significa: 96 centigramas de ácido sulfúrico em 1 grama de solu-
ção ou, ainda, 0,96 gramas de ácido sulfúrico em 1 grama de solução (água mais
ácido) (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E assim, aluno(a), vamos chegando ao fim de mais uma unidade. Desta vez,
conseguimos verificar as transformações que a matéria sofre. Percebemos que
essas transformações químicas são capazes de transformar a estrutura da maté-
ria e produzir novos compostos, que ocorrem por meio das reações químicas,
e são capazes de produzir produtos de interesse comercial, farmacêutico, entre
outros. Além disso, pudemos vislumbrar algumas evidências da ocorrência das
transformações químicas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entendemos ainda como balancear as equações químicas e que o correto
balanceamento nos permite estimar a quantidade de reagentes consumidos, e
de produtos que são formados, demonstrando alguns tipos especiais de reações
conhecidas no campo da química.
Estudamos ainda os conceitos relacionados à velocidade das reações quími-
cas, que possuem fatores que interferem na sua velocidade, nos possibilitando
acelerar ou desacelerar determinada reação.
Ainda, nesta unidade, conceituamos importantes funções inorgânicas pre-
sentes na química, tais como os ácidos, bases e sais. Percebemos que os elementos
que constituem estas funções possuem características semelhantes entre si, que
permite sua classificação de acordo com suas características. Vimos também a
reação de neutralização entre um ácido e uma base, capaz de produzir uma nova
função inorgânica, os sais.
Por fim, estudamos os conceitos de soluções. Entendemos que uma solu-
ção possui uma quantidade finita de reagentes presentes, nos tornado capazes
de estimar esta quantidade. Ainda, verificamos como diluir soluções com altas
concentrações, que a depender do composto, se utilizada em altas concentra-
ções, pode gerar riscos à saúde e ao meio ambiente, justificando sua diluição.
Na próxima unidade entraremos no campo das funções orgânicas, que assim
como as funções inorgânicas, têm características comuns que nos permite clas-
sificar em um mesmo grupo. Preparados?
I. HNO2 � + H 2O → NO2� � + H 3O + .
II. NH 3 � + H 2O → NH 4 + � + OH� .
2�
III. O � + H 2O → OH� � + OH .�
De acordo com as teorias de Brönsted-Lowry sobre as classificações de ácidos
e de bases, a correta classificação de I, II e III é:
a) Base, base e ácido.
b) Base, ácido e ácido.
c) Base, ácido e base.
d) Ácido, base e ácido.
e) Ácido, base e base.
a) HNO3( aq ) + KOH ( aq ) .
b) HCl( aq ) � + Ca ( OH )2 aq .
( )
H SO
c) 2 4( aq ) + NaOH ( aq ) .
d) H 2 SO4( aq ) + Mg ( OH )2( aq ) .
e) H 3 PO4( aq ) + Ba ( OH )2( aq ) .
119
A seguir, temos um vídeo bastante interessante, do Manual do Mundo, que traz algumas transformações
químicas, tais como a combustão do magnésio metálico, uma reação do permanganato de potássio
(KMnO4) com a glicerina (C3H5(OH)3), uma outra do carbeto de cálcio (CaC2) com a água (H2O),
entre outras reações. Nestes casos visualizamos a formação de novos compostos, que caracteriza a
ocorrência de uma transformação química. Vamos acompanhar?
Web: https://www.youtube.com/watch?v=OpO7541XQwo.
123
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n2/v57n2a07>. Acesso em: 07 jun. 2019.
GABARITO
2. C.
Temos a concentração inicial, mas desejamos a concentração no equilíbrio. Nes-
te caso, montamos uma tabela para facilitar nosso raciocínio (obs: é necessária
balancear a equação química anteriormente):
H2 + I2 → 2HI
Antes da reação 1 mol 1 mol 0 mol
Reação x mol x mols 2x mols
Após o equilíbrio 1-x mol 1-x mols 2x mols
Veja, não sabemos o quanto reagiu, pois se há uma constante de equilíbrio, isso
quer dizer que a reação não ocorre a uma taxa de 100%. Então, como não sabe-
mos a quantidade que reage, chamamos de “x”. Em relação aos reagentes com
coeficiente estequiométrico 1, temos apenas 1x, e em relação ao produto, coefi-
ciente estequiométrico 2, forma 2x.
Agora, inserimos estes valores na fórmula da constante do equilíbrio:
K=
[ HI ]2
[ H 2 ]1 × [ I 2 ]1
2
49 =
( 2x)
(1 − x ) × (1 − x )
4 x2
49 =
1 2 x + x2
45 x2 − 98 x + 49 = 0
x1 = 1, 4 mol l
x2 = 0, 78 mol l
Veja, o primeiro resultado (1,4) não tem sentido físico, pois se tínhamos 1 mol no
início, é impossível reagir uma quantidade maior que 1 dos reagentes. Portanto,
o segundo resultado é mais plausível.
Mas ainda não obtivemos a resposta, a concentração no equilíbrio de HI confor-
me consta em nossa tabela é 2x, ou seja, 2x0,78 = 1,56mol/l.
GABARITO
3. E.
O primeiro item não estão correto porque o elemento é classificado como um
ácido de Arrhenius se na reação produzir o hidrônio ( H 3O + ) ou ( H + ). Os de-
mais itens apresentam a hidroxila ( OH − ), caracterizando uma base.
4.
HNO3( aq ) + KOH ( aq ) → KNO3( aq ) + H 2O(l ) - Nitrato de potássio
2 HCl( aq ) + Ca ( OH )2( aq ) → CaCl2( aq ) + 2 H 2O(l ) - Cloreto de cálcio
H 2 SO4( aq ) + 2 NaOH ( aq ) → Na2 SO4 ( aq ) + 2 H 2O(l ) - Sulfato de sódio
H 2 SO4( aq ) + Mg ( OH )2( aq ) → MgSO4 ( aq ) + 2 H 2O(l ) - Sulfato de magnésio
2 H 3 PO4( aq ) + 3Ba ( OH )2( aq ) → Ba3 ( PO4 )2( aq ) + 6 H 2O(l ) - Fosfato de bário.
5. C.
5
Temos que a concentração é de 5, 0 ·10 mol l , ou seja:
5 × 10−5 mol ---------- 1L
X ---------- 3 L
X = 15 × 10−5 mol F 2−
Pela massa molar (19,0 g/mol), descobrimos a massa em gramas:
19 g ---------- 1mol
X ---------- 15 × 10−5 mol
X = 2, 85 × 10−3 g F 2− = 2, 85mg F 2−
127
ANOTAÇÕES
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi
III
UNIDADE
FUNÇÕES ORGÂNICAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os compostos químicos quanto a sua função química.
■■ Compreender a importância química das diversas funções apresentadas.
■■ Aprender a aplicação de diversos compostos em nosso dia a dia.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Funções Orgânicas
■■ Importância dos grupos funcionais de cada função orgânica
■■ Aplicações das funções orgânicas no cotidiano
131
INTRODUÇÃO
Introdução
132 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
FUNÇÕES ORGÂNICAS
133
HIDROCARBONETOS
H
C
H C C H
ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 2 - Nomenclatura dos compostos cíclicos
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Funções Orgânicas
134 UNIDADE III
CH3
CH3 C CH C CH2 CH3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4-fenil-2, 4-dimetil-hex-2-eno
Figura 3 - Nomenclatura dos compostos de cadeia mista
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
135
ALCANOS
Funções Orgânicas
136 UNIDADE III
ALCENOS E ALCINOS
Os Alcenos são compostos insaturados que possuem uma ligação dupla entre 2
átomos de carbono C = C . Sua formula molecular é: Cn H 2n.
Os alcenos são nomeados adicionando o sufixo eno ao prefixo que carac-
teriza o número de átomos de carbono que formam somente uma cadeia, por
exemplo, o CH 2CHCH 3 é denominado de propeno.
Eteno ou etileno é o alceno mais simples, formado por apenas 2 carbonos,
porém é considerado um composto muito importante na agricultura por ser
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um hormônio vegetal responsável pela germinação das sementes e no amadu-
recimento das frutas.
Os Alcinos são compostos insaturados que possuem uma única tripla liga-
ção entre 2 átomos de carbono C ≡ C .
Cn H 2n−2
Os alcinos são nomeados adicionando o sufixo ino ao prefixo que caracteriza o número
de átomos de carbono, por exemplo, o CHCCH3 é denominado de propano.
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
H
C
H C C H
ou ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 6 - Fórmula estrutural do benzeno
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
137
5
6
1
CH3
Metil-benzeno
(nome mais usado: tolueno) 3-etil-1, 2-dimetil-benzeno
Figura 7 – Composto aromático
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Em casos de mais de uma ramificação é utilizado os prefixos orto (o), meta (m),
e para (p), com a finalidade de indicar as posições.
Funções Orgânicas
138 UNIDADE III
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
H
C
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H C C H
ou ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 8 - Fórmula estrutural do Benzeno
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
5
6
1
CH3
Metil-benzeno
(nome mais usado: tolueno) 3-etil-1, 2-dimetil-benzeno
Figura 9 – Nomenclatura do composto aromático
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
139
Em casos de mais de uma ramificação é utilizado os prefixos orto (o), meta (m),
e para (p), com a finalidade de indicar as posições.
R
Orto 6
1
2
Orto
Meta 5
4
3 Meta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para
Figura 10 – Nomenclatura das ramificações
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Alguns exemplos:
CH3
CH3 CH3
CH3
CH3
CH3
1,2 - dimetil-benzeno 1,3 - dimetil-benzeno 1,4 - dimetil-benzeno
ou o-dimetil-benzeno ou m-dimetil-benzeno ou p-dimetil-benzeno
ou o-xileno ou m-xileno ou p-xileno
Figura 11 – Exemplos de nomenclaturas de compostos
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Funções Orgânicas
140 UNIDADE III
ÁLCOOIS
São compostos oxigenados que contêm um ou mais grupos hidroxila (OH ) liga-
dos diretamente a átomos de carbonos saturados (que realiza simples ligações),
sendo que é a hidroxila ou oxidrila ( OH ) é a responsável pelas características
deste composto orgânico.
Para nomear um álcool é trocado o sufixo O por OL ao hidrocarboneto de
cadeia principal, por exemplo:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CH3 OH CH3 CH2 OH
Metanol Etanol
Figura 12 – Nomenclatura dos álcoois
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
CH3 CH2OH
Álcool etílico
Figura 13 – Nomenclatura usual dos álcoois
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
141
CH3
CH3 C OH
CH3
Figura 16 –Exemplo de álcool terciário
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FENÓIS
São compostos que contêm um ou mais grupos hidroxila (OH ) ligados diretamente
ao anel aromático, ou seja, se a hidroxila estiver ligada a uma cadeia carbônica
fechada (que não seja um anel aromático), o composto é considerado um álcool.
Pela IUPAC ([2019], on-line)2, os fenóis podem ser nomeados por meio do
prefixo Hidroxi ou pela terminação OL, conforme apresentado a seguir:
OH
Benzenol ou
hidróxi-benzeno ou
fenol comum
Os fenóis têm ação fungicida e bactericida, por isso são muito empregados
como desinfetantes.
Funções Orgânicas
142 UNIDADE III
ÉTERES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
simétrico assimétrico
Figura 18 – Compostos simétricos e assimétrico
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Os éteres são mais voláteis que os álcoois de cadeia carbônica ou massa molar
semelhante. Isto ocorre devido a impossibilidade da molécula de um éter não
poder formar ligações de hidrogênio. Assim, são muito utilizados como solven-
tes apolares tanto em indústrias como em laboratórios.
ALDEÍDOS E CETONAS
São compostos que possuem a cadeia carbônica principal ligada ao grupo fun-
cional CHO , denominados de aldeídos, e C = O denominados cetonas.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
143
O
Metanal ou aldeído fórmico
H C ou H CHO ou formaldeído
H
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo Feltre (2004), a acetona por ser um composto solúvel em água e tam-
bém em solventes orgânicos, pode ser utilizada como solvente de esmaltes, tintas,
na extração de óleos de sementes vegetais, na fabricação de anidrido acético.
ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
Funções Orgânicas
144 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 22 – Nomenclatura do ácido carboxílico
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Segundo Feltre (2004), os ácidos carboxílicos são ácidos fracos, constituem uma
grande variedade de compostos encontrados na natureza, como em óleos e gor-
duras, de origem animal e vegetal. Na indústria são utilizados na produção de
inseticidas, plásticos, solventes, perfumes etc.
AMINAS E AMIDAS
De acordo com Feltre (2004), aminas são compostos derivados da amônia, pela
substituição de um, dois ou três hidrogênios por um grupo alquila (radical orgâ-
nico derivado de um hidrocarboneto saturado) ou arila (radical orgânico derivado
de um anel aromático). Então as aminas podem ser:
NH2 NH NH
Figura 23 – Exemplos de amina primária, secundária e terciária
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
145
Para nomear uma amina, é utilizado o sufixo AMINA ao nome da cadeia prin-
cipal, por exemplo:
CH3
NH2
CH3 NH2 CH3 N CH3
Metilamina Trimetilamina Fenilamina ou anilina
Figura 24 – Nomenclatura das aminas
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As aminas têm uma função essencial em nossas vidas, são compostos formado-
res de vários tipos de proteínas pela união de vários aminoácidos:
CH COOH CH CO NH CH CO...
NH2 NH2
Aminoácido Proteína
Figura 25 – Formação da Proteína
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
O O
CH C
NH N
Figura 26 – Exemplo de aminas secundárias e terciárias
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Funções Orgânicas
146 UNIDADE III
O O
CH3 CH C CH3 CH2 C
CH3 NH2 NH CH3
2-metil-propanamida ou N-metil-propanamida ou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2-metil-propionamida N-metil-propionamida
Figura 27 – Nomenclatura das amidas
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
NH2
O C
NH2
Diamida do ácido carbônico
ou ureia (estável)
Figura 28 – Molécula de ureia
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
A ureia, por ser um composto solúvel em água é eliminada pela urina dos ani-
mais, como produto final do metabolismo de proteínas. Este composto é utilizado
como fertilizante na agricultura e também na ração para alimentar o gado.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
147
QUIRALIDADE
Muitos objetos encontrados em nosso dia a dia não possuem simetria, ou seja,
não são sobreponíveis com a sua imagem especular. Um exemplo disto é a sobre-
posição de um garfo, com a sua imagem no espelho, a imagem é simétrica ao
objeto, mas o mesmo não acontece com as nossas mãos ou pés.
A mão direita é a imagem no espelho da mão esquerda, mas quando tentamos
sobrepô-las, podemos notar que não há sobreposição. Por isto, não é possível
calçar uma luva da mão direita na mão esquerda e vice-versa.
Alguns compostos orgânicos são exemplos de quiralidade, em decorrência
da ligação química, que no carbono situam segundo os vértices de um tetraedro.
Um exemplo clássico é o ácido lático, proveniente do leite. O carbono cen-
tral é assimétrico, e possui estrutura tetraédrica do carbono.
H H
COOH COOH
CH3 CH3
OH OH
Espelho
Figura 29 – A imagem da molécula de ácido lático e sua imagem no espelho
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Funções Orgânicas
148 UNIDADE III
Então se tentarmos “encaixar” uma molécula na outra, não será possível, pois
nem todos os grupos irão se sobrepor. Assim, podemos concluir que se tratam
de duas moléculas diferentes:
■■ Uma representa o ácido lático dextrogiro, denominado de ácido d-lático
ou ácido (+) lático.
■■ A outra representa o ácido lático levogiro, denominado de ácido l-lático
ou ácido (-) lático.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H
H
COOH
CH3
OH CH3
COOH
OH
Figura 30 – Sobreposição das moléculas de ácido lático dextrogiro e levogiro
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
FUNÇÕES ORGÂNICAS
149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DECOMPOSIÇÃO DE PROTEÍNAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como estão presentes no organismo humano e nos animais, na composição
estrutural, na formação de hormônios e vitaminas, as proteínas e aminoácidos
são essenciais à vida. Assim, quando um organismo humano morre, as proteí-
nas são decompostas, exalam um odor bastante desagradável. De acordo com
Feltre (2004), a putrescina e a cadaverina são proteínas que se formam na decom-
posição de cadáveres humanos, e a trimetilamina é encontrada no peixe podre,
causando um odor desagradável.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
151
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com Atkins e Jones (2012), muitos aldeídos de cadeia longa são usa-
dos em indústrias alimentícias, de corantes e de perfumes. Segundo Solomons
e Fryhle (2001), o formaldeído ou formol pode ser empregado como antissép-
tico em ambientes ou na composição de medicamentos e dentre outras aplicações.
O acetaldeído ou etanal está presente na síntese de ácido acético, anidrido acé-
tico dentre outras aplicações.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
153
Todos os compostos que possuem o grupo hidroxila (OH) são álcoois? A resposta
é simples: não! Pois os fenóis são compostos orgânicos que possuem o grupo
hidroxila, assim como os álcoois, porém, no caso dos fenóis, o grupo hidroxila
está diretamente ligado ao um anel benzênico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As funções orgânicas estão presentes desde a constituição dos seres (como
nas proteínas, hormônios etc.), até em reações bastante complexas realizadas em
laboratórios de química e também nas indústrias nos setores da petroquímica
e química, ou seja, estão presentes em uma ampla variedade de compostos que
fazem parte de nossas vidas.
Além disso, muitos compostos fizeram parte da evolução da
humanidade, por exemplo, o formol que até os dias de hoje é utilizado como
conservante de peças anatômicas de humanos e animais para estudo,
desenvolvimento e formação de profissionais da medicina e de várias outras
áreas relacionadas à saúde de humanos e também de animais. Além dos
conservantes, muitos compostos estão presentes em medicamentos ou como
solventes orgânicos tanto em indústrias quanto em laboratórios de química.
Ainda podemos citar compostos que são empregados para estimular o cui-
dado com o corpo e a vaidade, como os componentes que estão presentes em
perfumes e em uma variedade de cosméticos, que fazem parte do dia a dia de
muitas mulheres. E não podemos esquecer dos compostos que são utilizados
como corantes na indústria de vestuário, que há muito tempo são utilizados pelo
homem com o intuito de despertar e estimular o consumo da moda.
Baseado nas funções orgânicas apresentadas, é possível compreender bem
as funções orgânicas com relação a sua estrutura química e como cada função
pode apresentar um comportamento orgânico diferente em consequência da sua
composição e estrutura química dos compostos presentes no nosso dia a dia.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
155
4. Quando água dos rios perde muito oxigênio por causa de rejeitos contaminan-
tes de industrias, ocorre a morte de muitos peixes que pertencem a este rio. O
odor desagradável da decomposição dos peixes é causado por uma proteína
chamada de trimetilamina. Qual é a classificação orgânica desta proteína?
a) Uma amina primária.
b) Uma amida primária.
c) Um ácido carboxílico de cadeia longa e saturada.
d) Uma amina terciária.
e) Uma amida terciária.
HO
O
N CH3
HO
Morfina
Fonte: Feltre (2004).
a) Álcool.
b) Fenol.
c) Ácido carboxílico.
d) Amina.
e) Amida.
157
CH3 COOH
Ácido acético
(alifático)
Fonte: Feltre (2004).
O ácido acético é usualmente conhecido como vinagre e está presente em nossas mesas
para temperar saladas e também pode estar presente em uma garrafa de vinho quando
este é oxidado.
• Ácidos carboxílicos monocarboxílicos (monoácidos):
Química Orgânica
Graham Solomons
Editora: LTC
Sinopse: com linguagem fácil e acessível, esse livro auxilia o(a) aluno(a)
a compreender a teoria para aperfeiçoar seu desenvolvimento na área
cientifica, o que é almejado para o estudante. Todos os capítulos do livro
possuem aplicações da teoria na pratica, em forma de exemplos e também
com ilustrações para facilitar o entendimento do aluno.
159
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://educacaodigital2011.posthaven.com/benzenosabrina. Acesso em: 12
jun. 2019.
2
Em: https://iupac.org/. Acesso em: 17 jun. 2019.
3
Em: http://educacao.globo.com/quimica/assunto/quimica-organica/hidrocarbo-
netos.html. Acesso em: 12 jun. 2019.
GABARITO
1. C.
2. E.
3. E.
4. D.
5. D.
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi
TIPOS DE ISOMERIA E
IV
UNIDADE
REAÇÕES QUÍMICAS
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os tipos de ligações que existem em um orbital.
■ Compreender os tipos de isomeria.
■ Aprender a importância da isomeria em nosso dia a dia.
■ Conhecer os tipos de reações orgânicas mais importantes.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Hibridação do carbono
■ Isomeria
■ A importância da isomeria e do carbono quiral na natureza
■ Mecanismos de reação
162 UNIDADE IV
INTRODUÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
orbitais híbridos, assim a hibridação nos auxilia a entender como são formados
alguns tipos de ligações e também a disposição geométrica de algumas moléculas.
Em química orgânica é comum que os átomos que constituem a mesma fór-
mula química se agrupem de forma diferente, produzindo estruturas químicas
diferentes e, consequentemente, compostos diferentes também. Denominamos
este fenômeno de isomeria, sendo muito utilizado também na Bioquímica, pois
muitas proteínas e hormônios animais e vegetais são formados a partir de uma
estrutura química bem definida.
Estas estruturas químicas bem definidas (compostos orgânicos) podem
realizar diversas reações. Compostos apolares são pouco reativos e os
composto polares são bastante reativos, o que continua sendo observado
tanto na química orgânica quanto na inorgânica. Alguns conceitos observados
nas reações químicas estudadas, neste capítulo, serão muito importantes,
pois estão presentes em vários setores da indústria, por exemplo, na indústria
de alimentos.
Neste capítulo abordaremos um estudo sobre a isomeria e a relevância
da isomeria em nosso dia a dia. A partir do estudo sobre isomeria, podemos
observar a formação de uma variedade de compostos orgânicos quirais
presentes no nosso dia a dia, e, também, em vários setores da indústria. Além
disso, as principais reações químicas serão apresentadas e sua importância sobre
alguns aspectos serão mencionados.
Boa Leitura!
HIBRIDAÇÃO DO CARBONO
σ
s-sp³
σs-sp³
σs-sp³ σs-sp³
²²
²
Figura 1 – Orbitais do tipo sp3
Fonte: Feltre (2004).
Hibridação do Carbono
164 UNIDADE IV
Quando o carbono faz uma dupla ligação com outro carbono, por exemplo, é
preciso lembrar que as duas ligações não são equivalentes, ou seja:
π
C =C
σ
■■ Uma das ligações é denominada de ligação sigma e é mais forte se com-
parada à outra, pois necessita de 348 kJ/mol para ser quebrada;
■■ Uma das ligações é denominada de ligação π (pi) e é considerada mais
fraca, pois necessita de 267kJ/mol para ser quebrada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ORBITAIS DO TIPO sp2
De acordo com Solomons, Fryle, Snyder (2018), este tipo de ligação explica
a ligação dupla entre os átomos de carbono:
■■ Apenas 3 elétrons da camada de valência do carbono (2 s − 2 p), conforme
apresentado na Figura 2a, podem formar três orbitais híbridos, denomi-
2
nados sp , equivalentes entre si, situados num mesmo plano, o quarto
elétron permanece num orbital do tipo p.
² ²
²²²
Figura 2 – Orbitais do tipo sp2
Fonte: Feltre (2004).
ORBITAIS DO TIPO sp
Conforme apresentado por Morrison e Boyd (1994), este tipo de ligação explica
a ligação tripla entre os átomos de carbono:
■■ Apenas dois elétrons da camada de valência do carbono (2 s − 2 p ), con-
forme apresentado na Figura 3a, podem formar 2 orbitais híbridos,
denominados sp , equivalentes entre si, situados no mesmo plano.
π
π
σsp-sp
π
π
º
Figura 3 – Orbitais do tipo sp
Fonte: Feltre (2004).
ISOMERIA
Isomeria
166 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O motivo pelo qual as duas substâncias são diferentes
Iguais ou mesmo possuindo a mesma fórmula química é devido à
diferentes? posição dos átomos na estrutura química:
■■ A substância 1 é um álcool: CH 3 − CH 2 − OH ;
Figura 4 – Exemplo de substâncias isômeras
Fonte: Feltre (2004). ■■ A substância 2 é um éter: CH 3 − O − CH 3 .
ISOMERIA PLANA
■■ Isomeria de compensação.
■■ Isomeria de cadeia.
■■ Tautomeria.
2º exemplo: C5H10
CH2
CH2 CH CH2 CH2 CH3 e H2C CH2 ou ainda H2C CH2
H2C CH2 H2C CH CH3
Figura 5 – Exemplo de isomeria de cadeia
Fonte: Feltre (2004).
Como podemos observar, estes isômeros diferem entre si somente porque a cadeia
ou núcleo apresentam diferenças, ou seja, aumenta ou diminui, de acordo com
uma compensação na quantidade e tamanho das ramificações. Também pode
ocorrer a isomeria entre um composto cíclico ou acíclico.
Isomeria
168 UNIDADE IV
2º exemplo: C4H10O CH3 O CH2 CH2 CH3 e CH3 CH2 O CH2 CH3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para o primeiro composto está na posição 2 e no segundo composto está na posi-
ção 3. O heteroátomo também pode ser nitrogênio, cloro, dentre outros elementos.
Isomeria de Função (ou funcional): neste caso, os isômeros vão possuir mesma
fórmula química, porém, vão possuir funções orgânicas diferentes.
Alguns casos ocorrem com mais frequência como, por exemplo:
■■ Álcoois e éteres.
■■ Aldeídos e cetonas.
■■ Ácidos carboxílicos e ésteres.
2º exemplo: C7H8O OH
H O OH
H C C H C C
H H H H
Tautômeros
Aldeído Enol
Equilíbrio aldo-enólico
Figura 9 – Exemplo de Tautomeria
Fonte: Feltre (2004).
É o tipo de isomeria que pode ser descrita por meio de estruturas espaciais, ou
seja, só é possível de “enxergar” a diferença que há entre os isômeros se forem
apresentados os modelos espaciais dos compostos.
Este tipo de isomeria pode ser dividido em:
■■ Isomeria cis-trans (ou geométrica).
■■ Isomeria óptica.
Isomeria
170 UNIDADE IV
ISOMERIA CIS-TRANS
H H H Cl
C C C C
Cl Cl Cl H
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cis-1, 2-dicloro-eteno Trans-1, 2-dicloro-eteno
(molécula polar) (molécula apolar)
Figura 10 – Exemplo de isomeria Cis-Trans
Fonte: Feltre (2004).
ISOMERIA ÓPTICA
Para entender o fenômeno deste tipo de isomeria, precisamos antes rever alguns
conceitos fundamentais.
■■ Luz natural e luz polarizada:
A luz natural ou comum é composta por ondas elétricas e magnéticas, que vibram
em planos diferentes, ou seja, as ondas vibram perpendiculares entre si, con-
forme apresentada na figura a seguir:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
90º
Eixo de propag
ação
do raio luminos
o
Rotação dos planos
Figura 11 – Plano de vibração da luz
Fonte: Feltre (2004).
Em 1808, Malus descobriu a luz polarizada e, logo depois, Biot descobriu que
certos cristais de quartzo desviam o plano de polarização da luz. Esses cristais
que fazem girar o plano de polarização da luz são opticamente ativos, ou seja,
possuem atividade óptica, que pode ser observado colocando o cristal na posi-
ção III do polarímetro apresentado a seguir:
Isomeria
172 UNIDADE IV
Luz
natural Luz
Fonte de polarizada Luz polarizada
luz (I) e desviada
pela amostra Desvio da luz
polarizada
Polarizador (II)
Tubo com
amostra (III)
Analisador (IV)
Observador
Figura 12 – Experimento realizado por Biot
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004).
Desvio
Pode-se observar que um dos cristais desloca a luz polarizada para a direita, e o
outro desloca a luz polarizada para a esquerda.
A assimetria que existe entre os cristais de quartzo pode ser melhor explicada
se compararmos esses cristais a outros objetos que possuem formas geométricas
“opostas”, como nossas mãos, pés, luvas e sapatos. Pode-se observar que estes
objetos não são sobreporíeis, isto é, colocando a mão esquerda sobre a mão direita,
elas não coincidem, por isto a luva da mão esquerda não serve na mão direita.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pode-se observar que o composto que desvia a luz polarizada para a direita é deno-
minado de substância dextrogira, enquanto o outro, que desvia a luz polarizada
para a esquerda, é denominado de substância levogira, com a mesma angulação.
+α -α
Substância Substância
dextrogira (d) (+) levogira (l) (-)
Figura 15 – Desvio da luz polarizada
Fonte: Feltre (2004).
Isomeria
174 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Compostos com um carbono assimétrico:
Um exemplo clássico de carbono quiral é o ácido lático (ou ácido 2-hidró-
xi-propanóico) que está presente no leite:
H
CH3 C* COOH
OH
Figura 16 – Exemplo de carbono assimétrico
Fonte: Feltre (2004).
Neste caso, o carbono central é assimétrico, pois estão ligados nele quatro
radicais: H , CH 3 , OH e COOH . Assim, a molécula do ácido lático, que
apresenta um carbono quiral, pode ser representado a seguir:
Espelho plano
H H
CH3 C COOH HOOC C CH3
OH OH
Figura 17 – Exemplo de carbono assimétrico central
Fonte: Feltre (2004).
H
COOH
CH3
OH CH3
COOH
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OH
Figura 18 – Exemplo de sobreposição de moléculas
Fonte: Feltre (2004).
Isomeria
176 UNIDADE IV
algumas propriedades físicas dos racêmicos são diferentes dos seus enan-
tiomorfos, por exemplo, no caso do ácido lático racêmico, que possui
ponto de fusão igual a 16,8°C, sendo inferior ao ponto de fusão dos seus
enantiomorfos, apresentados no quadro anterior.
H H
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1 4
2 3
HOOC C* C* COOH
OH CH3
Figura 19 – Exemplo de composto com vários carbonos assimétricos
Fonte: Feltre (2004).
Este ácido possui quatro isômeros opticamente ativos e distintos entre si,
pois existem grupos diferentes ligados aos carbonos 2 e 3, o que os torna
carbonos assimétricos diferentes entre si.
Espelho plano Espelho plano
Para este caso, temos quatro compostos diferentes, sendo que os isôme-
ros serão compostos por A e B, e por C e D. Então teremos duas misturas
racêmicas de A+B e C+D. Podemos utilizar o termo diastereoisômeros
para identificar os isômeros ópticos que não são enantiomorfos entre si,
sendo que neste caso temos os pares A e C; A e D; B e C; e B e D.
H H
C C C
H H
Figura 21 – Exemplo de isomeria óptica sem carbono quiral
Fonte: Feltre (2004).
R1 R3
R1≠ R3
C C C
R2≠R4
R2 R4
Figura 22 – Exemplo de isomeria óptica sem carbono quiral com diferentes radicais
Fonte: Feltre (2004).
Isomeria
178 UNIDADE IV
Espelho plano
R1 R1
R3 R3
C C C C C C
R4 R4
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
R2 R2
Primeira Segunda ligação π
ligação π (perpendicular à 1ª)
Espelho plano
Cl Cl
Cl Cl Cl Cl
Figura 24 – Exemplo de moléculas que possuem isomeria geométrica e óptica em frente ao espelho
Fonte: Feltre (2004).
Vimos que uma mistura racêmica possui a mesma proporção dos compos-
tos dextrogiros e levogiros, porém separar estes compostos não é uma tare-
fa simples, devido as suas propriedades físicas serem iguais, como o ponto
de ebulição. Assim, não é possível utilizar o processo de destilação para se-
parar a mistura. Por causa desta dificuldade, Pasteur, no século XIX, desco-
briu uma outra forma para separar uma mistura racêmica de ácido tartárico,
a partir de um processo biológico. Pasteur observou que quando era adi-
cionado o microrganismo - Penicillium glaucum (bolor verde) - na mistura
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Isomeria
180 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A IMPORTÂNCIA DA ISOMERIA E DO CARBONO
QUIRAL NA NATUREZA
Encaixe
impossível
Carbono quiral
N
O N O
O
H
Talidomida
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 27 – Molécula de Talidomina e uma criança vitimada por esta molécula
Fonte: Tabloide, A.E.S.C. Mamaô (2013, on-line)3.
Com isto, a produção de medicamentos passou a ser melhorada pela indústria far-
macêutica, devido aos riscos encontrados em compostos quirais. Os medicamentos
quirais contribuem com uma parcela muito significativa no mercado farmacêutico.
MECANISMOS DE REAÇÃO
Existem vários tipos de reações químicas possíveis que podem ocorrer em substâncias
orgânicas. Nesta sessão vamos mencionar algumas delas e suas principais funções.
REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
Alcano Haleto
Figura 29 – Reação de halogenação
Fonte: Feltre (2004).
Alcano Nitroalcano
Figura 30 –Reação de nitração
Fonte: Feltre (2004).
Ácido
Alcano
alcano-sulfônico
Figura 31 – Reação de sulfonação
Fonte: Feltre (2004).
Mecanismos de Reação
184 UNIDADE IV
Essas reações são bastante lentas de um modo geral e ocorrem com o aumento
de temperatura e auxílio de luz ultravioleta. Os alcanos possuem ligações C − C e
C − H , relativamente fortes, por isto são pouco reativos. Este fato é devido os alca-
nos serem apolares, assim o outro reagente tem mais dificuldade de atacar o alcano.
REAÇÃO DE ADIÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cula orgânica:
H Cl A B
Figura 32 – Reação de adição
Fonte: Feltre (2004).
Esta reação ocorre devido a dupla ligação ser formada por ligação sigma e uma
ligação π. A ligação π é mais fraca comparada à ligação sigma e se quebra com
mais facilidade, permitindo a adição de átomos aos carbonos.
A seguir vamos apresentar as adições mais comuns:
a. Adição de hidrogênio (hidrogenação): denominada de reação de Saba-
tier-Senderens, que é utilizada para a produção de margarinas a partir
de óleos vegetais.
Pressão, calor
CH2 CH2 + H2 CH3 CH3
Catalisador (Ni ou Pt)
Alceno Alcano
Figura 33 – Exemplo de isomeria de cadeia
Fonte: Feltre (2004).
Cl Cl
Alceno Di-haleto
Figura 34 –Reação de halogenação
Fonte: Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H Br
Alceno Haleto
Figura 35 – Reação de hidro-halogenação
Fonte: Feltre (2004).
H OH
Alceno Álcool
Figura 36 – Reação de hidratação
Fonte: Feltre (2004).
Mecanismos de Reação
186 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 37 – Imagem do Pesquisador Paul Sabatier
Fonte: Feltre (2004).
REAÇÃO DE ELIMINAÇÃO
De acordo com McMurry (2005), estas reações ocorrem quando alguns átomos
ou grupos de átomos são eliminados da molécula orgânica, conforme o exem-
plo apresentado a seguir.
Cl Cl
Podemos notar que a reação de eliminação é uma reação inversa a reação de adição.
a. Eliminação de hidrogênio (desidrogenação): um exemplo muito impor-
tante ocorre na indústria petroquímica, pois a partir de alcanos (presentes
no petróleo) podemos obter alcenos:
Calor
H2C CH2 Catalisador CH2 CH2 + H2
H H
Alcano Alceno
Figura 39 – Reação de desidrogenação
Fonte: Feltre (2004).
Álcool
H2C CH2 + Zn CH2 CH2 + ZnBr2
Br Br
Di-haleto Alceno
Figura 40 – Reação de de-halogenação
Fonte: Feltre (2004).
Mecanismos de Reação
188 UNIDADE IV
KOH
H2C CH2 Álcool
CH2 CH2 + ZnBr2
H Br
Haleto Alceno
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Figura 41 – Reação de desidro-halogenação
Fonte: Feltre (2004).
Por que certas reações químicas são denominadas na indústria de “Química fina”?
Certas reações químicas realizadas na indústria necessitam de reagentes
que possuem o preço comercial elevado, limitando seu uso para produtos
específicos, como exemplo, medicamentos e cosméticos, que também terão
os preços elevados devido aos custos de produção.
(Ricardo Feltre)
CH CH + HX
CH CH Alceno
H X
CH CH + KX
H OH
Álcool
Figura 42 – Exemplo da diferença entre reações
Fonte: Feltre (2004).
Há predomínio da eliminação
Há predomínio da substituição
Figura 43 – Exemplo de condições específicas para as reações
Fonte: Feltre (2004).
H OH
Álcool Alceno
Figura 44 – Reação de desidratação
Fonte: Feltre (2004).
Mecanismos de Reação
190 UNIDADE IV
170°C
CH2 CH2 H2SO4
CH2 CH2 + H2O
H OH
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Álcool Alceno
Figura 45 – Exemplo de desidratação intramolecular
Fonte: Feltre (2004).
140°C
CH3 CH2 OH + HO CH2 CH3 H2SO4 CH3 CH2 O CH2 CH3 + H2O
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
192
1. Em nossa cozinha, ao preparar uma deliciosa refeição, utilizamos óleo para co-
zinhar vários tipos de alimentos. Os óleos são compostos insaturados, ou seja,
a ligação entre os átomos de carbono são duplas ligações. Com relação à dupla
ligações entre carbonos é correto afirmar que:
a) Existem duas ligações do tipo sigma.
b) Existem duas ligações do tipo p.
c) A ligação do tipo sigma é mais fraca que a ligação do tipo p .
d) A ligação do tipo sigma é mais forte que a ligação do tipo p .
e) Todas as alternativas estão erradas.
KOH
H2C CH2 Álcool
CH2 CH2 + ZnBr2
H Br
Haleto Alceno
a) Trata-se de uma reação de alcoólise.
b) Trata-se de uma reação de desidratação intermolecular.
c) É uma reação de desidratação intramolecular.
d) É uma reação de eliminação de hidrogênio.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
193
3. Quando ingerimos uma bela refeição, seja no café da manhã ou almoço, estes
alimentos passam por várias reações metabólicas até virar energia para nosso
organismo desempenhar funções biológicas, e uma infinidade de atividades.
Qual a substância presente no sangue e nos músculos que pode provocar do-
res musculares após um esforço físico prolongado?
a) Uma amina primária.
b) O ácido (-) lático.
c) O ácido (+) lático.
d) O ácido (+) lático e o ácido (-) lático.
e) Uma amida terciária.
5. Quando acordamos pela manhã e preparamos um café matinal de pão com mar-
garina, estamos consumindo um produto proveniente de um óleo vegetal. A re-
ação que ocorre para a produção de margarina é realizada a partir da adição de
hidrogênio, transformando um composto insaturado (óleo vegetal) em um com-
posto saturado (margarina). Qual é a reação utilizada na produção de margarina?
a) Reação de Substituição-halogenação.
b) Reação de Eliminação.
c) Reação de Eliminação-desidratação.
d) Reação de Adição-hidrogenação.
e) Reação de Substituição-desidratação.
195
Luz
CH4 + Cl2 CH3Cl + HCl
Figura 47 – Exemplo de substituição.
Fonte: Feltre (2004).
As duas moléculas reagentes são apolares, porém a luz promove a quebra da ligação:
H H
2ª etapa
(Propagação) H C H + Cl2 H C + HCl (Reação rápida)
H H
O novo radical formado H 3C procura por uma outra molécula para continua a reação:
H H
3ª etapa
(Propagação) H C + Cl Cl H C Cl + C l (Reação rápida)
H H
Molécula final Novo radical
desejada livre
Figura 50 – Exemplo da terceira etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).
Cl + Cl Cl2 ou
4ª etapa
(Finalização) (Reação rápida)
HC3 + CH3 CH3 CH3 etc.
Figura 51 – Exemplo da quarta etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).
Esta não é uma finalização desejada, porém sempre ocorre. Assim, as reações apresenta-
das são um exemplo de reação denominada de mecanismo de radicais livres. Este tipo
de mecanismo ocorre em muitas reações de bioquímicas, como por exemplo no proces-
so de envelhecimento do nosso organismo.
Fonte: Feltre (2004).
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
198
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1807&e-
vento=5. Acesso em: 17 jun. 2019.
2
Em: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1807&e-
vento=5#menu-galeria. Acesso em: 17 jun. 2019.
3
Em: <http://tabloideaescmamao.blogspot.com/2013/08/talidomida-medicamento-
-que-causa_2.html>. acesso em: 22 jul. 2019.
199
GABARITO
1. D.
2. C.
3. C.
4. C.
5. D.
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi
V
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS,
UNIDADE
TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO,
TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE
SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os conceitos e as propriedades físicas dos materiais, tais como
ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade, solubilidade, que interferem
no processo de formação e separação de misturas homogêneas e
heterogêneas.
■■ Compreender as principais técnicas experimentais de separação de
misturas homogêneas e heterogêneas, presentes nas diversas fases.
■■ Entender a determinação experimental da concentração de soluções ácidas
e básicas por meio de titulações e medidas de pH.
■■ Verificar os principais cuidados que devem ser observados antes de
adentrar em um laboratório de química.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Propriedades físicas dos materiais e misturas
■■ Técnicas de separação de misturas
■■ Titulação, padronização e medidas de pH
■■ Noções básicas de segurança e cuidados laboratoriais
202 UNIDADE V
INTRODUÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
também o ponto de fusão, ebulição e a densidade dos materiais que são proprie-
dades características dos mesmos, sendo empregadas desde o dimensionamento
de equipamentos industriais até mesmo no controle de qualidade, para identifi-
cação de fraudes, qualidade de produtos fabricados, entre outros. Ainda, dentro
do campo da mistura, estudaremos algumas das principais técnicas experimentais
empregadas no laboratório para a separação das misturas, sejam entre compos-
tos orgânicos ou inorgânicas, que também se utilizam das propriedades físicas
dos materiais para promover tal separação. Por meio da densidade, por exemplo,
é possível realizar o tratamento da água potável nos sistemas de abastecimento
público do país, e por meio do ponto de fusão é possível separar a água do álcool
e permitir que utilizemos o etanol como combustível em nossos veículos. No
contexto experimental, verificaremos a forma de se determinar a concentração
de soluções com caráter ácido ou básico, utilizando-se de práticas muito comuns
na química, a titulação, a padronização e também por meio de medidas de pH,
aprendendo um pouco sobre os aparelhos utilizados e colocando em prática os
conceitos teóricos estudados sobre as funções ácidos, bases e sais. Citaremos,
ainda, algumas regras e condutas a serem tomadas para a preservação da segu-
rança nos laboratórios. Entenderemos que existem equipamentos de proteção,
denominados de equipamentos de proteção individual e coletivo, que nos pro-
porcionam maior segurança em relação aos fatores de riscos físicos (como a
temperatura, superfícies cortantes), químicos (causados pela manipulação de
reagentes químicos) e biológicos (causados pelos riscos atrelados a presença de
microrganismos) presentes em um laboratório proporcionando uma redução
dos danos causados em casos de eventuais acidentes.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
203
FASES
De acordo com Russel (1994), fase é definida como sendo uma região distinta,
onde todas as propriedades naquela região são as mesmas. Para exemplificar tal
situação, podemos citar um copo de água pura. Nesta amostra, temos apenas uma
única fase, pois em qualquer região dessa amostra, as propriedades, tempera-
tura, composição, densidade, viscosidade, entre outras, são idênticas. No entanto,
ainda de acordo com o autor, se adicionarmos cubos de gelo nesse copo de água,
iremos formas duas fases: a fase sólida e a fase líquida. Neste mesmo sistema, se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adicionarmos óleo de cozinha, este, por ser insolúvel, não irá se misturar com a
água e com o gelo, formando três fases (GODOI, 2016, p. 163).
Quais outros sistemas bifásicos (com mais de
uma fase) podemos destacar em nosso dia a
dia? Ora, se misturarmos uma grande quan-
tidade de sal na água, o sal não dissolvido,
depositado no fundo, forma uma nova fase.
No processo de preparação do café, também
temos duas fases: a água que contém a cafeína
dissolvida formando uma fase e o pó do café
formando outra fase (GODOI, 2016, p. 163).
E o que aconteceria se misturarmos água
com álcool? Quantas fases teríamos? Ora, a
água e o álcool são miscíveis, misturam-se por
completo, formando apenas uma única fase,
conforme veremos adiante. As fases podem ser
sólidas, líquidas ou gasosas. Quase todas as com-
binações de fases são possíveis, exceto quando há
a presença de uma única fase gasosa (RUSSELL,
1994; GODOI, 2016, p. 163).
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
205
Esta relação ocorre da seguinte forma, quanto maior a massa molecular ou tama-
nho da molécula de um composto orgânico, maior será a temperatura de fusão e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de ebulição. Podemos observar esse comportamento em alcanos normais:
300
Temperatura de ebulição (ºC)
200
Estado gasoso
100
Temperatura ambiente
0 C4H10
C3H8
-100 C2H6 Estado líquido
CH4
-200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Número de átomos de carbono
Figura 2 – Temperaturas de ebulição dos alcanos normais
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Para os alcanos normais, apresentados neste exemplo, pode-se notar que a molé-
cula de butano possui uma temperatura de ebulição maior que a molécula de
metano. Isto é devido ao tamanho ou peso molecular da molécula de butano ser
maior que a molécula de metano.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
207
H3C Cl
μ = 1,87 D
Figura 3 – Momento dipolar do clorometano
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Assim, as moléculas dos haletos possuem maior atração, o que influencia nas
propriedades físicas, como ponto de fusão e ebulução. Portanto, o ponto de fusão
e ebulição nos haletos são mais altos do que nos alcanos correspondentes con-
forme apresentado na tabela a seguir:
DENSIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res de densidade para uma grande variedade de compostos na pressão atmosférica
(1 atm) e temperatura ambiente (20 ou 25 °C) (GODOI, 2016, p. 121).
Em relação ao significado físico da densidade, ela nos revela o quanto a massa
está comprimida dentro do corpo. Por exemplo, para dois corpos de mesmo
volume, no primeiro corpo, com a presença de algodão, temos uma massa de
1 kg de algodão, enquanto que para o mesmo volume, ocupado por ferro, tere-
mos 100 kg de ferro.
1 kg de 100 kg de
algodão que ferro que
ocupa um ocupa um
volume V1 volume V1
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
209
A seguir, iremos mencionar algumas variáveis que podem interferir nos valores
experimentais da densidade dos compostos:
■■ Temperatura: para substâncias líquidas puras, a densidade é influenciada pela
temperatura e pressão (LENZI et al., 2015). Em geral, o aumento da tempera-
tura aumenta a energia das moléculas (agitação), aumentando o espaçamento
entre elas que, consequentemente, aumenta o volume. Na fórmula da densi-
dade, o volume encontra-se no denominador, fazendo com que a densidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
diminua com o aumento da temperatura (GODOI, 2016, p. 121).
A densidade para grande parte dos compostos sólidos é influenciada em
pequena escala com a variação da temperatura (GODOI, 2016, p. 121).
■■ Pressão: em relação à pressão, a variação dessa propriedade afeta muito
pouco nos valores da densidade de líquidos e sólidos. Isso é explicado
pelo fato das moléculas, nesses estados, estarem muito próximas umas
das outras e um aumento da pressão externa não promove uma aproxi-
mação substancial que seja capaz de alterar significativamente o volume
e, consequentemente, os valores da densidade. Para se ter uma ideia, é
necessário um grande aumento na pressão para uma pequena mudança
na densidade da água (GODOI, 2016, p. 121).
■■ Composição: para misturas, soluções, a densidade é função, também, da
composição. Pensemos, por exemplo, em uma mistura de dois líquidos
miscíveis, ou seja, aqueles que se misturam e formam apenas uma única
fase. Um dos componentes tem uma menor densidade e o outro tem
maior densidade. Ao se adicionar, na mistura, uma maior quantidade do
componente de maior densidade, aumentamos a densidade da mistura
formada, pois teremos uma maior proporção do componente com maior
densidade na mistura formada. Esta regra é clara para grande parte dos
casos usuais (GODOI, 2016, p. 121).
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
211
Densidade Relativa
densidade A
densidade relativa =
densidade B
Por ser uma divisão de duas unidades iguais (g/mL / g/mL),
o resultado gerado é um número adimensional, ou seja, sem
unidades.
Quando o resultado da divisão é um número menor que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1, o composto B se deposita no fundo. Quando é maior que
1, o composto A se deposita no fundo. Figura 5 - Densidade relativa
SOLUBILIDADE
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
213
dos compostos:
■■ Interação soluto solvente: as forças de atração e repulsão relativas entre
as moléculas do soluto e do solvente têm um papel muito importante no
processo de dissolução (BROWN et al., 2016) e, consequentemente, afe-
tam a solubilidade e também a miscibilidade dos compostos. Quanto mais
forte as atrações entre as moléculas de soluto e do solvente, maior a solu-
bilidade. Em outras palavras, um composto é solúvel/ miscível em outro
quando existem forças que permitem que suas moléculas fiquem próxi-
mas umas das outras. Caso contrário, os compostos são insolúveis e não
se misturam (GODOI, 2016, p. 163).
Miscibilidade
De acordo com Brown et al. (2016), o exame de diferentes combinações de
solventes e solutos nos leva a uma importante generalização: substâncias
com forças atrativas similares tendem a ser solúveis entre si, que é bastan-
te conhecida, como “semelhante se dissolve em semelhante”. Dessa forma,
substâncias apolares (que não possuem carga) são mais prováveis de serem
solúveis em solventes apolares; solutos iônicos e polares são mais prováveis
de serem solúveis em solventes polares. Como exemplo, óleo e água não se
misturam porque a água é polar (formam-se polos de acúmulo de cargas
positivas e negativas na molécula) e o óleo apolar (não se formam estes po-
los), por este motivo, são chamados de compostos imiscíveis.
Fonte: os autores.
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TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
215
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Mangueira
Sedimentação Decantação
Água Líquido
barrenta separado
Sifonação Líquido
separado
Figura 6 - Decantação
Fonte: adaptada de Peripato ([2019], on-line)1.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
217
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PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
219
TITULAÇÃO, PADRONIZAÇÃO
E MEDIDAS DE PH
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
determinar a concentração do ácido e vice-
-versa. O princípio da titulação é uma reação
química do tipo ácido/base, denominada de
neutralização, que já aprendemos nas unida-
des anteriores (RUSSEL, 1994; GODOI, 2017).
TITULAÇÃO E PADRONIZAÇÃO
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
221
+
ou toda a base seja consumida (ponto em que o número de mols de íons H do
−
ácido é igual ao número de mols de íons OH da base). Este ponto é visível pela
mudança de cor (devido à presença do indicador que adicionamos inicialmente),
ou seja, o ponto de viragem ou ponto de equivalência (GODOI, 2016, p. 233).
Na figura a seguir temos demonstrado o aparato experimental utilizado no
processo de titulação:
Bureta
com o
titulante
Erlenmeyer
com o titulado
e com o
indicador
ácido-base
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Para exemplificar o conceito de titulação: temos uma solução de hidróxido
de sódio ( NaOH ) que desconhecemos a concentração. Para determinar sua
concentração, iremos dispor essa solução no erlenmeyer, com a presença de um
indicador ácido/base, por exemplo, a fenolftaleína. O hidróxido de sódio, por
+ −
ser uma solução com água, contém íons dispersos de Na e OH . Na bureta,
iremos dispor uma solução de ácido, com concentração conhecida, por exem-
plo, o ácido clorídrico ( HCl ). Vagarosamente, vamos adicionando o ácido sobre
a base, agitando o erlenmeyer, ocorrendo a reação de neutralização descrita a
seguir (GODOI, 2016, p. 233):
NaOH + HCl → NaCl + H 2O
Perceba que a reação entre a base e o ácido forma um sal e água. No erlenmeyer,
tínhamos, inicialmente, uma solução que era básica, por causa da presença do
−
íon OH . Na presença do indicador fenolftaleína, ela se torna rosa. Quando
adicionamos o ácido clorídrico, estamos neutralizando essa solução, devido à
ocorrência da reação química mencionada. No ponto de viragem, quando toda a
− +
hidroxila (OH ) presente no NaOH foi consumida, ou seja, reagiu com o H
presente no ácido ( HCl ), produzindo o sal NaCl , o meio se torna neutro e o
indicador muda de cor, passando para transparente (consulte a tabela dos indi-
cadores apresentada anteriormente) (GODOI, 2016, p. 233).
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
223
MEDIDAS DE PH
+
A medida de pH nada mais é do que mensurar a quantidade de íons H pre-
sente na solução. Ou seja, determinar o seu caráter ácido ou básico, ou ainda, a
acidez ou a basicidade de uma solução qualquer. O pH pode ser determinado
com auxílio de indicadores ácido-base, dos quais citamos alguns no quadro de
indicadores ácido/base, e também por soluções-padrão ácido e padrão básico,
por meio da comparação das cores. Estas são medidas aproximadas. Medidas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais precisas podem ser realizadas com o uso do pHmetro (LENZI et al., 2015),
que consiste em um par de eletrodos conectados a um medidor capaz de medir
pequenas voltagens da solução, na ordem de milivolts. Uma voltagem que varia
com o pH é gerada quando os eletrodos são colocados em certa solução. Essa
voltagem é lida pelo medidor, que é calibrado para fornecer um valor de pH
(BROWN et al., 2016; GODOI, 2016).
+
Em soluções que contém caráter ácido, há a presença de íons H , respon-
sáveis pelo caráter ácido da solução e baixos valores de pH. Em soluções com
−
caráter básico, há a presença do íon OH , responsável pelo caráter básico do
meio e por altos valores de pH (LENZI et al., 2015; GODOI, 2016).
Para a água pura, a concentração é de H + = OH − = 1, 00 x 10−7 mol / L
e dizemos que a solução é neutra (BROWN et al., 2016). Para uma solução de ácido
acético, por exemplo, podemos ter a concentração de H + = 1, 32 x 10−3 mol / L.
São todas concentrações muito baixas, expressas em potências de 10. As
operações com números pequenos tendem a ser complicadas, para simplificar,
aplicou-se algumas propriedades de logaritmos a essa representação, que é o
+
cologaritmo na base 10 de H (BROWN et al., 2016; GODOI, 2016).
Vejamos a regra, por exemplo, para o caso da água, em que a concentração
+
de H = OH − = 1, 00 x 10−7 mol / L.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
225
pH = − log H +
pH = − log 1, 00 x 10−7 = 7, 00
pOH = − log OH −
pOH = − log 1, 00 x 10−7 = 7, 00
+ −
Este é o pH neutro, da água pura, quando a concentração de H 3O = OH
(BROWN et al., 2016). Ou seja, a água, um composto neutro tem pH igual a 7.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lizada essa análise (GODOI, 2016, p. 233).
Chuva Ácida
A chuva ácida é um fenômeno que começou a surtir efeito com o grande
crescimento das cidades e com alto nível de industrialização. As substâncias
poluentes, compostas por dióxido de enxofre SO2 e óxido de nitrogênio
NO2 , geradas por carros, indústrias, usinas energéticas, se combinam com
o vapor de água presente na atmosfera, formando compostos ácidos. Os
ácidos nítricos, sulfurosos e sulfúricos são formados, respectivamente, pelas
equações químicas abaixo:
A chuva é considerada ácida quando o seu pH é menor que 5,6. A chuva com
essa característica ácida causa grande impacto ambiental, gerando danos a
rios, lagos, alterando a composição química de solos e das águas, interferem
nas cadeias alimentares, corroem estruturas metálicas, monumentos histó-
ricos e podem desestabilizar edificações.
Fonte: os autores.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
227
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pelo contato direto com substâncias cáusticas, incêndios com líquidos inflamáveis
e, até mesmo, explosões. Ainda de acordo com os autores, no caso de acidentes,
o responsável pelo laboratório deve proceder adequadamente, com o intuito de
minimizar suas consequências (GODOI, 2016, p. 16).
Além dos riscos relacionados a agentes químicos, existem riscos relacionados
à manipulação de agentes biológicos. Os riscos biológicos estão atrelados à exis-
tência de vírus, bactérias, protozoários, parasitas, fungos, bacilos, entre outros.
Estes microrganismos, em contato com as pessoas, podem provocar inúmeras
doenças. Este tipo de risco é acentuado para pessoas que trabalham em indústrias
de alimentação, em hospitais e clínicas de análises clínicas, em setores de limpeza,
entre outros. Dessa forma, nestes ambientes, se faz necessário medidas preven-
tivas para que as condições de higiene e segurança reduzam os fatores de risco.
Antes de adentrar em laboratório que manipulam agentes químicos e biológicos,
deve-se conhecer previamente os riscos a que se estará exposto. Estes riscos estão
associados a essa atividade laboral e se deve ao fato dos indivíduos ficarem cons-
tantemente expostos a situações potencialmente perigosas (GODOI, 2016, p. 16).
Com o intuito de diminuir a frequência e a gravidade com que esses aciden-
tes ocorrem, é extremamente necessário o atendimento de uma série de normas
que podem ser preestabelecidas por Engenheiros de Segurança no Trabalho (para
o atendimento da legislação nacional e/ou internacional) ou por conhecedores
técnicos desse assunto. Essas regras são específicas para cada tipo de laboratório,
ou seja, depende do ramo de atividade, dos produtos químicos manipulados, dos
agentes biológicos envolvidos, das leis trabalhistas, entre outros. De forma geral,
destacam-se algumas medidas comuns aos laboratórios de química e biologia,
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
229
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Nunca tente saber o sabor de um produto químico que não tenha grau
alimentício.
■■ Quando houver a necessidade de se detectar o desprendimento de gases
pelos produtos químicos ou reações químicas, nunca coloque seu rosto
próximo ao frasco ou recipiente que contém o produto. Desloque, com
sua mão, os vapores desprendidos em direção ao seu nariz. Só realize
esta operação de for extremamente necessário e se houver conhecimento
das propriedades toxicológicas dos gases desprendidos, que podem ser
encontradas na FISPQ.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
231
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 15 – Cabine de segurança biológica
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lentes pode dificultar a sua retirada dos olhos. Elas podem ficar aderi-
das na retina.
■■ Não utilize roupas de natureza sintética. Dê preferência para roupas de algo-
dão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios, podem ficar aderidas na pele.
■■ Lave as mãos após encerrar as atividades no laboratório.
■■ Evite trabalhar sozinho no laboratório. Em caso de acidentes, a pessoa
pode ficar inconsciente.
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por diversos materiais, como couro ou algodão,
para proteção térmica e mecânica; metal para pro-
teção de materiais cortantes; e nitrílicas, PVC ou
látex para a proteção contra reagentes diversos e
riscos microbiológicos.
Jalecos ou guarda-pós: recomendado o uso de
jalecos compridos e mangas compridas para pro-
teção dos membros superiores e corpo. É aconse-
lhado o uso do jaleco de algodão, já que os de fibra
sintética são altamente inflamáveis. É importante o
uso desse EPI para proteger o corpo contra eventu-
ais produtos químicos e biológicos que, acidental-
mente, possam entrar em contato com o corpo do
trabalhador (GODOI, 2016).
Sapatos de segurança: utilizado para a proteção
dos pés em atividades diversas. Para a proteção
contra reagentes químicos, pode ser utilizado sa-
patos fechados em geral. Para ambientes de traba-
lho úmido e escorregadios, é indicado o uso das
botas de PVC.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 17 - Chuveiro de segurança, capela de fluxo laminar, lavatório de olhos, sprinkler
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
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Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/decantacao>. Acesso em:
14 jun. 2019.
2
Em: <http://andre-godinho-cfq-8a.blogspot.com.br/2012/12/escala-de-ph.html>.
Acesso em: 14 jun. 2019.
3
Em: <http://www.citec.fatecjab.edu.br/index.php/files/article/view/13/14>. Aces-
so em: 14 jun. 2019.
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GABARITO
542, 05 g
=d = 1, 084 g mL
500, 0mL
Como esse valor está acima do limite máximo estipulado (1,040 g/mL), o leite
deve ser reprovado.
2. E.
Segue a justificativa das alternativas incorretas:
a) É possível separar os componentes de uma mistura homogênea.
b) Para ser mistura, necessariamente, devemos ter dois ou mais componentes.
c) Não, filtração é capaz de separar misturas heterogêneas.
d) Primeiro deve ser realizado uma dissolução, para dissolver o sal, então deve
ser realizado uma filtração, para separar a areia e, em seguida, uma evaporação,
para recuperar o sal.
e) Correto.
3. C.
Antes de iniciar, devemos balancear a equação:
2 HCl + � Na2CO� 3 → 2 NaCl + H 2O + CO2
A solução de carbonato de sódio tem a concentração de 0,0350 mol/L:
0, 0350 molNa2CO3 ................. 1000 mL
x .................. 80 0 mL x = 0, 00280 molNa2CO3
Mas temos essa quantidade de HCl em um volume 30,0 mL, precisamos des-
cobrir a quantidade em 1 L:
0, 2044 g HCl ........... 30, 0 mL
x ...... 1000 0 mL
x = 6, 81 g L HCl
4. E.
Como o exercício forneceu a concentração em quantidade de matéria do hidrô-
nio, basta utilizar a expressão do pH:
pH = − log [ H + ]
pH = − log [1, 0.10 6 ]
pH = 6 − log 1
pH = 6 − 0
pH = 6
5. I - Vista-se com roupas e calçados adequados (fechados). Cabelos compridos de-
vem ser mantidos presos. II - Não se deve comer ou beber em um laboratório.
Os alimentos podem ser contaminados, por exemplo, por vapores tóxicos, po-
dendo prejudicar a saúde dos trabalhadores. III - Evite o contato de qualquer
substância com a sua pele. Evite passar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos.
Caso alguma substância química respingue em sua pele, deve ser lavada imedia-
tamente a área afetada com água em abundância. IV - Todos os procedimentos
que envolvam a liberação de vapores, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis devem
ser realizados na capela de exaustão. V - Não utilize roupas de natureza sintética.
Dê preferência para roupas de algodão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios,
podem ficar aderidas na pele.
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CONCLUSÃO