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Conteúdo A Economia

CAPÍTULO 2

TECNOLOGIA, POPULAÇÃO E CRESCIMENTO

Processo de montagem automatizado

OCULTAR TUDO

Como surgem as inovações −


tecnológicas e como estas
sustentam o crescimento dos
padrões de vida
Modelos econômicos ajudam a explicar a Revolução Industrial e por que esta começou
na Grã-Bretanha>
Salários, custo de maquinário e outros preços importam quando as pessoas tomam
decisões econômicas>
Em uma economia capitalista, a inovação gera recompensas temporárias para o
inovador, o que incentiva a busca por novas melhorias tecnológicas capazes de reduzir
custos>
Depois que a inovação se difunde na economia, estas recompensas são destruídas pela
competição>
A população, a produtividade do trabalho e os padrões de vida podem interagir entre
si para produzir um círculo vicioso de estagnação econômica>
A revolução tecnológica permanente associada ao capitalismo permitiu que alguns
países passassem a ter um crescimento sustentado dos padrões de vida>

Em 1845, uma doença misteriosa apareceu pela primeira vez na Irlanda, fazendo com
que as batatas apodrecessem no solo: quando Qcava claro que a planta estava infectada, já
era tarde demais> A “praga da batata”, como Qcou conhecida, devastou o fornecimento de
alimentos na Irlanda pelo resto da década> A fome espalhou-se> Quando a Grande Fome
Irlandesa acabou, de uma população inicial de 8,5 milhões de pessoas, cerca de 1 milhão
havia morrido> Em termos percentuais, isso equivale à mortalidade da Alemanha ao
perder a Segunda Guerra Mundial>

A Grande Fome Irlandesa gerou um esforço de socorro em todo o mundo> Entre os


doadores de dinheiro, havia libertos da escravidão no Caribe, detentos da prisão Sing
Sing em Nova York, bengalis \naturais da região de Bengala, na Índia^ ricos e pobres, bem
como indígenas americanos Choctaw além de celebridades como o sultão otomano
Abdulmecid e o papa Pio IX> Naquela época, assim como hoje em dia, pessoas comuns se
solidarizaram com os que sofriam e agiram para ajudá-los>

Todavia, muitos economistas foram insensíveis> Um dos mais conhecidos, Nassau Senior,
opôs-se veementemente à campanha de combate à fome do governo britânico> Um colega
da Universidade de Oxford, horrorizado, reportou que Senior teria dito que que “temia
que a fome de 1848 na Irlanda não mataria mais que 1 milhão de pessoas, o que
diQcilmente seria de grande serventia>”

As posições de Senior eram moralmente repulsivas, mas não refetiam um desejo


genocida de ver homens e mulheres irlandeses morrerem> Eram, na verdade,
consequência de uma das doutrinas econômicas mais infuentes no início do século XIX: o
malthusianismo, corpus teórico desenvolvido pelo clérigo inglês Thomas Robert Malthus
em seu Ensaio sobre o Princípio da População, publicado pela primeira vez em 1798> 1

Malthus defendia que um aumento constante da renda per capita seria impossível> Pela
sua lógica, mesmo que novas tecnologias aumentassem a produtividade do trabalho,
assim que as pessoas percebessem o aumento da renda, elas teriam ainda mais Qlhos> O
crescimento populacional continuaria até que os padrões de vida caíssem ao nível de
subsistência, quando seria interrompido> O círculo vicioso de pobreza de Malthus foi
amplamente aceito como inevitável>

Há evidências de que os administradores coloniais vitorianos acreditavam que a fome era


a resposta da natureza para a reprodução excessiva> Mike Davis argumenta que suas
ações causaram um extermínio em massa, evitável e sem precedentes, a que ele chama de
“genocídio cultural”> 2

A teoria dava uma explicação sobre o mundo em que Malthus viveu, no qual os
rendimentos podiam futuar de ano a ano até ou mesmo de século a século, mas não
tendiam a crescer> Esse tinha sido o caso em muitos países por, pelo menos, setecentos
anos antes de Malthus publicar seu ensaio, como vemos na Figura 1>1a>

Ao contrário de Adam Smith, cujo livro A Riqueza das Nações havia surgido apenas 22
anos antes, Malthus não apresentava uma visão otimista do progresso econômico — ao
menos no que se referia a agricultores e trabalhadores comuns> No longo prazo, mesmo
que a tecnologia avançasse, a grande maioria das pessoas obteria, em seus empregos ou
em suas fazendas, apenas o suQciente para se manter viva e nada mais>

No entanto, durante a vida de Malthus, algo maior estava em curso: transformações que
logo permitiriam que a Grã-Bretanha escapasse do círculo vicioso de crescimento
populacional e estagnação da renda descrito pelo autor> A mudança que livrou a Grã-
Bretanha da armadilha de Malthus, e que faria o mesmo para muitos outros países nos
cem anos seguintes, é conhecida como a Revolução Industrial — um extraordinário
forescimento de invenções que permitiram obter o mesmo nível de produção com
menos trabalho>

Na indústria têxtil, as invenções mais famosas ocorreram na Qação \tradicionalmente feita


por mulheres, as Qandeiras^ e na tecelagem \em geral feita por homens^> Em 1733, John
Kay inventou a lançadeira volante, máquina que aumentou muito a quantidade que um
tecelão poderia produzir em uma hora> Essa inovação fez com que a demanda por Qos
para tecelagem aumentasse a tal ponto que as Qandeiras tiveram diQculdade de produzir
o suQciente com as tecnologias de Qação da época> A Qandeira mecânica conhecida como
“spinning Jenny”, inventada por James Hargreaves e introduzida em 1764, foi uma
resposta a esse problema>

O avanço tecnológico em outras áreas foi igualmente impactante> O motor a vapor de


James Watt, introduzido na mesma época em que Adam Smith publicava A Riqueza das
Nações, é um exemplo típico> Esse tipo de motor foi melhorando gradualmente ao longo
de muito tempo e passou a ser utilizado em toda a economia: não apenas na mineração,
em que o primeiro motor a vapor foi usado para alimentar bombas de água, mas também
na indústria têxtil, nas manufaturas, nas ferrovias e nos navios a vapor> Esses motores são
um exemplo do que é denominado inovação ou tecnologia de uso geral> Nas últimas
décadas, o exemplo mais óbvio destas tecnologias é o computador>

O carvão mineral teve papel central na Revolução Industrial, e a Grã-Bretanha o tinha


em abundância> Antes da Revolução Industrial, a maior parte da energia utilizada na
economia era produzida essencialmente por plantas comestíveis, que convertiam a luz
solar em alimento para animais e pessoas, ou por árvores cuja madeira podia ser
queimada ou transformada em carvão vegetal> Ao passarem a utilizar carvão mineral, os
seres humanos foram capazes de explorar uma vasta reserva de um recurso que é, na
verdade, energia solar armazenada> O impacto ambiental da queima de combustíveis
fósseis tem sido o custo dessa mudança, como foi mostrado no capítulo 1 e voltará a ser
visto no capítulo 20>

Essas invenções, associadas a outras inovações da Revolução Industrial, quebraram o


círculo vicioso de Malthus> Os avanços tecnológicos e o uso crescente de recursos não
renováveis elevaram a quantidade que uma pessoa poderia produzir em determinado
período de tempo \isto é, a produtividade^, o que, por sua vez, permitiu que as rendas
aumentassem inclusive quando a população crescia> Se a tecnologia continuasse
avançando rápido o suQciente, poderia ultrapassar o crescimento populacional causado
pelo aumento da renda> Assim, os padrões de vida poderiam melhorar> No futuro, as
pessoas prefeririam ter famílias menores, mesmo quando ganhassem suQciente para
sustentar muitos Qlhos, como ocorreu na Grã-Bretanha e, mais tarde, em muitas partes
do mundo>

800 60

População na Grã-Bretanha
Salário real
Índice de salário real (1850 = 100)

600 45
População (milhões)

400 30

200 15
Armadilha malthusiana
Fuga

Smith Malthus
0 0
1260 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
Ano

TELA INTEIRA

Figura 2.1 Salários reais ao longo de sete séculos: salários dos artesãos (trabalhadores
qualificados) em Londres e população da Grã-Bretanha (1264–2001).

ALLEN, Robert C. The Great Divergence in European Wages and Prices from the Middle Ages to the First World War. In:
Explorations in Economic History, 38, 4, p. 411–447, 2001.; BROADBERRY, S. et al. British Economic Growth, 1270–1870.
Cambridge University Press, 2015.

A Figura 2>1 mostra um índice de salário real médio anual \isto é, o salário, em termos
monetários, corrigido pelas variações nos preços ano a ano^ dos artesãos qualiQcados de
Londres entre 1264 e 2001, paralelamente à população da Grã-Bretanha ao longo
daquele período> O padrão de vida foi refém da lógica malthusiana durante um longo
período, seguido por outro, após 1830, quando aumentou signiQcativamente> Você pode
ver que, na época, tanto o salário real médio como a população estavam aumentando>

ÍNDICE DE QUESTÃO 2.1 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


SALÁRIO LINK

A Figura 2.1 mostra um índice de salários reais médios dos trabalhadores qualificados em
REAL LINK
Londres entre 1264 e 2001. O que podemos concluir a partir deste gráfico?
O termo índice
refere-se à medida
Trabalhadores qualificados recebiam cerca de £100 em 1408.
do valor de uma
quantidade em O salário médio em 1850 era quase o mesmo que em 1408 em termos nominais
relação ao seu valor (libras).
em algum outro
momento (o período O salário real médio era mais ou menos constante entre 1264 e 1850.
de referência),
O salário real médio aumentou cerca de 600% entre 1850 e 2001.
geralmente
normalizado para
Confira suas respostas
100.

O termo real
significa que o
Por que a Qandeira spinning jenny , o motor a vapor e uma série de outras invenções
salário em termos
monetários surgiram na Grã-Bretanha e se espalharam por sua economia precisamente naquele
(digamos, seis momento? Essa é uma das perguntas mais importantes da história econômica, e os
shillings por hora, historiadores continuam a discuti-la>
na época) em cada
ano foi ajustado Neste capítulo, analisaremos uma explicação de como essas inovações tecnológicas
para levar em
aconteceram, e da razão pela qual surgiram apenas na Grã-Bretanha e durante o século
consideração as
XVIII > Também exploraremos o porquê de ser tão difícil superar a longa parte plana do
variações dos preços
ao longo do tempo.
taco de hóquei na Figura 2>1, não somente para a Grã-Bretanha, mas também para todo
O resultado o mundo nos duzentos anos seguintes> Faremos isso por meio da elaboração de modelos:
representa o real representações simpliQcadas que nos ajudam a entender o que está acontecendo ao
poder de compra do destacar o que é mais importante> Os modelos ajudarão a explicar tanto o ponto de
dinheiro que os infexão no taco de hóquei quanto seu longo e plano cabo>
trabalhadores
ganhavam.

Nesse caso, o ano de 2.1 Economistas, historiadores e a −


Revolução Industrial
referência é 1850,
mas a curva teria a
mesma forma se
qualquer outro ano
Por que a Revolução Industrial teve início no século XVIII, em uma ilha ao largo da
tivesse sido
Europa continental?
selecionado: estaria
posicionada mais
acima ou mais As próximas seções deste capítulo apresentam um modelo para o aumento repentino e
baixo, mas ainda se dramático nos padrões de vida iniciado na Grã-Bretanha do século XVIII> Baseado nos
pareceria com nosso argumentos de Robert Allen, historiador econômico, esse modelo atribui um papel
conhecido taco de central a duas características da economia britânica na época> Segundo ele, o custo
hóquei. relativamente alto da mão de obra, aliado ao baixo custo das fontes de energia locais,
impulsionou as mudanças estruturais da Revolução Industrial> 3

O que chamamos de Revolução Industrial foi mais do que apenas o rompimento do ciclo
malthusiano: foi uma complexa combinação de transformações intelectuais, tecnológicas,
sociais, econômicas e éticas — todas elas inter-relacionadas> Historiadores e economistas
divergem sobre a importância relativa de cada um desses elementos e debatem
explicações para a liderança da Grã-Bretanha, e da Europa em geral, desde que suas
revoluções começaram> A explicação de Allen está longe de ser a única>

Joel Mokyr, que realizou um extenso trabalho sobre a história da tecnologia, aQrma
que as reais fontes de mudança tecnológica foram o Iluminismo europeu e a revolução
cientíQca que o seguiu> Para Mokyr, aquele período levou ao desenvolvimento de novas
formas de transferir e transformar conhecimento cientíQco avançado em orientações
práticas e ferramentas para artesãos especializados e engenheiros, que as utilizavam
para construir as máquinas da época> Ele aQrma que, embora salários e custos de
energia possam infuenciar a direção tomada pelas inovações tecnológicas, estes estão
mais para “volante” do que para “motor” do progresso tecnológico> 4
David Landes, historiador, enfatiza as características políticas e culturais das nações
como um todo \Mokyr, ao contrário, destaca os artesãos e os empreendedores^> O
autor sugere que os países europeus passaram à frente da China porque o Estado
chinês era muito poderoso e sufocou a inovação, e também porque a cultura chinesa
da época favorecia a estabilidade em detrimento da mudança> 5
Gregory Clark, historiador econômico, também atribui a decolagem da Grã-Bretanha à
cultura> No entanto, para ele, as chaves do sucesso foram características culturais como
o ética de trabalho e a poupança, que eram passadas de geração a geração> O
argumento de Clark segue uma longa tradição que inclui o sociólogo Max Weber, para
quem os países protestantes do norte da Europa, onde a Revolução Industrial
começou, eram particularmente dotados de virtudes associadas ao “espírito do
capitalismo”> 6
Kenneth Pomeranz, historiador, aQrma que a superioridade do crescimento europeu
após 1800 teve mais a ver com a abundância de carvão na Grã-Bretanha do que com
quaisquer diferenças culturais ou institucionais em relação a outros países> Ele também
argumenta que o acesso da Grã-Bretanha à produção agrícola de suas colônias no
Novo Mundo \especialmente ao açúcar e a seus derivados^ alimentou a classe cada vez
mais numerosa de trabalhadores industriais, ajudando-os a escapar da armadilha
malthusiana> 7

Os acadêmicos provavelmente nunca chegarão a um acordo unânime sobre o que causou


a Revolução Industrial> Um dos problemas é que essa mudança ocorreu apenas uma vez,
o que a torna difícil de ser explicada pelos cientistas sociais> Além disso, a decolagem da
Europa provavelmente resultou de uma combinação de fatores cientíQcos, demográQcos,
políticos, geográQcos e militares> A estes, vários estudiosos acrescentam as interações
entre a Europa e o resto do mundo, e não somente mudanças no interior da Europa>

Historiadores como Pomeranz tendem a enfatizar as peculiaridades de cada época e


lugar> Eles tendem a concluir que a Revolução Industrial aconteceu por causa de uma
combinação única de circunstâncias favoráveis \mas podem discordar sobre quais são
estas^>

Economistas como Allen, por sua vez, tendem a procurar mecanismos gerais que possam
explicar o sucesso ou o fracasso econômico ao longo do tempo e do espaço>

Os economistas têm muito a aprender com os historiadores, mas muitas vezes o


argumento de um historiador não é preciso o suQciente para ser testado por meio de um
modelo \abordagem que iremos usar neste capítulo^> Por sua vez, os historiadores podem
considerar os modelos econômicos simplistas por ignorarem fatos históricos importantes>
Essa tensão criativa é o que torna a história econômica, uma das áreas da economia, tão
fascinante>

Recentemente, historiadores econômicos Qzeram progressos na mensuração quantitativa Se você quer saber o
do crescimento econômico de longuíssimo prazo> Seus trabalhos ajudam a elucidar o que que esses
pesquisadores
de fato aconteceu, tornando mais fácil a refexão sobre as causas do evento > Uma parte pensam dos
do trabalho dos historiadores econômicos envolve comparar o salário real em diferentes trabalhos uns dos
outros, procure por
países durante longos períodos de tempo> Para fazê-lo, foi necessário coletar dados sobre “Gregory Clark
salários e preços dos bens consumidos pelos trabalhadores> Uma série ainda mais analisa Joel Mokyr”
ou “Robert Allen
ambiciosa de projetos calculou o PIB per capita desde a Idade Média> analisa Gregory
Clark”.

Nós iremos nos concentrar nas condições econômicas que contribuíram para a
decolagem da Grã-Bretanha, mas cada economia que se libertou da armadilha
malthusiana tomou uma rota de fuga diferente> As primeiras destas foram infuenciadas,
em parte, pelo papel dominante da Grã-Bretanha na economia mundial> A Alemanha, por
exemplo, não conseguia competir com a Grã-Bretanha nos têxteis, mas o governo e os
grandes bancos alemães desempenharam um papel fundamental na formação das
indústrias de aço para construção e de outras indústrias pesadas> O Japão, por sua vez,
chegou a superar até mesmo a Grã-Bretanha em alguns mercados têxteis asiáticos,
beneQciando-se do isolamento e da grande distância \equivalente a algumas semanas de
viagem, na época^ que o separava dos pioneiros>

O Japão copiou tecnologias e instituições de maneira seletiva, introduzindo o sistema


econômico capitalista enquanto conservava várias instituições japonesas tradicionais,
inclusive o regime imperial, que persistiria até a derrota do país na Segunda Guerra
Mundial>

A Índia e a China apresentam contrastes ainda maiores> Na China, a revolução capitalista


foi conduzida pelo Partido Comunista, que promoveu o afastamento da economia
centralmente planejada, antítese do capitalismo que o próprio partido havia
implementado> Em contrapartida, a Índia é a primeira grande economia da história a ter
adotado a democracia, incluindo o sufrágio universal, antes de sua revolução capitalista>

Como vimos no Capítulo 1, a Revolução Industrial não gerou crescimento econômico em


todo lugar> Como teve origem na Grã-Bretanha e se propagou lentamente pelo resto do
mundo, o processo também implicou um grande aumento da desigualdade de renda entre
os países> Ao analisar o crescimento econômico ao redor do mundo nos séculos XIX e XX,
David Landes uma vez se perguntou : “por que nós somos tão ricos e eles, tão pobres?” 8

“Nós” se refere às ricas sociedades da Europa e da América do Norte, e “eles”, às


sociedades mais pobres da África, da Ásia e da América Latina> Landes sugeriu, em tom
de brincadeira, que havia basicamente duas respostas para essa pergunta:

Alguns dizem que nós somos tão ricos e eles tão pobres porque nós somos muito
bons e eles, muito maus; isto é, nós somos esforçados, inteligentes, capacitados,
bem governados, eQcazes e produtivos, e eles são o oposto> Outros dizem que nós
somos tão ricos e eles tão pobres porque nós somos muito maus, e eles, muito
bons: nós somos gananciosos, impiedosos, exploradores e agressivos, enquanto
eles são fracos, inocentes, virtuosos, explorados e vulneráveis>

Se você acha que a Revolução Industrial aconteceu na Europa por causa da Reforma
Protestante, ou da Renascença, ou da Revolução CientíQca, ou ainda por causa do
desenvolvimento superior de direitos de propriedade ou de políticas de governo
favoráveis, então você está no primeiro grupo> Se você acha que ocorreu devido ao
colonialismo ou à escravidão, ou ainda por conta de demandas constantes de guerra,
então você está no segundo>

Você notará que todas estas são forças não-econômicas que, de acordo com alguns
estudiosos, tiveram importantes consequências econômicas> Além disso, você certamente
pode ver como o debate acerca de qual das duas respostas de Landes é correta pode se
tornar ideologicamente carregado, embora, como ressalta Landes, “não está claro \…^ que
uma linha de argumentação necessariamente exclua a outra”>

2.2 Modelos econômicos: Como −


ver mais com menos
O que acontece na economia depende do que milhões de pessoas fazem e de como suas
decisões afetam o comportamento das demais> Seria impossível entender a economia
descrevendo cada detalhe de suas ações e interações> Precisamos ser capazes de afastar-
nos do que observamos e analisar o panorama geral> Para isso, utilizamos modelos>

Para criar um bom modelo, precisamos separar as características fundamentais da


economia que são relevantes para a questão que queremos responder dos detalhes sem
importância> As primeiras devem ser incluídas no modelo, enquanto os segundos podem
ser ignorados>

Modelos se apresentam de várias formas> Você já viu três destes nas Figuras 1>5, 1>8 e
nt
A m b ie e f í s i c o
B io sf e ra Biosfera e
ambiente físico
ied ade
So c
Um sistema econômico com Máquinas, Pais, trabalho
propriedade privada e mercados e empresas equipamentos doméstico
Poluição, Bens, serviços Poluição,
Economia lixo lixo
Empresas Força de trabalho Domicílios

1>12 no capítulo 1> Por exemplo, a Figura 1>12 ilustrou que as interações econômicas
Produção autossuficiente Economia de Sistema econômico Terra, matérias primas, energia, água
baseada na família mercado com capitalista
produção familiar

TELA INTEIRA

envolvem 6uxos de bens \quando você compra uma máquina de lavar^, serviços Modelos são apresentados de

\quando você paga por cortes de cabelo ou passeios de ônibus^ e também pessoas várias formas. Você já viu três
destes nas Figuras 1.5, 1.8 e 1.12
\quando você passa um dia trabalhando para um empregador^> no capítulo 1.

A Figura 1>12 é um modelo esquemático que ilustra os fuxos ocorridos na economia e


entre a economia e a biosfera> O modelo não é “realista” — a economia e a biosfera não
se parecem nada com sua representação —, mas este, ainda sim, ilustra as relações entre
estas> O fato de o modelo omitir muitos detalhes — e, nesse sentido, ser irrealista — é
uma característica sua, e não uma falha>

A explicação de Malthus sobre por que as melhorias na tecnologia não conseguiam elevar
os padrões de vida também se baseava em um modelo: uma simples descrição das
relações entre renda e população>

Alguns economistas utilizaram modelos físicos para ilustrar e explorar o funcionamento


da economia> Para sua tese de doutorado na Universidade de Yale, em 1891, Irving
Fisher desenvolveu um aparato hidráulico \Figura 2>2^ para representar fuxos na
economia> O modelo utilizava alavancas interligadas e cisternas futuantes de água, com o
objetivo de mostrar como os preços dos bens dependem da quantidade de cada bem
fornecido, das rendas dos consumidores e do quanto estes valorizam cada um dos bens>
Todo o aparato para de funcionar quando a água nas cisternas chegava no mesmo nível
do tanque ao seu redor> Em equilíbrio, a posição de uma partição em cada cisterna
corresponde ao preço de cada bem> Pelos próximos 25 anos, Fisher usaria a engenhoca
para ensinar aos alunos como os mercados funcionam>

Pa 5 A Pb 5 B Pc 5 C
0 0 0
4 4 4
1 1 1
3 3 3
2 2 2
2 3 2 2
3 3
1 4 1 4 1 4
0 0 0

III UIII
0
R 1
5
R R 2
3 4
4
IIIB 3
2
II U II
1 0
0 1 5
F 2
3 4
IIIC F 4
3
U
2 0 I I
IIIA 1 1 5
IIB 2
0
3 4
4
3
IIA 2
IIC 1
0

IB

IA IC

TELA INTEIRA

Figura 2.2 Desenho do modelo hidráulico de equilíbrio econômico de Irving Fisher (1891).

Brainard, William C.; Scarf, Herbert E. How to Compute Equilibrium Prices in 1891. In: American Journal of Economics and
Sociology 64(1). 2005, p. 57–83.

Como os modelos são usados em economia LINK

O estudo da economia feito por Fisher ilustra como os modelos são utilizados:

1> Primeiro, Fischer desenvolveu um modelo para captar os elementos da economia que
considerava importantes para a determinação dos preços>
2> Depois, utilizou o modelo para mostrar como as interações entre esses elementos
poderiam resultar em um conjunto de preços que não se alteravam>
3> Por Qm,realizou experimentos com o modelo para descobrir os efeitos de mudanças
nas condições econômicas: por exemplo, se a oferta de um dos bens aumentasse, o que
aconteceria com seu preço? O que aconteceria com os preços de todos os outros bens?

A tese de doutorado de Irving Fisher representava a economia como um grande tanque


de água, mas ele não era nenhum cientista maluco> Pelo contrário, sua “máquina” foi
descrita por Paul Samuelson, um dos grandes economistas do século XX, como “a melhor
dissertação de doutorado em economia já escrita”> Fisher se tornou um dos economistas
mais respeitados do século XX, e suas contribuições foram a base das teorias modernas do
crédito, do ponto de vista de devedores ou credores, que descreveremos no capítulo 10>

A máquina de Fisher ilustra um importante conceito econômico> O equilíbrio é deQnido


como uma situação que perpetua a si mesma, o que signiQca que o objeto de interesse
não muda a menos que se introduza uma força externa que altere a descrição da situação
feita pelo modelo> O aparato hidráulico de Fisher ilustrava o equilíbrio em seu modelo
econômico ao igualar os níveis de água, que representavam preços constantes>

Utilizaremos o conceito de equilíbrio para explicar preços nos capítulos posteriores, mas
também vamos aplicá-lo ao modelo malthusiano> Uma renda equivalente ao nível de
subsistência constitui um equilíbrio porque, assim como as diferenças nos níveis de água
das várias cisternas na máquina de Fisher, movimentos de afastamento da renda de
subsistência são autocorretivos: isto é, automaticamente retornam para a renda de
subsistência à medida que a população cresce>

Note que equilíbrio signiQca que uma ou mais coisas no modelo são constantes> Isso não
signiQca que nada muda> Por exemplo, podemos ver um equilíbrio no qual o PIB ou os
preços estão aumentando, mas a uma taxa constante>
Embora seja improvável que você construa um modelo hidráulico, você trabalhará, no
papel ou no computador, com muitos modelos existentes, e algumas vezes criará seus
próprios modelos econômicos>

Quando construímos um modelo, o processo segue os seguintes passos:

1> Elaboramos uma descrição simpliQcada das condições sob as quais as pessoas agem>
2> Descrevemos então, em termos simples, o que determina as ações que as pessoas
adotam>
3> Determinamos como a ação de cada pessoa afeta a outra>
4> Estabelecemos o resultado dessas ações> Com frequência, esse resultado é um
equilíbrio — ou seja, algo está constante>
5> Por Qm, tentamos obter mais conclusões ao estudar o que acontece com certas
variáveis quando as condições mudam>

Os modelos econômicos muitas vezes utilizam equações


matemáticas e gráQcos, assim como palavras e imagens> MODELOS ECONÔMICOS
LINK

A matemática faz parte da linguagem da economia e pode Um bom modelo tem quatro atributos:
ajudar-nos a comunicar precisamente nossas aQrmações
sobre os modelos para as outras pessoas> Uma grande parte É claro: ajuda-nos a entender melhor
algo importante.
do conhecimento de economia, no entanto, não pode ser
Prevê com precisão: suas previsões
expressa apenas pela matemática, mas exige descrições claras,
são coerentes com as evidências.
ao utilizar deQnições padronizadas dos termos> Melhora a comunicação: ajuda-nos a
entender melhor em que pontos
Utilizaremos a matemática e as palavras para descrever os concordamos (ou não).
modelos, geralmente representados na forma de gráQcos> Se É útil: podemos utilizá-lo para buscar
você quiser, também poderá analisar algumas equações por formas de melhorar o funcionamento
da economia.
trás dos gráQcos: basta procurar pelas referências ao nosso
suplemento Leibniz, em destaque nas margens>

Um modelo começa com alguns pressupostos e hipóteses sobre como as pessoas se Introdução aos
comportam e, muitas vezes, nos fornece previsões sobre o que observaremos na Leibnizes

economia> Reunir dados sobre a economia e compará-los com as previsões do modelo


ajuda-nos a decidir se as hipóteses que Qzemos ao desenvolvê-lo — o que incluímos ou
não — são justiQcáveis>

Governos, bancos centrais, empresas, associações sindicais e quaisquer outros agentes que
desenvolvam políticas ou previsões utilizam algum tipo de modelo simpliQcado>

Modelos ruins podem levar a políticas desastrosas, como veremos posteriormente> Para
conQar em um modelo, precisamos veriQcar se este é coerente com as evidências>

Veremos que nossos modelos econômicos sobre o círculo vicioso dos níveis de vida de
subsistência proposto por Malthus, bem como o sobre a revolução tecnológica
permanente, passam nesse teste — ainda que deixem muitas perguntas sem resposta>

EXERCÍCIO 2.1 DESENVOLVENDO UM MODELO LINK

Para um país (ou cidade) da sua escolha, observe um mapa da rede de transporte
ferroviário ou público.

Assim como os modelos econômicos, os mapas são representações simplificadas da


realidade: incluem informações relevantes enquanto excluem detalhes irrelevantes.

1. Como você acha que o cartógrafo selecionou quais características da realidade


deveriam ser incluídas no mapa que você escolheu?
2. De que forma um mapa se diferencia de um modelo econômico?

2.3 Conceitos básicos: preços, −


custos e rendas de inovação
Neste capítulo, desenvolveremos um modelo econômico para ajudar a explicar as
circunstâncias sob as quais novas tecnologias são escolhidas, tanto nas economias do
passado como nas contemporâneas> Utilizaremos quatro conceitos fundamentais de
modelagem econômica:

Ceteris paribus e outras simpliQcações nos ajudam a nos concentrar nas variáveis de
interesse> Nós enxergamos mais olhando para menos coisas>
Incentivos são importantes porque afetam os benefícios e os custos de adotar uma
ação ao invés da outra>
Preços relativos nos ajudam a comparar alternativas>
A renda econômica é a base de como as pessoas fazem escolhas>

Parte do processo de aprender economia envolve descobrir uma nova linguagem> Os


termos a seguir serão recorrentes nos capítulos seguintes, e é importante aprender a usá-
los com precisão e segurança>

Ceteris paribus e simpliAcação LINK

Os economistas muitas vezes simpliQcam uma análise ao deixar de lado coisas que são
consideradas de menor importância para a questão de interesse, como é comum na
investigação cientíQca> Para isso, utilizam a expressão “mantendo tudo o mais constante”
ou, mais frequentemente, a expressão em latim ceteris paribus, que signiQca “tudo o mais
igual”> Por exemplo, mais à frente nesse curso, simpliQcaremos uma análise sobre o que
pessoas escolheriam comprar apenas observando o efeito da variação do preço —
ignorando outras infuências sobre nosso comportamento, como Qdelidade à marca ou a
opinião de outras pessoas sobre nossas escolhas> A pergunta é: o que aconteceria se o
preço mudasse, mas tudo o mais que pudesse infuenciar a decisão permanecesse igual?
Quando bem utilizados, os pressupostos ceteris paribus podem facilitar a visualização de
nosso objeto de estudo sem distorcer os fatos principais>

Ao estudar a forma como o sistema econômico capitalista promove progresso


tecnológico, observaremos como alterações no salário afetam as escolhas tecnológicas das
empresas> Para obter o modelo mais simples possível, mantemos constantes outros
fatores que afetem as empresas> Então assumimos que:

Os preços de todos os insumos são os mesmos para todas as empresas>


Todas as empresas conhecem as tecnologias utilizadas pelas outras empresas>
As atitudes em relação ao risco são semelhantes entre os proprietários das empresas>

EXERCÍCIO 2.2 UTILIZANDO O PRESSUPOSTO CETERIS


PARIBUS LINK
Suponha que você desenvolveu um modelo do mercado de guarda-chuvas, no qual a
quantidade prevista de guarda-chuvas vendidos por uma loja depende de sua cor e preço,
ceteris paribus.

1. As cores e os preços são variáveis utilizadas para prever as vendas. Que outras variáveis
são mantidas constantes?

Quais das seguintes questões você acha que esse modelo seria capaz de responder? Em
cada caso, sugira aprimoramentos que devem ser feitos para que o modelo possa te
ajudar a responder a pergunta.

2. Por que a venda anual de guarda-chuvas é maior na capital do que em outras cidades?
3. Por que a venda anual de guarda-chuvas é maior em algumas lojas da capital do que
em outras?
4. Por que as vendas semanais de guarda-chuvas na capital aumentaram ao longo dos
últimos seis meses?

A importância dos incentivos LINK

Por que a água do modelo hidráulico de Fischer para a economia se movimentava


quando ele mudava a quantidade de oferta ou de demanda por um ou mais bens, de
maneira que os preços não estavam mais em equilíbrio?

A gravidade age sobre a água, levando-a ao nível mais baixo>


Os canais permitem que a água encontre o nível mais baixo, mas restringem a forma
como ela pode fuir>

Todos os modelos econômicos têm algo equivalente à gravidade e a um conjunto de


movimentos possíveis> O que equivale à gravidade nos modelos econômicos é a suposição
de que, ao fazerem uma escolha em detrimento de outra, as pessoas estão tentando fazer
o melhor que podem \segundo alguns padrões^>

A analogia com o livre movimento da água na máquina de Fisher é que as pessoas são
livres para adotarem diferentes formas de agir, em vez de simplesmente ouvirem o que
devem fazer> É aqui que os incentivos econômicos afetam as escolhas que fazemos> No
entanto, não podemos fazer tudo o que queremos: nem todos os “canais” estão abertos
para nós>

Assim como muitos modelos econômicos, aquele que utilizaremos para explicar a
revolução tecnológica permanente baseia-se na ideia de que pessoas e Qrmas respondem a
incentivos econômicos> Como veremos no capítulo 4, as pessoas são motivadas não
apenas pelo desejo por ganhos materiais, mas também por amor, ódio, senso de dever e
necessidade de aprovação> Ainda assim, o conforto material é um motivo importante, e os
incentivos econômicos referem-se especiQcamente a este>

Quando os proprietários ou gerentes de empresas decidem quantos trabalhadores


contratar, ou quando os consumidores decidem o que e quanto comprar, os preços são
fatores determinantes em suas decisões> Se os preços estão muito mais baixos no
supermercado do que na loja da esquina e o primeiro não é muito longe, então temos um
bom argumento para fazer compras no supermercado e não na loja>

Preços relativos LINK

Uma terceira característica de muitos modelos econômicos é que, muitas vezes, estamos
interessados na razão entre as coisas, e não em seu nível absoluto> Isso se dá porque a
economia se atenta para as alternativas e as escolhas possíveis> Se você está decidindo
onde comprar, os preços da loja da esquina não importam por si sós, mas sim os preços
desta em comparação — ou seja, relativos — aos do supermercado e ao custo de chegar
ao supermercado> Se todos estes aumentassem em 5%, sua decisão provavelmente não
mudaria>

Preços relativos são simplesmente o preço de uma opção em relação ao preço de outra>
Geralmente, expressamos o preço relativo como a razão entre dois preços> Veremos que
estes são muito importantes para explicar não apenas o que os consumidores decidem
comprar, mas também por que as empresas fazem determinadas escolhas> Ao estudar a
Revolução Industrial, notaremos que a razão entre os preços de energia \como, por
exemplo, o preço do carvão para alimentar um motor a vapor^ e o salário \deQnido como
o preço de uma hora de trabalho^ desempenha um papel importante nessa história>

Posições de reserva e rendas LINK

Imagine que você descobriu uma nova forma de reproduzir som com alta qualidade> Sua
invenção é muito mais barata de usar que as alternativas existentes e seus competidores
não podem copiá-la, seja porque não conseguem descobrir como fazê-lo ou porque você
detém a patente do processo \o que torna ilegal copiá-lo^> Eles então continuam
oferecendo seus serviços a um preço muito maior que o seu>

Se você igualar seu preço ao de seus concorrentes ou reduzi-lo um pouco, venderá tudo
que puder produzir e obterá lucros muito maiores que os deles, ainda que cobre o
mesmo preço> Nesse caso, dizemos que você está obtendo rendas de inovação, que são
um tipo de renda econômica> Essas últimas ocorrem em toda a economia e são uma das
razões pelas quais o capitalismo pode ser um sistema tão dinâmico>

Utilizaremos a ideia de renda de inovação para explicar alguns dos fatores que
contribuíram para a Revolução Industrial> No entanto, o conceito de renda econômica,
por si só, tem caráter mais geral e ajudará a explicar muitas outras características da
economia>

Quando a opção por alguma alternativa \que vamos chamar de opção A^ gera um
benefício maior do que a segunda melhor alternativa geraria, dizemos que você recebeu
uma renda econômica>

renda econômica = benefício da opção escolhida − benefício da segunda melhor opção

O termo renda pode facilmente ser confundido com seu uso corriqueiro, como o valor
pago para alugar um carro, um apartamento ou um pedaço de terra> Para evitar a
confusão, enfatizamos a palavra econômica> Lembre-se: uma renda econômica é algo que
você gostaria de obter, e não algo que você tem de pagar>

Ao ordenarmos as alternativas por benefício, a opção que gera o segundo maior benefício
líquido \ação B^ é geralmente chamada de segunda melhor alterantiva, de posição de
reserva ou de opção de reserva, o termo que usamos: essa opção está “reservada” caso
você não escolha a opção A> Ou, se estiver gostando da opção A, mas alguém te impedir
de continuar a praticá-la, sua opção de reserva é seu plano B> É por isso que esta também
é chamada de opção de recuo>

A renda econômica oferece-nos uma regra de decisão simples:

Se a opção A lhe der uma renda econômica Ge ninguém for prejudicadoJ: faça o que diz a
opção A}
Se você já está praticando a opção A e esta lhe dá uma renda econômica: continue a
executá-la}

Essa regra de decisão está por trás da nossa explicação de por que uma empresa pode
inovar ao passar de uma tecnologia para outra> Assim, começaremos a próxima seção
comparando tecnologias>

QUESTÃO 2.2 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Qual(is) das seguintes alternativas é(são) considerada(s) renda(s) econômica(s)?

O valor pago a um proprietário para utilizar seu apartamento.

O valor pago para alugar um carro por um fim de semana.

O lucro extra que um inovador bem-sucedido obtém ao trazer um novo produto ao


mercado antes dos seus competidores.

O lucro extra que uma empresa obtém quando dobra de tamanho e não há
alterações nos custos ou no preço de cada unidade de sua produção.

Confira suas respostas

2.4 Criando um modelo para uma −


economia dinâmica: tecnologia e
custos
Agora, aplicaremos essas noções de modelagem para explicar o progresso tecnológico>
Nesta seção, consideramos as seguintes questões:

O que é tecnologia?
Como uma empresa avalia o custo das diferentes tecnologias?

O que é uma tecnologia? LINK

Suponha que pedimos a um engenheiro para listar as tecnologias disponíveis para


produzir 100 metros de tecido, cujos insumos são o trabalho \número de trabalhadores,
cada um trabalhando oito horas por dia^ e a energia \toneladas de carvão^> A resposta está
representada no diagrama e na tabela da Figura 2>3> Os cinco pontos na tabela
representam cinco tecnologias diferentes> Por exemplo, a tecnologia E utiliza 10
trabalhadores e 1 tonelada de carvão para produzir 100 metros de tecido>

Siga as etapas da Figura 2>3 para entender as cinco tecnologias>

10
9
Toneladas de carvão

8
7
6
5
4
3
2
1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10
Número de trabalhadores

9 10
Toneladas de carvão

9
Toneladas de carvão

8
7

8
A
6
5
4
3
2
1

7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

6 10
9
Toneladas de carvão

5
7
A
6
5
4
3
B
2
1

4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

3
10
9
Toneladas de carvão

2
8
7 C

A
6
5
4
3
B
2

1
1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10
9
Toneladas de carvão

8
7 C

A
6

Número de trabalhadores
5 D

4
3
B
2
1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

TELA INTEIRA
10
9
Toneladas de carvão

8
7 C

A
6
5 D

4
3
B
2

Tecnologia Número de trabalhadores Carvão necessário DtoneladasE


E
1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

A 1 6
B 4 2
C 3 7
D 5 5
E 10 1

Comparando cinco tecnologias para produzir 100 metros de tecido


A tabela descreve cinco tecnologias diferentes a que nos referiremos ao longo desta
seção. As tecnologias exibidas utilizam diferentes quantidades de trabalho e carvão como
insumos para produção de 100 metros de tecido.

Figura 2.3 Diferentes tecnologias para produção de 100 metros de tecido.

Descrevemos a tecnologia E como relativamente intensiva em trabalho e a tecnologia A


como relativamente intensiva em energia> Se uma economia empregava a tecnologia E e
passou a utilizar A ou B, diríamos que foi adotada uma tecnologia poupadora de mão de
obra, pois o volume de trabalho utilizado para produzir 100 metros de tecido com essas
duas tecnologias é menor do que o exigido pela tecnologia E> Foi isso que ocorreu
durante a Revolução Industrial>

Qual tecnologia a empresa escolherá? O primeiro passo é excluir as tecnologias que são
obviamente inferiores> Na Figura 2>4, começamos observando a tecnologia A e
veriQcamos se alguma das tecnologias alternativas emprega pelo menos as mesmas
quantidades de trabalho e carvão que a primeira> Observa-se que a tecnologia C é
inferior a A: para produzir 100 metros de tecido, C utiliza mais trabalhadores \três em
vez de um^ e mais carvão \sete toneladas em vez de seis^> Portanto, dizemos que a
tecnologia C é dominada pela A: assumindo que todos os insumos devem ser pagos
pelas Qrmas, nenhuma delas utilizará a tecnologia C enquanto a A estiver disponível> As
etapas da Figura 2>4 mostram como identiQcar quais tecnologias são dominadas e quais
são dominantes>

10

9
Toneladas de carvão

7 C
A
6

5 D

10
3
B
2

1 E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

9
Toneladas de carvão

8
10

7 C 9
Toneladas de carvão

7 C
A
6
D

A
5

6
4

3
B
2

1 E

D
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5
Número de trabalhadores

4
3
10

9
Toneladas de carvão

7 C
A
6

B 5 D

2 4

2
B

1 E

E
1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10

Número de trabalhadores
Toneladas de carvão

7 C
A
6

5 D

3
B
2

1 E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

TELA INTEIRA
Número de trabalhadores

Quais tecnologias dominam as outras?


As cinco tecnologias disponíveis para produção de 100 metros de tecido são
representadas pelos pontos A, B, C, D e E. Podemos usar essa figura para mostrar quais
tecnologias dominam as demais.

Figura 2.4 A tecnologia A domina a C, e a tecnologia B domina a D.

Ao utilizarmos apenas as informações de engenharia sobre os insumos, reduzimos o


número de opções: as tecnologias C e D nunca seriam escolhidas> Mas como as empresas
escolheriam entre A, B ou E? Isso requer uma suposição sobre o que a empresa está
tentando fazer> Assumimos que seu objetivo é gerar o máximo de lucro possível, o que
signiQca produzir tecido ao menor custo possível>

Decidir qual tecnologia empregar também requer informações econômicas sobre os


preços relativos: o custo de contratar um trabalhador em relação ao custo de comprar 1
tonelada de carvão> Intuitivamente, a tecnologia intensiva em trabalho E seria escolhida
se a mão de obra fosse muito barata em relação ao custo do carvão; analogamente, a
tecnologia intensiva em energia A seria preferível caso o carvão fosse relativamente
barato> Assim, um modelo econômico nos ajudará a ser mais precisos>

Como uma empresa avalia o custo de produção sob diferentes


tecnologias? LINK

O custo de utilizar qualquer combinação de insumos disponível pode ser calculado ao


multiplicar-se o número de trabalhadores por seu salário e o número de toneladas de
carvão pelo seu preço> Utilizamos o símbolo w para o salário, L para o número de
trabalhadores, p para o preço do carvão e R para as toneladas de carvão:

custo = (salário × trabalhadores) + (preço de 1 tonelada de carvão × nº de toneladas)


= (𝑤 × 𝐿) + (𝑝 × 𝑅)

Suponha que o salário é de £10 e o preço do carvão é £20 por tonelada> Na tabela da
Figura 2>5, calculamos o custo de empregar 2 trabalhadores e 3 toneladas de carvão, que
é de £80, correspondente à combinação P1 no diagrama> Se a empresa fosse contratar
mais trabalhadores — por exemplo, outros seis — mas reduzisse o uso de carvão para 1
tonelada \ponto P2^, o custo também seria de £80> Siga as etapas da Figura 2>5 para ver
como construímos linhas de isocusto, com o objetivo de comparar os custos de todas as
combinações possíveis de insumos>

10 10 10 10 10 10 10
Custo acima de £80
9 9 9 9 9 9 9
Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

Toneladas de carvão

8 8 8 8 8 8 8

7 7 7 7 7 7 7
Q1 Q1 Q1 Q1
6 6 6 6 6 6 6
Q2 Q2 Q2 Q2
5 5 5 5 5 5 5
J J J
4 4 4 4 4 4 4
P1 P1 P1 P1 P1 P1 P1
3 3 3 3 3 3 3

2 2 2 2 2 2 2
P2 P2 P2 P2 P2 P2
1 1 1 1 1 1 1
Custo = £80 Custo = £80 Custo = £80 Custo = £80 Custo = £150 Custo = £40 Custo = £80 Custo = £120 Custo = £150 Custo = £40 Custo = £80 Custo = £120 Custo = £150 Custo = £40 Custo = £80 Custo = £120 Custo = £150
H H H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Número de trabalhadores Número de trabalhadores Número de trabalhadores Número de trabalhadores Número de trabalhadores Número de trabalhadores Número de trabalhadores

10

9
Toneladas de carvão

4
P1
3

1
Custo = £80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

O custo total em P1
O custo total de empregar dois trabalhadores e três toneladas de carvão é (2 × 10) + (3 ×
20) = £80.

Figura 2.5 Linhas de isocusto quando o salário é £10 e o preço do carvão é £20.

As linhas de isocusto conectam todas as combinações de trabalhadores e carvão que


custam o mesmo valor> Podemos utilizá-las para comparar os custos das três tecnologias
que ainda estão no páreo \ou seja, não são dominadas: A, B e E^>

A tabela na Figura 2>6 mostra o custo de produzir 100 metros de tecido com cada uma
das tecnologias quando o salário é £10 e o preço do carvão £20> Nitidamente, a
tecnologia B permite que a empresa produza tecido a um menor custo>

No diagrama, ilustramos a linha de isocusto que passa pelo ponto correspondente à


tecnologia B> Imediamente, isso mostra que, a esses preços de insumos \lembre-se que o
salário é o “preço” do trabalho^, as outras duas tecnologias são mais caras>

7
Toneladas de carvão

A
6

5 Custo acima de £80


J
4

3
B
2
Custo = £80
E
1
H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

Tecnologia Número de Carvão necessário Custo total


trabalhadores DtoneladasE D£E
B 4 2 80
A 1 6 130
E 10 1 120

Salário a £10 e custo do carvão a £20 por tonelada

Figura 2.6 O custo de diferentes tecnologias para produzir 100 metros de tecido: baixo
custo relativo do trabalho.
Na Figura 2>6, podemos ver que B é a tecnologia de menor custo quando w = 10 e
p = 20> As outras tecnologias disponíveis não serão escolhidas sob esses preços de
insumos> Note que o que importa é o preço relativo, e não o absoluto> Se ambos
dobrarem, o diagrama seria muito semelhante: a linha de isocusto passando por B teria a
mesma inclinação, mas o custo seria de £160>

Podemos agora representar as linhas de isocusto por meio de equações, sejam quais
forem o salário w e o preço p do carvão> Começamos com a equação do custo de
produção, representado por c:

𝑐 = (𝑤 × 𝐿) + (𝑝 × 𝑅)

Isto é:

𝑐 = 𝑤𝐿 + 𝑝𝑅

Essa é uma forma de escrever a equação da linha de isocusto para qualquer valor de c>

Para desenhar uma linha de isocusto, pode ser útil expressá-la da seguinte forma:

𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑥

em que a, uma constante, é o intercepto do eixo vertical e b é a inclinação da linha> Em


nosso modelo, as toneladas de carvão R estão no eixo vertical, e o número de
trabalhadores L, no eixo horizontal> Veremos que a inclinação da linha é dada pelo salário
em relação ao preço do carvão −\w‚p^> A linha de isocusto inclina-se para baixo, de modo
que o termo de inclinação da equação, dado por −\w‚p^, é negativo>

A equação:

𝑐 = 𝑤𝐿 + 𝑝𝑅

pode ser reescrita como:

𝑝𝑅 = 𝑐 − 𝑤𝐿

e, em seguida, como:

𝑐 𝑤
𝑅= − 𝐿
𝑝 𝑝

Portanto, quando w = 10 e p = 20, a linha de isocusto para c = 80 intercepta o eixo Y em


80‚20 = 4 e tem inclinação negativa igual a −\w‚p^ = − 1‚2> A inclinação é o preço
relativo do trabalho>

EXERCÍCIO 2.3 LINHAS DE ISOCUSTO LINK

Suponha que o salário é £10, mas o preço do carvão é apenas £5.

1. Qual é o preço relativo do trabalho?


2. Utilizando o método descrito pelo texto, escreva a equação da linha de isocusto para c
= £60 e reescreva-a na fórmula padrão y = a + bx.
3. Escreva as equações para as linhas de isocusto de £30 e £90, também na fórmula
padrão, e desenhe as três linhas em um diagrama. Como o conjunto de linhas de
isocusto para esses preços de insumos se compara àquele para w = 10 e p = 20?

2.5 Modelando uma economia −


dinâmica: inovação e lucro
Vimos que, quando o salário é de £10 e o preço do carvão £20, B é a tecnologia de
menor custo>

Qualquer mudança no preço relativo desses dois insumos alterará a inclinação das linhas
de isocusto> Ao observar as posições das três tecnologias na Figura 2>7, podemos deduzir
que, se a linha de isocusto se tornar suQcientemente íngreme \com o salário aumentando
em relação ao custo do carvão^, B deixará de ser a tecnologia de menor custo, e a
empresa passará a utilizar A> Isto foi o que aconteceu na Inglaterra no século XVIII>

Vamos ver como uma mudança nos preços relativos pode causar essas mudanças>
Suponha que o preço do carvão se reduza a £5 enquanto o salário permanece em £10>

A tabela da Figura 2>7 mostra que, com os novos preços, a tecnologia A permite que a
empresa produza 100 metros de tecido ao menor custo> O menor preço do carvão
diminui o custo de todos os métodos de produção, mas a tecnologia intensiva em energia
passa a ser a mais barata>

10

9
Toneladas de carvão

10 7

5
A

9
B
2
E
1
Toneladas de carvão

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores

7 10

9
Toneladas de carvão

8 G

A 7
A

6
6
Custo = £40
5

3
B
2
E
1

5
F

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores

4
10

3
9
Toneladas de carvão

8 G

7
A

B
6
Custo = £40
5

2
4

3
B
2
E
1

E
F

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Número de trabalhadores

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

Tecnologia Número de Carvão necessário Custo total


trabalhadores DtoneladasE D£E
B 4 2 50
A 1 6 40
E 10 1 105

Salário a £10 e custo do carvão a £5 por tonelada

A tecnologia A é a de menor custo quando o carvão é relativamente barato


Quando o salário é £10 e o preço do carvão £5, a tabela mostra que a tecnologia A, mais
intensiva em tecnologia do que as outras, pode produzir 100 metros de tecido a um custo
menor que B ou E.

Figura 2.7 Custo de produção de 100 metros de tecido: alto preço relativo do trabalho.

Para desenhar a linha de isocusto que atravessa qualquer ponto, como em A, lembre-se
que calculamos o custo em A \£40^ e então procuramos outro ponto de mesmo custo> A
forma mais fácil é encontrar um dos pontos extremos F ou G> Por exemplo, se o carvão
não for usado, quatro trabalhadores podem ser contratados por £40: esse é o ponto F>

Na Figura 2>7, você pode observar que, com o novo preço relativo, a tecnologia A se
encontra na linha de isocusto de £40, e as outras duas tecnologias disponíveis Qcam
acima dessa linha> Se A estiver acessível, as outras tecnologias não serão escolhidas>

Como uma inovação capaz de reduzir custos aumenta os lucros


de uma empresa? LINK

O próximo passo é calcular quanto ganha a primeira empresa que adotar a tecnologia de
menor custo \A^ quando o preço do trabalho aumentar em relação ao do carvão> Como
todos os seus concorrentes, a empresa utiliza inicialmente a tecnologia B, o que minimiza
seus custos> A Figura 2>8 mostra a linha de isocusto pontilhada que representa essa
situação, com extremidades H e J, passando pelo ponto B >

Quando os preços relativos mudam, a tecnologia B é atravessada por uma nova linha de
isocusto, que é mais inclinada e une os pontos cujo custo de produção é £50> A
tecnologia A é mais intensiva em energia, mas menos intensiva em trabalho, e utilizá-la
para produzir 100 metros de tecido reduz os custos para £40> Siga as etapas da Figura
2>8 para ver como as linhas de isocusto mudam com os novos preços relativos>

10

8
Toneladas de carvão

10
7

5
J
4

3
B

9
2
Custo = £80
1
H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores

8
Toneladas de carvão

7 10

9
G
8
Toneladas de carvão

7
A
6

6 5

3
J

B
2
Custo = £80
1 Custo = £40

5
F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores

J
4
10 N

3
9

8 G
Toneladas de carvão

7
A

B
6

5 Custo = £50
J

2
4

3
B
2

Custo = £80
Custo = £80
1 Custo = £40
F M H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Número de trabalhadores

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

Tecnologia Número de Carvão necessário Custo total


trabalhadores DtoneladasE D£E
Salário a £10 e custo do carvão a £20 por tonelada
B 4 2 80

Ao preço relativo original, B era a tecnologia de menor custo


Quando o salário é £10 e o preço do carvão, relativamente caro, é de £20, o custo de
produzir 100 metros de tecido com a tecnologia B é de £80: utilizá-la coloca a empresa na
linha de isocusto HJ.

Figura 2.8 Custo de utilizar diferentes tecnologias para produzir 100 metros de tecido.

Os lucros da empresa são iguais à receita obtida com a venda de produtos menos o custo
de produzi-los>

Seja qual for a tecnologia utilizada, nova ou velha, os preços pagos pelo trabalho e pelo
carvão são os mesmos, e o preço a que a empresa vende 100 metros de tecido também> A
mudança no lucro é, portanto, igual à queda nos custos causada pela adoção da nova
tecnologia, e os lucros da venda de 100 metros de tecido aumentam em £10:

lucro = receita − custos


mudança nos lucros ao trocar B por A = mudança na receita - mudança nos custos
= 0 − (40 − 50)
= 10

Nesse caso, a renda econômica de uma empresa que passa da tecnologia B para a A é de
£10 por 100 metros de tecido, que é igual à redução de custo possibilitada pela nova
tecnologia> A regra de decisão \se a renda econômica for positiva, faça}^ indica que a
empresa deve inovar>

Em nosso exemplo, a tecnologia A estava disponível, mas não foi utilizada até que uma
empresa pioneira a adotasse como resposta ao incentivo criado pelo aumento no preço
relativo do trabalho> A primeira Qrma a adotar uma nova tecnologia é chamada de
empreendedora> Quando descrevemos pessoas ou empresas como empreendedoras,
referimos-nos a sua disposição em testar novas tecnologias e iniciar novos negócios>

O economista Joseph Schumpeter \veja abaixo^ deu um papel fundamental à adoção de


inovações tecnológicas por empreendedores em sua explicação para o dinamismo do
capitalismo> Por isso, as rendas de inovação são muitas vezes chamadas de rendas
schumpeterianas>

Rendas de inovação não duram para sempre: ao perceberem que os empreendedores


estão gerando rendas econômicas, outras empresas adotarão a nova tecnologia, o que
também reduz seus custos e aumenta seus lucros>

Nesse caso, com maior lucro por 100 metros de tecido, as empresas de baixo custo
prosperarão, aumentando sua produção> Conforme mais empresas adotam a nova
tecnologia, aumenta a oferta de tecido no mercado e o preço do produto começa a cair>
Esse processo continua até que todos estejam usando a nova tecnologia, estágio no qual
os preços terão se reduzido a ponto de nenhuma empresa auferir rendas de inovação>
Empresas que permanecerem utilizando a antiga tecnologia B vão se tornar incapazes de
cobrir seus custos com a queda no preço do tecido e irão à falência> Joseph Schumpeter
chamou esse processo de destruição criativa>

QUESTÃO 2.3 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

A Figura 2.3 mostra diferentes tecnologias para produzir 100 metros de tecido.

Com base no gráfico, o que podemos concluir?

A tecnologia D é mais intensiva em energia do que a tecnologia C.

A tecnologia B domina a tecnologia D.

A tecnologia A é a tecnologia de menor custo para todos os salários e preços de


carvão.

A tecnologia C pode, algumas vezes, ser mais barata do que a tecnologia A.

Confira suas respostas

QUESTÃO 2.4 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Observe as três linhas de iscocusto na Figura 2.8.

Com base nessas informações, o que podemos concluir?

Quando o salário é £10 e o preço do carvão £5, a combinação de insumos no ponto N


é mais cara que os insumos no ponto B.

As linhas de isocustos MN e FG representam a mesma razão de preços (salário/preço


do carvão), mas têm diferentes custos totais de produção.

A linha de isocusto HJ representa maior razão (salário/preço do carvão) do que a


linha FG.

A linha de isocusto HJ representa todos os pontos que podem produzir 100 metros de
tecido a uma determinada razão de preços.

Confira suas respostas

Joseph Schumpeter: Economic Growth and Creative Destruction


Lynne Kiesling

09:08

Lynne Kiesling, historiadora do pensamento econômico, discute Joseph Schumpeter.

GRANDES ECONOMISTAS
Joseph Schumpeter LINK

Joseph Schumpeter \1883–1950^ desenvolveu um


dos mais importantes conceitos da economia
moderna: a destruição criativa>

Schumpeter trouxe para a economia a ideia de que


o empreendedor é ator central no sistema
econômico capitalista> O empreendedor é o agente
de mudança que introduz novos produtos e novos
métodos de produção, bem como abre novos
mercados> Os imitadores o seguem e a inovação se
difunde por toda a economia> Novos empreendedores e suas inovações são
responsáveis pela aceleração do crescimento nos períodos seguintes>

Para Schumpeter, a destruição criativa é característica essencial do capitalismo:


tecnologias antigas e empresas que não se adaptam são destruídas por outras, mais
modernas, porque não conseguem competir no mercado vendendo a um preço que
cubra seu custo de produção> O fracasso de empresas não lucrativas disponibiliza mão
de obra e bens de capital para serem usados em novas combinações>

Esse processo descentralizado gera uma melhoria contínua na produtividade, o que


leva a um maior crescimento, e por isso Schumpeter o deQniu como virtuoso> 9 A
destruição das antigas empresas e a criação de novas são processos longos, cuja
lentidão gera altos e baixos na economia> O ramo do pensamento econômico
conhecido como economia evolucionária \você pode ler artigos sobre o tema no
Journal of Evolutionary Economics^ tem nítida origem no trabalho de Schumpeter, assim
como a maioria dos modelos econômicos modernos que lidam com
empreendedorismo e inovação> Leia, nestes ensaios, as ideias e as opiniões de
Schumpeter em suas próprias palavras> 10 11

Schumpeter nasceu na Áustria-Hungria, mas emigrou para os Estados Unidos depois


que os nazistas ganharam as eleições de 1932, o que resultou na formação do Terceiro
Reich em 1933> O autor já tinha passado pela Primeira Guerra Mundial e pela Grande
Depressão da década de 1930, e morreu enquanto escrevia um ensaio intitulado “A
Marcha para o Socialismo”, no qual registrou suas preocupações com o crescente papel
do governo na economia e a resultante “migração das questões econômicas das pessoas
da esfera privada para a pública”> Como um jovem professor na Áustria, Schumpeter
enfrentou e venceu um duelo com o livreiro da universidade para assegurar que os
estudantes tivessem acesso aos livros> Mais tarde, Schumpeter disse que tinha três
ambições na vida quando era jovem: ser o melhor economista do mundo, o melhor
amante do mundo, e o melhor cavaleiro do mundo> Somente a decadência da cavalaria,
segundo ele, o impediu de atingir todas as três>

2.6 A Revolução Industrial −


britânica e os incentivos à
inovação tecnológica
Antes da Revolução Industrial, a Qação, a tecelagem e a confecção de roupas para a
família eram tarefas que consumiam o tempo das mulheres> Spinsters, que signiQca
“Qandeiras” em inglês, era uma gíria para mulheres solteiras, cuja principal ocupação,
supunha-se, era Qar \spinning^>

Qual foi o efeito de invenções como a spinning Jenny, utilizada na Qação? Os primeiros Eve Fisher,
modelos dessa máquina tinham oito fusos> Uma máquina desse tipo, operada por apenas historiadora,
calculou que fazer
um adulto, produzia o mesmo que oito Qandeiras trabalhando em oito rocas> No Qnal do uma camisa naquele
século XIX, uma única mula giratória, versão aperfeiçoada da Jenny, com motor hidráulico tempo levava 500
horas apenas para
e manuseada por poucas pessoas, poderia substituir mais de mil Qandeiras> Essas fiação e 579 horas de
máquinas não eram movidas pelo trabalho humano, mas por rodas d’água e, mais tarde, trabalho no total — o
que custava, com
por motores a vapor alimentados com carvão> A Figura 2>9 resume as mudanças base no salário
ocorridas durante a Revolução Industrial> mínimo atual nos
Estados Unidos, US$
4.197,25.

Tecnologia Antiga Tecnologia Nova


Muitos trabalhadores Poucos trabalhadores
Pouco maquinário \rocas^ Muitos bens de capital \mulas giratórias, galpões
de fábricas,
rodas d’água ou motores a vapor^
… movido apenas por energia … movidos a energia \carvão^
humana
Intensiva em mão de obra Poupadora de mão de obra
Poupadora de capital Intensiva em capital
Poupadora de energia Intensiva em energia

Figura 2.9 Mudanças na tecnologia de fiação durante a Revolução Industrial.

O modelo examinado na seção anterior estabelece uma hipótese \isto é, uma potencial
explicação^ sobre por que alguém se preocuparia em inventar tal tecnologia e por que
alguém desejaria utilizá-la> No modelo, produtores de tecido escolhem entre tecnologias
que usam apenas dois insumos \energia e trabalho^ o que é uma simpliQcação, mas ilustra
a importância dos preços relativos dos insumos para escolher a tecnologia empregada>
Quando o custo da mão de obra aumentava em relação ao custo de energia, surgia a
possibilidade de receber rendas de inovação ao adotar uma tecnologia mais intensiva em
energia>

Essa é apenas uma hipótese> Foi assim que realmente aconteceu? Analisar como os preços
relativos diferiam entre países e como variaram ao longo do tempo pode nos ajudar a
entender por que tecnologias que marcaram a Revolução Industrial foram inventadas na
Grã-Bretanha, e não em outros países, e no século XVIII, e não anteriormente>

5
Salário diário dos trabalhadores/preço

4
de 1 milhão de BTUs

0
Newcastle, Londres Amsterdam Estrasburgo, Paris Pequim
Inglaterra França

TELA INTEIRA

Figura 2.10 Salários em relação ao preço da energia (início dos anos 1700)

Ver gráfico interativo

Página 140 de Robert C. Allen. 2008. The British Industrial Revolution in Global Perspective. Cambridge: Cambridge University
Press.

A Figura 2>10 mostra o preço do trabalho em relação ao preço da energia em várias


cidades no início dos anos 1700> Mais especiQcamente, os salários dos trabalhadores do
setor de construção são divididos pelo preço de 1 milhão de BTUs \em português, sigla
de Unidade Térmica Britânica, unidade de energia equivalente a um pouco mais de 1>000
joules^> Você pode observar que a mão de obra era mais cara em relação ao custo da
energia na Inglaterra e na Holanda do que na França \Paris e Estrasburgo^, e muito mais
cara do que na China>

Os salários relativos ao preço da energia eram maiores na Inglaterra, tanto pelos salários
lá serem em geral mais altos do que em outros lugares, como porque o carvão era mais
barato na Grã-Bretanha, rica no mineral, do que nos outros países da Figura 2>10>

1,8
Salários em relação ao custo de capital

1,4

0,9
Inglaterra
França

0,5

0
1580 1600 1620 1640 1660 1680 1700 1720 1740 1760 1780 1800 1820
Ano

TELA INTEIRA

Figura 2.11 Salários em relação ao custo de bens de capital (1580–1820).

Ver gráfico interativo

Página 138 em Robert C. Allen. 2008. The British Industrial Revolution in Global Perspective. Cambridge: Cambridge University
Press.

A Figura 2>11 mostra a tendência do custo do trabalho em relação ao custo de bens de


capital na Inglaterra e na França, do Qnal do século XVI até o início do século XIX> A
Qgura apresenta os salários dos trabalhadores do setor de construção divididos pelo custo
de utilizar bens de capital> Este último é calculado a partir dos preços de metal, madeira e
tijolo e do custo de empréstimos, considerando-se também a que taxa os bens de capital
se desgastam ou se depreciam>

Como você pode observar, os salários em relação ao custo dos bens de capital eram
similares na Inglaterra e na França em meados do século XVII> A partir de então, na
Inglaterra \mas não na França^, a mão de obra tornou-se cada vez mais cara em relação
aos bens de capital> Em outras palavras, o incentivo para substituir os trabalhadores por
máquinas aumentou na Inglaterra durante aquele período, o que não ocorreu na França>
Lá, o incentivo para poupar trabalho empregando inovações tecnológicas havia sido mais
forte no Qnal do século XVI do que duzentos anos depois, quando a Revolução Industrial
começou a transformar a Grã-Bretanha>

Com o modelo da seção anterior, aprendemos que a tecnologia escolhida depende dos
Com o modelo da seção anterior, aprendemos que a tecnologia escolhida depende dos
preços relativos dos insumos> Ao combinar as previsões do modelo com os dados
históricos, obtemos uma explicação para o momento e a localização do surgimento da
Revolução Industrial, descrita a seguir:

Na Inglaterra, os salários relativos ao custo de energia e de bens de capital


aumentaram no século XVIII, em comparação com períodos históricos anteriores>
Durante o século XVIII, os salários relativos ao custo de energia e de bens de capital
eram maiores na Inglaterra do que em outros países>

Sem dúvida, o fato da Grã-Bretanha ser um país tão inclinado à inovação ajudou> Havia
muitos operários, engenheiros e fabricantes de máquinas com as qualiQcações necessárias
para construir as máquinas desenvolvidas pelos inventores>

10

Toneladas de carvão
10
7
A
6

5
J
4

9
B
2

1
H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número de trabalhadores

8
Toneladas de carvão

7 10

A
8 G

Toneladas de carvão
7

6
A
6

5
J
4

3
B
2

5
1
F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número de trabalhadores

J
4
3 10

8 G
Anos 1700(isocusto FG)
• Isocusto inclinada: o custo do trabalho em relação
ao do carvão é alto.
• Agora, a tecnologia A tem menor custo que a tecnologia B.

Toneladas de carvão
• Sabemos disso porque B está fora da linha FG.

B
7
A
6

2
Anos 1600(isocusto HJ)
5 • As empresas usam a tecnologia B.
J • Nesse preço relativo, não há incentivo para desenvolver a
4 tecnologia A.
• Sabemos disso porque A custa mais (ela está fora da linha HJ).
3
B
2

1
F H

1 1 2 3 4 5
Número de trabalhadores
6 7 8 9 10 11 12 13

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

A tecnologia no século XVII


Os preços relativos no século XVII são representados pela linha de isocusto HJ. Utilizava-se
a tecnologia B, e, a esses preços relativos, não havia incentivo para desenvolver uma
tecnologia como A, que está fora da linha de isocusto HJ.

Figura 2.12 Custo de usar diferentes tecnologias para produzir 100 metros de tecido na
Grã-Bretanha (séculos XVII e XVIII).

Bob Allen: Why Britain industrialised when others did not [No longer in use]
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Outras opções de vídeo

O historiador econômico Bob Allen aborda a questão do porquê a Grã-Bretanha se


industrializou e os outros países, não.

EXERCÍCIO 2.4 NA GRÃ-BRETANHA, MAS NÃO NA FRANÇA


LINK

Assista nosso vídeo em que Bob Allen, historiador econômico, explica sua teoria do
porquê a Revolução Industrial ter ocorrido onde e quando ocorreu.

1. Sintetize a teoria de Allen utilizando o conceito de rendas econômicas. Quais


pressupostos ceteris paribus você está considerando?
2. Que outros fatores importantes poderiam explicar o aumento das tecnologias
intensivas em energia na Grã-Bretanha durante o século XVIII?

Os preços relativos de trabalho, energia e capital podem ajudar a explicar por que as
tecnologias poupadoras de mão de obra da Revolução Industrial foram adotadas primeiro
na Inglaterra e qual a razão, naquela época, de difundirem-se mais rápido nesse país do
que no continente europeu, e ainda mais rapidamente em comparação com a Ásia>

O que explica a adoção dessas tecnologias em países como França e Alemanha e, por Qm,
na China e na Índia? Uma razão é o progresso tecnológico, no qual o desenvolvimento de
uma nova tecnologia leva à dominância desta sobre as existentes> Esse progresso permite
utilizar quantidades cada vez menores de insumos para produzir 100 metros de tecido>
Para ilustrar essa dinâmica, podemos usar nosso modelo > Na Figura 2>13, o processo
tecnológico leva à invenção de uma tecnologia A’ intensiva em energia e superior à
existente> A análise da Figura 2>13 mostra que, uma vez que a tecnologia A’ esteja
disponível, será escolhida nos países que usam a A e, também, nos que usam a B>

10

9
Toneladas de carvão

8 G

10
7
A
6

5
J
4

3
B

9
2
Custo = £80
1 Custo = £40
F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Toneladas de carvão

Número de trabalhadores

8 G

7 10

9
Toneladas de carvão

8 G

A 6
A

6 5

3
J

A′
B
2
Custo = £80
1 Custo = £40

5
F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores

J
4
10

3 9
Toneladas de carvão

8 G

7
A
6

B 5

2
J
4

3
A′
B
2
Custo = £80
1

Custo = £80
Custo = £40
F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Custo = £40
Número de trabalhadores

F H

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de trabalhadores
TELA INTEIRA

Intensiva em energia ou em trabalho?


Quando o preço relativo de trabalho é alto, adota-se a tecnologia A, intensiva em energia.
Da mesma forma, quando esse preço é baixo, opta-se pela tecnologia B, intensiva em
trabalho.

Figura 2.13 Custo de usar diferentes tecnologias para produzir 100 metros de tecido.

Um segundo fator que promoveu a difusão de novas tecnologias em todo o mundo foi o
aumento do salário e a redução dos custos de energia \devido, por exemplo, ao transporte
mais barato, o que reduziu o custo de importar energia de outros países^> Com isso, as
linhas de isocusto tornaram-se mais acentuadas nos países pobres, o que novamente
gerou um incentivo para a adoção de tecnologias poupadoras de mão de obra> 12

De qualquer forma, as novas tecnologias disseminaram-se e a divergência de tecnologia e


padrão de vida entre países foi sendo substituída por convergência — ao menos entre os
países em que a revolução capitalista teve início> 13

Em alguns outros países, entretanto, ainda observamos o uso de tecnologias que foram
substituídas na Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial> O modelo prevê que, nesses
casos, o preço relativo do trabalho deve ser muito baixo, o que torna a linha de isocusto
muito plana> Na Figura 2>13, a tecnologia B pode ser a escolhida até mesmo com A’
disponível se a linha de isocusto for mais plana do que HJ, passando por B mas abaixo de
A’>

QUESTÃO 2.5 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Observe novamente a Figure 2.12, que descreve as linhas de isocusto para os séculos XVII e
XVIII na Grã-Bretanha.

Qual(is) das seguintes afirmações está(ão) correta(s)?

A linha de isocusto mais plana HJ para Grã-Bretanha do século XVII indica salários
mais altos relativos ao preço do carvão.

O aumento dos salários relativos ao custo da energia no século XVIII é representado


pelo deslocamento da linha de isocusto de HJ para a linha de isocusto paralela que
passa por A.

Se o nível salarial tivesse caído com a queda dos custos de energia (devida, por
exemplo, ao transporte mais barato), então a Grã-Bretanha do século XVIII teria
definitivamente continuado a utilizar a tecnologia B.

A comparação entre a linha de isocusto FG e a isocusto paralela passando por B


sugere que houve ganhos de renda de inovação na Grã-Bretanha durante o século XVIII,
quando as empresas passaram da tecnologia B para a A.

Confira suas respostas

EXERCÍCIO 2.5 POR QUE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NÃO


ACONTECEU NA ÁSIA? LINK
Leia a resposta de David Landes para essa pergunta, e este resumo de pesquisa sobre a
grande divergência para discutir por que a Revolução Industrial aconteceu na Europa e
não na Ásia, e precisamente na Grã-Bretanha, em vez da Europa continental.

1. Quais argumentos você achou mais persuasivos e por quê?


2. Quais argumentos você achou menos persuasivos e por quê?

2.7 Economia Malthusiana: −


produto médio decrescente do
trabalho
A evidência histórica respalda nosso modelo, que utiliza preços relativos e rendas de
inovação para fornecer uma explicação simples sobre o momento de início e a
disseminação geográQca da revolução tecnológica permanente> 14

Esta é parte da explicação do ponto de infexão ascendente no taco de hóquei> A longa


parte plana do taco, por sua vez, é outra história e demanda um modelo diferente para
explicá-la>

Malthus desenvolveu um modelo da economia que descreve um padrão de


desenvolvimento econômico consistente com a parte plana do taco de hóquei formado no
gráQco de PIB per capita da Figura 1>1a, capítulo 1> Seu modelo introduz conceitos
amplamente utilizados na economia> Um dos mais importantes é a ideia de produto
médio decrescente de um fator de produção>

Produto médio decrescente do trabalho LINK

Para entender o que este termo signiQca, imagine uma economia agrícola que produz
apenas um bem: cereal> Suponha que a produção de cereal é muito simples, exigindo
apenas mão de obra agrícola que trabalhe a terra> Em outras palavras: ignore o fato de
que a produção de cereal também requer pás, colheitadeiras, elevadores de grãos, silos e
outros tipos de edifícios e equipamentos>

Mão de obra e terra — e outros insumos que não iremos considerar neste caso — são
fatores de produção; isto é, são insumos utilizados no processo produtivo> No modelo
de mudança tecnológica visto anteriormente, os fatores de produção são energia e
trabalho>

Utilizaremos um pressuposto ceteris paribus para simpliQcar ainda mais o modelo: a


quantidade de terra é Qxa e de mesma qualidade ao longo de toda a sua extensão>
Imagine que a terra se divide em 800 fazendas cultivadas, cada uma, por apenas um
agricultor> Cada agricultor trabalha a mesma quantidade total de horas durante um ano>
Juntos, os 800 agricultores produzem o total de 500>000 kg de cereal> O produto médio
do trabalho de um agricultor é:

produto total
produto médio do trabalho =
nº total de trabalhadores

500.000 kg
=
800 agricultores

= 625 kg por agricultor

Para entender o que acontecerá quando a população aumentar e houver mais agricultores
para um mesmo espaço limitado de terra cultivável, precisamos do que os economistas FUNÇÃO DE
chamam de função de produção da agricultura> Esta nos mostra o volume de produção PRODUÇÃO
gerado por dado número de agricultores trabalhando em determinada quantidade de LINK

terra> Nesse caso, consideramos constantes todos os outros insumos, inclusive a terra; Descreve a relação
então, observamos apenas como a produção varia de acordo com a quantidade de entre o volume de
trabalho> produção gerado e a
quantidade de
Nas seções anteriores, você viu funções de produção bastante simples que especiQcavam insumos utilizados
para gerá-lo.
as quantidades de trabalho e energia necessárias para produzir 100 metros de tecido> Por
exemplo, na Figura 2>3, a função de produção da tecnologia B diz que são produzidos
100 metros de tecido ao empregar 4 trabalhadores e 2 toneladas de carvão no processo
produtivo> A função de produção da tecnologia A nos fornece outra aQrmação do tipo
“se-então”: se 1 trabalhador e 6 toneladas de carvão forem utilizados na produção com
essa tecnologia, então o produto será de 100 metros de tecido> A função de produção de
cereal é uma aQrmação “se-então” semelhante indicando que, se X agricultores
trabalharem, então Y cereal serão colhidos>

A Figura 2>14a lista alguns valores do insumo trabalho e a produção de cereal


correspondente a cada um destes> Na terceira coluna, calculamos o produto médio do
trabalho> Na Figura 2>14b, ilustramos a função de produção assumindo que esta relação é
que seja válida para todos os valores de número de agricultores e de produção de cereal
mostrados na tabela>

A expressão é chamada de função de produção porque uma função é uma relação entre Leibniz: Economia
duas quantidades \de insumos e de produto, nesse caso^, representada matematicamente malthusiana:
produto médio
como: decrescente do
trabalho

𝑌 = 𝑓 (𝑋)

Lemos a expressão da seguinte forma: ‘Y é uma função de X’> Nesse exemplo, X é a


quantidade de trabalho dedicado à agricultura e Y, a produção de cereal resultante dessa
quantidade de insumo> A função fGXJ descreve a relação entre X e Y, representada pela
curva na Qgura>

Insumo Trabalho Dnúmero de Produção de Produto médio do trabalho


trabalhadoresE cereal DkgE DkgKtrabalhadorE
200 200>000 1,000
400 330>000 825
600 420>000 700
800 500>000 625
1>000 570>000 570
1>200 630>000 525
1>400 684>000 490
1>600 732>000 458
1>800 774>000 430
2>000 810>000 405
2>200 840>000 382
2>400 864>000 360
2>600 882>000 340
2>800 894>000 319
3>000 900>000 300

Figura 2.14a Valores da função de produção de um agricultor: produto médio


decrescente do trabalho.

900
Kg de cereal produzido (milhares)

675 A função de produção dos agricultores

900
mostra como o número de agricultores
trabalhando o solo se converte em grão
colhido.

450

225
Kg de cereal produzido (milhares)

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800
Número de agricultores

A função de produção dos agricultores


900
Kg de cereal produzido (milhares)

675 675 A função de produção dos agricultores


mostra como o número de agricultores

mostra como o número de agricultores


trabalhando o solo se converte em grão
colhido.
A
500
450

trabalhando o solo se converte em grão


225

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800

colhido. Número de agricultores

450 900
Kg de cereal produzido (milhares)

B
732
675 A função de produção dos agricultores
mostra como o número de agricultores
trabalhando o solo se converte em grão
colhido.
A
500
450

225

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800
Número de agricultores

225 900
Kg de cereal produzido (milhares)

B
732
675 A função de produção dos agricultores
mostra como o número de agricultores
trabalhando o solo se converte em grão
colhido.
A
500
450
Em A, o produto médio do trabalho é 500.000/800 =
625 kg de cereal por agricultor.
Em B, o produto médio do trabalho é 732.000/1.600 =
458 kg de cereal por agricultor.
225

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800
Número de agricultores

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800 900
Kg de cereal produzido (milhares)

B
732
675 A função de produção dos agricultores
mostra como o número de agricultores
trabalhando o solo se converte em grão
colhido.
A
500

Número de agricultores
450
Em A, o produto médio do trabalho é 500.000/800 =
625 kg de cereal por agricultor.
Em B, o produto médio do trabalho é 732.000/1.600 =
458 kg de cereal por agricultor.
225

Inclinação: 732.000/1.600 = 458

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800
Número de agricultores

TELA INTEIRA

900
Kg de cereal produzido (milhares)

Função de produção de um agricultor


B
732
675 A função de produção dos agricultores
mostra como o número de agricultores
trabalhando o solo se converte em grão
colhido.
A
500
450
Em A, o produto médio do trabalho é 500.000/800 =
625 kg de cereal por agricultor.
Em B, o produto médio do trabalho é 732.000/1.600 =
458 kg de cereal por agricultor.
225

A função de produção mostra como o número de agricultores trabalhando o solo se


Inclinação: 732.000/1.600 = 458

0
0 400 800 1,200 1,600 2,000 2,400 2,800
Número de agricultores

traduz em grãos colhidos ao final do período de cultivo.

Figura 2.14b Função de produção de um agricultor: produto médio decrescente do


trabalho.

EXERCÍCIO 2.6 A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DE UM


AGRICULTOR LINK
No capítulo 1, explicamos que a economia é parte da biosfera. Pense na agricultura do
ponto de vista biológico.

1. Descubra quantas calorias um agricultor consome ao trabalhar e quantas calorias 1kg


de grão fornece.
2. Podemos dizer que a agricultura produz um excedente de calorias — isto é, provê mais
calorias do que as consumidas para produzir cereal — ao utilizar a função de produção
da Figura 2.14b?

Nossa função de produção de cereal é hipotética, mas possui duas características


consideradas pressupostos plausíveis sobre como o produto depende do número de
agricultores:

A combinação de trabalho e terra é produtiva, o que não é surpreendente> Quanto mais


agricultores houver, mais grãos serão produzidos, ao menos até certo ponto \neste caso,
até 3>000 agricultores^>

À medida que mais agricultores trabalham em uma quantidade Qxa de terra, o produto
médio do trabalho cai> Essa diminuição do produto médio do trabalho é um dos dois
fundamentos do modelo de Malthus>

Lembre que o produto médio do trabalho é a produção total de cereal dividida pela
quantidade de trabalho utilizada> Na função de produção da Figura 2>14b, ou na tabela
da Figura 2>14a \ambas mostram a mesma informação^, observamos que o insumo anual
de 800 agricultores trabalhando no cultivo leva a um produto médio por agricultor de
625 kg de cereal; no entanto, aumentar o insumo trabalho para 1>600 agricultores gera
um produto médio de 458 kg por agricultor> O produto médio do trabalho diminui à
medida que mais trabalho é empregado na produção, o que preocupava Malthus>

Para entender sua preocupação, imagine que, apenas uma geração depois, cada agricultor
teve muitos Qlhos, de modo que, se antes havia somente um agricultor trabalhando em
cada fazenda, agora existem dois> O total de trabalho empregado no cultivo era de 800,
mas agora é de 1>600> Em vez de obter em média 625 kg de grãos por agricultor, a
colheita média passou a ser de apenas 458 kg>

Você pode argumentar que, no mundo real, conforme a população cresce, dedica-se mais
terra à agricultura> No entanto, Malthus ressaltava que a terra de melhor qualidade já
teria sido escolhida por gerações anteriores de agricultores, então qualquer terra
incorporada ao cultivo agora seria pior , o que também reduz o produto médio do
trabalho>

Portanto, a diminuição do produto médio do trabalho pode ser causada por:

mais mão de obra dedicada a uma quantidade Qxa de terra


mais terra \de inferior qualidade^ incorporada ao cultivo

Como o produto médio do trabalho diminui à medida que mais mão-de-obra é


empregada no cultivo, a renda gerada pelo trabalho inevitavelmente cai>

QUESTÃO 2.6 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Observe novamente a Figura 2.14b, que ilustra a função de produção de cereal em relação
ao número de agricultores, sob condições médias de crescimento com a tecnologia
disponível atualmente.

Podemos afirmar que:

Em um ano no qual ocorram condições climáticas excepcionalmente favoráveis, a


curva da função de produção será mais elevada e paralela à curva que está acima.

A descoberta de sementes de alto rendimento aumentaria a inclinação da curva da


função de produção, deslocando-a no sentido anti-horário em relação à origem.

Em um ano de seca, a curva da produção pode inclinar-se para baixo para um grande
número de agricultores

Se há um limite superior à quantidade de cereal que pode ser produzida, então a


curva terminará sendo horizontal para um grande número de agricultores.

Confira suas respostas

2.8 Economia malthusiana: a −


população cresce com a elevação
dos padrões de vida
Por si só, o produto médio decrescente do trabalho, não explica a longa e plana parte do
taco de hóquei> O conceito diz apenas que os padrões de vida dependem do tamanho da
população, sem nada aQrmar sobre por que, durante longos períodos, os padrões de vida
e a população não variavam muito> Para entender essa questão, precisamos da outra parte
do modelo de Malthus: seu argumento de que a elevação dos padrões de vida gera
crescimento populacional>

Malthus não foi o primeiro a ter essa ideia> Anos antes de Malthus desenvolver suas
teorias, Richard Cantillon, um economista irlandês, aQrmara que “os homens
reproduzem-se como ratos em um celeiro se tiverem meios ilimitados de subsistência”>

Essencialmente, a teoria malthusiana considerava as pessoas não muito diferentes dos


outros animais:

Ainda que o homem se encontre acima de todos os outros animais por suas
faculdades intelectuais, não se deve supor que as leis físicas às quais está sujeito
devam ser essencialmente diferentes das que prevalecem sobre outras partes do
reino animal> 15

Então, as duas ideias centrais do modelo de Malthus são:

a lei do produto médio decrescente do trabalho


a população cresce se os padrões de vida se elevam

Imagine uma manada de antílopes em uma vasta planície deserta, onde não há
predadores que compliquem suas vidas \nem nossa análise^> Quando os antílopes estão
bem nutridos, vivem mais e têm mais Qlhotes> Quando a manada é pequena, os antílopes
podem comer tudo o que quiserem e, então, a manada aumenta>

A manada acabará se tornando tão grande em relação ao tamanho da planície que os


antílopes não poderão mais comer tudo o que quiserem> À medida que a quantidade de
terra por animal diminui, seu padrão de vida começa a deteriorar-se> A redução nos
níveis de vida continuará enquanto a manada seguir aumentando de tamanho>

Como agora cada animal tem menos alimento para comer, os antílopes terão menos
Qlhotes e morrerão mais jovens, o que desacelera o crescimento populacional> Por Qm, os
padrões de vida cairão até que a manada pare de aumentar de tamanho: nesse estágio, os
antílopes ocupam toda a planície, e cada animal consome uma quantidade de comida que
chamamos de nível de subsistência> Como o padrão de vida dos animais foi forçado a
reduzir-se ao nível de subsistência devido ao crescimento populacional, a manada pára de
crescer>

Se os antílopes comerem menos que seu nível de subsistência, a manada começa a


diminuir, assim como, quando o consumo excede o nível, a manada cresce>

Boa parte dessa lógica poderia aplicar-se, raciocinou Malthus, a uma população humana
vivendo em um país com uma oferta Qxa de terra cultivável> Enquanto as pessoas
estiverem bem alimentadas, irão se multiplicar como os ratos de Cantillon em um celeiro,
até ocuparem todo o país> O maior crescimento populacional levaria à redução da renda
da maioria das pessoas devido à diminuição do produto médio do trabalho> A queda dos
padrões de vida, por sua vez, desaceleraria o crescimento populacional à medida que as
taxas de mortalidade aumentassem, e as de natalidade, caíssem> Assim, Qnalmente, as
rendas iriam se estabilizar no nível de subsistência>

O modelo de Malthus resulta em um estado de equilíbrio, no qual há um nível de renda


que permite apenas o nível de consumo de subsistência> As variáveis que permanecem
constantes neste equilíbrio são:

o tamanho da população
o nível de renda das pessoas

Se as condições mudarem, então o tamanho da população e o nível de renda podem


mudar também, mas a economia eventualmente termina retornando a um equilíbrio com
renda igual ao nível de subsistência>
EXERCÍCIO 2.7 AS PESSOAS REALMENTE SÃO COMO OS
OUTROS ANIMAIS? LINK
Malthus escreveu: “Não se deve supor que as leis físicas às quais (a humanidade) está
sujeita devam ser essencialmente diferentes das que prevalecem sobre outras partes do
reino animal.”.

Você concorda? Explique seu raciocínio.

Economia malthusiana: o efeito do progresso tecnológico LINK

Sabemos que, nos séculos anteriores à Revolução Industrial, avanços tecnológicos


surgiram em muitas regiões do mundo, inclusive na Grã-Bretanha, e, ainda assim, os
padrões de vida permaneceram os mesmos> O modelo de Malthus pode explicar isso?

A Figura 2>15 ilustra como a combinação entre produto médio decrescente do trabalho e
maior crescimento populacional impulsionado pelo aumento da renda implica que, a
longuíssimo prazo, melhores tecnologias não resultarão em maior renda para os
agricultores> Na Qgura, os elementos à esquerda são as causas dos à direita>

A população Menos terra


aumenta por agricultor
As rendas dos A produção
agricultores média por
aumentam agricultor
diminui

A produção
As rendas dos
média por
agricultores
agricultor
diminuem
aumenta

Melhorias na tecnologia Improvement


in technology Equilíbrio
Equilíbrio
Prevalência das rendas
de subsistência
Prevalência das rendas
de subsistência
População constante a um
nível mais elevado
População constante

TELA INTEIRA

Figura 2.15 Modelo de Malthus: o efeito do progresso tecnológico.

Ao partirmos do equilíbrio, com renda no nível de subsistência, uma nova tecnologia


\uma semente de alto rendimento, por exemplo^ aumenta a renda por pessoa dada a
quantidade de terra existente> Os altos padrões de vida conduzem ao crescimento
populacional> Conforme mais pessoas passam a dividir a mesma quantidade de terra, o
produto médio do trabalho cai, levando à queda da renda média por pessoa> No Qnal, as
rendas voltarão ao nível de subsistência, e a população será mais numerosa>

Por que a população é maior no novo equilíbrio? Agora, com a nova tecnologia, o
produto por trabalhador é maior para qualquer número de agricultores> A população não
volta ao tamanho inicial: se voltasse, a renda seria maior que o nível de subsistência> Uma
melhor tecnologia pode oferecer renda de subsistência a um maior número de pessoas>

Ao Qnal desta seção, o Einstein mostrará como representar o modelo de Malthus


graQcamente e como usá-lo para investigar o efeito de uma nova tecnologia>

O modelo malthusiano prevê que avanços tecnológicos não serão capazes de elevar os
padrões de vida se:

o produto médio do trabalho diminui à medida que mais trabalho é empregado em


uma quantidade Qxa de terra
a população cresce em resposta ao aumento do salário real

Portanto, no longo prazo, um aumento na produtividade resultará em maior população,


mas não em maiores salários> Essa deprimente conclusão já foi considerada tão universal
e inevitável que recebeu o nome de lei de Malthus>

EINSTEIN
Modelando Malthus LINK

Utilizando dois diagramas, a Figura 2>16 resume o argumento de Malthus>

Na Qgura da esquerda, a reta decrescente mostra que, quanto maior for a população,
menor será o nível dos salários, devido à diminuição do produto médio do trabalho>
Na Qgura da direita, a reta ascendente ilustra a relação entre os salários e o
crescimento populacional: quando o nível salarial é alto, a população cresce, pois
padrões de vida mais elevados levam a maior número de nascimentos e menor número
de mortes>

Salário real

Salário real
Salário real

B
Salárioalto

A
Saláriobaixo
(subsistência)

Popbaixa Popmédia População

Salário real Salário real

Salário real População


aumentando

Salário real
B
Salárioalto

A
Salário baixo
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popbaixa Popmédia População negativo positivo
Crescimento populacional

Salário real Salário real

B Salário real População


aumentando

Salárioalto
B
Salárioalto

A
Saláriobaixo A′
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popbaixa Popmédia População negativo positivo
Crescimento populacional

Saláriobaixo A Salário real Salário real

Salário real População


aumentando

(subsistência) Salárioalto
B B′

A
Saláriobaixo A′
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popbaixa Popmédia População negativo positivo
Crescimento populacional

Popbaixa Popmédia População Salário real Salário real

Salário real População


aumentando

B B′
Salárioalto

A
Saláriobaixo A′
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popbaixa Popmédia População negativo positivo
Crescimento populacional

TELA INTEIRA

Diagrama à esquerda: como os salários dependem do nível populacional


Em um nível populacional médio, o salário dos agricultores é igual ao nível de
subsistência (ponto A). O salário é maior no ponto B porque o produto médio do
trabalho é maior, uma vez que a população é menor neste ponto.

Figura 2.16 Uma economia malthusiana.

Juntos, os dois diagramas explicam a armadilha da população deQnida por Malthus>


Quando o salário for igual ao nível de subsistência, a população permanecerá
constante; quando for maior, a população crescerá, e quando for menor, esta
diminuirá>

A Figura 2>17 mostra como o modelo malthusiano chega à conclusão de que o


aumento da produtividade não conduz a padrões de vida mais elevados no longo
prazo>

Salário real Salário real

Salário real Salário real


Salário real inicial População
aumentando

A
Saláriobaixo
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Crescimento populacional

Salário real Salário real

Salário real após a introdução


de uma nova tecnologia
Salário real inicial População
aumentando

Salário real inicial População


Salárioalta

Saláriobaixo
(subsistência)
D

População
diminuindo

aumentando
– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Crescimento populacional

Salário real Salário real

Salário real após a introdução


de uma nova tecnologia
Salário real inicial População
aumentando

D D′
Salárioalta

A
Saláriobaixo
(subsistência)
População
diminuindo
– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Crescimento populacional

Saláriobaixo A Salário real

Salário real após a introdução


de uma nova tecnologia
Salário real

Salário real inicial População


aumentando

(subsistência)
População
D D′
Salárioalta

A C
Salário baixo
(subsistência)
População

diminuindo
diminuindo
– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Crescimento populacional

– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Salário real Salário real

Salário real após a introdução


de uma nova tecnologia
Salário real inicial População
aumentando

Crescimento populacional
D D′
Salárioalta

A C
Saláriobaixo A′
(subsistência) C′
População
diminuindo
– 0 +
Popmédia Popalta População negativo positivo
Crescimento populacional

TELA INTEIRA

No início, a economia está em equilíbrio


A trajetória dessa economia inicia-se no ponto A, com população de tamanho médio e
salário no nível de subsistência.

Figura 2.17 A introdução de uma nova tecnologia em uma economia malthusiana.

EXERCÍCIO 2.8 PADRÕES DE VIDA NO MUNDO MALTHUSIANO


LINK

Imagine que a curva de crescimento populacional, à direita da Figura 2.16, se deslocou


para a esquerda (isto é, há menos nascimentos ou mais mortes a qualquer nível salarial).
Explique o que aconteceria com os padrões de vida, descrevendo a transição para o novo
equilíbrio.

2.9 A armadilha malthusiana e a −


estagnação econômica a longo
prazo
A longo prazo, o mais importante impacto do avanço tecnológico sobre o mundo
malthusiano foi o aumento populacional> Em 1905, o escritor W>G> Wells, autor de A
Guerra dos Mundos, escreveu que, “tão rapidamente quanto os obteve, a humanidade
desperdiçou os grandes dons da ciência na mera multiplicação insensata da vida comum”>

Agora, portanto, temos uma possível explicação para a parte longa e plana do taco de
hóquei> De tempos em tempos, os seres humanos inventaram melhores maneiras de fazer
as coisas, tanto na agricultura como na indústria, o que elevava periodicamente as rendas
de agricultores e trabalhadores para além do nível de subsistência> A interpretação
malthusiana aQrma que salários reais mais altos levavam casais jovens a casarem-se mais
cedo e terem mais Qlhos, e também levavam a menores taxas de mortalidade> O
crescimento populacional resultante acabava por forçar os salários reais a voltarem aos
níveis de subsistência — o que poderia explicar por que China e Índia, economias
relativamente soQsticadas no passado, se tornaram nações muito populosas mas, até
recentemente, com rendas muito baixas>

Assim como Qzemos com nosso modelo de rendas de inovação, preços relativos e
melhores tecnologias, temos de perguntar: é possível encontrar evidências que
corroborem a principal conclusão do modelo malthusiano \a ideia de que as rendas
retornarão ao nível de subsistência?^

A Figura 2>18 está de acordo com o que Malthus aQrmava> Do Qnal do século XIII ao
início do século XVII, a Grã-Bretanha oscilou entre períodos de salários altos, que
geravam aumento da população, e períodos subsequentes de salários menores, que
reduziam a população, seguidos então por períodos de aumento nos salários… e assim
por diante, em um círculo vicioso>

Temos uma visão diferente desse círculo ao tomarmos a Figura 2>18 e nos
concentrarmos no período 1340–1600, exibido com mais detalhes na Figura 2>19> O
surto de peste bubônica, conhecida como Peste Negra, causou a morte de um quarto a
um terço da população da Europa entre 1349 e 1351> O diagrama abaixo da Qgura
mostra a sucessão de eventos que levaram aos resultados mostrados na parte superior>

100
1490s
1420s
Índice de salário real (1860 = 100)

1500s
1480s
1510s
85
1430s 1370s
1530s
1570s
1360s 1580s 1330s
1540s
70
1320s
1550s 1340s 1300s
1600s 1310s
1350s
1280s
55
1590s
1290s

40
2 3 4 5 6
População (milhões)

TELA INTEIRA

Figura 2.18 A armadilha malthusiana: salários e população (1280–1600)

Ver gráfico interativo

Robert C. Allen. 2001. ‘The Great Divergence in European Wages and Prices from the Middle Ages to the First World War’.
Explorations in Economic History 38 (4): pp. 411–447.

800 800 110 110 110 110 110

110
Índice de salário real (1850 = 100)
Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

Índice de salário real (1850 = 100)

90
600 600 90 90 90 90 90
70

50 1381 Revolta camponesa 1381 Revolta camponesa 1381 Revolta camponesa 1381 Revolta camponesa

400 400 30
70 70 70 70 70
1300 1400 1500 1600

1351 Estatuto dos trabalhadores 1351 Estatuto dos trabalhadores 1351 Estatuto dos trabalhadores 1351 Estatuto dos trabalhadores

1347 Peste Negra


200 200 50 50 50 50 50
1347 Peste Negra 1347 Peste Negra 1347 Peste Negra 1347 Peste Negra 1347 Peste Negra

0 0 30 30 30 30 30
1300 1600 2000 1300 1600 2000 1300 1400 1500 1600 1300 1400 1500 1600 1300 1400 1500 1600 1300 1400 1500 1600 1300 1400 1500 1600
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano

800
Índice de salário real (1850 = 100)

600

400

200

0
1300 1600 2000
Ano

A população e a Mais e melhores A produção


Peste Negra oferta de trabalho terras por média por agri-
reduzem agricultor cultor aumenta

Aumenta o poder de barganha Revolta A renda rural


de agricultores e empregados camponesa e os salários
aumentam

A população e a A produção
Menos terra
oferta de traba- média por
por agricultor
lho aumentam agricultor reduz

A renda rural
Reduz o poder de barganha de
e os salários
agricultores e empregados
reduzem

TELA INTEIRA

A economia malthusiana na Inglaterra (1300–1600)


Nesta figura, examinamos a economia malthusiana que caracterizava a Inglaterra 1300 e
1600, destacados acima.

Figura 2.19 Peste Negra, oferta de trabalho, política e salários: uma economia
malthusiana.

Robert C. Allen. 2001. ‘The Great Divergence in European Wages and Prices from the Middle Ages to the First World War’.
Explorations in Economic History 38 (4): pp. 411–447.

A redução do número de trabalhadores na agricultura durante a Peste Negra aumentou a


produtividade agrícola, em conformidade com o princípio do produto médio decrescente
do trabalho> Os agricultores estavam em melhor situação, fossem eles proprietários de
suas terras ou arrendatários, pagando um aluguel Qxo a um senhorio> Nas cidades, os
empregadores também tiveram de oferecer salários mais altos para atrair trabalhadores
das áreas rurais>

As relações causais mostradas pela Figura 2>19 unem duas características do modelo
malthusiano ao papel das decisões políticas na resposta e no impulso a mudanças na
economia> Em 1349 e 1351, quando o rei Eduardo III aprovou leis que visavam restringir
os aumentos salariais, a economia venceu a política \devido à reduzida oferta de
trabalho^: os salários continuaram a aumentar, e os camponeses começaram a exercer o
poder que vinham adquirindo ao exigirem mais liberdades e menores impostos, como
notavelmente ocorreu na Revolta Camponesa de 1381>

No entanto, quando os níveis de população se recuperaram no século XVI, a oferta de


trabalho aumentou, o que reduziu os salários> Com base nessa evidência, conclui-se que a
explicação malthusiana é coerente com a história da Inglaterra na época>

EXERCÍCIO 2.9 O QUE VOCÊ ADICIONARIA? LINK

O diagrama de causa e efeito que criamos na Figura 2.19 utilizou várias suposições ceteris
paribus.

1. Como esse modelo simplifica a realidade?


2. O que foi excluído?
3. Tente redesenhar a figura para incluir outros fatores que você considera importantes.

QUESTÃO 2.7 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Observe novamente a Figura 2.1 e a Figura 2.19, que mostram gráficos de salários reais na
Inglaterra entre 1300 e 2000.

Além disso, considere os seguintes fatos:

Durante a peste bubônica ocorrida entre 1348 e 1351, entre um quarto e um terço da
população europeia morreu.

Nos séculos XVII e XVIII, os salários dos trabalhadores não qualificados, em relação aos
rendimentos dos proprietários de terra, eram apenas um quinto do que haviam sido no
século XVI.

A partir dessas informações, o que podemos concluir?

De acordo com o modelo malthusiano, a redução da população devido à peste


bubônica teria levado ao aumento da produtividade média dos trabalhadores, o que
causou o aumento do salário real observado após a peste.

A trajetória de duplicação e redução pela metade percorrida pelo índice de salário


real ao longo de 250 anos, a partir de 1350, contradiz o modelo malthusiano.

Nos séculos XVII e XVIII, a queda da participação dos trabalhadores não qualificados
na produção total ocorreu devido à diminuição do produto médio de seu trabalho.

Nos séculos XVII e XVIII, a queda nos salários relativos dos trabalhadores não
qualificados foi um dos fatores que levou à eventual disparada do salário real no século
XIX, vista no gráfico.

Confira suas respostas

EXERCÍCIO 2.10 DEFININDO O QUE É PROGRESSO


ECONÔMICO LINK
Após a Peste Negra, os salários reais também aumentaram significativamente em outros
países de que se tem evidência, como Espanha, Itália, Egito, os Balcãs e Constantinopla
(atualmente Istambul). 16

1. Como o aumento dos salários reais se compara ao aumento do PIB per capita real
enquanto medida do progresso econômico?
2. Compare seus argumentos com os de outras pessoas. Vocês estão de acordo ou não? Se
não, há algum fato que, se considerado, poderia levá-los a concordar? Qual? Se não
houver, por que a discordância se sustenta?

Temos nos concentrado em agricultores e assalariados, mas nem todos na economia se


veriam presos na armadilha malthusiana> Conforme a população continua a crescer, a
demanda por comida também cresce, de modo que a quantidade de terra disponível para
a produção de alimentos deveria tornar-se cada vez mais valiosa> Portanto, em um
mundo malthusiano, o crescimento populacional deveria levar a uma elevação relativa na
posição econômica dos proprietários de terra>

Foi o que aconteceu na Inglaterra: a Figura 2>19 mostra que os salários reais não
aumentaram no longuíssimo prazo \isto é, não eram maiores em 1800 do que em 1450^>
E a diferença de renda entre proprietários de terras e trabalhadores cresceu> Nos séculos
XVII e XVIII , os salários dos trabalhadores ingleses não qualiQcados, em relação à renda dos

proprietários de terras, representavam apenas um quinto do que eram no século XVI>

Ainda que os salários fossem baixos se comparados às rendas dos proprietários, outra
comparação de preços relativos foi a chave para a Inglaterra ter escapado da armadilha
malthusiana: os salários permaneceram altos em relação aos preços do carvão \Figura
2>10^ e até mesmo aumentaram em relação ao custo de utilizar bens de capital \Figura
2>11^, como vimos anteriormente>

2.10 Escapando da armadilha −


malthusiana
Nassau Senior, o economista que lamentou pelo número de mortes durante a fome
irlandesa não ser suQciente para gerar algum benefício, não denota compaixão> Porém,
Malthus e ele estavam certos em crer que o crescimento populacional e o produto médio
decrescente do trabalho poderiam criar um círculo vicioso de estagnação econômica e
pobreza> Entretanto, os gráQcos de padrão de vida em formato de taco de hóquei
mostram que os dois estavam errados em acreditar que essa situação nunca mudaria>

Malthus e Senior não consideravam a possibilidade de que o progresso tecnológico


pudesse ocorrer a uma velocidade superior à do crescimento populacional, compensando
a diminuição do produto médio do trabalho>

Na prática, a revolução tecnológica permanente implica que o modelo malthusiano não é


mais uma descrição razoável do mundo> Os padrões médios de vida elevaram-se rápida e
permanentemente após a revolução capitalista>

A Figura 2>20 mostra os dados de salário real e população entre 1280 e 1860> Como
vimos na Figura 2>18, do século XIII ao XVI, houve clara relação negativa entre população
e salários reais: quando um aumentava, o outro diminuía, como sugere a teoria
malthusiana>

Entre o Qnal do século XVI e o início do século XVIII, havia relativamente pouco
crescimento populacional até mesmo com os salários aumentando> Por volta de 1740,
podemos ver novamente a relação malthusiana, identiQcada no gráQco como século XVIII>
A seguir, por volta de 1800, a economia caminhou para o que parecia ser um regime
inteiramente novo, com crescimento simultâneo da população e dos salários reais, como
mostra a região denominada fuga na Qgura>

100
Armadilhas malthusianas 1850s 1860s
1490s
Índice de salário real (1860 = 100)

1740s 1830s
1820s
85 1840s
1430s 1780s Fuga
1370s 1570s
1810s
1330s
1770s Século XVIII
70 1800s

1350s
1590s 1280s
55
1340s 1290s
Séculos XIII a XVI
40
0 5 10 15 20
População (milhões)

TELA INTEIRA

Figura 2.20 Fugindo da armadilha malthusiana

Ver gráfico interativo

Robert C. Allen. 2001. The Great Divergence in European Wages and Prices from the Middle Ages to the First World War.
Explorations in Economic History 38 (4): pp. 411–447.

A Figura 2>21 amplia a região da “grande fuga” no gráQco de dados salariais>

400
Salário real Produtividade do trabalho

300
Índice (1760 = 100)

200

400 100

Salário real Produtividade do trabalho


1760 1810 1860 1910 1930
Ano

400
Salário real Produtividade do trabalho

300
300
Índice (1760 = 100)
Índice (1760 = 100)

200
1781 Motor a vapor de Watt

100

1764
Máquina de fiar de Hargreaves
0
1760 1810 1860 1910 1930
Ano

200 400
Salário real Produtividade do trabalho

300
Índice (1760 = 100)

200
1781 Motor a vapor de Watt

100

1764
Máquina de fiar de Hargreaves
0
1760 1810 1860 1910 1930
Ano

100
400
Salário real Produtividade do trabalho

300
Índice (1760 = 100)

200
1781 Motor a vapor de Watt

100

1764
Máquina de fiar de Hargreaves

0
0
1760 1810 1860 1910 1930
Ano

1760 1810 1860 1910 1930


400

Ano
Salário real Produtividade do trabalho

1847 Ten Hours Act (limita as horas


de trabalho de mulheres e crianças)
300
Índice (1760 = 100)

1844 Factory Act (jornada de trabalho


infantil de 6,5 horas por dia)
200
1781 Motor a vapor de Watt

100

1764 1833 Factory Act (proibição de trabalho infantil


Máquina de fiar de Hargreaves para menores de 9 anos)
0
1760 1810 1860 1910 1930
Ano

A produção
Mais e melhores bens de
400

média por
Salário real Produtividade do trabalho

A Revolução
1847 Ten Hours Act (limita as horas
de trabalho de mulheres e crianças)
300
Índice (1760 = 100)

1928 Sufrágio
universal

capital por trabalhador


1844 Factory Act (jornada de trabalho

trabalhador
infantil de 6,5 horas por dia)
200

Industrial
1781 Motor a vapor de Watt

100
1918 Direitos de voto

aumenta
para todos os homens
1764 1833 Factory Act (proibição de trabalho infantil
Máquina de fiar de Hargreaves para menores de 9 anos)
0
1760 1810 1860 1910 1930
Ano

O poder de Impede os Restrições para empregar


Trabalhadores barganha dos salários de Lucros maiores mulheres e crianças,
deslocados trabalha- aumentar horas de trabalho
dores cai

Expansão da A oferta de Extensão do


produção fabril trabalho reduz direito de voto

A demanda O poder de barganha dos


por trabalho trabalhadores aumenta
aumenta

Salários
aumentam

TELA INTEIRA

Fugindo da armadilha malthusiana


No século XVIII, a relação malthusiana persistia. No século XIX, a economia parece ter
deixado de ser um regime malthusiano, uma vez que os salários aumentam enquanto a
população cresce.

Figura 2.21 Escapando da armadilha malthusiana. Nota: A produtividade do trabalho e os


salários reais são médias móveis centradas de cinco anos.

Robert C. Allen. 2001. ‘The Great Divergence in European Wages and Prices from the Middle Ages to the First World War’.
Explorations in Economic History 38 (4): pp. 411–447.

A história da revolução tecnológica permanente demonstra que dois fatores infuenciam


os salários:

O quanto é produzido: podemos imaginá-lo como o tamanho do bolo a ser dividido


entre trabalhadores e proprietários de outros insumos \terra ou maquinário^>
A fatia destinada aos trabalhadores: depende do poder de barganha dos trabalhadores, o
que, por sua vez, depende de como os salários são determinados \se individualmente,
ou por meio de negociações com sindicatos, por exemplo^ e da oferta e demanda por
trabalhadores> Se muitos competem pelo mesmo emprego, os salários provavelmente
serão baixos>
Depois de 1830, o bolo continuou a crescer e com este, a fatia dos trabalhadores
também>

A Grã-Bretanha escapara da armadilha malthusiana, processo que logo se repetiria em em


outros países, como mostram as Figuras 1>1a e 1>1b>

Suresh Naidu: Why some countries grew rich


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Economista em Ação: Suresh Naidu, historiador econômico, explica como o


crescimento populacional, o desenvolvimento tecnológico e os eventos políticos
atuaram juntos para produzir o taco de hóquei do salário real.

QUESTÃO 2.8 SELECIONE A(S) RESPOSTA(S) CORRETA(S)


LINK

Confira novamente a Figura 2.20, que exibe os salários reais versus a população na
Inglaterra de 1280 até 1860.

Segundo Malthus, o produto médio decrescente do trabalho e o crescimento populacional


decorrente de aumentos nos salários reais são responsáveis pelo fato de que um aumento
da produtividade acarretará maior população, mas não em maiores salários a longo prazo.
Qual(is) das alternativas está(ão) correta(s)?

Entre as décadas de 1800 e 1860, a população crescia conforme aumentavam os


salários reais, o que condiz totalmente com a descrição do crescimento econômico feita
por Malthus.

Há evidências claras de que as décadas de 1280 a 1800 experimentaram uma


persistente e contínua armadilha malthusiana.

As armadilhas malthusianas parecem ocorrer em ciclos de sessenta anos.

O modelo de Malthus não leva em consideração a possibilidade de ocorrer um


choque tecnológico positivo e persistente, capaz de compensar a diminuição do produto
médio do trabalho.

Confira suas respostas

EXERCÍCIO 2.11 INSTITUIÇÕES FUNDAMENTAIS DO


CAPITALISMO LINK
A fuga da armadilha malthusiana, ocorrida quando o progresso tecnológico ultrapassou
os efeitos do crescimento populacional, deu-se após o surgimento do capitalismo.
Considere então as três instituições fundamentais do capitalismo:

1. Por que a propriedade privada é importante para que o progresso tecnológico ocorra?
2. Explique como os mercados podem determinar punições e recompensas que
promovam a inovação.
3. Como a produção em firmas e empresas, e não mais a familiar ou doméstica, pode
contribuir para a elevação dos padrões de vida?

2.11 Conclusão −
Apresentamos um modelo econômico no qual a escolha de determinada tecnologia de
produção por parte das empresas depende dos preços relativos dos insumos, e no qual a
renda econômica obtida ao adotar uma nova tecnologia incentiva as empresas a
inovarem> Ao compararmos o modelo com as evidências históricas disponíveis, vimos
que este poderia ajudar a explicar por que a Revolução Industrial ocorreu na Grã-
Bretanha no século XVIII>

Mostramos como o modelo de Malthus, no qual um vicioso círculo de crescimento


populacional neutraliza ganhos temporários de renda, poderia explicar a estagnação dos
padrões de vida durante os séculos anteriores à Revolução Industrial, quando enQm a
revolução tecnológica permanente permitiu a fuga da armadilha malthusiana por meio do
progresso tecnológico>

Conceitos introduzidos no Capítulo 2 LINK

Antes de continuar, revise as seguintes deQnições:


Equilíbrio
Ceteris paribus
Preços relativos
Incentivos
Produto médio decrescente do trabalho
Opção de reserva
Renda econômica
Linha de isocusto
Renda de inovação

2.12 Referências −
Allen, Robert C> 2009> ‘The Industrial Revolution in Miniature: The Spinning Jenny in
Britain, France, and India’> The Journal of Economic History 69 \04^ \November^:
p> 901>
Allen, Robert C> 2011> Global Economic History: A Very Short Introduction> New York, NY:
Oxford University Press>
Clark, Gregory> 2007> A Farewell to Alms: A Brief Economic History of the World> Princeton,
NJ: Princeton University Press>
Davis, Mike> 2000> Late Victorian holocausts: El Niño famines and the Making of the Third
World> London: Verso Books>
Landes, David S> 1990> ‘Why are We So Rich and They So Poor?’> American Economic
Review 80 \May^: pp> 1–13>
Landes, David S> 2003> The Unbound Prometheus: Technological Change and Industrial
Development in Western Europe from 1750 to the Present> Cambridge, UK:
Cambridge University Press>
Landes, David S> 2006> ‘Why Europe and the West? Why not China?’> Journal of Economic
Perspectives 20 \2^ \June^: pp> 3–22>
Lee, James, and Wang Feng> 1999> ‘Malthusian models and Chinese realities: The Chinese
demographic system 1700–2000’> Population and Development Review 25 \1^
\March^: pp> 33–65>
Malthus, Thomas R> 1798> An Essay on the Principle of Population> London: J> Johnson, in
St> Paul’s Church-yard> Library of Economics and Liberty>
Malthus, Thomas R> 1830> A Summary View on the Principle of Population> London: J>
Murray
McNeill, William Hardy H> 1976> Plagues and Peoples> Garden City, NY: Anchor Press>
Mokyr, Joel> 2004> The Gifts of Athena: Historical Origins of the Knowledge Economy, 5th ed>
Princeton, NJ: Princeton University Press>
Pomeranz, Kenneth L> 2000> The Great Divergence: Europe, China, and the Making of the
Modern World Economy> Princeton, NJ: Princeton University Press>
Schumpeter, Joseph A> 1949> ‘Science and Ideology’> The American Economic Review 39
\March^: pp> 345–59>
Schumpeter, Joseph A> 1962> Capitalism, Socialism, and Democracy> New York: Harper &
Brothers>
Schumpeter, Joseph A> 1997> Ten Great Economists> London: Routledge>
Skidelsky, Robert> 2012> ‘Robert Skidelsky—portrait: Joseph Schumpeter’> Updated
1 December 2007>

1> Thomas R> Malthus> 1798> An Essay on the Principle of Population> Library of Economics
and Liberty> London: J> Johnson, in St> Paul’s Church-yard>

2> Mike Davis> 2000> Late Victorian holocausts: El Niño famines and the making of the Third
world> London: Verso Books>

3> Robert C> Allen> 2011> Global Economic History: A Very Short Introduction> New York,
NY: Oxford University Press>

4> Joel Mokyr> 2004> The gifts of Athena: Historical origins of the knowledge economy, 5th ed>
Princeton, NJ: Princeton University Press>

5> David S> Landes> 2006> ‘Why Europe and the west? Why not China?’ Journal of
Economic Perspectives 20 \2^ \June^: pp> 3–22>

6> Gregory Clark> 2007> A farewell to alms: A brief economic history of the world> Princeton,
NJ: Princeton University Press>

7> Kenneth L> Pomeranz> 2000> The great divergence: Europe, China, and the making of the
modern world economy> Princeton, NJ: Princeton University Press>

8> David S> Landes> 1990> ‘Why are We So Rich and They So Poor?’> The American
Economic Review 80 \May^: pp> 1–13>

9> Joseph A> Schumpeter> 1949> ‘Science and Ideology’> The American Economic Review 39
\March^: pp> 345–359>

10> Joseph A> Schumpeter> 1997> Ten Great Economists> London: Routledge>

11> Joseph A> Schumpeter> 1962> Capitalism, Socialism, and Democracy> New York: Harper &
Brothers>

12> Robert C> Allen> 2009> ‘The industrial revolution in miniature: The spinning Jenny in
Britain, France, and India’> The Journal of Economic History 69 \04^ \November^:
p> 901>

13> David S> Landes> 2003> The unbound Prometheus: Technological change and industrial
development in western Europe from 1750 to the present> Cambridge, UK: Cambridge
University Press>

14> O historiador econômico Gregory Clark argumenta que todas as regiões do planeta
eram malthusianas do período pré-histórico até o século XVIII> Gregory Clark> 2007> A
farewell to alms: A brief economic history of the world> Princeton, NJ: Princeton University
Press> James Lee e Wang Feng discutem as diferenças entre os sistemas demográQcos
chinês e europeu, e questionam a hipótese malthusiana de que a pobreza chinesa
decorria de seu crescimento populacional> James Lee e Wang Feng> 1999> ‘Malthusian
models and Chinese realities: The Chinese demographic system 1700–2000’>
Population and Development Review 25 \1^ \March^: pp> 33–65>

15> Thomas Robert Malthus, 1830> A Summary View on the Principle of Population> London:
J> Murray>

16> William H> McNeill> 1976> Plagues and peoples> Garden City, NY: Anchor Press>

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