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Caso Prático 1

Esculápio da Silva, brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na


capital do Estado de WYK, é comunicado por amigos que a
Administração do Estado está providenciando um plano de obras
custosas e pretendendo que elas sejam entregues,
independentemente de licitação, a empresas com vínculos pessoais
com dirigentes do seu partido político.
Os valores correspondentes às obras são incluídos no orçamento,
observado o devido processo legislativo.
Quando da realização das obras, aduz a necessidade de urgência
diante de evento artístico de grande repercussão a realizar-se em
aproximadamente um ano, o que inviabilizaria a realização de
procedimento licitatório e designa três empresas para repartir as
verbas orçamentárias, cabendo a cada uma realizar parte da obra
preconizada.
As empresas Mastodonte S.A., Mamute S.A. e Dente de Sabre S.A.
aceitam, de bom grado, o encargo e assinam os contratos com a
Administração.
O valor das obras corresponde a um bilhão de reais.
Inconformado com esse fato, Esculápio da Silva, cidadão que gosta
de participar ativamente da defesa da Administração Pública e está
em dia com seus direitos políticos, procura orientação jurídica e,
após, resolve ajuizar a competente ação.
Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando:
a) competência do juízo;
b) legitimidade ativa e passiva;
c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados;
d) os requisitos formais da peça;

Elaborando a peça
1) Quem é o nosso cliente? Esculápio da Silva.

2) Quem é o Autor da ação (legitimidade ativa)? Esculápio da


Silva, que deverá comprovar a condição de cidadão através
da juntada de seu título de eleitor (art. 1º, §3º, da Lei nº
4.717/65).

3) Quem são os Réus da ação (legitimidade passiva)?


O Estado e as empresas beneficiárias: as empresas
Mastodonte S.A.,
Mamute S.A. e Dente de Sabre S.A. (art. 6º da Lei nº
4.717/65)
Eis que todos, de alguma forma, praticaram ou autorizaram os
atos lesivos.

4) Qual a peça processual cabível? Ação Popular.

5) Fundamentos:
Art. 5º, LXXIII, da CF/88
Lei nº 4.717/65

6) Tese

A ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão para


proteção contra atos que causem danos ao erário.
No caso em análise, havendo irregularidades na licitação, possível a
ação popular lastreada na violação dos princípios regentes da
Administração Pública (CF, art. 37, caput), quais sejam, moralidade,
impessoalidade, legalidade, publicidade e eficiência.
Bem como violação do inciso XXI – (ressalvados os casos
especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações).
7) Endereçamento (juízo competente):
O endereçamento da ação popular dependerá da autoridade que
poderá desfazer o ato impugnado, tal como se vê nos seguintes
exemplos:
Autoridade: Autoridade estadual ou municipal
Juiz competente: Juiz de Direito
Autoridade: Autoridade federal
Juiz competente: Juiz Federal
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para
conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com
a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a
qualquer outra pessoa ou entidade, será competente o juiz das
causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao
Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do
Estado, se houver.
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO
DA ... VARA DA ... DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO
WYK
Ou
AO JUÍZO DE DIREITO DA ...VARA DA... DA COMARCA DA
CAPITAL DO ESTADO WYK

Esculápio da Silva, brasileiro, casado, engenheiro, portador do


título de eleitor n°..., residente e domiciliado na ..., bairro...,
cidade...., estado..., com endereço eletrônico..., inscrito no
cadastro de pessoas físicas (CPF) sob o número... e Registro de
Identidade Geral (RG) sob o número...., vem, respeitosamente,
por meio de seu advogado que esta subscreve (termo de
procuração anexa), com escritório na ..., endereço eletrônico...,
perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5, LXXIII
da CRFB/88 e da Lei nº 4717/65, vem ajuizar

AÇÃO POPULAR

em face do Estado WYK, Mastodonte S.A, Mamute S.A e Dente


de Sabre S.A., nos respectivos endereços..., bairro..., cidade....,
estado..., e endereço eletrônico..., pelos fatos e fundamentos que
passa a expor:

I - DOS FATOS
O autor, cidadão atento e diligente sobre os acontecimentos à
sua volta, foi avisado por amigos que a Administração do Estado
em que reside pretende realizar obras vultosas, sem a realização
de licitação e serão contratadas empresas ligadas aos dirigentes
de seu partido político.
A Administração alega que se justifica uma contratação sem
licitação devido a urgência de um grande evento a ser realizado
no prazo de um ano. Após o devido processo legislativo e com
aprovação do orçamento, a Administração dividiu a verba
orçamentária entre três empresas que ficariam incumbidas de
realizar a obra, a Mastodonte S.A, Mamute S.A e Dente de Sabre
S.A, que já assinaram contrato com o Estado.
O total da obra é um bilhão de reais. Inconformado com os
indícios de ilegalidade, o autor propõe Ação Popular.

II – DO DIREITO

O autor, cidadão em dia com suas obrigações eleitorais, é


legítimo para a propositura da Ação Popular.
Colaciona-se o título eleitoral aos autos, requerendo-se a sua
juntada, em cumprimento ao Art. 1º, §3º da Lei 4717/65.
São legitimados passivos também o Estado de WYK e as
empresas Mastodonte S.A, Mamute S.A e Dente de Sabre S.A,
tendo em vista que há a participação de todos no ato lesivo, em
conformidade ao Art. 6º, da Lei 4717/65.
Versa a Constituição da República, no Art. 5º, inciso LXXIII, que
qualquer cidadão é parte legítima para propor Ação Popular que
vise anular ato lesivo ao patrimônio público, sendo ação
completamente pertinente ao caso concreto.
Diversos princípios constitucionais foram transgredidos nos atos
cometidos pelos réus, elencados no Art. 37, caput da CRFB/88.
Houve ofensa ao princípio da legalidade, tendo em vista que não
há previsão legal para a forma da contratação realizada. Há
também prejudicialidade ao princípio da impessoalidade, haja
vista que foram favorecidas empresas que mantém contato com
os dirigentes do partido político de um dos réus.
O princípio da moralidade também não se mostrou presente no
procedimento realizado, sendo dispensada a licitação sem se
observar as incumbências legais. E por todo emaranhado dos
atos, ofendeu-se também o princípio da eficiência e publicidade.
Outro dispositivo constitucional foi frontalmente violado, qual seja
o Art. 37, XXI da CRFB/88, que versa sobre a necessidade
licitação para as contratações públicas. Dispensou-se a licitação
sem nenhuma previsão legal, apenas por decisão discricionária
da Administração Pública.

III - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:


a) que seja julgado procedente o pedido para anular qualquer tipo
de contratação por parte da Administração Pública sem o
devido processo licitatório, suspendendo-se a relação entre o
Poder Público e as empresas Mastodonte S.A, Mamute S.A e
Dente de Sabre S.A..
b) a citação dos réus nos endereços acima indicados;

c) a intimação do Representante do Ministério Público;

d) a condenação dos Réus em custas e em honorários


advocatícios;
e) a juntada de documentos.

O Autor pretende provar o alegado por todos os meios de prova


em Direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$...

Termos em que, pede deferimento.

Local... Data...
Advogado...
OAB n.º...

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