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UNIVESIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Distinção das Orações Coordenadas Explicativas e Subordinadas Causais: Estudo do


caso dos alunos da 8ª Classe na Escola Secundária Geral Emília Daússe - Distrito de
Changara

Sinário Ndaferabuana (Cod. 708175042)

Tete, Agosto de 2020

UNIVESIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Índice

CAPÍTULO I: Introdução................................................................................................................................3
1.1. Introdução..............................................................................................................................................3
1.2. Formulação do problema......................................................................................................................4
1.3. Justificativa............................................................................................................................................4
1.4. Contextualização...................................................................................................................................4
1.5. Objectivos...............................................................................................................................................5
1.5.1. Objectivo geral...................................................................................................................................5
1.5.2. Objectivos específicos........................................................................................................................5
1.6. Hipóteses................................................................................................................................................5
1.7. Relevância da pesquisa..........................................................................................................................6
CAPÍTULO II: Revisão de literatura...................................................................................................................7
2. Revisão de Literatura................................................................................................................................7
2.1. Critérios fundamentais de distinção entre orações coordenada explicativa e subordinada causal. 8
CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS.........................................................................................15
3. Tipo de Pesquisa........................................................................................................................................15
3.1. Universo Populacional...........................................................................................................................15
3.2. Tipo de Amostragem.............................................................................................................................15
3.3. Técnicas e Instrumentos de Amostragem..............................................................................................15
3.4. Método de Abordagem..........................................................................................................................16
3.5. Método de Procedimento.......................................................................................................................16
3.6. Cronograma...........................................................................................................................................16
3.7. Orçamento...........................................................................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................................18

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CAPÍTULO I: Introdução

1.1. Introdução

O presente projecto surge com o tema "Distinção das orações coordenadas explicativas e
subordinadas causais: estudo do caso dos alunos da 8ª classe na Escola Secundária Geral Emília
Daússe - distrito de Changara". Com este tema pretende se compreender até que ponto os alunos
deparam com dificuldades em distinguir essas duas orações que partilham conjunções semelhantes.
Deste modo, o projecto irá trazer os critérios que devem ser tomados em conta na distinção entre
essas orações tendo como base alguns autores de compêndios ou gramáticas.

No que concerne à organização, o presente projecto encontra-se dividido em três (3) capítulos,
nomeadamente: O capítulo I, que apresenta os aspectos introdutórios, dentre eles, a contextualização,
o problema, a justificativa, os objectivos, as hipóteses bem como a relevância deste projecto de
pesquisa. No capítulo II, apresenta-se sobre a revisão da literatura, onde, de forma mais detalhadas
definimos os conceitos-chave desta pesquisa, bem como os principais critérios usados na distinção
entre as orações coordenada explicativa e subordinada causal tendo em conta perspectivas e visões de
alguns gramáticos.

No capítulo III, apresenta - se sobre a metodologia usada para a efectivação do presente projecto, o
cronograma e o orçamento, bem como a lista das referências bibliográficas.

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1.2. Formulação do problema

Várias vezes têm-se verificado controvérsias entre professores, estudantes, etc., no que diz respeito a
distinção entre uma oração subordinada causal e outra coordenada explicativa. Como pode se ver, um
professor discordou de outro na classificação da oração «porque estava doente», no seguinte período:
«Carla não foi à escola porque estava doente.» A disputa que ocorreu foi entre coordenada
explicativa e subordinada causal.

Com o presente trabalho, pretende-se responder à seguinte questão: "Que critérios os alunos da
Escola Secundária Geral Emília Dausse podem usar para distinguir facilmente as orações
coordenadas explicativas e subordinadas causais?"

1.3. Justificativa

É um facto que a língua portuguesa, duma forma geral, está sofrendo transformações, mas nem
sempre as bases da sua transformação têm explicações sistemáticas nos seus elementos estruturais.
Neste sentido preocupa-nos a necessidade de compreender as causas que estejam na base de tais
produções. Por isso pretende-se compreender o que provoca a ambiguidade entre entre orações
subordinadas causais e coordenadas explicativas.

Neste contexto, o presente trabalho reveste-se de capital importância para uma mudança de
perspectiva nos modelos de ensino de gramática, convictos de que isto pode quebrar, por um lado,
uma prática rotineira e por outro uma visão estática da didáctica de línguas incrementando uma
prática pedagógica produtiva e enriquecedora fundada na ideia da prática pedagógica reflexiva
continua centrada no aluno.

1.4. Contextualização

A distinção entre coordenação explicativa e subordinação causal não é pacífica. Encontram-se, nos
estudos sobre a matéria, diferentes perspectivas, em larga medida incompatíveis. A primeira questão
a equacionar é a que se refere à distinção entre coordenação e subordinação, uma vez que o contraste
entre explicação e causalidade depende dos critérios usados para distinguir coordenação e
subordinação. Mas o problema não se circunscreve a esta relação. No interior desta questão mais
ampla, é igualmente problemático o contraste entre explicação e causalidade.

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Para alguns, são essencialmente critérios de natureza sintáctica; para outros, estes critérios não são
suficientes para dar conta da realidade e é preciso recorrer a critérios de natureza semântica para
tornar claras as distinções apontadas.

É neste contexto que pretendemos estudar a distinção entre as orações coordenadas explicativas e
subordinadas causais nos alunos da 8ª Classe da Escola Secundária Geral Emília Daússe - Distrito de
Changara. Ao longo desta pesquisa procuraremos compreender até que ponto os alunos conseguem
distinguir esses dois tipos de orações, bem como quais os critérios básicos que podem ser utilizados
para tal distinção.

1.5. Objectivos
1.5.1. Objectivo geral

Conhecer a problemática de compreender como os alunos da 8ª classe lidam com a distinção entre as
orações coordenadas explicativas e as orações subordinadas causais.

1.5.2. Objectivos específicos


 Distinguir as orações coordenadas e subordinadas;
 Descrever as principais dificuldades dos alunos na distinção das orações;
 Analisar os critérios de distinção entre as orações coordenadas explicativas e subordinadas
causais

1.6. Hipóteses
 Para se compreender bem a situação das orações coordenadas explicativas, penso que será útil
referir cinco dos estratos gramaticais possíveis na análise de uma língua, por ordem ascendente: o
monema, a palavra, os grupos de palavras, a oração e o texto.
 No que diz respeito às orações coordenadas explicativas, que em algumas gramáticas são
sintomaticamente chamadas de coordenadas «causais-explicativas», elas exprimem dois tipos de
relação (a coordenação e a subordinação), mas não ao mesmo nível de estruturação gramatical. Entre
si (no estrato oracional), elas são coordenadas, mas existe uma relação de dependência no que diz
respeito ao sentido do discurso, ao nível, pois do texto.

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 A oração coordenada explicativa também apresenta, pois, um motivo ou uma causa, mas não
da ocorrência referida na oração anterior, e, sim, do motivo que leva o emissor a referir aquela acção,
a fazer aquele pedido, a dar aquele conselho, etc.

1.7. Relevância da pesquisa

Um trabalho de pesquisa, devido a sua complexidade, tem sido relevante na medida em que traz
fundamentos que reflectem a realidade vivida por indivíduos de diferentes esferas sociais por isso,
para a presente pesquisa, pretendemos focar o nível de conhecimento da língua portuguesa em
contextos técnicos, isto é, uso da gramática, o que vai permitir que tenhamos êxitos no que diz
respeito à distinção entre as orações coordenadas explicativas e subordinadas causais que constituem
o objecto de estudo para a nossa pesquisa.

A comunidade acadêmica vai ter em sua posse, mais um material de consulta em trabalhos futuros
desde que o assunto a ser estudado tenha algumas similaridades com este. Neste contexto, a presente
pesquisa representa um ganho pelo facto de conter os critérios previamente abordados que permitem
a distinção entre essas duas orações sendo, uma constituida por duas frases independentes
(coordenativas) e, outra formada por duas frases dependentes uma da outra (subordinativa).

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CAPÍTULO II: Revisão de literatura
2. Revisão de Literatura

Dado que o foco da nossa pesquisa é a distinção entre orações coordenada explicativa e subordinada
causal, há que entender, antes, a origem desse tipo de frases. Assim sendo, a frase pode designar-se
por frase simples (só com um grupo verbal) ou frase complexa (com mais do que um grupo verbal).

Por outras palavras, frase simples é a que possui um único grupo verbal (com um verbo principal ou
um verbo copulativo) com a função de predicado e em que se encontra, em geral, o sujeito). Ao passo
que Frase complexa é a que possui mais do que um grupo verbal (com um verbo principal ou um
verbo copulativo) com a função de predicado. Tem sempre duas ou mais orações. Assim...

A frase complexa pode conter orações coordenadas, ligadas por locuções ou conjunções
coordenadas, orações formadas por justaposição e orações subordinadas.

Segundo Abreu (1997) as gramáticas do português definem a coordenação como a relação sintática
entre duas orações independentes e a subordinação como a relação sintática em que uma oração (a
subordinada) completa o sentido de uma outra, chamada principal. Na prática, essas definições
funcionam de modo bastante precário.

Em primeiro lugar, porque o conceito de independência entre orações coordenadas é bastante


discutível - Independentes segundo que critérios? Em uma sequência como "Renata chegou, tomou
banho e saiu", fica difícil concluir que as três orações são independentes. Em segundo lugar, porque a
divisão entre coordenação e subordinação às vezes não fica bastante clara, como no caso das orações
coordenadas explicativas e subordinadas causais, o que leva a crer que a diferença entre elas não é
alguma coisa que tenha um caráter "digital", mas antes "analógico".

Como deu para perceber na explicação acima, tanto as orações coordenadas como as subordinadas
são formadas por conjunções, o que nos cria uma necessidade de distingui-las.

Com relação à definição de conjunção, não há diferenças significativas entre os compêndios ou


gramáticas lidas. Rocha (1989, p. 160) diz que “conjunção é um vocábulo que relaciona elementos da
mesma natureza (substantivo + substantivo, adjectivo + adjectivo, oração + oração) ou orações de
natureza diversa, das quais a que começa pela conjunção completa a outra ou lhe junta uma
determinação.” O autor distingue as conjunções coordenativas das subordinativas, explicando que as
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coordenativas relacionam termos ou orações de idêntica natureza ao passo que as subordinativas
ligam duas orações, uma das quais completa o sentido da outra.

Comparando as várias gramáticas lidas, percebemos que as listas de conjunções coordenativas


explicativas e subordinativas causais (o centro da nossa pesquisa) não são exactamente iguais. Por
exemplo: a conjunção pois é incluída por Cunha & Cintra, Gama Kury e Cegalla tanto no grupo das
explicativas quanto no das causais. Já Rocha (1999) parece só incluí-la no grupo das explicativas.
Entretanto, não é possível dizer ao certo se, para tais autores, essa conjunção também não poderia ser
causal, uma vez que, ao final da lista, todos esses gramáticos costumam usar um “etc.”, o que deixa a
lista aberta a inclusões. O problema se torna mais grave porque não sabemos quais os critérios que
nortearam essa classificação.

Quanto aos processos de estruturação de período, não há divergências nas explicações dadas. Na
coordenação, as orações são autônomas; na subordinação, são dependentes, pois a oração
subordinada é função sintáctica de outra, que lhe é principal.

No tocante às orações coordenada sindética explicativa e subordinada adverbial causal, Cegalla


(1987) define-as da seguinte maneira:

i. coordenada sindética explicativa: exprime explicação, motivo, razão e é introduzida por


conjunção coordenativa;
ii. subordinada adverbial causal: exprime causa, motivo, razão; é introduzida por conjunção
subordinativa causal e funciona como adjunto adverbial de causa.

2.1. Critérios fundamentais de distinção entre orações coordenada explicativa e


subordinada causal

Para alguns autores, são essencialmente critérios de natureza sintáctica; para outros, estes critérios
não são suficientes para dar conta da realidade e é preciso recorrer a critérios de natureza semântica
para tornar claras as distinções apontadas.

A Gramática de Cunha & Cintra (1989), numa perspectiva descritivo-normativa, apresenta os


seguintes critérios de distinção entre coordenação e subordinação (pp. 589-592):

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2.1.1 Critérios de distinção coordenação/subordinação

Coordenação Subordinação
Autonomia e independência dos termos Dependência da subordinada em relação à
coordenados: cada termo coordenado tem um subordinante: [as orações subordinadas
sentido próprio. dependem do sentido das subordinantes].
Os termos não exercem nenhuma função As subordinadas exercem funções sintácticas
sintáctica na outra oração. na oração subordinante.

Fonte: Bechara (2005)

O primeiro critério, de natureza essencialmente semântica, parece não resolver o problema da


distinção entre coordenadas explicativas e subordinadas causais. De facto, a oração “explicativa”
depende, no seu sentido, da frase “coordenante”. A razão, a justificação, o motivo de qualquer
comportamento ou situação depende do sentido da situação que se pretende justificar ou explicar. A
oração explicativa não tem um “sentido próprio”. Aplicando, por isso, este critério, a oração
explicativa pertenceria ao conjunto das subordinadas e não das coordenadas.

O segundo critério parece um círculo vicioso: determina-se que é coordenada porque não assume
função sintáctica na outra oração mas só se estabelece que não assume função sintáctica porque se
determina que é coordenada. Assim, a explicativa, ao contrário da causal, não exerce qualquer função
sintáctica na outra oração; mas esta distinção depende de uma opção não justificada de incluir a
primeira no conjunto das coordenadas e a segunda no conjunto das subordinadas.

Daqui se deduz que nenhum dos critérios é suficientemente operativo para explicar a diferença entre
explicativas e causais.

Quando se define a coordenação explicativa (p. 594) e a subordinação causal (p. 601) refere-se
apenas que a primeira é aquela que inicia com conjunção explicativa, enquanto a segunda é
encabeçada por conjunção subordinativa causal, tendo esta também a função de adjunto adverbial de
outra oração.

O primeiro critério (a diferença quanto à conjunção) é novamente um círculo vicioso: explica-se a


coordenação pela existência da conjunção, mas classifica-se aquela conjunção como explicativa ou
causal porque inicia uma oração coordenada explicativa ou causal! A existência das mesmas
conjunções num e noutro tipo de orações torna bem mais difícil a distinção entre ambas.
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É necessário verificar como é que esta Gramática distingue as conjunções coordenativas das
subordinativas (pp. 575-592). As conjunções coordenativas são as que relacionam termos ou orações
de idêntica função; as subordinativas relacionam orações em que o sentido de uma é completado pelo
sentido da outra. Quanto às conjunções explicativas, são as que ligam duas orações, a segunda das
quais justifica a ideia contida na primeira: que, porque, pois, porquanto; sendo as conjunções causais
as que iniciam oração subordinada denotadora de causa: porque, pois, porquanto, como, pois que,
por isso que, já que, uma vez que, visto que, que...

E o exemplo avançado é o seguinte:

(1) Tenho continuado a poetar, porque decididamente se me renovou o estro.

Esta tentativa de distinção é praticamente inoperacional, uma vez que todas as conjunções
explicativas são repetidas nas conjunções causais o que obriga à existência de um critério
independente do uso das conjunções para distinguir os dois tipos.

A definição de conjunção explicativa parece afastar a hipótese de a apresentação de uma causa ser
justificação da “ideia contida na primeira oração” e a definição de conjunção causal parece afastar a
ideia de “motivo”, “razão”, que este tipo de orações também apresenta. Por ex.: (1) indica uma causa
em sentido estrito ou apenas uma condição que não é suficiente para explicar o conteúdo
proposicional da primeira oração?

No texto de Peres & Móia (pp. 344ss), a subordinação causal é a que estabelece uma relação de causa
e efeito.

(2) Não saio porque está a chover.

(3) O Paulo foi para casa porque tem um trabalho para fazer.

Mas os dois exemplos apresentados levantam-nos dúvidas. Em (2) estaremos mesmo perante uma
relação estrita de causa-efeito? O facto de estar a chover não é razão suficiente para reter o sujeito em
casa. É o sujeito enunciador que estipula para si próprio que esta razão é suficiente para não sair de
casa, mas a razão em si mesma não é, do ponto de vista lógico, suficiente.

Em (3), estamos perante aquilo que Aristóteles chamava uma “causa final”. Trata-se do motivo
explicativo da sua ida para casa e a finalidade da mesma.

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De facto, facilmente poderemos transformar esta frase noutra com o mesmo sentido mas claramente
final:

(4) O Paulo foi para casa para fazer um trabalho.

Os autores, ao referirem a coordenação explicativa, oferecem o seguinte exemplo:

(5) Ela deve estar contente, porque está a rir.

“Estar a rir” não é o motivo, a razão pela qual ela está contente, é apenas a sua manifestação. O
sujeito da enunciação conhece a possível alegria da pessoa de quem falam porque ela se está a rir,
mas o facto de rir não constitui uma condição, mas a simples manifestação de um estado psicológico.

Enquanto as orações causais constituem condições de verificação do conteúdo das orações principais,
as explicativas não o são. Bem pelo contrário, é a oração “coordenante” que é condição (possível) da
verificação do facto expresso pela explicativa. Deste modo, poderíamos transformar esta frase
explicitando a condição numa oração causal:

(6) Ela está a rir porque está contente.

Mas neste caso, a condição deixa de ser apenas possível para ser necessária.

Resumindo, para os autores, a causa (eficiente ou final, na nomenclatura aristotélica), o motivo, a


razão ou justificação correspondem sempre a subordinadas causais porque explicam o conteúdo
proposicional da oração subordinante. Mas se o conteúdo da oração explicativa for apenas a
manifestação do que é afirmado na primeira oração, mas não a causa, o motivo ou a razão, então
estamos perante a coordenação explicativa. Esta justifica o que o sujeito enunciador afirma na oração
“coordenante”, ou seja, justifica o conhecimento do sujeito enunciador acerca de uma determinada
realidade, mas não justifica essa mesma realidade.

Mateus et all

Comecemos por apresentar os critérios de diferenciação entre coordenação e subordinação que a


presente gramática avança (pp. 551; texto de Gabriela Matos).

Critérios de diferenciação (coordenação vs subordinação)

Coordenação Subordinação
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Opera sobre todos os tipos de categorias Opera apenas sobre orações.
sintácticas.
As orações coordenadas não desempenham A oração subordinada desempenha uma função
nenhuma função sintáctica uma em relação à sintáctica na subordinante.
outra. Os termos coordenados desempenham a
mesma função sintáctica e semântica.
Verifica-se pouca mobilidade dos termos Verifica-se bastante mobilidade dos termos
coordenados. subordinados.
As frases podem ocorrer com autonomia em As frases não podem repartir-se por fragmentos
fragmentos discursivos com dois locutores. discursivos autónomos.

Fonte: Mateus (2003)

Os critérios enunciados, merecem-nos alguns comentários. O primeiro, não nos é de grande ajuda,
uma vez que, tanto nas explicativas como nas causais, estamos perante um mesmo tipo de categoria
sintáctica (orações). Quanto ao segundo critério, já nos pronunciámos acima. Acrescentamos o
seguinte, já que se refere não só a mesma função sintáctica mas também semântica: se, para a
coordenação, a função semântica das duas orações é a mesma, não parece que muitas das explicativas
possam ser classificadas desta maneira, porque a razão ou motivo dependem semanticamente do
conteúdo daquilo que pretendem explicar.

O terceiro critério parece ser bastante operativo para a distinção entre os dois tipos de oração, mas fá-
los depender do uso de determinadas conjunções e não do sentido das orações. De facto, é o uso de
determinadas conjunções que permite ou não a mobilidade dos termos.

O quarto critério pode ser de grande ajuda na referida distinção, mas a sua aplicação parece esbater a
distinção entre causais e explicativas.

A mesma autora (pp. 569 e 572) aborda a questão dos conectores explicativos, referindo que
exprimem uma relação de causa-efeito entre dois elementos de natureza oracional, sendo a função de
causa atribuída à oração encabeçada pelo conector (pois, que, porque, porquanto). Explicita de
seguida um conjunto de aspectos que aproximam estes conectores dos complementadores
subordinativos (o que equivale a dizer que se esbate a diferença entre coordenadas explicativas e
subordinadas causais):

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 Instauram uma relação assimétrica causa-efeito (do ponto de vista semântico parece uma
subordinação); a explicativa assumiria a função de um adjunto de causa da primeira.
 Só podem conectar frases.
 Só são compatíveis com frases finitas.

Isto sugere que os conectores explicativos sejam complementadores que introduzem frases causais.

Ainda na mesma gramática, a parte relativa às orações causais (pp. 711), de Brito, explicita duas
características destas orações.

A primeira consiste na relação de dependência semântica entre duas proposições. A segunda consiste
nos vários valores semânticos que estas orações apresentam. Assim, o primeiro valor estabelece a
relação entre causa e consequência, em que a causa é condição suficiente da consequência:

(7) Houve seca em Tete em 1981, porque não choveu.

O segundo valor semântico explicita o motivo ou razão de um determinado facto:

(8) O João foi ao cinema porque não lhe apetecia estudar.

(9) Choveu, porque as ruas estavam molhadas.

Regressando ao critério de Peres & Móia, (9) é uma forma de coordenação explicativa porque o facto
de a rua estar molhada não é motivo, mas manifestação que dá ao enunciador possibilidade de
conhecer o que afirma na oração anterior. A explicativa aumenta o conhecimento do enunciador, mas
não explica o fenómeno atmosférico acontecido. A autora não refere nenhuma distinção entre (8) e
(9); mas, em (8), a segunda oração é motivo (embora não suficiente) para o conteúdo do que está dito
na primeira oração, ao contrário do que acontece em (9) que é revelação de um dado oculto ao sujeito
enunciador que ele pode inferir a partir dessa manifestação verificável.

Estando ainda ao que refere a mesma autora (aliás, em desacordo com o que havia sido referido na
mesma gramática por Gabriela Matos), o que distingue as subordinadas causais das coordenadas
explicativas é o facto de as primeiras poderem mover-se, enquanto as segundas não apresentam essa
possibilidade. A diferença não é semântica mas simplesmente sintáctica. As explicativas que iniciam
com pois e que (explicativo) não se podem mover.

(10) O Narciso pertence ao reino vegetal, pois é uma flor.


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A distinção é, portanto, puramente sintáctico-formal (movimento da oração) e não semântica, ficando
assim afastado um critério importante de distinção. Para além disso, a distinção depende apenas do
tipo de conector usado, porque a sua capacidade de movimento parece depender exclusivamente do
conector. Se alteramos (10) para (11), transformamos uma oração coordenada numa oração
subordinada, apesar do conteúdo semântico se manter inalterado!

(11) Porque é uma flor, o narciso pertence ao reino vegetal.

Estas são alguns dos aspectos o estudo pretende cobrir no contexto da Escola Secundária Emilia
Daússe e verificar a sua validade na ompreensão dos alunos naquela matéria em particular. É
importante notar que trata-se de alunos que têm a língua portuguesa como língua oficial o que
implica que eles não usam esta língua no seu quotidiano, facto que tem implicações na sua
performance e competência linguísticas.

Portanto, a distinção das orações coordenadas explicativas e subordinadas causais será tratada tendo
em conta o perfil linguístico dos alunos e tendo em conta o programa fe ensino em vigor nas
instituições de ensino secundário em Moçambique.

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CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS

3. Tipo de Pesquisa

Para a realização desta pesquisa privilegia-se a pesquisa qualitativa que na óptica de Denzin &
Lincoln, (2006:17), a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem naturalista, interpretativa, para
o mundo, o que significa que os seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais,
tentando entender, ou interpretar os fenómenos em termos de significados, que as pessoas a eles
conferem. Assim nos permitirá abordar numa perspectiva crítica os critérios básicos utilizados para a
distinção entre as orações coordenadas explicativas e orações subordinadas causais em termos
qualitativos.

3.1. Universo Populacional

Trabalhar-se-á com 100% do universo das turmas da escola correspondentes à 8ª classe.

3.2. Tipo de Amostragem

Aliado ao tipo de pesquisa qualitativa, será utilizada uma amostragem não probabilística e
intencional. A amostra apresentará uma estratificação em função dos resultados obtidos.

3.3. Técnicas e Instrumentos de Amostragem

Emprega-se o método de observação indirecta auxiliada pela técnica de questionário linguístico. O


questionário apresenta-se dividido em duas partes:

A primeira corresponde a cinco perguntas de múltipla escolha para avaliar o conhecimento intuitivo
dos alunos sobre as orações coordenada explicativa e subordinada causal. A segunda contempla
quatro frases divididas em duas para cada tipo de oração para os alunos identificarem e explicar a
razão da sua escolha.

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3.4. Método de Abordagem

Para a delimitação específica do problema de distinção entre orações emprega-se o método


monográfico. Aliado a este método, aplicamos o método indutivo para a generalização da dificuldade
nos alunos da 8ª classe.

3.5. Método de Procedimento

Para a pesquisa deste problema usa-se o método estatístico para a quantificação e qualificação dos
resultados da pesquisa que, posteriormente lhes atribui-se a significação em termos linguísticos. E na
descrição teórica dos problemas utilizaremos o método de revisão bibliográfica.

3.6. Cronograma

Etapas Jun Jul Ag Set Ou Nov Dez Jan Fev


o t
Proposta e aprovação do tema X X
Levantamento bibliográfico X X X
Fichamento dos textos X X X
Colecta de fontes X X X
Análise das fontes X X X
Elaboração e organização do questionário X X
Elaboração do Projecto de Pesquisa X X
Entrega do Projecto de Pesquisa X X
Elaboração da Monografia X X X
Revisão ou Redacção da Monografia X X
Revisão Final da Monografia X
Entrega da Monografia X
Defesa da Monografia X

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3.7. Orçamento

Nº de ordem Material Quantidade Custo em MT

01 Encadernação - 200,00
02 Máquina fotográfica 1 2500,00
03 Modem de internet 1 500,00
04 Sebenta 1 80,00
05 Resma de papel A4 1 400,00
06 Impressão - 600,00
07 Flash 1 600,00
08 Esferográfica 2 20,00
Total - - 4900,00

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu, A. S. (1997). Coordenação e subordinação - uma proposta de descrição gramatical. São


Paulo: ALFA - Revista de Linguística, v. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/107747>.
Visitada a 01.05.2020

Bechara, E. (2005). Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna.

Cegalla, D. P. (1987). Novíssima gramática da língua portuguesa. 25ª ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional.

Cegalla, D. P. (2005). Novíssima gramática da língua portuguesa. 46ª ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional.

Cunha, Celso & Cintra, Luís F. L. 1997. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Edições
João Sá da Costa. Lisboa.

Denzin, N. K. e Lincoln, Y. S. (2006). Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa.


In: O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed

Mateus, M. H. M. (2003). Gramática da Língua Portuguesa. Colecção Universitária. Série


Linguística. Lisboa: Editorial Caminho.

Peres J. A. & Móia T. (1995). Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Colecção Universitária. Série
Linguística. Lisboa: Editorial Caminho.

Rocha, L., C. H. (1999). Gramática normativa da língua portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio.

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