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Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0000929-93.2019.5.06.0351


em 01/06/2021 08:36:29 - 7df491a e assinado eletronicamente por:
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª
REGIÃO
VARA ÚNICA DO TRABALHO DE GARANHUNS
RUA SÃO BENTO, S/N, SÃO JOSÉ, GARANHUNS -
PE - CEP: 55295-902
ATSum 0000929-93.2019.5.06.0351
AUTOR: JOSE VALDEMIR ARCELINO DA SILVA
RÉU: CLARET MOVEIS E DECORACOES LTDA

SENTENÇA

VISTOS, ETC.

Dispensado o relatório, por se tratar de procedimento sumaríssimo.

I - FUNDAMENTAÇÃO:

Da revelia:

Embora regularmente notificada, conforme rastreamento de fl.80, deixou a reclamada de


comparecer a Juízo, tornando-se revel e confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da
CLT, prevalecendo a tese da exordial, reputando-se, pois, por verdadeiros os fatos declinados pela parte
reclamante, ressalvada a prevalência da confissão real sobre a presumida e questões de direito ou
estritamente documentais.

Do contrato de trabalho:

Ante a anotação contida na CTPS do autor (fl.15), resta comprovado que o reclamante foi
contratado pela reclamada em 01/10/2014, para exercer a função de lustrador.

Observando o TRCT de fls.27/29, apesar de apócrifo, demonstra a rescisão contratual em


20/12/2018, sem justa causa, por iniciativa do empregador.

A parte autora afirma que sua dispensa ocorreu em meados de dezembro de 2018, sem que
houvesse o pagamento de suas verbas rescisórias, a liberação do FGTS e a baixa em sua CTPS.

Verifica-se que não houve a baixa do contrato de trabalho na CTPS (fl.15), apesar de
constar no TRCT que o aviso prévio seria indenizado.

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Assim, deverá o reclamante depositar sua CTPS na Secretaria desta Vara do
Trabalho, no prazo de 5 dias, a partir do trânsito em julgado desta decisão, independente de
notificação.

A reclamada deverá ser notificadas para proceder à devida baixa do contrato de


trabalho na CTPS do autor, no prazo de 5 dias, fazendo constar o seguinte: data de baixa: 28/01
/2019 (ante a projeção do aviso prévio). Decorrido esse prazo sem cumprimento, autoriza-se a
Secretaria da Vara a proceder à baixa.

Das verbas rescisórias:

Considerando o rompimento do contrato sem justa causa e a não comprovação da quitação


das verbas rescisórias, defiro os pedidos de aviso prévio; férias simples (2017/2018) e proporcionais
acrescidas de 1/3; 13º proporcional; multas dos artigos 467 e 477 da CLT; FGTS sobre as verbas
rescisórias e multa de 40% sobre o FGTS de todo o período contratual.

Do seguro desemprego:
Indefiro o pedido de seguro desemprego, uma vez que o reclamante foi dispensado sem
justa causa em 20/12/2018. No entanto, somente veio a ajuizar a presente reclamação trabalhista em 20/09
/2019, portanto, após o prazo legal estabelecido para pleitear a aludida verba.

Dos honorários de sucumbência:


Verifica este Juízo que a reclamação trabalhista foi autuada quando a Lei n° 13.467/2017
já se encontrava vigente e, considerando que a parte reclamada foi sucumbente quanto aos pedidos
formulados pela parte autora, arbitro os honorários de sucumbência em 15% sobre o valor apurado
em liquidação em favor dos advogados da parte autora, nos termos do artigo 791-A, da CLT.

Da Correção Monetária e Juros:


A correção monetária deverá ser aplicada a partir do fato gerador da obrigação, no caso, o
mês efetivamente trabalhado. O art. 39 da Lei 8177/91 é inaplicável à correção monetária, já que se
refere apenas a juros. Flagrantemente inconstitucional a aplicação da TR como índice de correção
monetária estabelecido através da Lei 13.467/17, uma vez que, não recompõe as perdas inflacionárias
decorridas do tempo entre o reconhecimento do direito e o efetivo pagamento da indenização.
A jurisprudência predominante no TST fixou o entendimento de que deve ser mantida a
aplicação do índice oficial da remuneração básica da caderneta de poupança (TR) para os débitos
trabalhistas devidos até o dia 24/03/2015 e a partir do dia 25/03/2015, a correção deve ser realizada pelo
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-E, como se constata das Ementas de Acórdão
abaixo transcritos:

"RECURSO DE REVISTA. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS


TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento adotado pela 8ª
Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno desta Corte Superior (TST- ArgInc - 479-

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60.2011.5.04.0231 e ED - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos
trabalhistas aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de 25/3/2015. Esta Turma
considera ainda, entendimento a que esta relatora se submete por disciplina judiciária, que o
art. 879, § 7º, da CLT perdeu a sua eficácia normativa, em face da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, já que o dispositivo da legislação
esparsa conferia conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula remissiva
pelo legislador. Recurso de revista não conhecido" (RR-648-20.2017.5.09.0127, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 29/11/2019).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A


ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 - ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DOS DÉBITOS
TRABALHISTAS - ÍNDICE APLICÁVEL O Tribunal Pleno desta Corte, nos autos do
incidente de inconstitucionalidade suscitado em Recurso de Revista (ArgInc-479-
60.2011.5.04.0231 e ED-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231), declarou ser inconstitucional a
expressão "equivalentes à TRD" contida no caput do artigo 39 da Lei nº 8.177/1991.
Adotou-se interpretação conforme à Constituição da República para manter o direito à
atualização monetária dos créditos trabalhistas e, diante da modulação dos efeitos da
decisão, definiu-se a incidência da TR até 24/3/2015, e do IPCA-E a partir de 25/3/2015. O
acórdão regional está de acordo com o referido entendimento. Considere-se que o art. 879, §
7º, da CLT, com a redação conferida pela Lei nº 13.467/2017, não tem eficácia normativa,
porque se reporta ao critério de atualização previsto na Lei nº 8.177/1991, que foi declarado
inconstitucional pelo Tribunal Pleno desta Corte, em observância à decisão do E. STF.
MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS No tema em
epígrafe, o Recurso de Revista não reúne condições de processamento por desatender ao
requisito previsto no art. 896, § 1°-A, I, da CLT (redação da Lei n° 13.015/2014), de
transcrever a decisão recorrida no que consubstancia o prequestionamento da controvérsia
objeto do Recurso de Revista. Agravo de Instrumento a que se nega provimento" (AIRR-
642-46.2014.5.03.0107, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT
29/11/2019).

O benefício de pagamento do salário até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido,


previsto no parágrafo único do art. 459 da CLT e Orientação Jurisprudencial nº 124 da SDI-I/TST
convertida no Enunciado 381 do TST é aplicável tão somente nos casos de regular adimplemento da
obrigação pelo empregador, sendo certo que a norma de proteção ao salário não prevê a liberalidade
quando o empregador já está em mora no pagamento.
Os juros de 1% a.m. são devidos desde a data da interposição da ação até o momento do
efetivo pagamento do crédito ao suplicante em face do que dispõe o Enunciado 04 do TRT da 6ª Região.

Das Contribuições Previdenciárias e do Imposto de Renda:

Conforme a nova redação da Súmula 368 do C. TST é do empregador a obrigação pelo


recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, - fazendo jus à dedução quanto à parte que é

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responsabilidade do empregado-, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial ou
homologados em Juízo, devendo o imposto de renda ser calculado sobre o montante dos rendimentos
pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a
que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao
mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação
conferida pela Lei nº 13.149/2015, observado o procedimento previsto nas Instruções Normativas da
Receita Federal do Brasil.

Não haverá incidência do imposto de renda sobre os juros de mora, ante sua natureza
indenizatória.

Para a incidência das contribuições previdenciárias, considera-se fato gerador para os


serviços prestados até 04.03.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configurando-se a mora a
partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação (art. 276, caput, do Decreto nº 3.048/1999) e, para o
labor realizado a partir de 05.03.2009, considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias a data
da efetiva prestação dos serviços. Assim, sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da
prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos previdenciários, aplica-se
multa a partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se descumprida a obrigação,
observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96).

Aliás, neste sentido, é a Súmula nº 40 deste E. 6º Regional:

"SÚMULA Nº 40 - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CRITÉRIOS


DETERMINANTES DO FATO GERADOR. JUROS DE MORA. MULTA.I. Em relação
à prestação de serviços ocorrida até 04/03/2009, considera-se como fato gerador das
contribuições previdenciárias, decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos em juízo, o
efetivo pagamento das verbas trabalhistas, configurando-se a mora a partir do dia dois do
mês seguinte ao da liquidação da sentença, observando-se o regime de caixa. II. Quanto ao
trabalho prestado a partir de 05/03/2009, considera-se como fato gerador das contribuições
previdenciárias, decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos em juízo, a data da
efetiva prestação dos serviços - regime de competência -, incidindo, desde então, os juros
de mora. A multa moratória, por sua vez, somente tem aplicação depois do primeiro dia
subsequente ao do vencimento do prazo previsto na citação para o pagamento do tributo,
limitada a 20% (vinte por cento).".

Neste rumo determino que, quando dos cálculos, seja observado o regime de caixa até
04.03.2009 e partir de 05.03.2009, o regime de competência para as contribuições previdenciárias.

Esclarece este Juízo que a contribuição previdenciária incidirá apenas sobre as verbas de
natureza salarial, objeto da condenação, a qual é devida pelas partes nos limites fixados em lei.

Não há competência deste Juízo Trabalhista para execução do pagamento das contribuições
previdenciárias não recolhidas ao longo do contrato de trabalho.

II - CONCLUSÃO:

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE a reclamação trabalhista proposta por JOSE
VALDEMIR ARCELINO DA SILVA contra CLARET MOVEIS E DECORACOES LTDA, para

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Número do documento: 20013015230319700000042693720

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condenar a reclamada a pagar ao reclamante, no prazo de 48 horas após o trânsito em julgado da
sentença, as verbas deferidas na fundamentação supra e já devidamente liquidadas, conforme cálculo em
anexo, parte integrante deste dispositivo.

Quantum debeatur a ser acrescido de juros e correção monetária.

Conforme determina a Lei 10.035/00, esclarece este Juízo que a natureza jurídica das parcelas deferidas
observará o disposto na Lei 8.212/91, alterada pela Lei 8620/93 e no Decreto 3048/99, aplicada a Ordem
de Serviço INSS/DSS nº 66 de 10.10.1997.

Custas processuais pela reclamada no valor de R$ 300,00, calculados sobre a quantia de R$ 15.000,00,
ora arbitrado para fins de condenação.

Notificar as partes.

E para constar foi lavrada a presente ata que vai assinada na forma da lei.

Garanhuns, 20 de fevereiro de 2020.

Ilka Eliane de Souza Tavares


Juíza do Trabalho Substituta

Publique-se, registre-se e intime(m)-se.


GARANHUNS-PE, 19 de Fevereiro de 2020.
Esta decisão segue assinada eletronicamente pelo(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) do Trabalho
referido no rodapé deste documento
A autenticidade deste documento pode ser verificada através do sítio "http://pje.trt6.jus.br
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numérico que se encontra no rodapé.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves
Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e nos termos da Lei 11.419/2006, que instituiu o Processo Judicial Eletrônico. O documento
pode ser acessado no endereço eletrônico "http://pje.trt6.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam",
informando-se a chave numérica abaixo.

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Número do processo: 0000929-93.2019.5.06.0351
Número do documento: 20013015230319700000042693720

Assinado eletronicamente por: JANIO FARIAS REMIGIO - Juntado em: 01/06/2021 08:36:29 - 7df491a
GARANHUNS, 20 de Fevereiro de 2020

ILKA ELIANE DE SOUZA TAVARES


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: ILKA ELIANE DE SOUZA TAVARES - 20/02/2020 10:39:29 - 3544cc9
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Número do processo: 0000929-93.2019.5.06.0351
Número do documento: 20013015230319700000042693720

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