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, Sophia de Mello Breyner Andresen PROSA organizagao ¢ preficio de Carlos Mendes de Sousa posficio de Maria Andresen de Sousa Tavares YQ ASSIRIO & ALVIM © AMIGO Era uma ver uma css pintada de amarclo coms um jadi volt No jardin hava iis, bal, um cedzo mito antigo, uma cere € dois pitans, Fra debaixo do cedro que Joana brincava. Com maigo ervase aus fiia muitas eats poquenasencostads a0 grande trnco «scuro, Depo imaginava os andexinhos que, se existisem, poderiam rmorar naquelas cass E fiia ma casa maior © mais complicads para 0 rei dos ans, Joana no tna imdosebrincaa sorinha, Mas de ver em quando vinham brincar os dois primos ou outros meninos. EA vues, ela ina uma fsa, Mas exes meninos a casa de quem ea ite que vinham a sua casa nio eram realmente amigos err visits. Fazian copa das suas ass de musgo e magavam-se imenso no se jad Joana tinka muica pena de mo saber brincar com 0s outos me- nino. 6 sabia estar sornha ‘Mas um dia encontrou um amigo. Foi auma mana de Outubro. Joana estava enearrapitada no muro. E passou pela rua um gato. Eatava todo vestido de remendos os seus olhosbeilhavam como dss ‘eels, Caminhava devagar pla beia do passio,srsindo ds falhas do Outono. 0 coragio de Joana dew um pulo aa gerganta — AK! — dine cs, E pensou «Parece um amigo, exactamente igual a um amiga E do alo do muro charnou-o — Bom dia! © garoto voltou a cabors, sonia respondes: — Bom dia! Ficaram os dois um momento calados. Depo Joana pergunto — Como éque te chamas? — Manuel — rexpondeu o gato a on — Bu chamo-me Joana F de novo entte oF dos levee dre, pass um silencio, Ouviu-se soca ao longe o sno de uma guinea, Arg que ogaroo disse: 0 tou jardion & muito bonic, —E, vom ver Joana desceu do muro ef abrir porto. F foram os dois plo jardim fora. © rapazinho olbava, uma por tums, cada coisa, Joana mosrou-the o tangue ¢ 0 peixes vermelhos ‘Mostsoute o pomar, as laranciras ea hora. E chamou os cis para tle os conocer, E mostrow-the a casa da leah, onde dormia um gato E mostrouhe cdas ax Srvore srelvs e28 lres. —Elindo, é lindo — dirs 0 apusinho gavemente ji — disse Joana — €0 cedo. aqui que eu brineo,E sn taram-se sob a sombraredonda do ced. 'A Tur da mana sodeava ojardim: tudo extava chelo de pax de fiescurs, As vers do leo de wma ti aia uma folha amarela que dava voltae no a “Joana foi buscar peas, pase musgo ¢ comesaram os dols cons muir casa do tel ds anes. Brincaram assim durante muito tempo. Aré que a0 Tonge apitou sama bri — Meio-dia — disso garoto—, tenho de me i embor Onde é que ta mors? = Aléo, nos pins — Elana cant =, mas é bem uma cas, — Endo? —0 miu pai esti no sé, Por iso somos muico pobres. A minha snc rabalh todo di, mas no cmos diahelro para ter uma cas ‘Mar 4 noite onde & que dormes? 0 ono dos pins em uma cabana onde de nite dormenn wma sca etm buro. E por esmala di-me licnga de dormir ali eambém, Bonde € que brincas! — Brinco em toda 2 parte. Dantes morivamos no eentro dc dade e eu bvincva no psseio enas valet. Brincava com laa vais, ‘com joraisvlhos, com eraposc com pedras. Agora brinco no pha «ma estrada. Brinco com as eras, com 0s animals ¢ com as flores, Pade brincar em rods apts — Mas eu no pos ssi deste jadi. Vola amanks para brinear comigo, E da em diante todas as manhis o rapasiho pasa pela rua, Jona esperava-o empoeiada no mur. [Abri-he a pore im os dois sentar-s sob a sombra redonda do «dio. Ef sim que Joana enconcrou um amigo. Era um amigo maravilhoro, As flores vltavam as suas covoas| quando cle pasva, uz era mais bihante em seu redo eos psaros vinham comer na palma das sas mos as migalas de pio que Joana fa buscar &coninha, APESTA Passaram mics dias, passaram muitas semanas, aque chegou 0 Nasal E no dia de Natal Joana ps o seu ves de veludo azul, os seus sapatos de vernix pret, mito bem penreaa, As sete e meia sit do quarto e desce a escada, Quando cheyou 20 andar de bain, ouviu vores na sala grande: ram as pstous crescidas que etavam Ii dentro. Mas Joana sabia que tinham fechado a pora para ela nd entra. Por isso fi & cas de antar ver sel estavam os copos. (Os copos paseavam 3 sua vid fchados dentro de um grande 3 _niria de madeira ecura, que extava no meio do comeder. Esse armi- fio tha duas poras que nunca se abriam completamente © uma grande chave, Li dentro hava sombrs e bilhos. Era como o interior cde ta cavera cheia de maravilhas esepredos. Eavar I fechadas multas cols, cosas que nio cram precis para a vida de todos os clits, cos belhantes © um pouco encantadas: liga, Fasos, cits, ‘cvs pissaros de vidro, Aré havia um praco com tts magis de cera ‘ema meénina de pata que er uma campainha. E também um grande ‘ova de Piscoa feta de loigsencarnds com lores doiadas Joana nunca tina visto bem até a0 fundo do armiio, Nao tinha liceaga deo bri, S6 conseguia que a cada is ves adeiaseesprei- tar ente ax duas ports, 'Nos die de festa, do furdo das sombas do interior do arma, sian os copos, Salam clas, ranspaentes brilhanes,silineando no tabuleiro,E para Joana aguele barulho de cxsalaeinar era a misica das fos. Joana deu uma volta 3 roda da mesa. Os copos ji lt estavam, tio fos eluminosas que mais paeciam vindos do interior de uma fonte de montanhs do que do funda de um arms, ‘As ves estavam acess sua lux atavesava © cristal. Em cima «da cas havi coisa maravilhoss e exrardinias: boas de ideo, pl has doiadasc aquels planta que tem folhas com pcos bolas encat~ ‘adas, Era wna fxs Era o Natal Enc Jouns fo a jardin. Porque la sia que nas nites de Na- tala xrels so diferentes. Abia a porta e dese a exada da varanda, Exava muito fi, mas «0 pp fio rihava As falas das elias, das bérulas eda ceeeias tinham ca, Os ramos nus deenhavam-se no ae como eendas pres ‘S60 cdro tinh os seus ramos coberts. E muito alo, por cima das drvores, era a escuridio enorme e re ddonda do céu. E ness ecurdio as estas cinlavam, mals aras do ‘que sudo, Cem bso era uma festa e po so hava muitas eos bie thant els aces, boas de wdro,copos de cristal. Mas no eu havia ‘uma festa mor, com miles miles de estes Joana fcou algum tempo com a eabeca leantada, Nio pensava crn nada, Olhava sien fieidade da noite no alto cd excuro elie minoso, sem nenbuma Sombra. Depoisvltos para eat ¢fechou a por —Ainga fla muito tempo para o jatar? — perguntou ela uma criada que in a atravesar 0 conedor. —Ainds fla um bocadinho, menina — dis a iad Eno Joana fo coznha ver a corinheira Gertrdes, que ea uma pessoa exiaonindvia, porque mesa nas coiss quentes sem se qusimar nas facas mals agugadas sem se corr © mandava em tudo, e sabia tudo, Joana achava-a a pessoa mals importante que conhecia 'A Gertrudes nha aber 0 forno eestava debrucada sobre os dois perus do Natal. Virva-os ¢ rgava-os com molho. A pele dos perus, ruitoesticada sobre o pit recheado, j extava toda doirad, “— Gerrudes,ouve uma coisa — dss Joana A Gertrude levantow a cabes epareia to assada como os pers. 0 que @ — perguntos el — Que presente &queachas que eu vou ter? —Nio sei — dise Gerrudes —, no pos adivinhat. ‘Mas Joana tina a maior conlanga na sabedoria de Gertudes © por iso coninaow a fzer perguntas, —E achas que o meu amigo vai er multos presences? = Qual amigo? — disses cozinhina. 0 Manuel 0 Manuel nio, Nio vai tr presente nenhun, Ni va te presenes nenbuns? —Nio — disse a Gerrudes abanando a cabera — Mas porque, Gerrnude? Porque € pobre. Os pobres no tem presents — Isso nfo pode ser, Gererades, — Mas é ais mesmo — dis a Gerrades fshando tampa do for, Joana fou parada no melo da cotinha. Tinha compreendido que cra vassim mesmos. Porque la sabia que a Gercrudes conhecia 0 mundo, Todas as manhis a ouvia disu com 0 homer do lho, coma peiscrae com a mulher da fur. Eninguém 2 podi engana. Porque ela era coninheira hi einta anos. E hd einta anos que el se le vantava As sete da manha e enbalhava até is onze da noite. E sabia tudo que se pasa na vsinhangse too que se passva dentro das ‘ass de toda a gene, E sabia todas as noticias e todas as histias das pessoas, E conheca todas a recltas de corinha, sabia fier todos os holose conhecia todas as espéces de cares, de peites, de fuse de legumes. Ela nunca se enganava. Conbeca bem o mando, a8 coisas € ‘os homens ‘Maso que a Gertudes tna dito era esquisito como uma ment Joana Reo ala, a csmat, no mio da ozinha, De repente abuse a porta e aparece uma ciada que ds — 4 ehegaram ox pros Eno Jouna fo er com os primos. Dal a uns minuto apaeceram | as pesoas grandes foram todos para mesa Tinha comecado a festa do Natal avian at um chico de canels ede pinto. Em cima da mess td brava: a vel, a fica, oF copos, a boas de vido, a pnkas oizads. Eas pessoa iam e dziarn unas 3s ouras: +Bom Natl Os opostlintavam com umn barulho de alga de fest. E vendo tudo {sto Joana pensava Com ceneza que a Gertudes se enganou. O Natal & uma festa para coda a gente, Amanhi'o Manvel varme contar edo. Com cet- teva que el mb em presents, 'E consolada com ex erperanga Joana voltow a car quase to ale sre como ants (© jantar do Natal era igual a0 de todos 0s anos. Pelmeico velo a «anja, depois o bacalhau asado, depois os pers, depois os puns de ‘vos, depo as rabanadas, depois o ananass 'No Tim do jancar Ivantaram-se codos, briv-se de par em par 2 porta e encraram ma sla. As Iizes elds exavam apagadas. Sé diam as vlas do pinbeio Joana tnha nove anos ej tnha vst nove ves a devore do Ne ‘al, Mas eta sempre como se fossa primers ver. Da svore mascia um bilhar maravilhoso que pousava sabre todas a coisas. Era como so brilho de uma estes se dveseaproximado da “Terra, Fra o Nata. E por iso uma drvore se cobra de lunes e 0s seus amor se caregavam de extraordiniiosFutos em meméria da alegra que, numa noite muito antiga, se inka espalhado sobre a Tera Eno presipio a figuras de barro, © Menino, 2 Viegem, Sto Jos a ‘aca eo burro, pec continuar uma doce conversa que jamals tie nha sido interrompida. Era uma conversa que se via €ndo se ouvia Joana olhava, olhivs, olhava As ves lembrava-se do sew amigo Manuel ‘Um dos primes puxou-a por um brag. = Jona ali esi ors presente. Joana abla um por um os embrulhos as casas: a boneca a bola os livtoschcos de desenhos a cores, aia de tints. A sua volta todos “Todos mostravam uns 20s outos os presentes que tinham tio, f lando a0 mesmo rempo, E Joana pensavas ‘Talvez © Manuel tenhstido wm astomével a fs do Natl continaava, ‘As pessoas grandes senearam-e ns cadeias¢ nos sofia converar cas riangaesenaram-e no chio a bine. Aé que alguém dise: = Sio onze horas € mela. Sio quase horas da mis. F so horas de as crangas eee delta. nto as pessoas comegaram asi. ( paiea micde Joana ummbém saam. —Bos noite, misha querida. Bom Natal — dsseram cles, Fa ports fechouse Daa um instante stam as rida A cass fcou nuit silencios, Tinham ido todos para a Missa do Gal, menos a velha Gerrudes, qe estas na covinha a atrumar as pa eas, E Joana fi & coun Era a alkura boa para falar com a Gertrude. = Bom Natal, Gererades — dis Joana. — Bom Natal — respondeu a Gertudes. Joana calou-se wm momento. Depos peguntou: = Gertrudes, aquilo que disteste anes do jantar€verdade? Oqueeque eudise? — Dissete que o Manel i er presents de Natal, porque os pobres no um presents, — Ei claro que éverdade. Eu nfo digo Fantasias: no teve pre- sents, nem Sevore do Natal, nem pers recheado, nem rabanadas. Os pobres sf os pobres. Tém 3 pobrer — Mas enti o Natal dle como fo? — Foi como nos outros dis —E como é no outros dias — Uma sopa e um bocado de pao Gererdes, 80 €verdade? — Eth claro que &verdade. Mas agora era melhor que & meaina se owe deta, porque estamos quase na mela-note, — Boa noite — dis Joana. E siu da cozinha Subiu a cscada efi para o seu qurco. Ox seus presents de Natal ‘esavam cm cima da cama, Josna olhouos um por um. E pensava Uma bones, uma hol, una cata de tints lvos. So al equal ‘os presenter que eu quia. Detam-me tudo 0 que queria, Mas 0 Ma vel ninguém dew nada.x E sentada na beita da cama, a lado dos presente, Joana pbs a Iimaginaro ilo, a escuridio e 2 pobreza, Passe a imaginar a Noite de [aca naguela casi que io era bem uma cas, mas um cust de an +Que feo I deve estas, ponsava cla Que escuro I deve ers, pensava ea Que ste H deve estas, pensava el E comesou a imaginar o curral gelado © em nenhuma luz onde Manuel dormia em cima das palhas aquecido 36 pelo bao de uma sacs ¢ de wm burro "— Amand vou dar-he os meus presentes — dis cla Depois supirou e pensou Amanhi no €2 mesma coisa. Hoje é que €a Noite de Natal« Foi 3 janla, abr as poreadase, através dos videos, epreitow ua, Ninguém passa, O Manel stave a dormir. S6 vra na man seguinte, Ao longe via-se uma grande somibra escura: ea o pinbal Endo ouviu, vindas da corre da ga, ores eclaras, as dave pan- cadas da melanie. “Hoje, pensou Joana, tenho dei hoje. Teno de i agor, ex oie, Para que ele tenha presents na Noite de Natal« Foi ao amir, trou um casacoe vestiu-. Depois pegou na bola, ‘cana de tines ¢ no lives. Apetecialhe levar também a bonecs, ‘mas cle ta um rapa € com certerando goxava de bonecs Pe ante pé Joana desceu a cada, Os degrausextalaram um por um, Mas oa cozinha a Gererudes fri muito barulho a arramat a pa- else no a ovis [Na sala de antar hava uma pora que dava pars o jardim, Joana alae salu, deizandova fears fechada no enco. Depoisatavessouo jardin. O Alex ea Chivbitaladraram, — Sow eu, sou ea — disse Joana Eos cies, ouvindo a sua vor, calaram-s. Ene Joana abs a pore do jin esau A ESTRELA (Quand se vis soinha no meio da un teve vontade de volta para tei, As votes pareciam enormes ¢ of seus ramos sem folhasenchiam 1 céu de desenbos igus plsarosfancisicos. Ea rua pareca viva Esta tudo desero, Aquels hora no pasavaainguém. Fstava coda a gente na Missa do Galo, As cass, dentro dos seus jardin, cinham as ports eat janclasfechadas, Nio se vam pessoas, s6 se viam coisas, ‘Mas Joana tnha 4 impressio de que as coisas a olhavam a ouviam come pessoas. ‘Tenho medos, pensou cla, Mas resolves caminhar para a frente sem olhar para nada {Quando chegou ao fim daria virou lista € meteu a um aalho| «entre doe muros. Eno fim do atlho encontou os campos planosede- sertos, All, sem muros nem drvores nem casas, a noite vase melhor Uma noie akisima eredonda e voda bhante. Osiéacio era to forte ‘que parca cantar, Muito a loge vi-se a massa escua dos pina. ‘Send posal que eu chegue a Hs, pensou Joana, Mas conti vow cami. ‘Or seus pésenterravam-se nas eras geladas. Ali, no descampado, soprava um curt vento de neve que he cortaa cara como uma faa, “Tenk fros, pens Joana. Mas continuou a caminhar. 1A medida que se is aproximando del, 0 pinhal ise ormando maior. Até que feos enorme: "Joana parou um instante no mo dos ampes. ‘Dara que lado fea cabana’, pensou ea -Eolhava em todas as dregs, & procura de um eso. ‘Mas Asa divlta no haviarasto, 3 sua esquerda no hala asco € 2 oa ene io bavi aso “Como é que het de encontrar o caminhot,perguntaa el E evant a cabo, 306 ~ Entio viu que no cfu, enamence, uma eres caminhava, «Esa «suc parce um amigos, penso cla E-comecou a seguira excl ‘Acé que peneto no pial, Entio, sum instant, a sommes fie ram uma roda sua vol. Eram enormes, verdes, roxas pretase azul, « dangavam com grandes gestos. Ea bri passava entre a agulhas dos Pinheiros, que parecam murmurar frases incomprcensves, E vendo- “se assim rodeada de vous de sombras, Joana eve med e quis Fug. "Mas viu que no cfu, muito alto, para alm de todas as soma, ae tela continuava a caminhar E seguiu a ela. ‘Hino meio do piahal parceuthe ouvir pasos Serf um lobo, pensou. Parou a escuat. © barulho dos pasos sproximava-se, Até que vi sugir entre os pinheiros um vulto muito alto, que vinha caminhando ‘Ser um lade, pens. ‘Mas oval parou na sua fente ela vi que es um tei. Tina | cabeza uma coroa de iro «dos seus ombros ala um longo mano al todo bordado de diamante. — Boa noite — dis Joana — Bos note —disteo te. — Como te chamat? — Bu Joana — die ea — Bu chamo-me Melchior — dis or E perguneo: Onde vis ovina a eta hora da nite? Vou com a estrla — dis cl —Também eu — dss ri —, também ex vou com a excl, juntos aeguiram sravés do pina Ede novo Joana ouvu pasos. E um vlto surgi entre a sombras a noite, Tinka na cabega uma coroa de bilhanese dos seus ombeos cas um grande manto vermelo coberto de muita esmeralda sf, Boa noite — dis ela. — Chamorme Joana evo com a ets — Tambérm ex — diseo rei —, também eu vou com a eels €0 mew nome & Gaspar, E seguiram juneos anavés dos pinhais E mais una vex Joana uv um barufho de pasos © um trees alo surgi entre as sombras anus eos pinheiros excuros. “Tinka na caboga um curbante branco e dos seus ombros cals um longo manco verde bordado de pros. A sua cara ra pres Boa noite — disse cla. — O meu nome é Joana. E vamos com sed. — Também eu — disco rei — camino com a esrela © 0 me nome € Baltasar. TE juntos segura os quatro através da noite. [No cho os galhos seco estalavam sob os pasos, bist murmu~ rava entre as drvores ¢ 0s grandes mantos bordados dos tés res do (inte bilhavam entre as sombeas verdes roxas ea ‘Vi guase no fundo dos pnb vam ao longe uma clardade. Eso bre ess claridadeaentelaparou E continuaram a caminhar, [Ate que chegaram 0 lugar onde estela cna parado e Joana vi uum eascre sem porta, Mano vu eur, nem sombra, nem tse tex, Pos o cascbre ex cheio de daridade, porque o brilho dos an- jos 0 iluminava, Joana vi o seu amigo Manuel. Estava deieado nas palhas entre 2 ‘vaca € 0 burro edormia sorindo Em sua ra, ajocthados no a esavam os anjos. O seu corpo no ‘inha nnhum peso ee feito de lz, sem nenhuma sombre, , coun atmos poss, of anjs ezavam, ajoethados no ar. Eras sim, 3h dos anos, o Natal de Manuel ‘Ah — dise Joana —, aqui € como no prestpiat — Sim — dise oti Baleasie —, aqui é como no presipio. Endo Joana sjcthou-see poison no chio os seus presentes. O CAVALEIRO DA DINAMARCA (1964)

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