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A Geometrizacao em Sistemas de Identidade Visual
A Geometrizacao em Sistemas de Identidade Visual
VISUAL
Resumo
O presente artigo demonstra a importância de aplicação da geometrização
bidimensional através de estudos de caso pertinentes à área do design
gráfico corporativo. Para tanto, aborda a contribuição da geometria,
considerando as relações de proporção áurea e construção de marcas
gráficas através da modularização. Como resultado, marcas criadas e
formatadas com o auxílio desta técnica podem apresentar uma melhor
harmonia visual.
Abstract / resumen
This article demonstrates the importance of applying the geometrization
through relevant case studies to the area of corporate graphic design. It
thus explores the contribution of geometry, considering the relations of the
golden ratio and building brands through graphic modularization.
2 A proporção áurea
A geometria é uma importante linguagem do homem. Ao mesmo tempo, esta
ciência consegue conciliar a matemática e a beleza, como por exemplo, através do
uso da proporção áurea. De acordo com Elam (2010), a proporção áurea ou seção
áurea ou número de ouro é uma constante real algébrica representada graficamente
pela letra grega (phi). Esta relação proporcional ocorre quando um elemento menor
está para o maior assim como o maior está para a soma dos dois [a : b = b : (a+b)].
Em linguagem algébrica, essa relação é descrita como 1: e equivale a
aproximadamente 1:1, 61803.
De acordo com Fontoura (1982), as propriedades específicas da seção áurea tem
relação direta com a série de números denominada sequência de Fibonacci, assim
chamada em homenagem ao matemático Leonardo de Pisa (1170-1250), conhecido
como Fibonacci e que também foi o introdutor dos algarismos arábicos na Europa.
Essa sequência numérica – 1,1,2,3,5,8,13,21,34 – é calculada somando-se os dois
números antecessores para se obter o seguinte. Por exemplo: 1+1=2, 1+2=3, 2+3=5,
etc. Desta forma, a proporção entre qualquer par de números na sequência de
Fibonacci é muito próxima a da proporção áurea, na qual os primeiros pares da série
vão progressivamente se aproximando da seção áurea.
Para Doczi (1986), a proporção áurea pode ser definida como sendo a harmonia
das formas, assim:
“O poder do segmento áureo de criar harmonia advém de sua
capacidade singular de unir as diferentes partes de um todo, de tal
forma que cada uma continua mantendo sua identidade, ao mesmo
tempo em que se integra ao padrão maior de um todo único”.
(DOCZI, 1986, p. 52).
Sob este aspecto da harmonia, conforme Elam (2010), existe uma referência
humana cognitiva pela proporção áurea, comprovada através da história. A autora cita
que encontram-se evidências em escritos, na arte e arquitetura dos gregos e
civilizações antigas, no século 500 a.C. Posteriormente, os artistas renascentistas
estudaram, documentaram e empregaram a razão áurea em clássicas obras de arte e
arquitetura. Porém, não só existe materialização destas proporções em artefatos e/ou
no ambiente construído, mas também estas podem ser encontradas no mundo natural,
através das proporções humanas e dos padrões de crescimento em plantas e animais.
A esta afirmação pode-se exemplificar que as formas com perfil em espiral das
conchas marinhas revelam um padrão cumulativo de crescimento. Tais padrões são
espirais logarítmicas caracterizadas pelas proporções da seção áurea. As figuras 1 e 2
mostra que cada estágio consecutivo de expansão da espiral da concha é contido por
uma forma retangular áurea que é um quadrado maior que o anterior.
Fonte: http://chocoladesign.com/proporcoes-aureas
Esta forma retangular, bem como a espiral áurea são possíveis de serem
representadas geometricamente. Neste sentido, Ribeiro (2003) aponta que a natureza
humana parece preferir a figura do retângulo áureo como a mais agradável e
harmoniosa figura gráfica, que tem sido frequentemente utilizada, especificamente,
nos conceitos formais de diversos projetos de design. Assim, é natural que o público
receptor tenha uma melhor interpretação em projetos nos quais esta proporção está
presente.
Fonte: http://design.blog.br/geral/geometria-do-design-fundamentos-de-harmonia-grafica-
visual.
Este exemplo aponta que o estudo da geometria ainda é extremamente importante
na formação de designers, pois não há divisão de espaços sem a estruturação
modular geométrica. Para Wong (2001), “a estrutura serve para controlar o
posicionamento das formas em um desenho [...] e impõem ordem e predetermina
relações internas de formas em um desenho”. Mesmo no atual sistema de interfaces
digitais, não há sistemas construtivos sem suportes geométricos que definam a
localização virtual de elementos. Neste sentido, o grid ou diagrama é uma solução
planejada que se baseia em um conjunto de proporções. Para Tondreau (2009), o grid
é uma estrutura constituída por linhas verticais e horizontais, espaçadas igualmente,
que se cruzam, resultando em um determinado número de subdivisões quadradas de
mesmo tamanho. Neste artigo não serão apresentadas as diversas possibilidades do
uso de grids no design gráfico, contudo o uso das malhas de diagramação
(quadrículas) como suporte para a técnica da modularização. Este método é
importante para a correta manutenção do projeto, sobretudo em identidades visuais.
Fonte: http://www.banskt.com/blog/golden-ratio-in-logo-designs/
Fonte: http://www.buamai.com/image/42502
Fonte: http://designshack.net/articles/graphics/twitters-new-logo-the-geometry-and-evolution-
of-our-favorite-bird/
Fonte: http://designshack.net/articles/graphics/twitters-new-logo-the-geometry-and-evolution-
of-our-favorite-bird/
Fonte: http://www.unesp.br/aci_ses/identidade-visual/Manual_Identidade_Visual_UNESP.pdf
Contudo, esta malha gráfica (grid) permite estabelecer relações proporcionais entre
os elementos construtivos bem como suas relações de disposição, indicando assim o
posicionamento de cada elemento dentro da composição. Poucos são os casos em
que, de fato, são apresentadas a “geometrização da marca” ou “construção
geométrica da marca”. É o caso, por exemplo, dos manuais desenvolvidos pelo Studio
de design Sebastiany Branding (Fig. 9).
Fonte: http://www.sebastiany.com.br
5 Conclusão
Através deste trabalho foi possível compreender a importância da modularização
geométrica na construção gráfica da marca em sistemas de identidade visual, seja
pelo uso de módulos proporcionais a partir da razão áurea ou por módulos-base,
(circulares, por exemplo), ou pelo uso de grids. Embora o seu uso seja ainda
questionado por parte dos designers contemporâneos, em detrimento do paradigma
digital, este trabalho mostra a importância do uso destas construções no design gráfico
corporativo. Nesta ótica, fatores como o entendimento correto das proporções da
marca, bem como o seu controle dimensional e a possibilidade do seu uso em
ampliações o torna um aspecto fundamental de atenção no projeto.
Da mesma forma, a construção geométrica permite que o design da identidade
visual tenha uma harmonia visual, que pode ser obtida, por exemplo, pela proporção
áurea. Em suma, nas palavras de Leonardo da Vinci “Tudo na natureza é ratio, razão,
proporção” e para o design, esta afirmação é extremamente pertinente.
Referências
TONDREAU, B. Criar grids: 100 fundamentos de layout. São Paulo: Blücher, 2009.
VILLAS-BOAS, A. O que é (e o que nunca foi) design gráfico. Rio de Janeiro. 2AB,
2000.