You are on page 1of 7

Disciplina: Medicina Legal

Professor: Luciana Gazzola


Monitora: Mariana
Aula: Tanatologia Forense: declaração de óbito, normas aplicáveis

Declaração de óbito pode estar em documentos médico-legais bem como junto à


tanatologia forense (estudo da morte do cadáver e suas repercussões jurídicas).

A Lei de Registros Públicos não permite sepultamento sem que haja certidão de óbito
(documento cartorário, emitida por meio da declaração de óbito).

Quem deve preencher a certidão de óbito?


Resolução 1.779/2005, CFM.

Qualquer pessoa pode constatar a morte, mas quem atesta é quem tem contribuição
legal para tal ato.

Para saber quem vai atestar o óbito, a primeira coisa é verificar o tipo de morte
(natural, violenta e/ou suspeita).
Natural: antecedente patológico, ex.: doença.
Violenta: energia externa transferida do meio para o corpo. Há causa jurídica de morte
(homicídio, suicídio e acidente).
Suspeita: há possibilidade de não ter sido natural sua causa.

A princípio as mortes são naturais, até que se prove o contrário.

Fluxo de encaminhamento do corpo


SVO: serviço de verificação de óbito, é instituição pública no âmbito dos Estados com
atribuição de analisar corpos que morreram por morte natural sem assistência médica.

Natural: antecedentes patológicos.


COM assistência médica: é o médico assistente (do paciente) que atestará o óbito,
seja nos âmbitos hospitalar, ambulatorial e PSF. Pode encaminhar o corpo para o
SVO se tiver alguma dúvida.
 Não precisa estar presente no momento do óbito.
SEM assistência médica: SVO. Será o médico patologista do SVO.

1
 Se não tiver SVO no local, será o médico do serviço público de saúde mais
próximo do local do óbito ou qualquer médico.
Obs.: o corpo NÃO vai para o IML.
Obs.: corpos em estado avançado de putrefação ou com identidade
desconhecida devem ser encaminhados ao IML.

Violenta/suspeita: o corpo irá para o IML já que obrigatória a realização de necropsia


forense.
Nas localidades em que não há perito oficial, poderá haver a nomeação de dois peritos
ad-hoc para a realização do exame.

Fetal natural/natimorto: se tiver idade gestacional maior ou igual a 20 semanas, peso


corporal maior ou igual a 500g ou estatura maior ou igual a 25cm deverá ter
declaração de óbito emitida pelo médico assistente da gestante.
Se for aborto, haverá morte violenta e o corpo irá para o IML.

2
Resolução CFM 1.779/2005:
Art. 1º O preenchimento dos dados constantes na Declaração de Óbi-
to é da responsabilidade do médico que atestou a morte.
Art. 2º Os médicos, quando do preenchimento da Declaração de Óbito,
obedecerão as seguintes normas
:
1) Morte natural:
I. Morte sem assistência médica:
a) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbitos (SVO): A Declara-
ção de Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do SVO;
b) Nas localidades sem SVO: A Declaração de Óbito deverá ser fornecida
pelos médicos do serviço público de saúde mais próximo do local onde
ocorreu o evento; na sua ausência, por qualquer médico da localidade.

II. Morte com assistência médica:


a) A Declaração de Óbito deverá ser fornecida, sempre que possível,
pelo médico que vinha prestando assistência ao paciente.
b) A Declaração de Óbito do paciente internado sob regime hospitalar
deverá ser fornecida pelo médico assistente e, na sua falta por médico
substituto pertencente à instituição.
c) A declaração de óbito do paciente em tratamento sob regime ambulatorial
deverá ser fornecida por médico designado pela instituição que presta-
va assistência, ou pelo SVO;
d) A Declaração de Óbito do paciente em tratamento sob regime do-
miciliar (Programa Saúde da Família, internação domiciliar e outros)
deverá ser fornecida pelo médico pertencente ao programa ao qual o paci-
ente estava cadastrado, ou pelo SVO, caso o médico não consiga corre-
lacionar o óbito com o quadro clínico concernente ao acompanhamento
do paciente.

2) Morte fetal: Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram as-


sistência à mãe ficam obrigados a fornecer a Declaração de Óbito
quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20 semanas ou
o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 (quinhentos) gramas
e/ou estatura igual ou superior a 25 cm.

3) Mortes violentas ou não naturais: A Declaração de Óbito deverá,


obrigatoriamente, ser fornecida pelos serviços médico-legais.
Parágrafo único: Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico,
este é o responsável pelo fornecimento da Declaração de Óbito.

3
Disciplina: Medicina Legal
Professora: Luciana Gazzola
Monitora: Mariana
Aula: Tanatologia Forense: declaração de óbito, casos concretos e análise de fluxo

Para avaliar a causa da morte (natural, violenta ou suspeita), deve-se pensar o evento
básico que desencadeou a morte.
A causa terminal é aquela que diretamente levou ao óbito (será sempre fenômeno
biológico), mas deve olhar sempre para a causa básica, ou seja, o que foi que gerou a
sequência de eventos que levou ao óbito.
Ex.: indivíduo tomou uma facada e não faleceu. Foi internado por vários dias, fez ci-
rurgia, complicou em decorrência da cirurgia e faleceu. Ele morreu pela infecção, mas
a morte foi natural? NÃO! A causa básica foi a facada, portanto, a morte é violenta.

Se a causa básica ensejou complicações, a morte é externa.

Óbito em ambulância sem médico?


A pessoa que emitirá a declaração de óbito dependerá da causa da morte.
Se causa básica é externa, então o corpo deve ir para o IML. Ex.: acidente.
Se a família aciona a ambulância em decorrência de um senhor de 95 anos aparente-
mente estar enfartando, o que é atestado quando a equipe médica chega ao local e,
durante o transporte para o hospital a fim de socorrê-lo, vem a óbito, a morte é presu-
mida como natural. Assim, se havia médico assistente será ele que declarará o óbito,
se ausente o corpo irá para o SVO.

Óbito em ambulância com médico, após um acidente?


Tendo em vista a causa ser externa, deverá ir para o IML.
Resolução CFM 2.139/2016, art. 23.

1
Pode o juiz, em localidade sem IML ou posto médico-legal, solicitar ao médico
que emita a DO para vítima de acidente?
Acidente é causa de morte violenta, assim, o juiz pode nomear perito ad-hoc em local
que não há perito oficial. São dois peritos ad-hoc nomeados para fazer a necropsia e
um deles assinará a declaração de óbito.

De quem é a competência para atestar a morte decorrente de ingestão exagerada


de etanol, do patologista do SVO ou do médico legista?
Médico legista.
A morte por intoxicação alcóolica aguda é morte externa de ordem química, estudada
na toxicologia forense.

De quem é a responsabilidade de atestar a morte em caso de complicação


(pneumonia, embolia gordurosa) decorrente de cirurgia corretiva de fratura após
a queda? O acidente deve ser considerado como causa básica da morte? Trata-
se de morte por causa externa ou natural?
Lesões por precipitação, queda de altura.
Sim, é causa de morte externa.
Deve-se verificar a sequência e correlação dos acontecimentos.

O óbito decorrente de picada de animal peçonhento corresponde a que tipo de


morte? Quem deve atestar esse óbito?
Ex.: cobra, escorpião.
Veneno é causa externa por energia de ordem química, assim, quem atesta são os
médicos do IML.

Pode o médico patologista atestar uma morte decorrente de hematoma subdural


traumático encontrado durante a realização de exame cadavérico?
A atribuição do patologista é atestar morte natural.
NÃO, já que não é causa de morte natural. Assim, deverá chamar imediatamente o
IML para remoção do corpo, no estado em que se encontra.

E em caso de parto ocorrido em residência, sem assistência médica (ou com


presença de profissional não médico) com morte do RN?
Questão polêmica. Duas correntes:
1) O corpo tem que ir para o SVO.
2) Se houver alguma suspeita de que há responsabilidade de quem conduzia o
2
parto e/ou pais, deverá encaminhar o corpo para o IML; é a corrente majoritá-
ria.
E em caso de RN encontrado morte, dormindo entre os pais, pouco tempo após
o nascimento?
Suspeita de asfixia (causa externa) por sufocação  o corpo deve ir para o IML.
 Sufocação indireta: o corpo fica muito comprimido e a criança não consegue
respirar.
 Sufocação direta: há impedimento da entrada e saída de ar pelos orifícios natu-
rais.

Questões:

3
Resolução:
A causa básica da morte foi o atropelamento. Assim, resposta é letra A.
Há nítida correlação entre causa básica e internação, cirurgia, complicação, infecção e
morte.

Resolução:
Letra E.

Resolução:
Já chegou ao pronto atendimento em óbito.
O evento externo foi desvinculado da morte e o indivíduo tem mais de 40 (quarenta)
anos de idade.
Letra B.
O médico do pronto atendimento não é médico assistente, já que atendeu a paciente
em parada.
4

You might also like