You are on page 1of 16

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/269163363

Sertanejo Art Deco: analytical proposal for syntactic and morphological


analysis of geometric elements from Northeast´s popular façades

Conference Paper · May 2014


DOI: 10.5151/designpro-CIDI-121

CITATION READS

1 943

2 authors:

José Marconi B. de Souza Lia Monica Rossi


Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR) 7 PUBLICATIONS 12 CITATIONS
12 PUBLICATIONS 32 CITATIONS
SEE PROFILE
SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Design Research Methods View project

Design e Artesanato View project

All content following this page was uploaded by José Marconi B. de Souza on 26 January 2017.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


CIDI 2013 6TH CIDI
6 th Inform ation Design
International Conference
5TH InfoDesign
5 th Brazilian Conference
of In form ation Design
6TH CONGIC
6 th Inform ation Design
Student Conference
Blucher Design Proceedings
May 2014 , Vol. 1, Num. 2
www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi

Art Déco Sertanejo: proposta de análise morfológica e sintática


de elementos geométricos de fachadas populares nordestinas

Sertanejo Art Deco: analytical proposal for syntactic and morphological


analysis of geometric elements from Northeast´s popular façades

José Marconi Bezerra de Souza, Lia Monica Rossi

Geometria, sintaxe, gestalt, Art Déco, fachadas, Nordeste

Apresentamos através deste artigo nossa proposta de análise morfológica e sintática dos elementos
decorativos presentes nas fachadas e platibandas de construções populares nordestinas. Este trabalho
tem cárater exploratório e inovador pois, ao contrário de sistemas de análise usuais da Arquitetura, esta
proposta se baseia em bibliografia e conceitos básicos utilizados no ensino de Design como Geometria,
Metodologia Visual e Teorias da Gestalt e da Criatividade. Além do caráter analítico demonstrado aqui,
acreditamos que esta ferramenta poderá ser usada para fins didáticos e de geração de formas. Nosso
próximo objetivo será testar o potencial do modelo através de experimentos empíricos e efetivar os
ajustes necessários.

Geometry, syntax, gestalt, Art Déco, façades, Brazil's Northeast

This article proposes to analyse morphologically and syntactically the Brazilian Northeast popular façades
decorative details. This analytical tool has an innovative and exploratory character since usual architectural
analysis has not yet been applied to such subject. Furthermore, this tool is based on concepts taught in
product and graphic Design courses such as Geometry, Visual Methodology and Gestalt and Creativity
theories. Besides its analytical character, this tool could be applied to teaching purposes and shape
generation. Further research will focus on testing tool's usability in the classroom.

1 Introdução

As imagens do casario popular nordestino nos acompanham ha umas quatro décadas, sempre
nos surpreendendo, encantando e inspirando mais pesquisas.
Para que tanto trabalho, afinal? para que analisar tão tecnicamente essas modestas casas
populares? Objetivamente, supomos que nosso trabalho possa favorecer a observação do
entorno construido (qualquer um) e suscitar interesse e discussão, o que julgamos parte do
exercício do Design e da cidadania. Subjetivamente, talvez o interesse possa permitir uma
nova percepção sobre um casario anonimo, desde sempre ignorado pela arquitetura oficial e
pela academia, como costumam ser tratadas as expressões populares. Idealmente,
defendemos sua preservação através do registro de um modo de fazer, de uma estética da
periferia, de um Brasil.

Anais do Proceedings of the


6º Congresso Internacional de Design da Informação 6th Information Design International Conference
5º InfoDesign Brasil 5th InfoDesign Brazil
6º Congic 6th Congic
Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.)
Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI
Recife | Brasil | 2013 Recife | Brazil | 2013

Souza, José Marconi Bezerra de; Rossi, Lia Monica. 2014. Art Déco Sertanejo: proposta de análise morfológica e sintática de elementos
geométricos de fachadas populares nordestinas. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata
A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC
[= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2
DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-CIDI-121
|2

2 Contexto e definição

Apesar do Art Déco só ter sido batizado como tal na década de 1960, o estilo se origina na
Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris em
1925, que tinha em suas premissas “criar uma arte mais acessível, verdadeiramente
democrática” (Roiter 2011: 49). Art Déco se caracteriza por priorizar a configuração geométrica
das construções e dos adornos. Apesar deste rigor geométrico, alguns elementos
arquitetônicos são de influência clássica, numa “mistura de Historicismo e Modernismo”
(Frampton 1994: 220). Tendo na Arquitetura e no Design “suas expressões mais significativas”
(Czajkowski 2000: 10), o surgimento do estilo é contemporâneo ao grande movimento moderno
e à Bauhaus, nos anos entre-guerras.
Considerado “o último estilo suntuoso” (Duncan, 1988: 6), o Art Déco chegou às grandes
cidades brasileiras nas décadas de 1930 e 40 seguindo o fluxo do movimento modernista
mundial. A partir daí se espalhou pelos subúrbios e pelo interior do país, onde vigorou até os
50.
Se de fato seus exemplos mundiais mais conhecidos ostentam mármores e metais reluzentes,
no interior nordestino brasileiro o Art Déco inspirou a criatividade de pequenos construtores que
adaptaram o geometrismo do estilo às fachadas e platibandas de suas modestas moradas de
porta-e-janela de herança colonial. A essas manifestações populares anônimas do estilo
chamamos de Art Deco Sertanejo (Rossi: 1984: 27). Uma alvenaria sem luxo, mas que poderia
representar o “desejo de refletir novos tempos e ritmos, mesmo que só através das fachadas”
(Queiroz 2008: 234). Além disto, esconder os tradicionais beirais de telhas já era sinal de
modernização na São Paulo das últimas décadas do seculo 19:
“Telhados arrematados por platibandas decoradas, platibandas impostas até às velhas casas, que
tiveram seus beirais cortados e suas taipas rasgadas...” (Lemos, 1989: 91).

3 Justificativa

Sistemas generativos como os da Gramática da Forma aplicados em Arquitetura (Godoi e


Celani, 2008) e trabalhos como o de Lessa (1995) no âmbito do Design Gráfico são ótimas
ferramentas mas nos parecem incompatíveis com nosso intuito de trabalhar apenas dentro do
Geometrismo bi-dimensional tipico das fachadas populares nordestinas. Na área do Design da
Informação, modelos sintáticos como os de Spinillo (2001) e Engelhardt (2002) seriam
inadequados por priorizarem a análise de peças gráficas majoritariamente informativas
(instruções e infográficos, respectivamente). Além disto, como veremos a seguir, em ambos
modelos a "superfície" como componente sintático não é considerado.
E embora o Art Déco internacional oficial seja fartamente documentado desde seu surgimento,
desconhecemos uma análise sistemática da composição do estilo como a realizada aqui com
auxílio de disciplinas do campo da Percepção e do Design.

4 Método de análise

Composições e elementos decorativos de aproximadamente 1000 fachadas de dezenas de


cidades nordestinas foram registradas e comparadas com exemplos de produtos e construções
brasileiras e internacionais oficialmente reconhecidos como Art Déco.
Essas composições foram analisados sintaticamente, isto é, observando a maneira como os
elementos se relacionam entre si. Esta análise é sustentada no campo da percepção pela Teoria
da Gestalt e no campo da geometria pelas Leis da Simetria. Utilizando uma combinação dessas
teorias temos então quatro categorias de análise: a superfície onde ocorrem as composições,
os elementos dessas composições, os arranjos de elementos iguais entre si, e os
agrupamentos perceptuais dos elementos.

Quanto às superfícies
Devemos destacar que neste trabalho a superfície sobre a qual ocorre a composição é
considerada como parte integrante do desenho, como entendemos em Wong ao se referir ao

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|3

“marco de referencia”. Para o autor, “marco de referencia” é “a borda definidora da área e da


forma de uma composição” (Wong, 2001: 267), que eventualmente pode ser considerada como
“parte da composição” (Wong, 1998: 44). Para evitar confusão com outros marcos e molduras,
usaremos aqui o termo “superfície de referencia”.
Assim, fachadas e platibandas foram tratadas como superfícies bi-dimensionais com
composições de elementos geométricos dentro de seus limites ou bordas. Os volumes
geométricos que coroam as platibandas recortadas características do estilo Art Déco e seus
eventuais ressaltos e molduras tambem são definidores dessa superfície.

Figura 1: Exemplos de superfícies de referencia características do Art Déco Sertanejo.

Quanto aos elementos


Para registrar as variações de simetria e combinação de cada elemento geométrico montamos
uma complexa matriz (estudo ainda não publicado) que mostra 3 tipos de linha (vertical,
horizontal e inclinada), 11 formas (linhas combinadas e polígonos) e 3 volumes (prismas e
cilindro). Para efeito de síntese, neste artigo escolhemos apenas tres desses elementos
morfológicos: uma linha (vertical), uma forma (retangulo) e um prisma (triangular).

Figura 2: Os elementos escolhidos: linha vertical, retangulo e prisma triangular.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|4

Quanto aos arranjos de elementos iguais


Os elementos morfológicos iguais entre si se relacionam basicamente por simetria, como visto
em Bonsiepe (1978: 164), Wilmer (1978: 109), Waddington (1979: 37) e outros. Associando a
terminologia e os conceitos desses autores podemos afirmar que as maneiras básicas de obter
simetria são repetição, espelhamento, rotação, gradação e suas combinações. Na mesma
direção, em referencia à “ação” entre os elementos, Leborg (2006: 38) fala em “atividades” e
“relações”, ou seja, o uso de verbos criativos tais como repetir, combinar, ampliar, superpor etc.

Figura 3: Na matriz abaixo vemos os tres elementos escolhidos (linha vertical, retangulo e prisma triangular) e suas
possibilidades de arranjos por simetria e por verbos criativos.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|5

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|6

Figura 4: Exemplos de superficies de referencia contendo arranjos dos elementos escolhidos.

Quanto aos grupos perceptuais


A simples identificação de elementos geométricos como linhas, formas e prismas não é
suficiente para caracterizar composições no estilo Art Déco. Para isso deve-se identificar os
princípios de organização dos “grupos perceptuais” que formam tais composições. Roukes
estabelece que o “agrupamento perceptual é a maneira de combinar coisas para produzir
gestalts”, assumindo que “uma gestalt visual é uma unidade percebida” (Roukes, 1988:42).

Princípios semelhantes rejem a sintaxe da lingua para combinar palavras de maneira a criar
sintagmas e sentenças do discurso. Tomando a lingua como analogia, constatamos que cada
lugarejo exibe um repertório próprio de elementos e grupos perceptuais, como se fossem
dialetos estilísticos locais. O estudo destes casos nos parece desafiador mas importante e
pretendemos desenvolve-lo futuramente.
A seguir apresentamos a definição dos grupos perceptuais, segundo Roukes (op. cit):
 Proximidade
Os elementos estão próximos, mas não se tocam.
 Justaposição
Os elementos se tocam, fortemente agrupados.
 Enclausuramento
Os elementos estão dentro de um forma que maior , enclausurando-os.
 Fusão
Os elementos estão combinados e fisicamente integrados numa única forma.
 Fechamento
Elementos estão dispostos de modo que uma forma conhecida (e.g. um quadrado ou
círculo) é percebida. Em outras palavras, a forma conhecida "fecha" os elementos e os
transforma em fragmentos de um todo.
 Sobreposição
Os elementos estão uns por cima dos outros.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|7

Figura 5: Arranjos sintáticos de formas geométricas ou “grupos perceptuais” (Roukes, 1988:42) que aparecem no Art
Déco Sertanejo. (adap. dos autores).

Figura 6: Exemplos de fachadas que ilustram os grupos perceptuais.

Proximidade: Justaposição: Enclausuramento:


grupo de circulos e grupo de dois triangulos justapostos no frontão e à direita Dois polígonos irregulares enclausurados
quadrados proximos. (Campina triangulos azuis e brancos também justapostos. por molduras poligonais. (Cimbres, PE.
Grande, PB. Foto dos autores) (Ingá, PB. Foto dos autores) Foto dos autores)

Fusão: Fechamento: Sobreposição:


diversos polígonos se justapoem linhas horizontais próximas formam gestalt de quadriláteros variados se sobrepoem na
e aparentemente se fundem. retangulos. (Porto da Folha, SE. Foto dos autores) composição do adorno. (Itabaiana, PB.
(C. Grande, PB. Foto dos Foto dos autores)
autores)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|8

5. Exemplificação da análise sintática das fachadas

As imagens a seguir ilustram exemplos de Geometrismos encontrados em fachadas


nordestinas que enfatizam os tres elementos morfológicos escolhidos anteriormente: linha,
retangulo e prisma triangular.
Além de exemplos do Art Déco Sertanejo stricto sensu (porta e janela), suburbano e rural,
estão presentes construções tipicamente urbanas, como sobrados, lojas comerciais etc.
Fachadas com linhas retas paralelas

Figura 7: Linhas retas paralelas em repetição delimitadas por ressaltos e cornijas sobre os vãos (justaposição), em
dimensões diferentes equilibradas pelo quadrado central circunscrito ao azulejo (enclausuramento). Superficie de
referencia quase perfeitamente quadrada com a base rusticada pintada. As alterações de janela e porta originais ja
eram usuais, mas os adornos da platibanda estão preservados e destacados pela pintura. Uma das nossas primeiras
fotos em Campina Grande, PB, Bairro de Zé Pinheiro, em 1979.

Figura 8: Linhas retas paralelas verticais repetidas e em gradação no centro, e repetidas e em rotação nos dois lados
(proximidade). Superfície de referencia quadrada com moldura em ressalto. Loja em Pão de Açucar, AL, margem
esquerda do Rio S. Francisco. Foto dos autores em 2000.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
|9

Figura 9: Frontão triangular que acompanha as águas do telhado dividido por duas composições. Retas paralelas
inclinadas (proximidade) e horizontais (justaposição), em padrão típico de Chã dos Pereira, municipio de Ingá, PB. Foto
dos autores em 2012.

Figura 10: O frontão triangular sob o beiral enclausura 3 retas paralelas verticais e outras por rotação horizontal e se
repete com ligeiras diferenças e contraste de cores opostos (enclausuramento). Municipio de Nisia Floresta, RGN. Foto
dos autores em 2000.

Figura 11: Painel quadrado (fechamento) formado por retas paralelas em repetição (proximidade) coroam a platibanda
escalonada. Fachada original, não fosse a grade da porta e o beiral. Bairro de Zé Pinheiro, Campina Grande, PB. Foto
dos autores em 2012.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 10

Figura 12: Platibanda com recorte de linhas mistas quase clássicas ladeiam o retangulo (fechamento) formado por
linhas retas paralelas verticais (proximidade). Sob elas, leque de retas em rotação. Beiral acrescentado posteriormente.
Beira de rodovia no Agreste Paraibano com a Serra da Borborema ao fundo. Foto dos autores em 1994.

Fachadas com retângulos

Figura 13: Retangulos em repetição formando um colar (fechamento) nesta fachada com pilastras coroadas por
prismas retangulares em gradação (sobreposição). Sobrado comercial com esquina boleada típico da primeira metade
da década de 1940 no centro de Campina Grande, PB. Hoje totalmente descaracterizado. Foto dos autores da década
de 1980.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 11

Figura 14: Molduras de retangulos repetidos e aglutinados na platibanda (justaposição), um só abaixo, e repetidos aos
pares por espelhamento na sacada (sobreposição). Janelas originais. Predio comercial no centro de Campina Grande,
PB, provavelmente da segunda década de 1940. Foto dos autores em 2002.

Figura 15: Platibanda com retangulos em composição assimétrica mas mostrando espelhamento à direita e gradação e
sobreposição nas extremidades diferentes à esquerda e à direita. Centro de Campina Grande, PB. Foto dos autores
em 2002.

Figura 16: Platibandas com recortes volumétricos de retangulos em gradação e sobrepostos, e também nas pilastras
da fachada. Mocambo, CE. Foto dos autores em 2003.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 12

Figura 17: Retangulos em faixas horizontais compõem a platibanda à esquerda (fechamento). À direita, simples
molduras retangulares em ressalto. Bairro de Zé Pinheiro, Campina Grande , PB. Foto dos autores em 2012.

Figura 18: Retangulos lisos e texturizados repetidos por espelhamento nesta fachada com pequeno escalonamento
central. Porta e janela substituidas e gradeadas. Bairro de Zé Pinheiro, Campina Grande, PB. Foto dos autores em
2012.

Fachadas com prismas triangulares


Figura 19: Prismas triangulares verticais em repetição recortam a platibanda (jusposição). Ao lado, cornija encimada
por prismas retangulares sobrepostos. Nas vergas das janelas, adorno em relevo de retas paralelas repetidas
horizontais e inclinadas (justapostasição). Sobrado comercial no centro de Campina Grande, PB, da decada de 1940.
Foto dos autores em 2012.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 13

Figura 20: Prismas triangulares horizontais em repetição (justaposição) encabeçados por retangulos em simetria por
espelhamento (sobreposição). Sobrado comercial em Pesqueira, PE. Foto dos autores em 1992.

Figura 21: Composição em fachada perfeitamente simétrica por espelhamento. Supondo um eixo vertical entre as
portas até a platibanda, elementos poligonais e prismas triangulares se repetem aos dois lados (justaposição). Mercado
proximo a Nisia Floresta, RGN. Foto dos autores em 2000.

Figura 22: Nesta fachada, recortes de três grupos de prismas triangulares (justaposição) ladeados por retangulos
apoiados em tres ressaltos se repetem entre poligonos irregulares (proximidade). Bairro de Zé Pinheiro, Campina
Grande, PB. Foto dos autores em 2012.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 14

6. Resultado e conclusões
O método classificatório utilizado neste trabalho é apresentado através de uma matriz e
esquemas que resumem, organizam, exemplificam e explicam visualmente a morfologia e a
sintaxe das formas geométricas encontradas nas fachadas do Art Déco Sertanejo. As fotos são
registros dessas ocorrências, apontando para a riqueza de inspiradas interpretações dos
construtores nordestinos.
De caráter indutivo, nossa proposta classificatória pode mapear uma parcela significativa das
possibilidades de composições geométricas do estilo, bem como acreditamos que pode apoiar
o processo criativo de geração de formas. Além disto, a ferramenta analítica pode ser utilizada
para outras análises de produto ou estudos de composição de superfície. Entretanto, sua
usabilidade como suporte ao processo criativo será em breve tema de testes empíricos.
Extendendo nosso estudo sintático também pensamos em empreender uma pesquisa na área
da semântica, embora tentar descobrir as atribuições de significado pelos autores e usuários
deste Geometrismo popular nos pareça um grande desafio operacional e metodológico.
Enfim, empreender uma análise num tema construtivo para quem não é construtor talvez seja
como falar da métrica da poesia não sendo poeta.
Mas nos consolamos e animamos nas palavras do filósofo:
”Ao escrevermos, como evitar que escrevamos sobre aquilo que não sabemos ou que sabemos mal?
É necessariamente neste ponto que imaginamos ter algo a dizer. Só escrevemos na extremidade de
nosso proprio saber, nesta ponta extrema que separa nosso saber e nossa ignorancia e que
transforma um no outro. É só deste modo que somos determinados a escrever.” (Deleuze, 1988:10)
Então voltamos à questão da poesia e perguntamos: será que o conhecimento das técnicas
poéticas é indispensável ao poder de encantamento de um soneto? Certamente não, mas
tambem não o extingue, e talvez até lhe acrescente.
Na introdução do Pequeno Dicionario de Arte Poética podemos ler
...”como para a ordenação de um mundo lógico (para não falar científico) torna-se quase indispensável
conceituar e definir, designar pelo menos, cada coisa ou fato que nele toma parte, não será demais
um livro onde se ponham humildemente em fila alfabética os nomes e conceitos e possíveis definições
das coisas e fatos que formam a porção lógica do mundo poético”. (Campos, 1965:7)
Assim, desejamos sinceramente que a análise mostrada aqui acrescente "lógica" ao nosso
encantamento por esse casario, e o encantamento cresça e contagie.

Referências
BONSIEPE. G. 1978. Teoria y Practica del diseño industrial. Col. Visual, Gustavo Gili:
Barcelona.
CAMPOS, G. 1965. Pequeno Dicionário de Arte Poética . Edições de Ouro: Rio de Janeiro.
CZAJKOWSKI, J. (org.). 2000. Guia da Arquitetura Art Déco no Rio de Janeiro. PCRJ, SMU,
CAURJ. Casa da Palavra: Rio de Janeiro.
DELEUZE, G. 1988. Diferença e Repetição. Trad. Luis Orlandi e Roberto Machado. Ed. Graal:
Rio de Janeiro
DUNCAN, A. (editor).1988. Encyclopedia of Art Deco. Quarto Publishing: London.
Engelhardt, Jörg von (2002).The Language of Graphics:A Framework for the Analysis of Syntax
and Meaning in Maps, Charts and Diagrams. Faculdade de Matemática e Ciências da
Computação da Universidade de Amsterdam, Amsterdam, Holanda.
FRAMPTON, K. 1994. Modern Architecture – A critical history. Thames and Hudson: New York.
GODOI G. de e CELANI G. 2008. A Study about façades from historical Brazilian town using
shape grammar. Apresentação, Congreso SIGraDI: Cuba
LEBORG C. 2006. Visual Grammar. Princeton Architectural Press: New York.
LEMOS, C.A.C. 1989. Alvenaria Burguesa. Nobel: São Paulo.
LESSA W.D. 1995. Dois Estudos de Comunicação Visual. v.1. Ed. UFRJ: Rio de Janeiro.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic
| 15

QUEIROZ M. V. D. de. 2008. Quem te ve não te conhece mais; arquitetura e cidade de


Campina Grande em transformação (1930-1950). Dissertação (Mestrado): PPGAU, E.E. de
S. Carlos, USP.
ROITER, M. 2011. Rio de Janeiro Art Déco. Casa da Palavra: Rio de Janeiro.
ROSSI, L. M. (1984). Art Déco Sertanejo: manifestações arquitetonicas e decorativas
nordestinas. Seção 08-A.2 . Resumos, 36ª Reunião Anual SBPC, USP: São Paulo.
ROUKE N. 1988. Design Synectics – Stimulating Creativity in Design. Davis Pub. Inc.:
Worcester, Mass. USA.
Spinillo, C. G. (2001). An analytical approach to procedural pictorial sequences. Unpublished
PhD, The University of Reading, Reading, England.
WADDINGTON C. H. 1979. Instrumental para o Pensamento. Col. O homem e a ciencia, v.9.
Ed. USP: São Paulo.
WILMER C. & PEREIRA M. R. F. 1978. Geometria para Desenho Industrial. Ed Interciencia: Rio
de Janeiro
WONG W. 1998. Princípios de Forma e Desenho. Martins Fontes: São Paulo.
WONG W. e WONG. B. 2001.Visual Design on the computer. W. W. Norton & Company: New
York.

Sobre o(a/s) autor(a/es)


José Marconi Bezerra de Souza, PhD, UTFPR, Brasil <marconi2006@gmail.com>
Lia Monica Rossi, Mestre, pesquisadora independente, Brasil <liamonica2005@gmail.com>
www.art-deco-sertanejo.com

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic


Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

View publication stats

You might also like