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O Belo e o Sublime em Kant
O Belo e o Sublime em Kant
No caso da representação estética, não há nada no objeto que lhe garanta a beleza de forma
independente da consciência humana. Por exemplo, “o pôr do Sol é lindo”. Esse julgamento de que
aquele objeto é belo é exclusivo da consciência humana, não há nada no fenômeno físico, que
garanta objetivamente esse julgamento.
Gosto: é a faculdade de julgar um objeto ou um modo de representação mediante um agrado
ou um desagrado, sem qualquer interesse. O objeto de um tal agrado chama-se belo. Assim, a
beleza é resultado de um julgamento da consciência (juízo estético), que determina o gostar de algo,
a partir do prazer que ele me proporciona sem nenhum objetivo ou interesse. Se vejo uma mulher e
a julgo sexualmente atrativa, então não posso mais julgá-la como bela, pois o meu julgamento já
está contaminado pelo meu interesse/desejo sexual.
Por isso, o sentimento é diferente da sensação. A sensação é física e produz prazer corporal.
Se tenho fome, a comida me trará prazer corporal, pois satisfaz o meu desejo/interesse por saciar a
fome. Já o sentimento é intelectual, puramente subjetivo, e produz prazer estético (é um prazer
corporal, mas que não satisfaz nenhum interesse/desejo). Só se eu não estiver com fome, eu poderei
ter o prazer estético de degustar um prato de comida. O belo é uma qualidade do sentimento e não
da sensação.
Com isso, Kant também distingue o juízo estético do juízo moral, já que o julgamento moral
(“Não deves roubar”) implica em uma finalidade: determinar um certo tipo de comportamento, que
seja justo com os outros.
Se o belo é o objeto de uma satisfação desinteressada, então isso significa em um
julgamento imparcial da razão comum a todos os seres humanos. Logo, esse objeto de satisfação
Prof. Sérgio Murilo – FaE/UEMG 2
desinteressada será um belo universal. Kant se refere à subjetividade aqui não como uma
característica individual, mas como uma característica geral do sujeito humano dotado de razão. A
subjetividade individual depende de interesses e desejos. A subjetividade universal é imparcial,
desinteressada.
As reflexões estéticas de Kant sobre o belo se referem aos fenômenos naturais. Ele não faz
considerações sobre obras de arte, embora fale sobre a questão da criatividade. De qualquer forma,
as suas reflexões podem ser pensadas também para as obras de arte, como fizeram muitos
pensadores posteriores a Kant, desenvolvendo conceitos mais apropriados à apreciação da arte.
O SUBLIME
REFERÊNCIA
KANT, Immanuel. Crítica à faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.