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Introdução a Antropologia Cultural

1.Antropologia é um ramo das ciências sociais que estuda o ser humano e a sua origem de
maneira abrangente. Por meio de estudos sobre as características físicas, a cultura,
a linguagem e as construções do ser humano, o antropólogo vai buscar determinar, com base em
grupos sociais específicos, como se formaram os seres humanos a ponto de tornarem-se o que
são em suas comunidades.

1.1.Conceito de antropologia
A palavra antropologia tem origem no idioma grego, o radical “antropo” vem
de antrophos (homem) e “lógia” vem de logos (razão ou, em sentido específico, estudo). A
antropologia é, ao traduzirmos a palavra ao pé da letra, o estudo do ser humano em seu aspecto
mais amplo.
A antropologia busca compreender como o ser humano formou-se e tornou-se o que ele é.
Portanto, o antropólogo busca as raízes do ser humano estabelecendo (como a história) um
estudo do passado para compreender quais foram essas origens. Isso é feito de maneira física ou
biológica, social, cultural e até linguística, dependendo de qual vertente da antropologia
estudada e de qual método antropológico utilizado.

1.2.O que a antropologia estuda?


Os estudos antropológicos buscam compreender como os povos viveram, como os seres
humanos formaram-se e como a cultura humana desenvolveu-se. Dessa maneira, o
antropólogo busca o trabalho de imersão numa determinada sociedade, a fim de observar e traçar
teorias sobre a constituição cultural ou física dos indivíduos daquela sociedade.

2.Objecto de estudo da Antropologia

Antropologia como ciência do biólogo e do cultural tem o seu objecto de estudo definido: no
homem e nas suas várias acções

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3.Os Campos da Antropologia

A contribuição das duas grandes áreas da Antropologia para a amplificação da compreensão


do fenómeno humano, desenvolveu ao longo da história da antropologia muitas temáticas de
pesquisa, que originaram uma compartimentalização do conhecimento de cada esfera
antropológica, permitindo especialidades de discussão.

Esta classificação, no entanto, não é homogénea em todo mundo. A antropologia abarca


um vasto campo de investigação, são eles os seguintes:

3.1.Antropologia física

Surge vinculada aos estudos fisco-biológicos do século XVIII e XIX, visando compreender o
processo de evolução pelo qual se originaram os humanos modernos, com ênfase nos aspectos
biológicos e físicos referentes a este processo. Sua metodologia se centraliza na comparação
fóssil-residual além do estudo comparativo de diferentes "tipos humanos".

Objectiva compreender a adaptabilidade e variabilidade observáveis na humanidade. Em grande


medida a antropologia física se vincula a uma matriz disciplinar biofísica que tem como principal
matriz as teorias evolucionistas. Está também significativamente associada aos estudos
arqueológicos, tanto no estudo de grupos hominídeos pré-históricos, como em pesquisas etno-
históricas visando estabelecer as diferentes trajectórias das sociedades de tradição
eminentemente oral, ou parcelas das sociedades de tradição escrita, das quais o registo escrito é
pouco significativo ou inexistente.

3.2.Antropologia cultural

A antropologia cultural tem raízes que remontam a Antiguidade Clássica, quando os primeiros
relatos escritos acerca de outros povos iniciaram as discussões acerca da cultura dos mesmos.
Estas origens se desenvolveram após o período das grandes navegações, cujos registros,
discutiam os povos "descobertos" como exóticos e "estranhos" ao mundo europeu.

Também conhecida como antropologia social, esta vertente surge da necessidade de


compreender a alteridade sociocultural, ou seja, a apreensão da visão de mundo expressa pelos
comportamentos, mitos, rituais, técnicas, saberes e práticas de sociedades de tradição não-
europeia. Nas primeiras décadas de sua formação enquanto disciplina a antropologia esteve
ligada aos interesses de Estado. Nesse sentido, a corrente funcionalista inglesa, pensava a

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antropologia como uma disciplina "aplicável" ou "útil" na consolidação das ambições de seu
governo, sendo utilizada, portanto, para práticas colonialistas. Em uma vertente oposta,
o Estruturalismo, de Claude Lévi-Strauss discute a antropologia cultural como ferramenta de
compreensão do homem. Com a publicação de La pensée sauvage, Lévi-Strauss demonstra que
os homens, em todas as culturas estabelecem processos cognitivos da mesma forma, e que a
utilidade é uma consequência da busca de conhecimento, e não a sua causa, como prescrevem
os funcionalistas.

3.3.Antropologia Biológica

Consiste no estudo das variações dos caracteres biológicos do homem no espaço e no tempo.
Leva em consideração as influências dos valores culturais nos indivíduos buscando identificar o
que é inato ou adquirido através da genética das populações;

3.4.Antropologia Pré-Histórica

Busca reconstruir as sociedades antepassadas: A antropologia pré-histórica é o estudo do homem


através de vestígios materiais enterrados no solo(ossada,mas também quaisquer marcas da
actividade humana.

3.5.Antropologia Linguística

Remonta as formas de comunicação humana. A linguagem é, com toda evidência, parte do


património cultural de uma sociedade. É através dela que os indivíduos que compõem uma
sociedade se expressam e expressam seus valores, suas preocupações e seus pensamentos.

3.6.Antropologia Psicológica

Consiste no estudo dos processos e do funcionamento do psiquismo humano. Aos três primeiros
pólos de pesquisa que foram mencionados, e que são habitualmente os únicos considerados como
constitutivos(com a antropologia social e a cultural) do campo global da antropologia, fazemos
questão pessoalmente de acrescentar um quinto pólo: o da antropologia psicológica, que consiste
no estudo dos processos e do funcionamento do psíquico humano.

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3.7.Antropologia Social

Estuda a sociedade em tudo que a constitui: A Antropologia Social e cultural (ou etnologia) nos
deterá por muito tempo. Apenas nessa área, temos alguma competência. Assim sendo, toda vez
que utilizarmos a partir de agora o termo antropologia social ou cultural (ou etnologia), mas
procuraremos nunca esquecer que ela é apenas um dos aspectos da antropologia.

4. O método e técnicas de investigação em Antropologia

Em antropologia o método corresponde a uma totalidade constituída por diferentes


procedimentos e etapas da construção da investigação, ou seja, a investigação é o resultado
de um conjunto de procedimentos metodológicos.
O método antropológico consiste, basicamente, na prática da etnografia (descrição do
trabalho de campo) e etnologia (síntese dos conteúdos descritos em campo). Deste modo, por
meio da análise crítica, é possível interpretar os fenómenos descritos.

Etnografia: Ciência que descreve os povos no relativo aos seus costumes, índole, raça,
língua, religião, etc. Na prática, a etnografia é um dos métodos utilizados na antropologia
para colectar dados e realizar o estudo de um determinado grupo social. Ou seja, o método
etnográfico corresponde aos primeiros estágios da pesquisa de campo: observação (directa,
indirecta ou participante) e descrição do trabalho de campo através de suas anotações no
chamado diário de campo. É fundamentalmente um trabalho descritivo. Segundo o
antropólogo Levi-Strauss, a etnografia engloba também os métodos e técnicas que se
relacionam com o trabalho de campo, com a classificação, descrição e análise de fenómenos
culturais particulares (quer se trate de crenças ou instituições culturais). A etnografia, então é
dedicada à descrição dos costumes, hábitos, crenças, instituições da cultura e da vida dos
povos.

Enquanto etnologia ciência que analisa as situações e documentos registrados pela etnografia,
descrição das várias etnias ou da cultura de um povo, interpretando-os a fim de propor uma
comparação entre culturas. Portanto, o método etnológico ou comparativo, após ter-se tomado o
maior número de informações através do método etnográfico, no tempo e no espaço procede-se à

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comparação para dai tirar as inferências. A etnologia se propõe a problematizar as diferenças e
similitudes entre diversas culturas, sociedades, agrupamentos apontando para contribuições no
estudo do comportamento humano. Todavia, é um método usado tanto para comparações de
grupos no presente, no passado ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades
de iguais ou diferentes estágios de desenvolvimento.

O método do trabalho de campo é um processo que envolve mais aspectos da vida, da conduta
social dentro dos quais o comportamento manifesto é observado. O trabalho de campo procura,
no conjunto de informações sobre o presente e passado, contextualizar as relações sociais que
observa. Portanto, o trabalho de campo é o processo de procurar o conhecimento através de
vários outros procedimentos entre os quais esta a observação participante.
No trabalho de campo realiza-se uma colecta de dados a partir das situações que se vivências. O
modelo de trabalho de campo foi proposto pela primeira vez por Branislaw Malinowski.

A ética no trabalho de campo


1.Respeito pela não falsificação dos dados observados;
2.Respeito pelo uso anonimo da informação se assim nos foi pedido pelos informantes;
3. Respeitar a privacidade dos informantes;
4. Pensar em que informação pode ser publicada e qual não;
5.Explicar sempre como se obteve os dados;

4.1.As técnicas de investigação

As técnicas são o conjunto de procedimentos que tem como objectivo obter um determinado
resultado seja no campo da ciência ou noutra actividade qualquer. As principais técnicas são:
entrevistas, observação participante, histórias de vida, entre outros.
Uma das principais técnicas é a da observação participante onde o pesquisador procura colocar-
se no lugar dos seus pesquisados. Neste caso. O pesquisador procura entender a população a
partir dos valores locais. Esta pratica foi aprendida pelos antropólogos durante a prática do
trabalho do campo.

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4.2.Interpretação dos dados ou dos fenómenos observados

A interpretação de determinados factos pode representar uma tarefa mais difícil do que parece. A
razão deriva de nem sempre ser suficiente e adequado interpretar um certo fenómeno unicamente
à luz da observação directa. Por outras palavras, a observação unicamente não é suficiente na
maioria das vezes. Independentemente da eventual dissimulação que pode conter um discurso
aquando da entrevista esta dispensável para se saber o que pensam efectivamente os actores
sociais acerca das questões que eles próprios protagonizam. O diálogo representa um
procedimento complementar indispensável para compreender as verdadeiras razões de um dado
comportamento.

Bibliografia

MELO, Luís. Antropologia Cultural I. Petrópolis, Vozes, 2002.

BERNARDI, Bernardo. Antropologia. Lisboa, Teorema, 1985.

LIMA, Augusto Mesquitela; MARTINEZ, Bento e FILHO, João Lopes. Introdução a


antropologia cultural. Lisboa, Editorial Presença, 2004.

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