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Nutrigenômica

A Nutrigenômica trata-se de uma ciência que permite descrever a interação entre


nutrientes e genes, explicando como a alimentação pode afetar a expressão genica. Esta
disciplina surgiu devido à necessidade de melhor compreender a forma como a
alimentação pode modificar o fenótipo de um individuo, alterando a expressão de certos
genes (Mullins et al., 2020).
Aliado à Nutrigenômica existe a Nutrigenética que se foca na identificação de variações
genéticas (SNPs, polimorfismos, entre outros) para entender de que forma essas
alterações ao nível do genoma afetam a forma como o organismo metaboliza os
nutrientes. Assim, a Nutrigenômica e a Nutrigenética baseiam-se, respetivamente, em
duas observações fundamentais: os nutrientes têm um impacto direto na expressão
genética; a metabolização dos alimentos pode variar entre os genótipos, influenciando a
saúde de cada individuo (Nasir et al., 2020).
Desta forma, estes ramos da genética complementam-se de forma a fornecer uma
imagem abrangente do metabolismo de um individuo, com o objetivo de construir uma
dieta personalizada para evitar doenças e possíveis riscos à saúde (Marcum et al., 2020).
Fatores ambientais, como a dieta, irão provocar mudanças epigenéticas no DNA
acabando por alterar a expressão de certos genes. Os nutrientes podem atuar diretamente
inibindo enzimas importantes para processos epigenéticos com: DNA Metiltransferase;
Histona Deacetilase; Histona Acetilase; entres outras ou podem atuar afetando a
disponibilidade do substrato necessário para a ação destas enzimas (Tiffon et al., 2018).
Os nutrientes podem, portanto, alterar o estado de metilação do DNA, modificar
histonas e atuar ao nível da remodelação da cromatina, um exemplo disto são as dietas
ricas em gorduras e açúcares que estão associadas com padrões de metilação anormais
de genes que codificam proteínas que atuam como mensageiros químicos responsáveis
por controlar o apetite e a ingestão de alimentos, o que pode estar relacionado com o
desenvolvimento de obesidade uma vez que existe uma regulação anormal do apetite
levando a comportamentos alimentares desequilibrados. (Kiani et al., 2022).
Sabendo que cada individuo irá ter diferentes respostas à mesma dieta e que os
alimentos ingeridos irão afetar a expressão dos genes torna-se crucial identificar todos
esses fatores de forma a utilizar estes conhecimentos para desenvolver uma nutrição
personalizada, que visa melhorar a saúde dos indivíduos através das suas informações
genéticas e nutricionais para fornecer orientações alimentares adaptadas para cada
pessoa (Orodovas et al., 2018).
Para que este tipo de dieta personalizada seja possível é necessário que se tenha em
conta todos os genes que afetam o comportamento alimentar de um individuo, isto
porque se ao analisar o genoma de um individuo não for tido em conta genes
envolvidos, por exemplo, em intolerâncias alimentares ou outros metabolismos
importantes poderão ocorrer respostas negativas, resultando numa orientação dietética
imprecisa (Vesnina et al., 2020).
Mullins, V. A., Bresette, W., Johnstone, L., Hallmark, B., & Chilton, F. H. (2020).
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Marcum, J. A. (2020). Nutrigenetics/Nutrigenomics, Personalized Nutrition, and


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https://doi.org/10.1007/s13668-020-00327-z

Tiffon, C. (2018). The impact of nutrition and environmental epigenetics on human


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https://doi.org/10.3390/ijms19113425

Kiani, A. K., Bonetti, G., Donato, K., Kaftalli, J., Herbst, K. L., Stuppia, L., Fioretti, F.,
Nodari, S., Perrone, M., Chiurazzi, P., Bellinato, F., Gisondi, P., & Bertelli, M. (2022).
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Ordovas, J. M., Ferguson, L. R., Tai, E. S., & Mathers, J. C. (2018). Personalised
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Vesnina, A., Prosekov, A., Kozlova, O., & Atuchin, V. (2020). Genes and eating
preferences, their roles in personalized nutrition. Genes, 11(4).
https://doi.org/10.3390/genes11040357

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