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Excedente ou superavit cooperativo: valor adicionado pela transferência de recurso para um uso
mais valioso.
As partes negociam uma com a outra em torno do preço. Ferramentas usadas na arte da
negociação: divulgação de fatos, apelo a normas, ameaça, e assim por diante.
Em qualquer acordo voluntário, cada jogador precisa receber ao menos o valor mínimo inicial
(ou valor de ameaça), pois do contrário não há vantagem em cooperar. Uma solução razoável
para o problema da barganha é que cada jogador ganhe o valor mínimo (ou valor de ameaça)
mais uma quota igual do excedente cooperativo.
Processo da barganha:
1. Estabelecer os valores de ameaça (valor mínimo inicial).
2. Determinar o excedente cooperativo.
3. Chegar a um acordo quanto às condições para distribuir o excedente resultante da cooperação.
Mesmo quando a negociação é possível, entretanto, não há garantia de que ela seja bem-
sucedida. Se as negociações fracassem e as partes não conseguem cooperar, sua tentativa de
transferir recursos para um uso mais valioso irá fracassar, e elas não criarão um valor adicionado.
As sociedades criam a propriedade como direito jurídico para incentivar a produção, inibir o
furto e reduzir os custos da proteção de bens.
IV. Uma teoria econômica da propriedade
A. O Teorema de Coase
Muitas pessoas creem que a justiça exige que a parte que causa o dano deva pagar por ele. O
professor Coase, entretanto, respondeu a pergunta em termos de eficiência.
Negociando até chegar a um acordo, ambas as partes conseguem economizar custos e dividir a
economia entre si.
A justiça exige que a parte que causa o dano pague por ele. Em contraposição a isso, a eficiência
exige que se aloque o direito à parte que mais o valoriza. Quando as partes seguem a lei de
maneira não cooperativa, a alocação jurídica de direitos afeta a eficiência. Quando as partes
negociam com sucesso, a alocação jurídica de direitos não importa para a eficiência.
Teorema de Coase: se os custos de transação são iguais a zero, não precisamos nos preocupar
com a especificação de regras jurídicas referentes à propriedade para alcançar a eficiência.
Quando o valor líquido da cooperação é negativo, as partes não irão negociar. Se as partes não
negociarem, elas cumprirão a lei de maneira não cooperativa.
Os jogos de negociação são mais fáceis de resolver quando os valores de ameaça são de
conhecimento público.
Estágios das transações:
1. Custos da busca.
2. Custos da negociação.
3. Custos da execução.
Esses custos variam, num espectro que vai de zero até indefinidamente elevados, dependendo da
transação.
As partes poderão querer redigir um acordo, e isto poderá ser custoso porque precisa prever
muitas contingências que podem surgir para mudar o valor da negociação.
Em geral, os custos de execução são baixos quando as violações do acordo são fáceis de observar
e é barato aplicar a punição.
O Teorema de Coase sustenta que o uso eficiente de recursos não depende da atribuição de
direitos de propriedade em situações nas quais os custos de transação são iguais a zero. Isto
implica que a atribuição de direitos de propriedade poderia ser crucial para o uso eficiente de
recursos quando os custos de transação não são nulos.
Se as vítimas recebem pouca ou nenhuma indenização por danos morais, o mercado não corrigirá
o problema porque não há mercado para seguro contra danos morais. Sem seguro contra danos
morais, as vítimas têm de recorrer às leis de responsabilidade civil para buscar indenização.
O Teorema de Coase sugere que a lei pode incentivar a negociação reduzindo os custos de
transação.
Teorema Normativo de Coase: Estruture a lei de modo a remover os impedimentos aos acordos
privados.
Hobbes pensava que as pessoas raramente seriam racionais o suficiente para chegar a um acordo
sobre uma divisão do excedente cooperativo, mesmo quando não havia impedimentos graves à
negociação.
Teorema Normativo de Hobbes: Estruture a lei de modo a minimizar o prejuízo causado por
fracassos em acordos privados. De acordo com este princípio, a lei deveria se destinar a impedir
ameaças coercivas e eliminar o prejuízo causado pela falta de acordo.
Capítulo 5 - Temas da Economia do Direito de Propriedade
O common law se aproxima de um sistema judiciário de liberdade máxima, que permite que os
donos façam qualquer coisa com sua propriedade que não lese a propriedade de outras pessoas.
Quando as pessoas concordam em impor custos e benefícios umas às outras, elas muitas vezes
fazem um contrato.
A externalidade pode ser negativa, quando gera custos para os demais agentes.
À medida que aumenta o número de pessoas afetadas pela ação de alguém, cruza-se uma divisa
vaga que separa o “privado” do “público”. Externalidades públicas prejudiciais também são
chamadas de “males públicos”.
Quando o ressarcimento de danos é perfeito, ele reintegra a vítima na mesma curva de utilidade
de que ela teria desfrutado sem o dano.
Capítulo 6 - Uma Teoria Econômica do Contrato
Teoria da barganha contratual:a lei deveria fazer cumprir as promessas feitas numa barganha.
O termo "promitente" designa a pessoa que faz uma promessa, e "promissário" a pessoa que
recebe uma promessa. Numa barganha, o promissário induz o promitente a fazer a promessa. O
induzimento pode ser dinheiro, mercadorias, serviço ou outra promessa. Portanto, as formas de
uma barganha incluem "dinheiro-por-uma-promessa", "mercadoria-por-uma-promessa",
"serviço-por-uma-promessa" e "promessa-por-uma-promessa". Independentemente da forma,
cada barganha implica um induzimento recíproco.
De acordo com a teoria da barganha, o contrato fica incompleto até que o promissário dê algo ao
promitente para induzir a promessa. A contraprestação contratual torna executável a promessa.
Em geral, a promessa de dar um presente puro, que não seja induzido pela promessa de dar algo
em troca, não é executável sob a teoria da barganha.
Sem consentimento mútuo, não há oferta nem aceitação, apenas uma falha de comunicação.
Numa barganha justa, cada uma das partes dá um valor equivalente. Na linguagem do direito, um
contrato é justo quando o valor da promessa é proporcional ao valor da contraprestação.
De acordo com a teoria da barganha, os tribunais deveriam reconhecer como válidas e eficazes as
promessas induzidas por uma contraprestação, independentemente de a contraprestação ter um
valor equivalente ao da promessa. Segundo a teoria da barganha, para a validade do negócio
basta que o promitente ache a contraprestação adequada para induzir a promessa. A teoria da
barganha sustenta que os tribunais deveriam determinar se o consenso ocorreu, e não investigar
se a barganha foi justa. Consequentemente, a doutrina da contraprestação contratual exige que os
tribunais façam cumprir algumas promessas injustas.
B. Qual deveria ser o remédio jurídico para a quebra de promessas válidas e eficazes?
De acordo com a teoria da barganha, o promissário tem direito ao "benefício da barganha" - isto
é, ao benefício que teria obtido com o cumprimento da obrigação.
De acordo com a teoria da barganha, as promessas deveriam ser executadas se fazem parte de
uma barganha, e o remédio jurídico para a quebra de uma promessa executável é a concessão do
valor esperado da barganha. O fato da barganha estabelece a executabilidade, e o valor esperado
de uma barganha serve para medir a indenização.
A teoria contratual da barganha não prediz com exatidão que promessas são juridicamente
reconhecidas e quais não o são.
Em geral, a eficiência econômica exige que se faça cumprir uma promessa se tanto o promitente
quanto o promissário queriam a executabilidade quando ela foi feita.
Os contratos muitas vezes implicam riscos. Os contratos no mundo real contêm lacunas. Quando
um contrato permanece em silêncio sobre um risco, ele tem uma "lacuna".
1. Lacunas racionais
Deixar uma lacuna no contrato exigirá que as partes aloquem um prejuízo se ele se efetivar.
Se as partes negociarem condições explícitas para alocar os ricos, certamente arcarão com custos
de transação. Se elas deixarem uma lacuna, arcarão com custos de transação com uma
probabilidade positiva. As partes esperam economizar em custos de transação deixando lacunas
em contratos sempre que o custo efetivo da negociação de condições explícitas exceda o custo
esperado do preenchimento de uma lacuna.
Normalmente, as partes chegam com mais facilidade a um acordo sobre a alocação de um risco
do que de um prejuízo.
Capítulo 7 - Temas de Economia do Direito Contratual
Em termos ideais, a execução das promessas induz o cumprimento ótimo e a confiança ótima a
custos transacionais baixos. O cumprimento e a confiança ótimos maximizam o valor esperado
da cooperação para ambas as partes.
O contrato poderá estipular um remédio jurídico caso não seja cumprido. Quando o contrato
omite um remédio jurídico, o tribunal precisa fornecê-lo:
1. A justiça poderá dar um remédio jurídico na forma de indenização (sempre eficiente).
2. A justiça poderá ordenar que a parte inadimplente cumpra especificamente a promessa
contratual (as vezes ineficiente).
3. Custo de oportunidade (indenização negativa): fazer um contrato muitas vezes acarreta a perda
de uma oportunidade de fazer um contrato alternativo. A oportunidade perdida representa um
referencial para calcular o dano. A indenização repõe o valor da oportunidade perdida.
Em termos gerais, a indenização perfeita significa uma quantia de dinheiro suficiente para deixar
a vítima de um dano numa situação igualmente boa com o dinheiro e com o dano como a
situação em que ela teria estado sem o dinheiro e sem o dano.
5. Execução específica: requer que o promitente faça o que prometeu no contrato. O remédio
jurídico da execução específica dá ao promissário o direito ao bem em si, e não a seu valor.
O caso típico em que os tribunais adotam a execução específica como remédio jurídico implica a
venda de bens para os quais não existe um substituto próximo. Quando o descumprimento
implica a venda de bens para os quais existem substitutos próximos, a justiça geralmente
concede uma indenização como remédio jurídico.
6. Remédios jurídicos definidos pelas partes (danos líquidos): muitas vezes, os contratos
especificam o remédio jurídico para o descumprimento de uma de suas condições. O contrato
poderia estipular uma quantia de dinheiro que a parte que quebra a promessa pagará à parte
inocente ("danos líquidos").
Segundo o Teorema de Coase, as partes irão renegociar sempre que os custos transacionais
forem baixos. Ao renegociar, as partes dividirão o excedente resultante da substituição do
contrato original por um mais eficiente. As condições do contrato renegociado dependerão do
poder de barganha das partes, que, por sua vez, depende do remédio jurídico na eventualidade de
que a barganha fracasse.
O direito contratual diz respeito a relações entre pessoas para as quais os custos de transação de
acordos privados são relativamente baixos, ao passo que o direito da responsabilidade civil diz
respeito a relações entre pessoas para as quais os custos de transação de acordos privados são
relativamente elevados. Os economistas descrevem os danos que estão fora de acordos privados
como externalidades.
Elementos necessários para que alguém mova uma ação de responsabilidade civil:
1. Dano: autor da ação deve ter sofrido dano. O direito da responsabilidade civil não permite a
indenização pela exposição ao risco, em contraposição à ocorrência efetiva do risco. As
sociedades preocupadas com o risco de dano normalmente usam regulamentos de segurança,
administrados por um órgão governamental, e não o direito da responsabilidade civil, para
minimizar o risco de danos remotos. O dano tem uma interpretação econômica simples: uma
diminuição da função de utilidade ou lucro da vítima. Quando o causador de um dano descumpre
um dever de cuidado, diz-se que ele “tem culpa” ou foi “negligente”.
2. Nexo casual: para que o autor mova um processo, segundo a teoria tradicional, o réu precisa
lhe ter causado o dano. O ato do réu tem de ser não só uma condição de fato; tem de ser a causa
direta ou próxima do dano sofrido pelo autor da ação para se estabelecer a responsabilidade civil
sob a teoria tradicional. Uma pessoa prejudica outra quando as variáveis que ela controla
diminuem a utilidade ou produção de alguém. As funções de utilidade ou produção
interdependentes constituem uma externalidade quando obstáculos impedem as partes de
barganhar e chegar a um acordo para estabelecer a variável interdependente no valor eficiente.
No direito da responsabilidade civil, a “causa” normalmente implica uma externalidade criada
por funções de utilidade ou produção interdependentes.
Sob uma regra de responsabilidade subjetiva, agentes que tomarem precauções tão grandes ou
maiores do que o parâmetro jurídico de cuidado escaparão da responsabilização pelos danos
acidentalmente sofridos por outra pessoa. Aqueles que tomarem precauções menores do que o
parâmetro jurídico poderão ter que pagar indenização por tais danos sofridos por outra pessoa.
Sob a regra de responsabilidade subjetiva, a prova da culpa é uma condição necessária para a
responsabilização. Em contraposição a isso, sob uma regra de responsabilidade objetiva, a prova
do nexo casual é uma condição necessária para a responsabilização, e a prova da culpa é
desnecessária.