You are on page 1of 2

Prof.

Sérgio Murilo – FaE/UEMG 1

A ANALÍTICA DO BELO E DO SUBLIME em KANT

Estética: aquilo que é puramente subjetivo


na representação de um objeto.
O conhecimento é a representação objetiva
do objeto na consciência humana. Neste caso,
existe algo no objeto, que pertence exclusivamente
a ele (Exemplo: “A bola pesa 1 quilo”). Embora o
sistema de medida baseado no “quilograma” seja
uma convenção humana, é certo que, o objeto
“bola” tem um peso que lhe pertence
exclusivamente.

No caso da representação estética, não há nada no objeto que lhe garanta a beleza de forma
independente da consciência humana. Por exemplo, “o pôr do Sol é lindo”. Esse julgamento de que
aquele objeto é belo é exclusivo da consciência humana, não há nada no fenômeno físico, que
garanta objetivamente esse julgamento.
Gosto: é a faculdade de julgar um objeto ou um modo de representação mediante um agrado
ou um desagrado, sem qualquer interesse. O objeto de um tal agrado chama-se belo. Assim, a
beleza é resultado de um julgamento da consciência (juízo estético), que determina o gostar de algo,
a partir do prazer que ele me proporciona sem nenhum objetivo ou interesse. Se vejo uma mulher e
a julgo sexualmente atrativa, então não posso mais julgá-la como bela, pois o meu julgamento já
está contaminado pelo meu interesse/desejo sexual.
Por isso, o sentimento é diferente da sensação. A sensação é física e produz prazer corporal.
Se tenho fome, a comida me trará prazer corporal, pois satisfaz o meu desejo/interesse por saciar a
fome. Já o sentimento é intelectual, puramente subjetivo, e produz prazer estético (é um prazer
corporal, mas que não satisfaz nenhum interesse/desejo). Só se eu não estiver com fome, eu poderei
ter o prazer estético de degustar um prato de comida. O belo é uma qualidade do sentimento e não
da sensação.
Com isso, Kant também distingue o juízo estético do juízo moral, já que o julgamento moral
(“Não deves roubar”) implica em uma finalidade: determinar um certo tipo de comportamento, que
seja justo com os outros.
Se o belo é o objeto de uma satisfação desinteressada, então isso significa em um
julgamento imparcial da razão comum a todos os seres humanos. Logo, esse objeto de satisfação
Prof. Sérgio Murilo – FaE/UEMG 2

desinteressada será um belo universal. Kant se refere à subjetividade aqui não como uma
característica individual, mas como uma característica geral do sujeito humano dotado de razão. A
subjetividade individual depende de interesses e desejos. A subjetividade universal é imparcial,
desinteressada.
As reflexões estéticas de Kant sobre o belo se referem aos fenômenos naturais. Ele não faz
considerações sobre obras de arte, embora fale sobre a questão da criatividade. De qualquer forma,
as suas reflexões podem ser pensadas também para as obras de arte, como fizeram muitos
pensadores posteriores a Kant, desenvolvendo conceitos mais apropriados à apreciação da arte.

O SUBLIME

O belo e o sublime têm em comum a característica de agradarem por si mesmos, de maneira


desinteressada, universal e necessária. Mas enquanto o sentimento do belo se refere a um objeto
limitado, finito, despertando em nós um sentimento de vida intensificada, o sentimento do sublime
relaciona-se ao ilimitado e dá o sentimento de espanto, logo seguido por uma explosão de força. O
sublime não comporta em si a noção de harmonia como o belo faz. O medonho e o horrível podem
suscitar em nós o sentimento do sublime. Por exemplo, uma erupção vulcânica, uma tempestade
terrível, podem suscitar em nossa razão o sentimento do sublime.
A diferença básica é que a apreciação do belo está contida dentro de certos limites, enquanto
o sublime é provoca justamente o rompimento desses limites. Outro exemplo, é contemplar o mar.
O sentimento de infinitude ou de força incontrolável (as grandes ondas) é que nos prende e nos
agrada, portanto trata-se de um sentimento sublime, pois a minha razão (imaginação) não consegue
colocar esses fenômenos dentro de limites harmoniosos.
O sublime nos leva ao absoluto, primeiro como medo e repulsa, diante de tal desmedida e
desproporção, depois como atração incontrolável. No sublime, o homem toma consciência do poder
da razão de ultrapassar toda a medida dos sentidos.

REFERÊNCIA

KANT, Immanuel. Crítica à faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

You might also like