You are on page 1of 61

LÍNGUA

PORTUGUESA
Núcleo de Educação a Distância – www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - Rio de Janeiro (RJ)

Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Emilio Antonio Francischetti
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Virginia Genelhu de Abreu Francischetti

Pró-Reitora de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão


Nara Pires

MATERIAL DIDÁTICO NÚCLEO DE EDUCAÇAO A DISTÂNCIA

DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Departamento de Produção


Gabriela Moreno PRODUÇÃO E EDITORAÇÃO GRÁFICA
REVISÃO Rodrigo de Oliveira Nunes
Camila Andrade e Laís Sá

Copyright © 2018, Unigranrio


Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por
qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização,
por escrito, da Unigranrio.
Sumário
Língua Portuguesa
Objetivos.........................................................................................................................04

A Leitura e a Escrita no Mundo Contemporâneo

1. O Papel e o Sentido da Leitura e da Escrita no Mundo Contemporâneo.......................06


1.1 Texto Literário............................................................................................................. 09
1.2 Texto não literário....................................................................................................... 09
2. Gêneros Textuais.........................................................................................................10
3. Estratégias de Leitura e Interpretação de Texto...........................................................10

Concordância Nominal e Verbal

1. Concordância Nominal ................................................................................................13


2. Concordância Verbal...................................................................................................17

Regência Verbal

1. Regência Verbal: Verbos de uma Regência...................................................................21


1.1 Regência verbal: Casos especiais................................................................................. 22

Emprego da Crase

1. Crase...........................................................................................................................27

Colocação Pronominal

1. Casos de Próclise.........................................................................................................31
2. Casos de Mesóclise......................................................................................................32
3. Casos de Ênclise...........................................................................................................32

Nova Ortografia

1. As Novas Regras de Acentuação..................................................................................35


1.1 Fases da Língua Portuguesa........................................................................................ 36

Língua Portuguesa 3
2. O Acordo Ortográfico..................................................................................................37
3. Emprego do Hífen........................................................................................................40
4. Uso de Maiúsculas e Minúsculas..................................................................................43
5. Separação Silábica.......................................................................................................45

Acentuação Gráfica e Pontuação

1. Regras de Acentuação Gráfica: Palavras Oxítonas, Paroxítonas e Proparoxítonas........47


1.1 Monossílabos Tônicos................................................................................................. 49
1.2 Paroxítonas.................................................................................................................. 49
1.3 Proparoxítonas............................................................................................................ 50
2. Pontuação: Emprego da Vírgula...................................................................................52

Acentuação Gráfica e Pontuação

1. Fatores de Coerência...................................................................................................56
2. Informatividade...........................................................................................................58
3. Intertextualidade........................................................................................................58

Referências.....................................................................................................................59

Língua Portuguesa 4
A Leitura e a Escrita no
Mundo Contemporâneo

Língua Portuguesa
1. O Papel e o Sentido da Leitura e da Escrita no Mundo
Contemporâneo
Em um mundo construído por meio da palavra, é imprescindível que se façam diversas leituras, sejam
elas técnicas (ligadas às áreas de atuação) ou espontâneas (escolhidas livremente pelo leitor, de acordo
com seus gostos pessoais).

A pessoa que lê se enriquece culturalmente e se sente capacitada, informada e estimulada a escrever


seus próprios textos, dialogando, de forma consciente ou inconsciente, com outras leituras.

Leitura e escrita participam do mundo


contemporâneo.
O ato de ler é uma construção cultural.
Leitura é poder e permite ao sujeito chegar
a informações e
conhecimentos variados de acordo
com seu interesse e objetivo.

A escrita possibilita ao homem vencer suas demandas. Algumas situações informais – tais como
escrever um bilhete, um e-mail, uma carta etc. – ou até mesmo em situações formais – como escrever
um relatório, uma carta comercial etc. – exigem habilidades de escrita que passam pela prática
prévia da leitura.

Dessa forma, a leitura e a escrita são duas atividades fundamentais em um mundo pós-moderno e
repleto de oportunidades.

Língua Portuguesa 6
Na era da informação e da tecnologia avançada, o processo de globalização fica ainda mais evidente.
As diferenças culturais não se limitam às barreiras geográficas e comportamentais.

MULTIMÍDIA
A leitura pode ser a grande diferença que leva ao caminho do sucesso. Assista ao vídeo indicado e
veja o porquê de a leitura ser vital. https://www.youtube.com/watch?v=zd0VoQRrTGQ

O ser humano precisa considerar o impacto das novas tecnologias da informação e comunicação
no seu cotidiano. O homem contemporâneo dispõe de mais recursos de comunicação e informação do
que o homem da década de 1930. Porém, não basta dispor de tais meios; é preciso saber utilizá-los em
seu benefício.

Nesse sentido, merecem atenção especial o “analfabeto funcional” (aquele que lê e escreve, mas não
compreende e nem elabora um texto coeso e coerente) e o “analfabeto digital” (aquele que não faz uso dos
recursos digitais). Nesse cenário, conclui-se que uma pessoa que não sabe ler e nem escrever percebe em
um grau infinitamente menor o impacto de uma sociedade informada e informatizada.

Língua Portuguesa 7
Atualmente, o mercado de trabalho exige do profissional não apenas os requisitos básicos de seu
ofício. O recrutador leva em consideração uma série de outras habilidades que o candidato a uma vaga
pode oferecer.

Além disso, independentemente da área de graduação, é necessário que o profissional contemporâneo


tenha o conhecimento de, pelo menos, uma língua estrangeira; faça o uso do computador com frequência;
e tenha uma boa compreensão de leitura e redação.

OBS: A autonomia e a capacidade de resolver problemas também são pontos importantes para se
conseguir uma boa colocação profissional.

As mudanças no mundo acontecem em uma


velocidade espantosa. É preciso saber lidar com
elas e procurar formas de se adaptar, a fim de se
manter bem no mercado.

Toda pessoa que escreve bem lê muito;


mas nem toda pessoa que lê muito
escreve bem. De fato, a leitura enriquece
o vocabulário, subsidia conhecimento
e proporciona tantos outros benefícios, tais
como a capacidade de o leitor se tornar mais
criativo, crítico e sensível. Além disso, para
escrever bem, a pessoa precisa conhecer os
mecanismos que regem a escrita.

Ainda na temática leitura, é preciso considerar que há textos literários e não literários. Os textos
literários são plurissignificativos e remetem a outras significações, pois expressam os sentimentos de quem
os escreve, por meio, geralmente, de figuras de linguagem, recriando, de forma estética, a realidade.

Romances, contos, textos dramáticos e poemas são exemplos de textos literários que exigem do leitor
um olhar analítico. Ou seja, é preciso que o leitor infira o que está além da “superficialidade”.

Língua Portuguesa 8
1.1 Texto Literário

A leitura literária instrumentaliza o ser humano a lidar com


as intertextualidades de um texto.

É comum textos dissertativos fazerem uso de referências


a outros textos para construírem seus argumentos. Isso ocorre
também em textos narrativos e descritivos. Quem não se lembra
de “a virgem dos lábios de mel” ou da moça de “olhos oblíquos
e dissimulados”?

De qualquer forma, a leitura de jornais, revistas


especializadas e artigos científicos é imprescindível
no momento de se preparar para a produção textual.
Além da leitura de textos objetivos, a leitura literária é de
suma importância para a formação do ser humano, pois, quanto
mais obras de literatura a pessoa ler, mais segura ela estará na compreensão das intertextualidades de
referências literárias citadas de modo geral.

Nesse sentido, a pessoa que lê poemas, contos, romances e crônicas terá mais facilidade de
compreender, interpretar e redigir um texto de qualquer modalidade, bem como fazer uso de
intertextualidades.

1.2 Texto não literário

O texto não literário é objetivo e transmite, de forma clara, o ponto de vista de quem escreve, sem a
utilização de figurações.

Bom
trabalho! Aprenda essa
incrível receita...

Língua Portuguesa 9
Além disso, o texto não literário é de caráter informativo e tem ênfase na informação, no conteúdo.
Bulas de remédios, manuais de instrução e artigos de opinião são exemplos de textos não literários.

Portanto, independentemente de ser um texto literário ou não, a leitura é imprescindível na


vida contemporânea, marcada pela velocidade da comunicação e informação. Saber ler, interpretar,
compreender e redigir bem um texto eleva o ser humano a um patamar que vai ao encontro das demandas
da vida atual.

2. Gêneros Textuais
Podemos citar como exemplos de gêneros textuais: bilhete, diário pessoal, agenda, anotações, carta
pessoal, carta comercial, romance, conto, crônica, novela, poema, artigo de opinião, resumo, resenha,
artigo científico, ensaio, comunicação escrita, blog, e-mail, bate-papo virtual, Facebook, videoconferência,
Second Life (realidade virtual), fórum, lista de discussão, aula-chat, aula expositiva, reunião de condomínio,
debate, palestra, entrevista, propaganda, depoimento, piada, sermão, cardápio, lista de compras, bula
de remédio, horóscopo, manual de instruções, inquérito policial, telefonema, charge, história e tira em
quadrinhos, canção etc.

Os gêneros textuais, por sua natureza sociocomunicativa, admitem um número ilimitado.


Considerando o impacto das novas tecnologias, constantemente surgirão diferentes gêneros para compor
este quadro.

MULTIMÍDIA
Para compreender melhor o conteúdo, assista ao vídeo sobre gêneros literários. https://www.
youtube.com/watch?v=Eiu5PWn-wfE

3. Estratégias de Leitura e Interpretação de Texto


Por meio de sua interação com o conhecimento de mundo, linguístico e textual, o leitor constrói o
sentido do texto.

Para compreender um texto, é preciso que o leitor considere o conhecimento acumulado ao


longo de sua vida.

Língua Portuguesa 10
Relativo à gramática internalizada.

Relativo aos tipos de textos e seus elementos


constitutivos.

Adquirido por meio de experiências acumuladas


ao longo da vida. Pode ser um conhecimento formal
ou informal.
Figura 1: Tipos de conhecimento. Fonte: Do autor.

Para uma boa compreensão e interpretação do texto, o leitor deve:

●● Desenvolver o gosto pela leitura. Ler jornais, revistas, romances, contos, poemas, textos
publicitários, artigos científicos, resenhas, ensaios etc.;
●● Observar as características de textos verbais (orais ou escritos) e textos não verbais (imagens,
gráficos, símbolos, desenhos etc.;
●● Analisar o título e considerar o estilo do autor. Isso facilita o entendimento e direciona o esquema
de leitura;
●● Considerar as características de textos literários e não literários e seus elementos constitutivos;
●● Aumentar vocabulário. Para isso, é preciso estar atento às novas palavras encontradas em textos
diversos e consultar sempre o dicionário. Deve-se ler o texto na íntegra, no mínimo duas vezes,
atentamente, antes de tentar responder a qualquer questão. Novas ideias devem ser assimiladas
a cada leitura;
●● Estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem;
●● Analisar o texto em partes (como introdução, desenvolvimento e conclusão) para uma melhor
compreensão, procurando entender quais foram os pontos básicos apresentados em cada um
dos parágrafos;
●● Relacionar a leitura feita a outras leituras (de gêneros variados), estabelecendo uma interação
entre elas e promovendo novas formas de compreensão e interpretação do texto.

MULTIMÍDIA
Assista ao vídeo indicado e veja outras dicas sobre interpretação de texto.
https://www.youtube.com/watch?v=P6dFGN3b5LI

Língua Portuguesa 11
Concordância Nominal
e Verbal

NOMINAL

VERBAL

Língua Portuguesa
1. Concordância Nominal

Gênero Número
Masculino e Singular e
Feminino Plural

A concordância nominal deve ser feita com base no artigo, no adjetivo, no pronome adjetivo e no
numeral adjetivo aos quais o nome se refere.

Seguem alguns casos de concordância nominal:

a) O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo.

●● Ex.: O mercado editorial está aquecido.

b) O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos de gênero e número diferentes ou vai para o
masculino plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

●● Ex1.: Os jornalistas e o fotógrafo eminentes chegaram cedo ao local da reportagem.

●● Ex2.: Os jornalistas e o fotógrafo eminente chegaram cedo ao local da reportagem. (Nesse caso,
somente o fotógrafo é eminente).

c) O adjetivo, anteposto a dois ou mais substantivos concorda, geralmente, com o mais próximo.

●● Ex.: As estudiosas Carolina e Camila fazem a mesma disciplina.

d) O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito.

●● Ex.: Os pesquisadores estão comprometidos com as descobertas.

Língua Portuguesa 13
e) Quando o sujeito for um pronome de tratamento, o predicativo concorda com o sexo da pessoa a
quem nos dirigimos.

●● Ex1.: Vossa Excelência está preocupado. (homem)

●● Ex2.: Vossa Excelência está preocupada. (mulher)

f) As expressões, “É BOM”, “É NECESSÁRIO”, “É PROIBIDO” não variam. No entanto, se o sujeito vier


antecedido de artigo ou palavra equivalente, a concordância será obrigatória.

●● Ex1.: É proibido entrada de estranhos.

●● Ex2.: É proibida a entra­da de estranhos.

●● Ex3.: Entrada boa. (Sem o verbo, concorda com a palavra a que se refere).

g) Quando as palavras são adjetivas, devem concordar com o nome a que se referem.

Seguem essa regra as seguintes palavras:

ANEXO, INCLUSO, MESMO, PRÓPRIO, OBRIGADO, AGRADECIDO, GRATO, APENSO, QUITE, LESO.

Veja alguns exemplos:

1. As declarações seguem anexas.

2. Os documentos vão inclusos.

3. Ela mesma fez o requerimento.

4. Elas próprias fizeram o requerimento.

5. Cecília disse: “Obrigada”.

6. Wagner disse: “Obrigado”.

7. Elas estavam agradecidas pela colaboração.

8. Os gerentes ficaram gratos pela confiança dos clientes.

Língua Portuguesa 14
9. Os relatórios estão apensos aos autos.

10. Os estudantes estão quites com a tesouraria.

11. Aquelas pessoas cometeram crimes de lesa-soberania/leso-patriotismo.

12. As fotos seguem em anexo.

Obs.: A expressão “em anexo” fica invariável.

h) As palavras BASTANTE, MEIO, MUITO, POUCO, CARO, BARATO, LONGE e SÓ podem funcionar
como adjetivo ou como advérbio. Elas seguem a seguinte regra: como adjetivo, estarão ligadas a um
substantivo e concordarão normalmente com ele. Entretanto, como advérbio, elas estarão ligadas a um
verbo, a um adjetivo ou a outro advérbio e ficarão invariáveis.

Veja exemplos:

1. Bastantes pessoas compareceram ao show ontem. (“Bastantes” está ao lado de um substantivo,


sendo, assim, um adjetivo).

2. Os alunos são bastante inteligentes. (“bastante” está ao lado de um adjetivo, sendo, assim, um
advérbio).

3. É meio-dia e meia (hora).

4. A diretora estava meio preocupada pela manhã.

5. Muitas enfermeiras foram ao Congresso em São Paulo.

6. As alunas estudaram muito.

7. Poucos alunos faltaram hoje.

8. Eles gastaram pouco.

9. As jaquetas eram caras.

10. As blusas custaram caro.

Língua Portuguesa 15
11. As bolsas eram baratas.

Obs.: A locução adverbial “a sós” é invariável e significa “sem mais companhia”. Portanto, pode ser
usada com sujeito no singular também.

A expressão TAL QUAL concorda em gênero e número com os elementos determinados. Assim também
ocorre com a palavra TAL como determinante.

●● João era tal qual seu pai.

●● José era tal quais seus irmãos.

●● As provas foram tais quais as aulas.

Já a palavra POSSÍVEL só irá para o plural se houver determinantes no plural, como artigos (os, as).
Caso contrário, ficará invariável.

●● João era tal qual seu pai.

●● José era tal quais seus irmãos.

Língua Portuguesa 16
2. Concordância Verbal
Geralmente, o verbo concorda com o sujeito em pessoa e número. Observe os exemplos a seguir:

●● A ecologia está em alta. (3ª pessoa do singular)


●● Os últimos acontecimentos geraram uma queda no turismo naquela região. (3ª pessoa do plural)

MULTIMÍDIA
Antes de conhecer um pouco mais sobre concordância verbal, assista ao vídeo da música
“Inútil”, do Ultraje a Rigor. https://www.youtube.com/watch?v=qxRRxN5Lx3o

Veja algumas regras:

a) O verbo vai para a 3ª pessoa do plural, caso o sujeito seja composto e anteposto ao verbo. Se o sujeito
composto for posposto ao verbo, este irá para o plural ou concordará com o substantivo mais próximo.
Mesmo na concordância atrativa, o verbo refere-se, ideologicamente, a todos os elementos mencionados.

Exemplos:

●● Luís e Laura passaram na prova.


●● Chegaram o aluno e a professora cedo à palestra.
●● Chegou o professor e a aluna cedo à palestra. (os dois chegaram cedo à palestra)
●● Entraram os professores e o aluno representante na sala do diretor.

b) O verbo haver, no sentido de existir ou referindo-se a tempo, é impessoal e não admite sujeito.
O mesmo ocorre com o verbo fazer referindo-se a tempo. Esses verbos ficam na 3ª pessoa do singular.
As locuções com esses verbos ficarão no singular também.

Exemplos:

●● Há meses não vejo meus amigos.


●● Havia pessoas interessantes no curso.
●● Faz vinte minutos que ele saiu daqui.
●● Deve haver pessoas que não fizeram a prova. (deve haver = há = impessoal no sentido de existir)
●● Deve fazer oito anos que não o vejo. (deve fazer = faz = impessoal = tempo decorrido)

Língua Portuguesa 17
O verbo haver, quando não possui o sentido de existir, é o primeiro verbo da locução.

Exemplos:

●● Haviam ocorridos fraudes no último concurso. (Ocorreram...)


●● Haviam feito boas provas de português. (Fizeram...)

c) O verbo ficará no singular ou no plural se o sujeito coletivo for especificado com o substantivo no plural.

Exemplos:

●● Um bando chegou ao estúdio.


●● Um bando de jornalistas chegou (ou chegaram) ao estúdio.

d) Havendo exclusão da palavra ou, o verbo fica no singular. Se o verbo se referir aos dois sujeitos, irá
para o plural.

Exemplos:

●● Flamengo ou Vasco ganhará o campeonato. (Somente um time poderá ser campeão, portanto,
há ideia de exclusão)
●● O ônibus ou a barca passam em Niterói. (Os dois transportes passam em Niterói)

Se o substantivo é um nome próprio usado com artigo plural, o verbo concordará com o artigo.

Exemplos:

●● Os Estados Unidos atacaram o Iraque.


●● O Amazonas fica no Norte do país.
●● Os Lusíadas contam a viagem de Vasco da Gama. (Em nomes de obras, dá-se o singular, quando
o verbo “ser” vier seguido de palavras no singular, ou se surgir a palavra “livro”)
●● Os Sertões é o livro de Euclides da Cunha.

e) Quando aparece nas expressões É MUITO, É POUCO, É SUFICIENTE, É BASTANTE, que denotam
quantidade, distância, peso etc., o verbo ser fica sempre no singular.

Exemplos:

●● Cem metros é pouco.


●● 10 quilos é suficiente.

Língua Portuguesa 18
f) Quando o sujeito, que indica quantidade aproximada, for formado de um número plural precedido
das expressões CERCA DE, MAIS DE, MENOS DE, o verbo vai para o plural.

Exemplos:

●● Cerca de cem pessoas compareceram ao salão de convenções.


●● Restaram, na reunião, mais de cinco empresários.

A expressão MAIS DE UM deixa o verbo no singular. Se houver ideia de reciprocidade, o verbo vai para
o plural.

Exemplos:

●● Mais de um aluno chegou atrasado.


●● Mais de um político se criticaram. (Ideia de reciprocidade)
●● Mais de um amigo se cumprimentaram. (Ideia de reciprocidade)

g) Quando o SE é “pronome apassivador”, o verbo concorda com o sujeito paciente. Isso ocorre com os
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos. Portanto, a frase está na voz passiva sintética.

Exemplos:

●● Aluga-se casa no Itanhangá. (Casa é alugada no Itanhangá – sujeito = casa)


●● Vendem-se casas e apartamentos no Itanhangá (sujeito = casas e apartamentos)
●● Consertam-se sapatos.
●● Ofereceram-se bolsas de estudo aos melhores alunos do curso.

h) Quando o SE é “índice de indeterminação do sujeito”, o verbo fica no singular. Isso ocorre com os
verbos transitivos indiretos, intransitivos ou de ligação.

Exemplos:

●● Precisam-se de webdesigners.
●● Trabalha-se muito aqui.
●● Está-se feliz estudando.
●● Confia-se em professores especializados.
MULTIMÍDIA
Leia a letra da canção “Nunca”, de Lupicínio Rodrigues, e perceba o cuidado que o cantor Nelson
Gonçalves (seu intérprete) tinha com a concordância verbal, a ponto de fazer adaptações na letra
para mantê-la. https://www.vagalume.com.br/lupicinio-rodrigues/nunca.html

Língua Portuguesa 19
Regência Verbal

Língua Portuguesa
1. Regência Verbal: Verbos de uma Regência
Regência verbal é a relação entre o verbo e seus complementos. Dessa forma, observar a regência de
um verbo é verificar se ele é regido ou não por preposição.

Veja a regência de alguns verbos:

• Chegar/ ir – Devem ser introduzidos • Obedecer/desobedecer – Exigem a


pela preposição a, e não pela preposição.
preposição em.
Ex.: Eles obedecem às regras./ O filho
Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a
desobedeceu ao pai.
Florianópolis.

Obs.: Muitas pessoas dizem “Cheguei • Simpatizar/antipatizar – Exigem a


em casa”, mas, segundo a norma culta, o preposição com.
correto é dizer: “Cheguei a casa”.
Ex.: Simpatizo com Miguel./ Antipatizo
• Morar/ residir – Normalmente, com meu professor de Matemática.
esses termos vêm introduzidos pela
preposição em. • Preferir - Este verbo exige dois
complementos, sendo que, em um
Ex.: Ele mora em São Paulo./ Marcelo
momento, utiliza-se a preposição
reside em Curitiba.
a e, em outro, não é utilizada
Obs.: O termo “namorar” não é utilizado a preposição.
com preposição.
Ex.: Prefiro francês a espanhol.
Ex.: Clarice namora Guilherme.

Língua Portuguesa 21
“Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente. Um
pleonasmo, o principal predicado da sua vida regular como um paradigma da
1a conjugação. Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não
tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um
aposto. Casou com uma regência. Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome. E ela era bitransitiva. Tentou ir para os EUA.
Não deu. Acharam um artigo indefinido em sua bagagem. A interjeição
do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da
passiva, o tempo todo. Um dia, matei-o com um objeto direto na
cabeça.” (Paulo Leminski)

MULTIMÍDIA
Acesse o link indicado para ler e ouvir a canção “Metamorfose ambulante” de Raul Seixas. Nela,
o cantor usa o verbo “preferir” com uma regência inadequada à norma culta. No entanto, a música
é um texto literário e, como tal, não fica presa às regras gramaticais. https://www.vagalume.com.
br/raul-seixas/metamorfose-albulante.html

1.1 Regência Verbal: Casos Especiais


Aspirar

●● No sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposição.

Ex.: Aspirou o ar puro da fazenda.

●● No sentido de almejar, pretender: exige preposição a.

Ex.: Esta era a vida a que aspirava.


Assistir

●● No sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer: usa-se com ou sem a preposição a.

Ex.: O médico assistia os pacientes.


Ex.: O médico assistia aos pacientes.

●● No sentido de ver, presenciar: exige a preposição a.

Ex.: Não assistimos ao show.

Língua Portuguesa 22
●● No sentido de caber, pertencer: exige a preposição a.

Ex.: Assiste ao homem tal direito.

●● No sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em.

Ex.: Assistiu em Maceió por muito tempo.

Esquecer/lembrar

●● Quando não forem pronominais: são usados sem preposição.

Ex.: Esqueci o nome do monitor.

●● Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de.

Ex.: Lembrei-me do nome de todos.

Observação: Na tradução do título do filme Home Alone (sozinho em casa), conhecido, em português
como “Esqueceram de Mim 2”, há uma inadequação quanto à regência. Segundo a norma culta, o título
deveria ser: “Esqueceram-se de mim” ou “Esqueceram-me”.

Visar

●● No sentido de mirar, usa-se sem preposição.

Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.

●● No sentido de dar visto, usa-se sem preposição.

Ex.: Visaram os documentos.

●● No sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a.

Ex.: Viso a uma situação melhor.

Língua Portuguesa 23
Querer

●● No sentido de desejar, usa-se sem preposição.

Ex.: Quero viajar nas próximas férias.

●● No sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a.

Ex.: Quero muito aos meus amigos.

Proceder

●● No sentido de ter fundamento, usa-se sem preposição.

Ex.: Suas queixas não procedem.

●● No sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposição de.

Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.

●● No sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a.


Ex.: O delegado procedeu a uma investigação criteriosa.

Pagar/ perdoar

●● Se tem por complemento uma palavra que denote alguma coisa, tais termos não exigem preposição.

Ex.: Ela pagou a conta do restaurante.

●● Se tem por complemento uma palavra que denote uma pessoa, tais termos são regidos pela
preposição a.

Ex.: Perdoou a todos.

Informar

●● No sentido de comunicar, avisar, dar informação, admitem-se duas construções:

a. Pode-se informar alguém de alguma coisa (regido pelas preposições de ou sobre).

Ex.: Informou todos do ocorrido.

Língua Portuguesa 24
b. Pode-se informar alguma coisa a alguém.

Ex.: Informou o ocorrido a todos.

Obs.: Os verbos noticiar, avisar, cientificar e proibir têm o mesmo tipo de regência que o verbo
informar.

Implicar

●● No sentido de causar, acarretar, usa-se sem preposição.

Ex.: Esta decisão implicará sérias consequências.

●● No sentido de envolver, comprometer, usa-se com dois complementos: um direto e um indireto


com a preposição em.

Ex.: Implicou o negociante no crime.

●● No sentido de antipatizar, é regido pela preposição com.

Ex.: Implica com ela todo o tempo.

Custar

●● No sentido de ser custoso, ser difícil, é regido pela preposição a.

Ex.: Custou ao aluno entender o problema.

●● No sentido de acarretar, exigir, obter por meio de, usa-se sem preposição.

Ex.: O carro custou-me todas as economias.

●● No sentido de ter valor de, ter o preço, usa-se sem preposição.

Ex.: Imóveis na zona sul custam caro.

Língua Portuguesa 25
Emprego da Crase

Língua Portuguesa
1. Crase
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. Ela é representada
graficamente pelo acento grave( `). De maneira geral, ocorre crase
quando um verbo exige a preposição a ou quando há uma palavra
feminina determinada pelo artigo a ou as.

Exemplo:

Fui à universidade. (a preposição + a artigo)

Veja, a seguir, algumas situações em que ocorre o uso da crase:

●● Nas locuções femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas): à noite, à tarde, à vontade, às


claras, às escondidas, à toa, às vezes, à procura, à esquerda, à direita, à moda de (mesmo que a
expressão moda de fique subentendida).

Ex.: O show começa às oito horas da noite.


Ex.: Eles estão rindo à toa.
Ex.: Fez um gol à Ronaldinho. (à moda de)
Ex.: Estou à procura de um emprego melhor.
Ex.: Os jovens namoram às escondidas.

●● Diante de nomes de lugar (“Venho de” não tem crase, mas “venho da” tem).

Ex.: Vou à Bahia. (Venho da Bahia)


Ex.: Vou a Ipanema. (Venho de Ipanema)
Ex.: Vou à bela praia de Ipanema. (Venho da bela praia de Ipanema)

●● Com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, quando houver um verbo que,
por regência verbal, venha acompanhado da preposição a.

Ex.: Aspiro àquela vaga na empresa.


Ex.: Prefiro isto àquilo.

Língua Portuguesa 27
●● Com o pronome demonstrativo a.

Ex.: Refere-se à que chegou neste momento.

●● Diante de pronome possessivo substantivo.

Ex.: Dirigiu-se àquela casa e não à sua.

●● Com o pronome relativo a qual.

Ex.: A juíza à qual me referi, esclareceu-me umas dúvidas.

Veja, a seguir, casos em que não se usa crase:

●● Antes de palavras masculinas.


Ex.: Compramos roupas a prazo.
Ex.: Graças a Deus.
Ex.: Ele gosta de andar a cavalo.
Ex.: Fogão a gás.
Ex.: Pediu um bife a cavalo.
Ex.: Eles foram a pé.

●● Nas expressões formadas por palavras repetidas (cara a cara, frente a


frente, uma a uma, gota a gota etc.).

Ex.: Fiquei cara a cara com o Presidente.


Ex.: Contei uma a uma as moedas que caíram.

●● Antes de verbo.

Ex.: A criança pôs-se a chorar.


Ex.: Quando o a está antes de palavras no plural.
Ex.: Refiro-me a pessoas de bom senso.

Língua Portuguesa 28
●● Antes de pronomes de tratamento, exceto em: senhora, senhorita,
madame e dona (este último pronome quando estiver antecedido
de adjetivo)

Ex.: Devo meu sucesso a você.


Ex.: Refiro-me à senhora ao seu lado.
Ex.: Na reunião, fizeram referência a Vossa Excelência.
Ex.: Refiro-me à simpática Dona Lindaura.

●● Com as palavras casa e terra, quando não estiverem especificadas.

Ex.: Irei a casa agora. / Mas: Iremos à casa nova.


Ex.: Os marinheiros foram a terra. / Mas: Os marinheiros foram à terra natal.

Veja, agora, casos em que o uso da crase é facultativo:

●● Antes de nome de mulher.


Ex.: Contarei o ocorrido a Marcela./Contarei o ocorrido à Marcela.

●● Com os pronomes adjetivos possessivos no singular.


Ex.: Refiro-me a sua amiga./Refiro-me à sua amiga.

●● Depois da preposição até.


Ex.: Iremos até a varanda./Iremos até à varanda.
●● Antes das palavras França, Àfrica, Inglaterra, Ásia, Europa, Escócia, Espanha e Holanda.
Ex.: Iremos à (a) França.
Ex.: Irei à (a) Inglaterra.
Ex.: Retornarás à (a) Espanha.

Língua Portuguesa 29
Colocação Pronominal

Língua Portuguesa
1. Casos de Próclise
A Próclise é definida como a colocação do pronome átono antes do verbo. Ela ocorre quando alguma
palavra atrai o pronome.

Na colocação pronominal, entende-se que o pronome oblíquo átono pode ocupar algumas posições
em relação ao verbo:

a) Pronomes indefinidos, relativos e interrogativos.

●● Ex.: Isso me deixa feliz.


●● Ex.: A máquina fotográfica que lhe emprestei é profissional.
●● Ex.: Quem a chamou?

b) Advérbios que não peçam pausa.

●● Ex.: Hoje se trabalha./ Mas: Hoje, trabalha-se.


●● Ex.: Não se fala alemão aqui.

Veja um caso de próclise (o advérbio de lugar aqui atrai o pronome para perto) no logo da Estação das
Letras: “Aqui se faz Literatura”.

c) Frases optativas (exprimem desejo).

●● Ex.: Deus te guie!


●● Ex.: Deus te ajude!

d) Conjunções subordinativas.

●● Ex.: Quando a vi, já estava tudo perdido.

e) Gerúndio precedido pela preposição em.

●● Ex.: Em se falando de poesia, ela se animou.


●● Ex.: Nunca o vi neste local em nosso cotidiano.

Língua Portuguesa 31
Próclise facultativa

É facultativo o uso da próclise nos seguintes casos:

a) Com os substantivos.

●● Ex.: Camila se deitou. / Camila deitou-se.

b) Com os pronomes pessoais e os demonstrativos.

●● Ex.: Ela a trouxe. / Ela trouxe-a.


●● Ex.: Aquilo me agradou. / Aquilo agradou-me.

c) Com as conjunções coordenativas (mas, porém, contudo, pois etc.)

●● Ex.: Foi à palestra tarde, mas me encontrou. / Foi à palestra tarde, mas encontrou-me.

d) Com o infinitivo pessoal precedido de não.

●● Ex.: Não lhe chamamos antes para não o incomodar. / Não lhe chamamos antes para não
incomodá-lo.

2. Casos de Mesóclise
Mesóclise é a colocação do pronome no meio do verbo. Ocorre com o verbo futuro do presente ou do
pretérito, quando não há nenhuma palavra exigindo a próclise.

●● Ex.: Encontrá-la-ei no escritório. (futuro do presente) / Mas: Não a encontrarei no shopping.


●● Ex.: Encontrá-la-ia no shopping. (futuro do pretérito) / Mas: Não a encontraria no shopping.
●● Ex.: Vê-lo-ei amanhã.

3. Casos de Ênclise
Ênclise é a colocação do pronome depois do verbo. Ocorre quando nenhuma palavra exige a próclise.
Veja alguns casos:

Língua Portuguesa 32
a) No início do período.

●● Ex.: Passe-me o queijo. (não é permitido, na língua culta, começar frases por pronome oblíquo)

b) Com o verbo no imperativo afirmativo.

●● Ex.: Fale-me sobre sua monografia.

c) Quando o verbo estiver no infinitivo.

●● Ex.: Preciso perdoar-lhe.

d) Em orações iniciadas por gerúndio.

●● Ex.: A mãe sairá, levando-te com ela.

Língua Portuguesa 33
Nova Ortografia

Língua Portuguesa
1. As Novas Regras de Acentuação
Você sabe como surgiu a Língua Portuguesa?

Breve história da LP

Partimos da premissa de que não há língua que permaneça uniforme e que todas elas mudam.
O conhecimento histórico do passado é imprescindível para quem usa e se interessa por uma
determinada língua.

●● A língua portuguesa pertence ao grupo de línguas originárias do latim, língua que era falada pelo
povo romano. Desse grupo, fazem parte o espanhol, o francês, o italiano, o romeno, o rético, o
sardo, dentre outros idiomas.

●● O latim foi introduzido na Península Ibérica por volta do século III a.C. Os romanos venceram a
chamada Guerra Púnica contra os cartagineses e deram início à romanização da Ibéria, que se
tornou uma província de Roma.

●● Chama-se romanização o processo de assimilação da cultura latina pelos


povos da Península, que se submeteram ao poder político-cultural de Roma.

●● Os povos da Península adotaram a língua de Roma (o latim) e imprimiram


nela muitas modificações.

●● A Península chega ao século V d.C. completamente romanizada e falando a


língua de Roma.

●● O latim vulgar, falado no território da Península, já estava bastante


modificado pelas línguas que eram faladas na região. Dizemos que surgiu
na região um dialeto originado da ação da língua falada pelos habitantes
da península sobre a língua latina.

●● Dá-se o nome de romanço à língua surgida da mistura da língua latina


com a língua dos nativos.

Língua Portuguesa 35
1.1 Fases da Língua Portuguesa

A evolução da Língua Portuguesa apresenta três fases:

1 ●● Fase Pré-Histórica - Começa com as origens da língua e vai até o século


IX. Do século V ao IV temos o romance lusitânico.

2
●● Fase Proto-Histórica – Estende-se do século IX ao XII. Nesta fase,
encontram-se nos documentos redigidos em latim algumas palavras
portuguesas.

3 ●● Fase histórica – Inicia-se no século XII e se estende aos nossos dias.


Compreende cinco períodos:

●● Período do Português Arcaico – Do século XII até o século XVI. No século


XII, aparece o primeiro texto inteiramente em português. É a “Cantiga da
3.1 Ribeirinha”, poesia escrita por Paio Soares de Taveirós. Um exemplo de
como era a nossa língua: “No mundo nom me sei parelha(1)/mentre(2)
me for como me vai/Ca(3) já moiro por vos – e ay!”. (*1 – parelha = igual,
parecida/ *2 – mentre – enquanto/ *3 – Ca – pois, porque.)

●● Período do Português Moderno – Do século XVI aos nossos dias.


3.2 A obra “Os Lusíadas”, de Luís da Camões, é considerada o marco do
português moderno.

●● Período Pseudo-fonético – Inicia-se no século VI e vai até o ano de 1904. Nesse


ano, foi publicada a Ortografia Nacional, de Gonçalves Viana. Esse período
3.3 é marcado pelo uso de consoantes geminadas (dobradas) e insonoras (sem
som), de grupos consonantais falsamente chamados de gregos, de letras
como Y, k e w, sempre que ocorriam nas palavras originárias.

Língua Portuguesa 36
●● Período Fonético – Começa com os primeiros documentos escritos em
português e vai até o século XVI. A língua era escrita para o ouvido, com certa
3.4 flutuação na escrita. Era possível encontrar duas ou mais grafias para a mesma
palavra. Ex.: omrra (honra), ceeo (céu), composison (composição)...

●● Período simplificado – Tem início com a publicação da Ortografia Nacional,


3.5 de Gonçalves Viana, em 1904, e chega aos nossos dias. O autor defende a
existência de dois sistemas simplificados: o português e o luso-brasileiro.

2. O Acordo Ortográfico
Você já conhece as novas regras de acentuação? Acompanhe!

Agora não usamos mais


trema, nem colocamos mais
Joana, algumas regras mudaram acento circunflexo em hiatos,
na nossa ortografia.. entre outras mudanças.
Sim...

Era assim Ficou assim


Cinqüenta Cinquenta
Lingüiça Linguiça
Freqüente Frequente
Agüir Aguir

Língua Portuguesa 37
Observações:

●● O trema é mantido em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de


Hübner, mülleriano, de Müller etc.
●● Apesar de o acordo ter abolido o trema (¨), a pronúncia das palavras que o recebiam continua a
mesma. Assim, as letras O e U das palavras da lista acima devem ser pronunciadas como antes:
cinqUenta, lingUiça, freqUente, argUir. O acordo é ortográfico, ou seja, modifica a grafia, mas
não a pronúncia das palavra.

01
Hiato oo - não mais recebe acento circunflexo.
Abençoo, creem, deem, leem, enjoo, perdoo, zoo.
Era assim Ficou assim
Abençôo Abençoo
Vôo Voo
Enjôo Enjoo
Magôo Magoo

Foi abolido o acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos crer,
dar, ler, ver e os seus derivados.

Era assim Ficou assim


Crêem Creem
Descrêem Descreem
Dêem Deem
Lêem Leem
Relêem Releem
Vêem Veem

Além disso, também foi abolido o acento nos ditongos abertos éu, éi, ói nas palavras paroxítonas.

Língua Portuguesa 38
Era assim Ficou assim
Assembléia Assembleia
Idéia Ideia
Heróico Heroico
Jibóia Jiboia

As letras I e U tônicas que formam hiato com a vogal anterior, quando precedidas de ditongo, não são
mais acentuadas.

Era assim Ficou assim


Baiúca Baiuca
Boiúca Boiuca
feiúra feiura

Observações:

●● Se as palavras forem oxítonas, o acento se mantém. Ex.: Piauí, tuiuiú.

●● Nos demais casos, nada muda. As letras I e U receberão acento agudo se ficarem sozinhas na
sílaba ou acompanhadas de S, se vierem precedidas de vogal e não forem seguidas de N ou NH.
Ex.: saída, saíste, saúde, balaústre, baús, rainha, caindo, campainha.

ENXÁGUE OU ENXAGUE? ARGÚI OU ARGUI? Qual das duas está correta?

●● Era assim: ENXÁGÜE. Ficou assim: ENXÁGUE


●● Era assim: ENXAGÚE. Ficou assim: ENXAGUE
●● Era sssim: Ele ARGÚI. Ficou assim: Ele ARGUI

A letra U dos grupos GUE, GUI, QUE, QUI, se fossem átonos, recebiam o trema; se fossem tônicos, eram
acentuados. Agora, nem trema nem acento.

Língua Portuguesa 39
Os verbos terminados em UAR oferecem duas pronúncias. Em ENXÁGUE, uma forma rizotônica,
a vogal tônica é a letra A e deve ser acentuada. A outra pronúncia possível é ENXAGUE, em que a vogal
tônica é U.

Observação: O Acordo aboliu os demais acentos diferenciais, como em:

●● Pára (verbo) X para (preposição)


●● Pêlo (substantivo) X pelo (contração) X pélo (verbo pelar)
●● Pêra (substantivo) para distinguir de pera (preposição arcaica)

Foi mantido o acento diferencial nos seguintes casos:

●● Pôde (3ª pessoa do singular, do pretérito perfeito do verbo poder) para distinguir de pode (3ª
pessoa do singular, do presente do indicativo do mesmo verbo).

●● Pôr (forma verbal) X por (preposição).

●● É facultativo o acento diferencial em:

a. Fôrma (substantivo) X forma (substantivo ou verbo);

b. Dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) para distinguir de demos (1ª pessoa do
plural do pretérito perfeito do indicativo);

c. E nas formas da 1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da 1ª


conjugação, para diferenciar da mesma pessoa e número do presente do indicativo: amamos
(presente) X amámos (pretérito); cantamos (presente) X cantámos (pretérito); estudamos
(presente) X estudámos (pretérito).

3. Emprego do Hífen
Embaraçoso, complexo e controvertido. O emprego do hífen nas palavras prefixadas e nas compostas
sempre foi acompanhado desses comentários. As regras trazem mais dúvidas do que certezas, desde a
reforma de 1943. O atual acordo ameniza em parte as dificuldades, mas há pontos que continuam obscuros.
Há casos em que o acordo se omite; já em outros casos, não há clareza quanto ao uso ou não do hífen.

Língua Portuguesa 40
É aconselhada a consulta a um bom dicionário e ao VOLP
(Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), da Academia
Brasileira de Letras.

Veja, a seguir, algumas regras com relação ao uso do hífen:

●● Se a palavra for composta, deve-se seguir a norma que impõe o hífen sempre que o nome
composto sofrer alguma alteração em relação às partes que o formam.

●● Se houver prefixos, deve-se seguir as regras específicas de alguns deles e as normas gerais que se
aplicam aos demais.

●● Emprega-se o hífen em palavras compostas por justaposição (as palavras não sofrem alteração
fonética), sem elemento de ligação. Ex.: sul-africano, guarda-chuva, amor-perfeito, couve-flor etc.

●● Não se emprega o hífen no nome composto em que se perdeu a noção de


composição. Ex.: girassol, mandachuva, pontapé, paraquedas etc.
Continuam com hífen: para-lama, reco-reco, tira-teima...

●● Emprega-se o hífen nos topônimos (nomes de lugar)/topônimos


compostos, iniciados pelos adjetivos grã, grão; por forma verbal; ou cujos
elementosestejamligadosporartigo:Grã-Bretanha,Passa-Três,BaíadeTodos-os-Santos,
Trás-os-Montes etc. Os demais nomes de lugar, com exceção de Guiné- Bissau, devem
ser escritos sem hífen: Costa Rica, Nova Zelândia, Porto Alegre etc.

●● Emprega-se o hífen em palavras compostas que designam espécies botânicas ou zoológicas:


bem-te-vi, abóbora-menina, couve-flor, erva-de-passarinho, flor-de-santo-inácio, bem-me-quer etc.

●● Emprega-se o hífen nas palavras compostas iniciadas pelos prefixos ante-, anti-, auto-, circum-,
co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pan-, semi-, sobre, sub-, super-, supra-, ultra- etc.

●● O hífen é empregado também quando o segundo elemento começa por h: anti-higiênico,


circum-hospitalar, coherdeiro, pan-helenismo, pré-história, semi-hospitalar.

Língua Portuguesa 41
●● Quando o prefixo termina com a mesma vogal que começa o segundo elemento: anti-ibérico,
auto-observação, contra-almirante, re-escrever. Obs.: O prefixo co-, quando se junta a outro
elemento iniciado por o, não é separado por hífen: cooperar, coordenar, coordenação.

●● Com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m, n, h:
circum-escolar, circum-navegação, pan-africano.

●● Com os prefixos hiper-, inter-, super-, quando o segundo elemento começa por r: hiperrequintado,
inter-racial, super-realista. Com os prefixos tônicos acentuados graficamente pós-, pré-, pró-,
quando o segundo elemento tem vida autônoma: pós-operatório, pré-escolar, pró-britânico.

Veja, agora, as situações em que não se deve usar o hífen:

●● Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s: antirreligioso,


antissemita, contrarregra, cosseno.

●● Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente dela:
antiaéreo, autoestrada, coeducação, socioeducativo.

●● Não se usa mais o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r,
s ou vogal diferente.

Era assim Ficou assim


Anti-religioso Antirreligioso
Anti-semita Antissemita
Contra-regra Contrarregra
Contra-senha Contrassenha
Extra-regular Extrarregular
Auto-aprendizagem Autoaprendizagem
Auto-estrada Autoestrada

Língua Portuguesa 42
Esta é uma amostra sucinta. Consulte uma boa
gramática, o VOLP, já citado, ou alguns manuais, como os
indicados na bibliografia.

Hífen

Veja, a seguir, como ficam as principais regras do hífen com prefixo:

Quando a palavra seguinte começa com


Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra,
h ou com vogal igual à última do prefixo:
infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi,
auto-hipnose, auto-observação, anti-herói,
sobre, supra, tele, ultra ...
anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.

Quando a palavra seguinte começa com h


Hiper, interm super
ou com r: super-homem, inter-regional.

Sub Sempre: vice-rei, vice-presidente.

Quando a palavra seguinte começa com b,


Pan, circum
h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano.

Quando a palavra seguinte começa com h,


Vice
m, n ou vogais: panamericano, circumhospital.

4. Uso de Maiúsculas e Minúsculas

Segundo a Base XIX do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a letra maiúscula inicial é
obrigatória em:

Língua Portuguesa 43
Antroponômios (nomes próprios) sejam reais ou fictícios: Brasil, Branca de Neve, João, Pinóquio.
Toponômios (nomes de lugares), sejam reais ou fictícios: Bahia, Atlántida, Brasília, Pasárgada.

Seres antropomorfizados (semelhantes ao ser humano) ou mitológicos: Zeus, Netuno, Adamastor.

Nomes que designam instituições: Instituto do Servidor, Ordem dos Advogados do Brasil, Senado
Federal.

Nomes de festas, festividades e efemérides: Quaresma, Carnaval, Páscoa, Ramadã, Ano Novo, Dia
das Mães.

Títulos de jornais e revistas, que devem ser grafados em itálico: O Estado de São Paulo, Veja, O Globo,
A Tarde.

Siglas, abreviaturas, símbolos usados internacional ou nacionalmente (nesse caso, não


necessariamente apenas na letra inicial): IBGE, H2O, ONU.

O uso da letra maiúscula é opcional em formas de tratamento (chamados de áulicos) ou de hierarquia


(Senhor Doutor ou senhor doutor Antonio Carlos, dona ou Dona Célia); nomes que indicam disciplinas
ou ramos do saber: Física ou física, Astronomia ou astronomia. O uso também é facultativo em inícios de
versos, em termos que designam locais públicos (avenida ou Avenida Rio Branco) e em templos e edifícios
(Igreja ou igreja do Bonfim, palácio ou Palácio da Alvorada).

Os nomes de dias, estações e meses do ano: quarta-feira, sábado, domingo; janeiro, fevereiro, março;
primavera, outono.

As designações de pessoas Os nomes dos pontos cardeais, quando empregados


desconhecidas ou que não se quer nomear: para designar uma região, devem ser escritos com
fulano, beltrano, sicrano. inicial maiúscula. Ex.: Parou de chover no Nordeste.
Está nevando no Sul.
Os nomes dos pontos cardeais: norte,
sul, leste, oeste. Abreviaturas: N, S, L, O,
com maiúsculas.

Os encontros consonantais em que as


consoantes se destaquem foneticamente
umas das outras (os falsos encontros
consonatais).

Língua Portuguesa 44
5. Separação Silábica
Veja, a seguir, as principais regras:

Separam-se Não de separam

As letras que formam os dígrafos rr, ss, sc, Os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Ex.: es-qui-si-to,
msç, xc. Ex.: car-ro, as-sal-to, ex-ce-ção. ma-lha, ca-che-col.

As letras dos encontros consonantais


As vogais dos hiatos. Ex.: co-or-de-nar,
formadas por: consoante + L e consoante + R. Ex.:
ga-ú-cho, hi-a-to, vi-ú-va.
re-cla-me, fla-ma, glo-bo, pre-to, dra-ma, cri-me.

As letras que formam ditongo ou tritongo.


Uma consoante + uma consoante. Ex.: ap-to,
Ex.: pai-sa-gem, cau-sa, a-ve-ri-guei, sa-guão,
af-ta, op-tar.
Pa-ra-guai.

Uma consoante + duas consoantes. Observação 1: Toda consoante que não


Ex.: as-tro, es-tre-la. venha seguida de vogal fica na sílaba anterior.

Observação 2: Se a consoante for inicial,


Duas consoantes + uma consoante.
também não é separada. Ex.: pneu-má-ti-co,
Ex.: pers-pi-caz, sols-tí-ci-o.
psi-co-lo-gi-a, gno-mo, psi-co-se.

Na translineação de uma palavra composta


Duas consoantes + duas consoantes.
ou de uma combinação de palavras em que há
Ex.: pers-cru-tar.
um hífen, ou mais, se a partição coincide com o
final de um dos elementos ou membros, deve-se,
por clareza gráfica, repetir o hífen no início da
Três consoantes + uma consoante.
linha imediata. Ex.: exalferes, serená-los-emos
Ex.: tungs-tê-nio, pers-pec-ti-va.
ou serená-los- -emos, vice- -almirante.

Língua Portuguesa 45
Acentuação Gráfica e Pontuação

Língua Portuguesa
1. Regras de Acentuação Gráfica: Palavras Oxítonas,
Paroxítonas e Proparoxítonas.
A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa
Por um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava
Nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
(BARROS, 2001, p.17)

Viu quantas palavras são acentuadas? A minoria. A rigor, apenas duas: difícil e glória.

A reforma ortográfica simplificou bastante as regras de acentuação.

Neste conteúdo, veremos as regras gerais e as especiais, além de um sinal de pontuação corriqueiro,
mas traiçoeiro: a vírgula – tão traiçoeiro que pode até matar uma pessoa. Veja:

Um general ditou um recado para o comandante da tropa que


estava no front:
“A guerra acabou, não mate o prisioneiro.” O rapaz que copiou
o recado, contudo, mudou o lugar da vírgula: “A guerra acabou não,
mate o prisioneiro”. E a guerra recomeçou!

Língua Portuguesa 47
Todas as palavras, com exceção dos monossílabos átonos, possuem sílaba tônica; no entanto, poucas
recebem acento. O princípio geral é que se acentuam as palavras que fogem ao padrão mais comum de
tonicidade. O uso do acento gráfico tem como finalidade marcar a sílaba tônica de algumas palavras e/ou
marcar o timbre aberto ou fechado de algumas vogais.

Exemplo:

Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras podem ser:

●● ●● Oxítonas,
oxítonas, quando
quando a tonicidade
a tonicidade estáestá na última
na última sílabasílaba. Ex.: Paraná;
(Paraná);
●● ●● Paroxítonas,
paroxítonas, quando
quando a tonicidade
a tonicidade estáestá na penúltima
na penúltima sílaba.
sílaba Ex.: Caráter;
(caráter);
●● ●● Proparoxítona,
proparoxítona, quando
quando a tonicidade
a tonicidade estáestá na antepenúltima
na antepenúltima sílaba.
sílaba Ex.: Sábado;
(sábado).
●● ●● Há,ainda
Temos ainda,ososmonossílabos
monossílabostônicos
tônicos. Ex.:
(só, fé).Só, fé.

Regras de uso dos acentos

Monossílabos tônicos e átonos

Exemplo: O sol já se pôs.

Essa frase é formada apenas por monossílabos, dos quais sol, já e pôs são pronunciados com maior
intensidade, enquanto que o e se são pronunciados fracamente, já que não têm acento próprio e apoiam-se
nas palavras que os antecedem ou os seguem; é como se fossem uma sílaba dessa outra palavra.

Os primeiros são monossílabos tônicos e os outros, monossílabos átonos.

Monossílabos Átonos

Artigos: o, a, os, as, um, uns; pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos, vos;
preposições: a, com, de, em, por, sem, sob; pronome relativo: que; e as conjunções: e, ou, que, se.

Língua Portuguesa 48
1.1 Monossílabos Tônicos

Os monossílabos tônicos serão acentuados quando terminarem em A, E, O, seguidos ou não de S.


Exemplo: pá, pás, pé, pés, mês, rês, pó, pós, dó, cós.

Oxítonas

São aquelas palavras cuja sílaba tônica é a última. São acentuadas, quando terminarem em A, E, O,
seguidos ou não de S, e quando terminarem em EM, ENS.

Exemplo:

Maracujás, Maringá, rapé, massapê, filé, mocotó, jiló, amém, armazém, parabéns, armazéns.

1.2 Paroxítonas

São aquelas palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. São acentuadas quando terminarem em:

●● UM, -UNS: álbum, médiuns

●● L: amável, lavável

●● PS: bíceps, fórceps,

●● X: ônix, fênix

●● EI(s): vôlei, pôneis

●● Ã(s), -ÃO(s): órfã, ímã, órfãos, órgão

●● U(s): Vênus, vírus

●● Ditongo crescente(s): secretária, história

●● N: abdômen, Éden.

●● I(s): táxi, júris,

●● R: âmbar, caráter.

Língua Portuguesa 49
1.3 Proparoxítonas

A sílaba tônica é a antepenúltima. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Exemplo: tráfego, tráfico, síndrome, ínterim, lêvedo, lâmpada, sândalo.

Casos especiais

a) Ditongos de pronúncia aberta éu, éi, oi: O acento nesses ditongos permaneceu nas palavras oxítonas
ou monossilábicas. Ex.: céu, anéis, dói, mausoléu, herói, pastéis.

Nas palavras paroxítonas, o acento foi abolido. Ex.: assembleia, ideia, heroico, jiboia.

b) Acentuação da letras i e u nos hiatos: As letras i e u tônicas que formam hiato com a vogal anterior
não são mais acentuadas quando precedidas de ditongo. Ex.: feiura, baiuca, boiuna.

Obs.1: O acento nas letras i e u foi mantido nas palavras oxítonas. Ex.: baú, Piauí, tuiuiú.

Obs.2: Nos demais casos, nada muda. As letras i e u receberão acento agudo se ficarem sozinhas na
sílaba (ou juntas com s), se vierem precedidas de vogal, e não forem seguidas de nh. Ex.: saída, saíste, saúde,
balaústre.

c) Os verbos ter e vir e derivados, no presente do indicativo, têm as terceiras pessoas do plural e do
singular acentuadas da seguinte maneira:

Verbo

Ter, vir manter, entreter,


convir, intervir

Língua Portuguesa 50
3º Singular

ele tem, ele vem, ele mantém,


ele entretém, ele convém,
ele intervém

3º Plural

eles têm, eles vêm, eles mantêm,


eles entretêm, eles convêm,
eles intervêm

se esqueça
Obs.: Não se esqueçade
deque
queaaterminação –eemdos
terminação–eem dosverbos
verboscrer,
crer,dar,
dar,ler,
ler,ver
vere seus
e seus
derivados nãoéémais
derivados não maisacentuada:
acentuada.eles
Ex.:creem,
eles creem,
leem,leem,
veem,veem, releem,
releem, descreem.
descreem.

Língua Portuguesa 51
2. Pontuação: Emprego da Vírgula
Você sabe usar a vírgula? Veja, a seguir, algumas regras sobre esse uso:

a) Para separar os termos da oração com a mesma função sintática, se não estiverem ligados por “e”.

●● O mar, o céu, as estrelas, tudo representa a glória de um criador.

●● João, Chico, Antônio, José e eu somos amigos.

b) Para isolar o vocativo.

●● Meninos, estudem.

●● Saiam da sala, crianças.

●● Tu, que me ouves, deves andar nos bons caminhos.

●● “D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter o nosso Bentinho no Seminário?” (Machado de Assis)

c) Para isolar o aposto.

●● “Iracema, a virgem dos lábios de mel, tinha...”

●● O aluno mais velho da turma, Antônio Carlos, será o orador.

d) Para separar o adjunto adverbial, quando formado por várias palavras (locução adverbial) e em
ordem inversa.

●● Naquela terra onde nasci, todos falam português.

●● Por impulso instantâneo, eu a pus fora da minha vida.

●● Durante o curso, tire todas as dúvidas com o professor.

e) Nas datas ou para separar o local da data.

●● Vitória, 12 de fevereiro de 2010.

Língua Portuguesa 52
f) Entre as orações coordenadas assindéticas.

●● Ela chora, canta, ri de tanta felicidade pela aprovação


no concurso.

●● “A máquina calou-se, dobraram-se as portas, o juiz levantou-se.”


(Graciliano Ramos)

g) Entre as orações coordenadas ligadas pela conjunção “e “, se houver sujeitos


diferentes.

●● Veio a noite, e o medo tomou conta da comunidade.

●● Ele sempre gostou de física, e eu, de português.

h) Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.

●● O homem, que é mortal, julga-se às vezes imortal.

●● O Rio de Janeiro, que já foi a capital do Brasil, sediará as Olimpíadas de 2016.

i) Para separar orações subordinadas adverbiais.

●● Se não chover, não subirei a serra.

●● Embora o marido proibisse, ela continuou os estudos.

j) Para separar as orações adverbiais reduzidas de gerúndio, de particípio, ou de infinitivo.

●● Apesar de ser pobre, minha mãe sempre auxiliava os outros.

●● Acabado o jogo, iremos jantar.

●● Ele chorou, ao ver o time rebaixado para a 2ª divisão.

●● Chegando a primavera, o calor no Rio diminuirá.

Língua Portuguesa 53
k) Para separar os termos e orações intercaladas ou palavras denotativas.

●● O presidente, coitado, foi deposto.

●● “A mocidade, disse José de Alencar, é uma sublime impaciência.”

●● A prova do Enem foi cancelada, digo, adiada.

●● A sua mãe, ou melhor, a sua tia, ofereceu-me um emprego.

l) Para marcar a supressão ou omissão do verbo (elipse ou zeugma).

●● Eu sempre estudei francês, e Jorge, inglês.

●● Uma flor, a nossa professora.

●● Nem ele entende a nós, nem nós, a ele.

m) Para evitar a ambiguidade.

●● Eu vou comer carne, e a empregada peixe.

n) Para separar os elementos paralelos de um provérbio.

●● Quem semeia vento, colhe tempestade.

●● Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.

●● Muito riso, sinal de pouco siso.

Língua Portuguesa 54
Acentuação Gráfica e
Pontuação

Língua Portuguesa
1. Fatores de Coerência
Coerência está ligada ao sentido. Um texto precisa ser compreendido por quem o lê, o ouve ou o
vê. No caso da arte, muitas vezes, esse parâmetro de coerência deve ser entendido de outra forma. O
quadro do pintor espanhol Salvador Dali ilustra adequadamente o sentido de uma obra de arte que,
como texto artístico, requer daquele que vê, uma compreensão de plurissignificação e conhecimento de
mundo sobre a questão do Surrealismo (movimento artístico que destaca o papel do inconsciente como
uma atividade criadora).

Esta pintura de Dali retrata a preocupação


do homem com o tempo e a memória, sendo uma
manifestação do inconsciente e um texto artístico.

Figura 2: A persistência da memória (1931),


de Salvador Dali.

Língua Portuguesa 56
Para um texto ter coerência é preciso estar atento aos seguintes fatores:

Conhecimento de mundo:
Considera de que forma
este conhecimento será
compartilhado pelo
emissor e receptor.

Conhecimento linguístico:
Interlocutores: Deve-se Depende do domínio das
considerar a situação em regras gramaticais comuns
que se encontram suas aos interlocutores.
intenções de comunicação,
suas crenças, bem como
a função comunicativa
do texto.

Um texto acadêmico seria incoerente se apresentasse excesso de sequências narrativas ou poéticas,


em vez de argumentativas em parágrafos de desenvolvimento. O texto também se tornaria incoerente se
não considerasse o grau de instrução de seu público leitor; um texto universitário requer um vocabulário,
muitas vezes, ligado à sua área de interesse. Portanto, o jargão (termo técnico, relacionado a uma
determinada profissão) é adequado a esse tipo de texto que idealiza um leitor capaz de decodificar sua
mensagem, ou seja, de percebê-la coerente.

Veja o trecho abaixo:

Era meia-noite, o sol brilhava. As tartarugas voavam de galho em galho, ruminando a relva
fresca sob um intenso areal. Um homem velho, um pouco moço, nu com a mão no bolso,
em pé sentado, num banco de pedra feito de pau, lia um livro que estava fechado à luz de
um lampião apagado. E pensava nas quatro maravilhas do mundo que são três: a mulher e
a cachaça. E dizia calado:
“Antes morrer do que perder a vida” (Autor desconhecido)

Língua Portuguesa 57
Perceba que, em uma primeira leitura, o texto parece incoerente. Isso ocorre porque apresenta
ideias contraditórias. Porém, se apresentarmos a informação de que esse texto foi produzido por um
bêbado, por exemplo, pode-se dizer que, nesse contexto, você o perceba “coerente”. Ou seja, dependendo
do contexto, da situação de produção, o texto pode ser considerado coerente ou incoerente. Dessa forma,
a contextualização, ou seja, a situação de um texto é um importante componente de coerência.

2. Informatividade
A informatividade está ligada ao conhecimento de mundo. Ela diz respeito ao nível de previsibilidade
da informação que o texto oferece. Se um texto apresentar apenas uma informação previsível, terá um
baixo nível de informatividade.

Ao contrário, um texto com alto grau de informatividade é aquele que apresenta informação
inesperada, ou seja, que acrescente ao leitor o que lhe faltava. Quanto mais imprevisível a informação
contida em um texto, maior seu grau de informatividade.

3. Intertextualidade
A intertextualidade diz respeito à relação de um texto com outros textos já produzidos.

Intencionalidade e Aceitabilidade

A intencionalidade refere-se à maneira que uma pessoa produz o seu


texto, a fim de realizar as suas intenções. Já a aceitabilidade diz respeito à
atitude do leitor/receptor do texto em aceitá-lo como algo que lhe traga
alguma funcionalidade, relevância, que seja coeso e coerente.

Língua Portuguesa 58
Referências
ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 2003.

ABAURRE, Maria Luíza M.; PONTARA, Marcela. Gramática – Texto: Análise e Construção de Sentido. São
Paulo: Moderna, 2009.

BARROS, Manuel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo. Rio de Janeiro: Record, 2001.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna,2001.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

DESCOMPLICA. O que é Gênero Literário? - Resumo para o ENEM: Português. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=Eiu5PWn-wfE>. Acesso em: 03 set. 2018.

DIONÍSIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais
& ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

ERIKA COSTA. 01 - Interpretação de texto - “Texto”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=P-


6dFGN3b5LI>. Acesso em: 03 set. 2018.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1991.

FEITOSA, Vera Cristina. Redação de textos científicos. Campinas: Papirus, 1995.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática,
1990.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1997.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1992.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1989.

KOCH, Ingedore G. Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2003.

Língua Portuguesa 59
LEDUR, Paulo Flávio. Guia Prático da Nova Ortografia. 4 ed. Porto Alegre: AGE Editora, 2009.

RIBEIRO, Manoel P. O Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Metáfora Editora, 2009.

ROCHA, Luis Carlos de Assis. Gramática: Nunca mais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

SYLVIO RIBEIRO. Porque leitura é vital para o sucesso profissional. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=zd0VoQRrTGQ>. Acesso em: 03 set. 2018.

TOMASI, Carolina; MEDEIROS, João Bosco. Ortografia – Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
São Paulo: Atlas, 2009.

ULTRAJE. Ultraje a Rigor - 06 Inútil (Versão Original). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-


v=qxRRxN5Lx3o>. Acesso em: 03 set. 2018.

VAGALUME. Metamorfose Ambulante - Raul Seixas. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/raul-


-seixas/metamorfose-albulante.html>. Acesso em: 03 set. 2018.

______. Nunca - Lupicinio Rodrigues. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/lupicinio-rodrigues/


nunca.html>. Acesso em: 03 set. 2018.

Língua Portuguesa 60

You might also like